Você está na página 1de 12

ATA DO PLENO DO MÊS DE AGOSTO DE 2023 - FMERJ

No dia dez de agosto de dois mil e vinte e três, às treze horas e quarenta e três minutos,
aconteceu o pleno ordinário do Fórum Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro,
realizado de forma online - transmitido ao vivo pelo Youtube -, contando com as seguintes
participações: Ana Beatriz Costa (Secretaria Municipal de Assistência Social - SMAS),
Andrea Mota de Almeida (Conselho de Diretores SM), Bruno Affonso Rego (Escola de
Formação Paulo Freire – EPF/Secretaria Municipal de Educação-SME), Bruno Tovar
Falciano (Fórum Permanente de Educação), Deise Soraia Marta (Gephec UNIRIO), Dilma
Cupti de Medeiros (Secretaria Municipal de Saúde- SMS/RJ), Josiele Salgado (SME-RJ),
Jurema Francisca Ferreira (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO),
Leila Ferreira de Salles (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro- PCRJ/SME), Marcela
Moraes de Castro (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Marcos Rezende Villaça
(Conselho de Professores das Escolas Municipais), Maria do Socorro Martins (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro-UERJ), Maria Helena Neves (Grupo Escoteiro José de Anchieta-
GEJA/ SME), Maria José da Conceição (Suplência do CME), Noemi de Almeida (Núcleo
dos Programas de Saúde Escolar- NPSE/SME), Rossana Helena (SMS/RJ), Thiago Cabrera
(Pontifícia Universidade Católica - PUC/RJ), Vanilda Silva Lippert (Universidade Estadual
do Oeste do Paraná-UNIOESTE), Rosimeri Pereira (UNIRIO), Jaqueline da Costa
(UNIRIO), Orlando Bisneto (UNIRIO), Aristeo Filho (Convidado/UERJ), Bruna Carvalho
(Convidada/UNISAGRADO). Fica registrado que houveram dificuldades técnicas para o
início do Pleno: o áudio dos participantes demorou cerca de vinte minutos para ser
transmitido no Youtube, seguido por mais seis minutos para normalização do áudio para
Hérica; Carlos Roberto enfrentou problemas para apresentar os slides, após deliberação, a
professora Bruna ficou responsável pela apresentação. Hérica iniciou o pleno saudando a
todos, evidenciou a importância do tema a ser debatido - As Metas e Estratégias do PME
ligadas a Educação Infantil e Alfabetização, solicitou aos participantes através do Youtube
que deixassem seus nomes e instituições para registro de sua presença no Pleno de Agosto e
avisou que ao longo do pleno seriam disponibilizados informes através do chat do Youtube
para uma declaração oficial de participação. A professora Kátia seguiu com os informes sobre
a CONAE, dizendo que em razão do calendário “apertado”, é provável que no mês de
Outubro aconteça uma mobilização no que diz respeito a Conferência Municipal do Rio de
Janeiro. A professora Leila Salles - via youtube - disse que o PSE Carioca estará lançando o
programa Vacina na Escola na Rede de Ensino no dia 15/08 (Quinze de Agosto). José Carlos
seguiu com os informes da Comissão de Avaliação e Monitoramento, convidou todos para
participarem e lembrou que o objetivo é ter o máximo de pessoas organizadas para que
possam cuidar de todas as metas estabelecidas, avaliando pontos como: sua viabilidade, as
estratégias adotadas, “prós e contras”, bem como pensar metas e estratégias tendo em mente a
possibilidade da renovação do PME para os próximos dez anos; conclui reforçando o convite
para a participação ativa na comissão, reafirmando a importância desse trabalho. Na
sequência, Hérica encerrou os informes confirmando que o Fórum de Setembro será
presencial com o tema “Gestão Democrática” e passou a palavra à mediadora - professora
Rosimeri - que agradeceu e pediu desculpas pelo atraso causado pelos problemas técnicos;
ressaltou a importância dessa adaptação ao formato online por abrir a possibilidade de
maximizar o número de participantes, convidados e profissionais de outros municípios e
estados. “O Fórum se expressa como um movimento de parcerias que conta com a
colaboração de representantes de diversas universidades, de secretarias e a ideia é que se
possa contar com a participação de profissionais de outras regiões, além de considerar -
também - os setores de educação pública e privada do Rio de Janeiro, a sociedade civil em
geral, reforçando que a metodologia escolhida pelo Fórum (com atenção às questões da
educação e as metas do PNE) se beneficia com a participação ativa de todos, portanto o chat
do Pleno estará disponível para o registro de manifestações e dúvidas. Rosimeri citou a meta
cinco - por sua temática central “tangenciar” o direito à educação de qualidade social - e após
contextualização sobre o tema do pleno, apresentou os convidados do dia - professor Aristeo
Filho (UERJ) e a professora Bruna Carvalho (SME-Bauru-SP). Após o registro de boas
vindas a professora Bruna iniciou sua fala saudando à todos, com registro de que se sentiu
honrada com o convite para colaborar com o FMERJ; Seguiu desse modo com registro do
título de sua apresentação: “Quem tem medo de alfabetizar na educação infantil?”, apontou
os objetivos da sua intervenção observando histórico da educação infantil observando, gênese
das creches - de cunho assistencialista, com foco no cuidar das crianças, e destacou a
iniciação do processo educativo das crianças destinado ao exercício da pré-escola. A
professora alertou que é preciso pensar sobre qual de fato é a função da escola de educação
infantil, bem como “tomar o cuidado de não antecipar práticas e conteúdos específicos do
ensino fundamental”; completou seu pensamento esclarecendo que educação básica tem
objetivos e práticas específicos para aquela etapa do desenvolvimento da criança, portanto -
esclarece - não devemos enxergá-la com a função (objetivo) de preparar a criança para o
ensino fundamental. Traçou uma relação entre cuidar e educar, dizendo que um não existe
sem o outro e que o cuidado está presente em todas as etapas da educação (não apenas na
educação infantil). Seguiu reiterando a função da EI e citou o livro “Ensinando aos pequenos
de zero a três anos” da professora Lígia Márcia Martins ao falar sobre as classificações de
conteúdos da educação infantil - conteúdos de formação operacional e conteúdos de formação
teórica -, suas diferenças e sua importância. Desta forma observou que “Para a promoção
integral dos bebês e das crianças da primeira infância, as ações educativas devem contemplar
os conteúdos de formação operacional e de formação teórica em consonância com os
períodos do seu desenvolvimento, havendo entre elas uma relação de proporcionalidade
inversa” (Martins, 2009). Bruna mostrou um infográfico para ilustrar essa relação de
proporcionalidade inversa, explicando que quanto mais nova é a criança, maior é a
quantidade de conteúdo de formação operacional em relação ao de formação teórica e
conforme a criança vai se desenvolvendo essa proporção vai se alterando (aumentando a
quantidade de conteúdos de formação teórica e diminuindo os de formação operacional); na
sequência deixou como sugestão de leitura o livro já citado da professora Lígia Martins e o
livro “Quem tem medo de ensinar na educação infantil?”, parceria de Lígia Martins com a
professora Alessandra Arce. Deu segmento em sua apresentação esclarecendo que existem
políticas e concepções teóricas - herdadas da escola nova - que desvalorizam o ato de ensinar
na educação infantil, citou os estudos do professor Newton Duarte trazendo quatro pontos
principais que comprovam essa desvalorização. O primeiro ponto foi “As aprendizagens que
o aluno desenvolve sozinho tem um valor educativo maior do que as que ele aprende com um
professor”, Bruna fez uma ressalva dizendo que não discordamos que é necessário o
desenvolvimento da autonomia do aluno, contudo, aprender com o outro não vai fazer com
que ele tenha menos autonomia, ao contrário, esse processo de desenvolvimento da
autonomia pode ser potencializado com um direcionamento correto; o Segundo ponto foi “o
princípio do aprender a aprender”, onde o método de aquisição do conhecimento se torna
mais importante do que o conhecimento já existente; o terceiro princípio colocou que “toda
atividade pedagógica deve ser desencadeada e dirigida pelos interesses e necessidades
imediatas e espontâneas do aluno”, fazendo uma conexão com a pedagogia dos projetos, de
Froebel e de Pestalozzi; por fim cita o quarto ponto que diz que “o maior objetivo da
educação é formar indivíduos com alto potencial de adaptação às exigências da sociedade
contemporânea”, deixando claro que essas “exigências da sociedade contemporânea”, na
verdade são exigências do sistema capitalista de produção. Deu sequência apresentando o
entendimento do desenvolvimento da linguagem oral e escrita na educação infantil, diante da
perspectiva da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural, falou sobre a
necessidade de proporcionar às crianças da educação infantil uma relação mais consciente
com a linguagem oral, a importância de deixar clara a função social da linguagem escrita, de
adotar práticas pedagógicas que superem o mero “adestramento” motor - “Nós precisamos ir
além disso”. Foi apresentado um quadro que sintetiza a periodização do desenvolvimento
psíquico da primeira infância até a adolescência, sua explicação foi focada em três períodos:
primeiro ano de vida, primeira infância e idade pré-escolar, fazendo uma relação entre como
são os modelos e práticas pedagógicas utilizadas de maneira geral - com o viés escolanovista
- e as propostas histórico-críticas, apresentou os estudos de Miriam Lemle e Magda Soares
sobre alfabetização e consciência fonológica (utilizados para elaborar sua tese de doutorado).
Finalizou sua fala reforçando que precisamos olhar esta etapa da educação básica como uma
etapa específica e que nós podemos (e devemos) ensinar às crianças; deu um exemplo para
mostrar como a educação básica ainda é vista de maneira rudimentar apesar de todos os
estudos modernos e disse que é necessário que nós tenhamos o conhecimento e os
fundamentos para argumentar contra essa visão. “Não há uma receita para ensinar, cada
curva, cada aluno tem uma característica, uma especificidade e, se o professor estiver bem
instrumentalizado - tanto do ponto de vista teórico, quanto do prático -, ele estará apto a
ofertar um processo de ensino e aprendizagem de fato desenvolvente. Por isso é importante o
domínio do conteúdo e de “quem é o meu aluno?” para aí então pensar quais as estratégias
didáticas que serão utilizadas.” Concluiu com uma reflexão crítica à meta 5, questionando o
quanto ela está voltada apenas para o ensino fundamental e não enxerga a educação infantil
como um espaço essencial para pensarmos a alfabetização; como última fala ela nos
relembrou que o governo atual está implantando o Compromisso Nacional Pela Criança
Alfabetizada (PNCA): “vamos ver como é que a educação infantil vai aparecer nessa
política”. A mediadora Rosimeri agradece a participação da Bruna e passa a palavra ao
professor Aristeo que agradeceu o convite, disse ser um prazer estar de volta ao FMERJ,
direcionou sua fala a professora Bruna dizendo ser uma alegria estar participando do fórum
junto a ela e iniciou sua apresentação deixando posto que trouxe os temas propositadamente
de forma fragmentada. Se apresentou como vindo de uma tradição “não escolanovista”, disse
que foi professor de creche e trabalhou em berçário, o que - segundo o mesmo - seria mais
importante para este Pleno do que qualquer outro trabalho, graduação, pós, ou doutorado.
Falou que, na época citada, os pais pediam à direção que ele não cuidasse das meninas, não
podia trocar de roupa ou dar banho e que ainda hoje - 30 anos depois - escuta relatos
idênticos de profissionais da área. Seguiu trazendo a base da sua concepção teórica e iniciou
sua apresentação lendo um pequeno texto - que norteia suas reflexões - do Eduardo Galeano
sobre o direito de ser criança, dizendo ser esse direito, um indicador de bom trabalho da
creche ou pré-escola. O professor apresentou o primeiro fragmento de sua apresentação
destacando a primeira diretriz do nosso PME que trata da alfabetização garantida ao longo da
vida em todas as modalidades de ensino, o professor fez uma provocação dizendo que essa
garantia não acontece em todos os segmentos de ensino: “seria medo de alfabetizar na creche
e na pré-escola?” - fazendo alusão a apresentação de Bruna. Citou a quarta diretriz do PME
que trata da melhoria da qualidade da educação e provocou novamente: se existem
impedimentos de aprendizagem, em qual etapa da educação/aprendizagem a Escola espera
que os alunos vindos da creche e pré-escola estejam? Aristeo cita a meta 1 do PME e na
sequência discorre sobre a estratégia 1.13 do Plano, destacando que a educação infantil tem
suas especificidades e que esta é submetida às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Infantil; fez uma reflexão sobre o fato de estudar-se muito a história da educação e não
estudar a história da pedagogia, dizendo ser, esse, um estudo importante para entendermos as
práticas pedagógicas e - inclusive - criticá-las com embasamento teórico. No slide seguinte é
apresentado um novo fragmento, onde o professor falou sobre a presença da educação infantil
no MEC tanto no governo anterior como no atual, deixando claro que a EI entrou de forma
inadequada na política do governo anterior, mesmo depois de avanços nessa área. Seguiu
dizendo ser importante observar que o governo atual revogou a política anterior de
alfabetização e da EI, justamente por ser uma política de governo e não de Estado, ficando
fora do Plano Nacional de Educação; baseado nisso faz uma reflexão sobre o que
encaminharemos como propostas para o novo PNE e conclui o slide elucidando que o
governo anterior enxergava a EI como um período preparatório da escolaridade das crianças.
Aristeo trouxe um novo fragmento a partir do qual falou sobre os motivos do surgimento e as
funções da educação infantil ao longo da história, destacando suas três funções/finalidades
dominantes: a função guardiã (séc XVIII), a preparatória (séc XIX e XX) e a pedagógica (a
partir de 1988 no Brasil), sendo cada uma opositora à anterior. Em novo slide o professor
falou sobre as tensões existentes quando pensamos em educação infantil: as relações
educação x ensino, criança x aluno e escola x espaço de desenvolvimento e seguiu para o
slide onde respondeu a questão “para que serve a educação no Brasil, segundo a lei?”
Esclareceu que existem apenas três artigos da LDB que tratam diretamente da educação
infantil (29º, 30º e 31º), e trouxe - para responder a questão - o Art.29º, o qual afirma que a EI
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, seguiu
falando sobre as diretrizes que apesar de serem mandatórias e trazerem como eixos
norteadores as interações e as brincadeiras, tanto uma quanto a outra são tolhidas pelas
escolas e/ou professores, desvalorizando as interações e desencorajando as brincadeiras;
continuou expondo brevemente os cinco aspectos a partir dos quais deve ser constituído um
projeto para a Educação Infantil. O professor avançou para o momento atual trazendo a
relação entre o PNCA e a EI, deixando claro que o plano fala sobre a EI como um todo,
abarcando inclusive as creches, o que gera um debate sobre o papel da educação infantil no
processo de constituição da criança como sujeito, como sujeito de linguagem; segundo o
PNCA a EI assume um compromisso com a alfabetização com práticas pedagógicas
adequadas, deixando claro que, ainda com esse compromisso, em hipótese alguma a
educação infantil deve ser preparatória para o ensino fundamental e não tem como meta
oficial alfabetizar as crianças, mas reconhece o compromisso de influenciar e contribuir com
o percurso escolar da criança, seu processo de oralidade, leitura e escrita; sobre isso o
professor fala: “No primeiro ano não é onde ela vai iniciar o processo de aprendizagem da
leitura e da escrita, as crianças aprendem a ler e escrever desde o momento em que elas
nascem numa sociedade onde tem escrita”. Aristeo seguiu com uma crítica ao Compromisso
Nacional pela Criança Alfabetizada, dizendo que apesar da inclusão da EI no pacto, as
práticas pedagógicas continuam sem sentido, sem significado; mostrou uma imagem de uma
criança lendo para outras em sala de aula para contextualizar sobre o fato de que as crianças
gostam de decodificar os símbolos, de entender as letras, a construção dos fonemas, gostam
de histórias e não dos métodos atrasados como “eva viu a uva”. Na sequência trouxe uma
série de imagens que falam sobre as diversas formas de expressão e aprendizado das crianças
como a escrita, a oralidade, a arte, as brincadeiras… atividades de livre expressão que
impactarão positivamente na vida inteira daquela criança. Encaminhou sua conclusão com
uma leitura apresentada pela professora Rita Coelho, coordenadora atual do MEC: “É
fundamental afastar qualquer concepção distorcida que pretenda orientar o trabalho
pedagógico na educação infantil a partir da antecipação de supostas práticas de alfabetização
indicadas para o ensino fundamental ou a partir de uma visão reducionista e simplificada do
currículo, da aprendizagem e do desenvolvimento dos bebês e das crianças pequenas.
(MEC/COGEI)”, retornou seu pensamento ao início de sua apresentação onde disse que a
melhor escola é aquela onde a criança pode ser criança, portanto o brincar e o interagir devem
ser levados em consideração - na prática - como norteadores para a construção de pedagogias
da infância, justamente como proposto nas diretrizes e citou Kishimoto afirmando que o
lúdico e as brincadeiras são muitas vezes vistos como inúteis, mas tem grande importância no
processo de desenvolvimento a longo prazo; citou também Magda Gerber e finalizou sua fala
com a seguinte citação de Lydia Hortélio “As crianças não chegam a este mundo para brincar
de viver, para elas, brincar é viver.” A professora Rosimeri agradece a apresentação de
Aristeo e encerra sua mediação destacando números preocupantes trazidos pelo ministro
Camilo Santana sobre abandono escolar e aumento do número de crianças que não lêem na
idade esperada, nos últimos 3 anos e assim observou que o atual ministro da educação ao
ingressar no governo se atentou para os desafios do cenário atual no Ensino Médio e
Fundamental no país e que neste caso mais de 650 mil crianças até 5 anos abandonaram a
escola nos últimos três anos. No mesmo período, cresceu em 66% o número de crianças de 6
e 7 anos que não sabem ler e nem escrever na idade certa - e que a última análise realizada
pelo Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB) mostrou que apenas uma em cada
três crianças é alfabetizada na idade certa. “A maioria é analfabeta dentro da própria escola, o
que provoca graves repercussões na sequência da vida dessas crianças” - observando a
urgência da recuperação de uma visão sistêmica da educação, que vai da creche à pós-
graduação. Para isso, precisamos fortalecer o regime de colaboração em um grande pacto
federativo pela educação. A professora Rosimeri agradeceu novamente aos convidados e
identifica a importância de instauração do debate sobre o tema considerando um conjunto de
questoes registradas em nosso chat. Assim devolveu a palavra a professora Herica que
agradeceu aos convidados e leu alguns comentários do chat do youtube parabenizando o
fórum, os convidados, Andrea Motta escreveu: A SME traz metas de alfabetização para as
escola no 1 ano; Marcela Moraes: A escuta infantil tem uma importância enorme; Maria
Helena: Referenciais teóricos preciosos; leu uma questão recebida através de um grupo de
acadêmicos da UNIRIO, Ana perguntou: “Visando atender a meta 5, que conteúdos da
alfabetização serão garantidos na EI?” Franco perguntou: “Se a criança aprende a ler e
escrever antes de ingressar na escola, então não deve ser meta da escola de EI alfabetizar?”.
A professora Bruna respondeu a pergunta de Franco, dizendo ser equivocada a concepção de
que alfabetização seria o entendimento de grafemas e fonemas, bem como o traçar das letras,
recuperou a fala do professor Aristeo: “a alfabetização começa quando a criança nasce”; a
partir do momento que escuta as primeiras palavras e observa as primeiras letras, a criança
inicia o processo de alfabetização. Seguiu sua resposta dizendo que a educação infantil vai
sim alfabetizar, mas não com essa concepção reduzida de codificar e decodificar fonemas,
grafemas e traçados, a introdução a função social da leitura e da escrita se dará através de
brincadeiras na EI. Em relação a pergunta sobre a meta 5 a professora responde que o
conteúdo ele já está colocado através das diretrizes curriculares da EI, ressaltou que a BNCC
traz objetivos de desenvolvimento e aprendizagem que determinam em termos legais os
conteúdos a serem abordados nessa etapa da educação; a questão não está no conteúdo em si,
mas na maneira como ele será trabalhado/ensinado, visto que a lei da liberdade para o
professor utilizar o método que - ele - achar mais adequado. O professor Aristeo, em
continuidade, disse que muitas vezes crianças de dois anos chegam na sala de aula, já com
uma noção de números, cantarolando a sequência numérica, antes mesmo de fazer
correspondências um a um, ressaltou que isso é um saber e que precisamos entender que as
crianças têm suas individualidades, diferenças e - o que ele disse ser o mais complexo - suas
diversidades, sendo o papel da língua escrita (que trabalha com a linguagem), dar conta
dessas diferenças sócio-culturais. Seguiu respondendo a questão sobre o conteúdo, fez uma
ressalva semelhante à da professora Bruna, dizendo que não adianta pensarmos no que
ensinar em relação a alfabetização(conteúdo), antes de pensar no como(de que modo)
ensinar; “primeiro é preciso entender o que é alfabetização, que não é copiar letra”,
completou explicando que copiar do quadro exercita a motricidade da mão, mas não ensina, a
criança pode até aprender a “desenhar” a letra, mas não aprende a “escreve-la”, não entende o
significado. Se direcionou para outra questão: A idade certa para ler e escrever. Citou um
caso de uma pré-escola que visitou na periferia de Belo Horizonte onde não havia papel nem
lápis, a professora disse a ele ter percebido que as crianças têm mais sucesso na alfabetização
quando brincam, então elas apenas brincavam o dia inteiro - o professor Aristeo concorda e
reforça esse pensamento. Em fala seguinte ele afirmou que os percursos utilizados para
aprendizagem da língua escrita são ruins e não trazem bons resultados - nós estamos lidando
com um analfabetismo contagioso” -, é preciso que assumamos um compromisso por uma
escola que atinja a eficácia esperada, mas antes, é necessário entender que as crianças não são
um projeto de ser humano, elas já são pessoas, diz-se serem o futuro, mas o professor nos
relembra que elas já estão aqui, como semelhantes, tendo seus direitos assegurados
legalmente a partir da constituição de 1988. Reiterou que as crianças são cidadãos e é preciso
que as respeitemos, são produtos de nossa cultura ao mesmo passo que produtoras, é preciso
ter escuta, entender que as crianças são capazes de se desenvolver e aprender; se agirmos com
essa percepção estaremos à frente de uma revolução na alfabetização. A mediadora passou a
palavra ao professor José Carlos, que cumprimentou os convidados e fez uma questão sobre a
“gamificação” na escola e seus desdobramentos, apontou a digitalização dos livros pelo
governo de SP para dar exemplo do que considera uma tragédia: a perda da leitura em papel.
Na sequência, Kátia Moura solicitou a vez, agradeceu aos convidados pela colaboração e deu
um relato sobre o período em que foi professora da educação infantil na rede pública, disse
que naquela época não podia-se usar folhas mimeografadas e/ou cadernos, logo as crianças
viviam “a prática na prática” e quando saíam da pré-escola elas já estavam com toda a
prontidão para o processo de alfabetização. Concluiu dizendo ser uma grande defensora do
“deixar a criança viver”, apontando que o espaço da pré-escola tem que ser um espaço de
vida e que não é utópico pensar nessa escola, pois mesmo sem as ferramentas que temos hoje
ela já obtinha êxito - três décadas atrás. Aristeo tomou a palavra e falou sobre a digitalização
dos livros, mostrando-se veementemente contra o cancelamento dos livros impressos, alertou
sobre pesquisas relacionando o uso das telas com malefícios para a saúde e disse que acredita
que os livros impressos ainda permanecerão por muito tempo. Se dirigiu à fala de Kátia
dizendo ter feito uma pesquisa extensa com professores do Rio de Janeiro na antiga
Guanabara, onde as pessoas entrevistadas deram depoimentos muito similares ao da Kátia,
dizendo que o Jardim de Infância não era uma escola infantil, mas um espaço diferenciado de
educação infantil. Disse que precisamos estudar a chegadas das editoras de livros no Brasil,
principalmente as de capital estrangeiro e defendeu que livro para educação infantil deve ser
de literatura, os materiais devem ser brinquedos e não jogos de internet, a avaliação deve ser
em relação ao desenvolvimento das crianças, mas hoje o que temos são livros de qualidade
ínfima, avaliações mal formuladas, “expressa a intenção do que está sendo ensinado”. Aristeo
cita o artigo 31 da LDB que impede a reprovação das crianças na EI, mas aponta que - apesar
de ser lei - existem muitas crianças reprovadas nas escolas particulares, na rede pública
muitas são mantidas na pré-escola ao invés de avançarem para o primeiro ano; para encerrar
sua participação, relatou sua ida a uma escola onde lá perguntou porque determinados alunos
não avançaram para o primeiro ano, recebeu a resposta de que “eram os mais fraquinhos”, ou
seja, existe reprovação na EI - novamente, apesar da lei. A professora Bruna falou na
sequência dando segmento ao tema com um relato sobre um caso ocorrido em sua cidade, no
qual uma família acionou a justiça para que a criança fosse reprovada na educação infantil e a
justiça deu ganho de causa para essa família, contrariando a LDB e a opinião de diversos
profissionais gabaritados. Se direcionou para a questão colocada por José Carlos sobre
gamificação: “eu vejo que é um fetiche que está em torno disso”, um fetiche como forma de
alienação. Disse já ser um conceito presente tanto no EF e EM, quanto nos cursos superiores -
entrando no quadro das metodologias ativas com essa veste de fetiche, acreditando que o
fazer - independente do que - é o que traz resultado, colocando a gamificação dentro deste
cesto do fazer. Completou dizendo que recebemos orientações para tornar as aulas mais
prazerosas para os alunos e que, realmente uma aula expositiva, para crianças, pode ser
cansativa, mas de maneira alguma pode ser abandonada; essa aula expositiva(oral), quando
bem elaborada tem a capacidade de envolver as crianças e - principalmente - ativar processos
psíquicos fundamentais para o seu desenvolvimento, como capacidade de atenção,
memorização e concentração. Dirigiu-se a colocação de Kátia colocando que a brincadeira é
vista como tal para as crianças, mas para o professor ela deve ter um objetivo bem definido
para a escola não virar um lugar onde as crianças vão para serem cuidadas, mas um espaço
para se desenvolverem; “O grande desafio é não matar a brincadeira”. Katia completou
dizendo que quando falava sobre brincar com as crianças era exatamente isso, brincar com
um objetivo. Hérica lê algumas colocações do chat do Youtube - Marcela Moraes: Porque a
alfabetização é mais que o entendimento da relação grafema e fonema; Zezé Lourenço: É
preciso escutar os professores alfabetizadores; Eliana Albernaz: Concordo integralmente com
a concepção da prof. Bruna. O Debate foi encerrado e a ATA do Pleno de julho seguiu para
aprovação. Em regime de votação, sem contrarios, tal seguiu aprovada sem nenhuma objeção.
A professora Herika agradeceu a todos os participantes, aos convidados, a mediadora
Rosimeri Pereira por toda a sua colaboração, ajuda e atenção, além da mediação do presente
Pleno. Anunciou que o pleno de setembro se dará de maneira presencial no dia quatorze de
setembro às quatorze horas com o tema Gestão Democrática; agradece novamente a todos e
encerra o pleno. Todos se despedem e, após um elogio ao pleno e aos debatedores, feito pelos
professores José Carlos e Hérica, Bruna agradece e se coloca presente para mais
colaborações, professor Aristeo agradece em seguida e a transmissão é encerrada, concluindo
o pleno e Agosto de dois mil e vinte três às dezesseis horas e quarenta e cinco minutos. Sem
mais a acrescentar, eu, Orlando Bisneto, lavro esta ATA que segue para apreciação.

ATA DO PLENO DO MÊS DE JULHO DE 2023 - FMERJ


No dia treze de julho de dois mil e vinte e três, às catorze horas e vinte minutos, aconteceu o
pleno ordinário do Fórum Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro contando com
as seguintes participações: Alana Veras Marins Rosa (Associação dos Estudantes do Rio de
Janeiro / convidada), Ana Beatriz Costa (Secretaria Municipal de Assistência Social- SMAS),
Bruno Affonso Rossato (Escola de Formação Paulo Freire – EPF), Carlos Roberto Moreira
(Chefia de Gabinete da Secretaria Municipal de Educação - SME), Cristina Carvalho
( Pontifícia Universidade Católica - PUC/RJ), Dalton Alves (Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro – UNIRIO), Debora Heloísa Magalhães de Souza (Conselho de Estudantes
das Escolas Municipais- CEJA ACARI), Denise Corecha (Secretaria de Educação do Estado
do Rio de Janeiro-SEEDUC RJ), Eduardo de Oliveira Inocêncio (Conselho de Funcionários
das Escolas Municipais - CEC), Elaine Pereira Constant (Fórum Estadual de Alfabetização
do Rio de Janeiro – FEARJ), Gabriela Castro (Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ), Gustavo Henrique (Sindicato dos professores do Município do Rio de Janeiro e
Região – SINPRO RIO), Hérica Marinate (Coordenadora do SME/ SUBAIR), Jaqueline da
Costa Botelho (UNIRIO), José Carlos Lima (Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Rio
de Janeiro -EJA RIO), Katia Moura (Chefia de Gabinete da Secretaria Municipal de
Educação), Keyla Heloisa Gil (UNIRIO), Leila Ferreira de Salles (Programa Saúde na
Escola- PSE / SME-RJ), Leonardo Tarta Carvalho (UNIRIO), Marcos Rezende Villaça
Nunes (Conselho de Professores das Escolas Municipais), Maria de Lourdes Albuquerque
Tavares (Conselho Municipal de Educação - CME), Maria do Socorro M. Calhau
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ), Maria Helena Neves (Subsecretaria de
Ensino da Secretaria Municipal de Educação), Maria José da Conceição (Conselho Municipal
de Educação), Marise Ramos (convidada), Orlando Bisneto (UNIRIO), Pamela Santos de
Carvalho de Sousa (Conselho de Responsáveis das Escolas Municipais), Patrícia Sayão
(CME), Patrick Ataliba (Comissão de Educação da Câmara Municipal), Priscila Fernandes
(Conselho de Responsáveis das Escolas Municipais), Renata Sader (Subsecretaria de Ensino
da Secretaria Municipal de Educação), Rodrigo Costa da Silva (Conselho de Diretores das
Escolas Municipais), Rosilene Almeida Silva (Câmara Municipal do Rio de Janeiro),
Rosimeri Pereira (UNIRIO), Rossana Helena Passos (SME), Virgínia Maria Sias de Azevedo
( Arquidiocese do Rio de Janeiro Vicariato para Educação – CNBB) e Yvone Costa de Souza
( Fórum Permanente de Educação Infantil do Estado do Rio de Janeiro - FPEI-RJ). A
coordenadora do Fórum, Professora Hérica, iniciou o Pleno saudando a todos, justificou o
atraso por problemas técnicos e agradeceu aos presentes pela participação tanto via Live -
Canal do Youtube FME - RJ quanto daqueles que se dispuseram comparecer ao prédio do
Instituto Helena Antipoff. Após abertura solicitou divulgação do canal do Fórum bem como
das temáticas previstas para os próximos encontros dos dias 10/08, 14/09, 09/11 e 07/12 de
2023 do FMERJ lembrando da temática do dia: “O ensino médio no PME/RJ: desafios e
disputas em questão”, a professora explicou que os informes seriam feitos após o debate e
reiterou a importância da participação da comunidade escolar, lembrando a todos que o FME
está de portas abertas para receber os novos interessados. A seguir apresentou as convidadas:
a mediadora Katia Moura, Professora da SME-RJ e Secretária Executiva do FMERJ, a
professora Marise Ramos - da Faculdade de Educação da Uerj e a estudante Alana Veras – do
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) e Diretora
da Associação dos Estudantes do Rio de Janeiro – AERJ. Kátia iniciou o debate agradecendo
a presença de todos, e comentou sobre a estranheza das pessoas quando falamos em discutir o
Ensino Médio no Fórum Municipal de Educação; explicou que se o PME é da cidade do Rio
de Janeiro, é preciso discutir a Educação da cidade como um todo. Portanto, ainda que as
convidadas abordem um segmento que não está dentro da rede municipal de educação, ele
acontece na cidade do Rio de Janeiro, por isso sua importância para o debate do FME/RJ. A
professora reiterou a importância de ouvirmos diferentes realidades e se dirigiu às
convidadas, mostrando que de um lado temos a academia e do outro lado o “chão” da escola,
além de salientar que a conversa será pautada em cima do PME que está em vigência.
Definiu-se também o registro de pergunta para a promoção debate ocorreras após falas ´de 20
minutos para cada convidada. A estudante Alana Veras deu início a sua fala saudando a todos
e se apresentou como representante da Associação dos Estudantes do Ensino Médio do Rio
de Janeiro (Diretora da AERJ), seguiu falando que o tema mais discutido hoje (dentro e fora
das escolas) com docentes e comunidade, é o Novo Ensino Médio (NEM) e nos lembrou que
ele vem sendo implementado desde 2016, quando da sua aprovação através de Medida
Provisória sem a consulta da comunidade escolar. Alana ressaltou a ausência de acordo ou
participação da comunidade escolar nesse processo, resultando na insatisfação de milhares de
estudantes e no movimento que ocupou centenas de Escolas no Brasil, evidenciando
insatisfação do coletivo estudantil frente tal medida. Para Alana o NEM vem com a ideia de
implementar uma carga horária com disciplinas e itinerários formativos, mas que de fato não
integra os estudantes ao ambiente escolar", explicou que professores licenciados são
colocados para dar matérias as quais eles não têm formação adequada prejudicando9 a
formação estudantil e fez lembrar também das com matérias como 'o que se tem por aí',
'projeto de vida' e 'brigadeiro caseiro'. “Essas matérias que são postas, não têm a agregar de
fato à formação dos estudantes". Seguiu ressaltando que o prejuízo na preparação desses
estudantes para concursos públicos como o ENEM e outros vestibulares é real e vai contra a
meta 8 do PME - "isso acarreta até na maior desigualdade entre os estudantes", ainda
observou que o NEM não está acontecendo nas escolas particulares trazendo como exemplo
uma escola na Zona Sul da cidade, onde os alunos pagantes e bolsistas são separados em
turnos alternados; o turno bolsista tem as matérias do NEM, enquanto o turno pagante segue
sem mudanças. Indagou que se fosse positivo para os estudantes, a escola implementaria o
NEM para ambos os turnos e concluiu que a desigualdade criada pelo NEM mostra que a
Educação Pública é tratada como mercadoria, sendo cada vez mais precarizada. A estudante
trouxe um dado sobre as empresas UBER e IFOOD como sendo as maiores financiadoras dos
materiais do NEM em São Paulo: desse modo Alana observa que - "é para esse futuro que os
nossos jovens estão sendo levados, um futuro de um emprego precário", encerrou dizendo
que no momento estão havendo mobilizações dentro das escolas diante do que ela e os
estudantes consideram o maior problema atualmente: não adianta ter matéria de robótica na
grade horária se não tem computador funcionando, se faltam professores, merenda e,
principalmente, se os estudantes continuarem deixados de lado das decisões ou discussões
por parte do poder público. A professora Marise Ramos é contemplada com a palavra, iniciou
agradecendo a todos, ao Fórum, ao professor José Carlos pelo convite para sua participação
no Pleno, parabenizou a fala da Alana e ressaltou a importância desse contato com a classe
estudantil, gerando novos diálogos, novas interlocuções. Marise seguiu comentando que foi
apresentada como acadêmica, mas lembra que já ocupou o lugar da Alana, contou sobre seu
cargo na Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas e disse que uma das lutas
que mobilizou os estudantes em sua época, tinha a ver com a revogação da lei 5692/71.
Marise aprofundou a sua exposição lembrando que essa luta que vivenciou, foi necessária
pela revogação da lei, já que futuro da Escola fosse incerto e completou: "Passados 40 anos
vemos que as disputas se mantém, são intensas e elas são sempre marcadas pela luta de
classes". A professora retomou o exemplo de Alana sobre a escola da Zona Sul para
corroborar sua fala e disse: "A luta continua". Seguiu explicando sua reflexão sobre o motivo
de trazer o Ensino Médio para ser debatido no FME e logo justificou com o princípio da
Unidade da Educação Básica; ainda que a "responsabilidade" pela Educação Básica seja
dividida entre Estados e Municípios isso não retira a necessidade do regime de colaboração
entre os entes federados, mesmo que questões políticas não favoreçam essa colaboração.
Salientou o fato de que ao passo que temos questões de extrema relevância na organização da
educação nacional, temos outras questões educacionais aparecendo na mídia sob um enfoque
diferenciado, influenciando o pensamento popular; é o Estado fazendo uso dos aparelhos
privados de hegemonia. Marise apontou que o cerne da questão é o princípio citado no
começo de sua fala e questionou: "como as etapas da educação básica se relacionam, se
articulam organicamente, para que ao final do EM se possa reconhecer toda uma população
como sujeitos da Educação Básica, na formação estruturante do seu ser social?", reforçou que
o Estado deve prover não apenas o acesso, mas condições de permanência e êxito escolar. A
professora retornou à fala de Alana para questionar a lógica da política do novo Ensino
Médio, que recupera tudo de pior que as outras reformas já fizeram (e que já havíamos
superado), demonstrou indignação com um limite máximo de horas que o aluno "pode
estudar" estipulado pelo NEM e falou sobre as empresas que financiam a educação pública -
"uma formação precária para um trabalho precário". Marise encerrou sua fala com uma
questão reflexiva: “Como o Ensino Fundamental deve preparar os alunos para se adequarem
a esse novo modelo de ensino médio, ou, como ele deve preparar os alunos para enfrentarem
esse modelo e superá-lo?”. A mediadora Kátia retomou a palavra e reforçou que NEM é uma
pauta que necessita ser debatida no âmbito municipal. Em seguida, a professora Hérica leu as
colocações feitas on-line iniciando o 1° bloco de perguntas. Yvone Souza escreveu: “Não
podemos esquecer que temos no Ensino Médio cursos que formam professores e professoras
que educam e cuidam de crianças desde a creche! (...) Temos que nos manter firmes na luta
por uma formação de direitos e não formação classista!”. Maria Helena Neves escreveu:
“Esse novo ensino médio foi preparado pela classe hegemônica, e desenhado para configurar
e preparar aqueles que vão atender os filhos da classe hegemônica. (...) Estudantes da elite
que frequentam escolas privadas da classe A já trazem a herança cultural incorporada (...)
Capital cultural incorporado que lhes confere autonomia e acesso às universidades (...)
Atender as indústrias e forças de trabalho sempre foi a intenção para a educação pública, já
recomendado lá atrás pelo BID”. “A educação pública precisa ser tratada com equidade, que
é mais do que a igualdade. De maneira geral, seu público não tem o capital cultural
incorporado (Bourdieu)” e finalizou observando que : “É necessário o atravessamento
pedagógico dos ensinos do fundamental e do médio”. Na sequência o professor José Carlos
iniciou a rodada de perguntas presenciais saudando a todos, agradeceu a participação e
parabenizou a organização do evento, destacando sobre a importância da presença de uma
estudante no processo de debatendo sobre o tema no FMERJ, classificando o momento como
histórico e reforçou que os estudantes precisam ocupar cada vez mais esses espaços. O
professor destacou que esteve presente no movimento de ocupação das escolas públicas
secundarias em 2016 e que percebeu uma inquietação nos alunos em relação às mudanças que
aconteciam naquele momento, disse que se surpreendeu com a organização dos alunos e com
o fato de que escutou mais do que falou quando esteve presente nas escolas ocupadas. Após
essa observação, José direcionou sua fala para a temática do empreendedorismo, que em sua
opinião é "ideologia pura" e perguntou se no momento atual: “há uma inquietação da parte
dos estudantes em relação à questão do empreendedorismo na educação? A AERJ faz
análises sobre essa ideologia do empreendedorismo? Esse empreendedorismo da Educação é
o mesmo empreendedorismo dos grandes tubarões do capitalismo? Em seguida falou sobre a
expectativa frustrada de revogação do novo ensino médio a partir da posse do Presidente
Lula, com a ‘desculpa’ de que se o governo revogasse o novo EM o país cairia em um vácuo
de políticas públicas e perguntou à professora Marise: “cairíamos de fato num vácuo?”. A
professora Elaine, contempla a fala do professor Jose Carlos e destaca as dificuldades de
quem não pode pagar por um pré-vestibular por outro lado adverte sobre a importância de
audição da voz estudantil que se mobiliza resistindo e questionando os problemas do novo
ensino médio. Em um ato contínuo, o professor Dalton da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro, traz questões para fomentar a discussão apresentada, logo de início diz que
não é um questionamento mas sim ideias a serem expostas com intenção de reflexão por parte
de todos os presentes, assim tal professor destaca a má qualidade da escola pública, faz uma
crítica de que esse novo ensino médio não tem nada de novo e que em sua visão faz parte de
um projeto de Estado empresarial econômico pois rompe com um paradigma disciplinar. Em
seguida a professora Rosimeri iniciou sua fala enaltecendo a importância desse tema e do
momento em que foi colocado para debate diante dos movimentos que ocorrem em Brasília,
além disso destaca da felicidade em ouvir a convidada Alana representante ilustrada do
movimento estudantil brasileiro, desse modo apresentou também o seu questionamento: “o
NEM nos leva a identificar o fenômeno de revogação da obrigatoriedade dos saberes
clássicos no campo das ciências humanas e naturais, reduzindo carga horária e
desvalorizando em concomitância o papel e a importância de profissionais representantes dos
cursos de Licenciatura, por outro lado se aciona a pauta de contratação de profissionais com
notório saber sem a mínima habilitação no campo da Educação. E ainda destaca que vale a
observação de pelo menos duas questões: - Se as escolas de educação básica e em especial a
escola de ensino médio se prepara para a nova reforma, o que dizer das escolas superiores,
frente ao avanço do ideário pós-moderno? Frente a BNCC e suas novas diretrizes para a
formação docente no Brasil, que resistência se monta no interior das Universidades sobretudo
no campo da formação de professores?”. Na sequência a Rosilene, parabenizou o Fórum
Municipal pelo evento, ressaltou que ele está gerando muitas reflexões e alcançando o
objetivo proposto, e questiona sobre as dificuldades enfrentadas pelos descendentes das
classes trabalhadoras que frequentam escolas do NEM. A debatedora Alana conclui sua
participação e registra a “importância desse momento de troca”, se referindo às perguntas e
colocações e prossegue falando sobre o viés cultural das ocupações de 2016, deixando claro
que a ocupação aconteceu de modo a “por em prática a escola que os estudantes queriam”, os
alunos ocuparam os espaços desde a cozinha até organização de debates e aprovação de
propostas em assembleias. E ainda traz o ponto focal para os dias de hoje e faz uma
referencia ao saldo histórico deixado pelas ocupações, dizendo que os estudantes enxergam o
momento atual como uma última oportunidade e que novas ocupações são sim debatidas e
passíveis de acontecer, mas que é preciso antes “conscientizar esses estudantes que estão
sofrendo com o NEM”, fomentando debates sobre temas como empreendedorismo,
empresariamento da educação e liberalismo. Alana segue para a conclusão de sua fala
verificando que o NEM é fruto de uma sociedade capitalista “que coloca para o estudante de
escola pública, que não tem como pagar cursinho pra entrar no vestibular, que a única saída
para ele é ser explorado” e pontua que o esvaziamento de disciplinas como sociologia e
filosofia por vezes é deixado de lado das reivindicações, visto que a luta ainda é por
necessidades básicas como professores, abastecimento de água, luz e merenda nas escolas.
Encerra sua participação questionando: “a quem interessa o NEM?” - questão que ela mesma
responde – “aos grandes tubarões da educação”, fazendo referência ao setor privado, ao
grande capital. A aluna presta seu agradecimento ao FMERJ e passa a palavra a professora
Marise Ramos que retomou sua participação respondendo à colocação feita pelo professor
José Carlos, integrando sua resposta com as demais colocações. A professora compara o
primeiro mandato do Presidente Lula com o momento atual, esclarecendo que naquele
primeiro momento as forças que elegeram o presidente eram outras, naquele momento o
Ensino Médio fazia parte do programa do candidato, existia oficialmente uma proposta de
revogação do decreto 2208 e, logo que o presidente assumiu, aconteceu um movimento em
torno dessa revogação, objetivo conquistado no ano de 2004; prossegue colocando que nesse
segundo momento o ensino médio não estava no programa do candidato, o presidente “não
foi eleito com a pauta da revogação” e ela também não foi assunto na transição entre
governos. “A coisa foi muito bem montada” – diz a professora diante das dificuldades
políticas apresentadas no momento para tal revogação, aponta que a questão está
comprometida juridicamente, socialmente, economicamente e no campo teórico. Marise
inicia sua conclusão retomando a questão colocada pelo Bruno, trazendo um exemplo do
programa de permanência e êxito do CEFET; cita o caderno 12 de Gramsci levantando
novamente a questão “que sociedade é esta, que Estado é este, que projeto a gente vai
disputar e como será tal disputar, e que burguesia é essa” a quem a nossa educação serve?
Encerra reiterando a importância dessas análises e desse espaço para o debate, agradece ao
FMERJ e passa a palavra a mediadora. Kátia agradece a presença das convidadas, enfatiza
que todos podem participar dos encontros presenciais e via canal do Youtuber. se coloca a
disposição e destaca que a ideia é levar outros temas do PME até o final do ano e intercalar
produção de eventos 100% online e presenciais, para que pessoas de outros Estados possam
participar e palestrar também. Pede para que sigam as redes sociais da FMERJ e entrega uma
lembrancinha para cada convidada palestrante e se despede para o início dos informes. Hérica
começa os informes falando que ocorreu a primeira reunião da comissão de divulgação e o
próximo passo é o aumento da divulgação no Instagram e Youtube. E observa a permanência
e trabalho assíduo da Comissão de Monitoramento e Avaliação, e que tal coletivo engrandece
o projeto visto que exige ações de análise marcada por uma diversidade de dados minuciosos.
Ela também alerta para verificando se todos os titulares e suplentes já leram a ata de junho.
Após regime de votação a professora a professora Herika registra a aprovação da última ata.
Comunica que o próximo encontro será em agosto no dia dez às catorze horas e que no
FAMED será divulgado o próximo tema, lembrando também que a indicação das demais
temáticas ligadas as metas e as estratégias do Plano Municipal de Educação já estão sob
observação da secretaria executiva e desse modo agradece e finaliza às quatro e meia da tarde
o Pleno de Julho de dois mil e vinte e três. Sem mais a acrescentar, eu, Orlando Bisneto,
encerro esta ATA.

Você também pode gostar