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JACAREZINHO, PR
2008
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JACAREZINHO, PARANÁ
2008
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SUMÁRIO
1. Apresentação..................................................................................................5
8. Considerações Finais....................................................................................33
9. Referências...................................................................................................34
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1. APRESENTAÇÃO
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1 Tratamos aqui daqueles professores não concursados e que são contratados temporariamente, à medida que
não há professores efetivos suficientes para atender a demanda das escolas. Assim, é utilizada para estabelecer
tal vínculo temporário a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
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REFERÊNCIAS
BENCOSTTA, Marcus Levy Albino. Culturas escolares, saberes e práticas
educativas: itinerários históricos. São Paulo: Cortez, 2007.
A hora atividade como está posta hoje nas escolas, tem causado certo
conflito entre professores e o que determina a Lei Complementar nº 101, de
14/07/2003, art. 5º, inciso II, de que a mesma deverá ser cumprida no
Estabelecimento de Ensino.
É sabido que para o professor desenvolver seu plano de trabalho,
organizar atividades, faz-se necessário pelo menos um computador conectado à
Internet e uma impressora, e ainda um espaço silencioso, com um mínimo de
mobiliário adequado para a instalação destes equipamentos.
Como as escolas não têm disponíveis estes recursos, os professores
defendem que se não há um espaço próprio para a execução de suas tarefas
pedagógicas, então o trabalho poderia ser realizado em casa, ou em outro local que
oferecesse as condições mínimas necessárias ao desenvolvimento de suas
atividades fora da sala de aula.
O que se observa é que o professor cumpre horas (ociosas) na escola,
apenas para atender os ditames da lei, e acaba por levar trabalho para casa.
Desse modo, a hora-atividade tão preciosa, conquista árdua da categoria,
assume o caráter de hora-inatividade quando cumprida na escola. E o professor
permanece com sua jornada exaustiva de trabalho inalterada, pois além de cumpri-la
toda na escola, leva trabalho para casa como sempre o fez, aliás.
Apesar de vivenciar e reconhecer esta realidade, não se evidencia
nenhum esforço para mudar a situação, pois a equipe da direção, o núcleo e a
secretaria insistem no que determina a lei, ou seja, a hora atividade cumprida na
escola.
E mais, fortalecem esta imposição ao apelar para o “bom senso” do
professor, alegando que se a hora atividade não for cumprida como se estabelece
em lei, pode-se perdê-la em virtude do não cumprimento da mesma, pois realizá-la
em casa não confere à escola mecanismos de controle o que poderá implicar em
negligência pelo professor, como se isso fosse possível.
Uma análise mais elaborada desta situação poderá identificar que neste
discurso há uma espécie de ameaça velada “ou preserva-se a hora atividade
cumprindo-a na escola, ou pode-se perdê-la.”
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lhe é concedido um benefício, também lhe é negado. E ainda querem fazer crer ao
professor, que só há vantagens e nunca antes recebidas.
Ante ao que se expôs, há de se pensar em propostas sérias de formação
continuada, organizadas de forma a garantir ao professor, um espaço dentro da
própria escola e fora dela, para estudos e realizações de suas atividades
extraclasses.
De nada adianta uma equipe bem formada com princípios pedagógicos
fundamentados, apoiada em referências bibliográficas de alto nível, se tudo isso não
chegar ao professor e à sala de aula.
A escola transformadora precisa antes se transformar. E o professor é
elemento fundamental neste processo. Mas pra isso, o professor precisa ler, discutir
todo um referencial teórico disponível, mas que infelizmente não cabe no seu tempo,
ou pelo menos, ainda não cabe.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Égler. O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis,
RJ:Vozes, 2008
com tipos de escola diferentes. A Sala de Aula 1, refletia o ambiente fabril, por isso
mesmo foi chamada de “A Fábrica”. O texto mostra crianças do jardim sentadas em
carteiras enfileiradas, a professora em pé, à frente, impaciente Aponta o dedo para
uma das crianças, grita e de imediato exige repetição exaustiva da atividade
proposta. Os alunos têm que reproduzir, na íntegra, a fala do professor, recitando
em uníssono os números múltiplos que ela pretende ensinar. A Sala de Aula 2 é
chamada de “Cooperativa”. São vinte crianças de pré-escola sentadas em círculo,
sobre um tapete, junto com a professora. A partir de um problema real, o lanche que
não foi trazido por uma das mães que, por certo, estava incumbida disso, a
professora procura gerenciar o conflito, busca contribuição dos alunos e desenvolve
todo um conteúdo de matemática em cima disso, dividindo o único alimento que lhes
resta. A Sala de Aula 3 é chamada de “Professor Gerente”. Vinte crianças do pré-
escolar estão sentadas sobre um tapete em fileiras, olhando para a professora, que
está de pé à frente, junto ao quadro negro, falando em tom calmo, mas sério. A
professora direciona toda a aprendizagem, estabelecendo como, onde e quando se
deve fazer. Todo controle está centrado na figura dela que exige a mais absoluta
atenção dos alunos. “Ok, vamos voltar para nossas tabuletas e abrir na página 120.
Será que todos estão prestando atenção? Ouço algumas pessoas falando. Shhh,
não quero ninguém conversando!” – diz a professora.
O objetivo da Escola Cooperativa ou Instituto de Educação Infanto-Juvenil
é o de estabelecer relações, então fica evidente que a segunda escola, também
chamada Escola Cooperativa é a mais apropriada para esta proposta pedagógica.
Maurício de Souza também é usado como referência neste estudo, na redação do
Chico Bento, “A fessora”. Chico Bento, em seu dialeto peculiar expressa nesta
redação, que a “fessora” fica em pé e exige que eles fiquem sentados; fala o tempo
todo e exige que eles fiquem quietos; escreve na lousa e não permite que eles
escrevam na parede; vive dando bronca neles e fala pra eles não “bronquiá” com os
outros. E termina dizendo que a “fessora num qué ninguém fazendo o qui ela faiz.” O
texto é discutido numa dimensão filosófica, sob a luz da ética. Cada um tem a sua
função, o seu trabalho a cumprir nos espaços e tempos determinados. E para os
alunos há o tempo de ouvir e o tempo de falar, o tempo de sair, de brincar e assim
por diante. O último texto, Paradoxos da educação moderna, de Hannah Arendt,
também filosófico, é discutido apenas entre os professores e reproduz a natureza da
educação, o papel da escola, de seus espaços e tempos.
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REFERÊNCIAS
DE VRIES, Rhetra, Betty Zan. A Ética na Educação Infantil. 1. ed. , Porto Alegre:
Artmed, 1998.
se estabelece a idade máxima. Daí que é comum, numa mesma sala, encontrar
alunos de 18 anos e também de 60 anos e até com mais idade. Outra peculiaridade
é que as salas são organizadas para se atender as disciplinas, uma espécie de sala
ambiente. Os professores de Português, por exemplo, aguardam seus alunos
sempre na mesma sala. Os alunos buscam a disciplina que precisam estudar para
completar a carga horária pré-estabelecida em cronograma próprio organizado pela
escola. Pode acontecer e isto é comum, de um aluno participar seguidamente das
aulas de uma mesma e única disciplina até concluí-la. E só então é que ele opta por
uma outra disciplina. Não há indisciplina praticamente. Ao adentrar a sala, cada
aluno preocupa-se em realizar as atividades pertinentes à etapa, módulo que deverá
ser cumprida. Quanto maior o empenho do aluno, mais rapidamente ele conclui o
curso, desde que cumprida toda a carga horária. O controle da carga horária é feito
diariamente pelo próprio professor. Caso o aluno não tenha pressa, poderá participar
do curso de uma forma mais lenta. Há ainda, a organização individual, destinada
àqueles alunos que não conseguem freqüentar com regularidade as aulas, como é o
caso do aluno trabalhador por turnos, ou caminhoneiro, por exemplo.
Na EJA, pode-se afirmar que há uma preocupação entre o tempo de aprender
e o tempo de ensinar. Pensar o tempo de aprender e o tempo de ensinar dos alunos
significa, antes de tudo, ter uma compreensão clara de que estes tempos são
diferentes e que precisam ser considerados, respeitados no processo ensino-
aprendizagem.
Apesar de a proposta apresentar um tempo diferenciado, isto não significa
que o ensino na EJA seja aligeirado ou precarizado. Tanto que os conteúdos
estruturantes são os mesmos do ensino regular e o que muda é a metodologia.
Manter os mesmos conteúdos num tempo curricular diferente significa
considerar que a escola não é o único lugar de conhecimento dos alunos. Há toda
uma bagagem cultural trazida por eles de outras instâncias já percorridas em suas
trajetórias de vida.
Assim é que a EJA mantém uma estrutura flexível, ou seja, ensina conteúdos
significativos em tempos diferenciados e não em tempo único para todos.
Daí os três eixos articuladores do currículo na EJA: Cultura, Trabalho e
Tempo, definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da
cultura e do perfil do educando da EJA.
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REFERÊNCIA
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após essa caminhada, não tão longa, mas muita significativa no que diz
respeito a um avanço em conhecimentos essenciais para se compreender a prática
escolar num espaço e tempo escolar real e numa perspectiva de possíveis
mudanças com vistas a se efetivar uma nova prática, resultante de estudos e
reflexões a partir de alguns referenciais teóricos comprometidos com uma educação
que contemple a escola como espaço social, de lutas, de conflitos e de
transformações, pretendemos, ao retornar a escola, poder provocar um sentido
diferente no espaço escolar.
Revelar à escola, mais diretamente aos professores e equipe pedagógica,
que está chegando alguém diferente, com olhar e ações diferentes, cujo objetivo não
é o de apenas se manter diferente, mas contaminar a todos como se tivesse em
suas mãos um instrumento mágico, leve, de efeitos tão surpreendentes que todos
almejarão ser tocados por ele.
Caso queiram nominar o tal instrumento, podem chamá-lo de
conhecimento. E mais, caso queiram saber o que significa esse conhecimento,
podemos dizer que é a mágica que não se esgota, pois há sempre muito mais a
conhecer; é o que nos desvela o mundo e suas maravilhas, que de tão lindas, nem
podemos consumi-las, mesmo que tenhamos posses para isso; é o que nos tira da
caverna e nos faz descobrir que há muito mais no mundo do que julgamos sempre;
é o que nos torna mais capazes e menos presunçosos, mais humildes, por
conseguinte; é muito, muito mais. Mas para terminar, como educadora tenho a dizer
que é por meio do conhecimento que nos tornamos mais capazes de nos
compreender e assim compreender as pessoas, nossos alunos, nossos colegas e o
espaço e o tempo de cada um numa dimensão humana e social.
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9. REFERÊNCIAS
MANTOAN, M.T.E. O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis, RJ: vozes,
2008.