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*Resumo de Direito Penal* - Por _Gabriel Munhoz_

Olá! Segue abaixo o resumo para a prova do Roberto; bons estudos a todos!

*P: O que é o Direito Penal?*


*R:* O Direito Penal é o ramo do direito estabelece o comportamento humano, "ditos
criminos", estabelecendo as suas respectivas funções, nos termos da lei.

*História do Direito Penal*: Há muito tempo, vê-se necessário regular o comportamento


humano com a finalidade de viver em sociedade de maneira pacífica. Com isso, nós
tivemos algumas formas de _punições_ na história; seguem elas abaixo:

*Vingança divina*: Na pré-história do Direito, cometer um crime significava *afrontar os


Deuses*, sendo o infrator punido pelos homens para acalmar o ânimo das divindades.

*Vingança privada*: Aqui, as partes se degladiavam até saciarem a sua vingança, *sem
limites para tal*.

*Vingança limitada*: A lei, aqui, limitou a _vingança privada_, estabelecendo certas regras
para ela.

*Vingança pública*: O Estado, na vingança pública, faz o intermédio entre as partes e faz
permanecer o *Direito* em cima da *Vingança*.

*Fontes do Direito Penal*: Antes de tudo, é *imprescindível não confundir as fontes do


Direito Penal com as fontes do Direito Civil, estudadas na LINDB*!

*Fonte material*: Vem de _matéria_. Aqui, quem faz as leis, as matérias a serem tratadas
como crime, é a *União*.

*Fonte formal*: Vem de _forma_. Aqui, verifica-se a forma de como o Direito Penal é
aplicado no resto do país.

*Nomenclaturas e citações importantes*:

*Analogia*: Quando a lei falha em algum componente, deverá ser aplicada a _analogia_, ou
seja, _deverá se buscar um caso parecido para a aplicação da lei penal_. Vale citar que o
intérprete/aplicador da lei deverá extrair o sentido mais amplo dela *se houver benefício
para o réu*. Já, se não houver tal benefício, ele deverá *se restringir*!

*Importante sobre analogia*: Algumas normas nos dão pistas sobre como interpretá-las
(interpretação analógica); um exemplo disso é se a norma disser que a sanção é cabível se
houver "outro motivo torpe".

*In malem partem*: A lei análoga será utilizada para *prejudicar o réu*.

*In bonam partem*: A lei análoga será utilizada para *beneficiar o réu*.

*In dubio pro reo*: Na dúvida, beneficia-se o réu.

*In dubio pro societas*: Na dúvida, beneficia-se a sociedade.

*Princípios gerais do Direito Penal*: Princípios, antes de tudo, são normas (escritas ou não),
que servem para *nortear a aplicação do direito*.

*1) Princípio da dignidade da pessoa humana*: Por este princípio, o Estado é obrigado a ver
o homem como *fim*, e não como *meio ou coisa*.

*2) Princípio da legalidade*: Somente a *lei feita pelo Poder Legislativo* é que pode cuidar
de matérias penais.

*3) Princípio da interioridade*: A lei deve existir *antes da prática da conduta*.

*4) Princípio da responsabilidade penal subjetiva*: Não se pune alguém sem o dolo ou a
culpa. Ou seja, *não basta apenas o resultado*.

*5) Princípio da retroatividade penal benéfica*: Se a nova lei favorecer o réu, a punição volta
no tempo.

*6) Princípio da alteridade*: O Estado só pode punir comportamentos que atinjam


*terceiros*. Ou seja, a _autolesão_ não é punível!

*7) Princípio da intranscedência*: A pena não pode passar de um réu para o outro.

*8) Princípio da ofensividade*: O legislador *não pode* criar crimes que não ofereçam
perigo à sociedade.

*9) Princípio "no biz in idem"*: Ninguém pode cumprir pena pela mesma conduta *duas ou
mais vezes*!

*Introdução ao Código Penal*:

" _Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal._ "
- Pelo *art. 1*, nós podemos ver que sem lei anterior definitiva _não há crime_!

" _Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória._
_Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado._"

- Pelo *art 2*, é possível verificar que *se não existe mais crime, não existe mais pena*; isso
é também chamado de "abolitio criminis", ou seja, "o crime foi abolido".

*Novatio legis in mellius*: É a nova lei que favorece o réu, tendo efeito *ex tunc* (volta no
tempo); princípio aplicado, como regra, nos *crimes instantâneos* (à exemplo, o roubo).

*Novatio legis in pejus*: É a nova lei que aumenta a pena da lei anterior, prejudicando o réu,
tendo efeito *ex nunc* (daqui para frente); princípio aplicado, como regra, nos *crimes
permanentes* (à exemplo, o sequestro).

*Novatio legis incriminadora*: É a criação de um crime que não existia.

" _Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência._ "

*Leis temporárias*: Possui vigência pré-estabelecida, como o _Estatuto da Copa_.

*Leis excepcionais*: Não possui vigência pré-estabelecida e terá efeitos enquanto durar a
situação que a criou, como _tempos de guerra_.

- Vale citar que o *art. 3* estabelece que a lei temporária ou excepcional tem efeito
*ultra-ativo*, ou seja, mesmo que elas já tenham saído de vigor os seus infratores são
passíveis de punição!

*Lei penal em branco* (norma penal em branco): É a lei que necessita do complemento de
outra norma para funcionar, como no caso da *lei de drogas*, que extrai o que é droga da
*ANVISA* (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); é cabível dizer que caso a norma
"caia", as sentaças também "cairão"!

" _Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado._ "

*Crime permanente*: É o crime que não se consuma de imediato, com a sua prática. Um
exemplo disso é o sequestro e o cárcere privado. Vale citar que se vier uma lei mais
rigorosa enquanto este crime é praticado, *essa nova será aplicada*!
*Lei penal no espaço*: Para o *lugar do crime*, nós adotamos o *princípio da territorialidade
temperada*, ou seja, um crime praticado aqui terá a aplicação da lei penal brasileira, *salvo
limitações diplomáticas de tratados internacionais*!

" _Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional._

_§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as


embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar._

_§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou


embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil._ "

" _Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado._ "

Vale citar que a teoria do *art. 6* é denominada pela doutrina de *teoria mista*!

*Território nacional*: É o espaço geopolítico onde o Brasil exerce a sua soberania.


*Território nacional por ficção*: Embarcações e aeronaves públicas brasileiras.

*Demarcação do território marítimo*:

*Até 12 milhas náuticas*: É aplicada a lei penal brasileira; esse espaço é chamado de *mar
territorial*.
*De 13 a 24 milhas náuticas*: Não é aplicada a lei penal brasileira; esse espaço é chamado
de *zona contígua* e é usado para fins sanitários!
*De 25 a 200 milhas náuticas*: Não é aplicada a lei penal brasileira; esse espaço é
chamado de *zona de exploração econômica exclusiva* e é usado para fins de exploração
econômica!
*Após 201 milhas náuticas*: Não é aplicada a lei penal brasileira; esse espaço é chamado
de *alto mar*, ou *terra de ninguém*!

*Princípio da bandeira*: Por este princípio, caso algum crime tenha sido cometido em
lugares sem aplicação de lei, ele deverá ser julgado no *local de construção do veículo*!

*Extraterritorialidade (art. 7 do CP)*:


" _Art. 7º. - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:_

_I - os crimes:_
_a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;_
_b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de_
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público;
_c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;_
_d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;_

_II - os crimes:_
_a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;_
_b) praticados por brasileiro;_
_c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados._

_1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
ou condenado no estrangeiro._

_2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:_
_a) entrar o agente no território nacional;_
_b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;_
_c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;_
_d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;_
_e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável._

_3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro
fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:_
_a) não foi pedida ou foi negada a extradição;_
_b) houve requisição do Ministro da Justiça._ "

*Princípio da justiça universal*: *I, d* e *II, a*.


*Princípio da proteção*: *I, a, b, c*.
*Princípio da personalidade ativa*: *II, b*.
*Princípio da nacionalidade passiva*: *§3*.

*Lei de tortura* (9455/97): Aplica-se a lei penal brasileira caso um brasileiro sofra desse
crime, em *qualquer lugar do mundo*!

*Lei penal militar*: Os militares que praticarem crimes no exterior, responderão pelas leis
penais brasileiras!

*Sobre a extradição*: O brasileiro nato *jamais* será extraditado, salvo se *perder a


cidadania* (
https://www.conjur.com.br/2018-jan-18/governo-extradita-brasileira-nata-acusada-homicidio-
eua )!

*Conflito aparente de normas*: Ocorre quando em um fato surge a dúvida sobre a aplicação
de duas ou mais normas, mas sendo somente uma aplicada!

*Princípio da especialidade*: A norma especial contém todos os elementos da norma geral


e mais alguns que a tornam especial.

" _Assim, imagine que A mata B, Presidente do Senado Federal, por razões políticas. A não
responderá pelo art. 121 do CP, mas pelo art. 29 da Lei de Segurança Nacional._ " -
https://aylamacedo.jusbrasil.com.br/artigos/404955600/conflito-aparente-de-normas-penais-
o-principio-da-consuncao-subsidiariedade-e-especialidade

*Princípio da subsidiaridade expressa*: A norma traz em seu texto que só deverá ser
aplicada se não configurar outro delito mais grave.

" _Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:_

_Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave._ "

*Princípio da subsidiaridade tácita*: A norma está envolvida dentro de outra, decorrendo de


um raciocínio lógico para a interpretação e aplicação!

" _Imagine que A, sabendo estar contaminado por uma doença venérea, mantém relações
sexuais com B. A princípio, A responderá pelo crime do art. 130 do CP - perigo de contágio
venéreo, já que o agente expôs a vítima a contágio da moléstia. Entretanto, se dessa ação
sobrevier a morte de B, é totalmente possível que A responda por homicídio, ou até mesmo
lesão corporal seguida de morte._ " -
https://aylamacedo.jusbrasil.com.br/artigos/404955600/conflito-aparente-de-normas-penais-
o-principio-da-consuncao-subsidiariedade-e-especialidade

*Princípio da consução*: Ocorre quando para se atingir o "crime fim", não há outra forma
que não seja praticar o "crime meio"; aqui, o "crime fim" absorveria o "crime meio"!

" _Ex.: A matou B, mas para realização da ação o agente teve que violar o domicílio da
vítima._

_A responderá por homicídio consumado em concurso com o crime de violação de


domicílio, ou responderá apenas por homicídio?_

_Resposta: A responderá tão somente pelo crime do art. 121, visto que pelo princípio em
questão, o crime fim (homicídio) absorve o crime meio (violação de domicílio)._ " -
https://aylamacedo.jusbrasil.com.br/artigos/404955600/conflito-aparente-de-normas-penais-
o-principio-da-consuncao-subsidiariedade-e-especialidade
*Princípio da alternatividade*: Nos delitos com vários verbos, praticando só um ou vários
deles, haverá *um único crime*!

" _O princípio da alternatividade tem validade e aplicação prática nos chamados crimes de
conteúdo múltiplo (ou variado), isto é, tipos penais que contam com vários verbos nucleares
(cf. art. 33 da Lei de Drogas; art. 12 do Estatuto do Desarmamento etc.). Nessas hipóteses,
se o agente realiza vários verbos, porém no mesmo contexto fático e sucessivamente (p.
ex., depois de importar e preparar certa quantidade de droga, o agente traz consigo porções
separadas para venda a terceiros), por força do princípio da alternatividade, responderá por
crime único, devendo o juiz considerar a pluralidade de núcleos praticados na fixação da
pena. Percebe-se, portanto, que o princípio da alternatividade não resolve um conflito
aparente de normas, mas um conflito dentro da própria norma._ " -
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/06/13/certo-ou-errado-o-principio-da-al
ternatividade-pode-ser-aplicado-para-resolver-o-conflito-aparente-entre-normas-com-relaca
o-de-subsidiariedade/

*Teoria do crime*: O crime é um fato *típico*, *antijurídico* e *culpável*!

" _Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido._

_§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,


por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou._

_§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem:_
_a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;_
_b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;_
_c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado._ "

*Fato típico*: É toda conduta humana prevista em lei (ação ou omissão), da qual se pode
punir; sua conduta é destinada a uma finalidade (chamado também de teoria finalista).
*Fato antijurídico*: É todo fato típico contrário à ordem jurídica.
*Culpável*: É todo aquele que possui condições mentais e sociais para responder por seus
atos.

*Omissão*: Se divide em própria e imprópria.

*Omissão própria*: São casos em que a lei atribui um dever para todos, sendo que deixar
de agir configura crime de omissão, independente do resultado. Um exemplo disso é A, que
vê B atropelado e deixa de ajudá-lo; aqui, A responderá por *omissão de socorro*!
*Omissão imprópria*: São casos em que a lei atribui um dever específico para impedir o
resultado, previstos no *§2 do art. 13 do CP*! Aqui, o agente responderá pelo *resultado que
não impediu*!

*Nexo de causalidade*: Nada mais é que qualquer comportamento que *minimamente leve
ao resultado*, sendo considerado sua causa. Ou seja, se houver *conduta e resultado*, *em
regra existe o nexo causal*!

*Concausas*: Ocorre quando há dois comportamentos e ambos, juntos, levam ao resultado


final. As concausas se dividem em:

*Concausas absolutamente independentes*: Levam ao resultado e não têm relação alguma


com a conduta do agente. As _concausas absolutamente independentes_ se dividem em:

" _1) Preexistente: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex: "A" deseja
matar a vítima "B" e para tanto a espanca, atingindo-a em diversas regiões vitais. A vítima é
socorrida, mas vem a falecer. O laudo necroscópico, no entanto, evidencia como causa
mortis envenenamento anterior, causado por "C", cujo veneno ministrado demorou mais de
10 horas para fazer efeito;_

_2) Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente realiza a
conduta. Ex: "A" efetua disparos de arma de fogo contra "B", que vem a falecer em razão de
um súbito colapso cardíaco (cuidado, não se trata de doença cardíaca preexistente, mas
sim de um colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente);_

_3) Superveniente: é a causa que atua após a conduta do agente. "A" administra dose letal
de veneno para "B". Enquanto este último ainda está vivo, desprende-se um lustre da casa,
que acaba por acertar qualquer região vital de "B" e vem a ser sua causa mortis._ "
Adaptado,
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI184628,21048-Causas+das+concausas

*Concausas relativamente independentes*: Levam ao resultado e têm relação com a


conduta do agente. As _concausas relativamente independentes_ se dividem em:

" _1) Preexistente: a causa existe antes da prática da conduta, embora seja dela
dependente. O clássico exemplo é o agente que dispara arma de fogo contra a vítima,
causando-lhe ferimentos não fatais. Porém, ela vem a falecer em virtude do agravamento
das lesões pela hemofilia._

_2) Concomitante: ocorre simultaneamente à conduta do agente. Outro clássico exemplo é


o do agente que dispara arma de fogo contra a vítima, que foge correndo em via pública e
morre atropelada por algum veículo que ali trafegava._

_Nessas duas hipóteses, por expressa previsão legal (art. 13, caput, CP), aplica-se a teoria
da equivalência dos antecedentes causais e o agente responde pelo resultado naturalístico,
já que se suprimindo mentalmente sua conduta, o crime não teria ocorrido como e quando
ocorreu. Assim, responde por homicídio consumado._
_A grande e essencial diferença aparece na terceira causa relativamente independente:_

_3) Superveniente: aquela que ocorre posteriormente à conduta do agente. Neste


específico caso, torna-se necessário fazer uma distinção, em virtude do comando expresso
ao artigo 13, §1º, CP: A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou._ " -
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI184628,21048-Causas+das+concausas

*Necessidade da previsibilidade da concausa*: Em certos casos, é necessário saber das


condições internas da vítima!

*O resultado*: Existem 2 tipos de resultados, o *resultado jurídico* e o *resultado


naturalístico*!

*Resultado jurídico*: São crimes que ferem *tão somente* a norma e a vítima, não sendo
percebido no mundo físico. Um exemplo disso é a _injúria_!
*Resultado naturalístico*: São crimes cujo resultado é percebido no mundo físico. Um
exemplo disso é o _homicídio_!

*Classificação dos crimes conforme o resultado*:

" _O crime material só se consuma com a produção do resultado naturalístico, como a


morte no homicídio. O crime formal, por sua vez, não exige a produção do resultado para a
consumação do crime, ainda que possível que ele ocorra. Um exemplo de crime formal é a
ameaça._

_Veja-se que o crime de ameaça apenas prevê a conduta de quem ameaça, não
importando se o resultado da ameaça aconteceu, tão pouco se a pessoa se sentiu
constrangida ou ameaçada. A intimidação é irrelevante para a consumação do delito._

" _Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:_

_Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa._ "

_No crime de mera conduta o resultado naturalístico não só não precisa ocorrer para a
consumação do delito, como ele é mesmo impossível. Veja-se o que o STF entende sobre o
crime de porte ilegal de arma de fogo, sobre ser um crime de mera conduta:_

_O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de perigo
abstrato, ou seja, consuma-se independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para a
sociedade, e a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal. Além
disso, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a
paz social, sendo irrelevante o fato de estar a arma de fogo municiada ou não._ " -
Adaptado,
https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924067/o-que-se-entende-por-crimes-materia
l-formal-e-de-mera-conduta

*Tipicidade*: Trata-se da previsão do comportamento dentro de uma norma penal (


*tipicidade formal* ), abrangendo também a efetiva lesão ao bem jurídico ( *tipicidade
material* )!

*Tipos penais*:

*Tipo penal incriminador*: São proibidos e preveem punição. Um exemplo é o homicídio!


*Tipo penal permissivo*: Nos autoriza a agir e não há crime. Um exemplo é a legítima
defesa!
*Tipo penal explicativo*: Nos esclarece alguma situação jurídica. Um exemplo disso é o *art.
327 do CP*, que explica quem é considerado um funcionário público!

*Figura do dolo*: Dolo nada mais é que a _consciência e a vontade de provocar um


resultado_. Não se confunde com o _desejo_, que é uma simples emoção!

*Dolo direto*: Atinge um bem fixo/determinado; um exemplo aqui é o roubo!


*Dolo direto de 2° grau*: Quer atingir um único bem, porém acaba atingindo outro pelas
circunstâncias; um exemplo clássico é colocar uma bomba em um avião (mata pessoas e
destrói o veículo).
*Dolo indireto (eventual)*: Aqui, o agente não quer produzir o resultado, mas "mete o
dane-se" para tudo; um exemplo aqui é dirigir em alta velocidade sem respeitar os
semáforos, porém sem a intenção de matar alguém!
*Dolo de dano*: Ofende bens materiais; um exemplo é o homicídio!
*Dolo de dano*: Aqui, a intenção é apenas oferecer perigo aos outros, como citado no *art.
132 do CP*!

" _Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:_

_Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave._ "

*Figura da culpa*: É a observância junto a um resultado naturalístico, que acarreta num


crime culposo. Em outras palavras, é um _crime praticado sem a intenção_!

" _São formas de manifestação da inobservância do cuidado necessário, isso é,


modalidades da culpa: a imprudência, negligência e imperícia._

_Imprudência: É a prática de um fato perigoso, caracterizado por uma ação positiva, isso é
pressupõe uma ação precipitada sem cautela; exemplo: Dirigir um veiculo em rua
movimentada com excesso de velocidade._

_Negligência: É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado, de


modo que se caracteriza por uma ação negativa, isso é deixar de tomar uma atitude ou não
apresentar conduta que era esperada para a situação; exemplo: Deixar uma arma de fogo
ao alcance de uma criança._

_Imperícia: É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão, não podendo ser
confundida com erro profissional, assim é caracterizada pela incapacidade, havendo falta de
habilidade específica ou conhecimento para a realização de uma atividade técnica ou
científica; exemplo: Engenheiro elétrico que assina um projeto de construção de um grande
edifício. Tal profissional não tem conhecimento técnico para o fazer; o profissional habilitado
é o engenheiro civil._ " - Adaptado, https://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa_no_Direito_Penal

Vale citar que o resultado do crime culposo deve ser ao menos _previsível_ (imaginado). Ou
seja, o que não é previsível, não se pode destinar a ninguém! Além disso, não existem
_graus de culpa_ (não existem culpas leves, graves e afins, apenas a própria culpa)!

" _Culpa consciente: também pode ser chamada de culpa de previsão ou ex lascívia. É
considerado culpa consciente quando o agente conhece a periculosidade de sua conduta e
compreende que a produção de certo resultado é possível. Destacando-se assim, o
elemento da previsibilidade. Porém, apesar do conhecimento, esse agente age mesmo
assim pois acredita convictamente que o resultado perigoso previsto não ocorrerá. Nessa
espécie de culpa, o agente não quer o resultado e nem assume deliberadamente o risco de
produzi-lo, mas, mesmo sabendo que é possível que aconteça, acredita que consegue
evitá-lo e só não consegue por erro de cálculo ou erro na execução. Essa espécie de culpa
se aproxima do dolo eventual, todavia, dele se diferencia, como será exposto a seguir nesse
trabalho. Para fins ilustrativos, imaginemos a seguinte situação: um sujeito, dirigindo sua
motocicleta, rumo a um compromisso importante, percebe que está extremamente atrasado
e, se ficar parado na via esperando o sinal, irá perder seu compromisso. Diante disso,
decide trafegar um quarteirão pela calçada, com o propósito de fugir do trânsito, porém, na
calçada, se depara com pedestres. Mesmo sabendo que era previsível, com sua ação,
atropelar alguém, o sujeito insiste em sua escolha, já que acredita honestamente ser capaz
de desviar dos pedestres e faz de tudo para evitar algum acidente. Porém, por lesão a um
dos deveres de cuidado que deveria ter, acabou por matar um pedestre. Nesse contexto,
deparamos com uma situação de culpa consciente, já que o sujeito realizou a condutado
acreditando fielmente que não ocorreria o resultado previsto._

_Culpa inconsciente ou sem representação: também chamada de culpa ex ignorantia, a


culpa inconsciente ocorre quando o agente age sem previsão do resultado previsível, isto é,
apesar de haver a possibilidade de prever o resultado, o autor da conduta perigosa não tem
previsão por descuido, desatenção ou desinteresse. Dessa forma, percebe-se que a pessoa
não prevê o resultado e não realiza os cuidados necessários para evita-lo por desleixo ou,
até mesmo por não se dar conta de que seu comportamento se trata de uma conduta
perigosa. Além disso, percebe-se que uma das características desse tipo de culpa é a
ausência absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado da sua ação, já que não
havia previsibilidade subjetiva. Entretanto, vale ressaltar que diferentemente de quando há
imprevisibilidade, nos casos de caso fortuito ou força maior, em que o resultado da conduta
do agente se afasta da seara do Direito Penal, as condutas, em que são identificadas a
culpa inconsciente, podem ser punidas , desde que se demonstre que o agente poderia
conhecer os riscos da sua conduta e deveria, portanto, ter tido alguns cuidados
necessários, os quais são esperados de qualquer pessoa no seu lugar. Por fim, “na culpa
inconsciente o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum,
que se manifesta pela imprudência, negligência ou imperícia.”_

_Culpa própria: É a culpa comum, em que o resultado não é previsto, apesar de ser
previsível. Nesse caso, o agente da conduta perigosa não quer o resultado e também não
assume o rico de produzi-lo._

_Culpa imprópria ou por assimilação: Também chamada de culpa por extensão,


equiparação ou assimilação, a culpa imprópria ocorre quando o agente prevê o resultado e
o quer ou assume o risco de produzi-lo, entretanto, esse age em erro de tipo inescusável ou
vencível. Nessa espécie de culpa, pode-se perceber que há um erro de denominação, já
que nesses parâmetros existe um crime doloso que está sendo punido a partir da pena de
um crime culposo. Pode-se citar como casos de culpa por extensão, o que é previsto no art.
23, parágrafo único, CP e no art. 20, § 1º._ " - Adaptado,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa_no_Direito_Penal

*Concorrência de culpas*: É possível que os envolvidos produzam ao mesmo tempo o


resultado (à exemplo, temos 2 motoristas que cruzam o sinal vermelho); aqui, todos os
envolvidos responderão pelo fato!

*Compensação de culpa*: Uma culpa não exclui ou compensa a outra!

*Excepcionalidade do crime culposo*: Deve haver expressa previsão no tipo penal. Ou seja,
_um crime só é culposo se nele estiver admitida a culpa_!

*Preterdolo (art. 19 do CP)*: São figuras híbridas que conjulgam o *dolo na conduta*, e a
*culpa no resultado*.

" _Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o
houver causado ao menos culposamente._"

Um exemplo de preterdolo é o *§ 3° do art. 129 do CP*:

" _Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:_

_§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,


nem assumiu o risco de produzí-lo:_
_Pena - reclusão, de quatro a doze anos._"

*Iter criminis*: É também chamado de "caminho do crime". Se desdobra em:

*Cogitação*: É o ato de pensar no crime; aqui, *não existe punibilidade*!


*Preparação*: É a reunião de atos para executar o crime; em regra, também *não existe
punibilidade*.
*Execução*: O crime é executado; aqui, a *tentativa já é punível*!
*Consumação*: Aqui, o crime se consuma e se percebe um resultado naturalístico.

*Exaurimento* (à parte): Na hipótese de haver um novo ataque ao bem jurídico já ofendido,


não existe punição para tal; um exemplo disso é _destruir o celular que acabou de roubar_!

*Crime tentado (art. 14 do CP)*: O crime tentado nada mais é que aquele que *não
alcançou o resultado final*. Ele é uma causa de _diminuição de pena_!

" _Art. 14 - Diz-se o crime:_

_I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;_


_II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente._ "

*Tentativa perfeita*: O agente *já esgotou* todos os meios de execução e ainda assim não
obteve o resultado.
*Tentativa imperfeita*: O agente *ainda não esgotou* todos os meios de execução, porém
mesmo assim não obteve o resultado.
*Tentativa branca*: O bem jurídico não foi atingido.
*Tentativa cruenta*: O bem jurídico foi atingido.

*Infrações penais que não admitem a tentativa*:

*1*: Contravenções penais (crimes de menor espécie);


*2*: Crimes culposos;
*3*: Crimes preterdolosos;
*4*: Crimes omissivos próprios;
*5*: Crimes unissubsistentes (à exemplo, a injúria);
*6*: Crimes habituais.

*Desistência voluntária e arrependimento eficaz*:

" _Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede


que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados._ "
*Ponte de ouro*: Aqui, o agente migra de um crime mais grave para um menos grave ( ou
um "não-crime" ).

" _Trata-se do que Franz Von Liszt denominava “ponte de ouro”. O agente está diante de
um fato cujo resultado material é perfeitamente alcançável, mas, até que ocorra a
consumação, abre-se a possibilidade (ponte de ouro) para que o agente retorne à situação
de licitude, seja desistindo de prosseguir na execução, seja atuando positivamente no intuito
de impedir a ocorrência do resultado._ " -
https://daniellixavierfreitas.jusbrasil.com.br/noticias/142550221/o-que-se-entende-por-ponte-
de-ouro

*Arrependimento posterior (art. 16 do CP)*:

" _Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços_ "

*Crime impossível (art. 17 do CP)*:

" _Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime._ "

*Ineficácia absoluta do meio empregado*: À exemplo, uma arma desmuniciada.


*Impropriedade absoluta do objeto*: À exemplo, matar um morto.
*Por obra do agente provocador*: À exemplo, A provoca B para que este cometa um crime,
porém A não deixa isso acontecer.

*Natureza jurídica dos crimes impossíveis*: No crime impossível, a tipicidade é excluída; ou


seja, o fato é _atípico_!

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