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RESUMO
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ABSTRACT
Considering depreciation in taxation and accounting terms, and support models for
The calculus of depreciation in its various connotations involves several factors, among which
we can point out: i) professional interdisciplinarity - manager, economist, accountant and tax
analist; ii) the pre requisite of accounting and financial mathematics as elements of application
in depreciation calculations; and iii) the varied set of possible situations, mainly due to the
multifaceted legislation and the various accounting mechanisms (managerial, financial and
taxation concepts for the different uses of the term depreciation. This paper discusses four types
of depreciation: physical, tributary, accounting and economic, and its main methodological
artifacts represented by five (5) didactic models. For the calculation of economic life an original
express the appropriate calculation of the economic substitution of a fixed asset; this model
demonstrates the economical substitution of a fixed asset with significant advantages not only
in monetary gains but also in physical productivity, since it is justified to operate with newer
and more productive assets. It also shows the influence of depreciation concepts and their
calculations on the economic-financial result of a company, using two financial statements: the
income statement for the year (DRE) and the cash flow statement (DFC). Finally, depreciations
effects considering different breakeven points (accounting, financial and economic) are
presented.
financial statements.
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1. INTRODUÇÃO
Depreciação é um termo que possui muitos significados, e pode ser considerado em geral
períodos futuros. Terras, terrenos, lotes, áreas para incorporação imobiliária, por exemplo, são
Iniciemos com uma definição institucional para valor depreciável, conforme o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2019):
“Valor depreciável de um bem é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o
Custo (Valor Original de Aquisição, ou Último Valor Depreciável Registrado), menos o seu
Valor Residual Final Estimado em uma data determinada. Este valor substituirá o valor
original do bem para efeito do cálculo da depreciação.”
independência, não estando mais regida por critérios determinados pelo “fisco” nacional, mas
sim por critérios determinados pelas normas do International Financial Reporting Standards
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Do ponto de vista contábil, portanto, independentemente de ditames tributários (que serão
depreciações em conformidade com sua essência; assim a vida a ser considerada de um ativo é
definida em termos da utilidade esperada do ativo para a empresa e não ao regime fiscal oficial.
A estimativa da vida útil do ativo para a empresa é uma questão de julgamento baseada na
experiência da entidade com ativos semelhantes. O método de depreciação a ser utilizado deve
ser o que melhor refletir o padrão de consumo (exaurimento), pela entidade, dos benefícios
econômicos futuros, devendo ser revisado ao menos uma vez por ano.
Em termos tributários, por sua vez, o cálculo da depreciação deverá obedecer aos critérios
determinados pelo governo através da Secretaria da Receita Federal, conforme artigo 317 do
estipula que as empresas que auferirem lucros poderão fazer uso da depreciação como
abatimento “artificial” dos seus resultados a serem oferecidos à arrecadação tributária (Imposto
de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL). A taxa
anual de depreciação será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização
econômica do bem pelo contribuinte na produção de seus rendimentos. Esse abatimento aplica-
se para aquelas empresas que optam pela tributação com base no Lucro Real, não sendo factível
no caso de Lucro Arbitrado ou para empresas optantes pelo Simples e Lucro Presumido.
Ora, se uma entidade reconhece que um ativo tem vida útil de X anos e que o melhor
contabilidade à engenharia econômica, como veremos adiante), é o método Y, então, assim, este
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ativo estará apresentado nas demonstrações financeiras. Se o sistema de imposto de renda dita
que tal ativo deve ser depreciado em cinco anos, pelo método linear, por exemplo, então, é nos
livros tributários que assim se fará, e não na contabilidade da empresa; e os efeitos no Imposto
Como o entendimento destes conceitos leva a cálculos complexos e algumas vezes inter-
relacionados, este trabalho tem a finalidade de apresentar algumas de suas importantes formas
contábil e econômica, e seus principais artefatos de cálculo a serem demonstrados por exemplos
didáticos. O último estudo didático apresentado - como Exercício (5)-, original em relação à
expressar o adequado cálculo da reposição econômica de um ativo fixo e que pode ser usado
como proxy de depreciação contábil, quanto como vida econômica ótima de substituição,
operacional de uma empresa é também refletida com sua presença em seus principais
Caixa (DFC).
Além desta introdução (cap. 1), os restantes capítulos deste trabalho compõem: 2.)
Conceitos de Depreciação; 3.) Tipos de Depreciação x Vida Útil; 4.) Tipos de Depreciação e
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Atkinson et al. (2011), uma diferenciação muito usada hoje em dia. Observe-se que nos
Contabilidade Gerencial.
2. CONCEITOS DE DEPRECIAÇÃO
O conceito de depreciação, muito embora facilmente entendido como uma provisão, não
se trata estritamente de uma, pois não representa um passivo. Semanticamente falando, trata-se
de uma dedução sistemática do valor contábil, em conformidade com sua vida útil. Daí constar
no lado das contas do Ativo, com valor negativo, na Contabilidade Financeira. Cumpre destacar
Contingentes – esclarece que a depreciação é um ajuste dos valores contábeis de ativos e não
deve ser tratada como provisão, embora em alguns países o termo “provisão de depreciação”
é geralmente entendida como uma medida do valor do ativo consumido durante um período.
de renda.”
física (real), tributária, contábil e econômica. Este último significado se desdobra, pois tem
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sentido tanto econômico quanto financeiro e recebe efeito também pela depreciação contábil
A depreciação física está relacionada com a vida útil do ativo, com efeitos no custo do
está ligada à vida econômica “ótima” do ativo, e é função de uma série de fatores, entre os
(valor residual de mercado). Estes dois conceitos de depreciação, portanto, são estabelecidos
A depreciação tributária, por sua vez, está ligada à apuração formal de lucros exigida
“estoque” em “um fluxo”; ou, no caso de depreciação tributária, um investimento com vida
com ativos mais novos, com menor risco de quebras e avarias, e, portanto, execução de
operações com maior eficiência; pela ótica macroeconômica, o estímulo fiscal funciona como
uma Política Industrial visando aumento da demanda de (novos) investimentos com reflexos na
produtividade da economia.
financeiras e contábeis que podem ser daí derivadas, conforme mostra a Tabela 1, a seguir:
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Tabela 1 – Tipos de depreciação x vida útil do ativo x forma de avaliação. Fonte: Autor
Tipo de
Definição de Vida Útil Forma de Avaliação (Baixa ou Substituição)
Depreciação
Período de tempo em que o ativo sofre desgaste ou deterioração por uso ou Período que maximiza o Valor Presente Líquido
Real
obsolescência por funcionalidade dos Fluxos de Caixa da Operação
Período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou o número de Período em que o valor contábil líquido supera
Contábil unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela ou iguala os benefícios econômicos futuros
utilização do ativo obtidos pelo cálculo da depreciação real
Período em que o bem está fiscalmente
Tributária Período de tempo fixado por lei desgastado, independentemente de
considerações contábeis, reais ou econômicas
Período no qual se obtém o Custo Equivalente
Econômica Época ótima na qual se obtém o maior benefício econômico pela utilização do ativo
Mínimo ou Valor Equivalente Máximo
vezes com o termo físico; e se dá, também, devido às variações do valor do dinheiro no tempo,
física (real, neste caso), representaria a duração plena de um ativo. Exemplos de tomadas de
decisão gerenciais (Catelli et al., 2003; Casarotto et al., 2010) que envolvem a depreciação
física (real) são os de cálculo da vida de um equipamento quando cai a demanda de seus
produtos.
Outro cálculo de depreciação física (real) como veremos mais adiante, é o de como se
apropriar o custo do uso de um bem de capital (custo do investimento) nos custos dos produtos
e serviços visando tomada de decisões, como, por exemplo, formação de preços, quantificação
A depreciação tributária, por sua vez, é uma despesa dedutível, pois reduz o lucro
(tributável), permitido pelas “práticas geralmente aceitas”, mas que não afeta o caixa,
aumentando o lucro líquido final e o caixa disponível da operação. Aqui um efeito que será
discutido mais à frente com o conceito do lucro antes dos juros, custos financeiros, impostos
sobre o lucro, depreciações e amortizações (LAJIDA); ou, em inglês, Earning before interest,
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A temporalidade na depreciação contábil, por sua vez, seria definida como o período de
funções ainda dentro da vida física; por isto o termo funcionalidade. A vida útil depende do
totais de um ativo fixo; um conceito, como se vê, de engenharia econômica. Neves (1982, p.85)
equipamento por outro similar nas mesmas condições de operação e de custos iniciais,
– física (real), contábil e econômica, cujos cálculos são estabelecidos, vale repetir, pela
engenharia econômica, impactam análises que vão desde; i) cálculo do custo do investimento
nos produtos e serviços - cálculo este utilizado, por exemplo, para apoiar a formação de preços
e o cálculo do valor econômico adicionado (economic value added); ii) cálculo para apurar a
rentabilidade de produtos e serviços; e, iii) cálculo do custo uniforme equivalente mínimo que
A depreciação física (real) refere-se à perda de valor (econômico) do ativo devido ao seu
uso e inevitável desgaste. A depreciação física está ligada às vidas física, útil ou funcional que
o Capital Fixo (Investimento) possui. Para Fadigas (2006, p. 23), “os elementos que constituem
o ativo fixo da empresa – equipamentos, edifícios, instalações etc., sofrem uma perda de valor
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com o uso ou com o passar do tempo. Esta perda de valor não recuperada pelos serviços de
Uso
exaustão ou manutenção excessiva dos ativos fixos; por acidentes ou combinação de fatores.
Funcional
resultantes das alterações das condições normais de sua operação, levando a retirar de serviço,
de incapacidade produtiva do ativo fixo para executar os serviços, por várias causas (aumento
ou queda da demanda; mudança de processos, etc.). Há neste conceito muita semelhança com
e contabilizadas separadamente.
É difícil determinar a perda do valor ao longo do tempo, pois somente nos casos em que
Dois exemplos de cálculo de depreciação física (real) serão aqui apresentados: i. cálculo
da vida operacional quando há queda de demanda; e ii. cálculo da apropriação do custo de uso
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i. Vida Operacional (útil) – (Exercício 1)
prevendo-se, para os próximos três anos, as receitas líquidas e os valores residuais conforme
tabela 2, a seguir (valores em $). Neste caso, a vida útil se reduziria devido à queda de demanda
e se trata de um sentido de vida econômica, também conhecido como problema da baixa sem
Sabendo-se que hoje (instante zero, por definição!), o preço (investimento) é $ 400, e
que a taxa de mercado é 10 % ao ano (supondo igual à taxa atrativa mínima), quando deverá
ser encerrada a operação? Observe-se que foram usados os conceitos de valor residual de
tempo).
Tabela 3 – Solução do exercício 1 pelo método do Valor Atual Líquido. Fonte: Autor
período 0 1 2 3
1 (1+i)t 1 1,1 1,1 1,1
2 Valor residual 400 300 200 100
3 Custo operacao 0 80 100 120
4 Receita 0 240 220 200
5 (2+4-3) 400 460 320 180
6 (5/1) VA (5) 418 291 164
7 [-2 (t-1)+6] VA total 18 -9 -36
Sabemos que usando o VAL (Valor Atual Líquido) para as comparações dos períodos,
não precisamos explicitar os investimentos feitos para igualar as durações de tempo [Ver
Fadigas (2006)]. Os cálculos podem ser facilmente sistematizados numa planilha, como mostra
a Tabela 3, acima. Vemos que a melhor alternativa - vida econômica operacional que apresenta
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o melhor valor atual líquido -, é dar baixa no fim do ano 1, pois neste período se apresenta o
capital investido. O custo de uso do bem neste período, conforme Fadigas (2006), é o custo
anual equivalente (CAE), que independe da seqüência das depreciações, e sim do valor inicial
Apresentemos a fórmula:
j(1+j)n
CAE=(V0 −Vn ) +jVn (1)
(1+j)n −1
Para Fadigas (2006, p. 35) “(...) o custo anual equivalente compõe-se de duas parcelas:
depreciará nos n períodos de uso, e a segunda serão os juros da parcela Vn que se mantém
Façamos exemplo numérico para mostrar como calcular o custo do investimento a ser
Equivalente (CAE):
equipamentos total de $ 5.000.000 (V0). O ciclo de vida considerado deste produto é de 10 anos
(n) e a taxa de atratividade (tma) de 20% a.a. (mercado de alta rentabilidade), custo direto
unitário (cd) de embalagens etc. de $1.500/unidade, e vendas de 5.000 unidades por ano. Formar
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o custo total unitário (cut) do produto, que soma o custo operacional unitário ao custo do
investimento realizado.
0,2(1 + 0,2)10
CAE = (5.000.000 - 0) +0
(1 + 0,2)10 - 1
CAE = 1.192.613
do produto.
econômico da depreciação faz com que esta seja considerada, não um custo indireto, vinculado
ao período e alocado a produtos e áreas de responsabilidade por meio de rateios, mas sim
como um custo variável, por hora-máquina utilizada, diretamente identificado aos produtos
impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL), permite-se retirar da receita bruta - descontada dos
(tributária) do capital fixo (investimentos). Para fins tributários, no caso brasileiro, a somatória
distribuir a perda do valor do ativo durante sua vida útil. Lembre-se que a depreciação entra
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contabilmente no lado do Ativo, com sinal negativo. Supondo um grau constante de utilização
diretamente empregado na operação, e será apropriado como custo, pois os ativos que não forem
usados diretamente na operação terão suas depreciações contabilizadas como despesa. Consiste
que mostra uma aplicação em um fluxo de caixa prospectivo de uma empresa. Podemos
classificar os tributos em três (3) tipos: tributos que não dependem do faturamento da empresa
Impostos sobre o lucro (hoje são 2), que permite desconto da depreciação (Imposto sobre a
renda de pessoas jurídicas – IRPJ, e contribuição social sobre o lucro líquido - CSLL).
Exercício 3
Uma empresa está estudando a aquisição de um equipamento que custa $100 mil. A
mil por ano durante toda a vida funcional estimada em 8 anos, quando se estima que o
equipamento poderá ser vendido por $ 40 mil (valor residual). A vida tributária legal é de 5
anos. Montar a tabela de fluxo de caixa após IR (alíquota de IR e CSLL = 30%), e calcular a
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a Fluxo
Receita Lucro Lucro Fluxo final
n INV Custo antes do Depreciação IRPJ
Líquida Bruto Tributável após IRPJ
o IRPJ
0 -100 -100 -100
1 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
2 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
3 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
4 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
5 50 -20 30 30 -20 10 -3 27
6 50 -20 30 30 30 -9 21
7 50 -20 30 30 30 -3 27
8 40 50 -20 30 70 70 -21 49
TIR = 27% TIR = 22%
Ressalte-se que o fluxo final após o IRPJ não retira a depreciação, pois seria “dupla
contagem” já que está sendo considerado o valor inicial do bem de capital (investimento) no
início do fluxo. A depreciação entrou no cálculo apenas abatendo o Lucro Tributável para o
cálculo do imposto de renda devido. Vale observar que este é o sentido de não se incluir a
depreciação no fluxo de caixa final, configurando o conceito que será apresentado à frente de
Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – LAJIDA (em inglês o conhecido
EBITDA).
A taxa interna de retorno antes do imposto de renda é de 27% a.a., enquanto a taxa depois
do imposto de renda seria de 22% a.a. Observação importante é que após os cinco (5) primeiros
anos, o ativo foi depreciado tributariamente, mas continua ativo, pois sua vida funcional foi
estabelecida para os oito (8) anos, quando seria então vendido com valor residual (40). Na
IR Diferido.
cada ativo a ser considerada, o que pode mudar consideravelmente os resultados se aplicados
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gestor poderá estabelecer argumentos adequados à realidade de sua firma, diferentes daqueles
considerados para apuração tributária. Assim, um automóvel, por exemplo, embora tenha uma
vida útil (teórica tributária) de cinco anos, não precisa ser depreciado neste tempo para fins
gerenciais (depreciação contábil), pois a sua vida funcional (útil) será bem maior do que isso,
principalmente se os resultados da empresa não forem sempre de lucros para serem "poupados"
ativo que está sendo usado for substituído no seu descarte, fazendo a entidade "poupar" recursos
que seriam provavelmente distribuídos aos sócios ou acionistas, já que o lucro contábil da
entidade, que será distribuído "monetariamente", foi reduzido por um efeito contábil "não
Depreciação.
A depreciação econômica, por sua vez, está ligada à vida econômica de um ativo - "(...)
vida de serviço igual ou menor do que a vida física máxima, que fornece o custo anual uniforme
equivalente mínimo" – FLEISCHER (1973; p.121), e é função de uma série de fatores, entre os
(Valor Residual). Mostraremos, à frente, exercício sobre a vida econômica (Exercicio 4).
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Tem sido disseminada no Brasil a aplicação de modelos de Engenharia Econômica em
análise de decisões na substituição de ativos, como, por exemplo, baixas sem reposição,
substituição versus reforma, substituição de ativos próprios por serviços de terceiros, introdução
de melhorias em ativos existentes (Fadigas, 2006; Gonçalves et al., 2009; Kopittke, 1990;
Casarotto (2010) mostra a definição de vida econômica tendo como exemplo duas
características dos ativos fixos: de eficiência decrescente e vida útil previsível; e de eficiência
constante e vida útil imprevisível. No primeiro caso, com o passar do tempo, o ativo vai se
desgastando pelo uso e os custos de manutenção vão aumentando, ao passo que o seu valor de
venda no mercado vai diminuindo. Chegamos então a uma situação em que não é
desempenho adequado, devemos dar baixa do mesmo, isto é, cessar de operá-lo. Dizemos que
ele atingiu o fim da sua vida econômica. Problemas deste tipo serão designados como
problemas de substituição.
No segundo caso, o equipamento mantém a sua eficiência até que falha repentinamente,
de modo imprevisível e aleatório. Como esta falha pode causar prejuízo, pode ser
Uma locomotiva da marca Z custa nova $ 100.000. Estima-se que os valores de mercado
que a taxa de juros é 12% a.a., em que período (vida econômica) o equipamento deve ser
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[$1000]
Anos de uso [ t ] 0 1 2 3 4 5 6 7
0 Preço 100
1 Valor de mercado [$1000] 80,0 64,0 51,2 41,0 32,8 26,2 21,0
Custo de manutenção
2 [$1000/ano] 6,0 6,4 11,5 19,5 31,3 47,0 65,8
3 (1 = i)t => i = 12% aa 1,12 1,25 1,40 1,57 1,76 1,97 2,21
4 VA de (1) -> (1)/(3) 71,4 51,0 36,4 26,0 18,6 13,3 9,5
5 VA de (2) -> (2)/(3) 5,4 5,1 8,2 12,4 17,8 23,8 29,8
6 VA Acumulado de (4) 5,4 10,5 18,7 31,1 48,9 72,7 102,4
7 VA (t) = 0 + 6 - 4 33,9 59,4 82,2 105,0 130,3 159,4 192,9
8 CAE (t) (6) 38,0 35,2 34,2 34,6 36,1 38,8 42,3
Utilizando o modelo de CAE (Equação 1 mostrada acima), tem-se uma vida econômica
($ 18,7) – Valor de mercado do bem ($ 36,4); tudo a valor presente. Este VA ($ 82,2), então, é
transformado em CAE (3) = $ 34,2. Daí poder comparar com CAE dos outros ciclos, mostrando
um mínimo de $ 34,2 para o terceiro ano. Este é o mínimo Custo Anual Equivalente dos ciclos
considerados. Como se anualmente tivéssemos um custo de $ 34,2 (em cada um dos 3 anos para
este ciclo!). Aí sim poderíamos comparar fluxos com tempos diferentes através do conceito do
Uma empresa que trabalhe com ativos mais novos (por exemplo, com substituição em 1
ano), indicaria – usando o exemplo acima -, que a diferença de CAE do primeiro e do terceiro
ano (36 – 34,2 = 1,8) indicaria um “prêmio” (de seguro) ao se utilizar ativo mais novo - caso
As razões apontadas por Casarotto et al. (2010) para a substituição/reposição podem ser
agrupadas nos seguintes casos gerais: Baixa sem reposição (apresentada acima como um caso
de vida útil; ver exercício 1); Substituição Idêntica (ver Exercícios 4 e 5) e Não idêntica (normal
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5. O CÁLCULO DA SUBSTITUIÇÃO ECONÔMICA (Exercício 5)
Este caso integra as análises considerando vida tributária, vida física e vida econômica.
geral. O primeiro descreve a perda de valor do equipamento com o tempo. O segundo refere-se
Suponhamos que uma determinada máquina seja adquirida por Po ($). Decorridos n anos,
a máquina, já bastante usada, e a exigir cada vez mais manutenção e reparos, não consegue
obter preço de venda superior a Pn ($) no mercado. Diz-se que a máquina depreciou de Po
fundo um valor durante cada um dos n anos, seria possível adquirir uma nova máquina ao cabo
deste período. Observemos que este conceito envolve o lado econômico e o lado financeiro,
Façamos uma análise do caso em que o valor residual de mercado (Pn) entre na análise
de forma a não só compor o lucro contábil por venda da máquina acima do valor contábil, mas
também que possa ser expresso o benefício tributário da depreciação contábil do ativo, no
com abatimento da depreciação contábil no lucro tributável com vida de cinco anos). Observe
que existem dois tipos de efeitos do pagamento do imposto de renda: 1.) a depreciação do
investimento pode ser abatida do Lucro Bruto; 2.) pode existir lucro contábil pela venda do
ativo fixo no período, com cobrança de Imposto de Renda respectiva. COSTA (1996)
Dados do problema:
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a (i; n) - Fator que transforma valor presente (P) em série uniforme (A), dados o juro
(i) e o período (n). Lembremos que se trata do conceito de custo anual equivalente
(CAE) ou conhecido como tabela Price:
O modelo de cálculo do custo anual uniforme equivalente CAE (n) pode ser representado,
n
CAE (n) = P(0) - [P(n) . (1 + i)-n] + [S C (k) . (1 + i)-k ] . a (i; n) (3)
k=1
Equação 3. Custo anual equivalente incluindo Valor residual P(n). Fonte: Fadigas (2006).
Considerando o pagamento sempre no final do período n, e dado que o valor contábil no instante
n é:
do imposto de renda devido ao lucro tributável [P(0) - P(n)] pela venda do ativo no mercado;
n n
VP(n) = P(0)-[P(n).(1 + i) ] + S C(k).(1 + i) - S[a.P(0)/b].(1 + i)-k + a.[P(n)-V(n)].(1+i)-n]
-n -k
k=1 k=1
_____(I)________ _____(II)_____ ____(III)_________ ______(IV)________
(Í) - O valor de aquisição P(0) desconta o valor residual P(n) trazido a valor presente
20
(II) – Custo de manutenção (C) acumulado a valor presente
(III) – Imposto de renda da depreciação tributária (é um ganho)
(IV) – Imposto de renda pelo lucro da venda do ativo (é um custo)
Lembrar que o desconto (ao IR) em questão somente se aplica à empresas geradoras de
apontados, conforme modelo proposto, utilizando o critério do custo anual equivalente (CAE).
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(8) acumulado (+) Custo manutencao acum 5,4 10,5 18,7 31,1 48,8 72,6 102,4
(12) (-) IR depreciacao (ganho) 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 0,0 0,0
(7) (-) Valor mercado 71,4 51,0 36,4 26,1 18,6 13,3 9,5
(16) (+) IR s/ lucro contábil 0,0 0,6 1,6 2,7 3,7 2,7 1,9
(1)-(7)+(8
acumulado)-(12)+(16) (=) Valor presente [VP(n)] 29,9 56,1 79,8 103,7 129,9 162,0 194,8
(13) CAE (n) do VP Custo anual equivalente (CAE
(n) (n) 33,52 33,18 33,23 34,13 36,05 39,41 42,69
Este cálculo do custo anual equivalente (CAE) mínimo nos mostra uma vida econômica
de dois (2) anos, e valor econômico (custo anual uniforme equivalente mínimo) de $ 33.18,
pode diminuir (ou aumentar) a vida econômica que corresponde ao mínimo CAE de um ativo,
ou mesmo antecipá-la, como foi o caso em relação ao exercício anterior (4) que não considerava
o efeito tributário? O valor econômico sempre diminuirá - Custo Anual Equivalente em seu
ponto de mínimo -, pois a parcela de desconto do IR sobre lucros devido à depreciação é sempre
maior que a parcela de IR paga sobre lucro tributável devido à venda do ativo - salvo se
contábil - o que é impossível, pois o Valor Contábil sempre “parte” do preço de aquisição P(0).
2) Além disso, a depreciação não impacta o lucro antes dos juros (dos custos financeiros),
imposto de renda, depreciações e amortizações (em inglês conhecido como EBITDA – earnings
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before interest, taxes, depreciation and amortization), mas impacta o fluxo de caixa livre da
porque retira-se o IR do EBITDA para fins de fluxo de caixa, mas não a depreciação (seja qual
for!).
DRE muitas vezes é referida no mercado financeiro como “Demonstração dos Resultados” ou
modo estático em determinado momento como se fosse uma fotografia tirada da situação vivida
variável “dinâmica”). Portanto, segundo Marion (2012), deve haver independência absoluta
entre diferentes períodos, não podendo haver nenhum tipo de acúmulo no resultado de um
bem como sua eficiência operacional sob diferentes critérios. Em linhas gerais, a equação que
Sob a ótica dos investidores, a DRE é analisada com propósito de avaliação dos
resultados operacionais ou do lucro líquido. Na ótica dos credores, a análise recai sobre a
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capacidade da companhia em honrar seus compromissos de pagamento de juros e
Um modelo simplificado da DRE pode ser visto na Tabela 7, seguido de uma explanação:
Tabela 7 – Estrutura simplificada de uma DRE. Fonte: Reelaborado pelo autor, adaptado de Marion (2012)
Segundo Marion (2012), a DRE se inicia pela receita bruta, ou seja, pela receita
deduzir da receita bruta todo o tipo de descontos, devoluções e abatimentos, bem como
impostos incidentes sobre as vendas - os mais comuns sendo IPI (Imposto sobre Produtos
Social (COFINS).
Após a dedução dos valores supracitados obtém-se a Receita Líquida de Vendas, que
representa a receita real da companhia, já que os impostos sob vendas pertencem ao Estado
24
Da Receita Líquida subtrai-se o custo dos produtos vendidos (mercadorias vendidas ou
serviços prestados), para a obtenção do Lucro Bruto do período; ressaltemos que um dos
custos dos produtos vendidos é a depreciação contábil 1; do Lucro Bruto são deduzidas todas
de Vendas (despesas com funcionários da área de vendas, comissões sobre vendas, esforços
que o resultado líquido entre Receitas Financeiras e Despesas Financeiras, obtendo ao final o
Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). As Receitas Financeiras de uma companhia são
tributária, obtendo-se o Lucro tributável, onde, então, são aplicadas as alíquotas do Imposto
Para uma empresa que fabrica os produtos que vende, a forma de apropriação dos valores
finalizados, vão para o estoque de produtos acabados. Na etapa de fabricação são agregados os
contas de forma que a empresa tenha uma estimativa do custo de seus produtos é o objeto da
25
A depreciação nem sempre é explicitada nos Demonstrativos da empresa; uma parcela
poderá estar inserida no Custo dos Produtos Vendidos, como é o caso da depreciação de
equipamentos utilizados no processo produtivo (Contábil 1). Outra parcela poderá estar
Portanto, o Lucro Contábil não é uma representação do caixa gerado pela empresa. Como
a depreciação contábil é uma despesa não-caixa, para que se obtenha uma visão de caixa esta
deve ser adicionada de volta ao Lucro Operacional para se obter o fluxo de caixa da empresa.
No entanto, embora a depreciação (TRIBUTÁRIA) seja um item não-caixa, ela tem efeitos nos
impostos sobre o lucro. Assim, uma métrica comumente utilizada como aproximação (proxy)
para avaliar a geração potencial de caixa operacional é o EBITDA, uma vez que este não
considera a depreciação, impostos sobre o lucro e também não considera o resultado financeiro
setores e países ao também não considerar os efeitos tributários (dos impostos sobre o Lucro).
determinado período. No entanto, a análise deste relatório contábil não permite visualizar as
variações ocorridas no caixa da empresa nesse mesmo intervalo de tempo, algo fundamental
para que se possa prever os fluxos de caixa livres aos acionistas e, por conseguinte, apurar o
valor da empresa segundo o método do Fluxo de Caixa Descontado, (Damodaran, 2010). Isso
26
Como citado previamente, há uma série de ajustes não caixa a serem feitos, além da
inclusão de contas que não necessariamente passam pela DRE, a fim de se obter o saldo
Segundo Marion (2012), o principal ajuste não caixa existente é a soma dos valores da
de sua apuração. Trata-se de conta que reduz o lucro em última instância, na medida em que é
representa saída de caixa (uma vez que o caixa saiu quando o ativo foi adquirido e pago).
Feitos todos os ajustes e incluídas todas as contas que afetam o caixa no período obtém-
se a variação líquida de caixa, que somada ao caixa disponível no início do período resulta no
caixa ao final do período, que por sua vez deve ser igual ao caixa registrado no Balanço
Patrimonial.
27
Chama-se atenção para o fato de que o EBITDA é uma melhor aproximação de retorno,
et al., 2009)
Não esquecer outras óticas de análise de rentabilidade como ROE (Return on equity), que
atende aos investidores, e ROA (return on assets) geralmente utilizado pelos executivos e
7. CONCLUSÕES
Procuramos aqui demonstrar além de análises sobre o cálculo do lucro tributável usando
a vida tributária (fiscal), também demonstramos os cálculos sobre a vida útil e o custo do
proporcionado pela legislação em vigor na vida econômica de um ativo, um cálculo que envolve
residual e vida econômica). Com isto foi demonstrado que a vida econômica pode ser
possibilidade de se operar com ativos de menor custo operacional, o que permitirá operações
28
tributária no tradicional método de decisão sobre substituição proposto inicialmente por
Fleischer (1973; pág. ): “(...) vida econômica é o número de anos em que o custo anual uniforme
equivalente é minimizado”.
de Caixa (DFC).
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Renda de 1999 -. Artigo 305 da Resolução do Imposto de Renda (RIR/99). Altera a legislação do
imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá
outras providências.
Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. (2007). Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de
15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de
grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
Lei Nº 9.249 de 26 de dezembro de 1995. (1995). Altera a legislação do imposto de renda das pessoas
jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências.
Casarotto Filho, N., Kopittke, B. H. (2010). Análise de investimentos: matemática financeira;
engenharia econômica; tomada de decisão; estratégia empresarial. 11.ed. São Paulo: Atlas. 432 p.
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70772003000100003
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INTERNACIONAL DE ENGENHARIA INDUSTRIAL e XVI ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – ENEGEP. São Paulo, SP, Brasil.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) - Pronunciamento Técnico (CPC 27) -
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?/id=58
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/316_CPC_27_rev%2013.pdf. Acessado em 15/06/2019.
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Valor de Qualquer Ativo, 2. ed. São Paulo: Qualitymark. 1.036 p.
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Econômica e Finanças. Rio de Janeiro; Elsevier.
29
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pronunciamentos contábeis internacionais publicados e revisados pelo IASB (International Accounting standards
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on 20 May 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75901967000100005.
Tabela Price
(A/F)
i.(1 + i )
1) Se VR = 0 n Fator de
i recuperação do K
A = P. + i.P = P.
(1 + i ) - 1
n
(1 + i )n - 1 (A/P)
Remuneração do K
Amortização
(depreciação?)
30
Tabela Price
(A/F)
1) Se VR ≠ 0
VR i VR
A = {[ P - ]. } + [P - ].i
(1 + i ) (1 + i ) - 1
n n
(1 + i )n
Remuneração do K
Amortização
(depreciação?)
1 1 1
= i.P.[ +1] − i.VR.[ + ]=
(1 + i )n −1 (1 + i )2n − (1 + i )n (1 + i )n −1
n n
1 + (1 + i ) −1 1 + (1 + i ) −1
= i.P.[ ] − i.VR.[ ]=
n 2n − (1 + i )n
(1 + i ) −1 (1 + i )
= i.P.[
(1 + i )n ] − i.VR.[ 1
] = se.somar.e.subtrair. por.VR
(1 + i )n −1 (1 + i )n −1
= i.P.[
(1 + i )n ] − [ i.VR ] − i.VR + i.VR = P.FRC − i.VR
− i.VR + i.VR =
(1 + i )n −1 (1 + i )n −1 (1 + i )n −1
31