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REVISÃO DOS ELEMENTOS

DA NARRATIVA
AULA O1 : 27 de Janeiro
–Trabalhando conteúdo prévio (base)para análise do
texto do gênero narrativa CONTO FANTÁSTICO -9ºANO
Profª Ana Paula Vaz Boechat de Azevedo
Como identificamos um texto narrativo?

 Escrito em prosa ( em parágrafos).


 Finalidade contar um fato verídico (real) ou fictício
(com base na fantasia) ou entretenimento.
 Possui uma estrutura com elementos os quais
chamamos : elementos da narrativa.
A estrutura do texto narrativo
• Ao falarmos em narração, logo nos remete à
ideia do ato de contar histórias, sejam estas
verídicas ou fictícias.
• A narração é um relato centrado em uma
sequência de fatos em que as personagens
atuam (se movimentam) em um determinado
espaço (ambiente) e em um determinado tempo.
• Quem apresenta esse relato ao leitor é o
narrador.
Observe o texto abaixo:
Porque o texto que vimos anteriormente
não é texto do gênero narrativo ?
• 1- A finalidade não é contar um fato /história ou entreter _ o
texto notícia tem a finalidade de informar.
• 2-O texto narrativo não precisa ser verídico , pode ser fictício, já
o texto notícia apontado no exemplo anterior precisa ter fatos
comprováveis reais.
• 3- O texto narrativo tem título para nomear a história e o texto
notícia tem manchete( título) que resume o fato ocorrido.
• 4- O texto narrativo pode ser subjetivo e o texto notícia é
obrigatoriamente objetivo.
• 5- O texto narrativo ,em sua estrutura tem um enredo que possui
personagens que vivem uma sequência de fatos , já o texto
notícia se estrutura com a voz do *jornalista*em 3º pessoa que
apenas informa a respeito de um fato de forma distante.
OS ELEMENTOS DA NARRATIVA

• Espaço - É o local onde acontecem os fatos, onde as personagens se


movimentam.
• Existe o espaço “físico”, que é aquele que caracteriza o enredo;
• e o “psicológico”, que retrata a vivência subjetiva dos personagens.

• Tempo - Caracteriza o desencadear dos fatos. É constituído pelo tempo


cronológico, que, como o próprio nome diz, é ligado a horas, meses, anos,
ou seja, marcado pelos ponteiros do relógio e pelo calendário.
• O outro é o tempo psicológico, ligado às lembranças, aos sentimentos
interiores vividos pelos personagens e intrinsecamente relacionados com a
característica pessoal de cada um.
• PERSONAGENS - São as peças fundamentais, pois sem elas não haveria o
próprio enredo.
PERSONAGEM
• Protagonista (personagem principal) – é o
personagem no qual todo enredo se relaciona
com ele.
• Personagem secundário- personagens que
relacionam se diretamente com o personagem
principal.
• Antagonista (vilão) - personagem que em uma
trama pode assumir posição contrária ao
protagonista.
FOCO NARRATIVO (O PAPEL DO NARRADOR NO TEXTO)
O FOCO NARRATIVO É A POSIÇÃO TOMADA PELO NARRADOR AO
CONTAR A HISTÓRIA.

• O NARRADOR EM 1ª PESSOA- Narra uma história em que ele participa.O


narrador conta suas própria experiências (maioria de verbos em 1ª pessoa e
pronomes em 1ª pessoa,)Assim o narrador pode ser:
• 1-Narrador-personagem- participa e conta a própria história;
• 2-Narrador-testemunha- conta a história em primeira pessoa como quem
participa como testemunha ocular de fatos ocorrido com outro personagem.
• O NARRADOR EM 3ª PESSOA (narrador observador)- Narra um fato ou
história sobre um personagem e não participa da história .ESSE NARRADOR
TEM A CAPACIDADE DE VER TUDO (É ONISCIENTE) E DE ESTAR EM TODOS OS
LUGARES (É ONIPRESENTE) JUSTAMENTE PORQUE NÃO ESTÁ LIMITADO AO
PONTO DE VISTA DE UMA PERSONAGEM.
• 1-NARRADOR - OBSERVADOR ONISCIENTE é o narrador que tudo sabe sobre
o enredo, os personagens e seus pensamentos. a onisciência do narrador
pode ou não se limitar a apenas um dos personagens da história.
Vamos observar?
• I- Juca olhou para dentro da caixa e não conseguia
acreditar no que via, por isso fechou a
caixa ,respirou fundo,coçou os olhos , abriu a caixa
novamente e subitamente seu coração começou a
bater tão forte e tão rápido ...”
• II- Olhei para dentro da caixa e não conseguia
acreditar no que via, por isso eu fechei a caixa ,
respirei fundo, cocei os olhos , abri a caixa
novamente e subitamente meu coração começou a
bater tão forte e tão rápido...”
Qual a diferença de foco narrativo entre as
duas sentenças?
• Na sentença I os fatos são narrados em 3ª pessoa por quem
observa os fatos que acontecem com um personagem , o
Juca; por isso o narrador é chamado de narrador-observador
marcado nos termos “olhou” “conseguia”( verbos em 3º
pessoa são marcas gramaticais ) “seu” ”( pronome em 3º
pessoa são marcas gramaticais );já na sentença II os fatos são
narrados em 1ª pessoa por quem participa dos fatos que
acontecem como um personagem , quem conta a história éo
próprio Juca; por isso o narrador é chamado de narrador-
personagem marcado nos termos “olhei” “fechei ”
“cocei”( verbos em 1º pessoa são marcas gramaticais )
“meu” ”( pronome em 1º pessoa são marcas gramaticais ).
O que é narrador – observador 3ª pessoa
onisciente?
• 1-NARRADOR - OBSERVADOR ONISCIENTE é o
narrador que tudo sabe sobre o enredo, os
personagens e seus pensamentos. a
onisciência do narrador pode ou não se limitar
a apenas um dos personagens da história.
EXEMPLO
• Narrador em 1ªpessoa: trata-se do narrador-personagem que narra e
participa dos fatos narrados. Um narrador que participa dos fatos
tende a ter um maior envolvimento emocional, mostrando assim
certa subjetividade ao narrar os fatos.

• “Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei


num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de
vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou
da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era
curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus.
Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou
quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e
metesse os versos no bolso.” (Dom Casmurro, Machado de Assis)
EXEMPLO:
• b)Narrador em 3ª pessoa: Esse tipo de foco narrativo apresenta um texto
narrado em 3ª pessoa (ele, eles). É determinado por um narrador que
conhece a história e por isso, recebe o nome de “observador”.
• Nesse caso, o narrador não participe da história e está fora dos fatos, ou
seja, ele não é um personagem.
• “Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor,
vexado daquele pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma
canoa que ia passando; o coração, porém, deixou-se estar a bater de alegria.
Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os olhos de Rubião
acompanhavam, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que
mana Piedade tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho
ou uma filha... - bonita canoa! - Antes assim! - Como obedece bem aos
remos do homem!
- O certo é que estão no céu!” (Quincas Borba, Machado de Assis)
EXEMPLO:
Narrador onisciente: O narrador onisciente revela o passado da personagem, seu interior ,
estados psicológicos, pensamentos, ou até mesmo algo que o personagem nem saiba.
Aqui, devemos atentar ao conceito da palavra onisciente, a qual significa “aquele que sabe
de tudo”. Dito isso, como foco narrativo, o narrador onisciente é aquele que conhece
toda a história.
Também possui conhecimentos sobre todos os personagens e seus
pensamentos,sentimentos, passado, presente e futuro. Pode ser narrada tanto em 1ª
pessoa (quando apresenta pensamentos dos personagens) como em 3ª pessoa.
Exemplo de narrador onisciente
“Um segundo depois, muito suave ainda, o pensamento ficou levemente mais intenso,
quase tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou-se um pouco: porque as coisas
nunca eram dela.
Mas estas rosas eram. Rosadas, pequenas, perfeitas: eram. Olhou-as com incredulidade:
eram lindas e eram suas. Se conseguisse pensar mais adiante, pensaria: suas como nada
até agora tinha sido.” (A Imitação da Rosa, Clarice Linspector)
 
O que é ENREDO ?

• O enredo ou trama pode ser considerado o esqueleto da narrativa,


aquilo que dá sustentação à história, ou seja, é o desenrolar dos
acontecimentos. Existem várias formas de estruturar um enredo; a
mais comum, porém, contém uma apresentação (situação inicial), um
conflito (quebra da situação inicial, complicação, nó), um clímax e um
desfecho (epílogo).
• Situação inicial- apresenta o protagonista , o espaço , as
características do personagem principal.
• Conflito- um problema, uma dificuldade que muda a situação inicial
do protagonista.
• Clímax – momento de maior tensão , onde há um suspense em
relação ao momento final.Geralmente, próximo ao desfecho.
• Desfecho- a finalização de uma narrativa.(por exemplo num conto de
fadas o desfecho é sempre feliz, numa fábula há sempre uma lição a
MARCADORES TEMPORAIS.
• O texto narrativo é escrito em parágrafos e se
divide em fatos que são contados numa
sequência temporal.Para dar essa sequência
de fatos é importante o uso de MARCADORES
TEMPORAIS.
• Em seguida, no momento seguinte , logo após,
na manhã seguinte, depois, enquanto,
quando , quando entrou, depois de levantar,
imediatamente, etc.
O TIPO DE DISCURSO

• 1- Discurso direto – Nele, a fala das personagens é revelada na íntegra, ou


seja, tal e qual acontecem. Para tanto, o diálogo, além de ser expresso com
base nos sinais de pontuação adequados (uso de travessão ou aspas), conta
com a
• participação dos chamados verbos de elocução (ele disse:/ele respondeu/ele
falou:,etc.), na maioria das vezes revelados por: dizer, afirmar, interrogar,
retrucar, gritar, negar, entre outros.

• 2- Discurso indireto - Agora, ao invés de haver a participação direta, o


narrador é quem se encarrega de retratá-la, por intermédio de suas próprias
palavras.

• 3- Discurso indireto livre - Ocorre quando o narrador insere de forma


discreta os sentimentos das personagens ou até mesmo a fala das
personagens à sua – chegando ao ponto de não haver distinção entre ambas.
IMPORTANTES MECANISMOS USADOS NUMA
NARRATIVA NOS TIPOS DE DISCURSO.

• Uso do discurso direto para reproduzir a voz da personagem.


Geralmente introduzida por verbo dicendi ( verbos que
introduzem falas) ,apresentando um diálogo no texto. No
discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa
a citar fielmente a fala do personagem.
• O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e
espontaneidade. Assim, o narrador se distancia do discurso, não
se responsabilizando pelo que é dito.
• *Pode ser também utilizado em textos dissertativos , para dar
autoridade a um argumento, confirmado pela voz de um
especialista no assunto _ para não falar algo que foi dito por um
estudioso, por exemplo, como se fosse de sua própria autoria.
Características do Discurso Direto
Utilização dos verbos da categoria dicendi ou verbos de elocução, ou seja,
aqueles que têm relação com o verbo "dizer". São chamados de "verbos
de elocução", a saber: falar, responder, perguntar, indagar, declarar,
exclamar, dentre outros.
Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação, interrogação,
dois pontos, aspas.
Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa linha
isolada.
Exemplos de Discurso Direto
a)Os meninos gritavam: "Não !”
b)Os alunos preocupados , perguntaram?
_Professora, posso entrar?
Imediatamente respondeu:
— Bem rápido
Os verbos dicendi (verbos de elocução)
Uso do discurso indireto
• Uso do discurso indireto é usado para
reproduzir a fala de um personagem por
intermédio da voz do narrador , quer dizer , o
narrador fala no lugar da personagem.
• No discurso indireto, o narrador da história
interfere na fala do personagem preferindo
suas palavras. Aqui não encontramos as
próprias palavras da personagem.
Características do Discurso Indireto

• O discurso é narrado em terceira pessoa pode ser narrado


em 1ªpessoa se o narrador for narrador-personagem.
• Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução
(dicendi incorporado a fala do narrador), por exemplo:
falar, responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar.
Contudo não há utilização do travessão, pois geralmente
as orações são subordinadas, ou seja, dependem de
outras orações, o que pode ser marcado através da
conjunção “que” (verbo + que): “A menina disse que
não.”.
Atenção:
Quando a narrativa está em 1ª pessoa com uso do narrador-personagem é
importante distinguir o discurso direto do indireto. Veja:

a)Discurso indireto num texto narrativo em 1º pessoa com narrador-


personagem:
“Naquele dia, resolvi dizer que não queria para o professor.”
b)Discurso direto num texto narrativo em 1ª pessoa com narrador-
personagem:
“ Naquele dia, resolvi dizer ao professor:
_ Não quero.
Exemplos de Discurso Indireto
a)Os meninos gritavam que não.
b) A menina entrou nervosa e perguntou para professora se podia entrar , e
imediatamente a professora respondeu que deveria ser bem rápida.
TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DIRETO PARA
O INDIRETO
Agora, vamos nos aprofundar em outras formas de discurso:

• Discurso indireto livre - Sendo encarado como


o mais difícil e o mais dinâmico dos tipos de
discurso, o discurso indireto livre é aquele
que permite que os acontecimentos sejam
narrados em simultâneo, estando as falas das
personagens direta e integralmente inseridas
dentro do discurso do narrador.
Características do discurso indireto livre
Não há marcas que indiquem a separação da fala do narrador da fala da
personagem, como os verbos de elocução, os sinais de pontuação e as
conjunções que aparecem nos discursos direto e indireto.

Assim, por vezes é difícil delimitar o início e o fim do discurso da personagem, uma
vez que o mesmo está inserido dentro do discurso do narrador, confundindo-se
com este.
Conforme o desenvolvimento da narração, as falas das personagens surgem
espontaneamente na 1.ª pessoa no discurso do narrador que se encontra na 3.ª
pessoa, sendo gramaticalmente o discurso do narrador, mas transmitindo o
sentido do discurso da personagem.
O narrador é onisciente de todas as falas, sentimentos, reações e pensamentos da
personagem
Exemplos de discurso indireto livre:
“Então Paula corria, corria o mais que podia para tentar resolver a situação. Logo a
mim, logo a mim isso tinha que acontecer! Ela não sabia se conseguiria chegar a
tempo e resolver aquela confusão. Tomara que eu consiga!”
ATENÇÃO! ALGUNS ELEMENTOS NOVOS QUE
TRABALHAREMOS:

• O diálogo do narrador com leitor: o narrador se dirige ao leitor


estabelecendo um diálogo, faz perguntas, questiona, ou seja,
insere o leitor como forma de aproximação.(inserção do leitor na
narrativa.).
• VEJA O EXEMPLO:
• “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
realço a minha mediocridade, advirta que a franqueza é a
primeira qualidade de um defunto” ( Memórias Póstumas de Brás
Cubas- Machado de Assis)
• Os comentários diretos que o narrador faz com o leitor também
são uma grande inovação no romance. Ora Brás Cubas usa essa
ferramenta para se justificar ora para provocar o leitor.
MAIS UM POUQUINHO...
• O narrador e a metalinguagem: quando o narrador comenta a
realização e a estrutura da própria obra com o leitor, conversa sobre o
destino das personagens, como é realizar aquela obra e se assume
como autor.
•  
• VEJA O EXEMPLO:
• “ Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não
tenho o que fazer; e ,realmente expedir alguns magros capítulos para
esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade.”
• (Memórias póstumas de Brás Cubas- Machado de Assis.)
•  
•  
NOVIDADE:
• Narrador-testemunha: O narrador-testemunha é um dos personagens que
vive a história que está sendo contada, mas não é o personagem
principal. Este tipo de narrador observa do interior da história o que nela
acontece, contando a história em primeira pessoa, vivenciando os fatos
que relata a partir do ângulo de uma personagem secundária. A partir de
sua posição, ele consegue passar ao leitor uma visão clara dos eventos que
se desenrolar na história que conta.
• Este narrador é considerado como testemunha porque ele dá o
testemunho daquilo que vê, dos fatos que considera verídico ou daqueles
que deseja transmitir como se fosse algo verdadeiro. O narrador-
testemunha registra os acontecimentos sob um prisma individual, no
entanto, por tratar-se de um personagem secundário da trama, não existe
a sobrecarga de emoções na narração. Da mesma maneira que o narrador-
protagonista, ele também possui uma percepção restrita do que se passa.
VEJA O EXEMPLO:
• ** Aires ( É O PERSONAGEM SECUDÁRIO) figura um conselheiro que sempre esteve ao
lado de Machado de Assis em suas histórias, como um conselheiro ou amigo dos
personagens de suas obras .E na obra Memorial de Aires é importante saber que na
época do escritor muitos leitores pensavam que suas obras eram autobiográficas. Para
findar logo com essa dúvida, Machado de Assis, publicou Memorial de Aires, obra de
caráter autobiográfico, no ano de sua morte. Então, as personagens Aguiar e d. Carmo
seriam Machado e Carolina (sua esposa), o autor escolhe o Conselheiro Aires, que já
havia aparecido em Esaú e Jacó, como única personagem consciente e equilibrada de
sua vasta galeria de aclamados personagens.

• "Assim correram as cousas, a mentira e os efeitos. Os dois procuramos levantar-lhes o


ânimo. Eu empreguei algumas reflexões e metáforas, afirmando que eles viriam este
ano mesmo ou no princípio do outro; bastava saberem a dor que causava aqui a noticia.
• D. Carmo não parecia ouvir-me, nem ele; olhavam para lá, para longe, para onde se
perde a vida presente, e tudo de se vai depressa. Aguiar ainda pegou na carta que o
Desembargador lhe mostrava, leu para si as palavras de Tristão, que eram aborrecidas
em si mesmas, além da nota que o autor intencionalmente lhes pôs. D. Carmo pediu-lha
com o gesto, ele meteu-a na carteira. A boa velha não insistiu. Campos e eu saímos
pouco depois.” (Memorial de Aires – Machado de Assis)
• Monólogo interior – Pode ser entendido como um
fluxo de ideias, memória, imaginação, sentidos,
confusão. A linguagem costuma ser desprovida de
regras gramaticais , pontuação caótica ou ausência
dela, como se quisesse representar um atropelo de
ideias e sensações , um caos.
• A personagem fala ou escreve de forma incoerente
tudo o que lhe vem à mente, esquecendo-se do leitor
e do ouvinte. Como se o “eu interior” conversasse
com um “outro eu” da personagem. 
• O narrador reproduz o “fluxo de consciência” da
personagem, através do discurso direto ou indireto
livre. 
Solilóquio
Diferentemente do monólogo interior que apresenta uma linguagem sem nexo,
o solilóquio aparece numa linguagem organizada, lógica e concatenada. 
O solilóquio é usado principalmente no romance e no teatro, sempre em 1º
pessoa.
Exemplo :
“Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se
sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou
mortal, como o amor pelo mundo transcende. O amor pela vida mortal a
assassinava docemente, aos poucos. E o que eu faço? Que faço da felicidade?
Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer
como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou
minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta.
Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não
têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa
desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu
de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.” (Clarice Lispector)

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