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Teoria e Prática da DEPRECIAÇÃO

RESUMO

São revisados neste artigo quatro conceitos de depreciação utilizados na gestão


empresarial, quais sejam; física, tributária, contábil e econômica. Para o cálculo da depreciação
econômica de um ativo, propõe-se um método original que usa diferentes conceitos de
depreciação, concomitantemente, com o objetivo de caracterizar o período ótimo à substituição
de um ativo, com significativas vantagens em relação aos métodos convencionais, não só em
ganhos monetários mas também em produtividade física, pois se justifica operar com ativos
mais novos e consequentemente mais produtivos e, também, como demonstração da inter-
relação dos conceitos. O cálculo da depreciação em suas várias conotações envolve
combinação de diversos fatores, entre os quais, ressalte-se: i) a interdisciplinaridade
profissional – administrador de empresas, contador e tributarista; ii) o pré-requisito da
contabilidade e da matemática financeira como conhecimentos básicos nos cálculos de
depreciação; e, iii) o variado conjunto de situações possíveis, dadas pela multifacetada
legislação vigente e pelos diversos dispositivos contábeis em vigor (gerenciais, financeiros e
tributários). Para ilustrar esta diversidade de conceitos, são apresentados cinco (5) estudos de
casos didáticos, mostrando os impactos do modelo proposto em tomadas de decisões
econômico-financeiras e nos principais demonstrativos financeiros - demonstrativo de
resultados do exercício (DRE), e demonstrativo do fluxo de caixa (DFC).

Palavras-chave: depreciação contábil, depreciação tributária, substituição econômica, vida


econômica.

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ABSTRACT

Considering depreciation in taxation and accounting terms, and support models for

managerial decision-making, requires clarifying their specificities and their interrelationships.

The calculus of depreciation in its various connotations involves several factors, among which

we can point out: i) professional interdisciplinarity - manager, economist, accountant and tax

analist; ii) the pre requisite of accounting and financial mathematics as elements of application

in depreciation calculations; and iii) the varied set of possible situations, mainly due to the

multifaceted legislation and the various accounting mechanisms (managerial, financial and

taxation); hence the requirement of a combination of economic-financial, accounting and

taxation concepts for the different uses of the term depreciation. This paper discusses four types

of depreciation: physical, tributary, accounting and economic, and its main methodological

artifacts represented by five (5) didactic models. For the calculation of economic life an original

method is proposed, using different meanings of depreciation, concomitantly, in order to

express the appropriate calculation of the economic substitution of a fixed asset; this model

demonstrates the economical substitution of a fixed asset with significant advantages not only

in monetary gains but also in physical productivity, since it is justified to operate with newer

and more productive assets. It also shows the influence of depreciation concepts and their

calculations on the economic-financial result of a company, using two financial statements: the

income statement for the year (DRE) and the cash flow statement (DFC). Finally, depreciations

effects considering different breakeven points (accounting, financial and economic) are

presented.

Keywords: accounting depreciation, tax depreciation, economical replacement, economic life,

financial statements.

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1. INTRODUÇÃO

Depreciação é um termo que possui muitos significados, e pode ser considerado em geral

como um custo ou despesa decorrente do desgaste, obsolescência ou do custo “econômico” dos

ativos imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa;

Depreciação é um conceito ligado a “custos” e “despesas” cujos efeitos ocorrerão ao longo de

períodos futuros. Terras, terrenos, lotes, áreas para incorporação imobiliária, por exemplo, são

ativos que não são depreciáveis em termos contábeis e tributários.

Iniciemos com uma definição institucional para valor depreciável, conforme o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2019):
“Valor depreciável de um bem é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o
Custo (Valor Original de Aquisição, ou Último Valor Depreciável Registrado), menos o seu
Valor Residual Final Estimado em uma data determinada. Este valor substituirá o valor
original do bem para efeito do cálculo da depreciação.”

Existem alguns pontos de extrema importância na mensuração da depreciação,

conformando-se ao tipo de aplicação desejada: definição dos componentes de um ativo, vida

útil, valor residual e método de depreciação.

Desde o advento da Lei 11.638/2007, a contabilidade ganhou a tão sonhada

independência, não estando mais regida por critérios determinados pelo “fisco” nacional, mas

sim por critérios determinados pelas normas do International Financial Reporting Standards

(IFRS), no Brasil representado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Assim sendo, em

termos contábeis, sugere-se o cálculo da depreciação utilizando o Pronunciamento Técnico do

Comitê de Pronunciamentos Contábeis [Pronunciamento Técnico (CPC 27) – Ativo

Imobilizado (IFRS IAS 16)], abaixo citado:

O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil para ativos


imobilizados, de forma que os usuários das demonstrações contábeis possam discernir a
informação sobre o investimento da entidade em seus ativos imobilizados, bem como suas
mutações. Os principais pontos a serem considerados na contabilização do ativo imobilizado
são o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os valores de
depreciação e perdas por desvalorização a serem reconhecidas em relação aos mesmos.

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Do ponto de vista contábil, portanto, independentemente de ditames tributários (que serão

ajustados somente em livros fiscais auxiliares), a contabilidade apresentará seus ativos e

depreciações em conformidade com sua essência; assim a vida a ser considerada de um ativo é

definida em termos da utilidade esperada do ativo para a empresa e não ao regime fiscal oficial.

A estimativa da vida útil do ativo para a empresa é uma questão de julgamento baseada na

experiência da entidade com ativos semelhantes. O método de depreciação a ser utilizado deve

ser o que melhor refletir o padrão de consumo (exaurimento), pela entidade, dos benefícios

econômicos futuros, devendo ser revisado ao menos uma vez por ano.

Em termos tributários, por sua vez, o cálculo da depreciação deverá obedecer aos critérios

determinados pelo governo através da Secretaria da Receita Federal, conforme artigo 317 do

Regulamento do Imposto de Renda (Decreto Lei nº 3.000, de 26 de Março de 1999), que

estipula que as empresas que auferirem lucros poderão fazer uso da depreciação como

abatimento “artificial” dos seus resultados a serem oferecidos à arrecadação tributária (Imposto

de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL). A taxa

anual de depreciação será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização

econômica do bem pelo contribuinte na produção de seus rendimentos. Esse abatimento aplica-

se para aquelas empresas que optam pela tributação com base no Lucro Real, não sendo factível

no caso de Lucro Arbitrado ou para empresas optantes pelo Simples e Lucro Presumido.

Depreciação tributária é um artifício, facultativo, proporcionado pela legislação em

vigor, que permite o abatimento no Lucro Tributável da depreciação relativa a “(…)

investimentos intrinsecamente relacionados com a produção e comercialização de bens e

serviços” (Lei 9.249/95; Art. 13; III).

Ora, se uma entidade reconhece que um ativo tem vida útil de X anos e que o melhor

método a depreciar, por melhor julgamento da administração (o que implica integração da

contabilidade à engenharia econômica, como veremos adiante), é o método Y, então, assim, este

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ativo estará apresentado nas demonstrações financeiras. Se o sistema de imposto de renda dita

que tal ativo deve ser depreciado em cinco anos, pelo método linear, por exemplo, então, é nos

livros tributários que assim se fará, e não na contabilidade da empresa; e os efeitos no Imposto

de Renda serão lá controlados.

Como o entendimento destes conceitos leva a cálculos complexos e algumas vezes inter-

relacionados, este trabalho tem a finalidade de apresentar algumas de suas importantes formas

de cálculo. Propomos discutir, portanto, os quatro tipos de depreciação: física, tributária,

contábil e econômica, e seus principais artefatos de cálculo a serem demonstrados por exemplos

didáticos. O último estudo didático apresentado - como Exercício (5)-, original em relação à

literatura especializada, propõe o uso de diferentes conceitos para depreciação de forma a

expressar o adequado cálculo da reposição econômica de um ativo fixo e que pode ser usado

como proxy de depreciação contábil, quanto como vida econômica ótima de substituição,

caracterizando aqui o que denominamos de depreciação econômica.

A importância da depreciação para a análise e tomada de decisão no ambiente

operacional de uma empresa é também refletida com sua presença em seus principais

demonstrativos contábeis e financeiros; daí ilustrarmos, na seção (6), como a depreciação é

considerada em dois destes dispositivos/artefatos para a demonstração econômico-financeira

da entidade: demonstrativo de resultados do exercicício (DRE) e Demonstrativo de Fluxo de

Caixa (DFC).

Além desta introdução (cap. 1), os restantes capítulos deste trabalho compõem: 2.)

Conceitos de Depreciação; 3.) Tipos de Depreciação x Vida Útil; 4.) Tipos de Depreciação e

Métodos de Cálculo (físico, tributário, contábil e econômico); 5.) O cálculo da Substituição

Econômica “ótima”; 6.) Depreciação nos Demonstrativos Financeiros; e, 7.) Conclusões.

Importante salientar aqui, também, que os conceitos de depreciação se aplicam às

denominadas Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial, nos moldes utilizados por

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Atkinson et al. (2011), uma diferenciação muito usada hoje em dia. Observe-se que nos

demonstrativos de resultados (Cap. 6) foram utilizados os conceitos de depreciação contábil e

tributária – área da denominada Contabilidade Financeira; enquanto os casos de depreciação

econômica (Exercício 5 e cálculo do custo de capital nos produtos (Exercício 3) se remetem à

Contabilidade Gerencial.

2. CONCEITOS DE DEPRECIAÇÃO

O conceito de depreciação, muito embora facilmente entendido como uma provisão, não

se trata estritamente de uma, pois não representa um passivo. Semanticamente falando, trata-se

de uma dedução sistemática do valor contábil, em conformidade com sua vida útil. Daí constar

no lado das contas do Ativo, com valor negativo, na Contabilidade Financeira. Cumpre destacar

que o Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes – esclarece que a depreciação é um ajuste dos valores contábeis de ativos e não

deve ser tratada como provisão, embora em alguns países o termo “provisão de depreciação”

ainda seja encontrado.

Em seminal artigo que praticamente inaugura o debate sobre “Depreciação e Tomada de

Decisões em Negócios”, Bennet (1972, p. 2) sintetiza um conceito geral: “(...) A depreciação

é geralmente entendida como uma medida do valor do ativo consumido durante um período.

(...) O conceito é similarmente entendido na empresa e nos agregados nacionais de

contabilidade macroeconômica. No entanto, existem disparidades notáveis na compreensão da

natureza do conceito e na sua medição. A empresa de negócios pode adotar qualquer um de

um conjunto de 'métodos' de depreciação, resultando em diferentes medidas de depreciação e

de renda.”

Depreciação, portanto, tem mais de um sentido e pode-se dividi-lo em quatro grupos:

física (real), tributária, contábil e econômica. Este último significado se desdobra, pois tem

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sentido tanto econômico quanto financeiro e recebe efeito também pela depreciação contábil

(inter-relacionamento entre os conceitos).

A depreciação física está relacionada com a vida útil do ativo, com efeitos no custo do

investimento a ser considerado em vários tipos de análises; enquanto a depreciação econômica

está ligada à vida econômica “ótima” do ativo, e é função de uma série de fatores, entre os

quais, principalmente, do compromisso ao longo da vida do ativo entre custos operacionais

crescentes - manutenção e operação -, e o custo de manter a propriedade do ativo decrescente

(valor residual de mercado). Estes dois conceitos de depreciação, portanto, são estabelecidos

por artefatos de engenharia econômica. Ver Fleischer (1973).

A depreciação tributária, por sua vez, está ligada à apuração formal de lucros exigida

pela legislação do país; é um artifício utilizado para transformar, economicamente falando, um

“estoque” em “um fluxo”; ou, no caso de depreciação tributária, um investimento com vida

estabelecida em lei em despesa anualizada.

Pela ótica da empresa, a substituição (econômica) teria benefícios advindos da operação

com ativos mais novos, com menor risco de quebras e avarias, e, portanto, execução de

operações com maior eficiência; pela ótica macroeconômica, o estímulo fiscal funciona como

uma Política Industrial visando aumento da demanda de (novos) investimentos com reflexos na

produtividade da economia.

3. TIPOS DE DEPRECIAÇÃO x VIDA ÚTIL

Façamos primeiro um exame de cada tipo de depreciação considerando seus conceitos

relativos à duração temporal (vida útil), e a algumas importantes análises econômicas,

financeiras e contábeis que podem ser daí derivadas, conforme mostra a Tabela 1, a seguir:

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Tabela 1 – Tipos de depreciação x vida útil do ativo x forma de avaliação. Fonte: Autor

Tipo de
Definição de Vida Útil Forma de Avaliação (Baixa ou Substituição)
Depreciação
Período de tempo em que o ativo sofre desgaste ou deterioração por uso ou Período que maximiza o Valor Presente Líquido
Real
obsolescência por funcionalidade dos Fluxos de Caixa da Operação
Período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou o número de Período em que o valor contábil líquido supera
Contábil unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela ou iguala os benefícios econômicos futuros
utilização do ativo obtidos pelo cálculo da depreciação real
Período em que o bem está fiscalmente
Tributária Período de tempo fixado por lei desgastado, independentemente de
considerações contábeis, reais ou econômicas
Período no qual se obtém o Custo Equivalente
Econômica Época ótima na qual se obtém o maior benefício econômico pela utilização do ativo
Mínimo ou Valor Equivalente Máximo

Destaquemos que o termo “real” se aplica a diversos contextos, confundindo-se muitas

vezes com o termo físico; e se dá, também, devido às variações do valor do dinheiro no tempo,

e às variações do valor de mercado do ativo em determinado estágio temporal. A depreciação

física (real, neste caso), representaria a duração plena de um ativo. Exemplos de tomadas de

decisão gerenciais (Catelli et al., 2003; Casarotto et al., 2010) que envolvem a depreciação

física (real) são os de cálculo da vida de um equipamento quando cai a demanda de seus

produtos.

Outro cálculo de depreciação física (real) como veremos mais adiante, é o de como se

apropriar o custo do uso de um bem de capital (custo do investimento) nos custos dos produtos

e serviços visando tomada de decisões, como, por exemplo, formação de preços, quantificação

de custos operacionais e aluguel de máquinas e equipamentos.

A depreciação tributária, por sua vez, é uma despesa dedutível, pois reduz o lucro

(tributável), permitido pelas “práticas geralmente aceitas”, mas que não afeta o caixa,

aumentando o lucro líquido final e o caixa disponível da operação. Aqui um efeito que será

discutido mais à frente com o conceito do lucro antes dos juros, custos financeiros, impostos

sobre o lucro, depreciações e amortizações (LAJIDA); ou, em inglês, Earning before interest,

tax, depreciation and amortization - EBITDA.

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A temporalidade na depreciação contábil, por sua vez, seria definida como o período de

tempo em que o bem de capital (investimento) continua desempenhando satisfatoriamente suas

funções ainda dentro da vida física; por isto o termo funcionalidade. A vida útil depende do

projeto do equipamento, operação adequada, manutenção, obsoletismo etc. É uma estimativa

“técnica” da duração útil do ativo. Fadigas (2006).

E a vida econômica é o intervalo de tempo que minimiza os custos anuais equivalentes

totais de um ativo fixo; um conceito, como se vê, de engenharia econômica. Neves (1982, p.85)

define a vida econômica de um equipamento como “... a época ótima de substituição de um

equipamento por outro similar nas mesmas condições de operação e de custos iniciais,

corrigindo-se, é claro, a desvalorização da moeda...”.

4. TIPOS DE DEPRECIAÇÃO E SEUS MÉTODOS DE CÁLCULO

A depreciação, tributariamente falando, é um valor que se desconta do lucro auferido

devido ao investimento realizado (estoque de capital); trata-se de uso de um dispositivo de

contabilidade financeira permitido pela legislação em vigor. Os outros sentidos de depreciação

– física (real), contábil e econômica, cujos cálculos são estabelecidos, vale repetir, pela

engenharia econômica, impactam análises que vão desde; i) cálculo do custo do investimento

nos produtos e serviços - cálculo este utilizado, por exemplo, para apoiar a formação de preços

e o cálculo do valor econômico adicionado (economic value added); ii) cálculo para apurar a

rentabilidade de produtos e serviços; e, iii) cálculo do custo uniforme equivalente mínimo que

determina a vida econômica ao se analisar a substituição, renovação e reposição de ativos fixos.

4.1. DEPRECIAÇÃO FÍSICA

A depreciação física (real) refere-se à perda de valor (econômico) do ativo devido ao seu

uso e inevitável desgaste. A depreciação física está ligada às vidas física, útil ou funcional que

o Capital Fixo (Investimento) possui. Para Fadigas (2006, p. 23), “os elementos que constituem

o ativo fixo da empresa – equipamentos, edifícios, instalações etc., sofrem uma perda de valor

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com o uso ou com o passar do tempo. Esta perda de valor não recuperada pelos serviços de

manutenção é denominada de depreciação real”.

A depreciação física (real) pode ser por uso ou funcional:

Uso

Ação de elementos como: choque, vibração, abrasão etc.; deterioração – ação de

componentes químicos como corrosão, decomposição química, etc.; desgaste, deterioração,

exaustão ou manutenção excessiva dos ativos fixos; por acidentes ou combinação de fatores.

Funcional

Depreciação por obsolescência é um exemplo, ou situações independentes do ativo fixo

resultantes das alterações das condições normais de sua operação, levando a retirar de serviço,

muitas vezes, equipamentos ainda de funcionamento satisfatório. A depreciação funcional

também é resultante de inovações tecnológicas ou por inadequação ou insuficiência resultante

de incapacidade produtiva do ativo fixo para executar os serviços, por várias causas (aumento

ou queda da demanda; mudança de processos, etc.). Há neste conceito muita semelhança com

o que em contabilidade se denomina de Depreciação Real por Uso e Redução ao Valor

Recuperável (Real). Tratam-se, entretanto, em contabilidade, como coisas distintas, controladas

e contabilizadas separadamente.

É difícil determinar a perda do valor ao longo do tempo, pois somente nos casos em que

há um mercado de equipamentos usados, como, por exemplo, o de automóveis, é possível ter

uma idéia da variação do seu valor no tempo (o valor residual).

Dois exemplos de cálculo de depreciação física (real) serão aqui apresentados: i. cálculo

da vida operacional quando há queda de demanda; e ii. cálculo da apropriação do custo de uso

de um bem de capital ao produto - custo do investimento. São duas análises considerando o

sentido de depreciação física (real).

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i. Vida Operacional (útil) – (Exercício 1)

Um equipamento sofre uma redução de vendas e custos crescentes de manutenção,

prevendo-se, para os próximos três anos, as receitas líquidas e os valores residuais conforme

tabela 2, a seguir (valores em $). Neste caso, a vida útil se reduziria devido à queda de demanda

e se trata de um sentido de vida econômica, também conhecido como problema da baixa sem

reposição, conforme Casarotto (2010).

Tabela 2 – Dados do exercício 1. Fonte: Autor

Receita Liquida Valor mercado - Custo operacional


Ano
($/ano) residual ($) ($/ano)
1 240 300
(no fim do ano) 80
2 220 200 100
3 200 100 120

Sabendo-se que hoje (instante zero, por definição!), o preço (investimento) é $ 400, e

que a taxa de mercado é 10 % ao ano (supondo igual à taxa atrativa mínima), quando deverá

ser encerrada a operação? Observe-se que foram usados os conceitos de valor residual de

mercado ao longo da vida física e da queda da receita (diminuição da demanda ao longo do

tempo).

Tabela 3 – Solução do exercício 1 pelo método do Valor Atual Líquido. Fonte: Autor

período 0 1 2 3
1 (1+i)t 1 1,1 1,1 1,1
2 Valor residual 400 300 200 100
3 Custo operacao 0 80 100 120
4 Receita 0 240 220 200
5 (2+4-3) 400 460 320 180
6 (5/1) VA (5) 418 291 164
7 [-2 (t-1)+6] VA total 18 -9 -36

Sabemos que usando o VAL (Valor Atual Líquido) para as comparações dos períodos,

não precisamos explicitar os investimentos feitos para igualar as durações de tempo [Ver

Fadigas (2006)]. Os cálculos podem ser facilmente sistematizados numa planilha, como mostra

a Tabela 3, acima. Vemos que a melhor alternativa - vida econômica operacional que apresenta

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o melhor valor atual líquido -, é dar baixa no fim do ano 1, pois neste período se apresenta o

melhor VAL ($18).

ii. Custo de uso de um bem de capital - custo do investimento (Exercício 2)

Conforme Fadigas (2006), o cálculo do custo de uso de um bem de capital se relaciona à

questão da recuperação do capital investido. O emprego de um bem de capital durante certo

período de tempo acarreta dois custos econômicos: depreciação e juros (remuneração) do

capital investido. O custo de uso do bem neste período, conforme Fadigas (2006), é o custo

anual equivalente (CAE), que independe da seqüência das depreciações, e sim do valor inicial

(Vo), valor final (Vn) e da taxa de juros (j).

Apresentemos a fórmula:

j(1+j)n
CAE=(V0 −Vn ) +jVn (1)
(1+j)n −1

Equação 1. Custo anual equivalente (Fadigas, 2006)

Para Fadigas (2006, p. 35) “(...) o custo anual equivalente compõe-se de duas parcelas:

a primeira corresponde à prestação necessária para amortizar a parcela (V0-Vn) que se

depreciará nos n períodos de uso, e a segunda serão os juros da parcela Vn que se mantém

inalterada durante toda a vida do bem”.

Façamos exemplo numérico para mostrar como calcular o custo do investimento a ser

apropriado ao produto/serviço, utilizando esta conhecida fórmula de cálculo – Custo Anual

Equivalente (CAE):

Exercício 2 - Como considerar o investimento no custo de um produto?

Considere um produto qualquer que se utiliza de um investimento em máquinas e

equipamentos total de $ 5.000.000 (V0). O ciclo de vida considerado deste produto é de 10 anos

(n) e a taxa de atratividade (tma) de 20% a.a. (mercado de alta rentabilidade), custo direto

unitário (cd) de embalagens etc. de $1.500/unidade, e vendas de 5.000 unidades por ano. Formar

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o custo total unitário (cut) do produto, que soma o custo operacional unitário ao custo do

investimento realizado.

Utilizando a equação (1) acima de CAE, temos:

0,2(1 + 0,2)10
CAE = (5.000.000 - 0) +0
(1 + 0,2)10 - 1

CAE = 1.192.613

CAE/q [$/u] = custo unitário do investimento = $ 1.192.613/5000 u. = ci = $ 238,52/u

CUSTO UNITÁRIO TOTAL = = cut + ci = $ 1.500,00 + $ 238,52 = $1.738,52/u

Observe-se que o custo do investimento representa aproximadamente 14% do custo total

do produto.

Validemos este exercício com as palavras de Catelli et al (2003, p. 14): “O enfoque

econômico da depreciação faz com que esta seja considerada, não um custo indireto, vinculado

ao período e alocado a produtos e áreas de responsabilidade por meio de rateios, mas sim

como um custo variável, por hora-máquina utilizada, diretamente identificado aos produtos

gerados pelo ativo.”

4.2. DEPRECIAÇÃO TRIBUTÁRIA (Exercício 3)

A tributação do país permite o artifício da depreciação tributária para a apuração dos

resultados da empresa. Para o cálculo do lucro tributável com finalidade de pagamento de

impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL), permite-se retirar da receita bruta - descontada dos

impostos indiretos -, as despesas gerais (administração, comercialização, entrega de

mercadorias), custos totais industriais (incluindo variações de estoques) e depreciação

(tributária) do capital fixo (investimentos). Para fins tributários, no caso brasileiro, a somatória

de todo o Capital Fixo – equipamentos e máquinas, ainda não depreciados contabilmente,

representa o Ativo Fixo de determinado período (anual, por convenção).

A depreciação tributária consiste em lançamentos feitos em cada período de forma a

distribuir a perda do valor do ativo durante sua vida útil. Lembre-se que a depreciação entra

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contabilmente no lado do Ativo, com sinal negativo. Supondo um grau constante de utilização

de um ativo, a depreciação tributária é função apenas do tempo (determinado pelo Fisco).

A depreciação tributária envolve o cálculo da depreciação do ativo imobilizado

diretamente empregado na operação, e será apropriado como custo, pois os ativos que não forem

usados diretamente na operação terão suas depreciações contabilizadas como despesa. Consiste

em um dispositivo que visa a atender às exigências do órgão arrecadador brasileiro quanto à

dedução do Imposto sobre a Renda das empresas, em percentuais determinados

Mostremos a influência do imposto sobre o lucro da empresa através de um Exercício (3),

que mostra uma aplicação em um fluxo de caixa prospectivo de uma empresa. Podemos

classificar os tributos em três (3) tipos: tributos que não dependem do faturamento da empresa

(imposto predial); tributos que dependem diretamente do faturamento (ICMS, IPI), e os

Impostos sobre o lucro (hoje são 2), que permite desconto da depreciação (Imposto sobre a

renda de pessoas jurídicas – IRPJ, e contribuição social sobre o lucro líquido - CSLL).

Exercício 3

Uma empresa está estudando a aquisição de um equipamento que custa $100 mil. A

receita líquida após impostos indiretos esperada é de $ 50 mil, e o custo operacional é de $ 20

mil por ano durante toda a vida funcional estimada em 8 anos, quando se estima que o

equipamento poderá ser vendido por $ 40 mil (valor residual). A vida tributária legal é de 5

anos. Montar a tabela de fluxo de caixa após IR (alíquota de IR e CSLL = 30%), e calcular a

taxa interna de retorno antes e depois do cálculo do imposto de renda devido?

A Tabela 4 a seguir monta a estrutura do fluxo de caixa após o imposto de renda:

Tabela 4 – Solução do exercício 3 (valores em $1.000) Fonte: Fadigas (2006)

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a Fluxo
Receita Lucro Lucro Fluxo final
n INV Custo antes do Depreciação IRPJ
Líquida Bruto Tributável após IRPJ
o IRPJ
0 -100 -100 -100
1 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
2 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
3 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
4 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
5 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
6 50 -20 30 30 30 -9 21
7 50 -20 30 30 30 -3 27
8 40 50 -20 30 70 70 -21 49
TIR = 27% TIR = 22%

Ressalte-se que o fluxo final após o IRPJ não retira a depreciação, pois seria “dupla

contagem” já que está sendo considerado o valor inicial do bem de capital (investimento) no

início do fluxo. A depreciação entrou no cálculo apenas abatendo o Lucro Tributável para o

cálculo do imposto de renda devido. Vale observar que este é o sentido de não se incluir a

depreciação no fluxo de caixa final, configurando o conceito que será apresentado à frente de

Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – LAJIDA (em inglês o conhecido

EBITDA).

A taxa interna de retorno antes do imposto de renda é de 27% a.a., enquanto a taxa depois

do imposto de renda seria de 22% a.a. Observação importante é que após os cinco (5) primeiros

anos, o ativo foi depreciado tributariamente, mas continua ativo, pois sua vida funcional foi

estabelecida para os oito (8) anos, quando seria então vendido com valor residual (40). Na

contabilidade, o equipamento também continuaria ativo, e os efeitos do IR controlados como

IR Diferido.

4.3. DEPRECIAÇÃO CONTÁBIL

A depreciação contábil se modifica em relação à tributária no que diz respeito à vida de

cada ativo a ser considerada, o que pode mudar consideravelmente os resultados se aplicados

os diferentes conceitos. Para a vida contábil utilizada no cálculo da depreciação contábil, o

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gestor poderá estabelecer argumentos adequados à realidade de sua firma, diferentes daqueles

considerados para apuração tributária. Assim, um automóvel, por exemplo, embora tenha uma

vida útil (teórica tributária) de cinco anos, não precisa ser depreciado neste tempo para fins

gerenciais (depreciação contábil), pois a sua vida funcional (útil) será bem maior do que isso,

principalmente se os resultados da empresa não forem sempre de lucros para serem "poupados"

para esta finalidade.

A razão dessa depreciação é a de promover a capitalização das empresas para quando o

ativo que está sendo usado for substituído no seu descarte, fazendo a entidade "poupar" recursos

que seriam provavelmente distribuídos aos sócios ou acionistas, já que o lucro contábil da

entidade, que será distribuído "monetariamente", foi reduzido por um efeito contábil "não

monetário", através do desconto da depreciação, e assim, capitalizou a empresa no exato valor

lançado nesta rubrica, através do lançamento a débito do patrimônio na Despesa com

Depreciação.

Portanto, a diferença dos conceitos tributário e contábil para a contabilidade se dá

praticamente no demonstrativo de resultados, onde para fins de imposto de renda considera-se

a depreciação tributária em todos os cálculos, apurando-se então o total de impostos a pagar.

4.4. DEPRECIAÇÃO ECONÔMICA (Exercício 4 - vida de mercado/vida econômica)

A depreciação econômica, por sua vez, está ligada à vida econômica de um ativo - "(...)

vida de serviço igual ou menor do que a vida física máxima, que fornece o custo anual uniforme

equivalente mínimo" – FLEISCHER (1973; p.121), e é função de uma série de fatores, entre os

quais, principalmente, do compromisso, ao longo da vida do ativo, entre custos operacionais

crescentes - manutenção e operação-, e custos de manter a propriedade do ativo decrescentes

(Valor Residual). Mostraremos, à frente, exercício sobre a vida econômica (Exercicio 4).

16
Tem sido disseminada no Brasil a aplicação de modelos de Engenharia Econômica em

análise de decisões na substituição de ativos, como, por exemplo, baixas sem reposição,

substituição idêntica, substituição não idêntica, substituição com progresso tecnológico,

substituição versus reforma, substituição de ativos próprios por serviços de terceiros, introdução

de melhorias em ativos existentes (Fadigas, 2006; Gonçalves et al., 2009; Kopittke, 1990;

Fleischer, 1973; Nakano;1967).

Casarotto (2010) mostra a definição de vida econômica tendo como exemplo duas

características dos ativos fixos: de eficiência decrescente e vida útil previsível; e de eficiência

constante e vida útil imprevisível. No primeiro caso, com o passar do tempo, o ativo vai se

desgastando pelo uso e os custos de manutenção vão aumentando, ao passo que o seu valor de

venda no mercado vai diminuindo. Chegamos então a uma situação em que não é

economicamente interessante continuar usando o equipamento, e, embora ele ainda tenha um

desempenho adequado, devemos dar baixa do mesmo, isto é, cessar de operá-lo. Dizemos que

ele atingiu o fim da sua vida econômica. Problemas deste tipo serão designados como

problemas de substituição.

No segundo caso, o equipamento mantém a sua eficiência até que falha repentinamente,

de modo imprevisível e aleatório. Como esta falha pode causar prejuízo, pode ser

economicamente interessante substituí-lo antes que falhe (manutenção preventiva). Problemas

deste tipo serão designados como problemas de reposição.

Exercício 4 - Vida de mercado e vida econômica

Uma locomotiva da marca Z custa nova $ 100.000. Estima-se que os valores de mercado

(valores residuais) e custos de manutenção são os mostrados na Tabela 5, a seguir. Supondo

que a taxa de juros é 12% a.a., em que período (vida econômica) o equipamento deve ser

substituído por outro novo, do mesmo modelo?

Tabela 5 - Solução do Exercício 4 (valores em $1.000*). Fonte: O Autor

17
[$1000]
Anos de uso [ t ] 0 1 2 3 4 5 6 7
0 Preço 100
1 Valor de mercado [$1000] 80,0 64,0 51,2 41,0 32,8 26,2 21,0
Custo de manutenção
2 [$1000/ano] 6,0 6,4 11,5 19,5 31,3 47,0 65,8
3 (1 = i)t => i = 12% aa 1,12 1,25 1,40 1,57 1,76 1,97 2,21
4 VA de (1) -> (1)/(3) 71,4 51,0 36,4 26,0 18,6 13,3 9,5
5 VA de (2) -> (2)/(3) 5,4 5,1 8,2 12,4 17,8 23,8 29,8
6 VA Acumulado de (4) 5,4 10,5 18,7 31,1 48,9 72,7 102,4
7 VA (t) = 0 + 6 - 4 33,9 59,4 82,2 105,0 130,3 159,4 192,9
8 CAE (t) (6) 38,0 35,2 34,2 34,6 36,1 38,8 42,3

(*) Observe-se que o sinal positivo indica CUSTO.

Utilizando o modelo de CAE (Equação 1 mostrada acima), tem-se uma vida econômica

de três (3) anos, e um valor econômico de $ 34.200 no ponto de CAE mínimo.

Por exemplo, se renovarmos no terceiro ano, o VA (3) = V0 ($ 100) + CManut acumulado

($ 18,7) – Valor de mercado do bem ($ 36,4); tudo a valor presente. Este VA ($ 82,2), então, é

transformado em CAE (3) = $ 34,2. Daí poder comparar com CAE dos outros ciclos, mostrando

um mínimo de $ 34,2 para o terceiro ano. Este é o mínimo Custo Anual Equivalente dos ciclos

considerados. Como se anualmente tivéssemos um custo de $ 34,2 (em cada um dos 3 anos para

este ciclo!). Aí sim poderíamos comparar fluxos com tempos diferentes através do conceito do

Custo anual Equivalente (CAE).

Uma empresa que trabalhe com ativos mais novos (por exemplo, com substituição em 1

ano), indicaria – usando o exemplo acima -, que a diferença de CAE do primeiro e do terceiro

ano (36 – 34,2 = 1,8) indicaria um “prêmio” (de seguro) ao se utilizar ativo mais novo - caso

de empresas de aluguéis de automóveis.

As razões apontadas por Casarotto et al. (2010) para a substituição/reposição podem ser

agrupadas nos seguintes casos gerais: Baixa sem reposição (apresentada acima como um caso

de vida útil; ver exercício 1); Substituição Idêntica (ver Exercícios 4 e 5) e Não idêntica (normal

ou reforma) e (com evolução tecnológica) não apresentados aqui.

18
5. O CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO ECONÔMICA (Exercício 5)

Este caso integra as análises considerando vida tributária, vida física e vida econômica.

Dois conceitos de depreciação tributária se aplicam às máquinas e equipamentos em

geral. O primeiro descreve a perda de valor do equipamento com o tempo. O segundo refere-se

ao plano sistemático destinado a recuperar o capital investido no ativo fixo.

Suponhamos que uma determinada máquina seja adquirida por Po ($). Decorridos n anos,

a máquina, já bastante usada, e a exigir cada vez mais manutenção e reparos, não consegue

obter preço de venda superior a Pn ($) no mercado. Diz-se que a máquina depreciou de Po

(custo ou investimento inicial) ao valor residual (Pn). Se o proprietário tiver colocado em um

fundo um valor durante cada um dos n anos, seria possível adquirir uma nova máquina ao cabo

deste período. Observemos que este conceito envolve o lado econômico e o lado financeiro,

mas não o lado contábil-tributário.

Façamos uma análise do caso em que o valor residual de mercado (Pn) entre na análise

de forma a não só compor o lucro contábil por venda da máquina acima do valor contábil, mas

também que possa ser expresso o benefício tributário da depreciação contábil do ativo, no

abatimento do lucro tributável, quando a empresa tiver lucro, vale dizer.

Exercício 5: Vida tributária, valor residual de mercado e vida econômica.

Seguindo o exemplo 4, considere adicionalmente o pagamento do IR (alíquota de 25% -

com abatimento da depreciação contábil no lucro tributável com vida de cinco anos). Observe

que existem dois tipos de efeitos do pagamento do imposto de renda: 1.) a depreciação do

investimento pode ser abatida do Lucro Bruto; 2.) pode existir lucro contábil pela venda do

ativo fixo no período, com cobrança de Imposto de Renda respectiva. COSTA (1996)

Dados do problema:

Preço de aquisição do ativo - P(0) = $ 100.000


Custo de oportunidade do capital - i = 12 % a.a.
Alíquota de Imposto de Renda - a = 25 %

19
a (i; n) - Fator que transforma valor presente (P) em série uniforme (A), dados o juro
(i) e o período (n). Lembremos que se trata do conceito de custo anual equivalente
(CAE) ou conhecido como tabela Price:

(n) => a (i; n) => A = P* i(1 + i)n (2)


(1 + i)n - 1
Equação 2. Fórmula do Custo anual equivalente (Fadigas, 2006)

Período de vida tributária => b {5} [anos].


Depreciação tributária anual (método linear) = V(0) / b
Valor tributário no instante n = P(0) –P(n)/b
Período considerado => n (n = 1, 2, ..., N)
Custo de operação e manutenção no instante n - C(n); e,
Valor residual (preço de mercado no instante n = P(n)) => conforme tabela 6, abaixo:

O modelo de cálculo do custo anual uniforme equivalente CAE (n) pode ser representado,

em termos discretos, conforme equação a seguir: [Ver NEVES (1.981; p. 153)]:

n
CAE (n) = P(0) - [P(n) . (1 + i)-n] + [S C (k) . (1 + i)-k ] . a (i; n) (3)
k=1
Equação 3. Custo anual equivalente incluindo Valor residual P(n). Fonte: Fadigas (2006).

Considerando o pagamento sempre no final do período n, e dado que o valor contábil no instante

n é:

V(n) = P(0) - n. P(0) / b = P(0) . (1 - n / b) (4)

Equação 4. Valor contábil no ano n (Fadigas, 2006)

Podemos reescrever a equação (1) introduzindo o desconto da depreciação tributária no

pagamento do Imposto de Renda - devido ao investimento P(0); e acrescentando o pagamento

do imposto de renda devido ao lucro tributável [P(0) - P(n)] pela venda do ativo no mercado;

calculando, primeiramente, a valor presente, conforme equação a seguir:

n n
VP(n) = P(0)-[P(n).(1 + i) ] + S C(k).(1 + i) - S[a.P(0)/b].(1 + i)-k + a.[P(n)-V(n)].(1+i)-n]
-n -k

k=1 k=1
_____(I)________ _____(II)_____ ____(III)_________ ______(IV)________

Equação 5 – Valor Presente de cada ciclo do fluxo de caixa (Fonte: O Autor)

(Í) - O valor de aquisição P(0) desconta o valor residual P(n) trazido a valor presente
20
(II) – Custo de manutenção (C) acumulado a valor presente
(III) – Imposto de renda da depreciação tributária (é um ganho)
(IV) – Imposto de renda pelo lucro da venda do ativo (é um custo)

Lembrar que o desconto (ao IR) em questão somente se aplica à empresas geradoras de

Imposto de Renda sobre lucros.

A próxima equação representa a transformação do valor presente, de cada ciclo [VP(n)],

em custo anual equivalente [CAE(n)].

CAE (n) = VP (n). a (i; n)


Equação 6 – Custo Anual Uniforme Equivalente

A Tabela 6, a seguir, sintetiza a aplicação do cálculo da vida econômica aos dados

apontados, conforme modelo proposto, utilizando o critério do custo anual equivalente (CAE).

Tabela 6 - Custo anual equivalente – ($/ano) no período t. Fonte: O Autor

(1) VALOR AQUISICAO [Po]: 100


(5
(2) DEPRECIACAO ANUAL: 20% anos) 20%
(3) TAXA (tma % a.a.): 12%
(4) TAXA IR: 20%
ANO [n] 1 2 3 4 5 6 7
(5) VALOR DE MERCADO [Pn] 80,0 64,0 51,2 41,0 32,8 26,2 21,0
CUSTO DE MANUTENCAO
(6) [C] 6,0 6,4 11,5 19,5 31,3 47,0 65,8
(7) = (5) / (1 + tma) ^n VP do Valor de mercado 71,4 51,0 36,4 26,1 18,6 13,3 9,5
(8) = (6) / (1 + tma) ^n VP custo de manutencao 5,4 5,1 8,2 12,4 17,8 23,8 29,8
(9) = (1) * (2) Depreciacao tributária 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
(10) = (1)-n.(9) Valor Contabil (Vn) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 0,0 0,0
(11) = (9) Base imposto 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 0,0 0,0
(12) = (11) * (4) IR sobre depreciacao (receita) 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 0,0 0,0
(13) = (12) / (1 +
tma)^ t VP de IR sobre depreciacao 3,6 3,2 2,8 2,5 2,3 0,0 0,0
(14) = (5) - (10) Lucro contabil 0,0 4,0 11,2 21,0 32,8 26,2 21,0
(15) = (14) * (4) IR sobre lucro contabil (custo) 0,0 0,8 2,2 4,2 6,6 5,2 4,2
(16) = (15) / (1 +
tma)^t VP de IR lucro contabil 0,0 0,6 1,6 2,7 3,7 2,7 1,9
(1) Valor aquisicao 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

21
(8) acumulado (+) Custo manutencao acum 5,4 10,5 18,7 31,1 48,8 72,6 102,4
(12) (-) IR depreciacao (ganho) 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 0,0 0,0
(7) (-) Valor mercado 71,4 51,0 36,4 26,1 18,6 13,3 9,5
(16) (+) IR s/ lucro contábil 0,0 0,6 1,6 2,7 3,7 2,7 1,9
(1)-(7)+(8
acumulado)-(12)+(16) (=) Valor presente [VP(n)] 29,9 56,1 79,8 103,7 129,9 162,0 194,8
(13) CAE (n) do VP Custo anual equivalente (CAE
(n) (n) 33,52 33,18 33,23 34,13 36,05 39,41 42,69

Este cálculo do custo anual equivalente (CAE) mínimo nos mostra uma vida econômica

de dois (2) anos, e valor econômico (custo anual uniforme equivalente mínimo) de $ 33.18,

enquanto a depreciação tributária considerada foi de cinco (5) anos.

Pergunta que se impõe é: sempre a introdução do desconto da depreciação tributária

pode diminuir (ou aumentar) a vida econômica que corresponde ao mínimo CAE de um ativo,

ou mesmo antecipá-la, como foi o caso em relação ao exercício anterior (4) que não considerava

o efeito tributário? O valor econômico sempre diminuirá - Custo Anual Equivalente em seu

ponto de mínimo -, pois a parcela de desconto do IR sobre lucros devido à depreciação é sempre

maior que a parcela de IR paga sobre lucro tributável devido à venda do ativo - salvo se

houvesse um descolamento muito grande a favor do preço de mercado em relação ao valor

contábil - o que é impossível, pois o Valor Contábil sempre “parte” do preço de aquisição P(0).

6. DEPRECIAÇÃO NOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

Ilustramos nesta seção como o multifacetado conceito de depreciação é considerado em

dois tradicionais demonstrativos financeiros: Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE)

e no Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC).

A depreciação evoca duas facetas importantes dos demonstrativos financeiros:

1) Seu reconhecimento impacta o lucro tributável, e consequentemente os impostos sobre

o lucro (Hoje o IRPJ e o CSLL).

2) Além disso, a depreciação não impacta o lucro antes dos juros (dos custos financeiros),

imposto de renda, depreciações e amortizações (em inglês conhecido como EBITDA – earnings

22
before interest, taxes, depreciation and amortization), mas impacta o fluxo de caixa livre da

empresa, ambos importantes componentes do processo de avaliação de sua rentabilidade -

porque retira-se o IR do EBITDA para fins de fluxo de caixa, mas não a depreciação (seja qual

for!).

Vejamos a seguir os efeitos aqui mencionados.

6.1. Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE)

O Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) é o relatório contábil que fornece

dados referentes às receitas e despesas de determinada empresa em certo intervalo de tempo. A

DRE muitas vezes é referida no mercado financeiro como “Demonstração dos Resultados” ou

“Demonstração dos Lucros e Prejuízos (“P&L”, do inglês Profit and Losses).

Ao contrário do Balanço Patrimonial (BP), que descreve as contas de ativo e passivo de

modo estático em determinado momento como se fosse uma fotografia tirada da situação vivida

pela empresa naquele instante, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um

demonstrativo contábil que retrata os resultados obtidos em um intervalo de tempo (uma

variável “dinâmica”). Portanto, segundo Marion (2012), deve haver independência absoluta

entre diferentes períodos, não podendo haver nenhum tipo de acúmulo no resultado de um

período para o imediatamente posterior.

Entre as diversas utilidades desse relatório contábil DRE destaca-se a possibilidade de

analisar o faturamento e a lucratividade da companhia em um determinado intervalo de tempo,

bem como sua eficiência operacional sob diferentes critérios. Em linhas gerais, a equação que

descreve o resultado do período é a seguinte:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 – Custos (e 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎s) (7)

Equação 7 – Equação simplificada para obtenção do lucro do período (Fonte: Autor)

Sob a ótica dos investidores, a DRE é analisada com propósito de avaliação dos

resultados operacionais ou do lucro líquido. Na ótica dos credores, a análise recai sobre a

23
capacidade da companhia em honrar seus compromissos de pagamento de juros e

amortizações de dívidas com terceiros.

Um modelo simplificado da DRE pode ser visto na Tabela 7, seguido de uma explanação:

Tabela 7 – Estrutura simplificada de uma DRE. Fonte: Reelaborado pelo autor, adaptado de Marion (2012)

Receita Bruta de Vendas


( - ) Impostos sobre as vendas
(-) deduções de vendas (descontos, abatimentos, devoluções)
( = ) Receita Líquida de Vendas
( - ) Custo dos Produtos Vendidos
Materiais e Insumos Consumidos
Mão de Obra Direta e Indireta
Depreciação Industrial contábil 1
Outros Gastos de Fabricação
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Comerciais e Administrativas
Comissões e Fretes Sobre Vendas
Salários Comerciais e Administrativos
Depreciação (Comercial e Administrativa contábil 2)
Outros Gastos Comerciais e Administrativos
( + ) Outras Receitas Operacionais
( = ) Lucro Operacional = Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras (RADRF)
(lembrete … EBITDA = RARDF+DEP CONTÁBEIS (contábil 1 + contabil2)
( +- ) Receitas e Despesas Financeiras (RDF)
Receitas Financeiras
Despesas Financeiras
Variações Cambiais e Monetárias
(=) LAIR (Lucro Antes do IR) + Deps contábeis - Dep Tributável = LUCRO TRIBUTÁVEL = LT)
(Lembrete: LT * ir alíquotas = IRPJ + CSLL)
LL LUCRO CONTÁBIL = LAIR – IR – Dep Contábeis (Resultado líquido contábil)

( = ) LUCRO Líquido do Exercício

Segundo Marion (2012), a DRE se inicia pela receita bruta, ou seja, pela receita

proveniente da venda de produtos e/ou prestação de serviços, incluindo todos os impostos

incidentes, devoluções e descontos concedidos sobre o preço de venda. Em seguida deve-se

deduzir da receita bruta todo o tipo de descontos, devoluções e abatimentos, bem como

impostos incidentes sobre as vendas - os mais comuns sendo IPI (Imposto sobre Produtos

Industrializados), ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços), ISS (Imposto

sobre Serviços), PIS (Programa de Integração Social) e Contribuição sobre o Financiamento

Social (COFINS).

Após a dedução dos valores supracitados obtém-se a Receita Líquida de Vendas, que

representa a receita real da companhia, já que os impostos sob vendas pertencem ao Estado

em suas várias instâncias.

24
Da Receita Líquida subtrai-se o custo dos produtos vendidos (mercadorias vendidas ou

serviços prestados), para a obtenção do Lucro Bruto do período; ressaltemos que um dos

custos dos produtos vendidos é a depreciação contábil 1; do Lucro Bruto são deduzidas todas

as despesas operacionais a fim de obter o resultado antes de receitas e despesas financeiras,

usualmente chamado de Lucro Operacional. Por despesas operacionais entende-se Despesas

de Vendas (despesas com funcionários da área de vendas, comissões sobre vendas, esforços

de marketing e publicidade, além das provisões para devedores duvidosos), e Despesas

Administrativas (salários e encargos financeiros de funcionários da administração, aluguéis de

imóveis, material de escritório, seguros do escritório, depreciação de móveis e utensílios –

observe-se mais um tópico que inclui a depreciação contábil 2).

A partir do Lucro Operacional é retirado o Resultado Financeiro, que nada mais é do

que o resultado líquido entre Receitas Financeiras e Despesas Financeiras, obtendo ao final o

Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). As Receitas Financeiras de uma companhia são

resultado das aplicações financeiras, geralmente oriundas de caixa excedente.

Ao LAIR somam-se as depreciações contábeis (1+2), e retira-se a depreciação

tributária, obtendo-se o Lucro tributável, onde, então, são aplicadas as alíquotas do Imposto

de Renda e a da Contribuição Social.

Para uma empresa que fabrica os produtos que vende, a forma de apropriação dos valores

é mais complexa do que em casos comerciais ou de serviços. As matérias-primas e materiais

secundários são adquiridos e transformados em produtos em elaboração que, quando

finalizados, vão para o estoque de produtos acabados. Na etapa de fabricação são agregados os

custos diretos (pessoal, depreciação1 de equipamentos etc.) e os indiretos (pessoal de

supervisão e outros custos de fabricação). Os procedimentos de transferência de valores entre

contas de forma que a empresa tenha uma estimativa do custo de seus produtos é o objeto da

contabilidade de custos. (MARTINS; 2010).

25
A depreciação nem sempre é explicitada nos Demonstrativos da empresa; uma parcela

poderá estar inserida no Custo dos Produtos Vendidos, como é o caso da depreciação de

equipamentos utilizados no processo produtivo (Contábil 1). Outra parcela poderá estar

incorporada nas Despesas Operacionais, como no caso da depreciação de computadores na área

de Vendas (Contábil 2).

Portanto, o Lucro Contábil não é uma representação do caixa gerado pela empresa. Como

a depreciação contábil é uma despesa não-caixa, para que se obtenha uma visão de caixa esta

deve ser adicionada de volta ao Lucro Operacional para se obter o fluxo de caixa da empresa.

No entanto, embora a depreciação (TRIBUTÁRIA) seja um item não-caixa, ela tem efeitos nos

impostos sobre o lucro. Assim, uma métrica comumente utilizada como aproximação (proxy)

para avaliar a geração potencial de caixa operacional é o EBITDA, uma vez que este não

considera a depreciação, impostos sobre o lucro e também não considera o resultado financeiro

– que não é parte da operação em si – e possibilita a comparação entre empresas de diferentes

setores e países ao também não considerar os efeitos tributários (dos impostos sobre o Lucro).

6.2. Demonstrativos dos Fluxos de Caixa (DFC)

Através da Demonstração do Resultado do Exercício é possível apurar o Lucro Líquido de

determinado período. No entanto, a análise deste relatório contábil não permite visualizar as

variações ocorridas no caixa da empresa nesse mesmo intervalo de tempo, algo fundamental

para que se possa prever os fluxos de caixa livres aos acionistas e, por conseguinte, apurar o

valor da empresa segundo o método do Fluxo de Caixa Descontado, (Damodaran, 2010). Isso

acontece, fundamentalmente, em decorrência do descasamento que há entre algumas contas

da DRE (itens operacionais) e a real entrada ou saída de caixa.

26
Como citado previamente, há uma série de ajustes não caixa a serem feitos, além da

inclusão de contas que não necessariamente passam pela DRE, a fim de se obter o saldo

existente de caixa no final do período.

Segundo Marion (2012), o principal ajuste não caixa existente é a soma dos valores da

depreciação contábil e amortizações de volta ao resultado do período (compondo o EBITDA).

A explicação para tal necessidade reside no fato da depreciação e amortização serem

fenômenos econômicos e não financeiros, portanto não há encaixe ou desencaixe proveniente

de sua apuração. Trata-se de conta que reduz o lucro em última instância, na medida em que é

contabilizada na Demonstração do Resultado do Exercício como despesa; no entanto não

representa saída de caixa (uma vez que o caixa saiu quando o ativo foi adquirido e pago).

Nesse caso, deve-se “devolver” o valor subtraído, adicionando-o de volta ao resultado do

exercício quando da elaboração do fluxo de caixa operacional.

Feitos todos os ajustes e incluídas todas as contas que afetam o caixa no período obtém-

se a variação líquida de caixa, que somada ao caixa disponível no início do período resulta no

caixa ao final do período, que por sua vez deve ser igual ao caixa registrado no Balanço

Patrimonial.

Assim, o fluxo de caixa operacional pode ser aproximado por:

Resultado Líquido do Exercício (LAIR)


( +/ - ) Resultado Financeiro
( - ) Tributos sobre o lucro
( + ) Depreciações contábeis, CUSTOS FINANCEIROS (- RECEITAS FINANCEIRAS)
e Amortizações
( = ) EBITDA

O EBITDA é, portanto, uma melhor aproximação do retorno de um investimento e pode-

se definir o ROI (Return on Investment) como:


6789:;
𝑅𝑂𝐼 = 8<=>?@AB><@C 8<ADAEF

Equação 8 – Return on Investment

27
Chama-se atenção para o fato de que o EBITDA é uma melhor aproximação de retorno,

e não o Resultado Líquido Contábil (uma consideração contábil ou tributária). (GONÇALVES

et al., 2009)

Não esquecer outras óticas de análise de rentabilidade como ROE (Return on equity), que

atende aos investidores, e ROA (return on assets) geralmente utilizado pelos executivos e

gestores dos ativos.

7. CONCLUSÕES

Procuramos aqui demonstrar além de análises sobre o cálculo do lucro tributável usando

a vida tributária (fiscal), também demonstramos os cálculos sobre a vida útil e o custo do

investimento apropriado a produtos/serviços, e à influência do estímulo tributário

proporcionado pela legislação em vigor na vida econômica de um ativo, um cálculo que envolve

a inter-relação de vários conceitos de depreciação (depreciação tributária, vida útil, valor

residual e vida econômica). Com isto foi demonstrado que a vida econômica pode ser

antecipada com um cálculo adequado que inclui o efeito da depreciação tributária na

substituição econômica de um ativo. Outra constatação é a de que este incentivo oferece a

possibilidade de se operar com ativos de menor custo operacional, o que permitirá operações

mais eficientes e econômicas.

A consideração do estímulo tributário dado pelo abatimento da depreciação dos

investimentos no pagamento do imposto de renda, portanto, deve ser levada em consideração

na análise de substituição de ativos, com significativa melhoria de resultados tanto na

produtividade sob o ponto de vista microeconômico quanto macroeconômico.

Outra contribuição da presente análise, portanto, além de reintroduzir a discussão no

Brasil, agora em ambiente de economia estabilizada e conforme a regulamentos internacionais

no padrão IFRS (e sua derivada compliance), é a de demonstrar o efeito da depreciação

28
tributária no tradicional método de decisão sobre substituição proposto inicialmente por

Fleischer (1973; pág. ): “(...) vida econômica é o número de anos em que o custo anual uniforme

equivalente é minimizado”.

As várias interpretações da depreciação também foram consideradas nos demonstrativos

financeiros – Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) e no Demonstrativo de Fluxo

de Caixa (DFC).

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Atkinson, A. A., Banker, R. D. Kaplan, R. S., Young, M. (2011). Contabilidade Gerencial. São Paulo:
ATLAS.
Bennet, A. H. M. (1972). Depreciation and Business Decision-making. Accounting and Business
Research, vol 3:9, pp. 3-28. doi: 10.1080/00014788.1972.9728993
Decreto Lei nº 3.000, de 26 de Março de 1999. (1999). Dispõe sobre o Regulamento do Imposto de
Renda de 1999 -. Artigo 305 da Resolução do Imposto de Renda (RIR/99). Altera a legislação do
imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá
outras providências.
Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. (2007). Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de
15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de
grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
Lei Nº 9.249 de 26 de dezembro de 1995. (1995). Altera a legislação do imposto de renda das pessoas
jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências.
Casarotto Filho, N., Kopittke, B. H. (2010). Análise de investimentos: matemática financeira;
engenharia econômica; tomada de decisão; estratégia empresarial. 11.ed. São Paulo: Atlas. 432 p.
Casarotto Filho, N., Kopittke, B. H. (1990). Análise de Investimentos - 4a. Edição – São Paulo:
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Catelli, A., Parisi, C. Santos, E. S. (2003). Gestão econômica de investimentos em ativos fixos.
Revista Contabilidade & Finanças. vol.14 nº.31. São Paulo. Doi:10.1590/S1519-
70772003000100003
Costa, R. P. (1996). O lado contábil da substituição econômica. Anais do II CONGRESSO
INTERNACIONAL DE ENGENHARIA INDUSTRIAL e XVI ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – ENEGEP. São Paulo, SP, Brasil.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) - Pronunciamento Técnico (CPC 27) -
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?/id=58
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/316_CPC_27_rev%2013.pdf. Acessado em 15/06/2019.
Damodaran, A. (2010). Avaliação de investimentos. Ferramentas e técnicas para a Determinação do
Valor de Qualquer Ativo, 2. ed. São Paulo: Qualitymark. 1.036 p.
Fadigas, O. F. T. (2006). Fundamentos de Engenharia Econômica. São Paulo. THOMPSON.
Fleischer, G.A. (1973). Teoria da Aplicação do Capital - São Paulo: Editora EDGARD BLUCHER.
Gonçalves, A., Neves, C., Calôba, G., Nakagawa, M., Motta, R. R., Costa, R. P. (2009). Engenharia
Econômica e Finanças. Rio de Janeiro; Elsevier.

29
(IFRS) International Financial Reporting Standard - normas internacionais de contabilidade; conjunto de
pronunciamentos contábeis internacionais publicados e revisados pelo IASB (International Accounting standards
Board). Acessado em:
Keynes, J. M. (1982). A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Rio de Janeiro. ZAHAR.
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Nakano, Y. Engenharia econômica e desenvolvimento. (1967). Revista de Admnistração de
Empresas. v. 7, n. 22, p. 89-112 . São Paulo: Available from
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Neves, C. (1981). Análise de Investimentos: Projetos Industriais e Engenharia Econômica. Rio de


Janeiro. ZAHAR.
\
ANEXO

Tabela Price
(A/F)

i.(1 + i )
1) Se VR = 0 n Fator de
i recuperação do K
A = P. + i.P = P.
(1 + i ) - 1
n
(1 + i )n - 1 (A/P)

Remuneração do K
Amortização
(depreciação?)

Fazer um fluxo com os três componentes

30
Tabela Price
(A/F)
1) Se VR ≠ 0
VR i VR
A = {[ P - ]. } + [P - ].i
(1 + i ) (1 + i ) - 1
n n
(1 + i )n

Remuneração do K
Amortização
(depreciação?)

Fazer um fluxo com os três componentes

1) Se VR≠0 Tabela Price

i.P i.VR i.VR


= P. − + i.P − =
(1 + i )n −1 (1 + i )n .[(1 + i )n −1] (1 + i )n

1 1 1
= i.P.[ +1] − i.VR.[ + ]=
(1 + i )n −1 (1 + i )2n − (1 + i )n (1 + i )n −1

n n
1 + (1 + i ) −1 1 + (1 + i ) −1
= i.P.[ ] − i.VR.[ ]=
n 2n − (1 + i )n
(1 + i ) −1 (1 + i )

= i.P.[
(1 + i )n ] − i.VR.[ 1
] = se.somar.e.subtrair. por.VR
(1 + i )n −1 (1 + i )n −1

= i.P.[
(1 + i )n ] − [ i.VR ] − i.VR + i.VR = P.FRC − i.VR
− i.VR + i.VR =
(1 + i )n −1 (1 + i )n −1 (1 + i )n −1

i.VR − i.VR. (1 + i )n + i.VR


= P.FRC − + i.VR = [P − VR].FRC + i.VR
1 + i n −1
( )

31

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