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Técnicas de Estudo e

Aprendizagem Acadêmica
Objetivos
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:

• Realizar uma boa leitura acadêmica;


• Compreender e identificar melhor sobre os instrumentos
bibliográficos;
• Aprofundar e reconhecer a importante função sobre os
cronogramas de estudo acadêmico;
• Reconhecer a importância da interpretação textual para a
realização de uma boa leitura;
• Identificar e analisar a função da leitura analítica,
envolvendo técnicas para melhorar sua capacidade na leitura
acadêmica.

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Introdução
Nesta unidade você aprenderá que as metodologias do estudo
pretendem traçar métodos para a aprendizagem satisfatória, oferecendo
métodos de estudo que irão direcionar o aluno às suas técnicas de
estudo e aprendizagem acadêmica. O estudo precisa de alguns métodos
para traçar um bom resultado, por isso, esta disciplina foi criada
para facilitar o aprendizado do aluno, compreendendo seus novos
conhecimentos e técnicas de estudo.

Você perceberá que para uma boa análise textual, é


preciso aprender técnicas de estudo para analisar seu desempenho
textual, interpretação, análise textual, temática, além de obter um
bom desempenho na leitura acadêmica. Portanto, para um bom
aprendizado, é fundamental adotar alguns procedimentos úteis para seu
aprimoramento pessoal. No decorrer desta unidade você irá reconhecer
a importância dos métodos e técnicas de estudo. Este conteúdo será
essencial para o seu desenvolvimento, pois possibilitará técnicas que
facilitarão sua aprendizagem.

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1. Técnicas de Estudo e Aprendizagem Acadêmica
Neste momento, você aprenderá que o desenvolvimento da
autonomia intelectual do aluno é um dos principais objetivos dos cursos
de graduação. Verá que o sucesso dos estudos na universidade depende,
em grande parte, do domínio dos instrumentos de trabalho acadêmico
e observará que a aprendizagem acadêmica demanda disciplina e
organização do tempo, que pode ser sistematizada por meio de um
cronograma de estudos.

Você também verá que realizar uma boa leitura faz parte
do processo de estudos e, para isso, aprenderá o que é uma unidade
de leitura e como fazer a análise textual, temática e interpretativa do
texto. Também estudará sobre o processo de problematização e síntese
pessoal que faz parte da leitura analítica. Finalmente, aprenderá sobre
os aspectos da leitura proveitosa e sobre a importância da leitura no
desenvolvimento intelectual e acadêmico do aluno de graduação.

Veja alguns temas de estudo deste material:

1. Identificação dos principais instrumentos bibliográficos para


a aprendizagem acadêmica;
2. Reconhecimento da importância do cronograma na
disciplina de estudos;
3. Reconhecimento da importância da leitura analítica como
método de estudo;
4. Compreensão do processo de análise textual,
problematização de ideias e síntese pessoal.

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1.1 Autonomia Discente e Instrumentos Bibliográficos

No ensino superior, espera-se que você adquira hábitos de


estudo que permitam uma autoatividade didática, ou seja, que possa
aprender de forma independente, complementando as instruções
oferecidas pelos seus professores com pesquisas a várias fontes
bibliográficas. Logo, o resultado do seu trabalho dependerá, em grande
parte, do seu próprio esforço, ou seja, da sua autonomia como aprendiz,
que é a “habilidade em assumir o controle sobre a própria aprendizagem
a fim de maximizar todo o seu potencial” (Wisniewska, 1998).

O sucesso dos estudos dependerá da sua habilidade em


conhecer e dominar os instrumentos do trabalho acadêmico, que são
essencialmente bibliográficos. Conheça alguns:

• Cada disciplina possui uma bibliografia básica e


complementar, na qual você tem acesso aos livros na
biblioteca da universidade (biblioteca física e, em alguns
casos, virtual). Esses livros da bibliografia são os “textos
básicos” (essenciais) da disciplina;
• Manuais e apostilas com material introdutório ao seu
tema de estudo;
• http://www.scielo.br;
• Periódicos científicos, que são revistas nas quais são publicados
artigos resultantes de pesquisas científicas em determinada
área. Você pode ter acesso a várias revistas no Portal
SciELO, que é uma biblioteca eletrônica que disponibiliza,
gratuitamente, uma seleção de periódicos científicos brasileiros.
Acesse o SciELO e conheça as revistas dedicadas à sua área
(escolha entre as ferramentas de pesquisa).

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES), orgão vinculado ao Ministério da Educação
(MEC), também tem um portal específico de periódicos. Portal de
Periódico da Capes:

• Anais de eventos, ou seja, coleção de artigos que foram


apresentados em conferências e simpósios nacionais e

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internacionais. Frequentemente esses artigos estarão
disponíveis em meio impresso, CD-rom e, também, on-line;
• http://www.periodicos.capes.gov.br;
• Também é possível encontrar materiais bibliográficos
na internet. Sites como a Wikipédia são utilizados com
frequência para consultas rápidas e esclarecimentos.
Entretanto, você deve estar atento para a qualidade do
material disponibilizado na internet, pois nem sempre
as informações são confiáveis. No Google Acadêmico,
podem ser encontrados diversos artigos e textos
acadêmicos para pesquisa.

1.2 Técnicas de Estudo: Documentação e Instrumentos de Trabalho


Acadêmico

Durante sua rotina na universidade, podemos enumerar


alguns passos essenciais do processo de estudo.

Primeiro passo

O primeiro é o registro das experiências e aprendizagens


acadêmicas. Documentar significa registrar por escrito os eventos,
ideias e fatos aprendidos ou vivenciados. Isso exigirá que você “tome
notas” ou “faça apontamentos” durante as aulas, atividades científicas
e culturais. Essas anotações não precisam ser perfeitas ou refletir
o discurso de quem fala palavra por palavra. Devem, entretanto,
traduzir as ideias, tais como conteúdos conceituais e categorias
básicas. Você deve procurar registrar os elementos que compõem o
pensamento de quem expõe, selecionando expressões que o ajudarão
a reescrever a síntese das ideias numa etapa posterior.

Segundo passo

O segundo passo trata da recomposição dessas ideias


durante a rotina de estudos. Ou seja, num momento posterior
à aula ou evento, você deve recompor o texto anotado,
complementando-o com informações providas pelos instrumentos

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pessoais de pesquisa e obras de referência. Essas informações
podem, então, ser registradas na forma de fichamentos (como
veremos mais tarde).

Importante
Você não deve estar preocupado em decorar ou memorizar o
conteúdo. Durante a anotação, recomposição e fichamento
do texto, você está “tão somente pensando nas ideias que
está manipulando. Está pensando na medida que se esforça
para construir o sentido dos conceitos ou das ideias em jogo”
(Severino, 2002).

Estudar demanda uma criteriosa disciplina, especialmente para


alunos que, além de estudar, trabalham e têm um tempo restrito para as
atividades acadêmicas. Trata-se de organizar e aproveitar o tempo para
maximizar a aprendizagem. Veja algumas recomendações que o aluno
precisa seguir logo no início das aulas:

• Levantamento: fazer um levantamento do tempo


disponível;
• Disponibilidade: estabelecer um horário para o estudo de
acordo com as preferências pessoais e disponibilidade;
• Cronograma: definir um cronograma de estudos;
• Determinação: seguir o cronograma e cumprir o tempo
de estudo, iniciando sem rodeios para vencer a fase de
aquecimento e manter o ritmo;
• Intervalo: fazer intervalos de 30 minutos a cada duas
horas;
• Equilíbrio: aprender a considerar e equilibrar o tempo
de acordo com o grau de trabalho necessário para cada
disciplina.

Severino (2002) sugere o fluxograma visualizado na Figura 1,


para guiar a sua vida de estudos na universidade:

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AULA ESTUDO EM CASA AULA
Participação Revisão Preparação Participação

• Releitura e • Retomada e
• Exposição de
reestudo da esclarecimentos
segmentos da
documentação da de pontos da
matéria.
aula anterior. unidade anterior.
• Discussão ou
• Reorganização da • Exploração
debate de temas • Contato prévio
matéria exposta de segmentos
a partir de textos com nova unidade
ou debatida em programados.
com síntese. programada:
classe mediante • Discussão e
Determinação de roteiro, textos,
• DOCUMENTAÇÃO.
questionários. debates.
novas tarefas.
• Aprofundamento • Determinação de
de estudo novas tarefas.
mediante
exploração de
instrumentos
complementares.

Elaboração de tarefas específicas:


fichamentos, exercícios,
relatórios etc.

RECURSOS AOS INTRUMENTOS


COMPLEMENTARES

Figura 1: Fluxograma da vida de estudo. Fonte: Severino (2002, p.31)

Note, no fluxograma de Severino (2002), que a participação


nas aulas deve ser seguida por um momento de estudo individual.
Esse momento dedica-se à revisão da aula anterior e à preparação para
a aula seguinte. Você deve aproveitar esse tempo para reorganizar as
ideias já registradas em suas anotações, documentando-as através de
fichamentos, resumos e relatórios, os quais podem ser enriquecidos pela

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consulta a recursos bibliográficos. Para isso, é necessário que você tenha
um cronograma de estudos. Você já pensou nisso?

1.3 Unidade de Leitura e Análise Textual

Segundo Severino (2002), o primeiro passo para engajar-se


na leitura como processo de estudo é estabelecer o que chamamos de
“unidade de leitura”, ou seja, selecionar uma parte de texto que traz
uma unidade de sentido ou ideia para ser explorada durante uma sessão
de estudo.

• A unidade de leitura pode ser um artigo, um capítulo de


livro ou qualquer outra subdivisão;
• A definição da unidade de leitura cria limites e ajudará você
a realizar seu estudo por etapas;
• A intenção das unidades de leitura é dimensionar o tempo
e o esforço necessários para o estudo de um determinado
tema.

O processo de leitura é algo complexo, principalmente a


leitura realizada para fins acadêmicos. Esse processo complexo pode ser
chamado de leitura analítica e envolve quatro etapas: Análise textual;
Análise temática; Análise interpretativa; Problematização.

Na análise textual, você deve procurar construir uma


visão panorâmica das ideias apresentadas pelo autor. O objetivo é
compreender a intenção do texto e seus objetivos. Nesse momento,
você deve identificar, por exemplo, quem é o autor, qual é o tipo e a
qualidade da obra, assim como as informações que ainda desconhece.
Esta etapa pode dar origem a um esquema que visa auxiliar a
sistematização das ideias, dando suporte ao raciocínio.

1.4 Análise Temática, Análise Interpretativa e Problematização

O segundo passo no processo de leitura analítica, ainda


segundo Severino (2002), é a análise temática. O objetivo desta etapa

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seria compreender a mensagem global apresentada na unidade de
leitura. Neste momento, buscar-se-ia saber, por exemplo:

• Do que fala o texto? O que podemos apreender pelo título?


• O que o autor fala sobre o tema? Como responder à
questão levantada?
• Como o autor demonstra sua tese? Como comprova
sua posição básica? Qual é seu raciocínio, ou seja, sua
argumentação?
• Qual a problematização do tema, ou seja, que problema o
autor busca responder?
• Qual é a ideia-mestre apresentada no texto, ou seja, qual é a
tese do autor?

O terceiro passo no processo de leitura analítica é a análise


interpretativa. Vejamos como ela deve ser:

Ideias: nesta etapa, você deve concentrar-se na interpretação


das ideias do autor;

Examinar: é o momento em que você se posiciona, examina


o que é dito nas entrelinhas, analisa a qualidade do conteúdo e das
argumentações e contra-argumenta, ou seja, estabelece um diálogo com
a obra;

Situar: o exercício de examinar requer que você, em primeiro


lugar, situe “o texto no contexto da vida e da obra do autor, assim como
no contexto da cultura de sua especialidade, tanto do ponto de vista
histórico como do ponto de vista teórico” (Severino, 2002);

Articular: examinar um texto requer que os pressupostos


filosóficos do autor sejam identificados e articulados com outras ideias
relacionadas à temática em estudo. Por exemplo, você deve identificar os
pressupostos que orientam as argumentações do texto, aproximando-as
de outras argumentações semelhantes;

Critérios: você deve engajar-se em um processo de interpretação


crítica, analisando o texto de acordo com os seguintes critérios:

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• Coerência interna da argumentação;
• Validade dos argumentos empregados;
• Originalidade do tratamento dado ao problema;
• Profundidade de análise do tema;
• Alcance de suas conclusões e consequências;
• apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas
(Severino, 2002).

Após a interpretação crítica, o quarto passo no processo


de leitura analítica é a problematização do texto, ou seja, a
discussão da argumentação geral apresentada pelo autor, tanto
aquelas explícitas, claramente apresentadas, como aquelas
implícitas, que não foram diretamente trabalhadas ou carecem
de mais explicações. O objetivo é que você questione o que o
autor propõe, assim como os pressupostos e a forma como tais
proposições são apresentadas.

O processo de leitura analítica, como método de estudo,


exige que a leitura seja proveitosa, ou seja, que você possa obter
resultados satisfatórios na aprendizagem e desenvolvimento
intelectual. Veja o que uma leitura proveitosa exige, segundo
Marconi e Lakatos (2009):

• Atenção e dedicação da mente para o entendimento e


apreensão dos conteúdos;
• Intenção, interesse em aprender o que está sendo lido;
• Reflexão sobre o texto que se lê;
• Espírito crítico, que orienta a avaliação e julgamento
das ideias lidas;
• Análise, ou seja, divisão do texto em partes para
compreender suas características específica e conexões;
• Síntese, reconstituição das partes através da
reconstrução da argumentação central do texto.

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Síntese
Neste unidade vimos o quanto é importante que o aluno
desenvolva sua autonomia intelectual no meio acadêmico. Aprendemos
que o sucesso dos estudos na universidade dependerá do domínio
dos instrumentos de trabalho acadêmico, tais como livros, manuais e
apostilas, periódicos científicos, anais de eventos e também a própria
internet. Destacamos que um dos primeiros passos do trabalho
acadêmico é o registro por escrito dos eventos, ideias e fatos aprendidos
durante as aulas através de “notas” ou “apontamentos”. Posteriormente,
essas notas devem ser transformadas em um texto síntese (como um
fichamento), enriquecido com informações adquiridas em recursos ou
instrumentos bibliográficos.

Observamos que a aprendizagem acadêmica demanda uma


disciplina de estudos e uma criteriosa organização do tempo, que deve
ser definida através de um cronograma e, ainda, aprendemos que a
leitura acadêmica diferencia-se dos outros tipos de leitura devido à sua
contribuição para a obtenção de informações, sistematização de ideias e
desenvolvimento do pensamento crítico.

Vimos que a leitura acadêmica tem um caráter analítico


e deve iniciar através da definição de unidades de leitura. Em
seguida, utilizando as orientações de Severino (2002), aprendemos
que a leitura como método de estudo abrange: a análise textual do
material para compreender a intenção do texto e seus objetivos;
a análise temática do texto para compreender a mensagem global
apresentada na unidade de leitura; a análise interpretativa,
engajando-se na contextualização e interpretação crítica das ideias do

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autor; a problematização das proposições apresentadas; e, finalmente
a síntese pessoal, que é a reelaboração da mensagem do autor de
acordo com suas próprias análises.

Por fim, vimos sobre os aspectos de uma leitura proveitosa,


ressaltando a importância da leitura como método de estudo no
desenvolvimento acadêmico e pessoal do aluno de graduação.
Leitura Complementar
A fim de complementar os conhecimentos adquiridos nesta
unidade, faça a seguinte leitura:

OLIVEIRA, Gian Márcio Paiva; ARAÚJO, Ana Cristina;


NASCIMENTO, José Mancinelli. O ato de estudar na vida
acadêmica. Disponível em: http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/
iniciacao/documentos/anais/4.EDUCACAO/4CFTDCSAMT01.pdf

Leia também uma matéria publicada na Revista


Superinteressante.

CARDIN, Itamar. Como estudar sozinho em casa. Revista


Superinteressante. Disponível em: http://super.abril. com.br/
cotidiano/como-estudar-sozinho-casa-681879.shtml

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Referências Bibliográficas
BRANDÃO, Zaia et al. Universidade e educação. Campinas: Papiros,
1992.

FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino Português. 3. ed. Brasília:


Ministério da Educação e da Cultura, Campanha Nacional de Material
de Ensino, 1962.

HASKINS, Charles Homer. The rise of universities. New York: H.


Holt and Co., 2004.

JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de


Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnica de


pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientifico. 22 ed. São


Paulo: Cortez, 2002.

WISNIEWSKA, I. Designing materials for teacher autonomy. Forum,


v.36, n.2, p.24. 1998.

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