Você está na página 1de 10

Educação @ Distância

Educação sem fronteiras

METODOLOGIA CIENTÍFICA
MÓDULO 3

Caro (a) Aluno (a),

Estudamos, no módulo anterior, “A Natureza do Conhecimento Científico”. O


estudo desse módulo foi importante para que você pudesse compreender os tipos de
conhecimento, o que é ciência, abordagem científica e pesquisa científica. Vamos continuar
com o nosso conteúdo da disciplina de Metodologia Científica, estudando o módulo
“Método, Economia e Eficiência nos Estudos”. Discutiremos desde a organização dos
estudos no ensino superior até a elaboração de resenhas, resumos, fichamentos e seminários.
Neste novo módulo, faremos, inicialmente, uma discussão a respeito da organização
dos estudos na Universidade. Posteriormente, abordaremos as diretrizes para leitura, análise e
interpretação de textos. As discussões sobre as técnicas de fichamentos, resumos e resenhas,
bem como das diretrizes para a realização de seminários, serão tratadas em nosso próximo
texto. O estudo dessas temáticas ampliará ainda mais seus conhecimentos de Metodologia
Científica, e o preparará para seu Anteprojeto de Pesquisa, a nossa matéria para o 2º bimestre.

ATENCÃO!!!

Com certeza, nestes primeiros meses de estudos no ensino superior, você deve estar se
deparando com muitas novidades em sua trajetória estudantil. Por essa razão, escolhemos
iniciar esse novo módulo da disciplina de Metodologia Científica discorrendo a respeito da
organização dos estudos na universidade.
Leia atentamente o texto a seguir, pois ele lhe trará informações importantes sobre
como você, estudante, deve organizar-se, planejar e disciplinar os seus estudos. Em seguida,

1
você aprenderá sobre as diretrizes para leitura, análise e interpretação de textos, um conteúdo
muito importante para a sua formação no ambiente acadêmico.

A ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNIVERSIDADE

Estudar é um processo investigatório do qual resultam a aprendizagem e os modos de


conhecimento. De um modo mais prático, pode-se definir estudar como um esforço
integral de aprender, que todo ser humano deve praticar para conseguir o que deseja.
Sem dúvida, estudar é uma das formas facilitadoras do desenvolvimento do potencial do ser
humano. Saber o que é estudar e aprender a estudar é uma disponibilidade responsável e
intencional do estudante, o qual assume a sua própria forma de estudar por meio de
reflexões pessoais que o orientam a ter acesso a formas mais eficientes de apreensão. Isso faz
com que o estudante melhore os seus hábitos escolares, dominando técnicas e métodos
relativos aos objetivos da aprendizagem e da vida acadêmica (BARROS; LEHFELD, 2000).

No ensino superior, estudar

é um ato consciente e volitivo determinado. Volta-se para o conhecimento e


para a ação que supõem passagens gradativas de conceitos frouxos, no
início, para um quadro de elaboração e de formulação de juízos mais
adequados, sistematizados e comunicáveis de áreas básicas ou específicas
de sua formação (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 16).

2
É bem verdade que, nos primeiros estágios da vida universitária, o estudante quase
sempre traz consigo juízos, valores, idéias e conceitos admitidos pelo senso comum, que
precisam ser mudados ao longo de sua trajetória no ensino superior. Sendo assim, a decisão de
ingressar em um curso superior exige do estudante uma postura que vai além da freqüência às
aulas; na verdade, requer um novo estilo de estudo em que a presença física às aulas e o
cumprimento de tarefas mecânicas não é mais satisfatório, pois o ensino superior, como
aponta Severino (2002), exige do estudante, entre alguns aspectos:

- Maior independência em relação aos subsídios da estrutura de ensino e dos recursos


que a instituição oferece, condições de estudo que possibilitem uma maior autonomia do
estudante em sua aprendizagem;

Essas circunstâncias passam a exigir uma nova cultura do estudante do ensino


superior. E, com isso, deverá estar ciente, como enfatiza Barros e Lehfeld (2000), que é
necessário ter:

- Disposição para aprender;

- Disposição para ler e analisar textos e obras considerados específicos e gerais para a
sua área de formação;

- Disposição de aprender a pensar e a planejar as atividades de aprendizagem, por


meio de métodos ou técnicas de estudo;

- Domínio de métodos mais eficientes adequados à natureza dos trabalhos teóricos ou


práticos.

Saiba que essas atitudes não são a garantia para se obter bons resultados.
Mas você deve estar se perguntando: Como deverei agir? O que poderia fazer para
organizar melhor meus estudos?
Na verdade, além de todos esses aspectos mencionados, é necessário ainda que, em
cada curso, você esteja atento ao que está estudando e por que está estudando determinadas
disciplinas em vez de outras. Sem dúvida, é importante que você conheça a finalidade e o
significado das disciplinas que está estudando para a sua área de formação acadêmica e
profissional. Afinal, é importante verificar que algumas disciplinas estão mais próximas aos
interesses ou aptidões pessoais do que outras, mas que, embora ocorram essas identidades,
3
todas as disciplinas apresentam um papel fundamental em seu processo de formação
acadêmica.
Com freqüência ouvimos argumentos relativos à falta de tempo para estudar, devido
aos compromissos com o trabalho e para garantir o sustento individual e/ou familiar.
Contudo, é muito importante destacar que os alunos do ensino superior destinem
diariamente um espaço de seu tempo para os estudos, pois, no planejamento de sua vida
estudantil, deve estar pautado na distinção das atividades essenciais das atividades não-
essenciais de seu dia-a-dia.
A falta de tempo exige grande organização para o estudo em casa, atitude
indispensável para um aproveitamento mais inteligente do curso de graduação. Nesse sentido,
Severino (2002) oferece dicas para o aluno organizar e disciplinar o seu estudo em casa,
mencionando que é:
Vamos analisar essas dicas?
- Essencial aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma ordenação de
atividades;
- Estabelecer um horário para estudo em casa, respeitando suas condições físicas e
psíquicas, para manter um ritmo de estudo;
- Vencer a fase de aquecimento, pois, com isso, a produção do trabalho se tornará
eficiente, fluente e agradável;
- Distribuir o tempo de estudo em vários dias da semana, a fim de revisar e preparar a
matéria nos períodos imediatamente mais próximos das aulas.

Para Barros e Lehfeld (2000), o estudo em casa é o momento propício para o aluno:

a) Repensar sobre os tópicos desenvolvidos em aula;


b) ler, reler e compreender detalhes significativos e que em aula não
foram suscitados ou bem-destacados;
c) memorizar os conceitos imprescindíveis à compreensão da matéria;
d) complementar o conteúdo de aula com o que já se conhece e com
pesquisas complementares;
e) decodificar termos e vocábulos técnicos inseridos nos textos que
dificultam a sua análise;
f) rever, organizar e/ou reorganizar os apontamentos feitos durante as
aulas;

4
g) fazer leituras de textos complementares;
h) fazer exercícios de fixação (p. 19, grifos meus).

Podemos afirmar que o estudo em casa permitirá que você se prepare melhor para as aulas,
reveja os conteúdos das aulas, complementando-os com outras leituras, pesquisas e exercícios,
concluir questões que não foram possíveis de serem finalizadas no decorrer das aulas, entre outros
aspectos que poderão surgir ao longo desse percurso de estudo.
De fato, a eficiência no estudo depende do método utilizado pelo estudante, mas o
êxito depende de quem e de como o aplica. Afinal, o método empregado pelo aluno, em sua
forma de estudar, deve atender às suas particularidades, levando em consideração a sua
competência escolar, motivação e disponibilidade para estudar.
Prosseguindo com o nosso estudo, vamos abordar as questões referentes à prática da
leitura no ensino superior, bem como os aspectos atinentes à análise e à interpretação dos
textos.

5
AS DIRETRIZES PARA A LEITURA, ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Leitura

A leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo, pois favorece a obtenção


de informações já existentes. A maior parte do conhecimento é obtida através da leitura, que
possibilita não só a ampliação como também o aprofundamento do saber em determinado
campo cultural ou científico. De fato, a leitura propicia a ampliação de conhecimento, abre
horizontes, aumenta o vocabulário, permitindo entendimento do conteúdo das obras e a
obtenção de informações básicas ou específicas. Sendo assim, a leitura serve para
aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral (LAKATOS; MARCONI, 1992).
Vale a pena lembrar que há três espécies de leitura: uma para entretenimento ou
distração; outra para aquisição de cultura geral; e a terceira para a ampliação de
conhecimentos em determinado campo do saber.
Para Lakatos e Marconi (1992):
- A leitura de entretenimento ou distração visa apenas ao divertimento, passatempo,
lazer, sem maiores preocupações com o aspecto do saber. Nessa modalidade de leitura estão
incluídas, por exemplo, as obras literárias.

6
- A leitura de cultura geral ou informativa tem como objetivo trazer conhecimentos
de fatos que ocorrem no mundo, mas sem grande aprofundamento sobre o assunto.Essa
modalidade de leitura engloba, por exemplo, noticiários de jornais nacionais e internacionais.
- A leitura de aproveitamento ou formativa tem a finalidade de aprender algo de
novo ou aprofundar conhecimento anteriores, o que exige do leitor muita atenção e
concentração. Essa espécie de leitura deve ser efetuada em livros e revistas especializadas nas
diversas áreas do conhecimento.
Desse modo, o momento de escolha da leitura é muito importante e, para isso, faz-se
necessário que, no início, alguém oriente o estudante, indicando as obras mais adequadas ou
mais relevantes. No caso dos estudantes que estão ingressando no ensino superior, a seleção
de livros, artigos e textos deve ser realizada, inicialmente, sob a orientação de um professor.
Na busca de um material para leitura, o primeiro passo consiste na identificação do
texto que se tem pela frente. Por essa razão, o estudante deve se atentar: ao título da obra, à
data de publicação, ao índice ou sumário, à introdução ou prefácio e à bibliografia. Deve-se,
ainda, olhar uma ou outra página da obra para saber que tipo de abordagem faz o autor. Como
se sabe, os livros, os artigos e os textos podem ser úteis de duas maneiras ao estudante: para
leituras ou para consultas.
Após entender sobre a escolha e a busca de uma leitura, você, certamente, está se
indagando a respeito de como deve ler um texto.
De fato, a maneira de ler um texto varia de acordo com o objetivo de cada leitor. Na
concepção de Salomon (1972, p. 33 apud. Lakatos; Marconi, 1992, p. 18), o bom leitor é
aquele que:
1 – Lê com objetivo determinado.
2 - Lê unidades de pensamento
3 - Tem vários padrões de velocidade.
4 - Avalia o que lê
5 - Possui um bom vocabulário
6 - Tem habilidade para conhecer o valor do livro
7 - Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a
leitura definitiva ou periodicamente.
8 - Discute frequentemente o que lê com os colegas
9 - Adquire livro com freqüência e cuida de ter sua biblioteca
particular,
10 - Lê vários assuntos

7
11 - Lê muito e gosta de ler
12 - O bom leitor é aquele que não só é bom na hora da leitura (...) é
constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler (Grifos meus).

Em síntese, pode-se dizer que, para o estudante atingir um resultado satisfatório com
as leituras realizadas no ensino superior, é necessário que ele desenvolva uma leitura atenta,
com o propósito de conseguir algum proveito do texto lido; reflita sobre o que leu, procurando
não aceitar idéias sem analisá-las antes; sintetize os aspectos essenciais do texto, mas dentro
de uma seqüência lógica; e realize, ainda, uma leitura rápida, mas de modo a entender o que
está lendo, visando ao bom aproveitamento do texto1.

Análise e interpretação de textos

Na verdade, os maiores obstáculos do estudo e da aprendizagem no ensino superior


estão diretamente relacionados com a dificuldade que o estudante encontra na exata
compreensão dos textos teóricos. Habituados à abordagem de textos literários, os estudantes,
ao se defrontarem com textos teóricos, encontram dificuldades que julgam insuperáveis.
Como se sabe, os textos teóricos apresentam obstáculos específicos, mas nem por isso o seu
entendimento seja insuperável para o estudante (SEVERINO, 2002).
É importante destacar que uma obra ou texto pode ser estudado de diferentes maneiras.
No entanto, a forma de analisar um texto depende dos objetivos propostos pelo leitor e sempre
do fim a que se destina.
Quando um estudante se propõe a analisar um determinado texto indicado por um
professor ou selecionado por ele mesmo para estudo, ele deve considerar alguns aspectos que
são essenciais para um bom entendimento do texto lido. Neste sentido, Severino (2002)
elaborou um modelo de análise de texto que auxilia muito os estudantes no universo do
ensino superior. O modelo elaborado pelo autor abrange cinco itens:
- A Análise textual permite ao estudante levantar todos os elementos importantes do
texto, ou seja, credenciais do autor, metodologia, estilo, vocabulário, fatos, autores e
doutrinas.
- A Análise temática possibilita ao estudante a compreensão do conteúdo texto isto é,
favorece o entendimento da linha de raciocínio do autor, da estrutura lógica, bem como das

1
Fonte: Adaptado de LAKATOS; MARCONI (1992).

8
idéias centrais e secundárias do texto. Essa análise é importante para a elaboração de resumos
e de organogramas.
- A Análise interpretativa permite ao estudante a interpretação do texto. Nessa
modalidade de análise, o estudante tem que se atentar a dois aspectos principais:
1 – Interpretação ou explicação da posição filosófica, influências, concepções e
associações de idéias expostas pelo autor no texto;
2 – Crítica ou avaliação, julgamento do conteúdo e discussão do texto.
- A Problematização possibilita ao estudante levantar e debater questões explícitas ou
implícitas do texto.
- A Síntese possibilita ao estudante reunir todos os elementos do texto, após uma
reflexão, favorecendo a elaboração de um novo texto, com redação própria, com discussão e
reflexão pessoais.

Nessas circunstâncias, a análise do texto tem como objetivo levar o estudante a:

a) aprender a ler, ver, a escolher o mais importante dentro do texto;


b) Reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto;
c) Interpretar o texto, familiarizando-se com idéias, estilos,
vocabulários;
d) Chegar a níveis mais profundos de compreensão;
e) Reconhecer o valor do material, separando o importante do
secundário ou acessório;
f) Desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas;
g) Encontrar as idéias principais ou diretrizes e as secundárias;
h) Perceber como as idéias se relacionam;
i) Identificar as conclusões e as bases que as sustentam (LAKATOS.;
MARCONI, 1992, p. 24)

De um modo geral, pode-se dizer que a leitura analítica desenvolve no estudante-leitor


uma série de posturas lógicas que constituem a via mais adequada para sua própria formação,
tanto na sua área específica de estudo quanto na sua formação em geral. Afinal, a leitura é de
suma importância para todos os que se interessam pela ampliação ou aprofundamento dos
conhecimentos.

9
O estudo das diretrizes para a leitura, análise e interpretação de textos será importante
para você realizar de forma adequada a leitura das obras e dos artigos que forem solicitados
no decorrer de estudos. Portanto, procure relacionar esses conhecimentos teóricos com a sua
formação universitária; isso lhe favorecerá muito no ensino superior.

Bons Estudos!

Boa sorte! Você será um sucesso!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de


Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2 ed. São Paulo: Makron Books,
2000.

LAKATOS, Eva Maria.; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho


Científico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1992.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. São Paulo:
Cortez, 2002.

10

Você também pode gostar