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Curso de Técnico em Eletrotécnica

Máquinas Elétricas
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor do Departamento Nacional do SENAI

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI

Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso de Técnico em Eletrotécnica

Máquinas Elétricas

Frederico Samuel de Oliveira Vaz

Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenação de Educação a Distância Design Educacional, Ilustração,


Beth Schirmer Projeto Gráfico Editorial, Diagramação
Equipe de Recursos Didáticos
Revisão Ortográfica e Normatização SENAI/SC em Florianópolis
Contextual Serviços Editoriais
Autor
Coordenação Projetos EaD Frederico Samuel de Oliveira Vaz
Maristela de Lourdes Alves

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis

V393m
Vaz, Frederico Samuel de Oliveira
Máquinas elétricas / Frederico Samuel de Oliveira Vaz. – Florianópolis :
SENAI/SC, 2010.
99 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Máquinas elétricas. 2. Transformadores elétricos. 3. Motores elétricos


de corrente contínua. 4. Energia. I. SENAI. Departamento Regional de Santa
Catarina. II. Título.

CDU 621.313

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
www.sc.senai.br
Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as


necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-
senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de


ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-
mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-
sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional,
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-
cação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte


deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria
do Conhecimento.
Sumário
26 Seção 8 - Ligação em trans- 45 Seção 8 - Características dos
Conteúdo Formativo 9
formadores trifásicos rotores de geradores

28 Seção 9 - Ensaios em trans- 45 Seção 9 - Reatância síncrona


Apresentação 11 formadores trifásicos 46 Seção 10 - Regulação de
28 Seção 10 - Placa de identifi- tensão
14 Unidade de estudo 1 cação Seção 11 - Perdas e eficiên-
46
Transformadores cia
Monofásicos 46 Seção 12 - Potência em má-
30 Unidade de estudo 3
quinas de pólos salientes
Outros
Transformadores 47 Seção 13 - Sincronização
15 Seção 1 - Princípios de fun-
cionamento
17 Seção 2 - Circuito equiva- 31 Seção 1 - Autotransforma-
lente dores
48 Unidade de estudo 5
18 Seção 3 - Perdas no transfor- 33 Seção 2 - Transformador de
mador potencial Motor Síncrono
19 Seção 4 - Cálculo do rendi- 33 Seção 3 - Transformador de
mento corrente 49 Seção 1 - Introdução

19 Seção 5 - Ensaios 49 Seção 2 - Operação e funcio-


namento
51 Seção 3 - Servomotor
36 Unidade de estudo 4
22 Unidade de estudo 2 Geradores de
Transformadores Corrente Alternada
Trifásicos

37 Seção 1 - Introdução

23 Seção 1 - Introdução 37 Seção 2 - Princípios de fun-


cionamento
23 Seção 2 - Aspectos constru-
tivos 39 Seção 3 - Aspectos constru-
tivos
23 Seção 3 - Grau de proteção
39 Seção 4 - Geração de corren-
25 Seção 4 - Operação de trans-
te trifásica
formadores trifásicos em
paralelo 40 Seção 5 - Ligações no siste-
ma trifásico
25 Seção 5 - Divisão de cargas
entre transformadores 41 Seção 6 - Tensão nominal
múltipla
26 Seção 6 - Determinação da
tensão nominal 43 Seção 7 - Comportamento
do gerador vazio e sob carga
26 Seção 7 - Polarização do
transformador
52 Unidade de estudo 6 70 Unidade de estudo 7 78 Unidade de estudo 8
Motores Trifásicos Motores Geradores de
de Indução de monofásicos Corrente Contínua
Corrente Alternada

53 Seção 1 - Introdução 71 Seção 1 - Introdução 79 Seção 1 - Introdução


71 Seção 2 - Princípios de fun- 79 Seção 2 - Princípios de fun-
54 Seção 2 - Visão geral
cionamento cionamento
55 Seção 3 - Aspectos constru-
tivos 72 Seção 3 - Partida e funciona- 80 Seção 3 - Aspectos constru-
mento normal de motores tivos
57 Seção 4 - Princípios de fun-
monofásicos de indução 81
cionamento Seção 4 - Excitação de
75 Seção 4 - Ensaios em moto- campo
58 Seção 5 - Velocidade síncro-
res monofásicos
na (ns) 82 Seção 5 - Circuito equivalen-
te do gerador CC
58 Seção 6 - Escorregamento
83 Seção 6 - Equações da ten-
59 Seção 7 - Circuito equiva-
são no gerador e regulação
lente
de tensão
61 Seção 8 - Obtenção dos
84 Seção 7 - Perdas e eficiência
parâmetros do circuito equi-
de uma máquina
valente
63 Seção 9 - Equações gerais
65 Seção 10 - Características
eletromecânicas
66 Seção 11 - Métodos de
partida
86 Unidade de estudo 9 92 Unidade de estudo 10
Motores de Corrente Geração de Energia
Contínua
93 Seção 1 - Energia
87 Seção 1 - Introdução 93 Seção 2 - Potência
87 Seção 2 - Princípios de fun- 93 Seção 3 - Geração de energia
cionamento
93 Seção 4 - Cogeração de
87 Seção 3 - Torque energia
87 Seção 4 - Forças contra- 94 Seção 5 - Sistema de geração
eletromotriz
88 Seção 5 - Circuito equivalen-
te do motor CC
Finalizando 97
89 Seção 6 - Velocidades de um
motor
89 Seção 7 - Tipos de motores
Referências 99
91 Seção 8 - Requisitos de parti-
da dos motores
10 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação

Carga horária: 60h

Competências

Analisar o funcionamento e o comportamento das máquinas elétricas em instalações


industriais e prediais.

Conhecimentos
▪ Características construtivas e funcionais de máquinas elétricas: motores síncronos,
assíncronos, corrente contínua, servomotores e transformadores.
▪ Eficiência energética.
▪ Sistemas de geração de energia elétrica: fontes alternativas e tradicionais de energia
elétrica.

Habilidades

▪ Aplicar normas técnicas para dimensionamento de componentes e máquinas.


▪ Identificar as fontes alternativas de energia, aplicando e substituindo fontes de energia
tradicionais.
▪ Avaliar as características ambientais e econômicas frente a sistemas tradicionais de
geração de energia elétrica.
▪ Identificar materiais, dispositivos e máquinas de instalações elétricas.
▪ Aplicar técnicas de medição e ensaios elétricos (em máquinas elétricas) para a melhoria
da qualidade de serviços.
▪ Aplicar técnicas de montagem em máquinas elétricas.
▪ Selecionar máquinas para geração de energia elétrica.
▪ Interpretar procedimentos básicos de operação de dispositivos de manobras em baixa e
alta tensão.
▪ Interpretar normas técnicas de saúde, segurança no trabalho e meio ambiente.
▪ Aplicar técnicas para correção do fator de potência.

Atitudes

▪ Zelo no manuseio dos equipamentos e instrumentos.


▪ Cuidados no manuseio de componentes eletroeletrônicos.
▪ Aplicar normas técnicas de saúde, segurança no trabalho e meio ambiente.
▪ Responsabilidade socioambiental.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 11
Apresentação
Prezado aluno, seja bem vindo à unidade curricular de Máquinas Elé- Professor Frederico
tricas. Samuel de Oliveira Vaz
O objetivo deste conteúdo é apresentar a teoria de funcionamento, a
Frederico Samuel de Oliveira
aplicação e a análise das máquinas elétricas, proporcionando a você in-
Vaz é graduado em Engenharia
formações e subsídios práticos que servirão de suporte para a atuação Elétrica pela Universidade Esta-
na área de eletrotécnica, bem como de referência para o seu desenvolvi- dual de Santa Catarina e pós-
mento profissional futuro. graduado em Projeto e Análise
É muito importante o conhecimento na área de máquinas elétricas para de Máquinas Elétrica Girantes
a sua atuação como técnico em eletrotécnica, pois tais equipamentos es- pelo Centro Universitário de
tão presentes em praticamente todos os seguimentos de mercado onde Jaraguá do Sul. Atuou entre os
anos 2002 e 2009 na área de
você poderá atuar.
fabricação de motores elétricos
Saiba que um maior enfoque será dado aos transformadores, geradores na WEG Equipamentos Elétricos
e motores, que são as máquinas mais empregadas na indústria, tais má- S.A. Atualmente, é professor
quinas estarão agrupadas por características visando otimizar e facilitar dos cursos técnicos e tecnológi-
o entendimento. cos do SENAI Jaraguá do Sul.

Então? Pronto para transitar por estes caminhos do conhecimento?


Bons estudos!

MÁQUINAS ELÉTRICAS 13
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo

Seção 1 - Princípios de funcionamento


Seção 2 - Circuito equivalente
Seção 3 - Perdas no transformador
Seção 4 - Cálculo do rendimento
Seção 5 - Ensaios
Transformadores Monofásicos

SEÇÃO 1
Princípios de
funcionamento
secundário, induzindo no mesmo uma tensão cuja sua amplitude estará
em função do fluxo magnético e do número de espiras do secundário.
A amplitude do fluxo produzido pelo primário está em função do núme-
Você sabia que o transforma- ro de espiras e da tensão de entrada (amplitude e frequência).
dor é um equipamento utili-
A base de funcionamento de um transformador necessita da existência
zado em diversas aplicações e
de um fluxo comum, variável no tempo e que seja enlaçado por dois ou
está presente em praticamen-
te todos os ramos de ativida- mais enrolamentos, conforme você pode observar na figura a seguir:
de dos diferentes setores da
economia moderna?

Dentre as principais aplicações,


pode-se citar a transferência de
energia de um circuito elétrico a
outro com o ajuste do nível de
tensão, o acoplamento entre siste-
mas elétricos, objetivando o casa-
mento de impedância e isolação e
a eliminação de corrente CC entre
dois ou mais circuitos. Agora você
conhecerá o funcionamento do
transformador.

Figura 1 - Fluxo Magnético


Basicamente, um transfor-
mador é um equipamento Fonte: Nascimento Jr. (2008, P. 36).
capaz de realizar a alteração
no nível de tensão por meio
da transferência de fluxo Veja que determinando a relação adequada entre o número de espiras
magnético entre dois ou mais do primário e do secundário, obtemos a relação entre tensões desejada.
enrolamentos acoplados por
um núcleo (NASCIMENTO JR.,
Acompanhe:
2008).
▪ U1 = tensão aplicada na entra-
U1 N 1 da (primária);
= ▪ N1 = número de espiras do
U2 N 2 primário;
A partir da conexão de uma ten-
são alternada de entrada no enro- ▪ N2 = número de espiras do
lamento primário, o fluxo gerado secundário;
é conduzido pelo núcleo magnéti- Equação 1
▪ U2 = tensão de saída (secun-
co e é enlaçado pelo enrolamento dário).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 15
A tensão gerada no secundário
em decorrência do fluxo magnéti-
co variável gerado pelo primário é
denominada tensão induzida.
Se no primário do transformador
for aplicada uma corrente con-
tínua, não será gerada tensão no
secundário, pois o fluxo magnéti-
co não será variável ao longo do
tempo.
A relação entre correntes e o nú-
mero de espiras entre enrolamen-
to primário e enrolamento secun-
dário é dada por:

I1 N2 Figura 2 - Ligação de um Transformador


= Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 38)
I 2 N1

Equação 2 Preste atenção agora nos exem- Exemplo 2


plos:
Para uma carga de 800 W, deter-
Continue acompanhando: mine as correntes nos enrolamen-
tos do transformador citado no
▪ I1 = corrente no primário; Exemplo 1 exemplo anterior.
▪ I2 = corrente no secundário; Determine o número de espiras
▪ N1 = número de espiras do do primário de um transforma-
primário; dor com 180 espiras no secun-
P2 = U2 ⋅ I 2
dário e uma relação de tensão de
▪ N2 = número de espiras do Sendo:
120/12 V.
secundário.
800
I2 = = 66,67A
Você pode perceber aqui, a par- 12
tir das relações apresentadas, que Aplicando a equação: A partir da equação:
no enrolamento de maior tensão
circulará a menor corrente, assim, U1 N 1
quanto menor o número de espi- =
U2 N 2 I1 N2 N2
ras maior será a corrente. = I1 = ⋅ I2
Você verá na figura a seguir uma
I 2 N1 N1
Temos:
forma de ligar o transformador.
120 N1 180
= I1 = ⋅ 66,67 = 6,67A
12 180 1800
N1 = 1800 espiras

Que tal, o que está achando do


assunto? Vamos para a próxima
seção!

16 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 2
Circuito equivalente N 
2

R 2r =  1  ⋅ R 2
 N2 
Embora acoplado pelo núcleo de ferro, uma pequena porção de fluxo
disperso (1 e 2) é gerada nos enrolamentos do transformador. Equação 3
No primário, o fluxo disperso 1 gera uma reatância indutiva X1 e no
secundário o fluxo disperso 2 gera uma reatância indutiva X2.
Os parâmetros apresentados no circuito equivalente determinam o fun-
cionamento correto do transformador (NASCIMENTO JR., 2008).
Observe a figura a seguir.
2
N 
X 2r =  1  ⋅ X 2
 N2 

Equação 4

Figura 3 - Circuito Elétrico Equivalente 2


N 
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 13). Z 2r =  1  ⋅ Z 2
 N2 

Conheça cada um desses parâmetros:


▪ Xm = reatância indutiva de magnetização; Equação 5
▪ Rm = resistência de magnetização que retrata as perdas do ferro;
▪ R1 = resistência do enrolamento primário; Na prática você pode utilizar o
▪ X1 = reatância indutiva do enrolamento primário; circuito em que X2r são agrupados
▪ R2 = resistência do enrolamento secundário; à R1 e X1. O erro que se comete
com essa simplificação é aceitável
▪ X2 = reatância indutiva do enrolamento secundário.
para efeito de análise do transfor-
mador.
Os valores das impedâncias refletidas são tais que as potências ativa e
reativa são iguais quando sujeitas à corrente I’1, sendo assim, temos as
seguintes relações:

MÁQUINAS ELÉTRICAS 17
PCC
RCC =
ICC 2

Equação 9

Perdas no ferro
(núcleo magnético)
Figura 4 - Circuito Elétrico Equivalente Aproximado As perdas no ferro podem ser di-
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 14). vididas em:
▪ perdas por histerese – são
Com o conhecimento dos pa- As perdas no cobre assim como causadas pelas propriedades dos
râmetros do transformador, é o valor da resistência, da reatân- materiais ferromagnéticos de
possível utilizar os ensaios para cia indutiva dos enrolamentos e apresentarem um atraso entre a
a determinação da grandeza dos o fator de potência são determi- indução magnética (b) e o campo
mesmos. nados a partir do ensaio de cur- magnético (h);
Vamos adiante? O assunto é bas- to. Podemos utilizar as seguintes
equações: ▪ perdas por correntes parasi-
tante curioso, certo? tas – são geradas pela circulação
de correntes parasitas causadas
pelo fluxo variável induzido no
SEÇÃO 3 UCC material ferromagnético.
Perdas no Z CC =
ICC
transformador O fluxo magnético variável no
tempo responsável pela tensão in-
Agora vamos conhecer algumas duzida no secundário produz cor-
perdas? Equação 6 rentes induzidas no núcleo consti-
tuído de material ferromagnético.
Essas correntes são indesejadas,
Perdas no cobre pois geram perdas no transforma-
As perdas no cobre podem ser di- X CC = Z CC 2 − RCC 2 dor. Visando reduzir essas perdas,
vididas em: o núcleo magnético é construído
de várias chapas finas de material
▪ perdas na resistência ferromagnético, isoladas eletrica-
ôhmica dos enrolamentos – Equação 7 mente uma das outras. Assim, a
são decorrentes da passagem de circulação de corrente induzida é
uma corrente I pelo condutor reduzida, tendo como consequên-
que apresenta uma determinada cia a diminuição do aquecimento
resistência R, esta perda é repre- PCC do equipamento.
sentada pela expressão I2R; Cosϕ =
UCC × ICC
▪ perdas parasitas no con-
dutor dos enrolamentos – são
geradas pelas correntes parasitas
induzidas nos condutores do Equação 8
enrolamento, dependem da gran-
deza da amplitude da corrente e
da geometria dos condutores das
bobinas.

18 CURSOS TÉCNICOS SENAI


da aplicação dessa tensão dão
uma noção sobre as condições do
sistema de isolação.
A interpretação dessas condições
é dada pelos valores obtidos pelo
megôhmetro, que indica o valor
da resistência de isolação em me-
gaohms.
Pode-se utilizar como referência a
seguinte regra prática: 1 KΩ por
volt.
Acompanhe o roteiro para a reali-
zação do ensaio:

1. utilizando o megôhmetro,
meça a resistência de isolação
Figura 5 - Núcleo Magnético
entre o primário e a carcaça;
Fonte: Carvalho (2008, p. 38).
2. meça a resistência de isolação
entre o secundário e a carcaça;
SEÇÃO 4 SEÇÃO 5
3. meça a resistência de isolação
Cálculo do rendimento Ensaios entre o enrolamento primário
e o enrolamento secundário do
Segundo Nascimento Jr. (2008, p. Nesta seção você conhecerá os transformador;
48), ensaios principais a que são sub-
metidos os transformadores, são 4. calcule o valor mínimo para
“[...] para o transformador o
rendimento é a relação entre a
eles: a resistência de isolação do
potência entregue no secundá- ▪ verificação de isolação; transformador avaliado e com-
rio e a potência absorvida no pare com os valores obtidos
primário.” ▪ determinação da relação de no ensaio.
transformação;
▪ ensaio a vazio;
Os megôhmetros mais frequente-
▪ ensaio de curto-circuito.
mente utilizados são para 1.000,
À temperatura de 20 °C o ren- 2.500 e 5.000 volts.
Os instrumentos e equipamen-
dimento é dado por: tos necessários são: amperímetro,
voltímetro, wattímetro, megôh-
US × I S
Re nd = metro e osciloscópio.
US × IS + PCU + PFE Agora você conhecerá a aplicabi-
lidade de cada um desses ensaios.
Equação 10

Reflita sobre as considerações do


autor. Verificação de isolação
É realizado aplicando-se uma
tensão contínua entre os enrola-
mentos e o núcleo ou entre enro-
lamentos diferentes.
As correntes geradas nos mate-
riais dielétricos em consequência Figura 6 - Megôhmetro

MÁQUINAS ELÉTRICAS 19
Determinação da rela- Ensaio de curto-
ção de transformação circuito
Pode ser realizada pela leitura di- O ensaio de curto-circuito permi-
reta, com o auxílio do voltímetro, te determinar as perdas no cobre
das tensões nos enrolamentos pri- nos enrolamentos primário e se-
mário e secundário. Figura 7- Ensaio a Vazio cundário.
Para se determinar a relação de Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 51)
transformação, acompanhe qual
roteiro podemos seguir:
1. alimentar o enrolamento pri- Deve-se tomar cuidado com
1. identificar os enrolamentos; mário com suas tensões e fre- a tensão aplicada no primário
quência nominais, anote o va- do transformador, a fonte de
2. impor ao enrolamento pri- lore da tensão aplicada; tensão deverá estar desliga-
mário uma tensão reduzida da para que seja conectado o
e medir com o auxílio de um 2. a partir da leitura do wattíme- amperímetro para a medição
tro, anote o valor da potência da corrente no secundário, o
voltímetro a tensão no secun-
absorvida; posicionamento dos equipa-
dário, determinando a relação
mentos de medição com re-
de transformação. lação ao equipamento a ser
3. a partir da leitura do amperí-
ensaiado deve ser conforme
metro, anote o valor da cor- apresentado na figura a se-
Ensaio a vazio rente no primário. guir. (NASCIMENTO JR., 2008,
p. 52).
Este ensaio permite obter os Para a determinação dos parâme-
dados necessários para a de- tros do transformador utilizamos
terminação dos parâmetros do as seguintes relações:
circuito equivalente do transfor-
mador e determinar as perdas
no ferro. A obtenção destes pa-
cos φ = Po
râmetros permite prever o com-
Vo x Io
portamento do transformador
em condições de carga além das
IRm = Io x cos φ
condições que caracterizam as
condições normais de trabalho.
Im = Io x sen φ
(NASCIMENTO JR., 2008, p. 51).
Zm = Vo Figura 8 - Ensaio de Curto-Circuito
Io Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 53).
Conecte os instrumentos de
medição conforme o circuito Rm = Vo
apresentado na figura a seguir. IRm
Observe que o enrolamento se- Você já está compreendendo cada
cundário deverá estar aberto, a va- Xm = Vo um desses ensaios? Então co-
zio. Acompanhe mais um roteiro Im
nheça mais um roteiro segundo
para a realização do ensaio: (NASCIMENTO JR., 2008).
Qvar = Vo2
Xm

Xm = V12 1. Alimente o transformador com


uma tensão alternada através
Qvar
dos terminais 1 e 2, partindo
de 0 V (fonte de tensão ajustá-
vel).
Equações 11, 12, 13, 14, 15, 15, 17 e 18

20 CURSOS TÉCNICOS SENAI


2. Eleve gradualmente o nível de O total das perdas no cobre pode
tensão imposta ao primário ser dado por:
até o ponto no qual a corrente
V12
no primário seja equivalente à Xm =
corrente nominal do transfor- Pcu = r 1 × I12 + r 2 × I22 Qa
mador.
440 2
Equação 22 Xm = = 8,07KΩ
3. Com as informações medidas, 24
potência Pcc, tensão Vccp e 4. Calcule a impedância percentu-
corrente, determine os parâ- al e a corrente de curto no se-
metros do circuito equivalente cundário a partir das seguintes
utilizando as seguintes equa- equações: V12
Rm =
ções: Pa
440 2
Vcc Rm = = 5,38KΩ
Rcc = Pcc Z% = × 100 36
Icc2 VP

Qa
Zcc = Vcc Equação 23
Xb =
Icc
I 21
24
Xb = 2
= 0,52Ω
Xcc = √ Z2cc - R2cc  3000 
100  
I cc = × IN  440 
Z%
cos φ = Pcc
Vcc x Icc
Pa
Equação 24 Rb =
I 21
5. Calcule o rendimento do trans- 18
formador a 20 °C: Rb = 2
= 0 ,39Ω
 3000 
 
 440 
Rcc = r1 + r2 Rend =
VS ×I S
Equação 19
V S × I S + P CU + P FE
Chegamos ao final da primeira
Equação 25
unidade de estudos, todas as in-
formações que você recebeu se
r1 = r2 x Np referem à utilização do transfor-
Ns Exemplo 1 mador monofásico, seus princí-
O transformador de tensão nomi- pios, como calcular o rendimen-
Equação 20
nal 440/220 V, 3,0 kVA, 60 Hz to, as perdas do transformador e
apresentou os seguintes resulta- aplicabilidade dos ensaios.
E considerando a condição dos nos ensaios: curto-circuito
(18 W, 24 VAr) e a vazio (36 W
e 24 VAr). Calcule os valores dos
parâmetros do circuito equiva-
r1 = r2 lente aproximado referente ao
primário.
Equação 21

MÁQUINAS ELÉTRICAS 21
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Aspectos construtivos
Seção 3 - Grau de proteção
Seção 4 - Operação de transformadores
trifásicos em paralelo
Seção 5 - Divisão de cargas entre
transformadores
Seção 6 - Determinação da tensão
nominal
Seção 7 - Polarização do transformador
Seção 8 - Ligação em transformadores
trifásicos
Seção 9 - Ensaios em transformadores
trifásicos
Seção 10 - Placa de identificação
Transformadores Trifásicos

SEÇÃO 1
Introdução
Você sabia que o transformador Para o transformador apresentado, existem diversas formas de ligação
trifásico é utilizado em grande es- que serão descritas ao longo desta unidade. Para a realização das liga-
cala nos sistemas de transmissão, ções, estes equipamentos possuem caixas de ligação e placas de bornes.
distribuição e na indústria em ge- Para a identificação dos terminais do primário será utilizado o número
ral? do terminal precedido da letra “H” e para os terminais do secundário, o
Após a geração de energia os número precedido da letra “X”.
transformadores trifásicos são Um aspecto muito importante para garantir o correto funcionamento
utilizados para elevar a tensão nos do transformador é uma boa eficiência na dissipação do calor gerado
pontos iniciais das linhas de trans- pelo mesmo. Existem várias formas de se dissipar o calor gerado pelo
missão com a subsequente utili- equipamento, geralmente em transformadores com maiores potências.
zação para a redução das tensões Os enrolamentos estão submersos em óleo isolante que melhoram a
para a distribuição e utilização fi- condução de calor e em contato com as aletas aumentam a eficiência
nal da energia elétrica trifásica. do sistema de dissipação, em transformadores de menores potências os
enrolamentos estão em contato direto com o ar.

SEÇÃO 2
Aspectos construtivos
Podemos definir um transforma-
dor trifásico como um grupo com
três transformadores monofási-
cos no qual os três primários e os
três secundários estarão operando
simultaneamente, observe na fi-
gura :

Figura 10 - Transformador Trifásico


Fonte: Weg S.A. ([200-?]).

SEÇÃO 3
Grau de proteção
Conforme as condições e características do local em que será instalado
o equipamento elétrico e de sua acessibilidade, deve ser determinado o
grau de proteção. Sendo assim, um equipamento que seja instalado em
um local aberto onde pode ocorrer o gotejamento de água sob diversos
Figura 9 - Transformador Trifásico ângulos do equipamento, o mesmo deve possuir um invólucro que ga-
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 57). ranta o seu funcionamento sem que ocorra a penetração de água (WEG
S.A. [200-?]).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 23
Os graus de proteção para equipamentos elétricos são definidos pela
NBR 6146 por meio das letras características IP, seguidas por dois alga-
rismos. Conheça a seguir.

1o Algarismo 2o Algarismo
Algarismo Indicação Algarismo Indicação
0 Sem proteção 0 Sem proteção
Corpos estranhos de Pingos de água na
1
1 dimensões acima de vertical
50 mm
Pingos de água até
Corpos estranhos de 2 a inclinação de 15°
2 dimensões acima de com a vertical
12 mm
Água de chuva até
Corpos estranhos de 3 a inclinação de 60°
3 dimensões acima de com a vertical
2,5 mm
Respingos de todas
4
Corpos estranhos de as direções
4 dimensões acima de
Jatos de água de
1,0 mm 5
todas as direções
Proteção contra
6 Água de vergalhões
acúmulo de poeiras
5 7 Imersão temporária
prejudiciais ao
motor Imersão perma-
8
Totalmente protegi- nente
6
do contra poeira
Quadro 2 - Graus de proteção
Quadro 1 - Graus de proteção contra a penetração de água
contra a penetração de objetos indicados pelo segundo numeral
sólidos estranhos indicados pelo característico
primeiro numeral característico

A associação desses dois algarismos, ou seja, entre os critérios de pro-


teção estão apresentados no quadro a seguir.

IP00 Não tem Não tem 2o Algarismo


IP02 Não tem Não tem 2o Algarismo
Corpos sólidos estranhos de dimensões de
IP11 Toque acidental com a mão 2o Algarismo
50 mm
IP12 Não tem Não tem 2o Algarismo
IP13 Não tem Não tem 2o Algarismo
Corpos sólidos estranhos de dimensões de
IP21 Toque com os dedos 2o Algarismo
12 mm
IP22 Não tem Não tem 2o Algarismo
IP23 Não tem Não tem 2o Algarismo
Corpos estranhos sólidos de dimensões acima
IP44 Toque com ferramenta 2o Algarismo
de 1 mm
IP54 Proteção completa contra toque Proteção contra acúmulo de poeiras nocivas 2o Algarismo
IP55 Proteção completa contra toque Proteção contra acúmulo de poeiras nocivas 2o Algarismo
IP(W)55 Proteção completa contra toque Proteção contra acúmulo de poeiras nocivas 2o Algarismo
Quadro 3 - Grau de proteção

24 CURSOS TÉCNICOS SENAI


⋅ ⋅
=
 ⋅

SEÇÃO 4
 1n PNn
Operação de transfor- PNn ⋅ EM ⋅ Pc EM =
PFn = P 
madores trifásicos em 1nPNn ⋅ E1n  1n  Nn 
 En 
paralelo
Em sistemas de potência para o Equação 26  Equação 27
=
fornecimento de energia, a ope-  
ração paralela de transformadores   
 
se faz necessária para a elevação Acompanhe a descrição das expressões:
da potência fornecida e para su- PNn = potência fornecida à carga pelo n-ésimo transformador;
prir uma eventual pane em um
PNn = potência nominal do n-ésimo transformador;
dos transformadores, mesmo à
carga reduzida. EM = tensão média de curto-circuito (%);
Dois ou mais transformadores es- En = tensão de curto-circuito do n-ésimo transformador (%);
tarão em paralelo quando ligados Pc = potência solicitada pela carga (KVA).
ao mesmo sistema, tanto no pri-
mário quanto no secundário (pa-
ralelismo de rede e barramento). Exemplo
Veja que algumas condições são Calcular as potências fornecidas individualmente pelos transformadores,
necessárias para a operação em PN1 = 750 kVA, PN2 = 500 kVA, PN3 = 1.000 kVA, cujas tensões de
paralelo de transformadores curto-circuito são: E1 = 4,7%, E2 = 4,9%, E3 = 5,3% e a potência soli-
(WEG S.A., [200-?], p. 178): citada pela carga é de 2.250 kVA.
1. igualdade na defasagem angu-
lar para que não ocorra curto-
circuito decorrente da diferen-
ça de potencial gerada entre as
mesmas fases de transforma-
dores diferentes; EM = 750 + 500 + 1000 = 4,997%
750 + 500 + 1000
4,7 4,9 5,3
2. igualdade na impedância per-
centual para que não ocorra
perda de potência em conse- 750 . 4,997 . 2250 PF1 = 797,4kVA
PF1 =
quência de um equipamento 750 + 500 + 1000 4,7
enxergar o outro como uma
carga.
500 . 4,997 . 2250 PF2 = 509,9[kVA]
PF2 =
750 + 500 + 1000 4,9
SEÇÃO 5
Divisão de cargas entre
transformadores PF3 = 1000 . 4,997 . 2250 PF3 = 942,8kVA
750 + 500 + 1000 5,3
A potência fornecida individu-
almente pelos transformadores
operando em um mesmo sistema
e a tensão média de curto-circuito
(%) são dadas pelas expressões Observe que o transformador de 750 kVA está sobrecarregado, enquan-
(WEG S.A., [200-?], p. 179): to o transformador de 1.000 kVA, que possui a maior impedância, está
operando abaixo da sua potência nominal.
Prepara-se para a próxima seção!

MÁQUINAS ELÉTRICAS 25
380/220 V, e para instalações de
SEÇÃO 6 iluminação e força de residências,
Determinação da deve-se adotar 220/127 V (WEG
tensão nominal S.A., [200-?], p. 150).
Na NBR 5440 da ABNT encon-
Para aplicação industrial podere- tramos a padronização das ten-
mos ter até quatro níveis de ten- sões primárias e secundárias.
são, da seguinte forma: Pronto para seguir adiante?

Subestações de entrada:
primário = 72,5 kV e 138 kV SEÇÃO 7
secundário = 36,2 kV, 24,2 kV Figura 11 - Polarização do
ou 13,8 kV
Polarização do Transformador
transformador Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 61).
Subestações de distribuição:
primário = 36,2 kV - 24,2 kV Polarizar o transformador con- Pela figura apresentada você pode
ou 13,8 kV siste em distribuir as bobinas de verificar que se as polaridades fo-
secundário = 440/254 V, modo que as mesmas tenham a
380/220 V ou 220/127 V rem ligadas em série invertidas, a
polaridade determinada eliminan- somatória das tensões seria 0 V.
do o risco de subtração de tensão
entre elas.
Para potências maiores do que 3
MVA é indicado baixar a tensão
Entre os métodos mais utilizados SEÇÃO 8
para a execução da polarização,
para um nível intermediário (6,9 podem-se citar: polarização CA e Ligação em transforma-
kV, 4,16 kV ou 2,4 kV), pois o polarização por golpe indutivo. dores trifásicos
equipamento para a redução de
potência de 3 MVA para tensões Os transformadores trifásicos ge-
O método mais simples é a po-
de uso final possui um custo con- larização por golpe indutivo, é ralmente recebem identificação
sideravelmente elevado (deve su- aplicado separadamente em nos terminais de alta tensão ini-
portar altas correntes). cada um dos três enrolamen- ciando com a letra “H” e os ter-
A determinação da tensão do se- tos do transformador, consiste minais de baixa tensão recebem
cundário depende de alguns fato- na aplicação de uma tensão identificação iniciando com a le-
contínua no primário e na ob-
res, dentre os principais podemos tra “X”. A identificação das fases
servação do galvanômetro no
citar: é normalizada da seguinte forma:
secundário, o mesmo padrão de
a. econômicos – a tensão de resposta deve ser dado em to- Fase R → (1;4) e (7;10);
380/220 V requer seções me- dos os enrolamentos do secun- Fase S → (2;5) e (8;11);
dário (NASCIMENTO JR., 2008, Fase T → (3;6) e (9;12).
nores dos condutores para
p. 61).
uma mesma potência;

b. segurança – a tensão de Para a polarização CA é necessá- Para equilibrar a corrente, o trans-


220/127 V é mais segura com ria apenas uma fonte de tensão formador de distribuição tem seu
relação a contatos acidentais. CA ajustável, esse método con- enrolamento primário conectado
siste em alimentar um dos enro- em triângulo. A seguir você co-
De uma forma geral, podemos nhecerá as ligações padrões estre-
lamentos com baixa tensão e ligar
dizer que para instalações nas la e triângulo.
os demais enrolamentos em série
quais equipamentos como moto-
até que se tenha a soma das ten-
res, bombas, máquinas de solda
sões em cada enrolamento.
e outras máquinas constituem
a maioria da carga, deve-se usar

26 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 12 - Esquema de Ligação
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 63).

As ligações devem ser realizadas sempre respeitando os padrões norma-


lizados e a numeração nos terminais. Para transformadores com doze
terminais temos ainda as seguintes ligações:

Figura 13 - Ligações ΔΔ e YY: 12 Cabos


Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 63).

Figura 14 - Circuito Interno de Faróis de um Veículo


Fonte: Revista Carros (2006, p. 23).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 27
SEÇÃO 10
Placa de identificação
As principais características dos
equipamentos elétricos estão con-
tidas na placa de identificação. As
informações que deverão constar
na placa de identificação são im-
portantes para a correta manu-
tenção, instalação e manobra do
equipamento e são normalizadas
pela NBR 5356.
O material da placa poderá ser
alumínio ou aço inoxidável.
Na figura a seguir encontramos
Figura 15 - Esquema de Ligações: 12 Terminais
um exemplo de placa de identifi-
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 64).
cação de um transformador trifá-
sico, triângulo-estrela (Dy).

SEÇÃO 9
Ensaios em transformadores trifásicos

Você já ouviu falar em ensaio de polarização por golpe indutivo?

O ensaio do golpe indutivo é o ensaio mais simples para a determi-


nação da polaridade das bobinas, no entanto, exige que se tenha um
galvanômetro para que seja indicado o sentido da corrente e uma fonte
de corrente CC com um botão de pulso em série para que possibilite a
aplicação de um pulso de tensão no primário.
É importante salientar que o pulso de tensão deve ser aplicado no lado
de alta para o lado de baixa tensão, pois caso contrário existe o risco de
descarga elétrica. Após aplicado o golpe, o sentido da corrente indicado
no galvanômetro deve ser o mesmo para todos os enrolamentos no lado Figura 17 - Placa de Identificação
de menor tensão e os terminais de mesmo potencial devem ser identifi- Fonte: Weg S.A. (2000, p. 201).
cados. Observe na figura a seguir:

Figura 16 - Ensaio de Polarização por Golpe Indutivo


Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 72).

28 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Segundo a Weg S.A. ([200-?]), as Em transformadores maiores que Os caminhos do conhecimento
informações contidas na placa são 500 KVA, ou quando o cliente são inesgotáveis, sua aprendiza-
normalizadas (NBR 5356) e re- exigir, a placa de identificação de- gem nesta unidade proporcionou
presentam um resumo das carac- verá conter outros dados como: conhecimento em detalhes sobre
terísticas do equipamento. Nela o funcionamento do transforma-
encontramos: a. informações sobre transfor- dor trifásico. Na próxima unidade
madores de corrente, se os ti- novos conteúdos despertarão sua
a. nome e demais dados do fabri- ver; atenção.
cante;
b. dados de perdas e corrente de
b. número da série de fabricação; excitação;

c. mês e ano de fabricação; c. pressão que o tanque suporta;

d. potência do transformador em d. qualquer outra informação que


KVA; o cliente exigir.

e. norma utilizada para fabrica-


ção;

f. impedância de curto-circuito
em percentagem;

g. tipo de óleo isolante;

h. tensões nominais do primário


e do secundário;

i. correntes nominais do primá-


rio e do secundário;

j. diagrama de ligação dos enro-


lamentos do primário e do se-
cundário com identificação das
derivações;

k. identificação do diagrama faso-


rial quando se tratar de trans-
formadores trifásicos e polari-
dade, quando monofásico;

l. volume total do líquido isolan-


te do transformador em litros;

m. massa total de um transforma-


dor em Kg;

n. número da placa de identifica-


ção;

o. tipo para identificação.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 29
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo

Seção 1 - Autotransformadores
Seção 2 - Transformador de potencial
Seção 3 - Transformador de corrente
Outros Transformadores

SEÇÃO 1
Autotransformadores
Você já conhece algo sobre os au- De acordo com a figura você pode observar que nas seções do mesmo
totransformadores? enrolamento não circulam correntes de mesma grandeza, já que a cor-
Os autotransformadores são equi- rente gerada por indução no segmento do secundário I2 sobe, somando-
pamentos muito parecidos com se com a corrente I1 que desce proveniente do enrolamento superior do
transformadores monofásicos, primário, e ambas passam pela carga retornando à fonte pelo fio comum.
apresentam como grande diferen- Portanto, há uma corrente I1 que vem do primário, partindo de R (L1),
cial seu sistema de bobinas, pois passa pelos pontos A e B, pela carga, pelo ponto C e segue ao ponto S
no autotransformador não temos (L2) e é a corrente que passa pela carga, por condução.
mais as bobinas do primário e as A corrente I2 circula de C até B, passa pela carga e vai a C novamente
bobinas do secundário com dois e é a corrente induzida. O seu circuito é restrito à bobina e à carga. Ela
enrolamentos separados, o mes- não chega a R ou S.
mo enrolamento atuará como pri-
Os autotransformadores são indicados para aplicações nas quais não
mário e secundário.
seja exigida a isolação elétrica entre primário e secundário e que a dife-
Um fator determinante para a rença entre as tensões do primário e do secundário não ultrapasse 50%.
grande utilização dos autotrans- Uma aplicação muito comum para autotransformadores são as chaves
formadores é o seu custo reduzi- compensadoras utilizadas nas partidas de motores (SENAI, 1980).
do em relação ao transformador
monofásico, pois exige menos
cobre e menos ferro, no entanto
possui um ponto negativo que é
a perda da isolação elétrica entre
a entrada e a saída, pois os cami-
nhos de entrada e saída são os
mesmos (SENAI, 1980).
Conheça a seguir um esquema
simplificado do autotransforma-
dor. Figura 19 - Autotransformador
Fonte: SENAI (1980, p. 19).

Figura 18 - Esquema do
Autotransformador Simples
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 75).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 31
Exemplo 1 Exemplo 2
Se a corrente que entra for de 2 Se a bobina tem no primário 200 espiras para 100 V, e você deseja no
A, o autotransformador pode- secundário 50 V, observando a figura a seguir, o número de espiras no
rá induzir uma corrente de, por secundário pode ser calculado da seguinte forma:
hipótese, 3 A. Assim, a corrente Calculando:
na carga (D) conforme a figura a
seguir será de 5 A. A corrente da E2 = E 2 → 100 = 50
carga é a soma de I1+I2 ou 2A + N1 N2 200 x
3A = 5 A.
x = 50200 → x = 100 espiras
100

Figura 20 - Comportamento da
Corrente no Autotransformador
Fonte: SENAI (1980, p. 45).
Figura 21: Autotransformador
Fonte: SENAI (1980, p. 47).
Nesse exemplo, a corrente foi
mais que dobrada. Mas foi ne-
cessária apenas uma bobina, por Portanto, para obter a tensão desejada (50 V) no secundário, deve-se ter
isso, o núcleo deve ter capacidade uma derivação com 100 espiras (SENAI, 1980).
apenas para a corrente induzida.
Num transformador comum, se-
ria necessário o dobro de secção
do núcleo para a mesma carga.
Daí o fato de esse transformador
ser econômico quanto ao empre-
go de materiais (SENAI, 1980).

32 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 2
Transformador de potencial
O transformador de potencial não difere dos transformadores comuns
com núcleos de ferro, seu enrolamento primário é projetado para operar
sob condições de tensão e frequência específicas onde será instalado e
geralmente seu enrolamento secundário é projetado para tensões nomi-
nais de 115 V.
O transformador de potencial é muito utilizado em sistemas de proteção
para sistemas de potência, nessa aplicação ele tem a função de abaixar o
nível de tensão para que o voltímetro possa ser utilizado para monitora-
mento de tensão. Também é aplicado nos sistemas de proteção para o
acionamento da bobina de gatilho de disjuntores de alta tensão para que
os mesmos não sejam comandados em alta tensão (NASCIMENTO
Figura 22 - Transformador de Potencial
JR., 2008).
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 78).

Apresentam correntes em va-


zio consideravelmente maio-
res do que os transformado-
res de potência e geralmente
a defasagem entre corrente e
tensão no secundário é muito
pequena em decorrência da
natureza ôhmica da impedân-
cia das cargas (instrumentos
de medição).

SEÇÃO 3
Transformador de
corrente
O transformador de corrente opera com seu enrolamento primário in-
tercalado em série com um condutor de um sistema de potência, apre-
senta algumas especialidades que exige algumas considerações comple-
mentares em relação aos transformadores de potencial.
O transformador de potencial tem o comportamento de uma fonte de
tensão, já o transformador de corrente se comporta como uma fonte de
corrente, a existência de um transformador de corrente em um condutor
do sistema praticamente não altera a corrente IP conforme apresentado
na figura a seguir, independentemente da sua carga (instrumento de me-
dição) (JORDÃO, 2002). Figura 23 - Transformador de Corrente
Fonte: Jordão (2002, p. 12).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 33
Diferentemente dos transformadores de potencial, o transformador de
corrente não pode operar com seus secundários em circuito aberto, pois
caso ocorra, toda a corrente IP passaria a atuar como corrente magneti-
zante, gerando altos valores de induções e causando excessivas perdas e
altas temperaturas no ferro, tendo como consequência a degradação do
material isolante do equipamento.
As principais aplicações para o transformador de corrente são: proteção
e medição de corrente.

Figura 25 - Transformador de Corrente


para Proteção
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 79).

Figura 24 - Transformador de Corrente para Medição


Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 79).

Existem diversas relações de


transformação como, por exem-
plo, em um sistema no qual a
corrente é da ordem de 1.000 A
e pode ser reduzida para 10 A,
essa corrente será proporcional à
corrente do sistema. Os fabrican-
tes de TC disponibilizam equipa-
mentos com diversas relações de
transformação.
A figura a seguir apresenta um
modelo matemático para o TC. Figura 26 - Transformador de Corrente
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 79).

34 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Acompanhe com atenção o exemplo. Essa unidade trouxe informações
importantíssimas sobre transfor-
madores e autotransformadores,
Exemplo 3 suas aplicações por meio de exem-
plos. Isso significativamente trans-
Considerando um TC instalado com uma corrente de 1.000 A, com cor- forma sua aprendizagem, garan-
rente no secundário de 10 A (relação de 1.000/10 A). Monitorando as tido aplicabilidade segura na sua
correntes temos o seguinte resultado: área de atuação profissional.

E = 20 V, Imag = 0,2 A, Is = 9,8 A, lido no amperímetro.

Calculando, temos: Xt = Xd // Xmag = E / Is = 2,04 Ω.

O instrumento de medição de corrente ligado ao TC deve ser instalado


de acordo com a figura a seguir, sendo o botão b1 responsável pelo dire-
cionamento da corrente para o amperímetro, possibilitando a sua leitura.
O amperímetro também pode ser diretamente ao TC e essa conexão
deve ser realizada com o equipamento desligado (JORDÃO, 2002).

Figura 27 - Instrumento de Medição Conectado ao Transformador


Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 80).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 35
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Princípios de funcionamento
Seção 3 - Aspectos construtivos
Seção 4 - Geração de corrente trifásica
Seção 5 - Ligações no sistema trifásico
Seção 6 - Tensão nominal múltipla
Seção 7 - Comportamento do gerador
vazio e sob carga
Seção 8 - Características dos rotores de
geradores
Seção 9 - Reatância síncrona
Seção 10 - Regulação de tensão
Seção 11 - Perdas e eficiência
Seção 12 - Potência em máquinas de pólos
salientes
Seção 13 - Sincronização
Geradores de
Corrente Alternada
SEÇÃO 1
Introdução
A característica principal de um Com o movimento relativo da bobina em relação ao campo magnético
gerador elétrico é transformar é gerado um valor instantâneo da força eletromotriz (f.e.m) induzida no
energia mecânica em elétrica. condutor, conectado a dois anéis ligados ao circuito externo por meio
Uma máquina síncrona é uma de escovas.
máquina CA na qual sua veloci-
dade é proporcional à frequência
de sua armadura. O seu rotor em
conjunto com o campo magné-
tico criado giram na mesma ve-
locidade ou sincronismo que o
campo magnético girante. Os
geradores de corrente alternada
também são chamados de alterna-
dores e praticamente toda energia
elétrica consumida nas residências
e indústrias é fornecida pelos al-
ternadores das usinas que produ-
zem energia elétrica. Agora você
conhecerá como é o funciona-
mento de um gerador CA. Vamos Figura 28 - Esquema de Funcionamento de um Gerador Elementar
em frente? (Armadura Girante)
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 45).

SEÇÃO 2
Princípios de Considerando que a bobina gire Sendo:
com uma velocidade constante
funcionamento dentro do campo magnético “B”
▪ e = força eletromotriz;
com velocidade “V”, o valor da ▪ B = indução do campo mag-
Visando simplificar a análise do nético;
f.e.m. induzida no condutor dado
funcionamento de um gerador
CA, também chamado de alter-
pela Segunda Lei de Indução de ▪ l = comprimento de cada
Faraday é tida como: condutor;
nador, analisaremos inicialmente
o modelo simplificado composto ▪ v = velocidade linear;
por uma única espira que se en- ▪ θ = ângulo formado entre B
contra imersa em um campo mag- e = B.l.v.sen(θ ) e v.
nético gerado por um imã perma-
nente, conforme apresentado na Equação 28 Para um equipamento composto
figura a seguir (JORDÃO, 2002).
por N espiras temos:

e = B.l.v.sen(θ ).N

Equação 29

MÁQUINAS ELÉTRICAS 37
Com um formato conveniente da
sapata polar, pode-se conseguir
uma distribuição senoidal das in-
duções e, dessa forma, a f.e.m.
também terá um comportamento
senoidal ao longo do tempo. A fi-
gura a seguir apresenta um lado da
bobina no campo magnético em
doze posições diferentes, variação
angular de 30° e na mesma figura
ainda podemos analisar o com-
portamento das induções em rela-
ção à posição angular (JORDÃO,
2002).

Figura 29 - Distribuição da Indução Magnética sob um Polo


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 46).

Na figura a seguir você tem o es-


quema de funcionamento de um
gerador elementar com armadura
fixa, no qual a tensão de armadura
é extraída do enrolamento de ar-
madura sem passar pelas escovas.
Geralmente para geradores com
esta forma construtiva a potência
de excitação gira em torno de 5%
da potência nominal.

Figura 30 - Esquema de Funcionamento de um Gerador Elementar (Armadura Fixa)


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 46).

38 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As máquinas podem ser projeta-
das com um enrolamento com-
SEÇÃO 3
posto por um ou mais pares de Aspectos construtivos
polos que serão sempre distri-
buídos alternadamente (um nor- No gerador CA podemos ter uma bobina rotacionada dentro de um
te e um sul). Considerando uma campo magnético ou podemos ter o elemento responsável pela excita-
máquina com um par de polos, a ção (gerador de campo magnético) sendo rotacionado e fazendo com
cada giro das espiras temos um ci- que surja uma tensão induzida na bobina fixa no estator do gerador. Os
clo (JORDÃO, 2002). contatos responsáveis pela conexão entre a parte girante do gerador e a
A frequência de uma máquina parte fixa são feitos por meio de escovas. O contato entre as escovas e os
síncrona em ciclos por segundo anéis, que são fixos no eixo, é contínuo e o número de conjuntos anéis/
(hertz) é dada por: escovas é equivalente ao número de fases geradas. O detalhamento dos
anéis você pode observar na figura a seguir.

p.n
f= [Hz]
120

Sendo:
▪ f = frequência (Hz);
▪ p = número de polos;
▪ n = rotação síncrona (rpm).
Figura 31 - Conjunto de anéis/escovas
Equação 30
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 168).
Para que se tenha a formação de
pares de polos, o número de po-
los terá de ser sempre par. Na ta- SEÇÃO 4
bela a seguir são apresentadas as Geração de corrente trifásica
velocidades síncronas em função
das polaridades e das frequências
Você sabia que a associação de três sistemas monofásicos com uma de-
mais usuais.
fasagem entre si de 120° compõe um sistema trifásico? Observe a figura:

Tabela 1: Velocidades síncronas


Número de
60 Hz 50 Hz
polos
2 3600 3000
4 1800 1500
6 1200 1000
8 900 750
10 720 600

Os assuntos nesta unidade pre-


cisam muito da sua atenção para
que você possa compreender
como funciona um gerador CA,
preparado para continuar? Então
vamos juntos.

Figura 32 - Sistema Trifásico


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 47).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 39
Para se obter o equilíbrio do sistema, ou seja, VL1 = VL2 = VL3, cada bo-
bina deverá ser composta de número de espiras igual.
Existem duas formas usuais de se obter um sistema trifásico composto
por três sistemas monofásicos, os esquemas de ligação estrela e ligação
triângulo, os quais você estudará em detalhes na sequência.

SEÇÃO 5
Ligações no sistema trifásico
Ligação triângulo

As tensões e correntes de fase são as tensões e correntes de cada um


dos sistemas monofásicos analisados e são representadas por VF e IF. Figura 34: Resultante da Soma das
Ligando os sistemas monofásicos conforme a figura a seguir teremos as Correntes
tensões e correntes entre quaisquer duas fases denominadas de tensões Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 48).
e correntes de fase e são representadas por VL e IL.
Exemplo 1
Um sistema trifásico com tensão
nominal de 380 V, com corrente
de linha IL medida de 6 A é liga-
do a uma carga trifásica ligada em
triângulo. Considerando o sistema
equilibrado e as cargas iguais, de-
termine a tensão e a corrente nas
mesmas.
Em cada uma das cargas a ten-
são será:
VF = V1 = 380 V
Figura 33 - Ligação triângulo A corrente em cada uma das car-
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 48). gas será:
IL = 1,732 x IF
IF = 0,577 x IL = 0,577 x 6 = 3,46 A
Segundo a Weg S.A. ([200-?], p. 45), analisando o esquema da figura
anterior, percebemos que:

a. a tensão de linha VL é imposta na carga e a mesma é igual a VF


Ligação estrela
que a tensão do sistema monofásico correspondente, ou seja,
VL = VF ; Conectando-se os três sistemas
monofásicos a um ponto comum,
b. a somatória das correntes das duas fases é igual à própria cor- os três cabos restantes formam
rente de linha, ou seja, IL = IF1 + IF3 um sistema trifásico em estrela
como na próxima figura. Pode-
mos ainda ter um sistema trifásico
em estrela a “quatro fios”, consi-
Em decorrência da defasagem das correntes, a soma entre as mesmas derando o neutro que é ligado ao
deverá ser feita graficamente e chega-se à seguinte expressão: ponto comum às três fases.
As definições de tensão e corrente
de linha são as mesmas já citadas
I L = I F ⋅ 3 = 1,732 ⋅ I F na ligação triângulo (WEG S.A.,
[200-?]).
Equação 31

40 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 35 - Ligação estrela
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 49).

Analisando o esquema da figura


apresentada anteriormente, você Em cada uma das cargas a
perceberá que: corrente será:
IL = IF = 8,0 A
a. as correntes de linha IL e as
correntes de fase IF em cada A tensão em cada uma das
cabo conectado são iguais, ou cargas será:
seja, IL = IF; VF = 127 V (nominal de cada
carga)
b. a tensão entre dois cabos quais- VL = 1,732 x 127 V = 220 V
Figura 36 - Tensão Entre dois Cabos
quer do sistema trifásico é a
Quaisquer do Sistema Trifásico
soma gráfica das tensões das
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 49).
fases nas quais os cabos estão
conectados, ou seja: SEÇÃO 6
Exemplo 2 Tensão nominal
VL = VF ⋅ 3 = 1,732 ⋅ VF Considerando uma carga trifásica múltipla
composta por três cargas iguais
Equação 32 ligadas a uma tensão de 127 V Você sabia que existem li-
consumindo uma corrente de gações que possibilitam o
8,0 A, determine a tensão nomi- funcionamento do gerador
nal e a corrente de linha que ali- síncrono em mais de uma
mentam essa carga. tensão?

Portanto, é necessário que o


equipamento tenha disponível os
terminais para a alteração na co-
nexão. Para o funcionamento do
equipamento em mais de uma
tensão, os seguintes tipos de liga-
ção são utilizados. Acompanhe.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 41
Ligação série-paralela
Dividindo-se cada fase do enrolamento em duas partes, as mesmas são
ligadas em série ficando cada uma com a metade da tensão de fase no-
minal. Se as duas metades da fase forem ligadas em paralelo, a tensão da
máquina será a mesma da tensão anterior de forma que a tensão aplicada
em cada bobina não é alterada. Confira na figura a seguir os esquemas de
ligação com exemplos numéricos. (WEG S.A., [200-?]).

Figura 37 - Tensão Nominal Múltipla


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 50).

É comum em geradores o fornecimento em três tensões 220/380/440 V.


Para a obtenção da tensão de 380 V, deve-se ligar o gerador em 440 V e
mudar a referência do regulador de tensão, dessa forma podemos obter
as três tensões mais utilizadas na ligação Y.

Ligação Tensão de linha Corrente de linha Potência

Y VL = V=F ⋅ ⋅3 = == ⋅⋅ = =⋅ ⋅IL⋅==⋅IF=⋅ ⋅ == ⋅⋅ =⋅⋅ = =P =⋅ 3 ⋅⋅VF ⋅ IF

D V=L = VF = ==⋅= ⋅ =IL===I⋅=F ⋅⋅=


⋅ 3⋅ == = =⋅⋅⋅ ⋅⋅ P = =3 ⋅ VL ⋅⋅ IL ⋅

Quadro 4 - Relação entre Tensões (linha/fase) Correntes (linha/fase) e Potência em um Sistema Trifásico

42 CURSOS TÉCNICOS SENAI


com uma defasagem de 90° em
Ligação SEÇÃO 7 relação aos polos principais, e
estrela-triângulo Comportamento do estes exercem sobre os polos in-
A ligação estrela-triângulo exige gerador em vazio e sob duzidos uma força contrária ao
que a máquina síncrona possua sentido de giro, consumindo uma
seis terminais acessíveis e possi-
carga parte da potência (a potência me-
bilita que o equipamento traba- cânica) para que o motor perma-
Em rotação constante (a vazio) a neça girando (WEG S.A. [200-?]).
lhe com duas tensões nominais
tensão na armadura depende da
como, por exemplo: 220/380 V
corrente que circula no enrola-
- 380/660 V - 440/760 V.
mento de campo, para essa con-
Ligando-se as três fases em tri- dição o estator não é percorrido
ângulo cada uma das fases estará por corrente, sendo nula a reação
sob a tensão de linha 220 V. Li- da armadura.
gando-se as três fases em estrela
O comportamento da tensão ge-
o equipamento pode ser ligado
rada em relação à corrente de ex-
a uma linha de 380 V de forma
citação é apresentado na figura a
que a tensão nos enrolamentos
seguir e essa relação é denomina-
continue com 220 V (WEG S.A.,
da de característica a vazio.
[200-?]).

Figura 41 - Gerador Bipolar


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).

A variação do fluxo principal em


vazio em relação ao fluxo de re-
ação da armadura é apresentada
no gráfico a seguir. Para que seja
mantida a tensão nominal, devido
Figura 40 - Característica a Vazio à perda de tensão, faz-se necessá-
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 52). ria a elevação da corrente de ex-
citação.
Figura 38 - Ligação Triângulo Manual Quando uma carga é imposta ao
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 51). gerador, um campo magnético
é criado pela corrente que passa
nos condutores da armadura fa-
zendo com que a intensidade e a
distribuição do campo magnético
sejam alteradas e essas alterações
variam conforme as característi-
cas da carga, que a seguir vamos
conhecer juntos.

Carga puramente Figura 42 - Carga Puramente Resistiva


resistiva Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).
Na alimentação de uma carga
Figura 39 - Ligação Estrela puramente resistiva é criado um Sendo:
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 51). campo magnético próprio gerado
pela corrente de carga. Para um ▪ fluxo principal em vazio Ø0;
gerador bipolar, conforme figura ▪ fluxo de reação da armadura
Preparado para mergulhar no
próximo tema?
a seguir, são gerados dois polos ØR.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 43
Carga puramente
indutiva
Na alimentação de uma carga in-
dutiva a corrente de carga está de-
fasada de 90° em atraso com rela-
ção à tensão. A direção do campo
principal e do campo de reação da
armadura será a mesma, no entan-
to, com polaridade oposta, obser-
ve na figura a seguir.
Figura 44 - Carga Puramente Indutiva
Figura 46 - Carga Puramente Capacitiva
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).

Carga puramente Nas cargas capacitivas ocorre o


capacitiva acúmulo de energia em seu cam-
Para a carga puramente capaciti- po elétrico, que é devolvida ao
va a corrente de armadura possui gerador, não exercendo conju-
uma defasagem de 90° em adian- gado frenante sobre o induzido,
tamento em relação à tensão. A assim como nas cargas indutivas.
direção do campo principal e a di- Em decorrência do efeito mag-
Figura 43 - Polaridades netizante, é necessária uma redu-
reção do campo da reação da ar-
opostas
madura são as mesmas e possuem ção da corrente de excitação para
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53). a mesma polaridade, para este manter o nível de tensão nominal,
caso, o campo induzido tem um conforme apresentado na figura a
efeito magnetizante. Acompanhe seguir (WEG S.A., [200-?]).
O efeito da carga indutiva é des-
magnetizante, conforme obser- nas figuras a seguir:
vamos na figura a seguir. Em
decorrência desse efeito desmag-
netizante, é necessário um au-
mento da corrente de excitação
para manter o nível de tensão no-
minal. Cargas indutivas têm como
característica o armazenamento
de energia, que é devolvida ao ge-
rador, não exercendo conjugado
frenante sobre o induzido (WEG
S.A., ([200-?]).

Figura 45 - Polaridades
Alinhadas
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).

44 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 49 - Rotor de Polos Salientes
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 56).

Podemos seguir em frente?


Figura 47 - Variação da corrente de excitação para manter a tensão de arma-
dura constante
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 54). SEÇÃO 9
Reatância síncrona
Cargas intermediárias
1. Polos lisos: são rotores nos Após o período de transitório a
Na prática, o que encontramos quais o entreferro é constante reatância é dada por (WEG S.A.,
são cargas com defasagem inter- ao longo de toda a periferia do [200-?]):
mediária com características re- núcleo de ferro.
sistivas e capacitivas ou com ca-
racterísticas resistivas e indutivas,
E
o efeito magnetizante ou desmag- xd =
netizante deverá ser compensado I
alterando a corrente de excitação
(WEG S.A., [200-?]). Sendo:
▪ E = valor eficaz da tensão
fase a neutro nos terminais
SEÇÃO 8 do gerador antes do curto-
circuito;
Características dos ro- ▪ I = valor eficaz da corrente
Figura 48 - Rotor de Polos Lisos
tores de geradores Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 55).
de curto-circuito.

Os rotores dos geradores síncro-


Equação 33
nos podem ser de polos lisos ou 2. Polos salientes: são rotores
polos salientes. Você estudará que apresentam uma desconti-
suas características a seguir. nuidade no entreferro ao lon- O conhecimento da grandeza da
go da periferia do núcleo de reatância é importante, uma vez
ferro. Nesses casos, existem que o valor da corrente no estator
as chamadas regiões interpola- após a ocorrência de um curto-
res onde o entreferro é muito circuito nos terminais da máqui-
grande, tornando a saliência na estará em função do valor da
dos polos visível. reatância.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 45
SEÇÃO 10 Exemplo
Regulação de tensão Um gerador possui uma demanda
de carga de 5,5 kW e tem como
Segundo Gussow (1985), a regulação de tensão de um gerador CA re- propulsor um motor de 10 hp.
presenta o aumento percentual na amplitude da tensão no terminal à Determine a eficiência do gera-
medida que a carga vai diminuindo da corrente especificada da carga dor.
máxima até zero, e é dada por:
potência total de entrada =
tensão sem carga + tensão com carga máxima 10hp ⋅
746W
= 7460W
Regulação de Tensão =
tensão com carga máxima hp

Equação 34
potência útil de saída =
Exemplo
5,5kW = 5.500W
Um gerador sem carga opera com uma tensão de 120 V. Quando se
impõe uma carga ao mesmo, sua tensão de saída é reduzida para 115 V.
Calcule sua regulação de tensão sabendo que sua corrente de campo não potência útil de saída
EF = =
é alterada (GUSSOW, 1985). potência total de entrada
5.500
= 73,7%
7.460
tensão sem carga + tensão com carga máxima
Regulação de Tensão =
tensão com carga máxima

120 − 115 5
Regulação de Tensão =
115
=
115
= 0,0043 = 4 ,3% SEÇÃO 12
Potência em máquinas
de polos salientes
O próximo assunto é muito importante, prepare-se!
Para Gussow (1985), a potência
em máquinas de polos salientes
SEÇÃO 11 pode ser dada em função do ân-
Perdas e eficiência gulo de carga entre os fasores de
tensão de fase UF e a força eletro-
motriz induzida E0 e é dada por:
As perdas existentes no gerador são constituídas por: perdas no cobre
na excitação de campo, perdas no cobre da armadura e perdas mecâni-
cas. E a eficiência EF é dada pela razão entre a potência útil de saída e a
potência total de entrada (GUSSOW, 1985). P = m.UF .IF .cos ϕ

Sendo:
potência útil de saída
EF = ▪ m = número de fases;
potência total de entrada
▪ UF = tensão de fase;
▪ IF = corrente de fase.
Equação 35

Equação 36

46 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Um diagrama de tensão para o gerador síncrono de polos salientes é
apresentado na figura a seguir, sendo que “xd” e “xq” são respectiva-
mente a reatância do eixo direto e em quadratura.

Figura 51 - Fontes Geradoras em Siste-


ma Trifásico
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 172).

Para Nascimento Jr. (2008), a exe-


cução da sincronização com base
na figura anterior deve ter o se-
Figura 50 - Diagrama de Tensão guinte procedimento:
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 60).

1. ajustar o nível de tensão;


2. corrigir a sequência de
fase e eventual defasagem/
SEÇÃO 13 frequência.
Sincronização
Você sabia que no Brasil grande parte da energia disponível no setor Para a realização da correção de
de distribuição é proveniente de várias fontes? fase é necessário que duas fases
sejam invertidas. Para a correção
da defasagem, deve-se corrigir a
Essas fontes devem estar interligadas entre si para garantir que toda a velocidade do motor que fornece
demanda do sistema seja atendida. força motriz. Uma vez em sincro-
Para que sejam interconectadas, fontes geradoras diferentes devem estar nismo com a rede, o gerador fica
sob a mesma tensão, frequência e em concordância de fase e quando amarrado eletromagneticamente
esse conjunto de fatores é atendido, chama-se de sincronismo. Na figura à mesma e caso ocorra alteração
a seguir você pode observar um exemplo de conexão entre duas fon- na força motriz, a frequência não
tes geradoras em sistema trifásico. Se as lâmpadas indicadas estiverem será mais afetada, afetando apenas
apagadas, estarão mostrando que os sistemas possuem mesmo nível de a potência cedida à rede.
tensão e frequência e estão em fase, se não houver sincronismo entre os Você finalizou mais uma etapa de
geradores, o funcionamento da lâmpada será intermitente. estudos, os conhecimentos apre-
endidos contribuirão muito para
sua experiência profissional.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 47
Unidade de
estudo 5
Seções de estudo

Seção 1 – Introdução
Seção 2 – Operação e funcionamento
Seção 3 – Servomotor
Motor Síncrono

SEÇÃO 1
Introdução
Um motor síncrono tem como No enrolamento do rotor é aplicada uma tensão CC para que seja gera-
uma de suas aplicações o controle do um campo magnético constante que acompanhará o campo magnéti-
do fator de potência, absorvendo co girante, conforme você pode observar na figura a seguir.
potência reativa da rede, e tem a
vantagem de simultaneamente
poder acionar uma carga no eixo.
Caracteriza-se por ter a mesma
velocidade de rotação do campo
girante da armadura em regime
permanente e por não possuir
conjugado de partida (NASCI-
MENTO JR., 2008).
Na prática, é comum realizar a
partida de um motor síncrono
como se fosse um motor assín-
crono e posteriormente excitar
o indutor, alimentando o enrola-
mento de campo com corrente Figura 52 - Operação e Funcionamento
contínua de forma a sincronizá-lo. Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 21).

Como você estudou anteriormente, o motor síncrono é incapaz de atin-


SEÇÃO 2 gir a velocidade síncrona partindo da inércia, sob carga, sem procedi-
Operação e mentos auxiliares para a partida, pois os dois polos formados no rotor
não conseguem acompanhar a velocidade do campo magnético girante
funcionamento trifásico no estator (NASCIMENTO JR., 2008).
Uma forma de solucionar o problema da limitação do motor síncrono
Esta máquina síncrona possui
na partida é realizar o acoplamento junto ao motor auxiliar e realizar o
dois tipos de enrolamento, o en-
desacoplamento a 90% da velocidade do campo girante, pois a partir
rolamento trifásico no estator
desse momento o motor síncrono conseguirá buscar a sincronia com o
e o enrolamento com corrente
campo magnético no estator.
contínua no rotor. Para o funcio-
namento como motor temos que
aplicar uma tensão trifásica ao
estator, responsável pela geração
de um campo girante que possui
velocidade de acordo com o nú-
mero de polos do enrolamento e
com a frequência de alimentação
(NASCIMENTO JR., 2008).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 49
Figura 53 - Limitação na Partida
Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 211).

O fornecimento de potência rea-


tiva capacitiva à rede (capacitor) é
realizado elevando a corrente de
excitação do rotor de forma que o
campo gerado nele seja maior do
que o necessário para que o ro-
tor acompanhe o campo girante
(NASCIMENTO JR., 2008).
Para que seja absorvida a potência Figura 54 - Triângulo das Potências
reativa indutiva da rede (indutor), Fonte: Nascimento Jr. (2008, p. 211).
o motor síncrono deve ser sube-
xcitado, já que necessitará desse A potência aparente é resultado da soma vetorial da potência ativa com
tipo de potência para manter o a reativa e pode ser determinada multiplicando a corrente medida com
rotor em sintonia com campo gi- a tensão aplicada.
rante.
Podemos utilizar como exemplo
o triângulo das potências, em que
potência reativa capacitiva é for-
necida por capacitores e a potên-
cia reativa indutiva é gerada pelas
máquinas indutivas. Confira na
figura a seguir.

50 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 3 Princípio de funcionamento e características
Servomotor O servomotor possui um enrolamento trifásico no rotor especialmente
projetado para conferir características especiais de velocidade, torque e
Introdução posicionamento, não sendo possível ligar esse enrolamento a uma rede
trifásica convencional, apresenta também uma configuração diferente
Um servomotor é uma máquina das demais máquinas síncronas (NASCIMENTO JR., 2008).
síncrona com características espe- O rotor é composto de diversos imãs permanentes e em uma de suas
ciais de torque, velocidade e posi- extremidades é instalado um gerador de sinais que tem o objetivo de
cionamento. fornecer parâmetros para a velocidade e o posicionamento. Para o acio-
Apresenta ótimas características namento do servomotor é necessária a utilização de um servoconversor,
de torque e excelente possibili- painel eletrônico e controle/ajustes de variáveis do servomotor (NAS-
dade de posicionamento, sendo CIMENTO JR., 2008).
utilizado em aplicações nas quais O circuito elétrico que pode ser utilizado como referência para a instala-
seja necessário o controle da rota- ção de um servomotor é apresentado na figura a seguir:
ção/posicionamento do eixo.

Figura 54 - Instalação de um Servomotor


Fonte: Filippo Filho (2000, p. 229).

Essa unidade trouxe conhecimentos sobre o motor síncrono, sua aplica-


bilidade, e funcionamento. Você também pôde conhecer o servomotor,
uma máquina com características especiais. Todo esse conteúdo pode
ajudar você a ampliar sua prática na área técnica e fazê-lo um grande
profissional.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 51
Unidade de
estudo 6
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Visão geral
Seção 3 - Aspectos construtivos
Seção 4 - Princípios de funcionamento
Seção 5 - Velocidade síncrona (ns)
Seção 6 - Escorregamento
Seção 7 - Circuito equivalente
Seção 8 - Obtenção dos parâmetros do
circuito equivalente
Seção 9 - Equações gerais
Seção 10 - Características eletromecânicas
Seção 11 - Métodos de partida
Motores Trifásicos de Indução de
Corrente Alternada

SEÇÃO 1
Introdução
O motor elétrico é uma máquina com a capacidade de converter energia Inicialmente daremos maior ên-
elétrica em energia mecânica, como você pode acompanhar na figura a fase aos motores trifásicos as-
seguir. síncronos que são amplamente
utilizados por possuírem diversas
vantagens tais como: facilidade de
manutenção, grande confiabilida-
de e atender a maioria dos torques
de partidas para as mais diversas
aplicações.

A utilização em grande escala de


motores elétricos se deve tam-
bém à sua relação com o tipo de
Figura 55 - Transformação de Energia no Motor energia utilizada (energia elétri-
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 58). ca), considerada uma energia
limpa e de baixo custo. Estima-
A energia mecânica é utilizada no acionamento de diversos tipos de má- se que cerca de 40% da energia
elétrica consumida no país é
quinas e equipamentos, principalmente na aplicação industrial, poden-
destinada ao acionamento de
do-se citar as seguintes aplicações: manipulação e transporte de cargas, motores elétricos em geral (FI-
processamento de materiais e transporte de fluidos. LIPPO FILHO, 2000), os demais
responsáveis pelo consumo de
Compressores, ventiladores, exaustores e bombas (água e óleo) são energia são essencialmente pro-
exemplos de aplicações para transporte de fluidos. Tornos, fresas, pren- cessos eletroquímicos, aqueci-
sas, lixadeiras, extrusoras e injetoras são exemplos de aplicações para mento e iluminação (WEG S.A,
processamento de materiais. Elevadores, pontes rolantes, esteiras, [200-?]).
guindastes, talhas, trens e carros elétricos são exemplos de aplicações
para a manipulação e o transporte de carga (WEG S.A, [200-?]).
Na figura a seguir você conhecerá
os diversos tipos (configurações)
O motor elétrico CA é a máquina mais largamente utilizada nos setores de motores elétricos.
da indústria, comércio, meio rural, comercial e residencial.
Os motores de indução CA podem ser divididos em síncronos e assín-
cronos, o motor CA assíncrono é também chamado de motor de in-
dução, pois como os transformadores, seu princípio de funcionamento
está estruturado na indução eletromagnética.
O nível de tensão de alimentação desses motores geralmente está relacio-
nado com a potência a ser acionada pelo equipamento. Portanto, podem
ser fabricados para aplicações que exijam altas potências (milhares de qui-
lowatts) em que suas tensões possam ser superiores a 2.000 V e podem ser
fabricados para aplicações com potências reduzidas (frações de quilowat-
ts) onde, usualmente, utilizam-se baixas tensões, cerca de 440 V.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 53
Figura 56 - Universo tecnológico em motores elétricos
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 12).

SEÇÃO 2 ▪ Associação Brasileira de ▪ NBR 7094: máquinas elé-


Normas Técnicas (ABNT); tricas girantes: motores de
Visão geral ▪ International Electrotech- indução: especificação;
nical Commission (IEC); ▪ NBR 5432: motores elé-
A produção dos motores trifá-
▪ National Electrical tricos de indução: padroni-
sicos assíncronos é realizada de Manufacturers Association zação;
acordo com normas estabelecidas (NEMA); ▪ NBR 5383: máquinas elé-
por algumas instituições em di-
▪ Deustches Institut für tricas girantes: máquinas de
versos países. A normalização se indução: determinação das
Normung (DIN).
faz necessárias para que haja uma características.
padronização dos mais diversos
fabricantes. Entre as instituições
de normalização, pode-se citar, A ABNT determina que as se-
guintes normas devem ser segui- Alguns fabricantes dividem os
segundo WEG S.A ([200-?]):
das por parte dos fabricantes de motores em grupos com caracte-
motores: rísticas distintas.

54 CURSOS TÉCNICOS SENAI


O primeiro grupo é o dos motores totalmente fechados com ven- Agora acompanhe os aspectos
tilação externa, para tanto, é necessário que o mesmo possua carcaça construtivos dos motores.
aletada. São fabricados com potências até aproximadamente 600 cv e
geralmente são fabricados com 2, 4, 6 e 8 polos com tensão de linha 220
V, 380 V ou 440 V, com 3, 6, 9 ou 12 terminais para uma frequência de SEÇÃO 3
60 Hz (NASCIMENTO JR., 2008). Seus projetos deverão atender as Aspectos construtivo
normas NBR 7094, NBR 5432, NBR 5383 e NBR 6146. Geralmente, os
motores pertencentes a este grupo possuem uma caixa de ligação onde
é realizada a conexão dos terminais do motor com a rede e uma caixa de Carcaça
ligação auxiliar onde é realizada a conexão dos acessórios (sensores de
Estruturalmente as carcaças
temperatura para alarme e desligamento e resistências de aquecimento). suportam o conjunto estator-
Existe ainda o grupo dos motores à prova de explosão, em que sua rotor, podem ser abertas ou
aplicação é destinada a ambientes de risco com possível presença de totalmente fechadas. Se total-
gases inflamáveis onde apenas uma faísca pode gerar uma explosão. Seu mente fechadas, devem possuir
principal diferencial está na carcaça reforçada e na garantia da vedação aletas para auxiliar na dissipa-
entre os componentes (tampas, carcaças, caixas de ligação, anéis, etc.), ção de calor do motor. Podem
para tanto, o critério para aceitação destes motores se torna bastante ser fabricadas em alumínio, em
aço ou em ferro fundido (mais
rígido. É importante salientar que eletricamente este motor não possui
comumente utilizada por apre-
especialidades em relação aos demais motores. sentar uma boa relação entre
Outro grupo de motores são os motores de alto rendimento, que têm resistência estrutural e custo).
como principal característica a redução de perdas. Essa redução de per- As carcaças abertas são geral-
das se deve a um grupo de fatores tais como: sistema de ventilação mais mente fabricadas em aço e não
eficiente, materiais magnéticos de melhor qualidade e projetos mais refi- possuem aletas (FILIPPO FILHO,
nados. O mercado vem exigindo cada vez mais equipamentos que apre- 2000).
sentem maior eficiência energética e, embora mais caros, os motores de
alto rendimento se tornam interessantes economicamente a médio prazo
São complementadas pelas tam-
pela redução de seus custos operacionais (menor consumo de energia).
pas traseiras e dianteiras que para
Outro pequeno grupo é o dos chamados motores fracionários, que algumas aplicações são substituí-
possuem carcaça lisa, ventilação externa, são abertos e apresentam 3 ou das por flange para a fixação do
6 terminais (WEG S.A, [200-?]). motor (veja na figura a seguir),
Você viu que há muitas preocupações e exigências na fabricação de um nessas tampas estão os assentos
motor, assim o mercado receberá equipamentos com qualidade e segu- dos rolamentos para a sustenta-
rança, você não concorda? ção do rotor.

Figura 57 - Flanges com Furos Rosqueados, fFanges com Furos Passantes


Fonte: Filippo Filho (2000, p. 61).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 55
Geralmente as caixas de ligação com os dedos e contra corpos cuitadas nas duas extremidades,
são fixadas na carcaça que podem estranhos sólidos com dimensão ficando muito parecido com uma
ser posicionadas lateralmente ou acima de 12 mm (2) e proteção gaiola, razão pela qual recebeu
no topo, os cabos do motor pas- contra respingos na vertical (1). este nome.
sam por um duto de passagem
existente na carcaça para que se-
jam disponibilizados dentro da Estator e rotor
caixa de ligação para futura cone- Nos motores normais os roto-
xão com a rede elétrica. res são do tipo gaiola de esquilos
A padronização da carcaça é nor- (veja a figura a seguir), os rotores
malizada pela NBR 5432. e os estatores constituem o nú-
cleo magnético do motor.
A carcaça também tem a função
de invólucro do motor, a neces-
Figura 60 - Gaiola
sidade do grau de proteção va-
ria de acordo a aplicação e está Fonte: Filippo Filho (2000, p. 64).
relacionada com o ambiente
onde o equipamento irá atuar. O eixo do motor atravessa o nú-
Por exemplo, um motor atuan- cleo magnético e é fixado ao mes-
do em um ambiente aberto de- mo ficando apoiado aos rolamen-
verá apresentar um grau de pro- tos que por sua vez são apoiados
teção superior a um motor que
nas tampas e fixados por anéis.
atua em um ambiente fechado
(FILIPPO FILHO, 2000). Figura 58 - Rotores Gaiolas Um corte esquemático do motor
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 297). pode ser analisado na figura a se-
guir.
Motores de indução normais
geralmente são fabricados com Ainda segundo Filippo Filho
os seguintes graus de proteção, (2000), os estatores e os rotores
Acompanhe. possuem chapas laminadas e ali-
nhadas, formando um pacote de
▪ IP54 – proteção completa chapas, conforme figura a seguir,
contra toque e contra acúmulo que possuem ranhuras internas
de poeiras nocivas (5). Proteção nas quais é injetado o alumínio
contra respingos de todas as dire- (rotores) e é realizada a inserção
ções (4). Utilizados em ambiente das bobinas (estatores).
com muita poeira.
▪ IP55 – proteção completa Figura 61 - Motor Assíncrono de Rotor
contra toque e contra acúmulo Gaiola
de poeiras nocivas (5). Proteção Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 14).
contra jatos de água em todas as
direções (5). Utilizados em equi-
Existe ainda o chamado rotor bo-
pamentos que sofrem frequente-
binado, que possui enrolamentos
mente a ação de jatos de água a
semelhantes aos do enrolamento
limpeza.
do bobinado do estator em subs-
▪ IP(W)55 – equivalente ao tituição às barras, o acesso aos
IP 55, porém protegidos contra Figura 59 - Rotores Gaiolas terminais desse enrolamento é
chuvas e maresias, utilização em Fonte: Filippo Filho (2000, p. 297). feito por meio de um conjunto de
locais abertos. anéis/escovas de grafite.
A chapa é composta por um aço
Os motores abertos geralmente com baixo teor de carbono, O
são fabricados com grau de pro- rotor do tipo gaiola de esquilos é
teção IP21, que segundo a NBR um conjunto de barras curto-cir-
6146 são protegidos contra toque

56 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 4
Princípios de
funcionamento
Um campo magnético é criado
quando uma bobina é percorri-
da por uma corrente elétrica e a
orientação do mesmo será con-
forme o eixo da bobina, sua am-
plitude será proporcional à cor-
rente aplicada.

Figura 63 - Sistema Trifásico Equilibrado


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 26).

A cada instante a somatória de todos os campos gerados H1, H2 e H3 cria


Figura 62 - Princípio de Funcionamento um campo resultante “H”, apresentado na parte inferior da figura a se-
guir. Pode-se observar que a amplitude do campo “H” permanece cons-
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 29).
tante ao longo do tempo e sua direção segue um movimento rotacional.
Dessa forma, podemos concluir que para o motor com o enrolamento
trifásico o campo magnético “H” é “girante”, e esse campo girante induz
tensões na barra do rotor que geram corrente e como consequência é
Podemos verificar na figura an-
gerado um campo no rotor de polaridade oposta à do campo girante
terior que um “enrolamento
(WEG S.A., [200-?], p. 30).
trifásico” é formado por três
enrolamentos monofásicos des-
locados angularmente entre si
em 120o. Alimentando o equipa-
mento com um sistema trifásico
de correntes I1 , I2 e I3, cada uma
das correntes criará seu campo
magnético H1 , H2 e H3, que por
sua vez também serão deslo-
cados angularmente entre si
em 120o (Figura 63) (WEG S.A.
([200-?], p. 14).

Figura 64 - Somatória dos Campos


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 30).

Em decorrência da atração entre os campos girantes opostos do estator


e do rotor, o rotor tende a acompanhar esse campo, gerando um conju-
gado que faz com que o motor gire, acionando a carga.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 57
SEÇÃO 5 No de polos
Rotação síncrona por minuto

Velocidade síncrona (nS) 60 Hz 50Hz


2 3.600 3.000
A velocidade síncrona de um mo- 4 1.800 1.500
tor é definida como a velocidade 6 1.200 1.000
de rotação de um campo girante, 8 900 750
e é dependente de dois fatores:
frequência da rede (f), dada em Quadro 5 - Rotações síncronas
hertz e do número de pares de
polos (p).
A obtenção de um maior conju-
Construtivamente os enrolamen- SEÇÃO 6 gado pode ser conseguida aumen-
tos podem possuir um ou mais Escorregamento (s) tando a diferença entre as veloci-
pares de polos que se encontram dades do rotor e do campo girante
sempre alternadamente dispostos no estator para que os campos
Considerando que o rotor esteja
no enrolamento. A cada ciclo o gerados e as correntes induzidas
girando na velocidade constante
campo magnético girante per- sejam maiores. Na condição do
de “n” rpm no mesmo sentido
corre um par de polos, assim, a motor trabalhando a vazio (sem
que o campo girante do estator,
velocidade do campo é dada pela carga), o mesmo apresentará uma
sendo nS rpm a velocidade síncro-
expressão (FILIPPO FILHO, rotação muito próxima à rotação
na do campo de estator, dada pela
2000): síncrona.
equação 37. A diferença entre a
velocidade síncrona e a velocida- A frequência da corrente induzida
de do rotor é citada usualmente no rotor é dada pelo produto da
60 × f 120 × f
nS = = rpm como escorregamento do rotor. frequência da corrente no estator
p 2p O escorregamento é geralmente pelo escorregamento, ou seja (FI-
definido como uma fração da ve- LIPPO FILHO, 2000):
Equação 37 locidade síncrona (FILIPPO FI-
Exemplo LHO, 2000):
Determine a rotação de um mo-
f2 = s × f1
tor 4 polos que opera em uma fre-
nS − n Sendo:
quência nominal de 60 Hz. s=
nS ▪ f1 = frequência da corrente
estatórica (Hz);
60 × f Sendo: ▪ f2 = frequência da corrente
nS =
p ▪ nS = velocidade síncrona rotórica (Hz).
(rpm);
60 × 60
= = 1800rpm ▪ n = velocidade rotórica
2 (rpm);
Equação 39

▪ s = escorregamento. Com a aplicação de uma carga ao


rotor, ocorre a redução da veloci-
Para que exista a formação de pa- dade com o consequente aumento
res de polos, o número de polos Equação 38 do escorregamento, da frequência
deverá ser sempre par. Para as da corrente no rotor e da sua for-
“polaridades” e frequências mais Quando um motor gira com uma ça eletromotriz induzida. Com o
usuais, temos as seguintes veloci- velocidade diferente da velocida- aumento da corrente induzida no
dades síncronas: de do campo girante (velocidade rotor, tem-se um aumento na cor-
síncrona), circularão correntes in- rente primária no estator com me-
duzidas no rotor, quanto maior a lhor fator de potência produzindo
carga maior será o conjugado ne- maior potência mecânica e exigin-
cessário para acioná-la. do maior potência da rede. A con-
dição de equilíbrio entre o torque

58 CURSOS TÉCNICOS SENAI


gerado pelo motor e o torque re-
sistente da carga ocorre quando o Sendo:
motor está à plena carga.
▪ E2 = tensão induzida “por
O fator de potência varia de 0,8 fase” quando o rotor está
em motores de baixas potências, bloqueado;
próximas a 1 cv, para cerca de 0,95 ▪ X2 = reatância de disper-
para motores de maiores potên- são “por fase”;
cias, acima de 150 cv. Com cargas
▪ R2 = resistência do rotor
acima da plena carga, o fator de
“por fase”.
potência se aproxima de um máxi-
mo e então decresce rapidamente. A corrente do rotor “por fase”
Os caminhos do conhecimento I2 para qualquer velocidade é
são muitos, você já trilhou alguns dada por:
nesta caminhada, agora é hora de
estudar os circuitos, acompanhe. E2
I 2=
 R2  2
  + X2
SEÇÃO 7  S 
Circuito equivalente
Equação 40
Para determinar as caracterís-
ticas de operação do motor de
indução trifásico e sua influên- Considerando a indutância X1
cia na rede elétrica, é necessá- e a resistência R1 do estator, o
rio representar os parâmetros efeito transformador do motor
do motor por meio de circuito e a impedância do rotor, pode-
elétrico equivalente (FILIPPO FI- se determinar o circuito equiva-
LHO, 2000). lente “por fase”, como podemos
observar na figura a seguir. Os
parâmetros X1 e R1 são respec-
Considerando o motor elétrico tivamente a reatância, devido à
uma carga equilibrada, o mesmo dispersão do estator, e a resis-
pode ser representado apenas por tência do mesmo (FILIPPO FI-
LHO, 2000).
uma fase, ficando subentendido
que as tensões e as correntes nas
demais fases podem ser obtidas
por um simples deslocamento
adequado da fase, + 120o para
motores trifásicos.
O circuito equivalente nos possi-
bilita analisar as perdas no “cobre”
e no “ferro”, potência mecânica,
conjugado, corrente no estator,
assim como demais fatores.
Figura 64 - Circuito Equivalente “por Fase do Motor”
O circuito equivalente do motor Fonte: Filippo Filho (2000, p. 73).
é muito parecido com o circuito
equivalente do transformador,
visto anteriormente (FILIPPO
FILHO, 2000):

MÁQUINAS ELÉTRICAS 59
Para o circuito equivalente com todos os parâmetros no primário, deve
ser adicionada uma resistência que represente as perdas no ferro (Rf) e
uma indutância de magnetização Xf. Confira a figura a seguir (FILIPPO
FILHO, 2000):

Figura 65 - Circuito Equivalente “por Fase” Refletido no Estator


Fonte: Filippo Filho (2000, p. 73).

Uma fração da potência transferi-


da ao rotor R2r/s é dissipada nas
barras do rotor por Efeito Joule
e a outra parte é dissipada no nú-
cleo magnético pelas perdas no
ferro, histerese e correntes para-
sitas. Existem ainda as perdas me-
cânicas que se concentram princi-
palmente nas perdas relacionadas
ao sistema de ventilação e as per-
das nos rolamentos.
Utiliza-se a equação abaixo para Figura 66 - Circuito Equivalente (Forma Alternativa)
separar as perdas de natureza elé- Fonte: Filippo Filho (2000, p. 73).
trica da potência total transferida
ao rotor. Pode-se verificar que com o rotor A próxima seção lhe reserva um
bloqueado, ou seja, com s = 1 a assunto muito interessante e ne-
resistência variável se torna igual cessário para que você continue
a zero, portanto, um curto. Para a explorar conhecimentos sobre
R2r 1− s
= R2r +   ⋅ R2r o caso em que o rotor esteja na circuitos.
s  s 
velocidade síncrona, ou seja, com
s = 0 a resistência variável seria in-
Equação 41 finita, fazendo com que o circuito
fique aberto. Essas situações não
Sendo que R2r são todas as perdas têm sentido prático.
de natureza elétrica do rotor e as
demais variáveis a potência mecâ-
nica total. Subtraindo-se as perdas
por ventilação e atrito, obtém-se
a potência mecânica útil e assim
o circuito equivalente passa a ser
conforme apresentado na figura a
seguir (FILIPPO FILHO, 2000):

60 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 8
Obtenção dos
parâmetros do circuito
equivalente
A determinação dos parâmetros
do circuito equivalente é realizada
por meio do ensaio em vazio e do
ensaio com o rotor bloqueado.

O ensaio em vazio é realiza- Figura 67 - Circuito Equivalente Aproximado


do sem acoplamento de carga Fonte: Filippo Filho (2000, p. 73).
no motor, sendo assim o es-
corregamento se torna muito
As alterações realizadas – junção Considerando que toda a corren-
próximo de zero (s→0), pois
das reatâncias indutivas do rotor te flua pelo ramo central, pode-se
sua velocidade de rotação fica
e do estator e junção das resistên- determinar Rf e Xf pelas equações
muito próxima da velocidade
cias ôhmicas dos mesmos – ge- a seguir:
síncrona. Deve-se considerar
ram pequenos erros, os quais se
que embora sem acoplamento
tornam aceitáveis para uma ava-
de carga externa, incidirá uma
liação operacional.
pequena carga mecânica de-
A aprendizagem é um processo V12
corrente do sistema de ventila- Rf =
ção e dos atritos mecânicos da contínuo de construção, por isso PV
própria máquina. O ensaio em sua atenção e dedicação é funda-
vazio nos motores equivale ao mental, continue bem atento aos V12
Xf =
ensaio em circuito aberto nos assuntos. Estamos juntos nesta QV
transformadores (FILIPPO caminhada. Vamos agora estudar
FILHO, 2000). os ensaios. Sendo PV a potência ativa e
QV a potência reativa.

No ensaio com o rotor bloquea- Ensaio em vazio


do o escorregamento é igual a 1, Equações 42 e 43
No ensaio em vazio, é aplicada a
e a resistência variável, conforme
tensão nominal do motor e moni-
você acompanhou na figura ante- Para essas condições de ensaio
toradas as correntes (A) em cada
rior, equivale a um curto-circuito. podemos considerar que Rf inclui
fase com o auxílio do amperíme-
O ensaio com rotor bloqueado todas as perdas no ferro e perdas
tro, as tensões (V) em cada fase
nos motores equivale ao ensaio de mecânicas (atrito e ventilação) e
com o auxílio do voltímetro e
curto-circuito nos transformado- Xf todo efeito de magnetização.
as potências ativa (kW) e reativa
res.
(kVAr) com o auxílio do wattíme-
Visando simplificar a determina- tro.
ção dos parâmetros elétricos, por Ensaio com o rotor
Sendo neste ensaio a rotação do bloqueado
meio do ensaio em vazio e do en-
motor muito próxima à rotação
saio com o rotor bloqueado, po-
síncrona, conforme citado ante- É realizado aplicando-se uma
de-se realizar algumas alterações
riormente, temos o escorrega- tensão reduzida nos terminais do
no circuito obtendo o circuito de-
mento muito baixo (s→0). motor com eixo bloqueado sem
monstrado na figura a seguir.
que a corrente atinja o seu valor
nominal. A resistência variável é
anulada, pois para esta situação
(S = 1).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 61
Nessas condições, em decorrên-
cia da baixa tensão, as perdas no
ferro e a magnetização são des- A velocidade síncrona é dada por:
prezíveis e não existem perdas
120 × f 120 × 60
rotacionais (motor bloqueado) nS = = = 1.800rpm
2p 4
(NASCIMENTO JR., 2008).
A reatância de dispersão global A relação do escorregamento com a velocidade síncrona é dada por:
(X) e a resistência ôhmica global
(R) são determinadas por: nS − n
s=
nS

Pb Qb A velocidade do rotor é dada por:


R= X=
I 12 I 12
n = nS × (1 − 0,05) = 1.800 × (1 − 0,05) = 1710rpm

Equação 44
A frequência induzida é dada pela equação 39:
A medida da tensão (V) “por fase”
é realizada por meio de um voltí-
f 2 = s × f1 = 0,05 × 60 = 3Hz
metro, a corrente (A) “por fase”
é realizada por meio do amperí-
metro e as potências ativas (kW) A velocidade relativa é determinada por:
e reativa (kVAr) são obtidas por
meio de um wattímetro. nR = nS − n = 1.800 − 1710 = 90rpm
É realizada a medida da resistên-
cia ôhmica “por fase” da bobina
do estator (R1) e R2r é obtido pela
relação: Exemplo 2
Um motor de indução trifásico de 60 cv trabalha na frequência de 60
Hz, com IN = 143A, 220 V, n = 1.775 rpm. Esse motor apresentou os
R 2r = R − R1 seguintes resultados nos ensaios: a vazio 3.440 W e 22.400 VAr e com
o rotor bloqueado 2.400 W e 4.160 VAr. O valor da resistência ôhmica
Equação 45
medida por fase na bobina do estator foi de 15 mΩ. Calcule os parâ-
metros do circuito elétrico equivalente considerando que as perdas por
Agora acompanhe os exemplos atrito e ventilação chegam a 750 W.
para aprender a calcular as medi-
das de tensão.

220 60
Tensão / fase = = 127V Pot. / fase = = 20cv
Exemplo 1 3 3

Um motor 4 polos, 60 Hz opera


Corrente / fase = 143 A (considerando motor em estrela)
com escorregamento de 2%. De-
termine a sua velocidade síncrona 1272
e calcule a frequência induzida no Rf = = 11,55Ω 1272
750 + 3440 3 Xf = = 2,16Ω
secundário e a velocidade relativa 22400 3
entre o campo girante e o rotor. 2400 3
R= = 0,039Ω 4160 3
1432 X= = 0,68Ω
1432
R2r = 0,039 − 0,015 = 0,014Ω

62 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Continuaremos o assunto na pró- Uma parcela reduzida da potência elétrica consumida pelo motor está
xima seção, inclusive com novos relacionada com as perdas que ocorrem no mesmo, podemos citar como
exemplos. as principais: perdas por histerese e por correntes parasitas no núcleo
magnético, perdas por Efeito Joule no estator ou no rotor, perdas me-
cânicas rotacionais em decorrência do atrito e ventilação e perdas suple-
SEÇÃO 9 mentares.
Equações gerais É frequente a utilização da potência mecânica dos motores em cv (cava-
los-vapor). A relação entre cv e kW (quilowatt) é dada por:
A potência elétrica absorvida da 1 cv = 0,736 kW.
rede pelo motor elétrico trifási- A relação entre a potência mecânica fornecida e a potência elétrica ab-
co para a conversão em potência sorvida da rede é chamada de rendimento e é dada por:
mecânica é dada por (FILIPPO
FILHO, 2000):

Pmec
η=
Pel
Pel = 3 ⋅VL ⋅IL ⋅cos
A potência total do motor é a somatória das potências das fases
Sendo: e também pode ser dada por:
▪ VL = tensão da linha (V);
Pel =3⋅Pfase
▪ IL = corrente da linha (A);
▪ f = defasagem entre a
tensão e a corrente; Sendo:
▪ cos φ = fator de potência
Pfase = V1 ⋅ I1 ⋅ cos
do motor.

A potência mecânica no eixo é dada por:


Equação 46
Pmec = C ⋅ = C ⋅2 ⋅ ⋅ f

Sendo:
▪ C = conjugado
▪ = velocidade angular

Equações 47, 48, 49 e 50

MÁQUINAS ELÉTRICAS 63
A potência mecânica tida como referência no circuito conforme figura
a seguir é dada por:

1− s  2
Pmec = 3 ⋅ R2r ⋅   ⋅ I2
 s  r

O conjugado alcançado pelo motor é dado por:

3 ⋅ R2r ⋅ I22
C=
s ⋅s

A corrente no rotor:

V1
I2 r = 2
1− s 
R + R2r ⋅   + x2
 s 

E aplicando (52) em (53) temos:

3 R2r V12
C= ⋅ ⋅
s 2
s 1− s 
R + R2r   + X2
 s 

Pode-se observar no circuito que:

V1 V
I0 = −j 1
Rf Xf

Equações 51, 52, 53, 54 e 55

As variáveis R2r,Rf e Xf são dependentes do projeto do motor e as equa-


ções citadas anteriormente consideram que a frequência e a tensão são
constantes para cada motor analisado.

Exemplo 3
Considerando apenas o ensaio a vazio para o circuito equivalente do
exemplo 2, determine a corrente a vazio do motor.

127 0 o 127 0 o
IR = o
= 11,00 0 o IX = = 58,80 − 90o
11,55 0 2,16 90o

I0 = 11,00 − j 58.80 = 59,82 − 79,4 o A

64 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪ Cn = conjugado nominal (é
SEÇÃO 10 o conjugado desenvolvido pelo
Características motor à potência nominal, sob
eletromecânicas tensão e frequência nominais);
▪ nN = rotação nominal;
Pela equação (54) podemos concluir que o conjugado varia em função ▪ nS = rotação síncrona;
do quadrado da tensão.
▪ Cmín = conjugado mínimo (é o
Na velocidade síncrona o conjugado é igual a zero e o comportamento menor conjugado desenvolvido
do conjugado em relação à variação de velocidade pode ser verificado pelo motor ao acelerar desde a
na figura a seguir. Os pontos apresentados são especificados pela NBR velocidade zero até a velocidade
7094 da ABNT, que você estudará a seguir: correspondente ao conjugado
máximo);
▪ Cmáx = conjugado máximo
(é o maior conjugado desenvol-
vido pelo motor, sob tensão e
frequência nominais, sem queda
brusca de velocidade, deve ser o
maior possível para que o motor
possa vencer eventuais picos de
carga);
▪ Cp = conjugado com rotor
bloqueado ou conjugado de
partida ou, ainda, conjugado de
arranque (é o conjugado mínimo
desenvolvido pelo motor blo-
queado, para todas as posições
Figura 67 - Curva Conjugado x Rotação angulares do rotor, sob tensão e
Fonte: Weg S.A. (2000, p. 55). frequência nominais). Pode ser
dado por:
Sendo:
C0 = conjugado básico calculado em função da potência e velocidade C p (Nm)
C p (%) = × 100
síncrona; C n (Nm)

Equações 58
7094 × P(cv) 9555 × P(kW )
C 0 (Nm) = = Conforme as características de
nS (rpm) nS (rpm)
conjugado em relação à velocida-
716 × P(cv) 794 × P(kW ) de e corrente de partida, os moto-
C 0 (kgfm) = = res de indução trifásicos são clas-
n S (rpm) n S (rpm)
sificados em categorias que visam
atender a um determinado tipo de
Equações 56 e 57
carga. A norma (NBR 7094) de-
fine essas categorias da seguinte
forma:

MÁQUINAS ELÉTRICAS 65
▪ categoria N – conjugado de partida normal, corrente de partida SEÇÃO 11
normal e baixo escorregamento. Constitui a maioria dos motores
encontrados no mercado, utilizados no acionamento de cargas nor-
Métodos de partida
mais, com baixo conjugado de partida, tais como bombas, ventila-
dores e máquinas operatrizes; Na partida, os motores de indução
trifásicos de rotores gaiola podem
▪ categoria NY – o mesmo que a categoria N, porém é prevista apresentar correntes até nove ve-
para partida Y-∆;
zes sua corrente nominal. Na par-
▪ categoria H – conjugado de partida alto, corrente de partida tida a corrente fica muito elevada,
normal e baixo escorregamento. Usando para cargas que exigem
podendo causar danos à rede e
maior conjugado de partida, tais como peneiras, transportadores
carregados e moinhos;
interferências em outros equipa-
mentos ligados à mesma. Existem
▪ categoria HY – o mesmo que a categoria H, porém prevista para sistemas/dispositivos que têm
partida Y-∆;
por objetivo a redução do nível
▪ categoria D – conjugado de partida alto, corrente de partida de tensão durante a partida e por
normal e alto escorregamento ( s > 5%). consequência a redução do nível
de corrente. É importante garan-
tir que com a redução de tensão
São usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, em que a e consequente redução do conju-
cargas apresenta picos periódicos. Também são usados em cargas que gado de partida o motor consiga
exigem alto conjugado de partida e corrente limitada, como os eleva- realizar a aceleração da carga, pois
dores. caso contrário, teremos a situação
de rotor bloqueado, o que pode
causar danos ao equipamento.
Os sistemas mais comumente uti-
lizados são:
▪ chave estrela-triângulo;
▪ chave série-paralelo;
▪ chave compensadora e partida
eletrônica (soft-starter).

A seguir você conhecerá em deta-


lhes cada um dos sistemas.

Figura 68 - Curvas Conjugados x Velocidade das Diferentes Categorias


Fonte: Weg S.A. (2000, p. 56).

Na figura anterior você observou as curvas de conjugado x velocidade


para as diferentes categorias (N, H e D), segundo a NBR 7094 os valores
dos conjugados mínimos exigidos são definidos para cada categoria e
estão subdivididos por faixas de potência e polaridade.

66 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Partida com chave estrela-triângulo (Y-∆) Partida com chave
Na partida com chave estrela-triângulo é necessário que o motor pos-
compensadora (autotrans-
sibilite a ligação em duas tensões diferentes, ou seja, em 220/380 V, formador)
380/660 V, 440/760 V. Para a realização da ligação estrela-triângulo o
A partida com chave compen-
motor deve possuir no mínimo seis cabos de ligação e a curva de con-
jugado do motor deve ser elevada o suficiente para a aceleração da sadora também visa reduzir a
máquina, pois com tensão reduzida o conjugado de partida do motor corrente de partida, pode ser re-
pode sofrer uma redução de até 33%. O conjugado resistente da carga alizada com motores sob carga
não deve ser maior do que o conjugado de partida do motor (WEG S.A., e, assim como na partida estrela-
[200-?]). triângulo, garante um conjugado
suficiente para a partida e a acele-
ração de motor.

A redução na tensão na chave


Sendo:
compensadora é realizada por
▪ ID = corrente em triângulo; meio de um autotransformador
▪ IY = corrente em estrela; que geralmente possui taps de
50%, 65% e 80% da tensão no-
▪ CY = conjugado em estrela;
minal (WEG S.A., [200-?]).
▪ CD = conjugado em triân-
gulo;
▪ Cr = conjugado resistente;
▪ tc = tempo de comutação.
Figura 69 - Corrente e conjugado para
partida estrela-triângulo
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).

Você pode visualizar na figura a seguir um exemplo de ligação estrela-


triângulo para uma rede com tensão de 220 V. Observe que na partida a
tensão é reduzida para 127 V.

Figura 70 - Ligação Estrela-Triângulo


Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 53).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 67
Comparação entre cha- Partida com chave- Partida com chave
ves “Y-∆” e compensadora compesadora série-paralelo
“cutomática” estrela-triân- Vantagens: Na partida em série-paralelo o
gulo motor deve ser apto para traba-
▪ é possível a variação do tap de
Conheça as vantagens: lhar em duas tensões, sendo a
65% para 80% da tensão da rede,
menor delas igual à da rede e as
▪ possui menor custo para bai- de modo que o motor possa
outras duas vezes maior.Para a
xas tensões; partir satisfatoriamente;
implementação deste tipo de par-
▪ pode realizar grande número ▪ na partida com o tap de 65% a tida é preciso que o motor possua
de manobras; corrente de linha é muito próxi- nove terminais, partindo o motor
ma à corrente da chave estrela-
▪ a corrente de partida é reduzi- com ligação série, em 220 V, e
triângulo, no entanto, na passa- após atingir sua rotação nominal é
da para aproximadamente 1/3;
gem da tensão reduzida para a realizada a comutação para a liga-
▪ os componentes são compac- tensão da rede o segundo pico ção em paralelo.
tos, ocupando pouco espaço. de corrente é menor em relação
à chave estrela-triângulo, pois o
Quer saber quais são as desvanta- autotransformador por um breve Soft-starter
gens? Vamos lá! período se torna uma reatância.
A chave eletrônica de partida
Desvantagens: Desvantagens: consiste em um conjunto de
▪ limitação da frequência de pares de tiristores um em cada
▪ a tensão de rede deve ser a borne de potência do motor. O
mesma tensão em triângulo do manobras;
ângulo de disparo de cada par
motor; ▪ o custo da chave da compen- de tiristores é controlado ele-
▪ o conjugado de partida se sadora é bem maior que o custo tronicamente para uma tensão
reduz a 1/3 do conjugado de da chave estrela-triângulo em de- variável durante a aceleração do
corrência do autotransformador; motor, comumente chamada de
partida nominal do motor;
partida suave (soft-starter). Di-
▪ a partida estrela-triângulo só ▪ em consequência do tamanho ferentemente dos sistemas de
pode ser implementada nos mo- do autotransformador, a utiliza- partida apresentados até então,
tores que possuem seis bornes; ção de quadros maiores se faz não existem picos abruptos de
necessária, elevando o preço do correntes, assim, consegue-se
▪ se o motor não atingir no conjunto. obter uma corrente muito pró-
mínimo 90% de sua velocida- xima à corrente nominal do mo-
de nominal, o pico de corrente tor com uma pequena variação
na comutação de estrela para (WEG S.A., [200-?]).
triângulo será muito próximo ao
pico de corrente em uma partida
direta, tornando-se prejudicial Uma grande vantagem na utiliza-
aos sistemas e aos contatores. ção da partida eletrônica é a au-
sência de arco elétrico, comum
nas chaves mecânicas, o que faz
com que a vida útil deste tipo
de equipamento seja bem maior.
Uma comparação entre as corren-
tes e os conjugados de partida di-
reta e partida com soft-starter pode
ser observada na figura a seguir.

68 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 71 - Partida Direta e com soft-starter
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 52)

Acompanhe a descrição na figura

1. Corrente de partida direta.

2. Corrente de partida com soft-starter.

3. Conjugado com partida direta.

4. Conjugado com soft-starter.

5. Conjugado da carga.

O estudo desta unidade está em conformidade com os conhecimentos


mencionados no conteúdo formativo e tem como finalidade prepará-lo
para o mercado de trabalho. Vamos! Concentre-se em sua aprendizagem!

MÁQUINAS ELÉTRICAS 69
Unidade de
estudo 7
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Princípios de funcionamento
Seção 3 - Partida e funcionamento normal
de motores monofásicos de indução
Seção 4 - Ensaios em motores
monofásicos
Motores Monofásicos

SEÇÃO 1
Introdução

Você sabe onde utilizamos os Um campo magnético é criado Observe com atenção um dese-
motores monofásicos? quando uma bobina é percorri- nho esquemático de um motor
da por uma corrente elétrica e a elementar monofásico.
orientação do mesmo será con-
forme o eixo da bobina, sua am-
Eles são utilizados na indústria
e principalmente em aplica-
plitude será proporcional à cor-
ções prediais e residenciais, tais rente aplicada.
como ventiladores, condiciona- Podemos verificar na figura a se-
dores de ar e bombas d’água. A guir que um “enrolamento mo-
tensão de alimentação pode ser nofásico” percorrido por uma
de 110 ou 220 V, podem ser liga- corrente “I” gera um campo
dos entre fase e neutro ou entre
“H”. Para o exemplo apresenta-
fase e fase, conectados a uma
do temos um par de polos, cujas Figura 72 - Desenho Esquemático do
rede bifásica, sempre em cor-
rente alternada. São geralmen- contribuições são somadas para Motor Monofásico Elementar
te utilizados em aplicações que geração do campo “H”. O fluxo
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 212).
exijam baixa potência. Os moto- magnético atravessa o núcleo do
res monofásicos utilizam dispo- rotor e se fecha através do núcleo
sitivos que auxiliam na partida, do estator. Um campo pulsante pode ser de-
possibilitando sua aceleração composto em um campo girante e
(FILIPPO FILHO, 2000). sua representação gráfica pode ser
verificada na figura a seguir.

SEÇÃO 2
Princípios de
funcionamento
Em motores monofásicos, a falta
de uma fase causa a extinção do
campo girante e o mesmo perde
Figura 71 - Enrolamento Monofásico
a capacidade de partida; caso o
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 29)
campo girante esteja em movi-
mento, o motor irá permanecer Figura 73 - Campos Girantes Derivados
em movimento, esse é princípio A alimentação da bobina por do campo pulsante
de funcionamento dos motores uma corrente alternada gera Fonte: Filippo Filho (2000, p. 212).
monofásicos que necessitam de um campo magnético variável
mecanismos complementares no tempo, no entanto, fixo no
para o auxílio na partida (WEG espaço gerando um campo pul- Cada campo pode ser analisado
S.A., [200-?]). sante. O rotor não consegue individualmente, a figura a seguir
gerar conjugado, pois as barras apresenta a curva do conjugado
Os rotores dos motores monofá- adjacentes do rotor geram con- motor desenvolvido por cada um
sicos são basicamente iguais aos jugados em oposição entre si e dos campos girantes. No primeiro
por tal razão o motor não con- quadrante, temos a representação
rotores gaiola dos motores de in-
segue partir sem dispositivo au- do conjugado no sentido horário
dução trifásicos. xiliar (WEG S.A., [200-?]).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 71
e no segundo quadrante temos o
conjugado no sentido anti-horá-
rio.

Figura 75 - Conjugado Motor Resultante


Fonte: Filippo Filho (2000, p. 213).

Geralmente os motores monofá-


Figura 74 - Conjugado Motor de cada SEÇÃO 3 sicos são projetados e fabricados
Campo Girante
Fonte: Filippo Filho (2000, p. 212).
Partida e funcionamen- para aplicações específicas, visan-
to normal de motores do à redução de custo.

Para qualquer um dos sentidos


monofásicos de indução Agora você conhecerá o motor
monofásico e suas especificida-
que o motor iniciar o movimen- des.
A classificação de motores de in-
to de rotação, o campo girante
dução monofásicos é comumente
irá gerar ação motora, da mesma
relacionada ao método de partida Motor monofásico
forma que os motores de indução
utilizado. com fase auxiliar
trifásicos após a partida.
A definição do tipo de motor
apropriado para determinada apli- Os motores monofásicos de fase
cação é baseada em: auxiliar possuem dois enrolamen-
Você pode observar que com tos de estator, um enrolamento
NS = 0, a partida é impossibi- auxiliar (a) e um enrolamento
litada, pois existe uma opo-
sição de conjugados gerados
▪ ciclo de serviço; principal (m), deslocados entre si
em 90° elétricos, conforme apre-
pelos campos girantes. Mes- ▪ necessidade de conjuga-
do de partida e de rotação sentados na figura a seguir:
mo após a partida existirá
um campo girante oposto ao normal da carga;
sentido de giro, opondo-se ao ▪ limitações na corrente de
conjugado do motor (FILIPPO partida.
FILHO, 2000).

O conjugado de frenagem que


se opõe ao movimento do motor
possui menor intensidade do que
o conjugado de rotação do motor
e o conjugado líquido do motor é
a diferença entre estes dois conju-
gados, conforme apresentado na
figura a seguir, na qual você tam-
bém poderá constatar que o con-
jugado líquido na partida é nulo.

Figura 76 - Motor de Fase Auxiliar split-phase: (a) Ligação, (b) Diagrama Faso-
rial, (c) Características de Conjugado-Velocidade Típica
Fonte: Weg S.A. (2006, p. 11).

72 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As correntes dos enrolamentos Motor monofásico com capacitor de partida
estão fora de fase em decorrên-
cia de o enrolamento principal Os motores monofásicos com capacitor de partida também são motores
ter uma relação de resistência/ de fase auxiliar, no entanto, o deslocamento de fase entre as correntes
reatância mais baixa do que o é obtido com a utilização de um capacitor em série com o enrolamento
enrolamento auxiliar. A corrente auxiliar, conforme a figura a seguir.
do enrolamento auxiliar Ia está
adiantada em relação à corren-
te do enrolamento principal Im.
O máximo conjugado ocorre
inicialmente no enrolamento
auxiliar e então, após passado
algum tempo, ocorre no enro-
lamento principal (WEG S.A.,
2006).

As correntes nos enrolamentos


equivalem a correntes bifásicas,
tendo como resultado um campo
girante no estator que possibilita
a partida no motor. Usualmente o
enrolamento auxiliar é desligado Figura 77 - Motor de Capacitor de Partida: (a)Ligações, (b) Diagrama Fasorial
após o motor atingir cerca de 75% da Partida, (c) Característica de Conjungado-Velocidade Típica
da velocidade síncrona, por meio Fonte: Weg S.A. (2006, p. 12).
de uma chave centrífuga em série
com o mesmo. O desligamento da Assim como nos motores de fase auxiliar, o enrolamento auxiliar dos
chave centrífuga não pode deixar motores tipo capacitor de partida também é desligado antes de atingir a
de ocorrer, pois o enrolamento rotação nominal. O conjunto enrolamento auxiliar/capacitor é projeta-
auxiliar não suporta a tensão no- do para trabalhar de modo descontínuo (WEG S.A., 2006).
minal do motor por mais de al- Com a utilização do capacitor de partida é possível que a corrente do
guns segundos. enrolamento auxiliar Ia com o rotor parado esteja adiantada em 90° elé-
A alta relação entre resistência e tricos em relação à corrente do enrolamento principal Im.
reatância no enrolamento auxiliar O motor do tipo capacitor de partida possui conjugado de partida ele-
é obtida com a utilização de um vado. Suas principais aplicações são: bombas, equipamentos de refrige-
fio mais fino do que no enrola- ração, condicionamento de ar, compressores e demais cargas que exijam
mento principal. Os motores de maiores conjugados de partida.
fase auxiliar possuem geralmente
estatores com ranhuras diferentes
devido aos diferentes volumes das
bobinas (principal e auxiliar).
Motores monofásicos de fase au-
xiliar possuem conjugado de par-
tida moderado com baixa corrente
de partida. Suas potências variam
de 1/20 a 1/2 HP. Suas aplicações
mais comuns são: bomba centrí-
fuga, equipamentos de escritório
e ventiladores.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 73
Motor monofásico com capacitor permanente
Os capacitores de partida
Nos motores tipo capacitor permanente não ocorre o desligamento do mais utilizados são do tipo
capacitor e do enrolamento auxiliar após a partida do motor. eletrolítico para CA e fabri-
cados para serviço de partida
de motores, já os capacitores
permanentes geralmente são
a óleo, de capacitância em
torno de 40 µF.

Motor de polos som-


Figura 78 - Motor de Capacitor Permanente e Característica de breados
Conjugado-Velocidade Típica
O motor de polos sombreados é
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 13). tipicamente utilizado para potên-
cias bastante reduzidas, menores
O rendimento, o fator de potência e as pulsações de conjugados po- do que 0,1 cv. A bobina de arraste
dem ser melhorados em relação aos motores monofásicos citados an- tem polos salientes e uma parte
teriormente, considerando que o projeto do enrolamento auxiliar e do de cada polo é envolvida por uma
capacitor de partida são determinados para uma carga específica e as espira curto-circuitada de cobre, a
pulsações são eliminadas, pois o capacitor age como um reservatório de chamada bobina de arraste.
energia aplainando as pulsações da potência fornecida pela alimentação O fluxo gerado pelas correntes
monofásica. induzidas na parte do polo onde
Suas principais aplicações são em ventiladores de condicionadores de ar se encontra a bobina de arraste
e ventiladores de teto. sofre um atraso em relação ao flu-
xo na outra parte do polo e como
consequência é criado um campo
Motor monofásico com dois capacitores girante que se desloca em direção
Os motores monofásicos com dois capacitores são projetados para se à parte com a bobina e um peque-
obter um bom desempenho tanto na partida quanto no funcionamento. no conjugado de partida é criado.
Você conhecerá na figura a seguir uma forma de se obter esse resultado. Nas figuras a seguir:

a. pode ser observado o posicio-


namento da bobina de arraste
e do enrolamento principal e

b. é apresentada a característi-
ca de conjugado-velocidade
(WEG S.A., 2006).

Figura 79 - Motor de Capacitor de Dois Calores e Característica de


Conjugado-Velocidade Típica
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 14).

O capacitor de partida é desligado após a partida do motor pela chave


centrífuga, sua capacitância é bem maior do que o capacitor permanente
e seu posicionamento está em paralelo com o mesmo. Em série com
o enrolamento auxiliar está o capacitor permanente, que possui baixo
valor de capacitância.

74 CURSOS TÉCNICOS SENAI


O manuseio de equipamentos
energizados e com partes girantes
traz riscos de danos físicos, portan-
to, realize as atividades propostas
sob a supervisão de um profissio-
nal habilitado e siga as instruções
de segurança. Todas as alterações e
ligações devem ser realizadas com
os equipamentos desligados.
Figura 80 - Motor com Bobina de Arraste e Característica Típica de Velocidade
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 16).
Ensaio em motores
monofásicos com capaci-
Suas principais aplicações são em SEÇÃO 4 tor permanente
ferramentas portáteis e em apare-
lhos eletrodomésticos.
Ensaio em motores O objetivo deste ensaio é você
Acompanhe o exemplo a seguir. monofásicos avaliar os parâmetros do motor
monofásico com capacitor per-
O ensaio em motores monofási- manente, tais como: velocidade,
cos tem o objetivo de apresentar torque e características elétricas.
Exemplo 1
como realizar na prática as co- Especificações da máquina anali-
Segundo o catálogo de um fa- nexões, mecânicas e elétricas, de sada: motor monofásico com ca-
bricante, um motor de indução equipamentos auxiliares com o pacitor permanente 0,5 cv, 220 V,
monofásico possui as seguintes motor e estudar algumas proprie- 1.610 rpm.
características: potência 2 cv, rpm dades e características dos mes-
3.510 (2 polos), corrente nominal mos. Procedimento
12,0 A na tensão 220 V. Calcule
a corrente e o fator de potência 1. Medir com o auxílio de um
para uma tensão de 115 V, para O procedimento descrito visa
apenas nortear a realização
ohmímetro as resistências do
um rendimento do motor de 70%. enrolamento primário e do en-
do ensaio e as características
da máquina apresentada nes- rolamento secundário:
te roteiro, deverá apenas ser-
Pmec 736 × 2,0 vir como referência. RPRIMÁRIO = 6,25 Ω
Pel = = = 2102W
η 0,7
RSECUNDÁRIO= 6,25 Ω
S = VL ⋅ I L = 220 × 12 = 2640VA Equipamentos necessários para a Monte o circuito conforme apre-
realização do ensaio: sentado na figura a seguir:
FP = cosθ =
P 2102
= = 0,796 ▪ fonte CA ajustável de 0 a 120
S 2640 V;
▪ eletrodinamômetro para car-
Pel = VL ⋅ I L ⋅ cosθ
gas até 3 N.m;
2102 ▪ tacômetro;
IL = = 23,0 A
115 × 0,796 ▪ amperímetro;
▪ ohmímetro;
▪ eletrodinamômetro; Figura 81 - Medindo com Ohmímetro
Fonte: Weg S.A. ([200-?], p. 149).
▪ dinamômetro;
A próxima seção traz informa- ▪ voltímetro; e
ções que lhe possibilitará apren- A fonte CA deverá estar em 0 V.
der descobrindo novas dimensões ▪ wattímetro.
e novos significados.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 75
Eleve a tensão no enrolamento 3. Determine a velocidade do campo girante pela seguinte expressão:
primário até obter o valor de 2 A
no amperímetro. Desligue a fonte
e calcule a impedância do primá- 120 × f
nS = = 1800rpm
rio ZPrimário como segue: 2p

I=2 A
4. Monte o circuito conforme apresentado na figura anteriormente.
U 5. Acople o dinamômetro, com regulagem inicial em 0 V, ao motor mo-
Z PRIMÁRIO = = 14 ,35Ω
I nofásico.
U = 28,70 Volts
6. Ajuste a fonte de tensão CA para tensão nominal do motor, ajuste o
dinamômetro para a máxima carga e ligue-o.

Eleve a tensão no enrolamento 7. Acione a fonte e meça a corrente de partida: IP = 9,6 A.


secundário até obter o valor de
2 A no amperímetro. Desligue a 8. Variando os valores de carga, meça a velocidade, a corrente no motor
fonte e calcule a impedância do e o torque desenvolvido, preenchendo o quadro a seguir:
secundário
ZSecundário como se segue: Tensão Velocidade Carga Corrente Wattímetro
(V) (rpm) (N.m) (A) (W)
120 1779 0 1,31 133
I=2 A 120 1754 0,35 2,03 224
U 120 1735 0,7 2,40 276
Z SECUNDÁRIO = = 12,92Ω
I 120 1710 1 2,93 344
120 1675 1,4 3,63 427
U = 25,83 Volts

9. Determine o valor da potência desenvolvida (no eixo) pelo motor


para as condições de carga citadas na tabela anterior, utilizando a
2. Com os valores das resistên-
seguinte equação:
cias RPRIMÁRIO e RSECUNDÁRIO e
das impedâncias ZPRIMÁRIO e
ZSECUNDÁRIO , determine o ân- P(W ) = RPM × N.m × 0,105
gulo de defasagem entre ten-
são e corrente nos enrolamen-
tos por meio da expressão:
Para a conversão da potência W em CV, divida por 736; e para a conver-
são para HP, divida por 746. O valor de carga que exigiu uma potência
R
ϕ = arcCos = imediatamente menor ou igual à potência do motor será à plena carga.
Z

Chegando em ϕPRIMÁRIO = 64 ,180

ee ϕSECUNDÁRIO = 61,07
0

76 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Carga W HP Potência aparente total
(N.m) Eixo Eixo VA
0 0 0 157,2
0,35 64 0,086 243,6
0,7 127 0,170 288,0
1 179 0,240 351,6
1,4 246 0,330 435,6

10. Determine o fator de potência 14. Determine a corrente nominal


do motor sem carga e à plena do motor:
carga a partir das seguintes ex-
pressões:
CV × 736
IN = = 3,0 A
120V × Cosϕ × η
P(W ) 133
cos ϕ avazio = = = 0,85 Sendo: η = eficiência do mo-
S(VA) 157
tor à plena carga.
P(W ) 344
cosϕ àplenac arg a = =
S(VA) 351,6
= 0,98 15. Para determinar o torque de
partida, ajuste o eletrodinamô-
metro para a máxima carga e
11. Determine a eficiência a partir com o motor totalmente na
da seguinte relação: inércia ligue a fonte, o valor do
torque é extraído diretamente
do eletrodinamômetro por lei-
tura direta: torque de partida =
Psaída 0,6 N.m.
Efic% = × 100 =
Pent
179
× 100 = 52,0%
344 Esta unidade de estudo propor-
cionou novos conhecimentos so-
bre os motores monofásicos, sua
12. Determine as perdas: 344 – aplicação e especificidades, per-
179 = 165 W. mitindo que você conheça todo o
processo de utilização para aplica-
13. Determine a potência reativa bilidade na sua carreira profissio-
gerada no motor: nal.

Q = Senϕ × S = 69,97VAr

MÁQUINAS ELÉTRICAS 77
Unidade de
estudo 8
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Princípios de funcionamento
Seção 3 - Aspectos construtivos
Seção 4 - Excitação de campo
Seção 5 - Circuito equivalente do gerador CC
Seção 6 - Equações da tensão no gerador e
regulação de tensão
Seção 7 - Perdas e eficiência de uma
máquina CC
Geradores de
Corrente Contínua

SEÇÃO 1
Introdução
O gerador CC é uma máquina que
realiza a conversão de energia me-
cânica de rotação em energia elé-
trica. Existem diversas fontes que
podem fornecer a energia mecâ-
nica necessária, tais como: vapor,
óleo diesel, queda-d’água, motor
elétrico, entre outras.
A aplicação da corrente contínua
ocorre em vários setores indus-
triais, tais como: cargas de bate-
rias e acumuladores, eletroímãs
de aplicações industriais, tração Figura 82 - Princípio de Funcionamento do Gerador cc
elétrica e instalações de eletroquí- Fonte: SENAI (1997, p. 33).
micas.
Uma forma de retificar o formato senoidal da f.e.m. apresentada é pela
utilização de um comutador que é formado por segmentos de cobre. Na
SEÇÃO 2 figura a seguir podemos observar o comportamento da f.e.m. em fun-
Princípios de ção da posição da espira para cinco posições diferentes, formando um
ciclo completo de rotação (SENAI, 1997).
funcionamento
O gerador CC mais simples é DAE - Divisão de assistência às empresas
composto por um enrolamento
de armadura contendo uma úni-
ca espira que é interceptada pelo
campo magnético gerado.
Com o movimento de rotação da
espira ocorre a variação do fluxo
magnético e em decorrência dessa
variação surge uma f.e.m. (Lei da
Indução Magnética).

D
f .e.m =
Dt

Equação 59
Figura 83 - Forma de Onda da F.E.M. X Posição da Espira
Podemos observar na figura a se-
guir o posicionamento da espira Fonte: SENAI (1997, p. 33).
em três momentos diferentes e o
gráfico da f.e.m. com seu formato
senoidal.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 79
Na posição IV da figura a seguir, a Para o motor de corrente contínua a armadura recebe a corrente prove-
bobina apresenta a máxima f.e.m., niente de uma fonte elétrica externa que faz com que a armadura gire,
com o condutor escuro na frente em decorrência desse movimento de rotação a armadura também é cha-
do polo N e o branco na frente do mada de rotor.
polo S, “B” será sempre positiva e
“A” sempre negativa enquanto for
mantida a rotação indicada pela Comutador
seta circular e o sentido de campo. Comutador é o dispositivo responsável pela conversão da corrente
alternada que circula pela armadura em corrente contínua. O comu-
tador figura conforme mostrado a seguir, ele é composto de um par
de segmentos de cobre para cada enrolamento da armadura, sendo
estes isolados entre si e isolados do eixo, uma vez que são fixados
no mesmo. No chassi da máquina são montadas duas escovas fixas
que possibilitam o contato com segmentos opostos do comutador
(GUSSOW, 1985).

Figura 84 - Bobina Gerando Máxima


F.E.M.
Fonte: SENAI (1997, p. 34).

SEÇÃO 3
Aspectos construtivos
As principais partes que com-
põem os geradores de corrente
contínua são basicamente as mes-
mas dos motores de corrente con-
tínua.
Agora você conhecerá em de-
talhes cada uma das partes que
compõem os geradores de cor- Figura 85 - As partes Principais de um Motor cc
rente contínua. Fonte: Adaptado de Rocha (1985, p. 250).

Escovas
Armadura
São conectores de grafita fixos, montados sobre molas que possibilitam
Para o gerador CC a armadura o deslizamento sobre o comutador no eixo da armadura, servindo de
realiza movimento de rotação em contato entre os enrolamentos e a carga externa.
decorrência de uma força mecâ-
nica externa e a tensão gerada na
mesma é ligada a um circuito ex- Enrolamento de campo
terno.
O enrolamento de campo tem um eletroímã responsável pela produção
do fluxo interceptado pela armadura. No gerador CC a fonte de cor-
rente de campo pode ser separada ou proveniente da própria máquina,
chamada de excitador.

80 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 4
Excitação de campo
O tipo de excitação de campo
utilizado define o nome dos ge-
radores CC. Quando a excitação
é realizada por uma fonte CC se-
parada, como por exemplo, uma
bateria, ele é denominado de gera-
dor de excitação separada.

Figura 86 - Gerador de Excitação Figura 87 - Autoexcitados


separada Fonte: Gussow (1985, p. 255).
Fonte: Gussow (1985, p. 255).

Os geradores que possuem sua


própria excitação são chamados
de geradores autoexcitados. Para
as configurações em que o circui-
to de armadura estiver em parale-
lo com o campo, ele é chamado de
gerador em derivação; quando o
campo está em série com a arma-
dura, é chamado de gerador série;
se forem usados os dois campos,
série e paralelo, é chamado de ge-
rador composto que pode apre-
sentar as configurações derivação
curta e derivação longa. Acompa-
nhe na figura a seguir.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 81
SEÇÃO 5 Sendo:
Circuito equivalente do Vta = tensão no terminal da armadura (V);
Vg = tensão gerada na armadura (V);
gerador CC Ia = corrente na armadura (A);
Vt = tensão no terminal do gerador (V);
As relações entre tensão e corren- ra = resistência do circuito da armadura (Ω);
te num circuito equivalente de um rs = resistência do campo série (Ω);
gerador CC são, de acordo com rd = resistência do campo em derivação (Ω);
a Lei Ohm, conforme apresenta- IL = corrente na linha (A);
Id = corrente do campo em derivação (A).
do na figura a seguir (GUSSOW,
1985).
Vta = Vg - Iara

Equação 60
+
Id rs IL
Vt = Vg - Ia (ra + rs)
Ia
Equação 61

rd ra Vt
IL = Ia – Id
Vta
Equação 62 +
Vg
-

Figura 88 - Circuito Equivalente


Fonte: Gussow (1985, p. 256).

Acompanhe o exemplo!
Vg = Vt + Ia (ra + rs)
Exemplo 1
Considere um gerador CC de 200 Vg = 250 + 600 (0,020 + 0,004) =
kW e 250 V, com uma corrente 250 + 14,4 = 264,4 V
na armadura de 600 A, uma re-
sistência na armadura de 0,020
Ω, e uma resistência de campo
em série de 0,004 Ω. Determine
a tensão gerada na armadura con-
siderando que o gerador opera a
1.800 rotações por minuto (rpm)
impostas por um motor.

82 CURSOS TÉCNICOS SENAI


SEÇÃO 6 Exemplo 2
Equações da tensão no Considere um gerador com sua rotação de 1.800 rpm e tensão de 120 V,
determine a tensão gerada para as seguintes condições:
gerador e regulação de
tensão a. se o fluxo for reduzido em 20%, com velocidade permanecendo
constante;
Em um gerador a tensão média Vg
b. se a velocidade for reduzida a 1.620 rpm com o fluxo permanecendo
pode ser determinada pela seguin-
inalterado.
te equação:

Sendo: Vg1 = k 1 n1
▪ Vg = tensão média gerada por ou
um gerador CC (V);
Vg1
▪ p = número de polos; k=
1 n1
▪ Z = número total de con-
dutores na armadura (também Vg1 1,00
chamados de indutores); Vg2 = k 2 n1 = 2 n1 = Vg1 2
== 120 = 120 0,80 = 96V
1 n2 1 1,00 − 0,20
▪ φ = fluxo por polo;
▪ n = velocidade da armadura Vg1 n2 1620
Vg2 = k 1 n2 = 1 n2 = Vg1 = 120 = 108V
(rpm); 1 n1 n1 1800
▪ b = número de percursos
paralelos através da armadura
(dependendo do tipo de enrola-
mento da armadura). A regulação de tensão é a diferença entre a tensão do terminal sem
Sendo os fatores da equação de carga (SC) e com carga (CM), é expressa com uma porcentagem do valor
Vg fixos, com exceção de φ e n, a de carga máxima e é dada pela seguinte relação:
equação pode ser simplificada da
seguinte forma:
Regulação de tensão = tensão SC - tensão com CM
tensão com CM
Vg = k n
Equação 65
Equação 63
Um baixo percentual de regulação de tensão significa que a variação de
Sendo: tensão no gerador é mínima com a variação da carga no mesmo.
Mais um exemplo para você compreender melhor o assunto.
pZ n
Vg =
60b ⋅ 108
Exemplo 3
Determine o percentual de regu- Regulação de tensão =
Equação 64
lação de tensão de um gerador em tensão SC - tensão com CM
Podemos concluir a partir da aná- derivação que à plena carga apre- =
tensão com CM
lise da equação acima que a f.e.m. senta uma tensão de terminal de 144 - 120
induzida é proporcional à razão 120 V e sem carga apresenta 144 =
120
com que o fluxo está sendo inter- V. 24
ceptado. =
120
Acompanhe outro exemplo. 0,20 = 2-%

MÁQUINAS ELÉTRICAS 83
As perdas no cobre são conse- Acompanhe mais um exemplo.
SEÇÃO 7 quência da passagem de corrente
Perdas e eficiência de através de uma resistência do en-
uma máquina CC rolamento. As corrente parasi- Eficiência (%) =
tas são geradas pela f.e.m. induzi-
da no núcleo magnético à medida saída
Segundo Gussow (1985), as per- × 100
que armadura realiza o movimen- entrada
das nos geradores e nos motores
CC podem ser divididas em: per- to de rotação no campo magnéti-
das no cobre e perdas mecânicas co. As perdas por histerese são
geradas quando o núcleo é mag- Equação 69
provenientes da rotação da má-
quina. Podem ser descritas da for- netizado inicialmente em um sen-
tido e num momento posterior no Exemplo 4
ma seguinte.
sentido oposto. Um gerador em derivação possui
1. Perdas no cobre As demais perdas rotacionais são uma resistência de campo de 40
geradas pelo atrito entre as es- Ω e uma resistência de armadu-
a. Perdas I2R na armadura. covas e o comutador, pelo atrito ra de 0,4 Ω. Considerando que o
entre as partes girantes e o ar e o gerador entrega para a carga uma
b. Perdas de campo: corrente de 30 A com uma tensão
atrito de rolamento no mancal.
▪ I2R do campo em derivação; A eficiência é a razão entre a po- no terminal de 120 V. Determine:
▪ I2R do campo em série. tência útil na saída e a potência
a. a corrente de campo;
total na entrada.
2. Perdas mecânicas ou rotacio-
b. a corrente de armadura;
nais
saída c. as perdas no cobre;
a. Perdas no ferro: Eficiência =
entrada
▪ perdas por corrente parasita; d. a eficiência com a carga, consi-
Equação 67 derando que as perdas rotacio-
▪ perdas por histerese. nais sejam de 300 W.
b. Perdas por atrito: ou

▪ atrito no mancal (rolamento);


▪ atrito nas escovas;
▪ perdas pelo atrito com o ar. Eficiência =

entrada − perdas
= Figura 89 - Gerador cc em Derivação
entrada
Fonte: Gussow (1985, p. 259).

saída
saída + perdas

Equação 68

A eficiência também pode ser ex-


pressa de forma percentual.

84 CURSOS TÉCNICOS SENAI


V 120 saída
a. Id = r = 40 = 3A
t
d. Eficiência =
d
saída + perdas

I a = I L + I d = 30 + 3 = 33A
Saída = P = Vt I L = 120 30 = 3600W
b. I a = I L + I d = 30 + 2 = 32 A
Perda total = perdas no cobre + perda rotacional =
c. Perda na armadura = 795,6 +300 = 1095,6W.

I 2a ra = 332 ⋅ 0,4 = 435,6W 3.600 3600


Eficiência (%) = ⋅ 100 = ⋅ 100 = 0,766 ⋅ 100 = 76,6%
3.600 + 1.095,6 4695,6
I a2 ra = 32 2 o,4 = 435,6W

Perda do campo em derivação = Mais uma unidade de estudo chega ao fim e por meio de exemplos você
pôde acompanhar o funcionamento do gerador CC. Todo o conteúdo
I 2a rd = 32 ⋅ 40 = 360W desta unidade proporcionou novos comnhecimentos garantindo à sua
prática profissional uma aprendizagem efetiva.
I d2 rd 2 2 = 60 = 240W

Perda no cobre =
perda na armadura + perda
em derivação =
435 + 360 = 795,6W

MÁQUINAS ELÉTRICAS 85
Unidade de
estudo 9
Seções de estudo

Seção 1 - Introdução
Seção 2 - Princípios de funcionamento
Seção 3 - Torque
Seção 4 - Forças contra-eletromotriz
Seção 5 - Circuito equivalente do motor CC
Seção 6 - Velocidades de um motor
Seção 7 - Tipos de motores
Seção 8 - Requisitos de partida dos motores
Motores de Corrente Contínua

SEÇÃO 1
Introdução
Em função de seu princípio de
funcionamento, os motores CC SEÇÃO 3 SEÇÃO 4
possibilitam variar a velocidade Torque Força
de zero até a velocidade nominal contra-eletromotriz
aliada à possibilidade de se ter um O torque (T) gerado por um mo-
conjugado constante. Essa carac- tor CC é proporcional à intensida- Os condutores do induzido in-
terística se torna muito importan- de do campo magnético e à cor- terceptam o fluxo do indutor em
te em aplicações que exigem uma rente de armadura, sendo dado decorrência do movimento de ro-
grande variação de rotação com por: tação. Pelo princípio de Faraday é
uma ótima regulação e precisão gerada nos condutores uma f.e.m.
de velocidade. induzida com o sentido oposto à
tensão aplicada no motor (Lei de
T kt I a Lenz). Por se opor à tensão apli-
SEÇÃO 2 cada ao motor, a tensão induzida
Princípio de Sendo: nos condutores é chamada de for-
T = torque (m.kg);
funcionamento Kt = constante que depende
ça contra-eletromotriz (f.c.e.m.),
que é determinada pela expressão:
das dimensões físicas do mo-
Basicamente os motores CC pos- tor;
suem os mesmos componentes Ia = corrente da armadura (A);
que os geradores CC. Para estes φ = número total de linhas de
motores o indutor e o induzi- fluxo que entrem na armadu- Vg
.n. Z
.
p
do são alimentados por corrente ra por um polo N. 60.10 8 a
contínua.
O campo magnético originado Sendo:
Equação 70
Vg = força contra-eletromotriz
nas bobinas do induzido, pela pas-
(V);
sagem de corrente elétrica, defor- n = Velocidade angular (rpm);
ma o fluxo indutor dando lugar a Z = número de condutores
forças que obrigam os condutores eficazes;
a se deslocarem no sentido que há p = número de polos;
menor número linhas de força. a = pares de ramais internos
Observe a figura a seguir. que dependem do tipo de en-
rolamento.

Equação 71

Figura 90 - Linhas de Força


Fonte: Gussow (1985).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 87
SEÇÃO 5
Circuito equivalente do
motor CC
As relações entre as tensões e a
corrente num circuito equivalente
de um motor CC são as seguintes:

Vta = V g + I a ra

Equação 72
Figura 91 - Circuito Equivalente de um Motor CC
Fonte: Gussow (1985).
Vt = Vg + I a ra + rs
Veja o exemplo.
Equação 73

Exemplo 1
IL = I A + Id
Calcule a f.c.e.m. de um motor quando a tensão no terminal é de 120 V
Equação 74 e a corrente na armadura de 25 A. A resistência da armadura é de 0,16 Ω
e a corrente de campo pode ser desprezada. Qual é a potência produzida
Sendo pela armadura do motor? Qual é a potência liberada para o motor em
quilowatts?
▪ Vta = tensão no terminal da
armadura (V);
▪ Vg = força contra-eletromo-
triz, f.c.e.m. (V); a. Vt = Vg + Iara rs = 0
▪ Ia = corrente da armadura (A);
Vg = Vt - Iara = 120 - 25 . (0,16) = 120 - 4 = 116V
▪ Vt = tensão no terminal do
motor (V).
b. Potência Produzida
E o parâmetros ra, rs,, rd, IL, e Id
representa as mesmas grandezas VgIa = 116(25) = 2900W
definidas no circuito equivalente
de um gerador CC. Uma compa- c. Potência Liberada
ração entre o circuito equivalente
de um gerador e o circuito equiva- VLIL = 120(25) = 3000W
lente de um motor mostra que a
única diferença está no sentido da
corrente na linha e na armadura.

88 CURSOS TÉCNICOS SENAI


A determinação de velocidade é
SEÇÃO 6 feita inserindo uma resistência
Velocidade de um motor de campo utilizando um reostato,
e para um determinado valor da
A velocidade de um motor é expressa em rotações por minuto (rpm). resistência de campo a velocidade
Uma elevação no fluxo de campo provoca a diminuição da velocidade do motor permanece praticamen-
do motor, o inverso ocorre com a redução do fluxo de campo. Essa te constante independente da car-
relação é utilizada para o controle de velocidade através da variação da ga. A velocidade de referência é a
resistência no circuito de campo e é dada por: velocidade do motor com carga
máxima.
Os dispositivos utilizados para a
Regulação de velocidade = partida em motores CC devem
limitar a corrente de partida da ar-
Vel. sem carga - Vel. com carga máx.
madura entre 125 e 200% do va-
Velocidade com carga máxima
lor da corrente de carga máxima.

Equação 75

Exemplo 2
Um motor CC em derivação apresenta uma rotação de 1.800 rpm sem
carga, quando uma carga é imposta ao mesmo, sua velocidade é reduzida
para 1.720 rpm. Determine a regulação de velocidade.

Vel. SC - Vel. CM
Regulaçãode velocidade =
Vel. CM

1.800 - 1.720
Regulaçãode velocidade = = 0,046 = 4,6% Figura 92 - (A) Diagrama Esquemá-
1.720
tico
Fonte: Gussow (1985).

SEÇÃO 7
Tipos de motores
Vamos juntos conhecer alguns tipos de motores?

Motor em derivação
O motor em derivação conforme figura a seguir (A) é o tipo mais co-
mum de motor CC, seu torque aumenta linearmente com o aumento da
corrente de armadura e sua velocidade diminui à medida que a corrente
de armadura aumenta acompanhe também na figura a seguir (B) (GUS-
SOW, 1985).

(B) Curvas de Velocidade x Carga,


Torque x Carga
Fonte: Gussow (1985).

MÁQUINAS ELÉTRICAS 89
Motor série Motor composto
No motor série o campo e a armadura são ligados em série conforme a O motor composto associa as ca-
figura a seguir. Geralmente é utilizado para aplicações que exijam deslo- racterísticas dos motores em de-
camento de grandes cargas como em guindastes, pois produz um torque rivação com as características dos
elevado com grandes valores de corrente na armadura a uma baixa rota- motores em série. Sua velocidade
ção, observe novamente a figura a seguir. reduz com o aumento de carga.
Sem aplicação de carga a velocidade aumenta indeterminadamente até Possui maior torque se compa-
que o motor se danifique, para estes motores o acoplamento com a car- rado com o motor em derivação
ga é feito de forma direta, sem utilização de correias e polias. e não apresenta problemas no
funcionamento sem carga como
ocorre com os motores série.

SEÇÃO 8
Requisitos de partida
dos motores
Há duas exigências durante a par-
tida dos motores, veja!

1. Motor e linha de alimentação


devem estar protegidos contra
correntes elevadas no período
Figura 93 – (A) Diagrama Esquemático, (B) Curvas da Velocidade x Carga, de partida, para tanto, é colo-
Torque x Carga cada uma resistência em série
Fonte: Gussow (1985). com o circuito da armadura.

2. O torque de partida no motor


deve ser o maior possível para
fazer o motor atingir a sua ve-
locidade máxima no menor
tempo possível.
O valor da resistência de partida
necessária para limitar a corrente
de partida da armadura até o valor
desejado é:

Figura 94 - (A) Diagrama Esquemático, (B) Curvas da Velocidade x Carga,


Torque x Carga
Fonte: Gussow (1985).

90 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Vt
Rs = − ra
Is

Sendo:
Rs = resistência de partida (Ω);
Vt = tensão do motor (V);
Is = corrente de partida dese-
jada na armadura (A);
ra = resistência da armadura Figura 95 - Motor em Derivação
(Ω). Fonte: Gussow (1985).

Equação 76

Exemplo 240
Id = = 4,8 A
Para um motor em derivação, 50
conforme a figura a seguir, com
resistência de circuito de campo I1 = I f + I = 4,8 + 25 = 29,8 A
de 50 Ω, determine a corrente
de campo, a corrente de linha e a P1N = Vt IL = 240 ⋅ 29,8 = 7,15kW
potência de entrada do motor sa-
bendo que o mesmo recebe uma
tensão de linha de 240 V e pos-
sui uma corrente de armadura de Mais uma unidade de estudo
25 A. chega ao fim e toda a sua apren-
dizagem foi construída a partir
da leitura criteriosa dos assuntos
apresentados. E agora cabe a você
identificar as necessidades prá-
ticas para efetiva aplicação dos
conceitos estudados.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 91
Unidade de
estudo 10
Seções de estudo

Seção 1 - Energia
Seção 2 - Potência
Seção 3 - Geração de energia
Seção 4 - Cogeração de energia
Seção 5 - Sistema de geração
Geração de Energia

SEÇÃO 1
Energia
A energia é definida como a quan-
tidade de trabalho que um sistema SEÇÃO 3
tem a capacidade de fornecer, a Geração de energia
mesma não pode ser criada, pode
apenas ser transformada. Existem A geração de energia elétrica é a conversão de qualquer outro tipo de
vários processos de transforma- energia em energia elétrica.
ção de energia e em cada um deles O processo de geração geralmente ocorre em dois estágios: no primeiro
uma parte da energia é perdida na estágio uma máquina primária transforma um tipo de energia, como por
forma de calor em decorrência de exemplo, hidráulica, em energia cinética de rotação; no segundo estágio
esforços mecânicos e atrito. A re- um gerador acoplado à máquina primária transforma energia cinética de
lação entre a energia que entra e a rotação em energia elétrica (WEG S.A., [200-?]).
energia que sai do sistema é deno-
minada rendimento.
Usualmente a capacidade de pro- SEÇÃO 4
dução de energia é dada em qui- Cogeração de energia
lowatt hora ou megawatt hora.
Podemos seguir em frente? O
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL 2000
assunto desta unidade despertará
apud WEG S.A., [200-?], p. 12),
muito o seu interesse.
[...] a cogeração de energia é definida como o processo de produção
combinada de calor e energia elétrica ou mecânica a partir de um mes-
SEÇÃO 2 mo combustível, capaz de produzir benefícios sociais, econômicos e
Potência ambientais. A atividade de cogeração contribui efetivamente para a
racionalização energética uma vez que possibilita maior produção de
Geralmente a potência gerada energia elétrica e térmica a partir da mesma quantidade de combus-
é medida em quilowatt (kW) ou tível.
megawatt (MW). A potência pode
ser definida como a quantidade de
energia gerada ou consumida por
unidade de tempo.

É importante salientar que


a potência pode ser medida
em qualquer instante de tem-
po enquanto que a energia
necessita de um intervalo de
tempo para que seja medida.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 93
A cogeração difere da geração Existe ainda uma grande variedade de sistemas que utilizam o vapor
porque a energia térmica gerada é liberado à baixa pressão e temperatura realizando o aproveitamento da
utilizada diretamente no processo energia que não é transformada em energia elétrica.
de manufatura, em fornos e cal-
deiras.
SEÇÃO 5
O processo de cogeração de Sistema de geração
energia vem sendo utilizado há
pouco tempo, a partir da década Um sistema de geração de energia é composto basicamente pelos se-
de 80, e vem se tornando uma guintes componentes: máquina primária, geradores, transformadores e
alternativa atrativa como nova sistema de controle, comando e proteção. Agora você estudará cada um
forma de geração de energia desses componentes.
elétrica. Na utilização de com-
bustíveis fósseis, a cogeração de
energia pode atingir uma efici-
Máquina primária
ência energética de 3 a 4 vezes A máquina primária é o elemento responsável pela transformação de
maior (WEG S.A., [200-?]). um determinado tipo de energia em energia cinética de rotação para ser
fornecida aos geradores (WEG S.A., [200-?]).
Existem diversas máquinas primárias e dentre as principais podemos
Atualmente a cogeração de ener- citar:
gia corresponde à grande parte da
capacidade das novas usinas ins-
taladas e vem sendo responsável
pela redução no crescimento do turbinas a gás ⇒ transformam energia proveniente da combus-
número de novas usinas hidrelé- tão do gás em energia cinética de rotação;
turbinas hidráulicas ⇒ transformam energia cinética de escoa-
tricas.
mento da água em energia cinética de rotação;
Um dos fatores positivos na im- motores diesel ⇒ transformam energia proveniente da combus-
plementação de novas usinas de tão do diesel em energia cinética de rotação;
cogeração é relativo à questão turbinas a vapor ⇒ transformam energia da pressão do vapor
ambiental, pois além de possibi- em energia cinética de rotação;
litar o aproveitamento de restos turbinas eólicas ⇒ transformam energia cinética do vento em
de madeira ou bagaço da cana de energia cinética de rotação.
açúcar, por exemplo, a cogeração
possui um caráter descentrali-
zador, porque possibilita que a A denominação das usinas elétricas geralmente é classificada de acor-
energia térmica seja utilizada com do com o processo de geração. Como exemplos temos as usinas em
grande proximidade da unidade que ocorre o processo de combustão, chamadas de termelétricas, e as
consumidora, proporcionando usinas em que ocorre o processo de fissão nuclear, chamadas de termo-
dessa forma uma maior eficiência nucleares.
energética.

O sistema convencional consiste


na queima de combustível para
que seja gerado vapor, a pres-
são do vapor gira a turbina e
gera energia, no entanto, cerca
de um pouco mais de um terço
da energia da queima é perdi-
da, a cogeração utiliza a energia
térmica que não é convertida
em energia elétrica (WEG S.A.,
[200-?]).

94 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Transformadores Você chegou ao fim da unidade curricular, os assuntos abordados em
todas as unidades tiveram como objetivo promover o aprendizado por
Uma vez gerada a energia, será meio da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme
necessário que o nível da tensão o conteúdo, impulsionando a assimilação.
seja compatível com o sistema no
qual a unidade geradora está liga-
da. O equipamento responsável
por essa adequação do nível de
tensão é o transformador, assunto
que você já estudou na Unidade
2.

Controle, comando e
proteção
Vários requisitos são fundamen-
tais na interligação entre a rede de
transmissão e a unidade geradora,
tal como o controle do nível de
tensão e a sincronização, citados
na Unidade 4.

São necessários diversos equi-


pamentos de manobra e prote-
ção, tal como relés, disjuntores,
TC´s e TP´s (apresentados na
Unidade 3), tais equipamentos
estão concentrados no quadro
de comando, o que permite
ao operador supervisionar o
funcionamento dos sistemas
e realizar eventual manobra,
se necessário (WEG S.A., [200-
?]).

O parâmetro mais importante e


difícil de ser controlado é a frequ-
ência, que no Brasil deve ser de 60
Hz. Para que a mesma seja alcan-
çada e não varie, é preciso a atua-
ção de reguladores de velocidade
no gerador para que a velocidade
no mesmo permaneça sempre
constante.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 95
Finalizando
O objetivo desses conteúdos foi apresentar a você características construtivas e funcionais de
máquinas elétricas e uma breve noção sobre geração de energia, conhecimentos que se fazem
necessários para a sua atuação no ramo da eletrotécnica.

Iniciamos com o estudo dos transformadores, pois a partir desses conhecimentos o enten-
dimento das demais máquinas elétricas pôde ser facilitado. Assim, foram tratados separada-
mente os transformadores monofásicos e trifásicos.

A determinação da sequência das unidades de estudo apresentadas visou agrupar as principais


características das máquinas elétricas de forma a lhe possibilitar uma comparação entre as
mesmas.

Você teve ainda um breve capítulo sobre geração de energia, proporcionando uma visão geral
com relação ao assunto. Um estudo mais aprofundado referente a máquinas primárias para a
geração de energia não fez parte do escopo desta unidade curricular, cabendo a você, de acor-
do com a sua necessidade e interesse, a busca de materiais complementares sobre o assunto.

Sucesso!!

MÁQUINAS ELÉTRICAS 97
Referências
▪ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7094: máquinas elétri-
cas girantes: motores de indução: especificação. Rio de Janeiro, 2003.

▪ FILIPPO FILHO, G. Motor de indução. São Paulo: Érica, 2000.

▪ FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com in-


trodução à eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

▪ GUSSOW, M. Eletricidade básica. São Paulo: McGraw-Hill, 1985.

▪ JORDÃO, R. G. Transformadores. São Paulo: Edgard Blücher, 2002.

▪ KOSOW, I. L. Máquinas elétrica e transformadores. 14. ed. São Paulo: Globo


2002.

▪ NASCIMENTO JÚNIOR, G. C. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 2. ed. São


Paulo: Érica, 2008.

▪ SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Transforma-


dor trifásico. Rio de Janeiro, 1980.

▪ ______. Transformador monofásico. Rio de Janeiro, 1980.

▪ ______. Materiais e equipamentos em sistemas de baixa tensão. Espírito San-


to, 1997.

▪ WEG S.A. Manual de geração de energia: módulo 4. Jaraguá do Sul: Weg, [200-?]a.

▪ ______. Variação de velocidade: módulo 2. Jaraguá do Sul: Weg, [200-?]b.

▪ ______. Motor de indução monofásico: manual Weg. Jaraguá do Sul, 2006.

MÁQUINAS ELÉTRICAS 99

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