Você está na página 1de 2

DISCIPLINA: Língua Portuguesa PROFESSORA: Patrícia L.

Domingos

Hoje veremos o gênero textual crônica. Para isso, leia com atenção o texto para
responder as questões. Coloque apenas as respostas em seu caderno!

Na fila da liberdade – Mário Prata


É interessante notar as diferenças em filas de um lugar para outro. Em
Florianópolis, por exemplo, tanto nas filas de banco como nas de supermercados, as
pessoas ficam conversando, com calma, esperando. Mesmo no Rio de Janeiro, enfrenta-
se uma fila com mais humor.
Em São Paulo, a fila é uma tortura. A fila é triste e interminável. Parece que, se
fosse possível, a gente mataria aqueles quatro ou cinco que estão na nossa frente. E, se
alguém conversa com alguém, o assunto é a própria fila. Uns chegam a dizer palavras
chulas. Xingam, como se a culpa fosse da pobre mocinha que está do outro lado da fila,
muito mais aflita que os filenses.
Pois foi numa dessas filas que o fato se deu.
Era uma bela fila de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos
lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel
higiênico, aquela coisa que não tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns
10 anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como
muito bem define o Houaiss: “Pessoa que exaspera com sua presença, que importuna,
que não dá paz aos outros”.
Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelhação. Quanto mais demorava,
mais ele se aprimorava. E a mãe, ao lado, impassível. Chegou uma hora que o garoto
começou a mexer nas compras dos outros. Tirava leite condensado de um carrinho e
colocava no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a mãe, não era com
ela.
Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grávidas), tinha um casal de
velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de mãos dadas. Ali pelos 80 anos. A velhinha, não
aguentando mais a situação, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a mãe. Que
ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providência. No que a mãe, de alto e
bom tom:
– Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem repressão. Meu filho é
livre e feliz. É assim que se deve educar as crianças hoje em dia.
A velhinha ainda ameaçou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga,
ultrapassada. Voltou para a sua fila. Só que não encontrou o seu marido, que havia
sumido.
Não demorou muito e ele voltou com um galão de água de cinco litros.
Calmamente ele se aproximou da mãe do pentelho, abriu o galão e entornou tudo na
cabeça da mulher.
O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e, enquanto a
mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:
– Também fui educado com liberdade!!!
Foi ovacionado.
Responda as questões com base no texto:

1. A crônica é um gênero textual que oscila entre literatura e jornalismo e, antes de ser
reunida em livros, costuma ser veiculada em jornal ou revista. Os assuntos abordados
pelas crônicas costumam ser fatos circunstanciais, situações corriqueiras do cotidiano,
episódios dispersos e acidentais, como, por exemplo, um flagrante de esquina, o
comportamento de uma criança ou de um adulto, um incidente doméstico etc. Qual é o
assunto abordado na crônica lida?

2. A crônica quase sempre é um texto curto, com poucas personagens, que se inicia
quando o fato principal da narrativa está por acontecer. Por essa razão, nesse gênero
textual, o tempo e o espaço são limitados.
a) Como se inicia a crônica lida?
b) Quais são as personagens envolvidas na história?
c) Onde ocorre o fato?
d) Qual é, aproximadamente, o tempo de duração desse fato?

3. Em uma crônica, o narrador pode assumir qualquer aspecto. Qual é o tipo de narrador
na crônica “Na fila da liberdade”?

4. Marque a alternativa correta: o cronista costuma ter a atenção voltada para fatos do dia
a dia ou veiculados em notícias de jornal e os registra com humor, sensibilidade, crítica e
poesia. Com base nessa informação, conclua: que objetivo as crônicas têm em vista?
a) Informar os leitores de um jornal sobre um determinado assunto.
b) Entreter os leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a refletir criticamente sobre a vida e os
comportamentos humanos.
c) Dar instruções aos leitores.
d) Tratar cientificamente um assunto.
e) Argumentar, defender um ponto de vista e persuadir o leitor.

5. Em relação à linguagem da crônica em estudo:


a) A cena do supermercado é narrada de forma impessoal e objetiva, isto é, em
linguagem jornalística, ou de forma pessoal e subjetiva, ou seja, em linguagem literária?

b) Quanto à linguagem, essa crônica está mais próxima do noticiário de jornais ou revistas
ou mais próxima de textos literários?

6. Qual o significado da palavra ovacionado, presente no final da crônica? Você acredita


que o senhor mereceu ser ovacionado?

Você também pode gostar