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• Ajuste a valor presente (CPC 01 [R1] e teste de impairment)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
> Explicar os procedimentos que asseguram que os registros dos ativos não excedam os seus valores de
recuperação.
> Descrever o reconhecimento e mensuração de perdas por desvalorização. > Reconhecer as informações
obrigatórias de divulgação para usuários da informação contábil.
• A contabilidade é uma ciência que está dividida em áreas, e uma
delas é a contabilidade societária, que tem como objetivo realizar o
controle fiscal, financeiro e tributário de uma entidade. Para que as
práticas contábeis sejam aplicadas de forma universal entre as
empresas, Pronunciamentos Contábeis são disponibilizados pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Entre os pronunciamentos
contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamen-tos Contábeis
(CPC), o 01 (R1) está relacionado à redução ao valor recuperável de
ativos, com correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS
36, cujo objetivo é estabelecer diretrizes que impeçam que um ativo
seja contabilizado acima do seu valor de recuperação (CPC, 2010)
• Registro de ativos versus valor de recuperação

O CPC 01 (R1), intitulado Redução ao Valor Recuperável de Ativos, foi divulgado em


2010 pelo CFC, e visa garantir que as entidades contabilizem os valores dos ativos de
forma devida. Caso ocorra uma supervalorização no momento do lançamento, este
deve ser retificado por meio de um ajuste para perdas por desvalorização. O CPC 01 (R1)
abrange a contabilização de ajustes de valores por desvalori-zação de todos os ativos,
exceto nos valores de estoque, ativos de contratos, custos para obter ou cumprir
contratos, ativos fiscais diferidos, ativos advindos de planos de benefícios a empregados,
ativos financeiros, propriedade para investimento que seja mensurada ao valor justo,
ativos biológicos, custos de aquisição diferidos e ativos intangíveis advindos de direitos
contratuais e não circulantes para venda e operação descontinuada (CPC, 2010).
• Para facilitar o entendimento do CPC 01 (R1), vamos conhecer as definições
• de alguns termos contábeis que são utilizados nesse pronunciamento, como valor
contábil, unidade geradora de caixa, ativos corporativos, valor justo, valor
recuperável e perda por desvalorização. O valor contabilizado no balanço depois
de descontados os valores de de-preciação, amortização ou exaustão acumulada
é definido como valor contábil, como, por exemplo, o valor de uma mercadoria
excluindo sua depreciação. Já uma unidade geradora de caixa é o menor grupo do
ativo capaz de gerar valores de entrada na conta caixa, como uma linha de
produtos, beleza ou higiene de uma empresa cujo objeto é bens de consumo. Por
sua vez, ativos corporativos são aqueles que contribuem para o fluxo de
• caixa, excluindo apenas o goodwill, como, por exemplo, o prédio da empresa ou
equipamentos de processamento de dados (CPC, 2010).
• Segundo o Manual de contabilidade (VELTER; MISSAGIA, 2011, p. 443), o
valor justo é:
• O valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado,
entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre
si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação
ou que ca-racterizem uma transação compulsória.
• Já o valor recuperável é o maior montante entre o valor justo líquido de
• despesa de venda e o valor em uso. Por fim, entre os conceitos que devemos
conhecer para o estudo do CPC 01 (R1), temos a perda por desvalorização,
que é quando o valor de um ativo ou de unidade geradora de caixa excede o
valor recuperável.
• Dentro do conceito de ativo, entendemos que trata-se de todo bem ou
• direito que gera benefícios econômicos para a empresa. Desse modo, se
em algum momento um ativo não estiver mais gerando valores
econômicos, ele deve ser ajustado, e diante disso surge o conceito de
impairment. Segundo Salotti et al. (2019), um ativo está desvalorizado
quando o lançamento contábil é superior ao valor recuperável. Nesses
casos, deve ser registrado o valor da perda por desvalorização, conhecido
como impairment. O teste de impairment consiste em analisar se houve
perda de recuperação
• do valor do ativo e medir, caso exista, a perda, reconhecendo-a
imediatamente no resultado (GUERRA, 2015).
Reconhecimento e mensuração de perdas por desvalorização
Ao serem identificadas, as perdas por desvalorização, de acordo
com o CPC 01 (R1), devem ser imediatamente lançadas na
demonstração do resultado do exercício (CPC, 2010). No
entanto, precisamos conhecer quais são as situações em que
ocorrem as perdas.
• No exemplo recém-examinado, não ocorreu a perda, mas em situações em
• que são identificadas perdas, elas devem ser contabilizadas e mensuradas de acordo com alguns
critérios, que estudaremos a seguir. Segundo Salotti et al. (2019, p. 273):
• A perda por impairment deve ser registrada na demonstração do resultado do exercício. Recomenda-se
que essa perda seja evidenciada em rubrica específica, de modo que o usuário das demonstrações
consiga analisar o impacto dessa transação. Já a contrapartida dos montantes reconhecidos no
resultado deve ser registrada a crédito no ativo, como conta redutora, de modo que o valor líquido do
ativo seja seu valor recuperável.
• Dessa forma, a perda será debitada numa conta denominada “Perda por
• desvalorização” no resultado do período. Em contrapartida, teremos a conta “Perda estimada” por
redução do valor recuperável, creditando a conta do
• ativo. É importante destacar que uma perda não é definitiva, visto que a situação
• poderá se reverter. Em situações que são identificadas pelo teste de impair-ment e em casos em que de
fato ocorreram alterações no valor da perda, os lançamentos devem ser revertidos
• O processo de reversão de uma perda envolve o lançamento de
estorno
• da contabilização, ou seja, a débito na conta redutora do ativo e a
crédito na conta de resultado do período. Não é permitida a reversão
dos valores das perdas de ágio, ou goodwill, e o valor da reversão não
pode exceder o valor contábil, pois estaríamos diante de uma
reavaliação de ativos, o que no Brasil não é permitido (SALOTTI et al.,
2019).
• As perdas são identificadas pelo teste de impairment e contabilizadas
no
• balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. No
entanto, a contabilidade não é uma ciência estática, e podem ocorrer
mudanças que levem à valorização novamente desses ativos. Nesse
caso, os valores devem ser estornados dos seus respectivos
lançamentos. Assim, em situações em que haja uma valorização,
esses valores devem ser registrados, obedecendo a padrões
estabelecidos no CPC 01 (R1).
• Estoques (CPC 16 [R1])

• Estabelecer o tratamento contábil para os estoques. > Diferenciar a


mensuração pelo valor de custo e pelo valor realizável líquido. >
Relacionar os itens obrigatórios de divulgação sobre os estoques.
• Introdução
• Em decorrência da necessidade de alinhar a contabilidade brasileira com as regras contábeis
internacionais, os órgãos normativos de nosso país desenvol-veram normas com a finalidade
de acompanhar a legislação contábil mundial. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC), entidade responsável pela emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de
contabilidade a serem adotados pelos profissionais contábeis, editou pronunciamentos com
a finalidade de melhorar a qualidade e a confiabilidade das demonstrações contábeis. Ao
gerar dados mais confiáveis, a contabilidade propicia segurança aos gestores e demais
interessados nas informações contábeis. O principal interesse de uma empresa privada é
obter lucro, seja prestando
• serviços ou vendendo seus produtos (ou até ambos). Gelbcke et al. (2018) ensinam que os
estoques estão intimamente ligados às principais áreas de operação das companhias e
envolvem problemas de administração, controle, contabilização e, principalmente, avaliação.
• Para Rodrigues, Souza e Dalfior (2015), os estoques têm as seguintes
utili-dades: proteger contra o aumento de preços; criar uma reserva
contra contin-gências; propiciar economia na produção. Os autores
enxergam os estoques como agentes reguladores na lei de oferta e
demanda, pois eles possibilitam uma produção mais constante, não
oscilando com as flutuações das vendas quando sua gestão é efetiva e
a empresa em questão conhece seu mercado.
• Os estoques e o seu tratamento contábil Iudícibus (2021) considera o grupo
de contas estoque um item muito impor-tante dentro do ativo de muitas
empresas e fundamental para determinar o resultado do período. Almeida
(2014) salienta que todas as empresas têm alguma espécie de estoque, seja
para revender, utilizar no serviço prestado ou então no processo produtivo
ao longo da cadeia de produção de algum produto. Identificado como um
subgrupo localizado no ativo circulante, o estoque compreende todas as
contas que representam os bens sujeitos à comercialização ou produção de
itens ligados ao objeto de sua atividade e gênero, podendo ser decomposto
em estoque de produtos acabados, merca-dorias para a revenda, serviços em
desenvolvimento, estoques de produtos em elaboração, estoque de
matérias-primas e estoque de insumos e em consignação (HOOG, 2013).
• a Almeida (2014), os estoques se relacionam diretamente com as re-
ceitas das entidades, pois estas se originam das vendas ou da
prestação de serviços e devem ser confrontadas com o valor dos
estoques de produtos ou materiais que saíram da entidade, na
entrega de produtos ou de materiais utilizados nos serviços prestados
(quando as receitas são confrontadas com as despesas). Nesse
contexto, cada empresa e cada setor tem características próprias no
uso/consumo, na manutenção e/ou vendas dos estoques, ou seja,
quando uma empresa entrega seus estoques aos seus clientes, ela
pode reconhecer receitas (ALMEIDA, 2014).
• O pronunciamento técnico CPC 16 define estoques como se observa
na Figura 1.
• Devido à convergência das normas contábeis brasileiras aos padrões de
• contabilidade internacional, o tratamento contábil dos estoques sofreu alte-
rações significativas. O CPC divulgou, em setembro de 2009, o Pronunciamento
CPC 16 – Estoques, com orientações sobre a determinação do valor de custo
dos estoques e sobre o seu subsequente reconhecimento como despesa em
resultado, além de nortear o profissional de contabilidade sobre o método e os
critérios utilizados para atribuir custos aos estoques. O propósito do CPC 16,
em síntese, é instituir o tratamento contábil para os estoques. A questão
fundamental na contabilização dos estoques é em relação ao valor do custo a
ser reconhecido como ativo e mantido nos registros até que as respectivas
receitas sejam reconhecidas (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2009).

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