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INTRODUÇÃO À

PEDAGOGIA

Caroline Costa Nunes Lima


Professores profissionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Perceber como se desenvolve e evolui a competência profissional


do docente.
„„ Identificar os pressupostos de uma formação articulada com a prática.
„„ Valorizar o processo de formação profissional como um benefício
para a carreira.

Introdução
A profissão de um professor é a única que torna as demais profissões
possíveis. Para tornar-se médico, engenheiro, advogado, entre outras
tantas profissões, foi necessária a atuação de um professor na mediação
das aprendizagens específicas de cada área.
Neste capítulo, você vai estudar o desenvolvimento e a evolução das
competências profissionais relacionadas à docência. Com esses conhe-
cimentos, você vai poder identificar os pressupostos de uma formação
capaz de articular a teoria à prática e vai reconhecer o processo de for-
mação profissional como um benefício à carreira docente.

1 O desenvolvimento e a evolução da
competência profissional do docente
São incontáveis as variedades de profissões existentes em nossa sociedade,
cada uma delas com um grau de complexidade, desafios e obstáculos. Muitas
delas requerem uma precisão de ações, como é o caso de um médico ao realizar
uma cirurgia, em que um erro pode tirar a vida de alguém. Outro exemplo é
o de engenheiros e arquitetos, que realizam ações complexas para construir
estruturas capazes de sustentar determinados pesos e que, se cometem algum
equívoco, este pode causar o desabamento de prédios, tendo como resultado
a morte de dezenas de pessoas.
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Para chegar à sua ocupação profissional, esses profissionais passaram pela


ação dos professores. Assim, por mais que aparentemente essa profissão não
exija ações tão precisas e imediatas, como para salvar uma vida ou planejar
uma estrutura predial segura, o trabalho desses profissionais, que ocorre por
meio de um processo longo, afeta de modo positivo ou negativo a vida de
crianças e jovens em formação, deixando consequências para toda a vida.
A responsabilidade do professor o coloca diante de uma série de compe-
tências a serem desenvolvidas de acordo com a variedade de funções que ele
realiza. Quanto mais se avança nos campos da ciência, da tecnologia e da
cultura, mais se espera desse agente transformador atuante no espaço escolar.

Os professores não podem ser vistos como técnicos ou burocratas, senão


como pessoas comprometidas nas atividades de crítica e questionamento,
a serviço do processo de libertação e emancipação. As pedagogias críticas
desaprovam o papel docente de mero transmissor e executor das ideias de
outros, em dívida com o paradigma do profissionalismo da eficácia tecno-
crática. (JAUME, 2016, p. 58)

Muito além de ser um profissional técnico ou burocrata marcado pelo ensino


tradicional, como mencionado acima, o professor contemporâneo tem como
exigência o exercício de uma prática desenvolvida com criticidade, diálogo,
compromisso e reflexão.
Assim como as transformações históricas e sociais acarretaram mudanças
significativas no processo de formação dos professores, as expectativas em
relação aos alunos também sofreram transformações. Tendo em vista essas
novas exigências, apresentaremos a seguir o Quadro 1, que aborda algumas
competências profissionais a serem desenvolvidas na prática docente (MAR-
CHESI, 2008, p. 60–69).
As competências apontadas no Quadro 1 evoluem em consonância com
o desenvolvimento profissional do docente no mundo contemporâneo.
A partir do entendimento dessas habilidades, percebe-se que elas se integram
e ressignificam as relações interpessoais nas salas de aula. As salas, por sua
vez, tornaram-se espaços capazes de favorecer um desenvolvimento global
do educando, não apenas na construção de conhecimentos que são frutos de
um currículo, mas também envolvendo aspectos socioafetivos, cognitivos e
emocionais.
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Quadro 1. Competências profissionais a serem desenvolvidas na prática docente

Ser competente Além de projetar situações de aprendizagem bem


para favorecer o estruturadas e sequenciadas que facilitem aos alunos a
desejo de saber ampliação de seus conhecimentos, é necessário incorporar,
dos alunos e entre os objetivos prioritários do ensino, a necessidade
ampliar seus de despertar o desejo do saber dos alunos e de fazer com
conhecimentos que estes se envolvam na atividade de aprender. Para
alcançar esse objetivo, a primeira habilidade necessária
é que o docente esteja, ele mesmo, interessado no
conhecimento que pretende que seus alunos obtenham.
A segunda habilidade é relacionar o que é aprendido
na sala de aula com aquilo que o aluno vivencia fora
dela e, no movimento inverso, trazer para a sala de aula
determinados acontecimentos e experiências ocorridos
à margem do trabalho escolar. A terceira habilidade é ser
capaz de facilitar o diálogo, a participação e a colaboração
dos alunos. A elaboração de experiências atraentes de
aprendizagem é mais eficaz quando leva em consideração
os interesses dos alunos e, ao mesmo tempo, utiliza a ajuda
e a colaboração mútuas para avançar na aprendizagem. A
última das habilidades é ter certa capacidade de inovação.
A elaboração de situações de aprendizagens variadas e
adaptadas ao contexto de cada turma exige flexibilidade
mental, segurança emocional e criatividade.

Ser competente A cada ano letivo, há maior diversidade no corpo discente,
para responder à o que torna ainda mais valiosa essa competência docente.
diversidade dos O sucesso da resposta educacional para a diversidade
alunos do corpo discente consiste, no fundo, em conjugar
de maneira equilibrada a qualidade e a equidade no
ensino, o que exige promover um conjunto de iniciativas
amplas e coerentes para enfrentar os problemas básicos
da educação escolar. A capacidade de o professor dar
resposta à diversidade dos seus alunos é um dos principais
fatores que garantem um bom ensino para todos eles.
Os professores competentes em oferecer uma resposta
educativa satisfatória ao conjunto de seus alunos são
aqueles que projetam atividades com diversos graus de
dificuldade, como:
„„ atividades nas quais podem trabalhar diferentes alunos;
„„ atividades que apresentam várias tarefas de maneira
simultânea para dois ou três grupos;

(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Competências profissionais a serem desenvolvidas na prática docente

Ser competente „„ atividades que oferecem uma ajuda específica àqueles


para responder à que apresentam dificuldades de aprendizagem;
diversidade dos „„ atividades que facilitam a colaboração ou a tutoria de
alunos alguns alunos, que passam a ajudar outros;
„„ atividades cuja avaliação seja ajustada às necessidades
psicológicas e educacionais dos estudantes.
A variedade de experiências educativas, a adequação da
resposta pedagógica às necessidades de cada aluno e a
vontade de facilitar que os alunos se ajudem mutuamente
são os três indicadores fundamentais do domínio dessa
competência pelos professores.

Estar preparado Ler é uma das atividades mais completas, formativas e


para incorporar prazerosas às quais podemos dedicar nosso tempo. A
a leitura na ativi- leitura pode ampliar nossos conhecimentos, levar-nos para
dade educativa outros mundos, ajudar-nos a conhecer aos outros e a nós
mesmos e fazer com que vivamos aventuras apaixonantes.
A leitura tem enorme poder de fascinação, e incorporá-la
no processo habitual de ensino vai facilitar o interesse dos
alunos, favorecer a aprendizagem, despertar a criatividade
e permitir que eles desfrutem as narrativas e as histórias.
Quando os estudantes dispõem de vários tipos de narrati-
vas, eles podem contemplar sua vida e a dos demais com
outro olhar, podem enfrentar de outra forma os problemas
e podem sentir-se mais motivados a pensar sobre eles e
procurar alternativas. Para conseguir alcançar esses obje-
tivos, é preciso que a escola se envolva ativamente nessa
tarefa. É necessário que os alunos encontrem modelos
adultos amantes da leitura, que eles percebam que ler é
atividade privilegiada da escola e que intuam que ler não é
apenas uma tarefa da disciplina de língua — ela compete
ao conjunto dos professores e se estende à própria família.
A leitura deve ser uma atividade cuidada e valorizada por
todos e deve contar com momentos específicos diários na
escola e na família, com o objetivo estratégico de construir
uma comunidade educativa de leitores. Porém, a leitura
não deve estar concentrada em um único formato. A
utilização de diversos tipos de textos, em diferentes supor-
tes (papel, computador, multimídia), favorece o interesse
dos alunos e a vinculação das atividades escolares com seu
entorno familiar e social. É necessário que os professores
sejam conscientes da importância da leitura e do seu valor
na motivação e na aprendizagem dos alunos.
(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Competências profissionais a serem desenvolvidas na prática docente

Estar preparado O desenvolvimento da vida afetiva dos alunos também


para zelar pelo é um dos objetivos importantes da educação escolar,
desenvolvimento mas isso nem sempre é considerado. Muitas vezes, os
afetivo dos professores pensam que a educação emocional dos alunos
alunos e pela deve recair quase exclusivamente no meio familiar, no qual
convivência os alunos devem encontrar sua referência afetiva básica.
escolar Em outras ocasiões, a preocupação dos professores com o
equilíbrio afetivo dos alunos somente se manifesta quando
percebem que isso está atrapalhando a dedicação deles
ao estudo. Entretanto, a educação afetiva deve ser um
objetivo em si, devendo ser incluída no projeto educacional
das escolas e na ação pedagógica dos professores, uma vez
que aponta para um dos componentes principais do bem-
estar do ser humano. As pesquisas recentes sobre o cérebro
emocional confirmam as relações entre as emoções e
os sentimentos, as habilidades cognitivas, a tomada de
decisões e a construção da identidade. A competência
emocional inclui o autocontrole, a compaixão, a
capacidade de resolver conflitos, a sensibilidade para
com os outros e a cooperação. O desenvolvimento
afetivo dos alunos contribui para seu bem-estar e sua
felicidade, mas também favorece uma atitude positiva
diante da aprendizagem e um comportamento sensível
frente às necessidades dos outros. Nesse sentido, os
professores precisam estar cientes das suas possibilidades
de intervenção nesse âmbito e ter competência suficiente
para intervir de forma satisfatória.

Fonte: Adaptado de Marchesi (2008).

Tão importante quanto nos aprofundarmos nos estudos sobre a evolução da com-
petência profissional do docente é saber quais competências esse profissional deve
desenvolver em seus alunos. Por isso, recomendamos a leitura de um relatório chamado
Um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI. Destacamos a seguir os quatro pilares da educação propostos nesse
documento (DELORS, 2010, p. 31).
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Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente


ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número
reduzido de assuntos, ou seja, aprender a aprender para se beneficiar
das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.
Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação profissional,
mas uma qualificação mais abrangente. É a competência que torna a
pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.
Além disso, aprender a fazer no âmbito das experiências sociais ou de
trabalho oferecidas aos jovens e adolescentes, seja espontaneamente,
na sequência do contexto local ou nacional, seja formalmente, graças
ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
Aprender a conviver, desenvolvendo a competência do outro e a per-
cepção das interdependências — realizar projetos comuns e se preparar
para gerenciar conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo,
da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser para desenvolver, o melhor possível, a personalidade
e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de
autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa finali-
dade, a educação deve levar em consideração todas as potencialidades
de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades
físicas e aptidão para se comunicar.

2 Pressupostos de uma formação


articulada com a prática
Antes de abordarmos os pressupostos de uma formação de professores que
visa à articulação entre a teoria e a prática, convidamos você a refletir sobre
alguns aspectos. Observe que a formação médica se volta para a contribuição
ao sistema de saúde, assim como um advogado se forma para contribuir para
a defesa de direitos nas diferentes áreas em que pode se especializar. Quando
falamos sobre a docência, percebemos que essa formação se diferencia das
demais por se voltar para o seu próprio desenvolvimento, visando a contribuir
para todas as demais profissões, como medicina e direito, como mencionamos
anteriormente.
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Antes de ingressar em estudos de preparação para diferentes profissões,


o indivíduo precisa passar pela preparação escolar formal, a qual encontra, em
sua essência, a função de assegurar ao educando a construção de uma formação
para o exercício da cidadania. Outro ponto a se destacar é apresentado por
Mello (MELLO, 2000, p. 102):

A situação de formação profissional do professor é inversamente simétrica à


situação de seu exercício profissional. Quando se prepara para ser professor,
ele vive o papel de aluno. O mesmo papel, com as devidas diferenças etárias,
que seu aluno viverá tendo-o como professor. Por essa razão, tão simples
e óbvia, quanto difícil de levar às últimas consequências, a formação do
professor precisa tomar como ponto de referência, a partir do qual orientará
a organização institucional e pedagógica dos cursos, a simetria invertida
entre a situação de preparação profissional e o exercício futuro da profissão.
As diretrizes que se seguem procuram avançar nessa característica, buscando
tornar coerente a formação do professor com a simetria existente entre essa
formação e o futuro exercício da profissão.

Diante do exposto nessa citação, entende-se que é necessário que a for-


mação inicial dos professores facilite o acesso aos referenciais, às diretrizes
e às normas legais, bem como aos documentos e às orientações voltadas para
aspectos pedagógicos da educação pública básica. Nesse material, encon-
tramos informações sobre a oferta de um currículo nacional que incentiva a
interdisciplinaridade, a transversalidade, a contextualização e a integração
de áreas em projetos de ensino.
Falar em uma formação articulada e prática é falar sobre a conceituação do
termo competência. O dicionário Webster (WEBSTER´S..., 1981, p. 63) define
competência, na língua inglesa, como “qualidade ou estado de ser funcional-
mente adequado ou ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades ou
força para uma determinada tarefa”. A competência se desenvolve em curso,
sendo algo a ser construído e acessado em momentos de ações e decisões em
situações reais e imprevisíveis, como é o caso do dia a dia de uma sala de aula.
Muito mais do que um domínio dos conhecimentos da grade curricular a ser
implementada, são exigidas do professor intervenções e ajustes, demandando
ações imediatas.
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O ensino e aprendizagem é um processo de se relacionar com um grupo


permeado pela diversidade, em um convívio que enfrenta as mais variadas
situações e conflitos que comumente não podem ser previstos. Para que o
professor em formação se sinta integrado e familiarizado com esse campo
de trabalho, é importante que desde o início de seu curso ele se depare com a
articulação entre teoria e prática (MELLO, 2000, p. 104):

A prática deverá estar presente desde o primeiro dia de aula do curso superior
de formação docente, por meio da presença orientada em escolas de educação
infantil e ensinos fundamental e médio ou de forma mediada pela utilização
de vídeos, estudos de casos e depoimentos ou qualquer outro recurso didático
que permita a reconstrução ou simulação de situações reais. [...] A importância
da prática decorre do significado que se atribui à competência do professor
para ensinar e fazer aprender. Competências são formadas pela experiência,
portanto esse processo deve ocorrer necessariamente em situações concretas,
contextualizadas. Mas é preciso cuidar para que não exista nova fragmentação.
O termo prática na formação do professor tem três sentidos complementares
e inseparáveis. O primeiro sentido refere-se à contextualização, relevância,
aplicação e pertinência do conhecimento das ciências que explicam o mundo
da natureza e o mundo social; em segundo lugar, identifica-se com o uso eficaz
das linguagens como instrumento de comunicação e organização cognitiva
da realidade natural e social; em terceiro, a prática tem o sentido de ensinar,
referindo-se à transposição didática do conhecimento das ciências, das artes
e das letras para o contexto do ensino de crianças e adolescentes em escolas
de educação básica.

Sabemos que não são poucos os desafios para quem decide seguir os
caminhos profissionais da docência. Assim, espera-se que, desde o início de
sua formação, os futuros professores busquem uma instituição em que seja
oferecida uma preparação que articule os referenciais teóricos contextualizados
com a prática.

3 A formação profissional docente


como benefício para a carreira
É comum ouvirmos alguns comentários sobre a profissão de professor, em
especial nos últimos anos, relacionando-a a uma carreira desvalorizada, tanto
por questões salariais quanto pelo desgaste do sistema de ensino, que absorve
os problemas presentes na sociedade, como desajustes familiares, desigualdades
sociais e violência. Em contrapartida, é notório que se trata de uma profissão
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essencial, já que prepara os educandos para o exercício da cidadania, assim


como é diretamente responsável pela formação profissional.
Outro ponto a ser refletido é que, como em todas as profissões, há a variação
salarial e os planos de carreira, além das diferentes áreas de atuação, como os
ensinos público, particular, básico, superior e técnico, além das modalidades
presenciais e a distância. Assim, é fundamental que o indivíduo que pretende
seguir esse caminho profissional esteja informado sobre a área docente, pois,
além de vocação, há diversos aspectos a serem considerados que envolvem
algo além dos conhecimentos específicos e pedagógicos construídos nas
instituições que formam professores.
Analisando os aspectos referidos acima, e havendo a vontade de seguir essa
carreira, chega o momento de o futuro professor ingressar em sua formação, que
marca o início de sua trajetória profissional. Segundo Marchesi (2008, p. 38):

Apesar de a história profissional dos docentes começar no seu primeiro dia de


aula, é preciso reconhecer, da mesma forma, que o tempo dedicado à univer-
sidade é uma fase prévia que inquestionavelmente incide em suas vivências
posteriores. As razões pelas quais escolheram os estudos de maestros ou de
professor, a formação que recebem, as experiências pelas quais passam nas
escolas durante a fase de estágio, as relações com docentes já em exercício e
as suas expectativas pessoais e profissionais vão configurando o embrião do
seu futuro caráter profissional.

Assim, se observarmos um grupo de professores em formação, veremos


que cada um terá um aproveitamento diferente, devido à bagagem de expe-
riências que obtiveram ao longo da educação básica e às suas perspectivas
sobre o futuro, como suas expectativas e seus objetivos ao ingressarem na
carreira docente.
Assim como um médico deve acompanhar o avanço das descobertas cientí-
ficas e os medicamentos que chegam ao mercado — ou seja, deve investir em
uma formação continuada, para não se tornar um profissional desatualizado
—, os professores não devem ficar restritos aos conteúdos curriculares e às
suas transformações. Há de existir, entre os docentes, a mobilização de con-
tinuar a aprendizagem em seus diferentes contextos, como apontam Bolzan
et al. (2013, p. 53):
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Consideramos que o foco da formação de professores não pode estar restrito


a pensar e discutir a organização do ensino e seus desdobramentos, mas antes
de tudo está em mobilizar os sujeitos a continuarem aprendendo nos diferen-
tes contextos de atuação. Isso inclui refletir na e sobre a prática pedagógica,
compreender os problemas do ensino, analisar os currículos, reconhecer a
influência dos materiais didáti­cos nas escolhas pedagógicas, socializar as
construções e troca de experiências, de modo a avançar em direção a novas
aprendizagens, num constante exercício de prática reflexiva, colaborativa e
coletiva. Trata-se de um processo caracterizado por tensões e desafios em
contextos desconhecidos, nos quais os formadores buscam equilíbrio profis-
sional. Para que isso ocorra, precisam conscientizar-se de que são sujeitos em
permanente evolução e desenvolvimento profissional docente. [...] a formação
de professores pressupõe a or­ganização de um processo contínuo e sistemático
que considere as exigên­cias sociais, psicológicas, pessoais, contextuais e
profissionais como parte do desenvolvimento profissional docente. Trata-se
de um processo caracte­r izado por tensões e aprendizagens em contextos
desconhecidos, nos quais os formadores buscam manter coerência profis-
sional. Para que isso ocorra, necessitam reconhecer seu inacabamento, ou
seja, precisam conscientizar­-se de que são sujeitos em permanente evolução
e desenvolvimento, pois só assim construirão sua identidade profissional.

Assim, de acordo com as considerações apresentadas, é de suma impor-


tância que os professores iniciem a sua carreira na docência refletindo sobre
sua prática, que vai além de sua função institucionalizada. A trajetória do
professor deve envolver seu crescimento pessoal e profissional e vivências
formativas, interativas e colaborativas.
Concluímos esse estudo enfatizando que investir na carreira demanda
tempo, mobilização e compreensão e que, acima de tudo, os educadores são
exemplos para seus alunos. Portanto, quanto mais contínuas forem as suas
formações, mais esses profissionais terão condições de oferecer uma educação
de qualidade. Ainda, por meio de uma educação continuada, os fenômenos
presentes no cotidiano educacional são mais bem compreendidos, os conflitos
e os desafios que a profissão impõe são enfrentados de forma mais efetiva,
e surgem mais possibilidades para esses profissionais alcançarem espaços
com melhores condições salariais e estruturais.
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BOLZAN, D. P. V. et al. Formação de professores: a construção da docência e da ativi-


dade pedagógica na Educação Superior. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 13,
n. 38, p. 49-68, jan./abr. 2013.
DELORS, J. Um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional
sobre Educação para o século XXI. Brasília, DF: UNESCO, 2010. Disponível em: http://
unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf. Acesso em: 18 fev. 2018.
JAUME, C. Pedagogias do século XXI: bases para a inovação educativa. 3. ed. Porto
Alegre: Penso, 2016.
MARCHESI, Á. O bem-estar dos professores: competências, emoções e valores. Porto
Alegre: Penso, 2008.
MELLO, G. N. de. Formação inicial de professores para a educação básica uma (re)visão
radical. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 98-110, 2000. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n1/9807.pdf. Acesso em: 20 fev. 2018.
WEBSTER’S third new international dictionary of the English language, unabridged.
Springfield: G. & C. Merriam, 1981.

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