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CAPITAL/RJ.
Processo nº:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
É sabido que o pedido pode ser feito em qualquer fase o processo e que o
benefício da justiça gratuita é pertinente ao procedimento dos juizados especiais em
sede de 1º grau.
Afirma o Réu que “prestou seu serviço sem qualquer defeito” mas não é isso que a
prova dos autos juntados tanto pela Autora quanto pelo próprio Banco atestam. Os documento
acostados comprovam que as medidas de segurança necessárias não foram cumpridas,
devendo o Banco Réu ser imputado da responsabilidade pelos danos suportados pela parte
autora.
Conclui-se, portanto, que o Banco agiu de forma ilegal, irregular e ilegítima, pois já
restou comprovado o prejuízo causado pelo Banco a parte Autora.
Assim, como o risco do empreendimento é do Banco Réu, deve este suportar o ônus e
o bônus de suas ações, não pode se eximir de arcar com as consequências de seus atos
irregulares, posto que não computou o pagamento efetuado pela Autora, gerando para esta
cobrança duplicada e por fim se negando a consertar sua própria falha, ao ponto que desde o
seu erro vem calculando juros e taxas de cobrança para a Autora sobre valor que esta nunca
deveu.
Dessa forma, o Banco Réu é responsável pelos males sofridos pela parte autora, dando
causa ao dever de indenizá-la, pelo que restou comprovado que deve ser a ação julgada
procedente.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Assim, o valor indenizatório deve atentar aos princípios da razoabilidade, mas também
ao caráter punitivo e pedagógico, que infelizmente é a única linguagem por aqueles que
reiteradamente causam toda espécie de danos aos seus consumidores.
Neste caso, quem pode determinar com precisão o sofrimento suportado pela parte
Autora a não ser ela mesma, que viu sua honra, dignidade e obtenção de créditos violados pelo
Banco Réu, além de estar convivendo desde então com a sombra da cobrança que este Réu
vem somando dia após dia em juros e multas por valor indevido. Outrossim, temos ainda a
ausência de notificação prévia de sua inscrição, ato ilícito perpetrado pela 2ª Ré.
Assim, não há o que se falar em tentativa de enriquecimento ilícito por parte da Autora
que busca ter seu dano reparado e é sabedora de que este juízo pode ainda determinar
quantia diversa da que fora requerida.
É ofensivo o Banco Réu afirmar que a Autora “quer fazer da presente ação autêntica
loteria”, visto que originalmente deu causa a esta lide, não contabilizou o pagamento efetuado
procedendo o devido abatimento em seu sistema e mesmo tendo sido procurada para a
resolução pacífica do caso não atendeu ao pleito Autoral, mesmo tendo o pagamento
registrado na fatura. Dessa forma, seus argumentos se mostram inverídicos e extremamente
frágeis, mostrando a realidade dos fatos, que o Banco Réu não cumpriu com seus deveres,
agindo em negligência e imperícia.
Se formos falar em enriquecimento sem causa, temos que voltar a atenção para Ré que
se beneficiou de um valor pago a ela, mas cobra pelo mesmo em duplicidade e cadastra os
dados da Autora no sistema de inadimplentes sem razão.
Conclui-se, portanto, que o valor indenizatório é razoável frente aos danos sofridos
pelos atos ilícitos de ambas as Rés, embasamento suficiente para determinar a total
procedência desta ação.
Destaca-se ainda que, apesar de não ser atribuição da 1ª Ré, é dever do órgão
mantenedor, ora 2º Réu que proceda a prévia notificação antes de proceder à inscrição como
bem elucida a Súmula 359 do STJ, quando diz “Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de
proteção ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”.
Assim, resta inequívoca primeiramente a falha na prestação dos serviços da 1ª Ré, uma
vez que esta é originalmente a causadora desta lide, pois indevidamente enviou para a 2ª Ré os
dados da Autora para o cadastramento em seu sistema de proteção ao crédito, agindo de
maneira irregular. Em seguida, a 2ª Ré age também de maneira ilícita ao não notificar a parte
autora sobre a inscrição antes de efetua-la.
Portanto, não há que se falar em afastamento de condenação dos Réus, pois cada um
dentro do que lhe era pertinente falho na prestação de seus serviços e seus atos causaram
danos a autora, que deve ser reparada pelos infortúnios suportados, razão que
suficientemente embasa a total procedência dos pedidos autorais.
CONCLUSÃO
Rio de Janeiro, 22 de setembro 2020.