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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
CURITIBA/PR
2018
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Sumário
Introdução ....................................................................................................... 03
Referências..................................................................................................... 104
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Introdução
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Aula 1 - Filosofia da educação, introdução conceitual e histórica
Fonte: http://www.freepik.com/free-vector/silhouette-with-academic-icons_760403.htm
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Desde que surgiu no mundo, na Grécia Antiga, a filosofia toca questões
em educação. Seu primeiro esforço é uma tentativa de combater a ignorância
sobre as questões da natureza e da humanidade.
Metaeducação
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físico, se poderia investigar as questões mais profundas, mas delicadas e
abstratas.
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Filosofia aplicada
7
Para que as ferramentas da filosofia possam ser efetivamente úteis no
trabalho em educação, elas devem ser encaradas como ferramentas a serem
utilizadas e analisadas de acordo com as necessidades práticas da educação.
Confusões comuns
Teoria educacional
8
Para saber mais sobre o tópico apresentado, consulte a
entrada da Enciclopédia da Filosofia da Mente, disponível em:
<http://www.infoescola.com/filosofia/filosofia-da-mente/>.
Saiba mais
Filosofia educacional
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Os valores e normas considerados e manifestos através do processo de
educação.
A legitimidade da educação como uma disciplina acadêmica.
A própria educação.
O conhecimento.
Os métodos e práticas educacionais.
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Esses três elementos compreendem todos os aspectos da educação que
podem ser investigados pela filosofia da educação, desde a sua natureza geral
até a prática cotidiana específica.
No processo de investigação empírica e formulação de teorias pode-se
utilizar, inclusive, mas não restritivamente, métodos quantitativos de coleta de
dados para verificarão da eficácia de aplicação de uma teoria ou da necessidade
de uso de determinado método.
Vocabulário
Ambiente acadêmico
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acontece com outros ramos do conhecimento humano. Desta forma, diferentes
áreas da filosofia podem formular teorias e ferramentas úteis para a educação,
propositalmente ou não.
O segundo, consiste em que a educação como um departamento nas
universidades, deve ser livre para adotar ou recursar teorias de quaisquer áreas
e mesmo mesclar estas teorias, respeitados os aspectos teóricos, de
concordância e consistência entre os diferentes métodos.
Ferramentas para uso na educação vem de diversas fontes, da psicologia
do aprendizado, da teoria educacional, da filosofia, ciência cognitiva e diversas
outras fontes. Subordinar a filosofia da educação a um departamento específico
seria leva-la necessariamente ao fracasso por adesão a um modelo sistemático
único, o que vai na contramão dos desenvolvimentos da própria filosofia.
Civilização ocidental
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Assim, surge o conceito de civilização ocidental, baseada nos princípios
do mundo grego, na democracia, no conceito de república, no estudo da filosofia
e no desenvolvimento das ciências e tecnologia, como as conhecemos.
Idealismo;
Realismo;
Escolástica;
Pragmatismo;
Filosofia analítica.
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Essas linhas não estão em ordem cronológica, mas de aproximação
teórica. Veremos, por exemplo, Platão e Kant na mesma linha, mesmo
separados por mais de dois mil anos, enquanto Aristóteles, discípulo de Platão
estará na mesma linha de pensadores do século XX, como Broudy e Adler.
Idealismo
Platão (424a.C.-348a.C.);
Immanuel Kant (1724-1804);
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831).
Realismo
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Nesta linha, a realidade possui sua natureza e existência garantidas
independente de estarmos conscientes disto. É uma linha mais próxima da forma
como trabalhamos atualmente, o que pode ser visto pela presença de
pensadores contemporâneos nesta linha, o que não acontece no idealismo.
Destacam-se como pensadores do realismo, relevantes para a educação:
Aristoteles (384a.C.-322a.C.);
Avicenna (980 -1037);
Ibn Tufail (1105-1185);
John Locke (1632-1704);
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778);
Mortimer Jerome Adler (1901-2001);
Harry S. Broudy (1905-1998).
Escolástica
Pragmatismo
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Entre os destaques desta linha surgida no século XIX, encontramos:
Filosofia analítica
Fonte: http://www.philosophybasics.com/photos/russell.jpg.
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Entre os principais representantes desta linha temos:
Atividade de Aprendizagem
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Aula 2 – Epistemologia e as origens do conhecimento
Epistemologia
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Como “logos” é um termo amplo e de grande variedade de interpretação,
normalmente é traduzido por “teoria” ou “ciência”, podemos ver este uso em
outras áreas, como a biologia, em que a combinação das palavras “bios”, que
significa “vida”, e “logos”, neste caso, usado como “ciência”, formam a “ciência
da vida” ou o “estudo da vida”.
Como a epistemologia precisa trabalhar com elementos pré-científicos,
para questionar e sofisticar inclusive a ideia de conhecimento científico, opta-se
pelo uso do termo “teoria”. Assim, a epistemologia é a Teoria do conhecimento.
Questões em epistemologia
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primeira, a análise filosófica da natureza do conhecimento, e como o
conhecimento se relaciona com sua própria definição clássica.
Conhecimento
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Para se compreender o que é o conhecimento em sua definição clássica,
precisaremos entender esses elementos, mesmo para depois questioná-los e
analisar os possíveis problemas dessa definição.
Crença
Verdade
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“Saber” é a expressão do conhecimento, ou do domínio do conhecimento,
é possuir um conhecimento. Se eu digo que sei algo, digo que tenho
conhecimento de, pelo menos, um item verdadeiro acerca daquilo sobre o qual
eu afirmo saber algo.
Caso esse item seja falso, admitimos que eu não sei, mas meramente
pensava saber, ou tinha uma opinião que se provou falsa.
Justificação
Gettier Problem
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Na verdade, o problema proposto por Edmundo Gettier é tudo menos um
“pequeno desafio”. Gettier apontou um grande problema para a noção clássica
de conhecimento e obrigou toda a comunidade acadêmica a se mobilizar na
busca de uma reformulação da definição de conhecimento, ou de uma resposta
adequada para Gettier.
Mas, afinal, o que Gettier fez?
O autor aponta uma questão aparentemente simples, de que às vezes
temos uma crença, verdadeira e justificada, sem termos conhecimento de fato.
Essa questão surpreendentemente simples é demonstrada pelo Gettier
case, que veremos a seguir.
Gettier case
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“O homem que tem dez moedas será contratado” é verdadeiro, pois de
fato o homem contratado tem dez moedas no bolso, é justificado, podemos
explicar a presença das dez moedas, e Smith acredita nesta proposição.
Então Smith acredita em uma verdade justificada, que o homem que tem
dez moedas será contratado, mas, ainda assim, não tem conhecimento sobre
quem é o homem que será contratado, no caso ele mesmo.
Esse problema mostra que a definição clássica de conhecimento não era
uma definição de conhecimento, na medida em que falta algo a ser dito sobre o
que é conhecimento, pois nesta situação, mesmo atendendo a todos os critérios
da definição, ainda não temos conhecimento.
Respostas a Gettier
Uma das questões levantadas pelos autores que reagiram a Gettier foi:
prever o resultado pelas razões erradas faz conhecimento?
Poucos tentaram oferecer uma resposta nos termos da definição clássica,
a maioria tem se esforçado para apresentar novas formulações da ideia de
conhecimento.
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Respostas às necessidades
Novos conhecimentos
Aspectos do conhecimento
Cumulativo;
Ordenado;
Surge da necessidade.
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diferentes do conhecimento, neste caso, focando como o conhecimento se
estrutura na nossa sociedade para atender às necessidades humanas.
Ordenado e cumulativo
Surge da necessidade
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Demandas do conhecimento
Desenvolvimento
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Em um primeiro momento, falamos de pinturas rupestres em paredes e
uma transmissão quase acidental de conhecimento. Mas, em algum momento,
a linguagem começa a se sofisticar e a fala se desenvolve.
A partir disso, a educação oral já é possível. Este desenvolvimento da
linguagem combinou-se com a criação da agricultura e permitiu a fundação das
primeiras comunidades fixas, bem como o efetivo início do que viria a ser a nossa
civilização ocidental.
A partir desse primeiro passo, em direção à civilização ocidental, o
acúmulo do conhecimento tornou-se um pouco mais fácil, pela existência de uma
linguagem sofisticada, permitindo uma tradição oral eficiente, graças a uma
proximidade maior dos humanos que faziam uso de tal linguagem.
A partir da criação da escrita, que inicia o período que efetivamente
chamamos de “história”, foi possível manter registros do que ali acontecia, que
serviriam a outros que viriam no futuro.
Não é por acaso que esse período é o marco de fundação da história, que
estabelece a transição da era pré-histórica para a era histórica, uma vez que a
partir da escrita é possível realizar registros, contar a história da humanidade e
educar mais facilmente as novas gerações.
A escrita e a fala, por demandarem um treinamento específico, estimulam
a capacidade intelectual dos seres humanos. Assim, a partir desses
desenvolvimentos, faz-se possível o surgimento da mitologia, o contexto no qual
irá surgir a filosofia.
Conhecimento científico
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O conhecimento científico, baseado em evidências verificáveis,
observáveis, com experimentos replicáveis e raciocínio dedutivo, coloca-se à
prova da falseabilidade.
Atividade de Aprendizagem
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Aula 3 - Origens da filosofia: pré-socráticos
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Sócrates
Anti-mitologia
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A relação entre os homens e seus deuses na mitologia era complexa,
baseava-se na ideia de que sacríficos e orações realizados pelos humanos
nutriam os deuses e, em troca, esses deuses mantinham os fenômenos da
natureza em equilíbrio, trabalhando em favor da humanidade, e não de modo a
prejudicá-la, em suas colheitas, pescas e outras atividades.
Porém, a humanidade é curiosa, investigativa e difícil de manter sob
controle. Explicações não satisfaziam a todos e não tardou que algumas falhas
fossem notadas.
Os deuses nem sempre respondiam ou favoreciam os humanos, em
resposta a suas orações e sacrifícios. Os humanos, por seu turno, começam
então a compor novas maneiras de explicar os mesmos fenômenos da natureza,
maneiras que dispensavam o recurso às divindades.
Objetivo
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Em lugar dessa explicação mitológica, Tales pretendia instituir a busca
das causas primeiras, ou, no caso de sua teoria, da causa primeira única, que
poderia explicar todas as coisas e fenômenos da natureza.
Essa explicação seria diferente da mitologia, pois teria como base
exclusiva a razão e observação da própria natureza, sem recurso a divindades,
heróis ou outros seres fantásticos, mas pautando-se pela racionalidade humana,
eliminando qualquer elemento que não pudesse ser por ela processado.
Com isso, Tales fez mais do que instituir um novo modelo de investigação,
trouxe a sabedoria para o alcance do homem comum. Se a explicação da
natureza poderia ser atingida, ela poderia ser também aprendida e ensinada, de
modo que agora era possível se criar escolas de filosofia.
Essa inovação metodológica, científica e, por que não, educacional, levou
Tales à questão de saber qual a natureza das coisas, que as faz se comportarem
da maneira como se comportam, e não de outras maneiras. Especialmente,
notou certa previsibilidade no comportamento dos objetos no mundo.
O termo grego arché, utilizado por Tales para se referir a essa natureza
das coisas, é por vezes traduzido por "princípio". Essa tradução é imprecisa, um
princípio é algo anterior, algo primitivo em relação à coisa que analisamos, seja
em termos lógicos ou cronológicos.
A arché de Tales não é apenas primitiva em relação às coisas do mundo,
mas absoluta e constituinte das coisas. Tales e os filósofos pré-socráticos de sua
escola procuravam definir a substância da qual todo objeto material seria
composto.
De uma maneira quase romântica, poderíamos dizer que a arché é a
substância que constitui os tijolos da realidade.
Por esse proceder, que instaura Tales na qualidade de primeiro filósofo,
ele também é considerado o primeiro cientista ocidental. O trabalho de buscar a
substância constitutiva dos objetos do mundo pode ser descrito como análogo
ao que os físicos nucleares fazem na atualidade.
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Teorias pré-socráticas
Mudança na escola
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Graças ao trabalho de Platão, Aristóteles e de alguns historiadores
gregos, fragmentos e comentários foram mantidos, de modo que essa
abordagem não se perdeu. Não obstante, hoje, muito do trabalho dos pré-
socráticos não é conhecido, ou é conhecido apenas em parte, devido à perda de
registros.
Escolas pré-socráticas
Escola Jônica;
Escola da Pluralidade;
Escola Itálica;
Escola Eclética;
Escola Eleática.
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a expressão do aperfeiçoamento inerente àquele período de descobertas e
formulações inéditas.
Escola Jônica
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Aristóteles foi o primeiro a, formalmente, classificá-los como uma escola
única, utilizando o termo physiologoi, expressão grega que pode ser traduzida
como "aqueles que discursavam sobre a natureza", pois seu trabalho era
fundamentalmente explicar o que hoje chamamos de matéria e sua natureza.
Sendo physio o nosso mundo físico, natural, e logoi uma declinação de
“logos”, a palavra ou estudo, esses pensadores seguiam a linha proposta por
Tales: a investigação da natureza de todos os objetos que compõem o mundo
físico, com base no próprio mundo físico e seus indícios.
Escola da Pluralidade
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Escola Itálica
Escola Eclética
A escola eclética é também outra escola caracterizada não por sua região
de desenvolvimento, mas por sua forma de proceder. Os filósofos que a
representavam acreditavam que a adesão a uma única arché não resolvia o
problema do movimento.
Essa filosofia aborda a questão de como objetos parados se colocam em
movimento. A posição da escola era a de que ao postular várias arché seria
possível explicar as questões relativas ao movimento.
Destacamos como nomes mais importantes: Arquelau e Diógenes.
Escola Eleática
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se discutia que Aquiles jamais venceria a tartaruga, se considerássemos as
medidas das distâncias e a proporção de espaço percorrido por Aquiles e pela
tartaruga no mesmo período de tempo.
Essa situação foi, em um dos casos, reproduzida na distância entre o
grupo que discutia e um portão. Trata-se do seguinte raciocínio:
Em um período de tempo determinado se percorre metade do caminho,
na metade desse período se percorrerá a metade da metade e assim por diante.
Ou existe um ponto de corte dessa realidade ou não seria possível chegar até o
portão.
Zenão, o próprio propositor do problema, resolveu a questão caminhando
até o portão e, assim, constrangeu todos os colegas que participavam dessa
discussão ao demonstrar que o movimento não era impossível, como parecia
demonstrar o problema, mas que agora parecia fútil dada a realidade da
demonstração de Zenão.
O problema de Aquiles se coloca da seguinte maneira:
A tartaruga larga antes de Aquiles, percorrendo metade do caminho.
Então Aquiles larga e no tempo que ele percorre metade do caminho, a tartaruga
já percorreu mais um pouco, estando ainda à frente de Aquiles.
No tempo em que Aquiles percorre mais esse pouco, a tartaruga já
percorreu mais um pouco, mas ainda em um tempo menor, mas suficiente para
se manter à frente de Aquiles, e assim sucessivamente, de modo que não seria
possível dizer, dentro desses critérios, que Aquiles poderia ultrapassar a
tartaruga.
Não obstante, é obvio que Aquiles ultrapassaria a tartaruga. Assim, os
pensadores gregos da época perguntam: Como isso é possível, considerando
apenas a natureza do tempo e do espaço?
Esse raciocínio, mais do que render uma boa discussão a Zenão de Eleia,
foi responsável pela visão de Aristóteles, que veremos mais adiante, de que o
conhecimento empírico seria fundamental para a boa filosofia.
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Nessa aula você conheceu a primeira escola de filosofia, na verdade um
conjunto de diversas escolas, que nos dá uma visão de como a filosofia
estabeleceu as bases para diversas ciências e para a educação.
Vimos ainda que a época dos pré-socráticos foi um período de grande
exploração e desenvolvimento para a história da filosofia, com lições importantes
de alguns filósofos relevantes até os dias de hoje, em maior ou menor medida.
Atividade de Aprendizagem
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Aula 4 - As origens da filosofia: período clássico
Período clássico
Mentoria
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Cronologia
Características
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Sócrates
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O problema socrático
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Assim, a tradição filosófica atual compreende que a clarificação da
posição verdadeira de Sócrates como filósofo é aparentemente impossível, o
que classifica o Problema de Sócrates como insolúvel em uma visão geral.
Ao compararmos as fontes, no entanto, algumas conclusões podem ser
extraídas acerca da posição de Sócrates e, pelo menos, oferecem uma posição
consistente para compreender a importância do pensador para a filosofia
ocidental.
Método Socrático
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formos capazes de demonstrar que a hipótese é inaceitável, por levar a
contradições, encontramos um candidato aceitável para a posição de verdade.
Pioneirismo
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cidades e apresentou a necessidade de que todos examinem a vida, a moral, o
bem e o mal.
Independentemente das complicações advindas do estudo da figura de
Sócrates, o fato é que a sua influência foi relevante não apenas, como afirma
Cícero, para o povo de Atenas, mas para toda a humanidade.
Platão
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Transmitiu os ensinamentos e reflexões de Sócrates através de diálogos;
Utiliza longas alegorias para explicar suas posições;
Leva o interlocutor até a conclusão.
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Racionalismo e realismo
Amplitude de temas
Mito da caverna
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o mundo mutável e as formas imutáveis, ou seja, a busca de aquisição do
conhecimento sobre o mundo.
Esse processo apresenta algumas dificuldades inerentes, como a busca
de algo que nunca vimos, e a dificuldade de se formular sozinho uma ideia que
ultrapassa o mundo físico que conhecemos.
Ainda explorou a dificuldade de se levar outros ao conhecimento, pois este
movimento envolve dor e abandono de uma situação que, por pior que seja,
parece cômoda ao indivíduo.
Essa alegoria é, muitas vezes, vista como uma associação com a
educação em todos os tempos.
Legado
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Aristóteles
Fonte: © Flickr
Corpus Aristotelicum
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Esse conjunto de obras, que chamamos de Corpus Aristotelicum, chegou
até nós pelo trabalho dos compiladores da era escolástica, que estudaremos
mais adiante.
Por meio dessas compilações, organiza-se também o processo de estudo
da obra de Aristóteles, que se inicia pela física e passa depois para a metafísica.
A compilação de trabalhos da obra conhecida como Física, formou o
padrão de interpretação do mundo até que novas descobertas foram realizadas
no Iluminismo e a Mecânica Clássica foi formulada.
Causa material
Causa formal
Causa eficiente
Causa final
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A lógica formal moderna incluiu os estudos em lógica de Aristóteles, a
partir do final do século XIX.
Ética e moral
Atividade de Aprendizagem
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Aula 5 - Pós-socráticos e a sofisticação da filosofia
Sócrates
Como vimos em aulas anteriores, Sócrates foi tão influente que dividiu
não apenas o que veio antes de si, mas o que veio depois, estabelecendo a
divisão básica da filosofia grega em pré-Socráticos e pós-Socráticos.
Pós-socráticos
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Ceticismo
Procedimento cético
O procedimento cético era simples, mas muito difícil de ser adotado pelas
correntes ávidas por encontrar verdades absolutas. Trata-se de evitar fazer
afirmações categóricas acerca da verdade.
Os céticos também costumavam apontar a falta de evidências empíricas
para as afirmações de outras escolas. Por isso, podem ser considerados a
primeira escola empirista.
O Empirismo, embora não totalmente formulado na época, é uma posição
em filosofia que aceita a experiência como base para a análise da natureza,
procurando rejeitar as doutrinas dogmáticas.
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Doutrinas dogmáticas: são aquelas baseadas em verdades
inquestionáveis, sobre as quais as pessoas que a elas aderem
não têm o poder de alterar ou testar na realidade.
Rivalidade
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Epicuristas
Ética epicurista
A mais alta forma de felicidade seria dada pela soma de ataraxia com
aponia.
Estoicos
Fundado por Zenão de Cício (336 a.C. - 264 a.C.), o estoicismo foi uma
doutrina filosófica de grande destaque na Grécia Antiga, que perdurou até o
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Império Romano com o Imperador Filósofo e último estoico, Marco Aurélio (121
– 180) que foi imperador em 161.
Era uma filosofia sistemática, ou seja, que pretendia explicar o mundo em
sua totalidade, não apenas uma área do conhecimento, que se utilizava de um
sistema estruturado de explicação que conectava todas as áreas.
Nesse sentido, a ética dos estoicos, por exemplo, era uma explicação do
mundo como um todo do ponto de vista do bem e do mal, assim como a Lógica
era uma explicação completa do mundo do ponto de vista do verdadeiro e do
falso e a física uma explicação do ponto de vista do que existe.
A distinção entre essas áreas seria meramente metodológica e não uma
divisão efetiva na realidade.
A filosofia estoica pretendia ser também uma Lex devina, um modo de
vida, defendendo a ideia de "vida boa", como uma vida em conformidade com a
ordem natural do mundo.
Por essa mesma razão, foram opositores da “Akrasia”, pois de acordo com
a visão desses pensadores, se desejarmos saber qual a filosofia de um indivíduo,
devemos olhar para suas ações e não apenas para suas palavras.
Erros de julgamento
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Aspecto prático
Aspecto teórico
Outros aspectos
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Os estoicos defendiam que a vontade humana só é livre, quando está em
conformidade com a natureza;
Os epicuristas defendiam que deveria haver alguma liberalidade nesta
determinação;
Os céticos duvidavam da capacidade dos argumentos dos estoicos.
Vamos explorar a questão pelo viés estoico, por ser deles a principal
formulação do problema, mas tenhamos em mente que essa formulação
considera as críticas e objeções das outras escolas.
A deliberação, expressão da vontade livre, em filosofia estoica é uma
questão ética, que tem suas bases na forma como os estoicos concebiam o
mundo, na sua física, que é organizada de forma necessária, o que os levou a
um determinismo absoluto das causas e dos efeitos.
Descreveram um princípio imanente de organização que chamaram de
“pneuma”. O pneuma, que é ativo e racional, está no mundo todo, todos os
corpos são constituídos em parte por pneuma; a sua forma é a de um fluido que
age por tensão (tonus) e mantém unida a matéria, que é inerte e passiva.
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Esse nosso “deus” (ou a analogia de um deus que criamos aqui) é a razão
do mundo (dá sentido ao mundo), e dado que é Ele mesmo que constitui o
mundo, nada pode acontecer senão de acordo com essa razão.
No entanto, sabemos que os estoicos postulavam a liberdade humana,
como se pode ler em Cícero, quando fala de Crisipo.
Nesse caso, percebemos a noção de multiplicidade das causas, como
ficou conhecida, postulada por Crisipo. Essa não deve ser confundida com a
noção aristotélica de multiplicidade das causas, sobre a qual falamos na aula
anterior. Não há lugar para a contingência nos trabalhos estoicos, diferente dos
trabalhos de Aristóteles. Aqui tudo é necessariamente determinado.
Passamos, então, à questão ética da liberdade humana e como ela é
possível sendo o mundo absolutamente determinado. Como podemos atribuir
responsabilidades?
61
Explorando melhor a questão
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Sendo assim, as causas externas e a natureza individual (causa interna)
são causas antecedentes, auxiliares e próximas, como queria o filósofo Crisipo.
Se o efeito só pode se produzir quando do encontro das duas cadeias
causais, em um sentido, o assentimento está in nostra potestate, que se traduz
por "em nosso poder", e deve ser interpretado simplesmente dessa forma, como
algo que necessita da presença do indivíduo, mas que, ainda assim, não poderia
ser diferente.
Destarte, chegamos à conclusão que parece demonstrar como os
estoicos atribuíam algum poder causal ao indivíduo, sem, no entanto, contrariar
a postulação de um mundo absolutamente determinado, e que a atribuição de
algum poder causal ao indivíduo não implica atribuição de vontade livre.
Essa conclusão é satisfatória? De maneira alguma. As discussões
continuaram e continuam até os dias de hoje, porém acompanhar esse
desenvolvimento, além de um bom exercício filosófico e mental, nos auxilia a
entender como funcionavam os debates e o modelo de ensino dessas correntes
filosóficas.
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Atividade de Aprendizagem
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Aula 6 - Patrística e escolástica
Idade Média
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Patrística
Objetivos
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compreensão do formato e justificação para a fé cristã, afim de ampliar a
evangelização.
Vocabulário
Destaques teóricos
Conselho de Niceia
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de estabelecer o cânone do cristianismo, especialmente no que diz respeito à
padronização dos trabalhos filosóficos, com vista a determinar a natureza do
messias cristão, Jesus Cristo, e sua relação com a divindade cristã.
Com o consenso alcançado, o Conselho de Niceia divide a patrística em
duas fases.
Discussões
Agostinho de Hipona
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Agostinho se constituiu, por essa influência no estilo e direcionamento
filosófico, no mais importante pensador da patrística. Fundou as bases filosóficas
da Igreja Católica, que seriam fortalecidas na escolástica, que vem a seguir, e
levantou questões influentes na história da filosofia posterior.
Seu trabalho foi não apenas de revisão ou aperfeiçoamento, mas de
reforma da filosofia patrística. De fato, pode ser dito que o trabalho anterior a
Agostinho não era puramente filosófico, mas uma adesão direta à fé, com
algumas justificativas tiradas da filosofia de Platão.
Com Agostinho, a patrística foi além do platonismo cristão e se
desenvolveu como uma escola de pensamento propriamente dita.
Pré-Agostinho
Questões de Agostinho
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teorias para explicá-los. Porém, nunca pretendeu que a razão subjugasse a fé,
pois seu objetivo era que a razão oferecesse motivos para se aderir à fé.
Agostinho tinha uma experiência pessoal com esse caso, já que Ambrósio
de Milão foi quem o convenceu a aderir ao cristianismo, doutrina pela qual nunca
havia manifestado grande interesse.
Quanto à questão da liberdade humana, utilizou-se do conceito de Graça
Divina como garantidor da liberdade. Já no que diz respeito à relação entre
razão, conhecimento natural e fé, Agostinho procedeu de modo cético ao afirmar
que se alguma passagem da bíblia contradissesse a razão ou o conhecimento
que temos da realidade, essa passagem deveria ser reinterpretada.
Em sua obra De Genesi ad Litteram, Agostinho defendeu que um Deus
benevolente não nos proveria de uma razão ou uma realidade enganadora, de
modo que deveríamos confiar na capacidade da razão e na experiência.
Esse foi um dos elementos de abertura intelectual da igreja, que
eventualmente culminaram no Renascimento e na era moderna, séculos depois,
com a valorização das ciências.
Em termos de teoria do conhecimento, um dos elementos mais relevantes
para nossa pesquisa em educação, Agostinho contrariou Platão. Defendeu que
o testemunho de outros, mesmo que falso ou inverificável, pode nos trazer novos
conhecimentos.
Quanto ao problema das outras mentes, desenvolveu o “Argumento a
partir da analogia a outras mentes”, antecipando o debate moderno, com uma
solução que seria o padrão até Descartes.
Após Agostinho
70
inteligência e do conhecimento natural tornaram-se muito valorizados,
especialmente para evitar a fé injustificada ou passiva.
Dessa maneira, era possível estabelecer um ensino patrístico e educar,
não apenas doutrinar, os novos clérigos, bem como fazer frente aos
desenvolvimentos dos opositores da igreja.
Destaca-se também Anselmo de Aosta, cujo trabalho de desenvolvimento
do argumento ontológico para a existência de Deus continua a ser um dos mais
interessantes trabalhos nesta área.
Esse trabalho continua em discussão, especialmente em termos
metodológicos, pois a única forma de recusá-lo é recusando toda a
argumentação, pois uma vez aceitas as premissas de Anselmo, é impossível
apontar qualquer falha lógica em sua estrutura argumentativa, sendo a
conclusão, com base exclusiva na lógica, inevitável.
Escolástica
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Como a teologia já se delineava, desde a patrística, como uma disciplina
independente, ela é deixada de lado, ao menos em parte, nos trabalhos de
filosofia, e os escolásticos passam a se dedicar à formulação de uma filosofia
cristã própria.
A escolástica vai perdurar até o fim da Idade Média, com o surgimento do
Renascimento e consequentemente da era moderna, em que transformações na
realidade da sociedade e na forma como as pessoas entendem o papel da razão
criam a necessidade de um novo modo de pensar.
Não obstante, os desenvolvimentos da escolástica irão figurar como
relevantes para essa passagem e não apenas suplantados por ela.
O grande destaque desse período foi Tomás de Aquino, que contribuiu
para afastar o platonismo cristão, levando a escolástica a uma forma mais
sofisticada de filosofia. Além dele, destacaram-se ainda Erígena, Scoto e
Occam.
Método escolástico
72
Na segunda fase, procedia-se à exploração de outros documentos e obras
relacionadas com o tema tratado pelo autor. Podiam ser obras de autores que
concordassem com o autor que estudassem, ou obras de autores que dele
discordassem.
Também poderiam ser utilizadas obras e textos que explicassem
conceitos que não estivessem claros na obra que estudassem. Em particular, se
preferia documentos da igreja e de estudiosos anteriores.
Nessa segunda fase, não apenas se comparavam os textos, mas se
selecionavam as discordâncias entre as diferentes fontes. Essas discordâncias
eram anotadas em pequenas sentenças, produzindo a sententiae.
A sententiae é uma coleção dessas sentenças curtas, mas de tamanhos
variados, em que se listava a discordância entre as fontes. Além de anotações
de sentenças do leitor, poder-se-ia incluir passagens do texto original para
comentário comparativo.
Na terceira fase desse processo, se utilizava a simplificação da sententiae
para formular duas posições argumentativas, a partir das quais se procurava um
acordo livre de contradições acerca do trabalho do autor.
As ferramentas para se buscar esse acordo eram a análise filológica e
lógica formal. Inicialmente, utilizava-se a análise filológica para eliminar as
possíveis confusões de significado das palavras.
Em muitos casos, a discordância era solucionada simplesmente
verificando-se que o autor empregou uma expressão em sentido diverso do
usual.
Na sequência, se promovia a análise pela lógica formal. Nesta fase, não
havia possibilidade, ao menos teoricamente, de má compreensão, pois esses
casos eram explorados na análise filológica, então se explorava a argumentação
e estrutura do texto do autor, através das sententiae, para verificar a consistência
argumentativa.
A posição inconsistente era rejeitada e sua opositora considerada como
candidata adequada à verdade. Caso ambas fossem inconsistentes, havia duas
possibilidades:
73
Inconsistência subjetiva, devido ao leitor. Neste caso, se procedia a nova
análise.
Inconsistência de fato, devido a erros dos autores. Neste caso, se
rejeitavam ambas as posições.
Antes de Aquino
74
Filosofia de Aquino
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Para afastar as críticas de que Aristóteles era utilizado pelos árabes,
Aquino se dedicou a refutar a interpretação de Averroís quanto aos textos de
Aristóteles.
Após Aquino
Navalha de Occam
76
Até hoje, a Navalha de Occam é utilizada para recusar teorias que
incorrem em infração ontológica desnecessária e teorias dogmáticas.
Em termos educacionais, entendeu-se que teorias mais simples seriam
mais fáceis de se entender e, portanto, deveriam ser preferidas nos ambientes
escolares. Não obstante, teorias complexas podem ser necessárias e, neste
caso, devemos optar pelo modelo educacional mais simples para ensinar essas
teorias complexas.
Em tempos contemporâneos, Sir Karl Popper foi favorável à Navalha de
Occam, afirmando que costumamos preferir teorias mais simples, pois são mais
adequadas à verificação pelo critério de falseabilidade da ciência. Seria mais
fácil comprová-la ou provar que é falsa, acelerando o avanço da ciência.
Além disso, teorias mais simples podem ser, em geral, aplicadas a casos
mais amplos e genéricos, explicando uma quantidade maior de fenômenos.
Curiosidade
77
Atividade de Aprendizagem
78
Aula 7 - Filosofia moderna e a educação
1. Era moderna
79
Para a educação, é um período especialmente importante pelo
fortalecimento do conceito de disciplina, que culmina na formação das ciências
diversas, em especial das ciências naturais.
Estilo de trabalho
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Racionalismo
81
Descartes, através do conceito de reducionismo e métodos de aplicação
deste conceito, ofereceu uma base para a melhor formulação das ciências
naturais. Isto impulsionou o desenvolvimento das disciplinas científicas e,
posteriormente, acadêmicas.
A educação não poderia ignorar tais desenvolvimentos, na verdade, se
desenvolveu a partir deles, os quais, como mostrou Descartes, facilitaram o
aprendizado e a exploração dos conhecimentos.
Com isso, e a influência prévia da escolástica, surgiu a base do sistema
de disciplinas fundado nas ciências em educação.
Reducionismo
Empiristas
82
Segundo os empiristas, como John Locke, George Berkely e David Hume,
e para usar o termo introduzido por Locke, a mente é uma “tábula rasa”, o que
significa que nós não temos ideias inatas, mas apenas aquelas que são
impressas em nossa mente, por meio da experiência.
Ainda, neste processo, as ideias poderiam ser simples ou complexas,
sendo as complexas mais ligadas à reflexão.
Unificação em Kant
83
Desenvolvimentos posteriores
84
comportarem em sociedade e a terem disciplina para executar tarefas físicas ou
intelectuais.
Segundo o mesmo filósofo, o desenvolvimento do caráter e a
compreensão das máximas morais, as regras universais que se aplicam a todos,
são de fundamental importância para o currículo educacional.
Kant foi o autor do imperativo categórico, que consiste na tese de que a
ação moral é aquela pautada por uma máxima moral universal, e não pelas
consequências que imaginamos ter com a nossa ação. Em outras palavras: age
de maneira que o conteúdo de tua ação possa ser considerado uma regra
universal.
Destarte, defendeu que na educação o imperativo categórico, como
princípio, é mais eficiente do que o utilitarismo para formar indivíduos
conscientes de suas obrigações e adequados ao convívio em sociedade.
Educação e treinamento
85
No treinamento, por outro lado, trata-se de uma repetição mecânica, pois,
embora haja a transferência de conhecimentos, a habilidade é desenvolvida pela
imitação e a repetição.
Assim, temos o treinamento em lógica, como a capacidade de realizar
cálculos lógicos adequadamente, enquanto a educação em lógica envolveria,
necessariamente, a capacidade de compreender o funcionamento e as razões
da lógica.
Isso significa que a educação pode incluir o treinamento, porém é
essencialmente diferente dele.
86
O filósofo propôs que se incluísse o máximo de ciência possível no
currículo, não para se dominar todas as ciências, o que seria tolo dado o escopo
cada vez mais amplo de cada ciência, mas para se exercitar a mente o máximo
e o mais precocemente possível.
Ensino precoce
87
Você sabia que Locke foi o formulador dos direitos naturais,
crítico político e também grande influenciador da revolução
americana? Saiba mais sobre o assunto, acessando:
Curiosidade <www.infoescola.com.br/filosofos/john-locke/>.
Métodos de Rousseau
88
Recomendações
89
Segundo Rousseau, a mulher deve ser passiva e fraca, enquanto o
homem forte e ativo, devendo a educação de cada um deles levar esses
aspectos em consideração e ser direcionada para o seu desenvolvimento.
Os homens devem ser mais estimulados a praticar atividade física e
vigorosa e assumir atitudes mais enérgicas, enquanto as mulheres devem ser
direcionadas para o oposto: a ter atitudes mais discretas e realizar atividades
que não exijam força física.
No entanto, ambos devem pensar, seja para agir de modo forte, no caso
do homem, seja para direcionar a força do outro, no caso da mulher.
Essa recomendação foi muito marcante, em especial no Brasil, devido à
grande influência francesa exercida sobre a nossa educação. Basta lembrarmos
que, por muito tempo, os colégios adotaram a separação entre meninos e
meninas.
Quando a educação física foi instituída no Brasil, como atividade
obrigatória, esta obrigatoriedade foi entendida como sendo destinada apenas
aos meninos, o que demonstra a força da ideia de que a meninas deveriam ser
fracas e passivas.
Os danos causados por essa visão podem ser sentidos em termos de
saúde pública, relacionamento em sociedade, bem como no atraso esportivo que
temos em relação a outros países menos influenciados por ela, ou que a
abandonaram mais rapidamente.
90
Atividade de Aprendizagem
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Aula 8 - Filosofia da educação no cenário atual
Período contemporâneo
Grande transformação
92
ciências, além da constituição de novas ciências que incluem a filosofia, entre as
quais destacamos:
Filosofia da Mente.
Filosofia da Ciência e das Ciências.
Filosofia da Educação.
Ciência Cognitiva.
Bioética.
93
Filosofia analítica
A valorização da clareza.
A precisão argumentativa.
A utilização da lógica formal.
A análise conceitual.
O conhecimento empírico das ciências naturais.
A Matemática.
Início e fundadores
94
Sir Bertrand Russell, ganhador do prêmio Nobel e reformulador da filosofia
da linguagem, explorou todos os tópicos da filosofia contemporânea.
George Edward Moore (frequentemente referido como GE Moore), editor da
mais renomada revista de filosofia do mundo, Mind, e grande defensor do
senso comum como origem de conceitos.
Ludwig Wittgenstein, autor do Tractatus Logico-Philosophicus, uma obra que
mudou os rumos da filosofia da linguagem e ajudou a encerrar o período
moderno da filosofia.
95
Mas isso tem sua razão de ser. As ciências vieram da filosofia e, conforme
se afastavam dela, a própria filosofia ficou em parte sem propósito, ligada a
noções exclusivamente abstratas e condicionada pelo racionalismo, que não é
necessariamente ruim, mas precisa de conteúdo para ser adequadamente
trabalhado, o que os modelos continentais não podiam oferecer.
Ao aceitar trabalhar em conjunto com a ciência, a filosofia analítica
devolve o escopo da filosofia e seus objetos, permitindo que ela volte a investigar
o mundo, um problema de cada vez, procurando contribuir para o conhecimento
acerca do mundo.
A filosofia analítica acabou com o filósofo de gabinete. A ideia de
desenvolver conhecimento a partir do mundo e ditar regras, em todas as áreas,
de como se deveria proceder, sem a necessidade de utilizar o trabalho empírico,
direta ou indiretamente, não tem mais lugar no período contemporâneo.
Filosofia da educação
96
educação como profissão e um departamento acadêmico, é possível se pensar
em uma conexão entre ambas.
Essa é a origem da filosofia da educação, como vimos na nossa primeira
aula. A transformação da filosofia, em seu modo de operação e escopo, criou
diversas áreas de investigação e intersecção, sendo a filosofia da educação uma
delas, tanto como campo de investigação quanto como disciplina acadêmica.
É preciso considerar ainda que o educador está sujeito a diversas
influências e tem à sua disposição muitas ferramentas provenientes de diversas
áreas, para além dos conteúdos específicos das ciências que devem ser
ensinados, por meio das matérias escolares.
Seria supérfluo e contraprodutivo submeter o educador a um modelo
exclusivamente filosófico, ignorando as ferramentas que ele pode utilizar da
sociologia, da medicina, da neurociência, da psicologia e de diversas outras
áreas de grande influência na sociedade atual.
97
Composição e questões
98
com duas premissas e uma conclusão; a segunda, adicionando-se uma
premissa e uma conclusão final, de acordo com o seguinte fluxo:
Fase 1
Premissas de bom (morais) ou certo (éticas).
Premissas factuais (empíricas) sobre o mundo e a humanidade.
Conclusões baseadas nessas premissas sobre o que a educação deve
desenvolver.
Fase 2
Premissas adicionais derivadas da psicologia do aprendizado e dos
métodos de ensino.
Conclusões acerca dos métodos que a educação deveria utilizar.
Perenialismo.
Essencialismo.
Progressismo.
Educação democrática.
Educação clássica.
Perenialismo
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detalhes acerca de fatos do mundo, como conhecimentos gerais, mudam
constantemente e, portanto, não devem ser o conteúdo da educação.
Esse conhecimento geral poderia, na visão de Bloom, ser adquirido
facilmente pela interação com o mundo cotidiano. A educação deve focar os
conteúdos que são permanentes e formam o indivíduo, a fim de que ele seja
capaz de lidar com esses conteúdos mais gerais.
Bloom defendeu a utilização de obras clássicas do conhecimento humano
na educação, focando os princípios e priorizando o que somos, antes do que
fazemos.
Como somos humanos, antes de sermos trabalhadores, deveríamos
aprender primeiramente sobre os aspectos humanos, as artes, o pensamento e
os direitos naturais, entre outros tópicos, para, então, falarmos de máquinas,
técnicas e treinamento vocacional.
Essencialismo
Progressismo
100
O progressismo, no entanto, também está ligado ao processo de
descoberta, que coloca o estudante na posição de cientista, ao realizar
descobertas ao longo do aprendizado, expresso pelo filósofo John Dewey, sendo
a base de uma revolução na ideia de progressismo em educação.
O processo de cinco etapas do progressismo é um dos motivos de seu
sucesso em alguns ambientes educacionais e de sua popularidade, mas o
trabalho de John Dewey na formulação dessas cinco etapas é, muitas vezes,
ignorado.
Como chefe unificado dos departamentos de filosofia, pedagogia e
psicologia, Dewey colocou estas três áreas em conjunto, para desenvolver uma
filosofia educacional normativa que proporcionasse uma experiência, capaz de
levar os estudantes a serem mais criativos que os modelos progressistas de seu
tempo.
Dessa forma, o que começou como um modelo progressista transformou-
se em um modelo pragmático, ao valorizar a individualidade e as capacidades
de cada estudante. Veja, a seguir, as cinco fases desse processo.
Educação democrática
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Educação clássica
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formularmos novos métodos, não só na filosofia recente, mas em toda sua
história.
Atividade de Aprendizagem
103
Referências básicas
Referências complementares
104
Currículo do professor-autor
Willyans Maciel
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