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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

TRABALHO DE GRUPO DE PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO II

Nuno Mota - a2210245

Andreia Lucas – a22100185

Débora Gusmão - a20092737

Hélder Tadeu - a20065732

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Escola de Psicologia e Ciências da Vida
3º Ano de Licenciatura

Nota do Autor
Trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular de Psicologia Desenvolvimento II.
Docente: Dr.ª Paula Paulino.

Ano letivo 2023/2024


PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

RESUMO

Trabalho realizado no âmbito da pesquisa sobre o desenvolvimento humano, o estudo


é baseado em teorias desenvolvimentares, utilizando o método de entrevista, foram
recolhidos relatos de quatro participantes em momentos e com entrevistadores diferentes. O
foco da pesquisa foi explorar narrativas sobre o desenvolvimento de idosos, considerando
tanto as suas experiências e aforma como estas influenciaram a situação presente, bem como
os possíveis impactos no desenvolvimento futuro durante a senescência.

INTRODUÇÃO

Ao elaborar o guião para as entrevistas, alinhamos a compreensão única de Papalia


sobre a relação de natureza e criação, a importância de relações significativas e as
transformações que ocorrem em resposta às exigências da vida. Papalia leva-nos a considerar
não apenas os pontos críticos ou eventos marcantes, mas a destacar influências biológicas,
psicológicas e sociais que compõem o desenvolvimento. (Papalia, Olds, & Feldman, 2009).

A Teoria Psicossocial de Erik Erikson, evidência o desenvolvimento humano em oito


estágios, cada um marcado por uma “crise, dilemas psicossociais (Erikson, 1963), já Robert J.
Vaillant destaca tarefas desenvolvimentares do adulto, propondo seis tarefas principais na
vida adulta, alinhando-as com as fases de desenvolvimento propostas por Erik Erikson,
destacando a relação e complementaridade destas tarefas ao longo do tempo (Vaillant 1977).
Daniel Levinson, através da Teoria - The seasons of Life Theory, oferece uma abordagem
mais focada em padrões de vida que incluem fatores sociais, relacionais e profissionais
através de exigências específicas do adulto, os estágios no percurso do adulto e ao longo da
sua vida (Levinson, 1978). Em contraste com estas visões, Bernice Neugarten através da
teoria “The Social Clock Theory”, transmite a ideia de que, a sociedade estabelece normas
culturais e expectativas de comportamento ao longo da vida, (Neugarten, Moore, & Lowe,
1965).

Com vista à elaboração do Guião, procuramos que estivessem presentes a riqueza e


complexidade da vida do entrevistado, com a intenção, não apenas de revelar trajetórias
individuais, mas também de uma compreensão mais abrangente sobre as teorias do
desenvolvimento interligadas com as experiências singulares de cada individuo. O Guião
elaborado aborda aspetos importantes da vida do idoso, desde a infância até a atualidade,
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incluindo eventos históricos, vida profissional, relacionamentos e reflexões sobre a vida,


coexistindo ainda as dimensões física cognitiva e psicossocial, a dimensão física pode ser
verificada nas perguntas relacionadas com a infância, adolescência, e inicio de carreira, assim
como a transição para a reforma, podendo oferecer insights sobre o desenvolvimento físico ao
longo da vida do individuo. A dimensão cognitiva, engloba perguntas sobre o início da
carreira, correspondência às expectativas da juventude ou a possibilidade de voltar a estudar,
fornecem-nos informações sobre o desenvolvimento cognitivo. As perguntas para a
dimensão psicossocial são referentes à satisfação com a vida, sentimentos em relação à idade,
opiniões sobre a visão dos outros, sobre os reformados e a escolha de um título para o livro
ou filme sobre a vida.

Foi importante a construção de um guião adequado, com questões sensíveis, mas de


forma a evitar situações transtornantes para o entrevistado, o pretendido era um guião com os
aspetos mais relevantes do ponto de vista do desenvolvimento, para questões com uma
abordagem direcionada ao percurso de vida e claro a fase de senescência, dirigida a
indivíduos com uma vivencia de vida mais rica e com idades acima de 65 anos, com a
ponderação que é exigida, de modo a evitar qualquer sinal de idadismo. (Silva.R et. al
(2023)).

A construção do Guião para a entrevista, pretendia que fosse explanado todo o


percurso da história de vida do entrevistado para cumprir o objetivo da unidade curricular, na
medida em ficaria assegurada a representação do percurso de vida do entrevistado assim
como a recolha de toda a informação necessária para o contexto da entrevista.

Relativamente á entrevista, foi de comum acordo que alguns desafios seriam


expostos, nomeadamente o seguimento do guião de entrevista, por vezes, durante a entrevista
o entrevistado começa a direcionar a sua narrativa para outros temas, também eles
interessantes de abordar, mas uma vez limitados teríamos de nos cingir ao exigido, logo os
participantes seriam novamente dirigidos ao assumo de interesse, de modo a seguir e cumprir
o guião pré-estabelecido.
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Análise individual Nuno Mota – A22102451

Ao analisar o percurso do desenvolvimento do participante, verifica-se a emergência


de alguns aspetos de forma ordenada e continua, como também algumas descontinuidades ou
ocorrências precoces.

Participante de 68 anos, sexo masculino de origem angolana, teve uma infância feliz,
mas marcada por eventos (guerra), que o levou a mudar de país (Portugal), com referência à
possibilidade de ter tido uma vida diferente caso não o fizesse. O desenvolvimento escolar foi
normativo, marcado por falta de aceitação pelos professores, com consequências nas relações
sociais, limitadas ao pai e mãe, impactando nas tomadas de decisão importantes ao longo da
vida, autopercecionando-se como “não muito social”. Tinha sonhos para o futuro,
relacionados com a atividade do pai, não concretizados devido à guerra, o que levou a uma
reorganização dos mesmos quando mudou de país.

Iniciou a sua atividade profissional entre os 15 e os 16 anos, construindo uma


identidade de acordo com a sua cultura original. Foi obrigado a mudar de profissão quando se
mudou para Portugal. Estabelecendo autonomia, independência e estabilidade, ao invés de
iniciar relações de compromisso. O marco da idade adulta é definido pela entrada no
mercado de trabalho, com adaptações constantes e decisões sobre a carreira, independência
(Levinson), assim como de crenças e valores (Vaillant).

A constituição de família ocorre aos 30 anos, apos alcançar estabilidade profissional.


Ocorre uma gradação das responsabilidades, principalmente após o nascimento da filha. Esse
marcou levou a novas decisões, como a procura de casa, tendo considerando a experiência
como difícil (“um percalço”). A constituição de família e o nascimento da filha são
considerados como uma etapa de abandono dos sonhos, ou falta de expetativas para o futuro,
já que prefere garantir as necessidades da família. Divorciou-se posteriormente, mantendo as
tarefas de responsabilidade com a filha. Procura novos relacionamentos amorosos já quando
se encontrava na meia-idade. Período marcado por viver o dia-a-dia (utilidade? /crise?),
sentia-se útil, já que mantêm o seu emprego (Levinson). Nesta etapa verifica-se também um
comportamento altruísta para manter a estabilidade e as necessidades básicas da família (“…
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vivo o dia-a-dia”) – Vaillant, que é consistente com o conceito de felicidade na meia-idade,


relacionada com as necessidades básicas.

Considera a passagem à reforma como uma fase transitória calma, sem ter tido
impacto negativo em si ou na sua vida (estabilidade – Levinson). Descreve a sua vida como
satisfatória (Erikson) considerando as aprendizagens importantes, realizado (Vaillant), ativo e
preocupação com condição física, psicológica e emocional para o futuro. Diz que dá passeios
e anda de bicicleta regularmente e que mantem rotinas saudáveis. Tem insight para a sua
idade e sobre as mudanças físicas, bem como do declínio das suas capacidades físicas, no
entanto rejeita qualquer declínio cognitivo. Por esse motivo tenta exercitar-se diariamente e
manter-se ativo a nível físico e intelectual de forma a obter um envelhecimento com
qualidade.

Não possui um círculo social ou de suporte, visto que ainda se considera uma pessoa
pouco social. Também não frequenta clubes, atividades desportivas ou outros núcleos para
pessoas em início de senescência – Nível Social. Mostra flexibilidade cognitiva, bons níveis
atencionais e curso do pensamento organizado e coerente, no entanto, denota-se alguma
lentificação do mesmo. As suas limitações físicas e cognitivas são consistentes com a
literatura, verificando-se um Trade-Off entre as habilidades cognitivas (Schein).

Ao longo da vida, o idoso e desafiado a estabelecer relações e a enfrentar desafios e


decisões, levando a uma constante reintegração no seu percurso, marcado por tarefas
especificas, tarefas associadas ao relógio social da cultura onde se encontra. A sua vida é
marcada por ganhos e perdas constantes, procurando o idoso, otimizar e compensar as perdas
de forma a possuir um desenvolvimento adaptativo. De acordo com Erikson, o idoso que
tenha superado com sucesso as etapas previas, possui uma melhor capacidade de encarar a
finitude da vida com sucesso, serenidade e sabedoria, o que se verifica com o entrevistado.
Verifica-se também que o idoso procura ter um estilo de vida saudável, como andar de
bicicleta, de forma a reduzir o envelhecimento (Baltes e Baltes).

Na análise da entrevista, observa-se um desenvolvimento congruente com as várias


teorias do desenvolvimento, onde todas contribuem para a explicação do desenvolvimento
humano, nas várias etapas específicas num continuum. Deve-se adotar uma visão integradora
e não isolada sobre as mesmas. Todas as etapas foram fundamentais para alcançar a plenitude
em que se encontra, caso contrário, sentir-se-ia numa vida vazia e sem sentido e uma
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continuidade de vida sem qualidade e sentido, podendo conduzir a um declínio mais rápido e
exponencial.

Análise individual - Andreia Lucas a22100185

A entrevista realizada oferece uma análise abrangente do desenvolvimento humano da


participante, enquadrada nas teorias de (Erikson, Vaillant, Levinson).

Ao abordar a fase de intimidade vs isolamento no adulto jovem, a participante


destacou a importância das relações interpessoais, especialmente no contexto do casamento e
das relações normativas, a sua satisfação com a vida é evidente nesse estádio. (Erikson)

Na fase de generatividade vs estagnação, na vida adulta intermediária, a preocupação


e cuidado com o marido doente refletem um senso de propósito e produtividade, a
participante investe não apenas no cuidado do marido, mas também em ajudar vizinhos em
situações de isolamento, destacando um compromisso com os outros e com as atividades
cotidianas, como cuidar da horta e da casa. (Erikson)

Na fase de integridade vs desespero, na vida adulta tardia, observa-se um notável


senso de integridade e continuidade, a participante mantém a sua rotina diária, cuidando da
horta e da casa, proporcionando uma vida satisfatória e completa. (Erikson)

A abordagem de Levinson, com base na teoria - The seasons of Life Theory, teve a sua
base nas transições críticas na trajetória da participante, como a perda do pai na adolescência,
que a levou a assumir responsabilidades domésticas aos 16 anos, a entrada na vida adulta que
ocorre precocemente, aos 18 ou 19 anos, iniciando a sua vida laboral e consolidando o
casamento aos 26 anos.

As tarefas propostas por (Vaillant) revelam que a participante assume o papel de


“mulher da casa” após o falecimento do pai, revelando compromisso com responsabilidades e
a definição das suas crenças e valores. A tarefa de definição da intimidade é concretizada
aquando do seu casamento, enquanto a generatividade é expressa no cuidado dedicado ao
próximo, incluindo vizinhos idosos. A participante cumpre, uma tarefa de integridade,
considerando a sua vida como plena, feliz e congruente com os seus desejos.

Esta entrevista oferece uma compreensão eloquente do desenvolvimento humano da


participante, revelando como as experiências se harmonizam de maneira congruente com as
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teorias concebidas pelos psicólogos do desenvolvimento, proporcionando um panorama


integral e articulado de vida, a entrevista permite uma abordagem holística ao entendimento,
considerando não apenas os aspetos teóricos do desenvolvimento, mas também os contextos
biológicos, psicológicos e sociais, proporcionando uma compreensão abrangente do
desenvolvimento da participante.

Análise individual - Débora Gusmão a20092737

Analisando as tarefas de desenvolvimento deste participante, entendemos a sua


ocorrência ordenada, gradual e a interação com as dimensões emocional, cognitiva e social.
Parece ser uma pessoa que cumpriu com as suas tarefas desenvolvimentais, na medida que a
esta idade, 74 anos, se sente uma pessoa feliz, relata ter tido uma infância e adolescência
felizes, dentro de uma família considerada funcional, acompanhada de vários irmãos que
partilham responsabilidades e diversão, assim como a escola que frequentou numa linha
temporal adequada e com sucesso, tanto académico como social.

Já na vida adulta viveu um acontecimento normativo histórico, o 25 de Abril, que


relata ter vivido intensamente e com satisfação pois percebeu as mudanças positivas que
trouxe ao país.

Foi professora, começou a trabalhar ainda não tinha terminado a licenciatura, por falta
de professores na época e por ter já conhecimentos foi solicitada para dar aulas. Utilizou os
conhecimentos e competências que já possuía para concretizar objetivos na área da carreira, o
que favoreceu a passagem para a vida adulta. Houve, entretanto, a consolidação da carreira
que permitiu o desenvolvimento da identidade com base num papel social, assim como a
promoção para a estabilidade financeira.

No que refere aos relacionamentos íntimos, relata ter desenvolvido vários


relacionamentos, seria uma prática comum na cidade onde viveu a adolescência. Verifica-se a
ausência de sonhos, embora tenha casado e tido dois filhos, quando perguntamos acerca dos
sonhos, revelou falta de atitude. Assume a passagem da vida ativa para a reforma como um
alívio, justificando as alterações políticas emergentes que poderiam alterar os direitos e idade
da reforma, relata ter acontecido na altura certa. Também manifestou contentamento na
continuação de uma vida social ativa.
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Na possibilidade de alterar alguma circunstância da sua vida, seria o casamento, relata


não ter casado com o ex marido, pai dos filhos. Confluindo com a grande mudança da sua
vida, o divórcio, que, sendo um acontecimento não normativo, parece ter sido vivido de
forma bastante positiva. No entanto, estas circunstâncias transportam para a crise do
casamento, a crise do nascimento dos filhos e a crise do divórcio, entre as outras mais bem
consolidadas, estas pareceram-nos as mais disruptivas com uma conotação mais negativa.

Verifica-se nesta entrevista um desenvolvimento contínuo e coexistente à vida, este


participante gosta de ler e de se atualizar e sente-se confortável com a aprendizagem que vai
realizando. Embora relate as fases da vida como uma pessoa feliz, o livro da sua vida,
chamar-se-ia, como ser Feliz ou Como Fazer Face às Agruras da Vida.

Análise individual - Hélder Tadeu a20065732

A participante desta entrevista, aparenta ter cumprido as tarefas de desenvolvimento,


de forma ordenada e gradual, com 68 anos de idade e sentindo-se feliz, onde faz menção na
entrevista dessa mesma felicidade na infância, que correspondeu às expectativas na
adolescência e hoje em dia, com sucesso profissional e social.

Na adolescência viveu o acontecimento histórico, 25 de Abril, onde refere que foi


uma (“mudança radical”), mudança essa para melhor, que até aquele marco histórico na vida,
a sua vida era sempre igual. Na juventude, menciona um episodio, que é muito notório no
tom que empregou na entrevista, em que este lhe foi influenciar as expectativas e sonhos que
tinha para o fim da sua juventude, diferente do considerado normativo (Levinson).

O casamento, acabou por casar cedo, aos 18 anos, pois estava gravida, casou e teve
uma filha (Neugarten). A nível profissional começou cedo, aos 14 anos, mais tarde foi
funcionaria publica, durante cerca de 30 anos, onde trabalhou estudou, com adaptações
constantes e com vista a progressão e consolidação da carreira (Vaillant).

A passagem da vida ativa profissional, para a reforma, menciona que foi vivida com
muito receio, pois o convívio que tinha com todos os colegas de trabalho a rotina diária o
atendimento ao publico, toda essa rotina foi quebrada, mas recordada com muita saudade,
reforçando que (“o reformado não é um inválido”), mantendo assim uma vida social muito
ativa.
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Na entrevista é relatada uma das circunstâncias que teria alterado ou mudado que a
condicionou na sua vida, foi o facto de ter casado aos 18 anos, disse que não teria casado,
sendo esta a afirmação mais disruptiva e com a conotação mais negativa durante a entrevista.
Não mencionando um grande marco de mudança na sua vida.

Na entrevista verifica-se um desenvolvimento continuo e coexistente, de acordo com


as várias teorias do desenvolvimento, esta participante gosta de se manter ativa, continuando
a dar apoio na Universidade Sénior, entusiasta da leitura e do apoio ao idoso na área da sua
residência. Relatando que se sente feliz, satisfeita e realizada com a vida (Erikson), quando
questionada sobre que nome daria a um livro ou um filme da sua vida mencionou, (“A minha
passagem por aqui”).

DISCUSSÃO:

As entrevistas revelaram como as experiências de vida moldam a identidade dos


participantes, alinhando-se à teoria Life-Span de Baltes, que enfatizam a plasticidade e
adaptação ao longo da vida.

Uma infância feliz é um ponto comum entre os participantes, ressaltando a


importância da família e dos relacionamentos interpessoais, conforme fundamentado nas
teorias psicossociais de Erikson e nas tarefas de desenvolvimento propostas por Vaillant.

A abordagem de eventos importantes, como casamento, reforma, revela divergências


entre os participantes, sendo a parentalidade destacada pela teoria do relógio social de
Neugarten (1969), a vivência escolar também se mostra como um marcador distintivo,
influenciando a perceção de dois participantes de maneiras opostas.

As ambições de vida demonstram divergências notáveis, evidenciadas na


interpretação pessoal de eventos marcantes, como casamento e divórcio.

Algumas divergências relacionam-se à pressão social para atingir padrões, conforme a


teoria do relógio social de Neugarten (1969), enquanto outras destacam a importância do
tempo livre e hobbies para a satisfação pessoal. A espiritualidade ou religião também surge
como um fator relevante para alguns participantes.
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Teoria do Relógio Social" de Neugarten sugere que eventos históricos podem moldar
a perspetiva e as escolhas dos indivíduos, influenciando os percursos de vida de forma
significativa, tal como o impacto do evento histórico do 25 de Abril, apesar de todos terem
vivenciado esse momento, as experiências foram percebidas de formas distintas, assim como
a Guerra Colonial.

As divergências e convergências nas entrevistas procuram uma compreensão


abrangente das ideias do desenvolvimento ao longo da vida, respeitando a individualidade de
cada participante.

Analisando as quatro entrevistas, é possível identificar como o desenvolvimento dos


idosos foi influenciado por uma combinação de fatores, considerando tanto as teorias de
desenvolvimento quanto as características individuais, incluindo personalidade, cognição e
aprendizagens específicas.

No que concerne à Personalidade os relatos revelam diferentes personalidades entre


os participantes, desde os mais extrovertidos e sociais até aos menos sociais. A personalidade
influência a forma como os idosos enfrentam desafios e interagem com o ambiente. Na
cognição as estratégias de coping são evidentes nas entrevistas. Alguns participantes adotam
estratégias ativas, como manter-se socialmente ativos, enquanto outros recorrem à reflexão
positiva sobre o passado para lidar com as mudanças. A preservação da cognição é uma
preocupação comum. Alguns participantes enfatizam a importância do exercício mental,
evidenciando a consciência sobre a importância da saúde cerebral.

As Crenças Nucleares nas entrevistas refletem a importância nuclear dos participantes


sobre variados temas, como o casamento, a carreira, e o significado de eventos específicos
nas suas vidas. Estas opiniões moldam as escolhas, atitudes e perspetivas.

Verificamos ainda os tipos de Inteligência, emergem vários tipos, desde habilidades


sociais e até emocionais à inteligência prática em lidar com desafios práticos da vida. A
adaptação e resolução de problemas são habilidades que se destacam em algumas narrativas.

A aprendizagem ao longo da vida é uma constante nas entrevistas. Os participantes


mencionam a importância de se manterem ativos intelectualmente, seja através da leitura, do
envolvimento em atividades educacionais ou da adaptação a novas tecnologias, a procura pde
conhecimento parece ser uma constante.
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No Desenvolvimento Contínuo, os participantes expressaram uma procura contínua


por desenvolvimento e aprendizagem, diminuindo uma abordagem ativa em relação ao
envelhecimento, existe uma coexistência entre as experiências passadas e as aspirações
futuras.

A satisfação com a vida na senescência está intrinsecamente ligada aos hábitos e


práticas de saúde física e mental dos idosos. O bem-estar nessa fase da vida não reflete
apenas experiências passadas, mas também é moldado por escolhas diárias e pela atenção à
saúde integral. A Psicologia da Saúde desempenha um papel vital como promotora desse
bem-estar, especialmente quando implementada em programas precoces ao longo do curso da
vida.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
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CONCLUSÃO:

ESTUDOS FUTUROS

Elaboração de estudo à cultura portuguesa, amostragem de todo o país, com


individuos de várias gerações, desde crianças até à senescência, com base nos testemunhos
poderíamos efetuar uma verificação do que altera na nossa sociedade, ou seja, a geração de
indivíduos com idade mais avançada em contraste com as gerações mais jovens. O objetivo
seria verificar se através das gerações o nosso desenvolvimento altera, as condições de vida
alteram, e mesmo ao nível físico o que altera.

O que nos dizem os idosos do nosso país? Será que tudo se mantém? Até o
desenvolvimento, aos olhos da medicina (Varland, S., et al. (2023))? Pode mudar de acordo
com a evolução da sociedade? Mantêm-se os hábitos? Ou a celebre frase “No meu tempo não
era assim” terá um fundo de verdade? Certo será que, o que fizemos em crianças, as nossas
crianças não fazem, a evolução é continua e, cada vez mais acelerada.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

Erikson, EH (1963). “Infância e Sociedade”. Nova York: Norton.


Levinson, DJ (1978). "As estações da vida de um homem." Nova York:
Ballantine Books.
Neugarten, BL, Moore, JW e Lowe, JC (1965). "Normas de idade, restrições
de idade e socialização de adultos." Jornal Americano de Sociologia, 70(6), 710-717.
Paulino, P. (2023). Psicologia do Desenvolvimento II, aula teórica, Erikson,
Levinson, Vaillant, Neugarten: Tarefas do desenvolvimento. PowerPoint
https://moodle.ensinolusofona.pt/
Papalia, DE, Olds, SW e Feldman, RD (2009). “Desenvolvimento Humano”.
Porto Alegre: Artmed.
Silva R., et. al (2023). A importância da atuação da Psicologia em face ao
desenvolvimento saudável do idoso e combate ao idadismo: revisão de literatura.
Oikos: Família E Sociedade Em Debate, 34(2).
https://doi.org/10.31423/oikos.v34i2.15256

Vaillant, G. E. (1977). Adaptation to life: How the best and the brightest came
of age.Boston, M.A.: Little, Brown
Varland, S., et al.(2023). N-terminal acetylation shields proteins from
degradation and promotes age-dependent motility and longevity. Nature
Communications, 14(1), 6774. https://doi.org/10.1038/s41467-023-42342-y

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