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Tudo sobre a Redação do Enem

Por Talissa Cardoso, psicóloga.

SUMÁRIO
1. Porque a redação do Enem é importante?
2. Quais as competências avaliadas na Redação do Enem?
3. Estrutura do texto dissertativo argumentativo
4. O que pode zerar a prova?
5. Quais as dicas para fazer a redação?
6. Como escrever a introdução?
7. Como escrever o desenvolvimento?
8. Como escrever a conclusão?
9. Dicas para o dia da prova
10. Modelos de redação nota mil
11. Vídeos complementares

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Introdução

Quando o assunto é redação do Enem, muitos estudantes já ficam preocupados só de


pensar no trabalho e na dificuldade em elaborar um bom texto para conseguir uma nota
satisfatória. Afinal, a redação é muito importante para compor a nota final no Enem.

Grande parte das faculdades e universidades desconsideram o candidato que zera a


redação ou que recebe uma pontuação inferior ao esperado. Por isso, sua preocupação é
válida e a redação do Enem deve estar na sua grade de estudos, assim como qualquer
outra disciplina.

Vamos juntos aprender sobre a Redação do Enem?


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1. Porque a redação do Enem é importante?


Afinal, porque a redação do Enem é importante?

Se pensarmos apenas em uma média simples da sua pontuação, a redação já equivale a


20% da sua nota no Enem. Esse tipo de cálculo é usado no Programa Universidade Para
Todos (ProUni), no Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e em alguns dos cursos
ofertados por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Porém, em determinadas universidades públicas que fazem o processo seletivo de


estudantes pelo Sisu, o peso da redação pode ser ainda maior, sendo fundamental para a
entrada em alguns cursos.

Então, não deixe a redação de lado! Nada de confiar na sorte para escrever, hein? Assim
como recomendamos para as provas objetivas, é fundamental separar um tempo em sua
rotina de estudos para a redação do Enem. Vamos juntos aprender mais sobre essa prova.

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2. Quais as competências avaliadas na Redação do Enem?

O candidato deve seguir alguns critérios avaliados pelos organizadores da prova. O Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que realiza o exame,
preparou uma cartilha com as principais dicas aos candidatos.

Conheça as cinco competências cobradas pelo Inep na redação:

1. Domínio da escrita formal da língua portuguesa

É avaliado se a redação do participante está adequada às regras de ortografia, como


acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e
separação silábica. Ainda são analisadas a regência verbal e nominal, concordância verbal
e nominal, pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase.

São seis níveis de desempenho:


2. Compreender o tema e não fugir do que é proposto

Avalia as habilidades integradas de leitura e de escrita do candidato. O tema constitui o


núcleo das ideias sobre as quais a redação deve ser organizada e é caracterizado por ser
uma delimitação de um assunto mais abrangente.

Eis os seis níveis de desempenho:

3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e


argumentos em defesa de um ponto de vista
O candidato precisa elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser
defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da
proposta da redação. Trata da coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas
no texto, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de
um projeto de texto.

Eis os seis níveis de desempenho:

4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da


argumentação

São avaliados itens relacionados à estruturação lógica e formal entre as partes da redação.
A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma
relação que garanta uma sequência coerente do texto e a interdependência entre as ideias.

Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do


texto porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Cada
parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados. Cada ideia nova
precisa estabelecer relação com as anteriores.

Abaixo, seguem os seis níveis de desempenho:


5. Respeito aos direitos humanos

Apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos
humanos. Propor uma intervenção para o problema apresentado pelo tema significa sugerir
uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma
proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o
candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania, para atuar na realidade em
consonância com os direitos humanos.

Eis os seis níveis de desempenho:

Ou seja, em resumo, são estas cinco competências:


- Domínio da norma-padrão da língua escrita;
- Compreensão do tema;
- Organização das informações e argumentos;
- Correta aplicação da lógica;
- Apresentar uma proposta de intervenção para o problema que respeite os direitos
humanos.
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3. Estrutura do texto dissertativo argumentativo


A redação do Enem é feita na estrutura de texto dissertativo argumentativo. Você sabe
como é esta estrutura? Segue abaixo algumas dicas a respeito para você aprender de vez a
escrever a redação para o Enem.

3.1. O que é dissertação argumentativa?

A dissertação argumentativa é um tipo de texto muito presente nas redações de concursos


e vestibulares. Um dos motivos é porque, além da capacidade de avaliar a linguagem e a
forma como o candidato organiza suas ideias, é possível saber se ele possui senso crítico
e habilidade de argumentação.

O gênero dissertativo tem como objetivo expor acontecimentos e debater o tema. Na sua
redação, você pode simplesmente abordar um assunto e apresentar para o leitor ou você
pode ir além, defendendo um ponto de vista e tentando convencê-lo de seu
posicionamento.

IMPORTANTE:

Para o Enem, você deve escrever no mínimo de 7 linhas e máximo de 30.

3.2. Estrutura do texto dissertativo argumentativo

Uma redação dissertativa argumentativa deve ser dividida em três partes:

● Introdução: Parte do texto em que você vai apresentar o tema a ser discutido. O
ideal nessa parte é não escrever muito, uma vez que, o objetivo aqui é fazer
somente uma abertura do texto, expor o problema e preparar o leitor sobre o
que está por vir no seu texto.
● Desenvolvimento: Parte da redação em que será preciso trazer elementos que
enriqueçam a discussão, como argumentos, exemplos concretos, dados
estatísticos que comprovem a sua ideia, mas sempre de maneira muito clara,
objetiva, coerente e coesa.
● Conclusão: Parte do texto em que você fará o desfecho – pode ser a partir de um
resumo de ideias discutidas ou com a apresentação de medidas a serem
adotadas em relação ao tema.

3.2. Tipos de dissertação

Existem dois tipos de dissertação:

● Dissertação expositiva – Expõe um tema que estão na mídia, jornais, revistas que
já é de conhecimento das pessoas, e por isso, são fatos inquestionáveis e sem
necessidade de criar um debate em cima disso. O objetivo é expor o texto para o
leitor com o objetivo de que ele reflita e encontre sua conclusão;
● Dissertação argumentativa – Nela, você apresenta sua opinião sobre o tema e
defende um ponto de vista a partir de argumentos com exemplos concretos.

Neste segundo caso, você vai tentar convencer o leitor de que a sua conclusão faz muito
sentido. Quem estiver lendo o texto não precisa necessariamente concordar com o que
você disse, mas tem que sair da leitura com a sensação de que tudo está muito bem
fundamentado.

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4. O que pode zerar a prova?


4.1. O que não fazer em uma redação dissertativa argumentativa?
Existem alguns detalhes que não são muito aconselhados na dissertação argumentativa.

1. Não escreva sua redação em primeira pessoa


Ou seja, não estabeleça diálogo com o leitor de forma direta. Sabe aquelas frases “Eu
acho que”, “Eu acredito que”, entre muitas outras? Não coloque isso na sua redação!
Existe uma diferença muito grande entre artigo opinativo (quando o foco é a sua opinião) e
dissertações argumentativas (que o foco é a construção da linha de raciocínio e defesa
daquele ponto de vista).
Os examinadores esperam que sua linguagem seja muito clara, coesa, coerente e
objetiva.

2. Evite gírias
Nós usamos gírias quase o tempo todo quando estamos com os amigos ou em uma
conversa mais informal, não é verdade? Mas quando pensamos na redação do Enem, não
deve nem passar pela cabeça escrever gírias no texto.
O coloquialismo não é bem visto pela banca examinadora e isso pode tirar muitos pontos da
sua redação. O uso de gírias na redação pode remeter ao corretor que você não conseguiu
entender o tema proposto ou que há falta de repertório na sua escrita.
Exemplos de gírias comuns que devem ser evitadas na redação:
● “Pra”, abreviação de “para”;
● “Colocar a mão na massa”;
● “Baixar a bola”;
● “Entraram na onda”;
● “Se deixar levar”.

3. Não Copie trechos do texto de apoio


Retirar trechos do texto de apoio e colocar na redação também não é uma boa ideia, uma
vez que, isso será considerado como paráfrase e, consequentemente, desconsiderado da
redação.
Portanto, é indicado que o aluno construa suas próprias ideias e argumentos baseando-se
no texto de apoio, mas que toda sua argumentação seja autêntica.

4. Não desrespeite os Direitos Humanos


Em 2018 a Justiça Federal retirou um dos itens do edital do Enem que zerava a nota do
aluno: desrespeitar os direitos humanos.
Apesar da decisão, a competência 5 exigida na redação não foi modificada. Sendo assim, é
necessário que o aluno crie uma proposta de intervenção e que respeite os direitos
humanos. Caso contrário, irá perder alguns pontos, mas a nota não será zerada.

5. Evite ser Radical


Quando você for defender o seu ponto de vista, evite o radicalismo usando expressões
como “nunca”, “jamais”, “sempre”. Isso transparece uma ideia de que você queira
convencer o leitor de uma forma forçada.
O que a banca examinadora espera é que você defenda seu ponto de vista de maneira
clara, de forma racional e respeitosa. Por isso é tão importante que o radicalismo seja
evitado durante a redação.

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5. Quais as dicas para fazer a redação?


Para escrever um texto dissertativo argumentativo, você vai apresentar o tema e logo trazer
seu ponto de vista sobre ele. Veja o passo a passo a seguir:

Passo 1: informe ao leitor qual é o tema da sua redação. Faça isso da forma mais clara
possível em sua introdução.

Passo 2: logo depois, defina qual é seu posicionamento e coloque-o ainda no primeiro
parágrafo – essas informações devem estar presentes no início do texto.

Passo 3: durante os parágrafos de desenvolvimento, você vai defender o seu


posicionamento diante desse tema, apresentando as razões para pensar dessa maneira.
Percebeu que não é só jogar todos os argumentos? Você precisa amarrar e explicar tudo
para que o leitor concorde com você e fique convencido.

Passo 4: após apresentar os argumentos, é hora de usar exemplos concretos para


evidenciar as questões levantadas. Recorra a dados estatísticos e casos veiculados pela
mídia para exemplificar.

Passo 5: você tem duas opções para fazer a conclusão:

● Você pode apresentar uma solução ao problema, chamado de proposta de


intervenção;
● Você pode reforçar o ponto de vista apresentado na introdução (sua tese), dando
força mais uma vez para seu posicionamento.

Talissa, dá para repetir?! Em resumo, é isso aqui:

O objetivo da redação é você dissertar sobre um problema brasileiro e mostrar como


resolver a questão proposta no tema.
Você deve estar pensando, “Ok, mas como eu chego nisso?”. O caminho é simples. Você
precisa responder a listinha abaixo:

1. Apresentar o problema (introdução);


2. Provar que o problema existe (tese);
3. Mostrar que é uma situação problemática (argumentação);
4. Resolver o problema (proposta de intervenção).

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(Mapa mental sobre a Redação do Enem, fonte: Descomplica)


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6. Como escrever a introdução?


No Enem a introdução não pode ter menos de 2 linhas. Introduções com 2 linhas ou
menos não se desenvolveram o suficiente.

Uma introdução ideal para a redação Enem costuma ter as seguintes características:
● Menciona o tema central;
● Avisa o leitor de que algumas soluções serão dadas no texto;
● Comenta brevemente a gravidade do problema em questão.
6.1. Formas de introduzir o texto
1. Contexto histórico-social
Funciona assim: o tema, naturalmente, se enquadra em algum contexto histórico ou social,
e mencionar esse contexto vai ajudar o leitor a captar sua mensagem. E sabemos que nada
melhor que ajudar o corretor a acompanhar seu raciocínio desde o começo.

“No século XXI, um fenômeno populacional é evidente no Brasil: a chegada de grandes


contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesenvolvidos latinoamericanos.
No entanto, as condições precárias de vida dessas pessoas são desafios ao governo e à
sociedade brasileira para a plena adaptação de todos os cidadãos à nova realidade.”

2. Interrogação
Nesse formato, você busca iniciar seu texto gerando curiosidade no leitor. Você pode
transformar simples frases em perguntas, de um jeito fácil. Apenas vale lembrar que, toda
pergunta que você insere em seu texto, você deverá ao longo dele, respondê-la.
“O que explicaria um aumento de 230% no período de 1980 a 2010 no feminicídio no
Brasil? Há hipóteses sendo discutidas, felizmente, em grupos políticos e na mídia.
Adiantamos que essa problemática persiste por raízes históricas e ideológicas, que
detalharemos a seguir.”

3. Citação
Viu algo em um livro e achou interessante? Você pode inserir na introdução da sua redação,
contanto que esteja 100% relacionada com o que você irá falar ao longo da redação!

“Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia
à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais,
vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica
continua válida nos dias atuais, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros
que não possuem registro civil de nascimento. É fundamental discutir o principal entrave
que impede que tantas pessoas não se registrem.”

4. Crítica
Criticar costuma ser fácil, ainda mais quando se trata de um problema social, como é o
caso das redações do Enem. Lembre-se apenas de não ser radical.

“A globalização levou ao consumismo, que por sua vez atingiu em cheio as crianças,
fascinadas pela multiplicidade de itens disponíveis e deseducadas em famílias que não
sabem os riscos a que estão submetidas. A regulamentação da publicidade infantil
constitui, assim, um fator imprescindível, visando à preservação da integridade mental
desse público.”

5. Exemplo
Neste caso, você inicia seu texto de cara com um exemplo, buscando a atenção do leitor.
Veja o exemplo:

“130 mortes violentas por dia, 30% da população ganhando menos de 500 reais por mês.
Mesmo diante dessa triste realidade do Brasil, boa parte parece não se constranger,
preferindo fingir que nada está ocorrendo. É preciso que a sociedade se posicione frente
à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores humanos e, assim, evitar o
pior.”

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7. Como escrever o desenvolvimento?

Antes de começar a escrever o desenvolvimento de uma redação, é importante ter


estabelecido a tese ou objetivo do texto na introdução. A tese é a ideia central que você
pretende defender ao longo da redação. É a partir dela que você vai formular as ideias que
vai defender em cada parágrafo do desenvolvimento.

Normalmente, o desenvolvimento é composto por 2 parágrafos. É nessa etapa que você


deve apresentar os argumentos que defendem a sua tese. Aqui, você pode trabalhar
diversos tipos de argumentos: exemplos, causas e efeitos, evolução histórica etc.
É importante que você desenvolva bem esses argumentos, e não apenas jogue as
informações em seu texto. Uma boa dica para essa etapa da redação é usar um parágrafo
para cada argumento.

Lembre-se de escolher argumentos sobre os quais você tenha domínio, para que consiga
trabalhá-los bem e mostrar como eles defendem a sua tese. Esse é o momento de mostrar
o seu conhecimento sobre o assunto para o corretor.
7.1. Eis abaixo algumas formas para dar continuidade ao texto

Depois de estabelecidos os objetivos dos parágrafos, você vai precisar de 4 elementos para
construir cada um dos seus parágrafos de desenvolvimento: afirmação, explicação,
exemplificação e conclusão.

Afirmação ou tópico frasal


O primeiro elemento do parágrafo deve ser um tópico frasal. Isso significa que é preciso
iniciar o parágrafo de desenvolvimento com uma afirmação do que você se propõe a fazer
como objetivo do parágrafo. Por exemplo: “O acesso das crianças à internet e às redes
sociais ocorre de maneira cada vez mais precoce”.
Explicação
Em seguida, você vai explicar a afirmação. Ou seja, vai explicar porque as crianças estão
entrando em redes sociais cada vez mais cedo. Você poderia escrever, por exemplo, que a
popularização do acesso à internet por meio de smartphones contribuiu para a introdução
das crianças no mundo digital. Para corroborar sua explicação, poderia utilizar dados
estatísticos, por exemplo.

Exemplificação
Também é importante dar exemplos para enriquecer a sua argumentação. É nesse
momento que você deve utilizar o seu repertório sociocultural, citando uma atualidade, um
livro, um filme, uma fala de alguém, um estudo, uma música, etc.

Conclusão
Por fim, é importante concluir o parágrafo e mostrar como a explicação e os exemplos
fizeram você encontrar o seu objetivo. No nosso exemplo, a conclusão deveria mostrar
como a explicação e os exemplos mostraram que a presença de crianças nas redes sociais
está crescendo.

Exemplo de parágrafo de desenvolvimento

Em seguida, veja o exemplo de um parágrafo de desenvolvimento de uma redação que


obteve nota mil no Enem de 2018. O tema era “Manipulação do comportamento do
usuário pelo controle de dados na internet“.

“Primeiramente, vale ressaltar o efeito que a falta de informação possui na manipulação


das pessoas. Consoante à Teoria do Habitus elaborada pelo sociólogo francês Pierre
Bourdieu, a sociedade possui padrões que são impostos, naturalizados e, posteriormente,
reproduzidos pelos indivíduos. Nessa perspectiva, a possibilidade da coleta de dados
virtuais, como sites visitados e produtos pesquisados, por grandes empresas ocasiona a
divulgação de propagandas específicas com o fito de induzir a efetivação da compra da
mercadoria anunciada ou estimular um estilo de vida. Assim, o desconhecimento dessa
realidade permite a construção de uma ilusão de liberdade de escolha que favorece
unicamente as empresas. Dessa forma, medidas são necessárias para alterar a
reprodução, prevista por Bourdieu, dessas estratégias comerciais que afetam
negativamente inúmeros indivíduos”.
No exemplo acima, note que:
Afirmação: Primeiramente, vale ressaltar o efeito que a falta de informação possui na
manipulação das pessoas.
Explicação: Nessa perspectiva, a possibilidade da coleta de dados virtuais, como sites
visitados e produtos pesquisados, por grandes empresas ocasiona a divulgação de
propagandas específicas com o fito de induzir a efetivação da compra da mercadoria
anunciada ou estimular um estilo de vida. Assim, o desconhecimento dessa realidade
permite a construção de uma ilusão de liberdade de escolha que favorece unicamente as
empresas.
Exemplificação: Consoante à Teoria do Habitus elaborada pelo sociólogo francês Pierre
Bourdieu, a sociedade possui padrões que são impostos, naturalizados e, posteriormente,
reproduzidos pelos indivíduos
Conclusão: Dessa forma, medidas são necessárias para alterar a reprodução, prevista por
Bourdieu, dessas estratégias comerciais que afetam negativamente inúmeros indivíduos

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8. Como escrever a conclusão?

Você deve sempre lembrar que, na estrutura de uma redação, a conclusão tem função de
retomada. A ideia de concluir tem a ver com relembrar o seu leitor a respeito do que você
tratou no decorrer do texto. Sendo assim, você deve retomar o que escreveu nos parágrafos
de desenvolvimento de uma maneira bastante resumida. Não é o momento de expor ideias
novas.

Apesar disso, a conclusão de uma redação não pode ser somente sobre o que você já
escreveu. Ela precisa de algo a mais. No Enem, esse “algo a mais” é a proposta de
intervenção. Por isso, vamos dedicar uma parte desta aula para te ensinar como fazer a
conclusão do Enem com proposta de intervenção.

Lembrando que você não precisa, necessariamente, seguir este modelo para obter nota mil.
Existem outras formas de concluir sua redação do Enem. A ideia aqui é fornecer uma regra
que você pode usar sem medo de errar.

Essa regra se divide em três partes: uso de conectivo de conclusão, retomada do objetivo e
proposta de intervenção.

1- Use um conectivo para conclusão


Primeiramente, você deve lembrar que o parágrafo de conclusão sempre deve iniciar com
um conectivo. Você pode usar “portanto” ou “dessa forma”, por exemplo. Abaixo você pode
conferir uma lista de conectivos para iniciar a primeira frase da sua conclusão.
● por isso ● em conclusão ● resumidament
● assim ● para terminar e
● assim sendo ● em síntese ● diante disso
● então ● em resumo ● desse modo
● logo ● por último ● dessa forma
● enfim ● em suma ● dessa maneira
● portanto ● por fim ● destarte
● dessarte

2- Retomada do objetivo

Depois de usar o conectivo, você deve retomar os objetivos da sua redação. É importante
que, antes de começar a escrever, você defina o objetivo do seu texto. Além disso, cada
parágrafo de desenvolvimento também deve ter um objetivo.

Portanto, você deve se lembrar do objetivo do seu primeiro parágrafo de desenvolvimento e


depois o objetivo do segundo. Caso você tenha escrito três parágrafos de desenvolvimento,
retome o argumento do terceiro também.

3- Proposta de intervenção

Se você já fez o Enem ou já viu uma proposta de redação do exame, deve lembrar que logo
depois do tema é requisitado que o candidato elabore uma proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Esse é um trecho muito importante da proposta de redação e
que não deve ser ignorado. Só a proposta de intervenção já vale 200 pontos da nota da sua
redação.

Os corretores da redação não esperam que durante o tempo de prova você encontre uma
solução para o problema tematizado. Eles somente esperam que você exponha alguma
ação que ajude no enfrentamento do problema. Não precisa ser nada inédito, só precisa ser
uma intervenção bem estruturada.

Mas, como fazer uma proposta de intervenção correta e completa? Ela precisa ter 5
elementos:

1. Ação (o que?)
2. Agente (quem?)
3. Efeito (para quê?)
4. Modo (como?)
5. Detalhamento (explicação e exemplos)

Portanto, não é suficiente citar uma intervenção de maneira genérica, sem explicar quem
seria o responsável ou de que forma seria colocada em prática.

Exemplo de proposta de intervenção

“Por isso, para combater tal manipulação, é necessário que o Ministério da Educação,
com o auxílio de escolas, promova saraus e campanhas, em diversas mídias de massa
que mostrem a importância dos jovens buscarem fontes variadas de informação, por meio
de incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis, com a finalidade de criar uma
população com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, barrando-as e,
consequentemente, beneficiando o regime democrático”.

Veja os cinco elementos presentes no exemplo:

● Ação: “promova saraus e campanhas”.


● Agente: “Ministério da Educação, com o auxílio de escolas”.
● Efeito: “para combater tal manipulação”, “com a finalidade de criar uma população
com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, barrando-as e,
consequentemente, beneficiando o regime democrático”.
● Modo: “por meio de incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis”.
● Detalhamento: “em diversas mídias de massa que mostrem a importância dos
jovens buscarem fontes variadas de informação”.

9. Dicas para o dia da prova

9.1. Dicas antes da prova

1. Esteja atento aos temas atuais, assim será fácil argumentar na hora da prova;

2. Treine a grafia, pois a dificuldade de leitura do texto pode influencia na avaliação do


corretor;
3. Leia as propostas de redação de edições anteriores do Enem e exercite a interpretação
de texto;

4. É essencial que o candidato estude ortografia e gramática. Erros com concordância,


pontuação, acentuação, flexão e outros não passam despercebidos durante a correção da
prova.

5. Treine redação e faça correções. No Banco de Redações você pode enviar uma
redação por mês, para que seja corrigida gratuitamente.

9.2. Dicas na hora da prova

1. Comece pela leitura da coletânea. Se for um tema considerado fácil, inicie as provas
fazendo a redação. Caso o tema não seja tão fácil, tente responder as outras questões, pois
a prova de Linguagens e Códigos pode te ajudar a argumentar na redação;

2. Organize o tempo! Seja no começo ou no final das provas, não faça a redação em um
curto espaço de tempo, é preciso ser disciplinado para não ter um texto sem qualidade ou
deixar outras questões da prova sem responder;

3. Cuidado com a argumentação, a ampliação de ideias pode levar ao distanciamento ou


até mesmo à fuga do tema;

4. Fazer uma boa proposta de intervenção social. Explicar alguns pontos é essencial
como: quem vai fazer o quê; como vai fazer; e quem será responsabilizado pela solução
proposta para o problema;

5. Realizar uma revisão minuciosa no rascunho antes de passar para a folha definitiva.

10. Modelos de redação nota mil


1. Enem 2021 – Maitê Maria (PB)
“No célebre texto “As Cidadanias Mutiladas”, o geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que
a democracia só é efetiva à medida que atinge a totalidade do corpo social, isto é, quando
os direitos são desfrutados por todos os cidadãos. Todavia, no contexto hodierno, a
invisibilidade intrínseca à falta de documentação pessoal distancia os brasileiros dos
direitos constitucionalmente garantidos. Nesse cenário, a garantia de acesso à cidadania no
Brasil tem como estorvos a burocratização do processo de retirada do registro civil, bem
como a indiferença da sociedade diante dessa problemática.

Nessa perspectiva, é importante analisar que as dificuldades relativas à retirada de


documentos pessoais comprometem o acesso à cidadania no Brasil. Nesse sentido, ainda
que a gratuidade do registro de nascimento seja assegurada pela lei de número 9.534 da
Carta Magna, os problemas associados à documentação civil ultrapassam a esfera
financeira, haja vista que a demanda por registros civis é incompatível com a
disponibilidade de vagas ofertadas pelos órgãos responsáveis, o que torna o processo lento
e burocrático. Sob tal óptica, a realidade brasileira pode ser sintetizada pelo pensamento do
sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual afirma que a “violência simbólica” se expressa
quando uma determinada parcela da população não usufrui dos mesmos direitos, fato
semelhante à falta de acesso à cidadania relacionada aos imbróglios da retirada de
documentos de identificação no País.

Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a
invisibilidade intrínseca à falta de documentação. Fica claro, pois, que a indiferença da
sociedade diante da importância de assegurar o acesso aos registros civis para todos os
indivíduos silencia a temática na conjuntura social, o que compromete a cidadania de
muitos brasileiros, haja vista que a posse de documentos pessoais se faz obrigatória para
acessar os benefícios sociais oferecidos pelo Estado. Sob esse viés, é lícito referenciar o
pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual, na obra “21 Lições para o Século
XXI”, afirma que grande parte dos indivíduos não é capaz de perceber os reais problemas
do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática.

Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério da Cidadania, como importante


autoridade na garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros, facilitar o processo de retirada
de documentos pessoais no Brasil. Tal medida deve ser realizada a partir do aumento de
vagas ofertadas diariamente nos principais centros responsáveis pelos registros civis, além
do estabelecimento de um maior número de funcionários, a fim de tornar o procedimento
mais dinâmico e acessível, bem como garantir o acesso à cidadania aos brasileiros.
Ademais, fica a cargo do Ministério das Comunicações estimular o engajamento social por
meio de propagandas televisivas e nas redes sociais, com o fito de dar visibilidade à
temática e assim assegurar os direitos dos cidadãos.”

2. Enem 2021 – Redação nota 1000


Fernanda Quaresma (PE)
“Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família
vivem uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista
não recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”,
recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção,
sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada
ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de
registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível compreender
os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.

Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta
de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo
historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é
necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se
que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito
devido à falta do registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja
alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais
velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser
invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a
dignidade de um cidadão.

Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete,


também, na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre,
pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a
Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma
“Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social
e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não
tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com
situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas
discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não
tiverem sua identificação oficial.

Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro
está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema.
Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação
deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade
Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas,
divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro
oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de
mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os
meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do
seu nome e identidade.”

3. Redação nota 1000 – Enem 2021


Giovana Dias (PE)
“Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à
condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis
socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua
válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a
partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que
os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse
do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas
pessoas não se registrem.

Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da


cidadania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento.
Tal situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a
população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao
máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar
com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim
como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis,
resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a
posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de
âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada
como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.

Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não
se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população
apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista
José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a
população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um
pensamento crítico e é idealizada para ser explorada.

Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não
conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de
registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade,
observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo,
segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma
nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a condições de
precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no
país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de
nascimento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação
reforce políticas de instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer
por meio da criação de um Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas
escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância do
documento de registro civil para a preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto
extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar
brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária
cidadania e desigualdade.”

11. Vídeos para complementar

COMO ESCREVER A REDAÇÃO PERFEITA NO ENEM? | QUER QUE DESENHE? |


DESCOMPLICA
https://www.youtube.com/watch?v=kx_r8NXD6GA

10 COISAS PARA FAZER E AUMENTAR SUA NOTA NA REDAÇÃO DE 480 PARA 980 |
PLANTÃO
https://www.youtube.com/watch?v=VFNA-7QHtXI

AO VIVO | PASSO A PASSO PARA MONTAR UMA REDAÇÃO NOTA 1000 |


DESCOMPLICA
https://www.youtube.com/watch?v=uHCpXamtrNI

5 TÉCNICAS PRONTAS DE INTRODUÇÃO DA REDAÇÃO - Aula 7 - Profa. Pamba -


Redação
https://www.youtube.com/watch?v=gkxwPqt-Hrk
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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

https://blog.imaginie.com.br/redacao-enem/
http://portal.mec.gov.br/
https://www.stoodi.com.br/blog/portugues/redacao-o-que-e-dissertacao/
https://guiadoestudante.abril.com.br/
https://blogdoenem.com.br/redacao-enem-como-fazer-dissertacao-2/
https://blogdoenem.com.br/redacao-conclusao-enem-vestibular/

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