Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Público-Privadas
na Saúde
Licenciatura em
Lisboa
2021
ÍNDICE
Índice............................................................................................................................. 3
1 Introdução ............................................................................................................... 5
2 Definição ................................................................................................................. 6
4 Metodologia ........................................................................................................... 12
6 Conclusões............................................................................................................ 20
7 Bibliografia............................................................................................................. 22
Parcerias Público-Privada na Saúde ISCSP
LISTA DE ABREVIATURAS
TC - Tribunal de Contas
1 INTRODUÇÃO
A presente análise tem por base o desenvolvimento das políticas de saúde no que
respeita à implementação de modelos de gestão empresariais a serviços públicos no
âmbito da saúde - as Parcerias Público Privadas.
Conclui-se com uma análise critica dos dados face à tomada de decisão política
e consequente implementação deste tipo de modelo no âmbito das políticas públicas
de saúde.
2 DEFINIÇÃO
Parece-nos basilar a premissa enunciada por Sarmento que “os cidadãos […]
não estão preocupados com quem constrói, gere, presta o serviço ou é detentor do
ativo. O que os cidadãos pretendem, cada vez mais, é ter serviços públicos de
qualidade […]. Que o dinheiro dos seus impostos seja utilizado da maneira mais
correta e eficaz. E que aquilo que pagam através desses impostos tenha
correspondência com aquilo que recebem do Estado (2013, p.41).”
Christopher Pollit define este modelo reformista como sendo baseado na gestão
empresarial, com a crença de que uma melhor gestão é a solução eficaz para um vasto
campo de males económicos e sociais (Apud Bilhim, 2014, p.20).
Conforme define Sarmento (2013, p.15), o Value for Money baseia-se não no
menor custo de aquisição/produção, mas sim na máxima eficiência dos gastos
públicos; procura-se garantir que o dinheiro dos contribuintes é aplicado da forma mais
eficiente possível.
“As PPP são contratos de longo prazo entre entidades públicas e privadas para
a provisão de serviços públicos, nos quais as entidades privadas assumem
risco significativo, são responsáveis pela gestão, e são remuneradas de acordo
com o seu desempenho (World Bank, 2017, p.1).”
Que risco é este e porquê a sua relevância no modelo PPP? Trata-se do risco
associado à rentabilidade do investimento, o retorno esperado em face do retorno
efetivamente obtido, que está assim associado um grau de incerteza. Esta incerteza é
assumida pela entidade privada, com o objetivo de garantir um Value for Money
superior para o Estado, certa de que conseguirá uma gestão mais eficiente, gerando
mais valias para si própria e um custo inferior para o Estado, para um mesmo serviço,
perfeitamente definido previamente.
O assumir que o privado consegue atingir um determinado Value for Money tem
por base as premissas de ser capaz de, num contrato de construção/exploração,
avaliar a longo prazo o ciclo de vida do projeto, mitigando erros e constrangimentos de
base, ao nível da construção e no planeamento, como também com implicações
futuras relevantes na manutenção com custos acrescidos, ou na dificuldade de
prestação de serviços e consequente perda de receitas.
Por outro lado, os decisores políticos estão constrangidos pelo fator tempo, pelas
restrições orçamentais e pelo contexto político, situações que concorrem para que não
se olhe para o longo prazo, mas para a solução à data da celebração do contrato e
depois na inauguração. Ora, as PPP, pelo longo horizonte de desenvolvimento (e de
“amortização”) criam, nos decisores, a tentação de desorçamentação da solução, uma
vez que os custos não são considerados orçamentalmente no imediato ou na
legislatura em causa, sobrecarregando a longo prazo o erário publico e constituindo
um problema para a sustentabilidade das finanças públicas, pelo peso orçamental
acrescido a prazo (10 e 30 anos) – não fossem as PPP, seriam efetuados todos os
investimentos naquela legislatura?
4 METODOLOGIA
A opção pela constituição de duas PPP para cada hospital, uma relativa à
construção, exploração e manutenção da infraestrutura e outra relativa aos serviços
clínicos, constituiu uma novidade a nível internacional (Tribunal de Contas, 2009, p.7)
– a norma era manter os últimos na esfera da prestação de serviços pelo Estado.
Constata-se assim a adoção do modelo de decisão de racionalidade limitada, no que
respeita à inovação, ao método global, ao objetivo de solução completa e à
reversibilidade do processo.
- [...] cinco anos depois de ter sido lançado o primeiro concurso [...] ainda não
havia dado origem, definitivamente, a qualquer processo de contratação
completo, pondo em causa a credibilidade daquele Programa;
- [...] o Estado não foi capaz de impor, a si próprio, uma adequada disciplina de
gestão dos processos contratuais;
Por outro lado, o setor privado reclama, no mesmo documento, que “foram
goradas as expectativas que lhe haviam sido criadas” e que “o Estado introduziu uma
atitude de desconfiança face aos concorrentes que pretende por parceiros […]”.
Resulta que “[…] de futuro, assumirá uma abordagem mais cautelosa relativamente às
intenções do Estado no domínio das PPP/Saúde”, com óbvios impactos negativos para
a política pública em causa e para a credibilidade do Estado (Tribunal de Contas, 2009,
p.15, 20).
Analisado o aspeto financeiro, com clara vantagem para as PPP, outro aspeto
salientado no estudo é a qualidade do serviço. A inexistência de indicadores, fatores
de comparação e a ausência de escrutínio nos hospitais do SNS, não permite a
formulação de argumentos objetivos, mas não pode deixar de ser referido o
reconhecimento do hospital de Braga pela sua superior qualidade pelos numerosos
prémios e certificações, sendo o primeiro hospital com Sistema Integrado de
Qualidade, Ambiente e Segurança e acreditação, inédita a nível mundial, pelo Caspe
Healthcare Knowledge System. Está ainda implementado um escrutínio por inquéritos
aos utentes, com muito boas avaliações (CEA, 2016, p.14).
Em outubro de 2018 o jornal Expresso faz uma análise comparativa das unidades
hospitalares mais eficientes – das cinco, duas são os hospitais de Braga e de Vila
Franca de Xira. Escreve:
previamente considerado nos modelos, mas não foram remuneradas pelo Estado ou
foram a preços marginais, inferiores aos da produção base (figura 1).
Volvida pouco mais que uma década da celebração das primeiras PPP e na
circunstância de balanço dos contratos PPP da primeira vaga referentes à prestação
dos serviços médicos nos hospitais de Braga (2009), Cascais (2009), Loures (2012) e
Vila Franca de Xira (2011), o TC emite o Relatório nº 5/2021 que sintetiza a posição
6 CONCLUSÕES
Neste ponto, resta-nos relacionar o percurso das PPP de gestão dos serviços
clínicos, primeiro com uma iniciativa transversal de racionalização de recursos e
otimização na prestação de cuidados de saúde e depois, já recentemente, com a
reversão da politica pública, com uma agenda ideológica de estatização e
centralização no Estado na prestação de serviços sociais, concretamente da saúde,
em sentido oposto dos preceitos de “menor Estado, melhor Estado”, adotados desde
os finais dos anos 90 e repetidos por diversos executivos (Tavares, 2019, p.55),
embora estes tenham sido confirmados pela experiência destas duas décadas, não
sem problemas, mas com casos de claro sucesso.
7 BIBLIOGRAFIA
Caeiro, J. (2015). Estado social, políticas públicas e política social. Edições Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Constituição da República Portuguesa. (2005). Diário da República: I-A série, n.º 155.
https://data.dre.pt/eli/leiconst/1/2005/08/12/p/dre/pt/
Santos, A. (2018, outubro 26). Conheça os cinco hospitais públicos mais eficientes,
dois têm gestão privada. Expresso. https://expresso.pt/economia/2018-10-26-
Conheca-os-cinco-hospitais-publicos-mais-eficientes-dois-tem-gestao-privada
Santos, A. (2020, junho 12). Advogados garantem que a nova lei das PPP na saúde
dificulta contratos com privados (mas isso não convence os partidos mais à
esquerda). Expresso. https://expresso.pt/economia/2020-06-16-Advogados-
garantem-que-a-nova-lei-das-PPP-na-saude-dificulta-contratos-com-privados--
mas-isso-nao-convence-os-partidos-mais-a-esquerda-