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O PAPEL DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

O Papel Da Didática Na Formação Do Professor: Saberes E Competências

A partir de uma perspectiva didática, ao longo da história da educação, é visível à percepção de que
o processo de ensino-aprendizagem se compõe em práticas e teorias indissociáveis. Torna-se
indiscutível o discurso sobre o rompimento da dualidade existente entre prática e teoria, a fim de
estabelecer uma ressignificação de ambas, pois não podem ser fracionadas, enquanto parte do todo
educacional. Para tanto, é preciso compreender o percurso histórico da Didática e suas implicações
na formação do professor.

O motivo do interesse em pesquisar-se sobre o tema surge á partir da dúvida quanto ao ensino da
Didática é como ela contribui na construção da identidade profissional do educador em potencial.
Diante dos fatos fica a pergunta, que infere uma reflexão critica: diante de tantas influências e em
busca de uma ressignificação, como a Didática é vista e ensinada para futuros educadores, como
garantia de valorização enquanto seres sociais numa sociedade globalizada?

Neste sentido, o objetivo principal do trabalho é analisar a importância da Didática para que o
professor possa construir e reconstruir sua identidade profissional valorizando-se e valorizando o
educando enquanto ser social.

Didática Como A Arte De Ensinar, Numa Breve Retrospectiva Histórica

Jan Amos Comenius (1592-1670), na obra Didática Magna (1651) relata as primeiras interpretações a
respeito da didática como a “arte de ensinar”. Comenius (1651) reconhece o direito à educação e a
importância da Didática em relação ao ensino e ao aprendizado na vida de todo ser humano.
Levando em conta a diferença entre o ensinar e o aprender, diz:

“Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal de ensinar tudo a todos: de
ensinar de modo certo, para obter resultados, de ensinar de modo fácil, portanto sem que docentes e
discentes se molestem ou enfadem, mas, ao contrario, tenham grande alegria; de ensinar de modo
solido, não superficialmente, de qualquer manheira, mas para conduzir á verdadeira cultura, aos bons
costumes, a uma piedade mais profunda (COMENIUS, 1651, p. 13).”

A didática é defendida e estudada há séculos por diferentes teóricos, estudiosos e autores que
buscavam identificar e discutir sobre as várias técnicas e modelos de metodologias educacionais
existentes, que teriam como um único fim a melhoria da educação. Damis (1988, p. 13), relata a
evolução da Didática em paralelo com a história da educação quando diz:

“Desde os jesuítas, passando por Comênio, Rousseau, Herbart, Dewey, Snyders, Paulo Freire,
Saviani, dentre outros, a educação escolar percorreu um longo caminho do ponto de vista de sua
teoria e prática. Vivenciada através de uma prática social específica – a pedagogia -, esta educação
organizou o processo de ensinar-aprender através da relação professor aluno e sistematizou um
conteúdo e uma forma de ensinar (transmitir-assimilar) o saber erudito produzido pela humanidade.”

Encontramos na histórica da educação períodos em que se difundiram novas tendências


educacionais que ficaram conhecidas como Teorias de Ensino; entre elas cabe ressaltar a Pedagogia
Tradicional, a Pedagogia Renovada, a Pedagogia Tecnicista e a Pedagogia Crítica. Fazer um
paralelo da Didática com estas teorias se faz necessário, uma vez que a sua historicidade ocorreu em
conjunto com os acontecimentos de cada período em que a educação se desenvolveu. Segundo
Damis (2010, p. 206):

“Historicamente, os conhecimentos produzidos sobre arte de ensinar caminharam da ênfase no


ensino para a aprendizagem, da transmissão de conhecimentos pelo professor para a orientação de
atividades para estimular o pensamento e a reflexão do estudante, da importância de planejar
contingências de reforço, com o objetivo de alcançar formas especificas de comportamentos, para
regular aprendizagens e desenvolver competências nos estudantes. Enfim, o entendimento produzido
sobre o ato de ensinar caminhou, historicamente, no sentido de priorizar ora um ora outro elemento
que constitui o ato de ensinar.”

A Pedagogia Tradicional revela um período em que a educação era principalmente de cunho


religioso, que tinha como objetivo o trabalho de transcender o homem para ser o melhor de si. Sua
ênfase de ensino era de sobrepor a teoria à prática, o que colocava o professor como centro do
ensino, “detentor do saber” e onde o foco era a exposição mecânica do conteúdo, considerado por

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vezes enciclopédico. Além do mais, os conteúdos eram separados das experiências do cotidiano dos
alunos e não estavam de acordo com as realidades sociais. Para Veiga (1989, p. 44), nesta
concepção “a Didática é compreendida como um conjunto de regras visando assegurar aos futuros
professores as orientações necessárias ao trabalho docente”, que “separa teoria e prática, sendo a
prática vista como aplicação da teoria, e o ensino como forma de doutrinação”. Esta concepção ainda
influencia de maneira direta e/ou indireta a forma de ensinar de muitos docentes

A Pedagogia Renovada ficou conhecida também como Escola Nova, que tinha como ideal educativo
o “aprender a aprender” partindo do pressuposto de que o importante é a aquisição do saber o que
muitas vezes desqualifica o saber em si. De acordo com Veiga (1989, p. 52), na Pedagogia
Renovada a Didática era vista:

[...] como um conjunto de idéias e métodos, privilegiando a dimensão técnica do processo de ensino,
fundamentados nos pressupostos psicológicos ou pedagógicos e experimentais, cientificamente
validados na experiência e constituídos em teoria, ignorando o contexto sócio-politico-econômico.

O conteúdo era flexível, aberto e espontâneo, partia-se do conhecimento vulgar para chegar ao
conhecimento cientifico. O papel do professor era o de mero auxiliar se necessário fosse alguma
intervenção, e esta era para ajudar o aluno a reencontrar seu raciocínio. Muitos educadores ainda
sofrem forte influência desta tendência pedagógica, já que é difundida em larga escala em cursos de
licenciatura. A esse respeito Veiga (1989, p. 51) menciona que “devido à predominância da influência
da Pedagogia Nova na legislação educacional e nos cursos de formação para o magistério, o
professor acabou por absorver o seu ideário”. A Pedagogia Tecnicista “se estrutura na teoria da
aprendizagem behaviorista orientada por objetivos instrucionais pré-definidos e tecnicamente
elaborados” (Veiga, 1989, p.58). A ela cabe o termo “aprender a fazer” uma vez que o produto final do
ensino é mais importante do que o aluno e o professor. Como afirma Veiga (1989, p. 60-61):

O enfoque do papel da Didática a partir dos pressupostos da Pedagogia Tecnicista procurou


desenvolver uma alternativa não-psicológica, situando-se no âmbito geral da Tecnologia Educacional,
tendo como preocupação básica a eficiência e a eficácia do processo de ensino. [..] o processo é que
define o que professores e alunos devem fazer, quando e como farão. [..] Enfim, a Didática é
concebida como estratégia para o alcance dos produtos previstos para o processo ensino-
aprendizagem.

Portanto, a função da escola é de produzir indivíduos para o mercado do trabalho, e ao professor


cabe a responsabilidade de transmitir as matérias, que segundo Candau (1982, p.27) é “um ritual
vazio”, que emprega o sistema de instrução que lhe é previsto a fim de garantir também o adequado
controle no comportamento diante do ensino. A Pedagogia Crítica valoriza a escola como parte de um
contexto social num todo, que busca a transformação da sociedade através da democracia. Para
Saviani (2012, p.10) ela “recupera a unidade da atividade educativa no interior da prática social
articulando seus aspectos teóricos e práticos que se sistematizam na pedagogia concebida ao
mesmo tempo como teoria e prática da educação”.

A Didática Como Disciplina Na Formação Do Professor

Considerada uma ciência que estuda os saberes necessários á prática docente a Didática é um dos
principais instrumentos para a formação do professor, pois é nela que se baseiam para adquirir os
ensinamentos necessários para a prática. De acordo com Libâneo (1990, p. 26) “a didática trata da
teoria geral do ensino”. Como disciplina é entendida como um estudo sistematizado, intencional, de
investigação e de prática (LIBÂNEO, 1990). Ainda, nesta mesma linha de pensamento, Pimenta et al
(2013, p.146), diz que:

“A didática, como área da pedagogia, estuda o fenômeno ensino. As recentes modificações nos
sistemas escolares e, especialmente, na área de formação de professores configuram uma “explosão
didática”. Sua ressignificação aponta para um balanço do ensino como prática social, das pesquisas e
das transformações que têm provocado na prática social de ensinar”.

Masetto (1997, p. 13), infere que “a didática como reflexão é o estudo das teorias de ensino e
aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, bem como dos resultados
obtidos”. Portanto, estudar Didática no Ensino Superior, não significa acumular informações sobre as
práticas e técnicas do processo de ensino-aprendizagem, mas sim acrescentar em cada sujeito a
capacidade crítica em questionar e fazer reflexão sobre as informações adquiridas ao longo de todo

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processo de ensino-aprendizado. Veiga (2010, p. 58) diz que é preciso “tornar o ensino da Didática
mais atraente e respaldado nos resultados das investigações envolvendo alunos em processo de
formação”. Para Rios (2001, p. 55) “tratar o fenômeno do ensino como uma totalidade concreta,
buscar suas determinações, pensá-lo em conexão com outras práticas sociais é o que se espera
fazer, do ponto de vista de uma concepção crítica do trabalho da didática”. Por muito tempo ensinar
era nada mais do que ter conteúdos para transmitir para os alunos, e estes eram considerados seres
sem luz, incapazes de construir conhecimentos próprios. Diz Martins, “historicamente, é muito comum
ouvir nos meios educacionais, sobretudo entre alunos, afirmações como: “aquele professor não tem
didática...”; “ele tem conhecimento, mas não sabe comunicar”; “o professor conhece o assunto da sua
matéria, mas não sabe transmitir”. E acrescenta adiante “a didática é usualmente vista como sinônimo
de métodos e técnicas de ensino e, mais que isso, que a escola é tida como a instituição que
transmite conhecimentos” (2006, p. 75-76). Contudo, o modo de atuar educacionalmente, requer
adequações ao mundo atual e suas transformações ágeis que não permitem a estagnação, o que
cobra do professor uma posição dinâmica frente ao processo educacional. Segundo Veiga (2004,
p.13):

“Enfatizar o processo didático da perspectiva relacional significa analisar suas características a partir
de quatros dimensões: ensinar, aprender, pesquisar e avaliar. O processo didático, assim,
desenvolve-se mediante a ação reciproca e interdisciplinar das dimensões fundamentais. Integram-
se, são complementares.”

Pimenta et al (2013, p.150), também descreve a nova postura da didática diante da importância na
formação profissional quando enfatiza que:

[...] didática é, acima de tudo, a construção de conhecimentos que possibilitem a mediação entre o
que é preciso ensinar e o que é necessário aprender; entre o saber estruturado nas disciplinas e o
saber ensinável mediante as circunstâncias e os momentos; entre as atuais formas de relação com o
saber e as novas formas possíveis de reconstruí-las.

A Didática integra diversas dimensões que buscam uma ligação entre os pares que correspondem ao
chamado “triangulo didático”. Para Libâneo (2012, p. 1), “os elementos integrantes do triângulo
didático – o conteúdo, o professor, o aluno, as condições de ensino aprendizagem - articulam-se com
aqueles socioculturais, linguísticos, éticos, estéticos, comunicacionais e midiáticos”. Veiga (1989, p.
22), sobre a importância da Didática no currículo do professor diz que “o papel fundamental da
Didática no currículo de formação de professor é o de ser instrumento de uma prática pedagógica
reflexiva e crítica, contribuindo para a formação da consciência crítica”. E, diante desta interação,
percebe-se que a construção de novos conhecimentos acontece de forma paralela à relação
professor-aluno, visto que este traz para o cotidiano escolar sua experiência do contexto social em
que vive e, com a ajuda mediadora do professor que deve conhecê-lo enquanto ser social
considerando seus conhecimentos prévios, e ajudando-o, assim, a transformar essas vivências em
conhecimentos relevantes dotados de significados.

Articular Teoria E Prática, Uma Relação Necessária

A formação do educador exige uma inter-relação entre a teoria e a prática, sendo que a teoria se
ocupa da pesquisa unindo-se com os problemas reais que surgem na prática e, esta, por sua vez, se
determina pela teoria. De acordo com Guimarães (2004, p. 31):

“O que deve mover a discussão dessa temática é o empenho na formação profissional, é a convicção
de que a educação é processo imprescindível para que o homem sobreviva e se humanize e de que
a escola é instituição ainda necessária neste processo, enfim, a relevância dessa temática está na
compreensão da urgência, da complexidade e da utopia do projeto de escolarização obrigatória e da
qualidade por uma sociedade efetivamente mais democrática.”

Os educadores enquanto seres sociais que transformam a realidade quando realizam sua prática,
precisam estar conscientes da base teórica, a fim de se orientar por ela ao mesmo tempo em que a
teoria se alimenta da prática. Freire (1996, p. 43-44),aborda a importância da reflexão crítica, em que
professor deve fazer da prática sobre a teoria e vice-versa.

“Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão
crítica sobre a prática, é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar

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a próxima pratica. O próprio discurso teórico, necessário á reflexão crítica, tem de ser de tal concreto
que quase se confunda com a prática.”

No mesmo ponto de vista Solé e Coll (1996, p. 87), também indagam a importância da teoria sobre a
prática quando dizem:

“Necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial para contextualizar e priorizar metas e
finalidades; pra planejar a atuação; para analisar seu desenvolvimento e modifica-lo paulatinamente,
em função daquilo que ocorre e para tomar decisões sobre a adequação de tudo.”

Freire (1996, p. 24) afirma que, “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação
Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”. E reforça a seguir
que, “quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar aprender participamos de uma
experiência total, diretiva, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza
deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade” (FREIRE, 1996, p. 26). Um dos
campos específicos da Didática aplica-se à constante articulação entre teoria e prática com outras
áreas do conhecimento para assim dar suporte ao professor no desenvolvimento de suas habilidades
e competências diante da educação. Ao referir-se a tal assunto Libanêo (2012, p. 16) diz que:

[...] a formação de professores precisa buscar uma unidade do processo formativo. A meu ver essa
unidade implica em reconhecer que a formação inicial e continuada de professores precisa
estabelecer relações teóricas e práticas mais sólidas entre a didática e a epistemologia das ciências,
de modo a romper com a separação entre conhecimentos disciplinares e conhecimentos pedagógico-
didáticos.

Nesta perspectiva percebe-se a importância da Didática visto que ela “se caracteriza como mediação
entre as bases teórico-cientificas da educação escolar e a prática docente” (LIBÂNEO, 1990, p. 28).
Perrenoud (2000, p. 14), aponta como procedimentos da atuação do professor 10 (dez) famílias de
competências que influenciam a formação contínua do educador:

“Eis as 10 famílias: 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. 2. Administrar a progressão das


aprendizagens. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. 4. Envolver os alunos em
suas aprendizagens e em seu trabalho. 5. Trabalhar em equipe. 6. Participar da administração da
escola. 7. Informar e envolver os pais. 8. Utilizar novas tecnologias. 9. Enfrentar os deveres e os
dilemas éticos da profissão. 10. Administrar sua própria formação contínua.”

Contudo, muitos profissionais não vêm necessidade em se apropriar da teoria como base para suas
ações, consideram a boa atuação como “vocação natural ou somente da experiência prática,
descartando-se a teoria” (LIBÂNEO, 1990, p. 28). Entretanto, para Freire (1996, p. 51),uma
verdadeira formação docente acontece somente através de um novo olhar sobre a curiosidade
epistemológica, pois:

“Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da


criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua a curiosidade epistemológica, e de outro,
sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou
adivinhação.”

E, acrescenta a seguir, que “o importante, não resta dúvida, é não pararmos satisfeitos ao nível das
intuições, mas submetê-las a análise metodicamente rigorosa de nossa curiosidade epistemológica”
(FREIRE, 1996, 51). De acordo com Giroux (1988), as instituições de ensino se omitem ao negar aos
docentes seu verdadeiro papel, que é educá-los como intelectuais, pois ao ignorarem a criatividade e
o discernimento do professor separa-se a teoria da prática. Do ponto de vista de Veiga (2010, p. 51)
“a tarefa está em criar outras práticas, o desafio é construir de modo coletivo uma Didática que faça
pensar sobre nossas práticas pedagógicas”. A autora também se utiliza da afirmação de que a prática
pedagógica é também uma dimensão da prática social inserida num contexto social, e que nossa
obrigação enquanto educadores é possibilitar condições para que ela se realize (VEIGA, 1989).
Vemos assim que teoria e prática não se dissociam uma da outra, o que garante um pensamento
crítico e uma ressignificação de atitude, já que para garantir satisfação na prática é preciso estar
numa relação consciente e direta com a teoria e basear-se nela em ações educacionais futuras.

A Construção Da Identidade Profissional

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A construção da identidade profissional é um processo de ressignificação em que o sujeito situado se


constrói historicamente. O professor em formação tem que estar ciente sobre sua reflexão enquanto
educador e de sua atualização sobre o conteúdo aprendido; ele precisa estar em constante estado de
aprendizagem para melhorar suas competências tanto como profissional, quanto na sua metodologia
de ensino. Libâneo (2001, p. 36) se refere à ação docente quando diz que:

“É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o conhecimento de
estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar. Se o professor
não dispõe de habilidades de pensamento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de
organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os alunos a
potencializarem suas capacidades cognitivas.”

Para o autor, a formação docente é um processo pedagógico, que deve acontecer de forma a levar o
professor a agir de maneira competente no processo de ensino (LIBÂNEO, 2001). Maia, Scheibel e
Urban (2009, p. 18), discorrem sobre os fatores que possibilitam a identidade do professor:

• significação social da profissão;


• revisão constante dos significados sociais da profissão;
• revisão das tradições;
• reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas (resistentes a
inovações);
• significação conferida pelo professor à atividade docente no seu cotidiano (a visão de mundo do
professor);
• rede de relações com outros professores, em escolas, sindicatos e outros
• agrupamentos.

Gadotti (2007, p. 65), diz que “o poder do professor está tanto na sua capacidade de refletir
criticamente sobre a realidade para transformá-la, quanto na possibilidade de construir um coletivo
para lutar por uma causa comum”. Imbernón (2002, p. 27) afirma que “[...] ser um profissional da
educação significa participar da emancipação das pessoas. O objetivo da educação é ajudar a tornar
as pessoas mais livres, menos dependentes do poder econômico, politico e social. E a profissão de
ensinar tem essa obrigação intrínseca”. Os professores precisam repensar o modo pelo qual agem
diante da sociedade e qual sua contribuição, uma vez que identidade não é inerente ao ser humano,
e sim, uma posição que se constrói quer seja com certezas e/ou incertezas estabelecidas nas
relações com a realidade social. Freire (1996, p. 25) enfatiza a respeito da formação que “quem forma
se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. De acordo com
Tardif (2007, p. 23):

[...] um professor de profissão não é somente alguém que aplica conhecimentos produzidos por
outros, não é somente um agente determinado por mecanismos sociais: é um ator no sentido forte do
termo, isto é, um sujeito que assume sua pratica a partir dos significados que ele mesmo lhe dá, um
sujeito que possui conhecimentos e um saber-fazer provenientes de sua própria atividade e a partir
dos quais ele estrutura e a orienta.

No que concerne à identidade profissional do professor pode-se dizer que o mesmo tem que ser mais
do que um coadjuvante no ensino, que cativa e tem a atenção do aluno; mais do que isso, tem que
promover situações em que os alunos sejam capazes de construir-se e reconstruir-se a partir de uma
educação epistemologicamente cientifica, que garante ao aluno um ensino produtivo e significativo
cognitivamente, estabelecendo intrínseca relação com a solidariedade, a democracia e o
desenvolvimento humano enquanto ser social e histórico. Vale dizer que sendo sujeito de sua própria
prática, o professor constrói sua história a partir de seus valores e atitudes de seu dia a dia como
cidadão, fundamentando assim sua identidade.

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