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1 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL DE FORMADORES

MODULO IV – METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS


2 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR
Escolher e a aplicar as técnicas e os métodos pedagógicos mais adequados aos
objetivos, aos públicos-alvo e ao contexto de formação;

Descrever as vantagens e importância da criatividade em meio pedagógico;

Identificar estratégias inclusivas de públicos diferenciados;

Identificar vantagens e desvantagens da aplicação das diferentes técnicas pedagógicas


em contextos diferenciados.
3 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

ÍNDICE

SUB-M4.1 - MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS

4.1.1 Metodologias e técnicas de ensino/aprendizagem específicas para adultos (passivas e 4


ativas)

4.1.2 Metodologias e técnicas de autoestudo (formação a distância) 7

4.1.3 Métodos Pedagógicos: expositivo, interrogativo, demonstrativo e ativo 9

4.1.4 Técnicas pedagógicas: simulação, jogo de papéis, exposição, demonstração, estudo de


casos, tempestade de ideias, projetos, aprendizagem no posto de trabalho, exercícios
20
práticos, tutoria e dinâmicas de grupo

4.1.5 Critérios de seleção dos métodos e/ou técnicas pedagógicas 29

SUB-M4.2 - PEDAGOGIA E APRENDIZAGEM INCLUSIVA E DIFERENCIADA

4.2.1 Relações entre formador-formando e formando-formando (sócio construtivismo) 31

4.2.2 Criatividade pedagógica: desenvolvimento do processo criativo; a criatividade como 32


ferramenta eficaz; técnicas e fontes de criatividade; potenciar a atitude criativa

4.2.3 Dramatização de Cenários Pedagógicos 35

4.2.4 Estratégias de adaptação e desenvolvimento para a inclusão e a formação de grupos 36


coesos

4.2.5 Dinamização de atividades indoor e/ou outdoor que permitam a aplicação dos conteúdos 37
em diferentes contextos

4.2.6 Vantagens e desvantagens da aplicação das diferentes técnicas pedagógicas em contextos 38


diferenciados

Bibliografia 41
4 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

SUB M4.1 - MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS

4.1.1. METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE ENSINO/APRENDIZAGEM


ESPECÍFICAS PARA ADULTOS (PASSIVAS E ATIVAS)
As crianças são seres indefesos, dependentes, precisam de ser alimentados, protegidos,
vestidos, auxiliados nos primeiros passos. Durante anos acostumam-se a esta dependência,
considerando-a como um componente normal do ambiente que as rodeia. Na idade escolar,
continuam a aceitar esta dependência, a autoridade do professor e a orientação deles como
inquestionáveis. A adolescência vai mudando este status quo. Tudo começa a ser
questionado, acentuam-se as rebeldias e, na escola, a infalibilidade e autoridade do
professor não são tão absolutas assim. Os alunos querem saber por que devem aprender
geografia, história ou ciências. A idade adulta traz a independência. O indivíduo acumula
experiências de vida, aprende com os próprios erros, apercebe-se daquilo que não sabe e o
quanto este desconhecimento lhe faz falta. Escolhe uma namorada ou esposa, escolhe uma
profissão e analisa criticamente cada informação que recebe, classificando-a como útil ou
inútil.
Esta evolução, tão gritante quando descrita nestes termos, é infelizmente ignorada pelos
sistemas tradicionais de ensino. As nossas escolas, as nossas universidades tentam ainda
ensinar os adultos com as mesmas técnicas didáticas usadas nos colégios primários ou
secundários. A mesma pedagogia é usada em crianças e adultos, embora a própria origem
da palavra se refira à educação e ensino das crianças (do grego paidós = criança).
Linderman, em 1926, pesquisando sobre as melhores formas de educar adultos, oferece
soluções quando afirma que "nós aprendemos aquilo que nós fazemos. A experiência é o
livro-texto vivo do adulto aprendiz". Lança, assim as bases para a aprendizagem centrada no
formando, e do tipo "aprender fazendo". Infelizmente, a sua perceção ficou esquecida
durante muito tempo.
Kelvin Miller afirma que estudantes adultos retém apenas 10% do que ouvem, após 72
horas. Entretanto serão capazes de lembrar de 85% do que ouvem, veem e fazem, após o
mesmo prazo. Ele observou ainda que as informações mais lembradas são aquelas recebidas
nos primeiros 15 minutos de uma aula ou sessão. Para melhorar estes números, é necessário
conhecer as peculiaridades da aprendizagem no adulto e adaptar ou criar métodos
pedagógicos para serem usados nesta população específica.
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Passar do ensino clássico/tradicional para os novos enfoques andragógicos é, no mínimo,


trabalhoso (ninguém disse que era fácil…!). O formador precisa de se transformar num tutor
eficiente de atividades de grupos, devendo demonstrar a importância prática do assunto a
ser estudado, transmitir entusiasmo pela aprendizagem, a sensação de que aquele
conhecimento fará diferença na vida dos formandos, transmitir força e esperança, a
sensação de que aquela atividade está a mudar a vida de todos e não simplesmente
preenchendo espaços nos seus cérebros.
As características de aprendizagem dos adultos devem ser exploradas através de abordagens
e métodos apropriados, produzindo uma maior eficiência das atividades educativas.
▪ Tirar proveito da experiência acumulada pelos adultos: os adultos têm
experiências de vida mais numerosas e mais diversificadas que as crianças. Isto
significa que, quando formam grupos, estes são mais heterogéneos em
conhecimentos, necessidades, interesses e objetivos. Por outro lado, uma rica fonte
de consulta estará presente no somatório das experiências dos participantes. Esta
fonte poderá ser explorada através de métodos experienciais (que exijam o uso das
experiências dos participantes), como discussões de grupo, exercícios de simulação,
aprendizagem baseada em problemas e discussões de casos. Estas atividades
permitem a partilha de conhecimentos já existentes para alguns, além de reforçar a
autoestima do grupo.
▪ Propor problemas, novos conhecimentos e situações sincronizadas com a vida
real: os adultos vivem a realidade do dia-a-dia. Portanto, estão sempre propensos a
aprender algo que contribua para as suas atividades profissionais ou para resolver
problemas reais. O mesmo é verdade quando novas habilidades, valores e atitudes
estiverem conectadas com situações da vida real. Os métodos de discussão de
grupo, aprendizagem baseada em problemas ou em casos reais terão novamente
utilidade, sendo esta mais uma justificação para a sua eficiente utilização. Muitas
vezes será necessária uma avaliação prévia sobre as necessidades do grupo para que
os problemas ou casos propostos estejam bem sintonizados com o grupo.
▪ Justificar a necessidade e utilidade de cada conhecimento: os adultos sentem-
se motivados a aprender quando entendem as vantagens e benefícios de uma
aprendizagem, bem como as consequências negativas do seu desconhecimento.
Métodos que permitam ao formando perceber as suas próprias dificuldades, ou a
diferença entre o status atual do seu conhecimento e o ponto ideal de
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conhecimento ou habilidade que lhe será exigido, sem dúvida serão úteis para
produzir esta motivação. Aqui cabem as técnicas de revisão a dois, revisão pessoal,
autoavaliação e detalhamento académico do assunto. O próprio formador também
poderá explicitar a necessidade da aquisição daquele conhecimento.
▪ Envolver os formandos no planeamento e na responsabilidade pela
aprendizagem: os adultos sentem a necessidade de serem vistos como
independentes e ressentem-se quando obrigados a aceder ao desejo ou às ordens
de alguém. Por outro lado, devido a toda uma cultura de ensino onde o formador é
o centro do processo de ensino-aprendizagem, muitos ainda precisam de um
formador para lhes dizer o que fazer. Alguns adultos preferem participar no
planeamento e na execução das atividades educacionais. O formador precisa de se
valer destas tendências para conseguir mais participação e envolvimento dos
formandos. Isto pode ser conseguido através de uma avaliação das necessidades do
grupo, cujos resultados serão enfaticamente utilizados no planear das atividades. A
independência e a responsabilidade serão estimuladas pelo uso das simulações,
apresentações de casos, aprendizagem baseada em problemas, bem como nos
processos de avaliação de grupo e autoavaliação.
▪ Estimular e utilizar a motivação interna para a aprendizagem: estímulos
externos são classicamente utilizados para motivar o formando, como notas nos
exames, prémios, perspetivas de promoções ou melhores empregos. Entretanto as
motivações mais fortes nos adultos são as internas, relacionadas com a satisfação
pelo trabalho realizado, melhoria da qualidade de vida, elevação da autoestima.
▪ Outros aspetos da aprendizagem de adultos: adultos não gostam de ficar
embaraçados em frente a outras pessoas. Assim, adotarão uma postura reservada
nas atividades de grupo até se sentirem seguros de que não serão ridicularizados.
Pessoas tímidas levarão mais tempo para se sentirem à vontade e não gostam de
falar em discussões de grupo. Elas podem ser incentivadas a escrever as suas
opiniões e posteriormente, mudarem de grupos, caso se sintam melhor com outras
companhias.
O ensino andragógico deve começar pela arrumação da sala de formação, com cadeiras
arrumadas de modo a facilitar as discussões em pequenos grupos. Nunca deverão estar
dispostas em fileiras. O formador nunca deverá dizer que a resposta de um adulto está
errada. Cada resposta sempre terá alguma ponta de verdade que deve ser trabalhada. O
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formador deverá refazer a questão de modo a aproveitar a parte correta da resposta


anterior. Fará então novas perguntas a outros formandos, de modo a correlacionar as
respostas até obter a informação completa.

4.1.2. METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE AUTOESTUDO (FORMAÇÃO A


DISTÂNCIA)
Com a alteração da cultura do ensino para a cultura da aprendizagem, o estudo passou a ser
autoadministrado por um formando autónomo. Neste novo ambiente, podemos falar de
aprendizagem responsável, planeada, organizada, independente e regulada, em que os
formandos trilham os seus próprios caminhos e alcançam os seus próprios objetivos. Um
bom exemplo deste novo modelo é o e-learning, modalidade de ensino à distância. Define-
se, como método de formação com reduzida ou nula intervenção presencial do formador e
que utiliza materiais didáticos diversos em suporte escrito, áudio, vídeo, informático ou
multimédia, ou uma combinação destes, com vista não só à aquisição de conhecimentos
como também à avaliação do progresso do formando.
A aprendizagem é muito mais do que o armazenamento da informação nas nossas memórias
ou, mesmo, da atribuição de significado que damos ao material trabalhado.
Ela depende da motivação (força de vontade, persistência, desejo de vencer, etc.), da
atenção seletiva, da organização que damos aos dados, da nossa capacidade de
generalização, do feedback e reforço que recebemos e damos, em suma, tem a sua génese
num ciclo que se quer ininterrupto e que pode gravitar entre dois polos claramente
identificados: Motivação e Reforço. É exatamente aqui que o ensino à distância se afasta dos
métodos presenciais, pois há uma mudança de paradigma que resulta da mediatização dos
conteúdos, de uma nova postura do sujeito que aprende, bem como do deslocamento da
ação, antes situada no Formador/Professor e, agora, claramente centrada no
Formando/Aluno.
Paralelamente, o e-learning provoca também uma rutura com os modelos mais clássicos de
Ensino à Distância, pois interpreta o Homem como um “animal social” carente de contacto
e de fortes desejos de comunicar com o outro e coloca à sua disposição meios capazes de
vencer a solidão do autoestudo e do trabalho em isolamento.
Desta forma, a metodologia utilizada na formação à distância é a ativa, em que envolve o
formando na sua própria aprendizagem, o que lhe permite aprender através da execução da
atividade, desenvolvendo a atividade ao seu ritmo e reconhecendo e superando as suas
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dificuldades e permitem ao formador trabalhar e criar no formando envolvência na


aprendizagem, passando este a ter um papel de moderador, direcionando o formando à
aprendizagem.

Características:
▪ Apresenta a informação em pequenas quantidades;
▪ Exige uma participação ativa no processo de aprendizagem;
▪ Permite ao formando trabalhar individualmente e ajustar o ritmo de estudo às suas
próprias necessidades e possibilidades;
▪ Indica imediatamente se a resposta dada pelo formando é ou não correta;
▪ Apresenta as matérias decompostas em sequências ordenadas, sendo ensinado, em
cada sequência, um único elemento;
▪ Não permite o prosseguimento se não forem aprendidas, ou entendidas, as
sequências anteriores.

TÉCNICAS DE AUTO ESTUDO:


As estratégias de aprendizagem e de estudo são um conjunto integrado de tarefas e recursos
cujo principal objetivo é capacitar o formando para aprender de forma significativa e
autónoma os diferentes conteúdos abordados, como:
▪ Compreensão: nunca avançar na matéria sem entender a anterior;
▪ Síntese: esquematizar a informação;
▪ Memorização: educar a memória;
▪ Segmentação: sequenciar a matéria;
▪ Associação: associar imagens a palavras;
▪ Organização: elaborar plano de estudo, incluindo horário;
▪ Motivação: é a chave que abre a aprendizagem.
Vantagens:
▪ Permite obter economia significativa de tempo de deslocações;
▪ Ritmo individual;
▪ Facilita a atualização formativa;
▪ Utilização das tecnologias de informação e comunicação que permitem trabalhar
com grande quantidade de informação e com rapidez.
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Desvantagens:
▪ Reduzida confiança neste tipo de estratégias;
▪ Necessidade de maior motivação do formando;
▪ Não proporciona uma relação humana formando – formador típico de uma sala de
formação;
▪ Custos de acesso à web por parte do formando.

4.1.3. MÉTODOS PEDAGÓGICOS: EXPOSITIVO, INTERROGATIVO,


DEMONSTRATIVO E ATIVO
Para que a aprendizagem aconteça é necessária a existência de um método. Um método
pedagógico é um conjunto estruturado de princípios que orientam a formação, daí
constituir-se fundamentalmente como o caminho utilizado pelo formador para atingir o
objetivo – aprendizagem. Implicam a utilização de diferentes técnicas pedagógicas e
definem diferentes situações formativas (etapas da formação, as redes de relações
estabelecidas entre formador e formandos, o tipo de abordagem dos conhecimentos),
desempenhando um papel decisivo no resultado da formação. Os métodos pedagógicos
encontram-se articulados com os modelos e teorias da aprendizagem.
Os métodos pedagógicos não poderão ser classificados numa hierarquia de importância,
nem nenhum método poderá, para alcançar o sucesso, ser considerado como infalível. O
formador não se torna escravo de um método, antes adequa e experimenta vários métodos
e seleciona-os de acordo com todas as condicionantes do processo de formação.

Consideremos, então, os seguintes métodos:


▪ Métodos Afirmativos:
o Expositivo
o Demonstrativo
▪ Interrogativo
o Dedutivo
o Indutivo
▪ Ativo
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1. MÉTODOS AFIRMATIVOS

De uma forma genérica, podemos considerar que os métodos afirmativos se caracterizam,


globalmente, por:
• Serem centrados no formador;
• Pretenderem mais ensinar que proporcionar a aprendizagem;
• Serem dogmáticos, normativos e diretivos;
• O "mestre" aparecer como fonte e paradigma da verdade;
• Poderem ser usados visando o saber, o saber-ser e o saber-fazer;
• Não permitirem grande feedback;
• A comunicação ser, fundamentalmente, unidirecional;
• Defenderem mais a insegurança do formador.

Método Expositivo
(Exposição de conhecimentos)
Métodos Afirmativos
(Transmissão de
conhecimentos do formador
ao formando) Método Demonstrativo
(Transferência de
competências do formafor
para o formando)

1.1. MÉTODO EXPOSITIVO

Trata-se de uma comunicação unilateral do formador aos formandos. Este tipo de método
está presente na educação tradicional, sendo bastante utilizado. O formador desenvolve
oralmente um assunto, preocupando-se essencialmente com a transmissão dos conteúdos
teóricos, a estrutura do raciocínio e o resultado. Assim, toda a formação passa por uma
transmissão de informações em que a comunicação se efetua num único sentido: do
formador para os formandos. O objetivo é o acumular de conhecimentos. O formador é
aquele que sabe, fala e está ativo em sala, sendo que o formando desempenha um papel
passivo na formação, de simples recetáculo de informação.
11 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

A transmissão de informação é feita segundo a lógica do formador, não apelando à


participação dos formandos, não se valorizando a sua experiência e saber.

PLANIFICAÇÃO E APLICAÇÃO DO MÉTODO EXPOSITIVO:

a) ANTES DA EXPOSIÇÃO Preparar cuidadosamente a exposição dá segurança ao formador.


Permite-lhe dominar o receio natural de falar em público, dando-lhe maior poder de
concentração para obter um melhor desempenho e sentir prazer na exposição. A informação
a transmitir deve ser refletida, reunida e ordenada segundo os objetivos a atingir. Uma
exposição deve ter os objetivos bem definidos à partida, sendo útil comunicá-los aos
formandos: “diga-lhes o que lhes vai dizer”. O formador deve levar algum tempo a
apresentar os objetivos ao grupo, para benefício dos formandos porque, ao conhecerem os
objetivos, conhecem também os limites da exposição, podendo acompanhar a intervenção
à medida que ela se desenvolve.

b) DURANTE A EXPOSIÇÃO Ao fazer a exposição, deve-se evitar entrar em detalhes ou


pormenores, fornecendo-se, em vez disso, um quadro de referências no qual os formandos
se possam situar em relação ao que sabem e em relação ao que se propõem aprender. Este
aspeto vai motivar os formandos. As ideias e os conteúdos a transmitir devem ser bem
selecionados e devem ter uma estrutura e sequência bem definidas, com relevo para os
conceitos organizadores que devem servir de ponte entre o que os formandos sabem e o
que vão aprender: “diga-lhes”. Deve-se atender à comunicação verbal e não-verbal (postura,
tom de voz, expressões faciais…).

c) NO FIM DA EXPOSIÇÃO O final da exposição é um momento muito importante, devendo


o formador efetuar uma síntese das ideias principais e suscitar nos formandos uma reflexão
sobre o que foi dito – “diga-lhes o que lhes disse”. Os formandos em vez de serem
puramente recetores, assimilam e desenvolvem as suas capacidades mentais depois de
terem ocasião de se familiarizarem com palavras, conceitos, frases, regras que, pouco a
pouco, vão sendo interiorizados, após o reforço das ideias-chave da exposição feita pelo
formador.
12 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO EXPOSITIVO

PRINCIPAIS VANTAGENS:

▪ Permite o ensino simultâneo de um elevado número de formandos;


▪ Possibilita a transmissão de uma grande quantidade de informação num curto
espaço de tempo;
▪ Dá segurança ao formador porque lhe permite seguir um programa previamente
definido;
▪ É aplicável em meios com poucos recursos.

PRINCIPAIS DESVANTAGENS:

▪ Não permite controlar o grau de aquisição dos conhecimentos;


▪ Os formandos são passivos, não participam;
▪ Não tem em conta as aptidões, a curiosidade e as motivações dos formandos;
▪ Não se adequa à população-alvo. A informação está previamente organizada e a
sessão previamente definida – estruturação rígida, não flexível – logo, não se
adequa a um grupo heterogéneo;
▪ É difícil manter um nível desejado de atenção do auditório por muito tempo;
▪ Há pouco contacto formando/formador; geralmente estabelecem-se relações
formais e distantes;
▪ Os formandos só retêm parte das informações recebidas e estas são retidas por
um período relativamente curto.

COMO TORNAR EFICAZ O MÉTODO EXPOSITIVO


A técnica da exposição inclui um conjunto de regras ou sugestões que cada um pode adaptar
ao seu estilo pessoal:
▪ O discurso escrito e o discurso oral são diferentes logo, o formador não deve ler
um texto que antecipadamente escreveu. É importante não ler notas escritas, mas
apenas percorrer algumas palavras-chave;
▪ Convém ser-se afirmativo, simples e preciso. O melhor estilo é aquele que é
composto por frases positivas curtas, simples e independentes. O excesso de frases
negativas provoca uma maior dificuldade de compreensão.
▪ Deve-se considerar o ABC de uma boa exposição: Ajustada, Breve e Clara;
13 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ As imagens, analogias e exemplos são eficazes para captar a atenção e ajudam à


compreensão e retenção, ilustrando o essencial do que se pretende transmitir. O
humor é também um recurso muito importante do formador, no caso de se sentir
à vontade para o utilizar, descontraindo o grupo e incentivando-o a participar;
▪ Deve-se conduzir a exposição do concreto para o abstrato, do conhecido para o
desconhecido, do simples para o complexo;
▪ O olhar, a voz e a postura são muito importantes. É necessário olhar os formandos
nos olhos, sem, no entanto, os fixar, para sentirem o reflexo da segurança. O ritmo
do discurso é também importante, havendo toda a conveniência em introduzir
pausas entre as frases. Uma boa postura facilita uma melhor ventilação dos
pulmões e toda a energia se deve centrar no que é dito, não se devendo o
formador perder em aspetos secundários;
▪ Não é aconselhável a utilização deste método com muita frequência e por longos
períodos de tempo, sob pena de se atingirem níveis demasiado elevados de
passividade por parte dos formandos. No entanto, pode ser uma boa opção para
transmitir aspetos do saber que posteriormente poderão ser objeto de outro tipo
de tratamento.

1.2. MÉTODO DEMONSTRATIVO

O método demonstrativo consiste numa explicação teórica ou prática de um determinado


saber, acompanhado de uma comprovação. O formador detém o saber (e o saber fazer)
transmitindo-o e demonstrando-o aos formandos, pedindo-lhes que repitam o modelo. A
informação transmitida pelo formador assenta simultaneamente no explicar-mostrar,
associar a explicação na demonstração e ilustração (como executar), com o objetivo de o
formando compreender a razão das coisas e desenvolver as suas aptidões.
Este método tanto pode ser usado na área do “saber-saber” como do “saber-fazer”. Dado o
seu estilo pragmático e empírico, é usualmente usado ao nível das capacidades
psicomotoras (por exemplo, as aulas de educação física). Alguns exemplos de situações de
aplicação do método demonstrativo:
▪ Como complemento a qualquer método de ensino (o que transforma o método
numa técnica) e sempre que surja a necessidade de prova para a aceitação de uma
determinada informação;
14 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ Como demonstração intelectual, quando utiliza somente argumentos logicamente


estruturados e encadeados (e.g., demonstrações matemáticas);
▪ Como demonstração experimental (e.g., experiências feitas em laboratório que
permitem a obtenção de uma comprovação de algo que foi enunciado
teoricamente);
▪ Como demonstração operacional (e.g., quando tem como finalidade a transmissão
de técnicas de trabalho ou a utilização de equipamentos).
Este método visa desenvolver nos formandos capacidades que lhes permitam adquirir o
domínio de instrumentos e técnicas específicas para um bom desempenho profissional. O
formador, além de expor, executa a tarefa para facilitar aos participantes a compreensão.

FASES DO MÉTODO DEMONSTRATIVO

▪ Preparação
O formador prepara os formandos, diz-lhes o que vai executar e põe-nos à vontade para
colocarem qualquer questão.
▪ Demonstração
O formador explica, demonstra e ilustra cada fase, realçando os pontos fundamentais
na boa execução da tarefa. Decompõe o conjunto em partes mais pequenas que podem
ser aprendidas progressivamente. Executa enquanto explica.
▪ Execução
O formador pede aos formandos que executem o trabalho, acompanhando essa
execução, corrigindo os erros da execução, valorizando os aspetos positivos. Pede aos
formandos que expliquem os aspetos fundamentais, certificando-se de que tudo foi
compreendido.
▪ Verificação
Esta fase destina-se a obter feedback dos formandos e, como tal, controlar o processo
de aprendizagem e auscultar eventuais necessidades de repetição ou aprofundamento.

PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO DEMONSTRATIVO

PRINCIPAIS VANTAGENS:

▪ O Formando observa o formador executar a função e pode colocar dúvidas; permite


a transmissão de conhecimentos teóricos e práticos;
15 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ Adequa-se ao desenvolvimento das aptidões psicomotoras;


▪ Possibilita a participação ativa dos formandos, que observam, questionam, dialogam
e realizam;
▪ Permite a realização de trabalho em grupo, facilitando a aprendizagem;
▪ Apela à memória visual (normalmente mais desenvolvida que a memória auditiva);
maior contacto entre formador e formandos;
▪ Controla-se a aquisição de conhecimentos, pois verifica-se se os formandos sabem
realizar na prática a tarefa.

PRINCIPAIS DESVANTAGENS:

▪ É sobretudo adequado a grupos reduzidos;


▪ Exige maior disponibilidade de tempo;
▪ Para se aproximar da realidade, exige muito equipamento e materiais;
▪ Pode não haver adaptação ao nível dos formandos, à forma como eles problematizam
as situações e às suas expectativas quanto à formação;
▪ Pressupõe uma condução permanente do formador, podendo induzir ao mimetismo;
▪ Faz pouco apelo à imaginação e criatividade;
▪ Exige mais material pedagógico do que o Método Expositivo.

2. MÉTODO INTERROGATIVO

Dedutivo
(Apreensão de conhecimentos
do geral para o particular,
Método Interrogativo através do rigor lógico)
(O formando é colocado numa
situação de procura de Indutivo
respostas)
(O sujeito apreende através
da metodologia experimental,
ou seja, da observação de
factos para uma lei geral)
16 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Este método pressupõe:

▪ Encadeamento lógico das perguntas;


▪ O formador questiona e incentiva o formando a responder;
▪ Os formandos são levados a descobrir a informação;
▪ Valoriza a participação.

PREPARAÇÃO DO MÉTODO INTERROGATIVO

▪ Elaborar uma série de perguntas que sugiram a estrutura de raciocínio;


▪ Apresentar o problema enunciado/objetivo;
▪ Colocar cada uma das perguntas por ordem de recolha de informação;
▪ Obter as respostas de TODOS (certas/erradas);
▪ Repetir/escrever no quadro;
▪ Dispor as respostas no quadro para sugerir a estrutura do raciocínio;
▪ Perguntas sobre comparações possíveis/ideias de solução (reformular as
comparações);
▪ Ideias de solução (boas/más);
▪ Esclarecer os elementos da solução;
▪ Resultado;
▪ O problema está resolvido?;
▪ Generalizar e salientar a estrutura de raciocínio;
▪ Passar ao conteúdo seguinte.

TIPOS DE PERGUNTAS

▪ Solicita uma resposta curta; ▪ Solicita uma resposta longa;

▪ Bloqueia a discussão; ▪ Estimula a reflexão;


▪ Cria envolvimento;
▪ Utiliza-se para guiar e
▪ Fomenta a discussão.
controlar.

Exemplo: “O que entendem por método interrogativo?”


Exemplo: “Diga-me duas desvantagens do método expositivo”
17 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

FASES DO MÉTODO INTERROGATIVO

PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO INTERROGATIVO

PRINCIPAIS VANTAGENS:

▪ Estimula o interesse e a participação dos formandos;


▪ Incentiva a colocação de dúvidas e facilita a aquisição de conhecimentos;
▪ O feedback da informação é constante, permitindo controlar a aprendizagem;
▪ Cria hábitos de análise;
▪ O formando autoanalisa-se continuamente.
PRINCIPAIS DESVANTAGENS

▪ Verifica-se uma progressão lenta, há um maior dispêndio de tempo;


▪ O número de formandos deve ser reduzido;
▪ Exige mais tempo de preparação;
▪ A discussão pode desviar-se do objetivo.

3. MÉTODO ATIVO

Entende-se por métodos ativos todos aqueles em que o formando ocupa, de facto, um papel
determinante no processo de aprendizagem e em que progride através da sua própria
atividade. Por outras palavras, os conhecimentos (os saberes) não lhe são
transmitidos/fornecidos como algo produzido, mas, pelo contrário, todo o processo se
alicerça na descoberta e interiorização do próprio formando. O tipo de comunicação é
multidirecional, promovendo a interação e implicando, por parte do formador, uma postura
de observador, facilitador, mediador e animador. O formando é um agente ativo e
18 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

consciente da sua própria formação. Assim, os investigadores defendem que a memorização


se dá na seguinte proporção:

▪ 30% do que se ouve


▪ 40% do que se vê
▪ 50% do que se ouve e vê
▪ 70% em relação aquilo em que se participa diretamente
É proporcionado ao formando a descoberta, por meios próprios, da solução. Desta forma
favorece-se a apropriação de hábitos de raciocínio, desenvolvem-se interesses, suscitam-se
iniciativas, fomenta-se a curiosidade e o formando vai-se habituando a estruturar os seus
conhecimentos, a aproveitar sinergias, a interrelacionar dados e a tirar conclusões. O
formando é encorajado a caminhar para formas de autoaprendizagem e autoformação.
O formador não perde, neste contexto, relevância nem o seu papel sai diminuído. O
formador ganha um papel estratégico fundamental para além daquele que lhe estava
reservado tradicionalmente: deixa de ser tão-somente um fornecedor de conhecimentos
para passar a ser, especialmente, um orientador, um ativador de consciências e alguém que
proporciona ao formando a descoberta do seu próprio caminho. De facto, o formador:

▪ Coloca os formandos em atividade (e.g. grupos);


▪ Coloca-lhes o problema, os elementos, o objetivo;
▪ Observa os comportamentos de TODOS;
▪ Reformula o que fizeram;
▪ Resume e reforça; os formandos continuam;
▪ Coloca em comum os resultados atingidos pelos formandos;
▪ Faz com que os formandos enunciem a solução.

PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO ATIVO

PRINCIPAIS VANTAGENS

▪ Maior autonomia dos formandos na organização do seu próprio trabalho;


▪ Desenvolvimento do espírito de iniciativa e criatividade;
▪ Maior motivação e interesse dos participantes;
▪ Melhor aprendizagem, assente em relações cooperativas, sociais e de trabalho de
grupo;
19 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ Maior domínio dos conhecimentos que se descobriram pessoalmente;


▪ Maior aproximação entre todos os agentes envolvidos no processo - formador e
formandos;
▪ A comunicação estabelece-se em todas as direções.

PRINCIPAIS DESVANTAGENS

As principais desvantagens são relativas ao formador, pois exigem:


▪ Maior tempo de preparação;
▪ Maior dificuldade de coordenação e condução da ação;
▪ Grande capacidade de gestão do tempo (pelos diferentes ritmos de aprendizagem);
▪ Experiência em dinâmica de grupos;
▪ Autoconfiança, maturidade emocional e flexibilidade.
São métodos mais dispendiosos porque:
▪ Só podem ser aplicados a grupos pouco numerosos;
▪ Necessitam de mais tempo que os outros métodos;
▪ Exigem mais material pedagógico.

EXEMPLOS DE TÉCNICAS PEDAGÓGICAS DO MÉTODO ATIVO

▪ Chuva de ideias (Brainstorming);


▪ Jogo de papéis (Role-playing);
▪ Estudo de casos (Case study);
▪ Simulação;
▪ Trabalhos de grupo;
▪ Jogos pedagógicos.
20 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

4.1.4. TÉCNICAS PEDAGÓGICAS

O QUE SÃO TÉCNICAS PEDAGÓGICAS?


Conjunto de processos pedagógicos a concretizar segundo uma certa ordem e num
determinado contexto. As técnicas pedagógicas apresentam-se como um conjunto de
procedimentos que visam operacionalizar a aplicação do(s) método(s) selecionado(s). O
formador organiza as diferentes etapas do processo formativo e seleciona as técnicas mais
adequadas, em função dos métodos que escolheu e do contexto onde decorre a ação. Em
termos práticos, na escolha dos métodos e técnicas para o desenvolvimento da formação, o
formador deverá considerar os seguintes objetivos:

▪ Estimular a participação;
▪ Criar um clima psicológico favorável;
▪ Regular a participação;
▪ Apoiar/orientar a atividade do grupo;
▪ Resolver possíveis conflitos;
▪ Fazer a síntese da sessão.
Perante a grande diversidade de técnicas pedagógicas, atualmente privilegiam-se aquelas
que estimulam a participação ativa de todos os formandos, favorecendo a interação e
comunicação entre todos os elementos e valorizem os saberes e experiências de cada um.
Há várias técnicas pedagógicas utilizadas em formação:

TÉCNICA PEDAGÓGICA DO MÉTODO EXPOSITIVO

▪ EXPOSIÇÃO
Técnica de comunicação pela qual uma pessoa apresenta, diante de um auditório, um
determinado tema. Consiste na:
• Transmissão de conjuntos sistematizados de conteúdos programáticos,
incluindo vários conceitos e generalizações;
• Dá especial relevo conferido às relações entre conteúdos, ou seja, entre
conceitos ou generalizações (bastante adequado para sumarizar e relacionar
conteúdos anteriormente aprendidos);
• Obedece a uma sequência estruturada de apresentação, a partir de um
enunciado organizador.
21 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

O RECURSO A ESTA TÉCNICA IMPLICA:


1. Seleção limitada dos assuntos ou ideias a desenvolver;
2. Sequência de ideias bem estruturada;
3. Relacionar com experiências e temas já adquiridos pelos formandos;
4. Utilização de “organizadores prévios”;
5. Salientar o encadeamento, sequência e transição de umas ideias (ou partes) para
outras;
6. Identificação e uso de analogias;
7. Manutenção da atenção dos ouvintes (variação de estímulos e os meios de
comunicação);
8. Síntese das ideias principais, no final da exposição.

TÉCNICA PEDAGÓGICA DO MÉTODO DEMONSTRATIVO

▪ DEMONSTRAÇÃO
Cabe ao formador exemplificar a demonstração, auxiliando os formandos na execução da
mesma, no sentido destes a efetuarem com sucesso. Neste sentido o formador deve
dominar plenamente o assunto, para que consiga estabelecer o objetivo de demonstrar
eficazmente a tarefa.
O domínio do saber-fazer é imperativo nesta técnica, e é precisamente a valência que mais
estimula. Assim sendo esta técnica requer uma elevada capacidade e conhecimentos
técnicos que um formador deve possuir. Através desta técnica o formador partilha um
determinado tipo de saber ou saber-fazer, sendo, desta forma, uma técnica pedagógica que
permite a aprendizagem de tarefas manuais ou psicomotoras. O formador elabora e
demonstra a sequência das operações segundo uma determinada lógica à tarefa e leva os
formandos a repetir o modelo da sua execução. Estas tarefas têm de ser feitas segundo uma
determinada fase, só depois de estar concluída a primeira fase é que se pode passar à fase
seguinte. Esta técnica não só apela à participação dos formandos, como também os auxilia
na descoberta do saber-fazer, favorece os processos de aprendizagem ao nível do
desenvolvimento de aptidões psicomotoras. Antes do início da sessão o formador deve
decompor a tarefa a executar em todas as suas etapas, fazer a checklist do material e
equipamentos necessários, bem como as regras de segurança para a sua utilização, e ainda
os critérios de avaliação. Por fim deverá cumprir exatamente as etapas de execução da
22 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

tarefa, garantindo que os formandos estão a aprender e prontos para avançar para a
próxima etapa.

TÉCNICA PEDAGÓGICA DO MÉTODO INTERROGATIVO

▪ FORMULAÇÃO DE QUESTÕES
O formador coloca questões aos formandos por forma a conduzir a ação, de tal forma que
os levam a descobrir as soluções possíveis para a tarefa em causa.

TÉCNICAS PEDAGÓGICAS DO MÉTODO ATIVO


▪ SIMULAÇÃO
Atividade pedagógica inscrita no quadro de um modelo que reproduz uma situação real o
mais fielmente possível, tendo em vista permitir um estudo ou uma confrontação com os
diferentes aspetos dessa situação, sem que seja necessário entrar diretamente em contacto
com o mundo real, isto é, o sujeito pode manipular os parâmetros funcionais de um modelo,
de um sistema, de um processo ou de uma determinada situação e observar os resultados
respetivos. A simulação acentua sobretudo a estratégia e introduz o fator “tempo”.
Remete para reprodução de trabalho na qual se introduzem o maior número possível de
variáveis ou problemas-tipo, no sentido de testar as capacidades técnicas ou os
conhecimentos obtidos pelos formandos.

▪ ROLE PLAYING
Atividade pedagógica que consiste em simulações particulares; técnica que visa representar
situações, semelhantes às da vida real, através de uma cena improvisada entre dois ou mais
atores (formandos). O role playing pode ser considerado como um tipo particular de
simulação no qual se dá relevo à espontaneidade e à empatia (o ator-formando deve pôr-se
o mais possível na pele da personagem). Este é normalmente presenciado por um público
e seguido de discussão.

Etapas

Fase 1: Preparação

- Apresentação da situação-contexto e dos objetivos pelo formador;


23 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

- Designação dos atores (formandos) pelo formador;


- Preparação individual (sem conhecimento do papel dos outros atores) ou em grupo (se
todos os atores conhecem os papeis uns dos outros).

Fase 2: Execução

- Execução do role playing.

Fase 3: Síntese e Avaliação

- Interação atores-público (comentários, observações, etc.);


- Avaliação propriamente dita (pelo formador e/ou formandos).

▪ ESTUDO DE CASO
Um “caso" é uma situação concreta da vida real, que necessita de uma resolução ou decisão.
As situações apresentadas são complexas, obrigam à consideração de vários parâmetros,
desencadeiam processos de análise e confronto de opiniões e remetem para soluções em
aberto (podem ser alteradas mediante novas informações ou diferentes pontos de vista). Os
casos devem ser adequados aos formandos e aos objetivos da formação. Esta técnica
permite descobrir novas perspetivas na apreciação dos problemas e tomada de decisões.

▪ BRAINSTORMING
O brainstorming ou “tempestade de ideias” é uma técnica essencialmente criativa e
pretende levar o grupo a produzir de maneira intensiva ideias novas e direções diferentes.
Consiste em pedir ao grupo que, sobre determinado tema, diga o maior número de ideias
possível. É uma técnica original, que desinibe e motiva os formandos.
A técnica desenrola-se em três momentos fundamentais:

1. Acumulação desordenada de ideias: o grupo deve sentir-se livre para lançar o maior
número possível de sugestões, sem atender à qualidade das mesmas;
2. Análise e ordenação: as ideias serão hierarquizadas segundo critérios de viabilidade e
pragmatismo, de acordo com o fim em vista, devendo o grupo participar ativamente na sua
ordenação;
3. Seleção da(s) ideia(s): por fim, seleciona-se e aplica-se a(s) melhor(es) sugestão(ões).
24 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ DINÂMICAS DE GRUPO
Existem inúmeras dinâmicas de grupo que podem ser usadas ao longo de um processo
formativo. Estas surgem como instrumentos, ferramentas que estão dentro de um processo
de formação e organização, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento. Estas
servem para responder a interrogações como: (1) o que pensam as pessoas, o que sentem,
o que vivem e sofrem; (2) para desenvolver um caminho de teorização sobre esta prática
como processo sistemático, ordenado e progressivo; (3) para retornar à prática, transformá-
la, redimensioná-la; (4) para incluir novos elementos que permitem explicar e entender os
processos vividos. As técnicas participativas geram um processo de aprendizagem libertador
porque permitem:
• Desenvolver um processo coletivo de discussão e reflexão;
• Ampliar o conhecimento individual e coletivo, enriquecendo o seu
potencial e conhecimento;
• Possibilita a criação, formação, transformação e conhecimento onde os
participantes são sujeitos à sua elaboração e execução.

Tipos de técnicas/dinâmicas:

▪ Técnica do quebra-gelo;
▪ Técnica da apresentação;
▪ Técnicas da integração;
▪ Técnicas de animação e relaxamento, etc.

▪ TRABALHO DE GRUPO
Consiste em dividir o grupo em pequenos subgrupos que vão trabalhar para tentar encontrar
a solução de determinada tarefa dentro de um espaço de tempo determinado. Cada
subgrupo elege um porta-voz que irá apresentar as soluções encontradas e todo o grupo se
envolve na discussão das várias propostas. Esta técnica permite o aprofundamento do tema
ou problema através da discussão chegando-se mais facilmente a conclusões. Revela-se
muito eficaz no desenvolvimento da capacidade de comunicação, flexibilidade mental,
trabalho em equipa, etc. Requer uma sólida competência psicopedagógica por parte do
formador.
25 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ PHILLIPS 66

É uma técnica que visa à participação do grupo todo numa discussão, dividindo-o, para isso,
em grupos de seis participantes cada um, para trocarem ideias, durante seis minutos, e,
depois expor as suas conclusões a todos.
Assim, a técnica consiste na divisão dos formandos em grupos de seis pessoas, que, durante
seis minutos, vão discutir uma questão proposta pelo formador.

ETAPAS

• Formar grupos de 6 elementos e eleger um porta-voz;


• O formador expõe clara e precisamente uma questão;
• Discussão do problema pelos grupos durante 6 minutos;
• Cada grupo deve formular uma resposta coletiva que resulte da integração
de cada resposta individual e não apenas da justaposição;
• Apresentação da resposta de cada grupo à turma, pelo porta-voz;
• Depois de cada apresentação é retomado o trabalho de grupo repetindo o
formato de trabalho.
• O tema pode manter-se ou ser alterado.

▪ JIGSAW
Esta técnica consiste em colocar os formandos em pequenos grupos de estudo,
heterogéneos (os grupos de origem), que irão trabalhar o mesmo tema. O assunto é dividido
em tantas partes quantos os elementos do grupo, tendo cada aluno que preparar a sua parte
a partir da informação fornecida pelo formador e outra que recolhe. Em seguida, os
formandos que vão estudar o mesmo assunto juntam-se em subgrupos para discutirem e
aprenderem em conjunto. Ou seja, o grupo divide-se e cada membro reúne-se noutro grupo
formado pelos elementos dos vários grupos a quem foi atribuída a mesma tarefa (os grupos
de peritos), trocando informação, esclarecendo dúvidas. Ao concluírem as atividades nos
subgrupos, os formandos voltam aos seus grupos de origem e cada qual ensina/trabalha a
sua parte com os outros elementos do grupo. Durante o trabalho, o formador funciona como
um mediador.
26 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Em síntese:

▪ JOGOS PEDAGÓGICOS
Conjunto de técnicas de animação pedagógica e dinamização da aprendizagem que,
utilizando meios mais ou menos elaborados, permitem a participação e envolvimento geral
dos formandos a nível cognitivo e afetivo. Como qualquer outro jogo são compostos por uma
componente lúdica, tendo sempre presente um objetivo pedagógico. Estas técnicas são
muito utilizadas em formação, pelo que a sua abordagem irá ser mais aprofundada.

OBJETIVOS DOS JOGOS PEDAGÓGICOS


Visam criar dinâmicas no processo de aprendizagem, ou seja, espaços onde os formandos:
• Comunicam entre si;
• Partilham conhecimentos, vivências e sentimentos;
• Negoceiam;
• Tomam decisões…
27 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Visam, assim, o envolvimento afetivo e cognitivo dos participantes.

VANTAGENS DOS JOGOS PEDAGÓGICOS


Nas sessões de formação constituem momentos muito importantes para:
• Quebrar a monotonia da sessão e motivar os formandos;
• Quebrar o gelo;
• Incentivar a participação de todos os elementos;
• Favorecer a integração de novos conhecimentos e atitudes na prática
profissional;
• Criar hábitos de trabalho em equipa;
• Familiarizar os formandos com técnicas de resolução de problemas.

A REALIZAÇÃO DE UM JOGO PEDAGÓGICO ENVOLVE TRÊS FASES:


1. Preparar o Jogo (preparar o grupo, apresentando objetivos e regras):
Escolher o jogo de acordo com o tema, objetivo da sessão e características dos participantes.
Preparar o material necessário, detalhar o procedimento. No início, apresentar, de uma
forma geral, os objetivos e as regras (como funciona, tempo exigido). É muito importante
mencionar a palavra jogo, motivando a adesão e participação dos formandos.
2. Executar o Jogo
3. Análise e Síntese Conclusiva
Sistematiza-se a experiência vivida, relacionam-se esses elementos com a realidade
profissional, passando do particular ao geral e procuram-se soluções alternativas. Cada
participante pronuncia-se sobre o experienciado (o que não gostou/gostou; dificuldades;…);
ouvir os observadores; análise e discussão sobre os elementos presentes durante o jogo;
sistematizar as principais conclusões; finalizar, sintetizando e generalizando, do ponto de
vista teórico e prático, todo o trabalho desenvolvido.

NOTAS SOBRE JOGOS PEDAGÓGICOS:


Embora cada Jogo Pedagógico tenha condições de aplicação próprias, seguem-se algumas
informações importantes a considerar na sua utilização, nomeadamente acerca do ambiente
físico (espaço) e participantes.
28 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

o AMBIENTE FÍSICO
O espaço onde decorre a ação pode ser um obstáculo ao prosseguimento da mesma, se
ocorrerem situações como: sala mal dimensionada (demasiado grande/pequena); ruídos
exteriores; sonoridade deficiente; cadeiras desconfortáveis; mesas pequenas ou em número
insuficiente; falta de luz, calor/frio;…). Ter boas condições materiais constitui um fator
necessário e indispensável ao sucesso de uma ação de formação, embora não seja suficiente.
A disposição espacial dos formandos é outro fator a ter em conta, pois influencia o seu grau
de participação.

A disposição clássica, promove nos formandos uma postura passiva, de ouvintes, limitando
a sua participação, comunicando apenas com o formador. A disposição circular promove a
participação, pois todos se veem e comunicam. Para melhor se dividir o grupo em subgrupos
de trabalho, as mesas deverão ser facilmente movimentadas, de preferência modulares.

o PARTICIPANTES

Podem intervir no jogo como jogadores ou observadores. Geralmente, todos os


participantes são jogadores quando os jogos têm o objetivo de integrar as pessoas ou de
partilha de ideias. Quando nem todos os participantes jogam, há a possibilidade de existirem
observadores que têm a função de observar as dinâmicas geradas no grupo de jogadores,
mediante uma grelha previamente estabelecida. Permite aprofundar a análise do que foi
vivenciado. Em conclusão, é fundamental ter em conta a criatividade na aplicação dos jogos,
introduzindo modificações e variantes para os adaptar a novas situações pedagógicas, a
novos participantes e objetivos diferentes, e criar novos jogos.

Conclusão… O domínio dos vários métodos e técnicas pedagógicas é uma preocupação que
o formador deve ter. Ele deve saber adaptar-se aos diferentes tipos de objetivos, contextos
e grupos de formação, fazendo uma utilização versátil e flexível dos métodos que tem ao seu
dispor. Para além do domínio dos métodos o formador não pode deixar de prever os vários
aspetos da sessão: os objetivos a atingir, o tempo previsto, a ordem e o encadeamento dos
29 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

assuntos, os aspetos a realçar e os meios didáticos a utilizar. A atitude do formador também


se reveste de particular importância. O saber conciliar uma atitude aberta, permitindo o
envolvimento de todos os formandos no processo formativo, com uma atitude mais diretiva,
não permitindo que os objetivos estabelecidos ou as regras de funcionamento negociadas
não sejam cumpridas, torna-se frequentemente o marco decisivo do êxito da formação. É
ainda importante que o formador controle não só se os objetivos foram atingidos pelos
formandos, como também, assegurar-se de que em situações novas eles são capazes de pôr
em prática os conhecimentos adquiridos (generalização).

4.1.5. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS MÉTODOS E/OU TÉCNICAS


PEDAGÓGICAS
Uma das questões fundamentais na conceção da formação refere-se à seleção do método
formativo a utilizar numa determinada ação de formação. O que importa saber é porque é
que um determinado método, ou a combinação de vários métodos, facilita a aprendizagem
ou em que medida cada método pode ser utilizado de forma mais eficaz. Esta escolha pode
variar em função do objetivo da formação, das características dos formandos e dos critérios
de eficácia selecionados. Assim, a decisão sobre qual o método a escolher quando se
pretende desenvolver uma ação de formação deve prender-se, essencialmente, com a
adequação do método ao tipo de efeito de aprendizagem (informação verbal, competências
intelectuais, estratégias cognitivas, atitudes e competências motoras) que se pretende
alcançar com a formação.
A seleção do método e técnica de formação deve ser feita considerando todos os elementos
que interferem no processo de aprendizagem, ou seja, o método a utilizar deverá permitir a
gestão correta das relações Formando/Formador/Saber.
Um método e/ou uma técnica pedagógica não é uma simples receita a ser aplicada, por isso,
a sua escolha e utilização deverá ter em consideração os seguintes aspetos:

▪ Tipos de objetivos a atingir: a escolha do método depende se pretendemos atingir


objetivos pedagógicos com predomínio cognitivo – conhecimentos ao nível do saber-
saber, isto é, aquisição de novos conhecimentos, fazendo apelo, sobretudo, à
compreensão e à memorização; ou objetivos pedagógicos com mais predomínio motor
– conhecimentos ao nível do saber-fazer, ou seja, aquisição de novas capacidades e
comportamentos, fazendo apelo, sobretudo, à atividade manual e instrumental; ou
30 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

ainda, objetivos pedagógicos com predomínio dos fenómenos comportamental ou


afetivo – conhecimentos ao nível do saber-ser, ou seja, modificação de atitudes e
comportamentos, fazendo apelo, sobretudo, à modificação ou ajuste de
comportamentos.
▪ Formandos: nível de habilitações, dimensão do grupo, meio social de origem,
experiência, aspetos culturais, relacionamento no grupo, expectativas, relação com o
saber e ritmo de aprendizagem.
▪ Formadores: experiência, metodologias dominadas, competências, personalidade,
criatividade.
▪ Contexto da Formação: condições materiais, recursos humanos, custos, duração,
instalações.

Em suma:

Instalações e
equipamentos

Duração
Conteúdo

Método e
Técnica
Objetivos Pedagógica Custos

Formador Formando

Sem dúvida que o domínio dos métodos e das técnicas é importante, mas a formação tem o
seu quê de enigmático e não é raro acontecer a um formador que tenha tido sucesso com
vários grupos, ser mal sucedido com outros. É, talvez, neste enigma que reside o fascínio de
ser formador.
31 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

SUB M4.2 - PEDAGOGIA E APRENDIZAGEM INCLUSIVA E


DIFERENCIADA

4.2.1. RELAÇÕES ENTRE FORMADOR-FORMANDO E FORMANDO-


FORMANDO (SÓCIO CONSTRUTIVISMO)
O formador aos olhos do grupo aparece como: a figura paternal, autoritária; alguém com
grande poder económico; o representante da instituição organizadora; e um professor
associado à velha escola.
É a "vítima" preferencial dos fenómenos de transferência. As características de
personalidade do formador, o seu estilo de relacionamento interpessoal, são marcantes para
o tipo de ambiente pedagógico que se gera na situação de ensino-aprendizagem. A
preparação psicopedagógica, aliada à estrutura da personalidade do formador, é
condicionante para o despertar ou não de conflitos no seio do grupo. A preparação técnico-
profissional do formador é outra variável importante a este nível. Estes três fatores -
estrutura de personalidade, e preparação prévia, quer técnica, quer pedagógica - são
fundamentais na avaliação que o grupo fez da pessoa do formador, enquanto gestor legítimo
da comunicação em sala. A mudança a efetuar na formação acontece a nível dos
conhecimentos técnicos e também a nível do saber-estar. Na sala de formação são ensaiadas
novas formas de estar em relação, formas alternativas de trabalho em conjunto, de
comunicar em grupo. A experiência e o saber de cada um não podem ser ignorados em
populações de indivíduos adultos, ou jovens adultos. É vital a existência de espaço para a
expressão individual.
Mesmo as questões e perguntas referentes à "matéria" possuem sempre uma dimensão
emocional e social. Quando esclarecemos uma dúvida estamos também a satisfazer
necessidades sociais, de reconhecimento do meu estatuto no grupo e de afirmação da
individualidade. O formador preocupado em respeitar o conteúdo programático por vezes
não se apercebe da importância do domínio sócio afetivo e da necessidade de se enquadrar
a sua expressão na situação de ensino-aprendizagem. Simplesmente, não se pode esquecer
de que os seus objetivos não são obrigatoriamente os mesmos que os dos formandos.
Trabalhar o domínio da relação é facilitar a transmissão dos conceitos teóricos e técnicos. O
formador funciona como um sensor: tem que estar permanentemente atento para detetar
as tensões e apreciar a sua incidência na progressão do grupo. Isso implica estar
32 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

particularmente sensível ao feedback dado pela expressão oral e o comportamento não-


verbal de cada um.

4.2.2. CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA: DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO


CRIATIVO; A CRIATIVIDADE COMO FERRAMENTA EFICAZ; TÉCNICAS E
FONTES DE CRIATIVIDADE; POTENCIAR A ATITUDE CRIATIVA
A criatividade é a capacidade de gerar ideias que sirvam para produzir coisas novas e valiosas
ou que tenham um valor em si mesmas. Pode aplicar-se à resolução de problemas, em cujo
processo consiste em encontrar uma maneira diferente e mais adequada de acabar com ele,
ou à criação de objetos práticos, artísticos ou de qualquer outra natureza. A criatividade é
função intrínseca do ser humano, no entanto esta função desenvolve-se parcialmente, dado
que depende do meio onde crescemos, da estimulação ou não que o individuo é sujeito, no
entanto existem técnicas de estimulação da criatividade.

Técnicas que potenciam a Criatividade Individual


Os Mapas Mentais são uma ferramenta visual inventada por Tony Buzan, são uma técnica
gráfica que parte de uma palavra-chave, ícones ou gráficos que se vai desmembrando
através de outras em torno desta e que de certa forma de complementam e se relacionam
manifestamente, esta ramificação será o mapa mental, dando-se destaque especialmente
nos aspetos que sejam mais interessantes ao que se pretende, no entanto devem ser
levantadas as seguintes questões – Vantagens? Desvantagens? Porquê? Como? Onde?
Quando? Esta técnica é facilitadora da criação, sem castração imaginativa e que permite
mostrar de forma atrativa e simples o pretendido.

Técnicas que potenciam a Criatividade em Grupo

▪ SEIS CHAPÉUS
Os seis chapéus é uma técnica muito útil e que propícia a tomada de decisão, assim os
chapéus simbolizam os diferentes pontos de vista a partir dos quais pode ser analisado um
problema ou uma situação concreta. Procura-se que numa reunião todos os elementos
contribuam com ideias e colaborem no processo de adoção de decisões, para que todas as
pessoas integrantes do grupo criativo utilizem ao mesmo tempo cada chapéu ou ponto de
vista para analisar uma situação ou problema.
33 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Por forma a desenvolver a atividade os participantes deverão usar os chapéus, sendo que
cada chapéu terá uma cor distinta e cada uma corresponde uma visão acerca da temática. A
relação entre cores e chapéus é a seguinte:
▪ Chapéu Branco: Apresentação de informação de maneira objetiva e neutra;
▪ Chapéu Vermelho: São apresentadas opiniões, intuições e sentimentos, sem
necessidade de fundamentar as respostas com argumentos concisos;
▪ Chapéu Amarelo: São expostos os aspetos positivos do assunto ou ideia;
▪ Chapéu Negro: Representa a tolerância quanto à análise da questão, sendo aqui são
assinalados os possíveis riscos e obstáculos;
▪ Chapéu Verde: Nesta fase é dada liberdade ao pensamento criativo. São apresentadas
as ideias novas e as possíveis alternativas que deem valor acrescentado à questão em
debate;
▪ Chapéu Azul: É exposta a abrangência, é dada uma visão geral sobre a temática.
Sintetiza o debate, avaliando e ponderando as diferentes alternativas propostas.

▪ OPERA
Opera é a denominação em sigla de uma técnica, destinada a facilitadores/formadores que
conduzam reuniões ou grupos de trabalho. A dimensão ideal do grupo situa-se entre 6 a 12
pessoas.

Que significa “Opera”?


O – Os Nossos pontos de vista
P – Pontos de vista a dois
E – Exposição, apresentação
R – Classificação
A – Organização

Como se desenvolve esta técnica?


O – “Os nossos pontos de vista”
Na primeira fase, o formador pede a todos os participantes que trabalhem sozinhos,
anotando todas as ideias/objetivos/problemas que julguem mais importantes. O tempo
dado não deve ultrapassar 3 a 5 minutos, consoante a dimensão do assunto a debater.
P – “Pontos de vista a dois”
34 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Na segunda fase, o trabalho é continuado aos pares (grupos de dois). A tarefa consiste em
clarificar, através de discussão, as três ideias/objetivos/problemas mais importantes,
encontrados pelos dois elementos do grupo.
Cada item escolhido (ideia ou problema) deve ser redigido de forma isolada numa folha de
papel ou cartão, onde se justapõe uma marca, preta ou azul, que identifica o grupo. As folhas
de papel/cartões magnéticos devem então ser levadas e afixadas pelos diferentes grupos,
na coluna que lhes está atribuída, no quadro.
É dado aos participantes cerca de oito minutos para realizar esta tarefa.
E – “Exposição”
Na terceira fase, os diferentes grupos apresentam a sua decisão. Antes da apresentação, o
formador pede a todos que escutem com atenção as apresentações, porque a sua próxima
tarefa consistirá, em selecionar, de todas as alternativas existentes no quadro, as três mais
importantes.
Cada grupo, na seleção das três alternativas, apenas poderá escolher uma da sua autoria.
É, então, dado a cada grupo dois minutos para apresentar e explicar as razões que presidiram
à seleção dos itens que propuseram. Não são permitidas críticas ou qualquer tipo de
comentários.
R – “Classificação”
Seguidamente, os grupos analisam de uma forma participada, todas as ideias, atribuindo-
lhes prioridades através de um sinal (+) ou qualquer outro mais adequado, e selecionam as
três ideias/itens classificadas como as mais importantes. É o formador que escolhe
previamente o tipo de sinal.
A – “Organização”
Depois de os papéis estarem marcados, o formador reagrupa os papéis/cartões por forma a
que aqueles com mais sinais (+) sejam colocados no topo e os semelhantes por baixo destes.
As sugestões às quais não tenham sido atribuídas marcas podem ser removidas do quadro
ou deslocadas para a parte inferior do quadro.
O formador não deve organizar os papéis/cartões por sua conta, mas, antes, deve utilizar as
dicas, conselhos, sugestões que recebe do grupo.
35 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

4.2.3. DRAMATIZAÇÃO DE CENÁRIOS PEDAGÓGICOS


A dramatização de cenários pedagógicos é muito frequente como forma de dinamização,
mas também de aproximação da formação à vida ativa e de envolvimento do formando em
situações onde a sua experiência pode trazer um contributo relevante. O termo
dramatização deriva do teatro e está associada ao psicodrama e ao role playing. Esta
dramatização tem sido utilizada em cenários muito distintos. Exploramos aqui três formatos:

Roleplaying
Serious
e Ice Breakers
games
Simulações

O role playing e as simulações permitem aproximar o contexto formativo do contexto laboral


ao reproduzirem situações verosímeis e próximas da realidade. Eles garantem experiências
memoráveis, que o formando dificilmente esquece, uma vez que são vividas e
desempenhadas por si. A criação de role playing passa por:
1. Definir os objetivos pedagógicos que se pretendem alcançar;
2. Estruturar as etapas do jogo;
3. Elaborar os papéis ou perfis, as relações entre eles e definir a situação
problemática que vai ser vivida;
4. Explicar aos formandos qual é o papel que se pretende que desempenhem;
5. Fazer uma reflexão, no final, sobre os resultados do jogo.

Os ice breakers são jogos pedagógicos utilizados em situações específicas como:


1. Para iniciar a socialização do grupo no início da formação;
2. Para libertar tensões ou mal-estares que se tenham instalado;
3. Para agitar grupos de formandos ou formandos "adormecidos".

Estes jogos não têm objetivos pedagógicos em si, mas são fundamentais para criar um
ambiente formativo agradável que, por sua vez, vai ajudar a promover a aprendizagem.
Existem baterias de ice breakers para todo o tipo de circunstâncias.
36 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Os serious games são jogos desenhados com intuitos pedagógicos e não apenas lúdicos. Eles
são desenhados de raiz com o objetivo de resolver um problema. É nos serious games que
se incluem os jogos educativos. Existem centenas destes jogos que simulam, por exemplo, a
gestão de uma empresa, a gestão de uma loja, processos de encomendas, tratamento de
reclamações, etc. Alguns destes jogos são totalmente online enquanto outros podem ser
jogados em sala. Os serious games distinguem-se dos jogos comerciais que são adaptados
para fins educativos (por exemplo, a utilização do SimCity em formações de planeamento de
cidades).

4.2.4. ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PARA A


INCLUSÃO E A FORMAÇÃO DE GRUPOS COESOS
Os indivíduos que trabalham em grupo aprendem mais do que sozinhos. Este facto deve-se
à sinergia, à osmose social (tendência para aceitar as regras do grupo) e ao acréscimo de
ideias a circular. Memoriza-se melhor o que se aprende em grupo. A interdependência entre
os elementos, a consciência e a aceitação de uma influência recíproca, bem como, de regras
estabelecidas e papéis a desempenhar, constituem fatores determinantes para que seja
possível atingir o objetivo que é comum ao grupo.
A qualidade do trabalho de grupo aumenta até um certo número de participantes (quatro,
cinco, elementos). Depois, se o número aumentar, a eficácia diminui. A maturidade de cada
elemento não basta para o grupo ser maduro. O formador tem de assegurar os processos
de amadurecimento do grupo enquanto tal. A igualdade de participação de todos os
elementos deve ser garantida pelo formador e por processos internos de funcionamento. A
livre comunicação de ideias deve ser assegurada.

Estratégias de desenvolvimento e formação de grupos coesos


▪ O encorajar dos elementos do grupo;
▪ Fomentar a cooperação, animar e motivar os elementos;
▪ Aceitar voluntariamente as regras;
▪ Disponibilidade dos elementos para se adequarem ao grupo e ritmo de
trabalho do mesmo;
▪ Reconhecimento de todos os pertencentes da utilidade na sua participação.
37 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

Assim o que condiciona a formação de grupos coesos é:


▪ A existência de um membro agressivo;
▪ Desinteresse de um dos participantes;
▪ Domínio do grupo por um elemento, que manipula os elementos para obter
estatuto superior;
▪ Utilização de interesses particulares, com o fim de desorganizar o trabalho
do grupo.

4.2.5. DINAMIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDOOR E/OU OUTDOOR QUE


PERMITAM A APLICAÇÃO DOS CONTEÚDOS EM DIFERENTES CONTEXTOS
A dinamização de atividades indoor são as mais comuns na formação, no entanto não
devemos descurar as atividades outdoor, estas atividades são desenvolvidas como uma
ferramenta inovadora e de desenvolvimento humano e organizacional, estas atividades
desenvolvem-se fora do espaço comum (sala de formação), num espaço mais descontraído
dando prioridade ao contacto com a natureza. As atividades outdoor promovem o exercício
e treino da qualidade individual e do trabalho em equipa, através da prática destas atividades
como qualquer outra atividade tem objetivos e uma finalidade e que não podemos descurar.
As principais atividades desenvolvidas outdoor têm como finalidade o controlo e gestão de
stress, liderança, tomadas de decisão, gestão de risco, criatividade, treino de equipas.

Vantagens das Atividades Outdoor


▪ Cria no grupo maior envolvimento;
▪ Elevados níveis motivacionais;
▪ Permite a saída da rotina;
▪ Contactar com outras sensações e emoções;
▪ Fomenta o espírito de descoberta;
▪ Promove a participação ativa dos participantes;
▪ Boa interação entre formandos e entre formandos e formadores.

Desvantagens das Atividades Outdoor


▪ Poderá envolver maiores custos;
▪ Facilmente as atividades perdem o rumo face aos objetivos;
▪ Necessidade de um maior envolvimento do formador na fase – Planear.
38 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

4.2.6. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA APLICAÇÃO DAS DIFERENTES


TÉCNICAS PEDAGÓGICAS EM CONTEXTOS DIFERENCIADOS
Diferentes contextos determinam a escolha das técnicas pedagógicas mais adequadas.

Vantagens do “Brainstorming”:
▪ Desenvolve a capacidade para produzir ideias originais e soluções diferentes das
habituais;
▪ Ajuda a superar o conformismo, a estereotipia, a rotina e a indiferença;
▪ Mostra que a maioria das pessoas tem soluções múltiplas e que sempre é possível
encontrar uma melhor;
▪ Desenvolve a flexibilidade mental;
▪ Estimula a relação espontânea no grupo, e produz (quando se faz num clima
emocional apropriado) uma certa alegria e bem-estar na sessão e depois dela.

Desvantagens do “Brainstorming”:
▪ Dificuldade de aplicação em grupos muito grandes;
▪ Dificuldade em controlar o grupo.

Vantagens do Estudo de Caso:


▪ É pessoal. Dá ao formando a responsabilidade da reflexão e da solução;
▪ É realista. Trabalha-se sobre um caso que aconteceu;
▪ As situações são precisas;
▪ Permite trabalhar em grupo;
▪ Provoca mudanças. O formando deve justificar e defender o seu ponto de vista;
▪ Permite que cada formando capte a opinião e o ponto de vista dos outros;
▪ Permite comparar as várias soluções encontradas;
▪ Permite uma melhor compreensão dos comportamentos humanos;
▪ Melhora o comportamento e a relação interpessoal.

Desvantagens do Estudo de Caso:


▪ Não é uma verdadeira experiência;
▪ O formando não tem responsabilidade na sua solução;
39 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

▪ Pode causar frustração quando o formando se apercebe que não há receitas


absolutas (uma única resposta);
▪ É o formador quem escolhe ou elabora o caso;
▪ Não é possível obter informação complementar;
▪ Os casos são discutidos sob a forma de crítica/desafio;
▪ Pode ser gerador de confiança excessiva e causador de problemas em grupos
heterogéneos.

Vantagens do Role Playing:


▪ Evita a monotonia na formação e melhora o autoconhecimento;
▪ Possibilita ao participante o desempenho de uma personagem que não tem a ver
com a sua personalidade, permitindo o treino de comportamentos adaptados a
situações que poderão ser difíceis, desagradáveis, ou mesmo de conflito;
▪ Desenvolve processos de comunicação fora do que é comum e estimula a
participação e o envolvimento de todos, traduzindo-se num fator de elevada
motivação;
▪ Dá a possibilidade de aperfeiçoamento em áreas que têm a ver com a observação
e a análise de aspetos positivos e negativos;
▪ Permite adaptar ou reformular maneiras de intervir e encontrar caminhos para
alcançar o objetivo desejado.

Desvantagens do Role Playing:


▪ Resistência por parte dos participantes, que poderá ser devida a insegurança,
timidez, receio de críticas e do fracasso entre outros, e que pode, até ter a ver com
o medo de dominar mal o tema;
▪ Poderão, ainda, acontecer situações de humor e não ser levado a sério o
desempenho do papel e, claro, quando assim acontece, poderão surgir outros
resultados que não os pretendidos.

Vantagens da Simulação:
▪ A técnica da simulação na formação, como processo de autoavaliação que é, dá a
possibilidade aos participantes de se reverem e tomarem consciência dos seus
40 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

aspetos positivos e dos que ainda têm a melhorar, e contribui para uma alteração
de atitudes.
▪ Dá um contributo importante para que as pessoas se afirmem, exprimindo
corretamente as suas ideias, porque transmiti-las é tão importante como tê-las.

Desvantagens da Simulação
▪ Para ter êxito, pressupõe um processo individual, complexo e profundo de
autorreflexão, que dificilmente se consegue impor de fora para dentro.
41 Metodologias e Estratégias Pedagógicas

BIBLIOGRAFIA:

BÁRBARA, Luís (2009). Métodos e Técnicas Pedagógicas/Andragógicas. Edição FCA – Teto de Nuvens

CARMO, H. e FERREIRA, M. (1998). Metodologia da Investigação, Guia para a autoaprendizagem.

Lisboa: Universidade Aberta

FREIRE, S. (2008). Um olhar sobre a inclusão. Revista da Educação. vol. XVI. nº 1. pp. 5-10

GONÇALVES, Ana Paula (2005). Criatividade e Inteligência emocional. Lisboa: Cecoa

LOPES, L. e PEREIRA, M. (2004). Métodos e Técnicas Pedagógicas. Lisboa: Fundação para a Divulgação

das Tecnologias da Informação

MARQUES, Ramiro; ROLDÃO, Mª do Céu (2001). Inovação, Currículo e Formação. Coleção CIDINE. Porto:

Porto Editora

PEARPOINT, Jack e FOREST, Marsha. Inclusion: It’s about change! In Inclusion Network. disponível em

http://www.inclusion.com/inclusion.html

RODRIGUES, David (org.) (2008). Educação e diferença: Valores e práticas para uma educação inclusiva.

Porto: Porto Editora

ROMAN, J.D. (2005). The paper bridge – experiential Vs. Outdoor training. Editorial Libros en Red

SIMÕES, Eduardo e RODRIGUES, José (2010). Formação Outdoor: organização, métodos e instrumentos.

Revista Formar. Nº 72. pp. 42-45

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