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ESTUDO DE CASO SOBRE FORMAÇÃO DOCENTE E MOVIMENTO

EXTENSIONISTANA UNIRIO

ROSIMERI DA SILVA PEREIRA1; THAIS SOUZA SANTOS2


Departamento de Fundamentos da Educação;
Escola de Educação;
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Apoio Financeiro: Bolsa PIBEX/UNIRIO

RESUMO: O empenho deste estudo de caso foi capaz de estabelecer um elo entre as ações
extensionistas do Grupo de Estudos da Pedagogia Histórico-Critica (GEPHC/UNIRIO) e os rumos da
formação de professores no Brasil. Por meio da análise de conteúdo, seguindo as orientações de
Triviños (1987); ganha destaque as seguintes categorias de análise: propósito das ações de extensão
do GEPHC; impacto de participação, cumprimento [ou não] dos objetivos iniciais do Projeto de
Extensão do Grupo em análise. Os resultados confirmam a relevância das ações deste grupo de
estudos considerando o fomento de espaços e debates deste núcleo extensionista atento aos lemas
e dilemas das Pedagogias Hegemônicas e os desafios de implantação da Pedagogia Contra
hegemônica em diversas regiões do país.

Palavras chave: Formação Docente; Projeto de Extensão; Pedagogia Histórico-Crítica

INTRODUÇÃO: Produzir uma educação omnilateral se trata especialmente de desafiar as leis que
regem o modo de funcionamento de uma sociedade de classes, e construir neste caso uma
educação emancipadora jamais sera uma tarefa individual; Promover mudanças de cunho social,
político, econômico e educacional no país, requer a força de um movimento coletivo orientado por
ações que visem superar o individualismo, e a exploração do homem, sob a ordem de socializar
conhecimentos e produção de riquezas materiais, capazes de gerar melhores condições de vida
socio-cultural e ambiental, e bem estar biopsicossocial para todos os indivíduos. Desta forma o
GEPHC (UNIRIO), organizado na forma de autogestão, em parceria coma Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, vem protagonizando a promoção de atividades e eventos mediado por estudos
sistemáticos visando compreender a matriz de uma Pedagogia comprometida com a formação do
filho do trabalhador, objetivando difundi-la considerando a diversidade de processos inerentes da
sua implementação. Neste sentido considerando o caminho percorrido ao longo dos últimos anos,
evidencia-se em 2023 a necessidade de se retomar a discussão teórico-metodológica sobre a
historia das praticas de formação de professores tomando como ponto de partida um estudo sobre
o processo de consolidação de pesquisas realizadas no campo da historia da educação cujo objeto
se identifica pelo estudo do pensamento educacional no Brasil. A geração de fontes capazes de
evidenciar tal movimento em nossa região tomou por base o desafio de gerar um balanço capaz de
revelar a especificidade do GT local. Daí, a ação de mapear a temática dos eventos organizados por
tal grupo com atenção especial as questões responsaveis pela mobilização deste coletivo. Discutir
sobre os acontecimentos que marcaram o desenvolvimento do país nos últimos anos, e os novos
rumos de reorganização do Estado Nacional sob a lâmpada do neoliberalismo, nos dispõe ao
desafio de compreender o projeto societário em curso e sua correlação político-educacional que
fundamentalmente orienta as práticas escolares e os projetos de formação de professores
implementadas ao longo dos anos. O Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Resolução
de nº 2/2015 por exemplo dá destaque no Art. 3º inciso 5º e referenda princípios fundamentais da
Formação de Profissionais do Magistério para a Educação Básica e observa que tal formação deve
ser resultado de um compromisso político-social e ético, atento principalmente consolidação de
uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva e que promova a emancipação dos indivíduos e
grupos sociais; A questão que nos arremete tal pressuposto é a de identificar e compreender as
bases que de um modo ou de outro são capazes de evidenciar as condições, os projetos e tipo de
atividades que contemplam tais dinâmicas de ação no que tange os lemas e dilemas da formação de
professores no Brasil.

OBJETIVOS: A questão que nos arremete tal estudo é de identificar e compreender as bases que de
um modo ou de outro são capazes de evidenciar as condições, os projetos e tipo de atividades
capazes de contemplar dinâmicas de ação, fruto da articulação entre ensino, pesquisa e extensão
como bem declara a meta de nº 12. (Resolução Nº 07 de 18/12/2018), cujo objeto central seja a
qualidade da formação de professores no Brasil.

METODOLOGIA: A identificação de fontes históricas capazes de evidenciar tal estudo de caso tomou
por base ações de localização e de mapeamento dos eventos gerados por este Grupo bem como da
localização de questões orientadoras de cada Encontro produzido ao longo dos ultimos 12 meses.
Todos estes materiais estão disponibilizados para acesso de domínio público em redes sociais como é
o caso do canal do youtube (https://www.youtube.com/channel/UC3EVjTU-FGek_MAGJ
Bz7mw/featured).Tal estudo de caso figurou pela possibilidade de se gerar um balanço capaz de
revelar a expressão político pedagógica e acadêmico-cientifica imediata do GEPHC. O empenho deste
estudo acaba por revelar elo entre as ações extensionistas do Grupo de Estudos da Pedagogia
Histórico-Critica (GEPHC/UNIRIO) e os rumos da formação de professores no Brasil.

RESULTADOS: Henrique e Galvão (2022,p.123) ao desenvolver um estudo sobre a inserção da


Pedagogia Histórico-critica no cenário acadêmico acaba por identificar uma das maiores
contradições: cursos de licenciatura, hegemonicamente fundamentados nas pedagogias do
“aprender a aprender”, seguem a cartilha de pregar uma educação escolar que seja esvaziada de
conteúdo, simplória, baseada na “cotidianidade” dos alunos, retirando da escola a sua função
precípua de socialização dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.

Assim, ao passo que percebemos a pouca inserção da pedagogia histórico-crítica nos cursos
de licenciatura analisados, notamos também a forte adesão às pedagogias hegemônicas,
com intensas afinidades com o projeto político e econômico neoliberal, adaptativo dos
sujeitos e, portanto, sem interesse na ruptura com o capital. Essas teorias, denominadas
por Duarte (2001) como pedagogias do “aprender a aprender”, se apoiam no discurso de
preparar o sujeito para as demandas da vida moderna e incorrem no erro de legitimar a
cotidianidade alienante, pregando uma valorização do espontaneísmo, da “liberdade”
individual e da criatividade adaptativa em detrimento do saber objetivo e do
conhecimento científico e sistematizado. Como explica Duarte (2016, p. 27), nesse caso,
“[…] a escola atende tão melhor aos interesses da burguesia quanto mais ela fortaleça a
identificação natural das novas gerações à vida ‘tal qual ela é’”. (HENRIQUE e GALVAO,
2022, p. 123)

Os resultados desta pesquisa nos leva a considerar que está por ser feita a difusão de ações capazes
de revelar o debate teórico-metodológico no âmbito das práticas de ensino no Brasil à luz de uma
Pedagogia contra hegemônica, por outro lado uma diversidade de questões segue no aguardo
conforme demonstram os dados de pesquisa exploratoria a seguir; neste sentido na tentativa de
responder a questão – sobre a produção de um movimento extensionista em prol de uma formação
docente revolucionária Brasil, o Quadro a seguir com base nos arquivos do GEPHC, apresenta uma
síntese parcial sobre a inserção da Pedagogia Histórico-Critica no cenário acadêmico local por
intermédio das ações de extensão como podemos compreender a seguir:
AÇÕES DE EXTENSÃO
QUESTÕES IDENTIFICADAS PARA O DEBATE
DO EPHC/UNIRIO

1. Além de realizarmos a organização do calendário e organizarmos o


grupo. Como implementar uma Pedagogia Contra Hegemonica no currículo
e no cotidiano das salas de aula?

2. A Pedagogia Histórico-Crítica (PHC) tem um percurso de mais de 40


anos. Nesse período ocorreram diversas tentativas de institucionalização e
de implementação dessa teoria educacional. O que diferencia a
I e II ENCONTRO “OS DESAFIOS DA institucionalização e a implementação da PHC?
INSTITUCIONALIZAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO DA PEDAGOGIA 3. Da relação entre prática pedagógica e institucionalização da PHC
HISTÓRICO CRITICA” podem resultar três posições. Quais são e como se caracterizam cada uma
delas?

4. A PHC é uma teoria pedagógica que envolve a totalidade do processo


de ensino e aprendizagem considerando suas múltiplas determinações, mas
isso também pode ser contemplado por outras teorias pedagógicas.
Discuta com seus colegas e amigos o que diferencia a PHC das outras
teorias ou práticas pedagógicas?
1) No ano de 1990 ocorreu a primeira experiência de institucionalização
da PHC, que foi ocorreu por meio do Currículo para a Escola Pública do
Paraná, resultado de um projeto político levado a cabo por educadores
cientes de sua posição enquanto classe trabalhadora. Qual o contexto
histórico e político que permitiu chegar a essa institucionalização?
III ENCONTRO - "ANÁLISE DOS
DIFERENTES PROCESSOS DE 2) Em 1981 o Movimento dos Educadores em defesa da escola pública
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA fez sérias denúncias em relação a indiferença da classe dominante para
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: O com a educação pública. No Paraná os críticos da formação humana
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA apontaram a ausência da formação para a faixa etária obrigatória – 7 a 14
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA NO anos. Essa preocupação dos educadores para com a escola pública foi
PARANÁ" encampada pelo PMDB, que eleito em 1982, permaneceu no governo do
estado até 1983. Nesse período, como se deu a participação dos
educadores no sentido de pressionar a oferta, o financiamento e a
manutenção de uma educação pública crítica na perspectiva do
materialismo histórico-dialético? Como a militância de esquerda auxiliou
na superação do conservadorismo na educação paranaense?
1) Os autores apontam estudos que indicam certa singularidade
histórica no processo de construção da escola e nas lutas sociais pela
educação na região oeste do Paraná em que se localiza o município de
Itaipulândia. Existiria nessa região um“sistema educacional”, ou, ao menos,
uma caminhada para essa construção? A que fatores sócio históricos se
devem essa característica peculiar dessa região?
IV ENCONTRO - DOS DESAFIOS DA
INSTITUCIONALIZAÇÃO E 2) Desde a sua emancipação houve em Itaipulândia uma preocupação
IMPLEMENTAÇÃO DA PEDAGOGIA com a busca por um direcionamento da educação pública municipal.
HISTÓRICO-CRÍTICA NOS ANOS Como isso pode ser percebido na história da educação do município? Que
INICIAIS DO ENSINO medidas foram tomadas para amenizar o impacto dos PCN e da Pedagogia
FUNDAMENTAL DE ITAIPULÂNDIA – de Projetos no município? Como a percepção de que essas propostas
PR" pedagógicas secundarizavam os conteúdos disciplinares impactou os anos
que se seguiram na educação municipal e como a
PHC aparece nesse percurso?

3) No que se refere à materialidade da ação educativa brasileira, Saviani


(1994) citado pelos autores, aponta três desafios que se destacam, além
dos próprios da PHC. Quais são e como a PHC tenta superá-los
1. Na contramão das pedagogias hegemônicas, comprometidas com a
reprodução da sociedade existente, a pedagogia Histórico-Crítica,
fundamentada no materialismo histórico-dialético, defende a existência da
realidade objetiva e do saber objetivo. Qual a importância dessa defesa para
a educação?

2. De acordo com Saviani, cabe a educação promover a superação do


V ENCONTRO – DA
senso comum e a construção da consciência filosófica, como, aliás, também
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
vimos nos encontros de 2021. Para o autor, “Passar do senso comum à
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA -
consciência filosófica significa passar de uma concepção fragmentária,
REVELAÇÕES DA EXPERIÊNCIA DE
incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passiva e
CASCAVEL ?
simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original,
intencional, ativa e cultivada.” Discuta com seus colegas o que significa isso
e como fazer.

3. Qual a importância da defesa do saber sistematizado produzido


histórica e coletivamente pelos homens, feita pela PHC aos educandos por
meio do currículo escolar?
1. Qual concepção de Estado foi capaz de garantir a experiênca de
Limeira?
VI ENCONTRO “PEDAGOGIA
HISTÓRICO-CRÍTICA: DESAFIOS 2. Contextualizando o momento histórico, o autor aponta que a
PARA SUAIMPLEMENTAÇÃO - sociedade brasileira se encontra sob a domíniodo Estado burguês, seguindo
EXPERIÊNCIA DE LIMEIRA/SP” a política econômica neoliberal. Dentro desse quadro, o que é
mercadorização dos negócios educacionais? Em função de que acontece
esse processo?
1) Como se desenvolveu a Pedagogia Histórico-Crítica e sendo assim foi
capaz de se tornar conhecida no Brasil?

2) O primeiro processo de institucionalização da PHC aconteceu nos anos


de 1990, por meio do Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. A
partir de então, diversos municípios tentaram institucionalizá-la,
VII ENCONTRO "OS PROCESSOS DE transformando-a em sua pedagogia oficial. Os autores destacam que, em
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA geral, a institucionalização ocorre como resultado de um duplo movimento.
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA" Quais foram as principais experiências de institucionalização da PHC? Como
ocorre esse duplo movimento?

3) Como se deu a institucionalização da PHC no município de


Itaipulândia/PR? Qual o vínculo que se desencadeou entre a
institucionalização da PHC e a reivindicação da criação de políticas públicas
para a educação e para os educadores?

Cada um desses eventos acadêmicos em pauta foi capaz de evidenciar a importância do debate
teórico metodológico e dos desafios e possibilidades em curso para a formação de professores
inspirados numa Pedagogia Contra Hegemônica no Brasil. Envolvendo cientistas, acadêmicos,
professores de escolas públicas e privadas, e demais interessados, a agenda do GEPHC segue
aberta, como um dos pontos de referência para interessados nos estudos sobre os rumos da
História da formação docente e as ações de extensão no Brasil.

CONCLUSÕES: O estudo de caso sobre o GEPHC/UNIRIO foi capaz de revelar traços da história da
formação docente via projeto de extensão. Este grupo de acordo com as nossas analises, tem sido
capaz de subsidiar debates, fomentar espaços de troca, problematizar lemas e dilemas das
tendências Pedagógicas Hegemônicas e os desafios implicados no processo de reconhecimento e
de implantação da Pedagogia Histórico-crítica no que tange a formação docente no Pais. Se
considerarmos os pressupostos das Resoluções de nº 2704/2006 e 4538/2015 e Decreto nº
7.234/2010 facilmente chegaremos à conclusão de que o GEPHC revela traços de um movimento
engajado em prol de um conjunto de atividades e ações fundamentais responsáveis pela
qualificação da formação docente. Neste sentido tal estudo traz à tona um balanço inicial atento
aos processos de formação inicial e continuada do professorado em nossa região.

REFERÊNCIAS:
TRIVIÑOS, A. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. SãoPaulo: Atlas.
HENRIQUE, M.G.GALVÃO, A. C. Mapeamento de produções científicas sobre pedagogia histórico-
crítica: a inserção contra-hegemônica no cenário acadêmico. In. GALVAO, A.C. (Org.) Estudos de
pedagogia histórico crítica : formulações sobre ensino, currículo e prática pedagógica. Vitória :
EDUFES ; Rio de Janeiro : MC&G,2O22.
SAVIANI, D. As concepções pedagógicas na história da educação brasileira. In Coleção Navegando
pelaHistória da Educação. Artigos. Campinas, UNICAMP, Projeto “20 anos do HISTEDBR”, 2006.

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