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PERÍCIA

CONTÁBIL
Conceitos, Estudo
Conceitos, Estudo de
de Casos
Casos ee Modelos
Modelos

ORGANIZADOR
Dr. João Luis Aguiar

AUTORES
Dr. João Luis Aguiar
Valdeci Ribeiro da Silva
Saulo Macedo Freitas
Marcus Juliano Rocha Branco
Thiago Leite Franco

Um Conselho para todos!


FICHA TÉCNICA

Uma publicação do CRCGO


Rua 107, nº 151 - Setor Sul
CEP 74.085-060 - Goiânia - Goiás
Fone (62) 3240-2211
Site: crcgo.org.br

Coordenação Geral
Contador Dr. João Luis Aguiar

Expediente
Circulação: Dirigida
Tiragem: 5.000 exemplares
Periodicidade: Edição Especial
Projeto Gráfico: Maria Paula Borges
Jornalista Responsável: Maria Paula Borges
Revisão Ortográfica: Maria Paula Borges e Kamilla Lemes
Redação/Edição: Maria Paula Borges
PERÍCIA
CONTÁBIL
Conceitos, Estudo de Casos e Modelos

ORGANIZADOR
Dr. João Luis Aguiar

AUTORES
Dr. João Luis Aguiar
Valdeci Ribeiro da Silva
Saulo Macedo Freitas
Marcus Juliano Rocha Branco
Thiago Leite Franco

Goiânia - 2023
Copyright © 2023 by João Luis Aguiar et al.

EDITORA KELPS
Rua 19 nº 100 – St. Marechal Rondon
CEP 74.560-460 – Goiânia-GO
Fone: (62) 3211-1616
E-mail: kelps@kelps.com.br
homepage: www.kelps.com.br

REVISÃO ORTOGRÁFICA FINAL


Maria Paula Borges

PROGRAMAÇÃO VISUAL
Victor Marques

CIP – Brasil – Catalogação na Fonte


Dartony Diocen T. Santos CRB-1 (1º Região)3294

A283 Aguiar, João Luis.


Perícia contábil: conceitos, estudo de casos e modelos. / João
Luis Aguiar et al. – Goiânia: Kelps, 2023.

196 p.

ISBN: 978-65-5370-646-0

1. Honorários. 2. Judiciário. 3. Perícia Contábil. I. Titulo.


CDU: 657

DIREITOS RESERVADOS

É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer


forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e
por escrito dos autores. A violação dos Direitos Autorais
(Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do
Código Penal. “Direitos de publicação dessa edição cedido
honorificamente, pelo autor, ao CRC-GO, exclusivamente
para distribuição gratuita aos profissionais, estudantes de
contabilidade e entidades afins”..

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2023
MEMBROS DA COMISSÃO DE
PERITOS CONTÁBEIS DO CRCGO

Contador João Luis Aguiar - Coordenador


Contadora Flávia Rodrigues de Melo Freitas - Subcoordenadora
Contador Alexandre Benedito Bombardi de Faria
Contador Caio César Alves de Azeredo
Contador Carlos Alves Batista
Contadora Cristiane Kenia M. de Freitas
Contador Gilda Roberto da Franca Júnior
Contador Jediel Teixeira Mendes
Contador Júlio César Carlos
Contador Marcelo Lima Santana
Contador Matheus Pereira de Carvalho
Contador Thiago Leite Franco
Contador Valdeci Ribeiro da Silva
Contador Marcus Juliano Rocha Branco
Contador Heli Aparecido Borges
Contadora Genézia Souza de Jesus Costa
Contador João Arlindo do Prado Gusmão
Contador Danillo César Bueno Pinto
Contador Saulo Macedo Freitas
Contador Sebastião José Nascimento
Contadora Ana Batista Ataídes
Contador Edilson Gonçalves de Aguiais
Contador Piterson Maris Siqueira Galdino
PREFÁCIO

É com muita honra que recebo a missão de prefaciar


este livro, escrito por um grupo importante de contadores que
atuam na área da pericia e que são grandes inspirações pes-
soais e profissionais.
O presente livro trata-se de um conjunto de normas e
procedimentos que visa orientar os profissionais que preten-
dem atuar na pericia e auferir conhecimentos que lhe permi-
tam conhecer a ciência que é a pericia contábil, suas técnicas
e aplicações.
Agradeço e parabenizo os autores desse livro que se
constitui como verdadeiro guia de conhecimento para os pro-
fissionais que desejem se atualizar ou se aventurar pelas prati-
cas da pericia.
Perícia é uma técnica que se adquire e desenvolve por
meio da educação e experiências de vida. Boa leitura e apren-
dizado a todos!

Contadora Sucena Silvia Hummel


PRESIDENTE CRCGO
SUMÁRIO

11 INTRODUÇÃO
João Luis Aguiar

19 CAPÍTULO 1 – Revisão de Índices de Participação dos


Municípios no ICMS
Valdeci Ribeiro da Silva

59 CAPÍTULO 2 – Perícia em Contrato Habitacional


Saulo Macedo Freitas

81 CAPÍTULO 3 – Embargos a Execução Fiscal


Marcus Juliano Rocha Branco

131 CAPÍTULO 4 – Crime de Gestão e Dano Material


Thiago Leite Franco

163 CAPÍTULO 5 – Indenização por Danos Morais com


Repetição de Indébito
Matheus Pereira de Carvalho

175 BIBLIOGRAFIA

177 ANEXOS (MODELOS)


INTRODUÇÃO
NOTA SOBRE O AUTOR

JOÃO LUIS AGUIAR, PhD, Pós-doutorado em Gestão e Liderança


Educativa; Doutor e Mestre em Gestão de Empresas pela UAA (PY);
Especializações: Gestão e Tributação no Agronegócio (BSSP); Perícia
Judicial (PUC-GO), Controladoria e Finanças (PUC-GO), Análise
e Auditoria Contábil (PUC-GO), Direito Tributário e Processo
Tributário (UCAM); Bacharel em Ciências Contábeis (UNIVERSO);
atua há 22 anos como Perito Judicial Contábil na Justiça Estadual
de GO, MG, PE e do DF, e Justiça Federal de Goiás; Presidente e
Vice-Presidente da Associação dos Peritos Contadores do Estado de
Goiás – ASPECON-GO (2015-2022); Vice-presidente de Finanças
da FEBRAPAM (2016-2022); Diretor Técnico da Academia Goiana
de Ciências Contábeis – AGOCICON (2017-2022); Coordenador
da Comissão de Peritos do CRCGO (2022-2023); Autor de livros e
artigos; Palestrante; Proprietário da AGUIAR – BRASIL PERÍCIA
CONTÁBIL; Presidente da AGOCICON – Academia Goiana de
Ciências Contábeis (2023-2024).
HISTÓRICO DE PUBLICAÇÕES

Em agosto de 1991, o CONSELHO REGIONAL DE CONTABILI-


DADE DE GOIÁS, promoveu a 1ª edição do livro sob o título PERÍCIA
CONTÁBIL e a 2ª edição em agosto de 1995, nesta com a participação do
Contador NELSON DOS SANTOS, encarregado da sua revisão e ampliação.
Uma 2ª tiragem dessa 2ª edição foi lançada no CONGRESSO BRASILEIRO
DE CONTABILIDADE em Fortaleza no ano de 1996 pelo próprio CRCGO.
Também, o CRC-SC promoveu uma edição do livro ano de 1997.
Uma 3ª edição, foi publicada em 2004, por conta de uma completa
reestruturação e ampliação, com um novo título: MANUAL DE PERÍCIA
CONTÁBIL JUDICIAL, que se trata de um roteiro de utilização para os ca-
sos de maior ocorrência na rotina dos peritos contadores, assistentes e de-
mais interessados no ramo da perícia contábil na esfera judicial. Teve como
autores LEVI ALVARENGA ROCHA e NELSON DOS SANTOS. Nessa 3ª
edição, teve tiragem de 5.000 (cinco mil) exemplares.
Em 2013, o CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE
GOIÁS e o COMITÊ DE PERÍCIA CONTÁBIL DO CRCGO, promove-
ram uma 4ª publicação do livro denominado de MANUAL DE PROCEDI-
MENTOS PERICIAIS, de autoria dos contadores JOÃO LUIS AGUIAR e
EDMILSON DE SOUZA, os quais foram distribuídos aos contadores, peri-
tos contadores do Estado de Goiás, Juízes, em eventos regionais e nacionais
de forma gratuita. Nessa obra trouxemos vários temas de relevância para
os que atuavam ou pretendiam atuar como Perito Judicial e Extrajudicial,
trazendo conceitos, fundamentação da perícia contábil judicial, extraju-
dicial, arbitral, nomeação do perito, perito assistente técnico, proposta de
honorários, Laudo Pericial, responsabilidade do perito, Mediação, Arbi-
tragem e modelos de petições e contrato de prestação de serviços. Nessa 4ª
edição houve tiragem de 5.000 (cinco mil) exemplares.

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João Luis Aguiar

CONCEITOS DE PERÍCIA CONTÁBIL

Esta obra, “Perícia Contábil: Conceitos, Estudo de Casos e Modelos”,


é o resultado de experiências, estudos e pesquisas adquiridos pelos profis-
sionais da Comissão dos Peritos Contábeis de Goiás, instituída pela Por-
taria CRC-GO Nº 046/2022, de 28 de março de 2022, com os objetivos de
promover a aproximação do CRCGO com os contadores que atuam na área
de perícia; desenvolver ações para a busca do conhecimento e a educação
continuada do perito contábil; realizar estudos técnicos na área de perícia,
em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade, bem como
promover encontros e publicar artigos, visando favorecer o conhecimento
científico dos contadores que atuam nessa área; divulgar e incrementar as
ações de Educação Profissional Continuada voltadas aos profissionais peri-
tos, abordando propostas e temas atualizados, além de promover encontros
específicos.
No Brasil, a normatização da contabilidade, especificamente em rela-
ção a perícia contábil, encontra-se regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9.295,
de 27 de maio de 1946, no artigo 25, alínea “c”, que identifica as atribui-
ções profissionais de contadores em perícias judiciais e extrajudiciais. Atual-
mente, a Perícia Judicial tem como pilar o Código de Processo Civil, Lei nº
13.105, sancionada em 16 de março de 2015 e publicada em 17 de março de
2015, em vigor a partir do mês de março de 2016 e complementada pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade NBC PP 01 (R1) – Perito Contábil e
NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil, ambas de 19 de março de 2020 e nos
conceitos que seguem.
Destarte, pelo conceito etimológico da palavra, pode-se inferir que a
perícia é uma habilidade que vai se adquirindo no decorrer da vida, através
do saber e da experiência dos trabalhos realizados, ou seja, a perícia consiste
numa declaração de ciência sobre fatos relevantes à causa, emitida por pes-
soa com sabedoria técnico-científica, também chamada de expert, com o ob-
jetivo de esclarecer aspectos técnicos, mediante exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, avaliação e materializar a prova pericial perante
o Magistrado e as partes envolvidas na discussão de uma lide.

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INTRODUÇÃO

A perícia existe desde os mais remotos tempos da humanidade, quan-


do, reunindo-se em sociedade, iniciou-se o processo civilizatório – aliás, in-
findável – para caminhar da animalidade à racionalidade, pela experiência
ou pelo maior poderio físico, com que se comandava a sociedade na era pri-
mitiva, ou seja, é tão antiga quanto à própria contabilidade que foi evoluin-
do com as crescentes mudanças econômicas, em razão da globalização e da
evolução da humanidade. Nessa época, perito, Juiz e legislador eram os que
exerciam a lei, ou seja, eram peritos, legisladores, árbitros e executores ao
mesmo tempo.
Perícia é o exame, com operação de ordem técnica, que leve a con-
clusões sobre o estado de pessoa ou de coisa, ou o valor da coisa, em conse-
quência de algum ato ou fato. Tanto pode referir-se a erro, ou causa de dano,
como o que do erro resultou ou o valor do dano; e à própria ofensa a integri-
dade física, moral ou psíquica, ou ao estado físico ou psíquico da pessoa. A
perícia é meio de prova.
O objetivo precípuo da perícia contábil é de restabelecer e restaurar a
paz social por meio de um processo dialético, isto é, mostrando a verdade de
um fato a uma ou mais pessoas que a busquem, o que se materializa através
do laudo pericial contábil. Podemos identificar os principais tipos de perícia
como a Judicial, Semijudicial, Extrajudicial e Arbitral.
A perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos pro-
cessuais do poder judiciário, por determinação, requerimento ou necessi-
dade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais específicas.
Esta forma de perícia envolve o Estado, o poder judiciário, quando as partes
já estão em litígio e não conseguiram outra forma de entrar em acordo para
resolver a lide. Quando a perícia é solicitada pelas partes, diz-se ser perícia
requerida; e quando determinada pelo Juiz, diz-se ser perícia de ofício.
Perícia semijudicial, quando for necessário o trabalho de um perito
especializado dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do âm-
bito judicial (Policial, Administração Tributária, Tribunal de Contas, Par-
lamentar), não havendo nos órgãos públicos especialistas na matéria, esses
são solicitados pela comissão. Deveria ser mediante licitação, mas, dada à

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João Luis Aguiar

urgência de alguns casos, isso não ocorre e devem ser observados os critérios
já existentes.
Perícia extrajudicial é praticada fora da esfera do Estado, voluntaria-
mente, sem formalidades processuais ou judiciais, mas com capacidade de
produzir efeitos jurídicos. Normalmente, é demandada em situação amigá-
vel entre as partes, quando ainda não há litígio. É ajustada por acordo en-
tre as partes, que se comprometem a aceitar o resultado apresentado pelo
perito, o qual, em regra geral, contando com confiança recíproca, dispensa
a contratação de assistente técnico e as partes se comprometem a aceitar
os resultados apresentados pelo perito. Comumente, a servir de instrução
a petição inicial, ou seja, antes de ser protocolada nos Tribunais de Justiça
para a discussão em juízo, como nos casos de ações revisionais de contratos
bancários e ações trabalhistas.
O perito, nessas condições, normalmente funciona sem assistentes in-
dicados pelas partes, já que goza de confiança irrestrita de ambas. É menos
onerosa do que a pericial judicial
Perícia arbitral é aquela realizada no juízo arbitral – na instância
decisória criada pela vontade das partes – não sendo enquadrada em nenhu-
ma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcial-
mente como se judicial e extrajudicial fosse. Subdivide-se em probante e de-
cisória, segundo se destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral,
como subsidiadora da convicção do árbitro ou é ela própria a arbitragem, ou
seja, funciona seu agente ativo como o próprio árbitro da controvérsia.
O perito judicial é um dos mais importantes auxiliares do juízo e, em
muitas perícias, é imprescindível para a solução dos litígios. Tanto é assim
que o Código de Processo Civil contemplou este profissional dentre aqueles
cujas atribuições são de grande importância para auxiliar os juízes nas suas
decisões. Assim se manifesta no artigo 149 do referido código sobre os auxi-
liares da Justiça. Assim, o juiz será assistido por um perito habilitado e legal-
mente cadastrado no tribunal de atuação, quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico científico, segundo o objetivo da lide, conforme
entendimento do art. 156 do Código de Processo Civil (CPC).

16 | PERÍCIA CONTÁBIL
INTRODUÇÃO

O perito assistente técnico é contratado pelas partes, autora e ré, den-


tro do prazo processual e indicado conforme art. 465, inciso II do CPC. A
função desse perito é assistir o perito do juízo durante a elaboração do traba-
lho pericial e elaborar parecer técnico sobre os pontos contraditórios ou não
ao laudo pericial, podendo dele concordar ou discordar sendo estes, laudo
e parecer, a base mais importante para que o juiz possa julgar determinados
processos com total convicção.
O laudo pericial é a prova de execução da perícia e considerado a
rainha das provas. Todavia, por si só não é garantia de que a perícia atingiu
o objetivo para o qual foi deferida. Para que o laudo pericial possa satisfazer
as necessidades da prova pericial, deve estar apoiado em exame, vistoria, in-
vestigação, arbitramento, avaliação, certificação, testabilidade dos elementos
probantes aos fatos, atributos fundamentais de sustentação da perícia. Sem
eles, o perito não conseguirá defender seu laudo e nem oferecer a prova es-
perada para auxiliar na prolação da sentença pelo Juiz.
Esta obra está dividida em seis partes, iniciando com um breve co-
mentário sobre as obras publicas pelo Conselho Regional de Contabilidade
de Goiás; conceitos de perícia contábil, judicial, semijudicial, extrajudicial,
arbitral, perito judicial, perito assistente técnico e laudo pericial. Em seguida
cinco casos reais de perícia contábil como: 1. Revisão de Índices de Parti-
cipação dos Municípios no ICMS; 2. Perícia em Contrato Habitacional; 3.
Perícia Tributária em Embargos a Execução Fiscal; 4. Crime de Gestão e
Dano Material; 5. Indenização por Danos Morais com Repetição de Indébi-
to; modelos de petições e contrato de prestação de serviços, em conformi-
dade com as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC TP 01 (R1) e NBC
PP 01 (R1).

PERÍCIA CONTÁBIL | 17
CAPÍTULO 1
Revisão de Índices de Participação
dos Municípios no ICMS
NOTA SOBRE O AUTOR

VALDECI RIBEIRO DA SILVA é contador, pós-graduado em


Perícia Contábil e formado em Ciências Contábeis pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), compromissado com
educação continuada participando de vários cursos de atualização
em Perícias Contábeis e Administrador Judicial a nível nacional. Atua
como perito na área contábil e Administrador Judicial há 23 anos e
está cadastrado como Perito Contador e Administrador Judicial no
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Profissional regularmente
inscrito no CRCGO & CNPC-CFC. Membro da comissão de perícia
do CRCGO; ex-Presidente da Associação de Peritos Contadores do
Estado de Goiás (ASPECON-GO), integrante da Academia Goiana
de Ciências Contábeis – AGOCICON, da Federação Brasileira
das Associações de Peritos, Árbitros, Conciliadores e Mediadores
(FEBRAPAM), do qual foi Presidente Administrativo.
RESUMO

Este capítulo aborda a perícia contábil em processos judiciais que tem


como objeto a revisão do Índice de Participação dos Municípios (IPM) no
produto de Arrecadação do Imposto Sobre Operações Relativas a Circu-
lação de Mercadorias e Sobre Prestação de Serviços de Transporte Inter-
municipal-ICMS, conforme o art.158, item IV da Carta Magna de 1988. O
Município, com base nas informações fiscais de 2014 e nas participações
dos Municípios projetadas para o exercício de 2016, constatou que está
tendo prejuízos na arrecadação do ICMS - parte que lhe cabe constitucio-
nalmente. Diante disso, solicitou revisão dos índices de participação no
ICMS. O perito elaborou o laudo que apresentado ao Juízo, este foi homo-
logado pelo juízo, conforme a prova produzida que auxiliou na Decisão
do Julgador da lide. O laudo pericial apresentado e a sentença prolatada
permitem ao leitor ter um entendimento razoável do labor pericial na revi-
são do Índice de Participação dos Municípios (IPM), dado as controvérsias
que surgem com uma certa frequência nos tribunais e que são decorrentes
da omissão de lançamentos por parte de algum contribuinte do ICMS ex-
pressivo no estado.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL JUDICIAL

Ao Juízo da Vara de Fazenda Pública da Comarca de (cidade):

Autos do processo nº:


Natureza: Declaratória c/c ressarcimento de cota parte do ICMS
Promovente: Município
Promovido: Estado

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Valdeci Ribeiro da Silva

ASPECTOS GERAIS DOS AUTOS

APRESENTAÇÃO:

Trata-se de uma Ação Declaratória c/c Concessão de Tutela Anteci-


pada, movida pelo Município *** em face do Estado de xx. A controvérsia
refere-se ao fato de que o Estado de ***, através da Secretaria da Economia
e do seu Conselho Deliberativo dos Índices de Participação dos Municípios
(COINDICE), editou a resolução 122 de 09 de setembro de 2014, a qual fi-
xou o Índice de Participação dos Município (IPM) no produto da arreca-
dação do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestação de serviços (ICMS), que foi elaborado em 2015 para todos
os Municípios do Estado, e com base nas informações fiscais de 2014, que
projetou as participações vigentes para o exercício de 2016.

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

A parte Autora alega:

O Estado de ***, através da Secretaria da Economia e do seu Conselho


Deliberativo dos Índices de Participação dos Municípios (COÍNDICE), este
sob a presidência do titular conselho, editou a Resolução nº 122, de setembro
de 2015, em que fixou o Índice de Participação dos Municípios (IPM) no
produto da arrecadação do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), elaborado em 2015, em caráter
provisório, para todos os Municípios, individualmente considerados, e do
total geral do Estado, com base nas informações fiscais de 2014, projetando
as participações com vigência para o exercício de 2016.
A Secretaria da Economia disponibilizou também, via Internet, a base
de dados relativa ao ano base de 2014.
O Município autor, a partir da análise do relatório publicado no sítio
da Secretaria da Economia, denominado Comparativo dos Valores Adicio-
nados por Rubrica, referente ao ano base de 2014, constatou que a adição

22 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

atribuída à geração de energia elétrica encontrava-se muito baixa, perfazen-


do a importância de R$ 38.988.976,00 (trinta e oito milhões, novecentos e
oitenta e oito mil, novecentos e setenta e seis reais).
O Município protocolou requerimento na Secretaria da Economia so-
licitando a relação de todas as notas fiscais de entrada e de saída da energia
elétrica da empresa *** S/A, durante os exercícios de 2013 e 2014.
Analisando as referidas notas fiscais, tem-se que o valor adicionado
relativo às operações com energia elétrica alcança, na realidade, a importân-
cia de R$ 255.307.983,58 (duzentos e cinquenta e cinco milhões, trezentos e
sete mil, novecentos e oitenta e três reais e cinquenta e oito centavos), con-
forme demonstrado na tabela a seguir:

Valor Adicionado (VA) ao Município, com Energia Elétrica Exercício de 2014


Operações no exercício de 2014 Valor total R$
Notas fiscais de saídas 423.080.446,33
Notas fiscais de entradas 167.772.462,75
Cálculo do VA conforme notas fiscais 255.307.983,58
Valor do VA já apropriado 38.988.976,00
VA – Valor Adicionado a recuperar 216.319.007,00

Inconformado com a expressiva diferença em seu VA – Valor Adicio-


nado –, relativo à geração de energia elétrica de mais de R$ 216 milhões, o
Município protocolou a solicitação de revisão de índices, conforme o Art.
3º, §7º da Lei Complementar Federal nº 63. O Estado, por intermédio do
COINDICE, indeferiu integramente o pleito, como pode ser constatado no
despacho emitido pelo Secretário Executivo do Conselho, que fora consoli-
dado com a edição da resolução nº 123/2015-COINDICE.
A presente ação se faz motivada pela irregularidade praticada pelo re-
querido, que publicou a resolução com valor adicionado relativo à geração de
energia elétrica do Município Autor de forma equivocada, sendo legítimo o
direito do Município de buscar a tutela judicial, a fim de resguardar suas re-
ceitas e prevenir responsabilidades, bem como de pleitear o que lhe pertence.

PERÍCIA CONTÁBIL | 23
Valdeci Ribeiro da Silva

A norma diz, textualmente, que o VA decorrente da geração de ener-


gia elétrica deve ser calculado subtraindo-se as entradas das saídas e que se
deve levar em consideração os valores da efetiva venda da energia elétrica
gerada no Município, os quais foram devidamente informados pelas empre-
sas geradoras em documento oficial de escrituração fiscal definido pela Se-
cretaria da Economia.
O documento oficial de escrituração fiscal é o documento fiscal, de
emissão obrigatória para todos os contribuintes, que constitui a base primá-
ria para que sejam registradas todas as operações de vendas e prestações de
serviços sujeitas ao ICMS, nos termos do § 2º do art. 64 da Lei nº 11.651, de
26 de dezembro de 1991 do Código Tributário do Estado de Goiás (CTE) e
nos arts. 141 e 310 do Decreto nº 4.852, de 29 de dezembro de 1997 do Re-
gulamento do Código Tributário do Estado de Goiás - RCTE.
A Resolução n.º 107/2012 discrimina em seus anexos I a IV, os Có-
digos Fiscais das Operações e Prestações – CFOP - que serão considerados
para o cálculo do valor adicionado, desprezando os demais por não interferi-
rem na formação desse valor. Caso o contribuinte tenha declarado um CFOP
incorreto no documento fiscal ou não o tenha registrado em sua Escritura-
ção Fiscal Digital (EFD), evidentemente tal documento não será capturado
pelo sistema de processamento responsável pelo cálculo do VA.
A decisão administrativa que não se adeque aos fatos efetivamente
verdadeiros encontra-se viciada, além de agredir direito constitucionalmen-
te estabelecido aos Municípios, como no presente caso.
O prejuízo causado ao Município, pelo procedimento adotado pelo re-
querido, é patente e concreto, visto que esse erro da Secretaria da Economia
fez com que as receitas municipais fossem diminuídas de forma substancial.
Ante o exposto requer:
A concessão de tutela de urgência, inaudita altera parte, determinan-
do ao Estado que:
Acresça, ao valor adicionado deste Município, constante da Resolu-
ção nº 123/2015 - COINDICE, a quantia de R$ 216.319.007,00 (Duzentos
e dezesseis milhões, trezentos e dezenove mil, e sete reais), refazendo os

24 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

consequentes cálculos do IPM deste Município, com produção dos corres-


pondentes efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2016.
Calcule o valor adicionado do Município, a partir do ano base de 2015
em diante, tomando por base as informações, constantes das notas fiscais de
entrada e de saída de responsabilidade da usina geradora de energia elétrica,
como medida preventiva de prejuízos futuros e sucessivos que certamente
advirão.
Julgue procedente a presente ação, declarando definitivamente o di-
reito do requerente à justa reparação dos danos causados em razão do pro-
cedimento ilegal pelo requerido.

A parte requerida alega em sua contestação:

Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA c/c TUTELA PROVISÓRIA


DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR proposta pelo MUNICÍPIO
DE ***, visando questionar o índice que fora apurado pelo Conselho Delibe-
rativo dos Índices de Participação do Município – COÍNDICE/ICMS, através
da Resolução nº 122/2015, ocasião na qual fixou o Índice Provisório dos Mu-
nicípios – IPM/2015, para fins de elaboração do Índice Final de Participação
dos Municípios na repartição da receita do ICMS, para vigorar a partir de
01/01/2016.
Não concorda com o índice que lhe diz respeito, aduzindo que não
condizem com a realidade da movimentação econômica e a produção de
riquezas, enquanto constam erros na apropriação do valor adicionado, tendo
em vista o erro de escrituração realizado pela empresa SA.
O artigo 158, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 dispõe que
25% (vinte e cinco porcento) do produto da arrecadação do ICMS perten-
cem aos Municípios, conforme os critérios estabelecidos pelos incisos I e II
de seu parágrafo único.
O Estado, por meio da Constituição Estadual, fixou que a repartição
da receita proveniente da arrecadação do ICMS deve ser creditada aos Mu-
nicípios. O montante do produto da arrecadação de ICMS repassado a cada
Município, por ser, em sua maior parte, proporcional ao valor adicionado

PERÍCIA CONTÁBIL | 25
Valdeci Ribeiro da Silva

nas operações tributadas realizadas no respectivo território, é também pro-


porcional à contribuição que cada Município deu à arrecadação estadual do
ICMS.
A Lei Complementar n° 63/1990, portanto, disciplinou a manei-
ra como se dá o repasse do produto da arrecadação do ICMS, prevendo a
existência de uma “conta de participação dos Municípios”, a ser “aberta em
estabelecimento oficial de crédito e de que são titulares, conjuntos, todos os
Municípios do Estado”.
Qualquer alteração do percentual e, consequentemente, do montante
de repasse para um determinado Município, implica alteração dos percen-
tuais e montantes repassados para os outros.
Verifica-se que a pretensão do Município esbarra no patrimônio jurí-
dico das demais municipalidades, que não podem ser prejudicadas sem ter
respeitado o seu direito ao contraditório e ao devido processo legal.
É imprescindível a participação dos demais Municípios no polo passi-
vo da presente ação, configurando-se hipótese de litisconsórcio passivo ne-
cessário entre as referidas municipalidades e o Estado, já que a este incumbe,
tão somente, por meio de seus órgãos de execução (Secretaria Executiva do
COÍNDICE), fazer os cálculos e a distribuição dos valores.
A desconsideração do litisconsórcio, no caso em tela, mesmo após o
início da vigência da Lei n.º 13.105/2015, implicará a nulidade de futura sen-
tença a ser prolatada na origem, além de possibilitar a existência de eventuais
sentenças conflitantes para os diversos Municípios do Estado de ***.
Nos termos do art. 115, inciso I, e 506 do CPC/2015, se houver litis-
consórcio necessário unitário, a falta de citação de qualquer dos réus torna
a sentença de mérito que é ineficaz em relação a qualquer deles art. 115, I,
CPC/2015, diferentemente do que ocorre na hipótese de litisconsórcio ne-
cessário simples, em que a sentença é válida e eficaz em relação àqueles que
participaram do feito e ineficaz em relação àquele que não foi citado art. 115,
inciso II, do CPC/2015.
Sobre os valores repassados aos demais Municípios, cujo interesse pú-
blico é indisponível, bem como intransferível, não se admite na hipótese a

26 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

substituição processual dos entes políticos por associação, nos termos do art.
5º, inciso XXI, da CF/88.
Quanto ao ponto, vale ressaltar que a Associação de Municípios – não
congrega todos os Municípios do Estado de ***, não representando desta
forma todos os Municípios a serem potencialmente afetados pela sentença a
ser proferida nos presentes autos.
Requer o Estado de *** que seja reconsiderada a r. decisão interlocu-
tória de fls.87/104 de modo que seja determinada a intimação do Município
autor, a fim de que promova a citação de todos os Municípios, nos termos
dos arts. 114, 115 e 506 da Lei n.º 13.105/2015, sob pena de, não o fazendo,
ser o processo extinto, nos termos dos citados artigos cumulados com o dis-
posto nos artigos 17 e 485 da Lei n.º 13.015/2015.
Em atenção ao disposto no art. 158, inciso IV, da Constituição Federal
de 1988 e no art. 107, inciso IV, da Constituição Estadual de 1989, pertence
aos Municípios o percentual de 25% (vinte e cinco porcento) do produto da
arrecadação do ICMS.
Conforme o parágrafo único do referido artigo 158 da Constituição
Federal, as parcelas de receita pertencentes aos Municípios mencionadas
em seu inciso IV, parágrafo único serão creditadas conforme os seguintes
critérios:
a) ¾ (três quartos), no mínimo, na proporção do valor adicionado
nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas presta-
ções de serviços, realizadas em seus territórios; e
b) até ¼ (um quarto), de acordo com o que dispuser lei estadual ou,
no caso dos Territórios, lei federal.

A Constituição Estadual no §1º de seu art. 107, estabelece que as par-


celas de receita pertencentes aos Municípios serão creditadas da seguinte
maneira:
a) 85% (oitenta e cinco porcento) na proporção do valor adicionado
nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas presta-
ções de serviços realizadas em seus territórios;

PERÍCIA CONTÁBIL | 27
Valdeci Ribeiro da Silva

b) 10% (dez porcento) distribuído em cotas iguais entre todos os Mu-


nicípios; e
c) 5% (cinco porcento) distribuídos na proporção do cumprimento
de exigências estabelecidas em lei estadual específica, relaciona-
das com a fiscalização, defesa, recuperação e preservação do meio
ambiente.

O Estado, em consonância com o disposto no art. 1º da Lei Estadual


n.º 11.242/1990, “a distribuição do produto da arrecadação do ICMS aos
Municípios será feita com base nos índices elaborados anualmente pelo
Conselho Deliberativo dos Índices de Participação – COÍNDICE/ICMS”.
O índice percentual é calculado e fixado mediante a aplicação da se-
guinte fórmula:
IP 100%: Índice proporcional ao valor adicionado levantado para o
Município em relação ao total do valor adicionado do Estado. IND. 85%:
Índice variável representa 85% (oitenta e cinco porcento) da média dos ín-
dices apurados (IP 100%) nos dois anos civis, imediatamente anteriores, ao
de apuração.
IND. ECO: 5%, divididos da seguinte forma: 3% (Municípios que
atingiram pelo menos 06 (seis) critérios ambientais, definidos pela LC
90/11), 1,25% (Municípios que atingiram pelo menos 04 (quatro) critérios
ambientais mais Municípios que atingiram 06 critérios) e 0,75% (Municípios
que atingiram pelo menos 03 (três) critérios ambientais mais Municípios
que atingiram 04 (quatro) critérios mais Municípios que atingiram 06 (seis)
critérios).
IND.FX: Índice fixo que representa a quota igualitária, correspon-
dente ao resultado da divisão dos 10% (dez porcento) pelo número total de
Municípios.
IPM.F: É a somatória do índice variável (IND.VA), índice ecológico
(IND. ECO) e do índice fixo (IND.FX).
A concessão de tutela de urgência pode ocasionar em tese, a apropria-
ção de valor pleiteado em duplicidade, tendo em vista a possibilidade de a
empresa, espontaneamente, retificar sua Escrituração Fiscal Digital.

28 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

Caso isso ocorra, a retificação será capturada de forma automática


pelo Banco de Dados do Coíndice e iria somar ao mesmo valor que já teria
sido integrado por força de decisão judicial.
O Estado requer que seja determinada a intimação do Município au-
tor, a fim de que promova a citação de todos os Municípios, nos termos dos
arts. 114, 115 e 506 da Lei n.º 13.105/2015, sob pena de, não o fazendo, ser o
processo extinto, nos termos dos citados artigos cumulados com o disposto
nos artigos 17 e 485 da Lei n.º 13.015/2015.
Requer, ainda, que sejam julgados inteiramente improcedentes os pe-
didos formulados na exordial pela requerente.
Pugna, ainda, pela condenação da parte autora ao pagamento de ho-
norários advocatícios e custas processuais, nos termos: artigo 20 da Lei n.º
5.869/1973 e 85 e seguintes da Lei n.º 13.015/2015.

ASPECTOS DA CONTROVÉRSIA

O ponto controverso se refere ao fato de que o Estado de ***, através


da Secretaria de Economia e do seu Conselho Deliberativo dos Índices de
Participação dos Municípios (COÍNDICE), sob a presidência do titular da
Secretaria da Economia, editou a Resolução nº 122, de 9 de setembro de
2015, em que fixou o Índice de Participação dos Municípios (IPM) no pro-
duto da arrecadação do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), elaborado em 2015, para todos
os Municípios, com base nas informações fiscais de 2014, projetando as par-
ticipações com vigência para o exercício de 2016.
O Município autor, ao conferir as informações e documentos disponi-
bilizados, a partir da análise do relatório publicado no sítio da Secretaria da
Economia, denominado Comparativo dos Valores Adicionados–VA por ru-
brica, referente ao ano base de 2014, constatou que a adição atribuída à gera-
ção de energia elétrica encontrava-se muito baixa, perfazendo a importância
de R$ 38.988.976,00 (trinta e oito milhões, novecentos e oitenta e oito mil,

PERÍCIA CONTÁBIL | 29
Valdeci Ribeiro da Silva

novecentos e setenta e seis reais). Ao ser comparado com o Valor Adicionado


VA, referente ao exercício anterior de 2013 no importe de R$ 85.075.528,00
(oitenta e cinco milhões, setenta e cinco mil, quinhentos e vinte e oito reais),
foi identificado a disparidade entre os Valores Adicionados – VA, razão pela
qual, pretende a autora revisão dos cálculos para identificar o valor correto e
não provocar prejuízos ao erário público em decorrência da Lei de Respon-
sabilidade fiscal.
Durante a Diligência nº 03 no dia 18/10/2018 (reunião do Perito com
os Assistentes Técnicos), foram discutidas as divergências do Valor Adicio-
nado – VA, referente ao ano base 2014. Chegou-se à conclusão de que o
fato ocorreu em função da empresa *** geradora de energia no Município
ter enviado informações declaradas na Escrituração Fiscal Digital – EFD,
referente ao exercício de 2014, de maneira equivocada, considerado como
vendas os lançamentos a título de simples faturamento para entrega futura
de energia. O que deveria ser informado na EFD, o código 6922 (lançamento
efetuado a título de simples faturamento é decorrente de venda para entrega
futura). Este código não é capturado pelo sistema do Índice de Participação
dos Municípios – IPM antes de concretizar a venda. Observa-se na planilha
nº 3, onde a Secretária da Economia não capturou este número nos cálculos
do IPM.

METODOLOGIA DO TRABALHO

Para a realização do presente laudo pericial, foi realizada a leitura mi-


nuciosa dos autos, visando uma adequada avaliação da controvérsia com ela-
boração do planejamento de trabalho.
Os documentos e/ou informações constantes nos autos e colhidos em
diligências foram consideradas suficientes para elaboração desta prova peri-
cial. Além disso, os referidos documentos serviram de base para a elabora-
ção de planilhas, das respostas aos quesitos formulados e para a emissão do
Laudo Pericial.

30 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ADOTADOS

Conforme faculta o art. 473, §3º do CPC/2015 e as Normas Brasileiras


de Contabilidade – NBC TP 01 – Perícia Contábil – itens 10, 41, 46, a prova
pericial foi iniciada procedendo-se diligências aos representantes das partes,
conforme os Termos a seguir:
Em 04/10/2018, foi emitido o Termo de Diligência nº 01 à parte pro-
movida via da Assistente Técnica indicada nos autos, através do E-mail e
fone com cópia para o Procurador PGE, e-mail e telefone.
Solicita a Assistente Técnica acima identificada, fornecer as infor-
mações, referentes ao ICMS – COTA PARTE, pertencente ao Município, –
COINDICES/ICMS – Secretaria da Economia, a seguir:

1- Informações referentes à movimentação das operações financei-


ras com Energia Elétrica (entradas/saídas), ocorridas no território
Municipal, informados pela empresa *** no período compreendi-
do entre janeiro a dezembro de 2012, 2013, 2014, e 2015;
2- Informações referentes aos valores dos repasses das cota-parte,
pertencentes ao Município de *** no Exercício financeiro/vigência
de 2014, 2015, 2016 e 2017;
3- Informar o valor total geral dos repasses aos Municípios nos exer-
cícios financeiro/vigência de 2014, 2015, 2016 e 2017, para efeitos
comparativos, identificação de queda ou ascensão na arrecadação
do ICMS/Adicional.
4- Informações referentes aos valores da Arrecadação Geral do Esta-
do no ICMS, referente ao período de vigência nos Exercícios finan-
ceiros de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018 para efeito comparativo;

Convoca aos Assistentes Técnicos nos termos dos art. 466 §2, Art. 474,
e Art. 473 §3º do CPC/2015, para participar da DILIGÊNCIA no dia 15 de
outubro do ano em curso às 09h00min no escritório do Perito, endereço
constante no rodapé deste formulário, para REUNIÃO TÉCNICA e entre-
ga das informações acima SOLICITADAS, ou disponibilizadas ao Perito do

PERÍCIA CONTÁBIL | 31
Valdeci Ribeiro da Silva

Juízo, na modalidade de arquivos digitais, através do endereço de E-mail,


constante no rodapé deste formulário.
Em 11/10/2018, via telefone, a gerência do COINDICE, informou ao
Perito que a Assistente Técnica ***, não exerce suas atividades no COINDI-
CE e informa que o Auditor Fiscal ***, gerente do COINDICE, será o As-
sistente substituo, ocasião em que foi solicitado ao Perito a transferência do
dia e do local da reunião para 18/10/2018 às 15h00 na sede do COINDICE.
Em 04/10/2018, foi emitido o Termo de Diligência nº 02 à parte Pro-
movente, o Município de ***, via do Assistente Técnico Dr. *** através, do
E-mail: ***.com.br fone *** e ***.
Solicita ao Assistente Técnico acima identificado a fornecer as infor-
mações referentes ao ICMS – COTA PARTE, pertencente ao Município de
***, a seguir:

1- Informações referentes aos valores dos repasses das cota-parte,


pertencente ao Município de *** nos Exercícios financeiro/vigên-
cia de 2014, 2015, 2016 e 2017;
2- Demais informações que entender necessárias ao deslinde da con-
trovérsia instalada.

Convoca aos Assistentes Técnicos nos termos dos art. 466 §2, Art. 474,
e Art. 473 §3º do CPC/2015, para participar da DILIGÊNCIA no dia 15 de
outubro do ano em curso as 09h00min no escritório do Perito, endereço
constante no rodapé deste formulário, para REUNIÃO TÉCNICA e entre-
ga das informações acima SOLICITADAS, ou disponibilizadas ao Perito do
Juízo, na modalidade de arquivos digitais, através do endereço de E-mail,
constante no rodapé deste formulário.
Em 11/10/2018 via telefone, o Perito comunicou ao Assistente Técni-
co Dr. *** solicitação da Secretaria da Economia quanto à transferência do
dia, horário e local da reunião com os Assistentes Técnicos, agendada dia
15/10/2018 para o dia 18/10/2018 às 15h00 na sede do COINDICE, se ele
não se opõe a transferência solicitada, tendo sido informado ao Perito que
não há resistência pela parte.

32 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

Como resposta ao referido Termo de Diligência 02, em 15/10/2018, o


Assistente Técnico Dr. compareceu ao escritório do Perito trazendo as infor-
mações solicitadas (doc. nº 01).
Em 18/10/2018, foi emitido o Termo de Diligência nº 03 vinculados
aos Termos de Diligências nº 01 e 02 – Termo extraordinário de Execução de
Perícia, na sede do COINDICE, com sede na Rua, Setor, nesta Capital.

ATA DA REUNIÃO COM OS ASSISTENTES TÉCNICOS

Alteração da data, hora e local da Diligência, agendada com os Assis-


tentes Técnicos, conforme Termo nº 01 e 02:

A parte promovida entrou em contato com o Perito via telefone, atra-


vés do número, as 16:h55min do dia 11 de outubro do ano em curso,
solicitando a transferência do dia horário e local da reunião com os
Assistentes Técnicos, agendados para o dia 15/10/2018 as 09:h00min
no escritório do Perito para o dia 18/10/2018 as 15h00min na sede do
COINDICE situado à rua, Setor. O Perito entrou em contato com o As-
sistente Técnico do Município o Dr., através do telefone, as 17h:43min
do dia 11 de outubro, informando a solicitação da Secretaria da Econo-
mia e indagando se ele se opunha quanto à solicitação ou se concordava,
tendo sido dado o aceite e concordância da alteração do dia, local e ho-
rário. Aos dezoito dias do mês de outubro do ano de 2018 (18/10/2018),
as 15:00h na rua, Setor, fone, presentes os senhores: Dr. - Perito do Juízo;
o Assistente Técnico da parte promovida o AuditorFiscal uma vez que a
parte solicitou a substituição da Assistente Técnica , motivos pelos quais
não trabalha mais no setor COINDICE, presente também o Sr., Assis-
tente Administrativo na Secretaria da Economia, e Dr., Assistente Téc-
nico do Município, sob a presidência do Perito Contador Judicial que,
apoiado nos art. 466 §2, Art. 474, e Art. 473 §3º do CPC/2105, agindo
por ordem e delegação do MM Juízo, da vara da Fazenda Pública Esta-
dual da Comarca levou a efeito, tarefas periciais complementares julga-
das pelo Perito Judicial como necessárias à elucidação das controvérsias

PERÍCIA CONTÁBIL | 33
Valdeci Ribeiro da Silva

de cunho técnico, fático motivadoras da perícia, previamente anuncia-


das no planejamento pericial que consiste, em síntese, na formalização
do início da prova e na arrecadação de documentos necessários aos tra-
balhos periciais solicitados nos Termos de Diligências nº 01: 1-Informa-
ções, referente à movimentação das operações financeiras com Energia
Elétrica (entradas/saídas), ocorridas no território Municipal, informa-
dos pela empresa xx no período compreendido entre janeiro a dezembro
de 2012, 2013, 2014, e 2015; 2-Informações, referente aos valores dos
repasses da cota-parte, pertencentes ao Município no Exercício financei-
ro/vigência de 2014, 2015, 2016 e 2017; 3-Informar o valor total geral
dos repasses aos Municípios no exercício financeiro/vigência de 2014,
2015, 2016 e 2017, para efeitos comparativos, identificação de queda ou
ascensão na arrecadação do ICMS/Adicional; 4- Informações referente
aos valores da Arrecadação Geral do Estado de ICMS, no período de
vigência nos Exercícios financeiros/vigências de 2014, 2015, 2016, 2017
e 2018 para efeito comparativo; 5- Demais informações que entender
necessárias ao deslinde da controvérsia instalada. O Assistente Técnico
da Secretaria da Economia não apresentou as informações e solicitou
prazo para apresentá-los em 5 dias úteis. Foi solicitado, através do Ter-
mo de Diligência nº 02 ao Município, através de seu Assistente Técnico
o Dr. 1-Informações, referente aos valores dos repasses das cota-parte,
pertencente ao Município de *** nos Exercícios financeiro/vigência de
2012, 2015, 2016 e 2017; 2-Demais informações que entender necessá-
rias ao deslinde da controvérsia instalada. O Assistente Técnico compa-
receu ao escritório do perito no dia 15/10/2018 as 09h:00min no horário
e dia agendado, apesar de concordar com a alteração do local e horário,
forneceu ao Perito informações contidas no documento nº 01, tais como:
Tabela nº 01- discriminando o valor adicionado fiscal referente ao Mu-
nicípio, no exercício de 2014; 02- Tabela 2 – evolução do valor adiciona-
do fiscal do Município verso Estado nas operações de geração de energia
elétrica; 03 – Tabela 3 – cota parte do Município, cálculo da Secretaria
da Economia; 04 – Tabela 4 - valor adicionado evolução nos exercícios

34 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

de 2012 a 2017; 05 – Gráficos 1,2 e 3. Por fim, registra-se que os técnicos


presentes a este evento pericial, abaixo assinam, declaram-se de pleno
acordo com o procedimento pericial empregado nas abordagens levadas
a efeito pelo Perito Judicial, nesta diligência de nº 03, aqui materializa-
da. Assim, nada mais foi dito, apensar de franqueada a palavra, dando
se por encerrada a presente reunião, cuja ATA, após lida e achada con-
forme segue assinada pelos signatários presentes.

Como resposta ao referido Termo de Diligência nº 01 e 03, a Superin-


tendência do COINDICE, em 22 de outubro de 2018, disponibilizou arqui-
vos contendo as informações solicitadas (documento nº 02).

Justificativa da PGE (Estado):

A perícia foi desenvolvida tendo como fonte as notas fiscais informa-


das pela Secretaria da Economia (planilha A), utilizadas para apuração do
Valor Adicionado – VA, pelo COINDICE, considerando os códigos CFOP
constantes das notas fiscais de entradas, referente às aquisições pela empresa
*** S/A e utilizando os códigos do CFOP, das respectivas notas fiscais, cons-
tantes da planilha 1_A. Além disso, foram considerados os códigos CFOP
constantes das Notas Fiscais de venda/saídas, da empresa *** S/A, usina ge-
radora de energia elétrica no Município, constantes da Planilha 1_B.
A Resolução nº 107/2012 do COINDICE/ICMS/Secretaria da Econo-
mia, em seu art. 6º, item I, especifica os códigos a serem considerados para o
cálculo do Valor Adicionado de cada Município.
A emissão das notas fiscais é autorizada, previamente, pela Secretá-
ria da Economia, constando o código CFOP (Código Fiscal de Operações e
Prestações) – fonte legal para Escrituração Fiscal Digital (EFD).
O equívoco no preenchimento do documento informativo (EFD refe-
rente ao ano base de 2014), dos valores das operações de entrada e de saída
de mercadoria (energia elétrica) não pode prevalecer sobre a efetiva apu-
ração do Valor Adicionado-VA, (base de cálculo para apuração do IPM do
Município de ***), por contrariar o dispositivo da Lei Complementar federal

PERÍCIA CONTÁBIL | 35
Valdeci Ribeiro da Silva

nº 63/90, que exige o prevalecimento da verdade material sobre a verdade


formal na apuração de dados ou na elaboração do cálculo do valor adiciona-
do, conforme o texto de seu § 10 do art. 3º: “transcrito”

“§ 10. Os Estados manterão um sistema de informações baseadas em


documentos fiscais obrigatórios, capaz de apurar, com precisão, o valor
adicionado de cada Município”.

Ademais, apurar com precisão o Valor Adicionado – VA significa


constatar e retratar a realidade da riqueza produzida no território de cada
Município, que deve ser efetivamente quantificada para que o seu Índice de
Participação dos Municípios – IPM reflita com o maior grau de fidelidade
possível à movimentação econômica nele havida.
O Valor Adicionado – VA, apurado após as correções, referentes ao
ano base de 2014, que seja determinado sua inclusão no Índice de Partici-
pação dos Municípios – IPM do Município, a ser capturado pelo sistema de
processamento da Secretaria da Economia/COINDICE, órgão responsável
pelo cálculo do valor adicionado para o exercício seguinte e reflexos.

DESENVOLVIMENTO
A perícia foi desenvolvida elaborando vários jogos de planilhas utili-
zado como fontes as notas fiscais informadas pela Secretária da Economia
(planilha A e B), considerando os códigos CFOP constantes das notas fiscais
de entradas e saídas, com foco na legislação aplicada a espécie.

ELABORAÇÃO DE PLANILHAS
Foram elaboradas planilhas objetivando elucidar a controvérsia, tais
como:

Planilha A e B
Estas planilhas foram reproduzidas pela perícia conforme as informa-
ções disponibilizadas pela Secretaria da Economia/COINDICE, objetivando
identificar os valores totais das notas fiscais de entrada e saídas elementos

36 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

que serviram de base para apurados o Valor Adicionado-VA no ano base


2014, cálculos estes, referentes aos índices de participação dos Municípios–
IPM no ICMS, elaborado em 2015 para entrar em vigor em 2016. Doravante,
as referidas planilhas contêm informações referentes às chaves de acesso das
notas fiscais de Entradas as saídas de mercadorias que foram apuradas, em
especial, na planilha B disponibilizada pela empresa *** S/A, geradora de
energia elétrica no Município, fornecidas ao Perito em atendimento ao Ter-
mo de Diligência nº 01.

Planilha nº 1_A
Foi elaborada, para identificar o Valor Adicionado-VA, referente às
entradas na empresa S/A, geradora de energia elétrica no Município no ano
base de 2014, através de informações colhidas das Notas Fiscais Digitais
consultadas uma a uma, através das chaves de acesso no site: www.***.gov.
br, informações integrantes das Planilhas A e B (fornecida p/ Secretaria da
Economia).
A perícia identificou os códigos CFOP, constantes das notas fiscais,
relacionando-os na coluna “C” de acordo com o que está contido em cada
nota. Foi especificada na coluna “E”, a informação “sim” para os documentos
fiscais, quais deles deveriam ser capturados e “não” para os que não deveriam
ser capturados, em conformidade com a legislação (LC -63/90 e Resolução
nº 107/2012 COINDICE). Foi especificada na coluna “F” o CFOP que deve-
ria ser informado pela empresa na EFD.
Foram identificados, ainda, os códigos CFOP, informados na Escri-
turação Fiscal Digital – EFD, à Secretaria da Economia pela empresa *** na
coluna “G”, conforme consta das planilhas A e B. Na coluna “H”, consta: in-
formação equivocada na captura do código CFOP, especificado na coluna G.
A empresa informou, através da Escrituração Fiscal Digital – EFD, o
código de forma equivocada para os lançamentos efetuados a título de sim-
ples faturamento, sobre as vendas para entrega futura, o que deveria ser clas-
sificado com o CFOP 6922, contida nas notas fiscais, tendo sido informado
o código 2251 na EFD como compra de energia elétrica para distribuição ou
comercialização.

PERÍCIA CONTÁBIL | 37
Valdeci Ribeiro da Silva

Planilha nº 1_B

Foi elaborada com informações contidas na planilha nº 1-A, apresen-


tando o resumo, identificando os códigos CFOP e sua descrição com os va-
lores colhidos nas notas fiscais. Foi identificado, também, os códigos CFOP,
descritos na EFD com a descrição e valores capturados pela Secretaria da
Economia.

Planilha nº 1_C

Foi elaborada para identificar o Valor Adicionado-VA, referente às


Saídas na empresa *** S/A, geradora de energia elétrica no Município no
ano base de 2014, através de informações colhidas nas Notas Fiscais Digitais,
consultadas uma a uma, através das chaves de acesso no site: www.***.gov.
br, informações integrantes das Planilhas A e B (fornecida p/ secretaria da
economia).

Planilha nº 1_D

Foi elaborada visando demonstrar o Resumo das Entradas e Saídas,


capturadas conforme a LC-63/90 e Resolução 107/2012 COINDICE, clas-
sificadas com os códigos CFOP, constante das Notas Fiscais, previamente
autorizadas, a emissão pela Secretaria da Economia, contidas nas planilhas
nº 1_A e 1_C. Foi identificado o Valor referente às entradas no importe de
R$ 167.297.792,13 (cento e sessenta e sete milhões, duzentos e noventa e sete
mil, setecentos e noventa e dois reais e treze centavos). Foi identificado, tam-
bém, o Valor no total de R$485.823.945,87 (quatrocentos e oitenta e cinco
milhões, oitocentos e vinte e três mil, novecentos e quarenta e cinco reais e
oitenta e sete centavos), referente às saídas da empresa ***, conforme plani-
lha A e B pela Secretaria da Economia.
Foi apurado, ainda, o Valor Adicionado–VA, referente às movimen-
tações com energia elétrica, no valor total de R$ 318.526.153,74 (trezentos e
dezoito milhões, quinhentos e vinte e seis mil, cento e cinquenta e três reais

38 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

e setenta e quatro centavos) no ano base de 2014, para o cálculo do índice de


participação no ICMS. Nos cálculos da Secretaria da Economia/COINDI-
CE, foi apropriado o Valor Adicionado-VA no importe de R$ 38.988.971,00
(trinta e oito milhões novecentos e oitenta e oito mil novecentos e setenta e
um reais).
Desta feita, foi apurada uma diferença do Valor Adicionado-VA equi-
valente a R$ 279.537.182,74 (duzentos e setenta e nove milhões, quinhentos
e trinta e sete mil, cento e oitenta e dois reais e setenta e quatro centavos) que
deverão ser acrescido aos cálculos do Índice de Participação dos Municípios
(IPM) no produto da arrecadação do Imposto Sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Inte-
restadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) em exercícios futuros.

Planilha nº 2

Foi elaborada visando demonstrar o Resumo das Entradas e Saídas,


classificadas com os códigos CFOP, constante nos cálculos realizados pela
Secretaria da Economia, onde foi identificado o Valor Adicionado-VA, no
ano base de 2013, equivalente a R$ 85.075.527,00 (oitenta e cinco milhões,
setenta e cinco mil, quinhentos e vinte e sete reais) nas movimentações com
energia elétrica gerada pela *** S/A, conforme informações fornecidas pela
Secretaria da Economia /COINDICE, capturados em conformidade com a
Resolução nº 107/2012 COINDICE.

Planilha nº 3

Foi elaborada visando demonstrar o Resumo das Entradas classifica-


das com os códigos CFOP, constante nos cálculos realizados pela Secretaria
da Economia, onde foi identificado o valor Capturado no ano base de 2015,
equivalente a R$ 185.590.633,00 (Cento e oitenta e cinco milhões, quinhen-
tos e noventa mil, seiscentos e trinta e três reais) nas movimentações com
energia elétrica gerada pela empresa *** S/A, conforme informações forne-
cidas pela Secretaria da Economia/COINDICE.

PERÍCIA CONTÁBIL | 39
Valdeci Ribeiro da Silva

Planilha nº 4

Foi elaborada visando demonstrar o Resumo das Saídas classificadas


com os códigos CFOP, constante nos cálculos realizados pela Secretaria da
Economia, onde foi identificado o valor Capturado no ano base de 2015,
equivalente a R$ 447.938.641,00 (Quatrocentos e quarenta e sete milhões,
novecentos e trinta e oito mil, seiscentos e quarenta e um reais) nas movi-
mentações com energia elétrica gerada pela empresa *** S/A, conforme in-
formações fornecidas pela Secretaria da Economia/COINDICE, capturados
em conformidade com a Resolução nº 107/2012 COINDICE.
Foi identificado, ainda, o Valor Adicionado-VA no ano base de 2015, so-
bre a movimentação com energia elétrica para o cálculo do IPM do Município
de *** no importe de R$ 262.348.008,00 (duzentos e sessenta e dois milhões,
trezentos e quarenta e oito mil, e oito reais), valores capturados pela Secretária
da Economia em conformidade com a Resolução nº 107/2012 COINDICE.

DA CONCLUSÃO

O escopo da prova pericial contábil é comunicar as partes interessadas


e ao MM Juízo, em linguagem simples, os fatos observados sob a ótica da
Ciência Contábil, dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos ob-
servados, mercê dos exames procedidos, para o esclarecimento dos pontos
dúbios e demonstrar a verdade que se quer conhecer.

MM juízo,
Para levarmos a termo os trabalhos periciais e visando propiciar ao
julgador da lide informações precisas, após verificação dos autos para busca
de provas, venho à presença de Vossa Excelência informar que os quesitos
foram respondidos de forma clara e objetiva em conformidade com as infor-
mações constantes nos autos e colhidas em diligencias.
O ponto controverso se refere a que o Estado de ***, através da Secreta-
ria de Economia e do seu Conselho Deliberativo dos Índices de Participação
dos Municípios (COÍNDICE), sob a presidência do seu titular, editou a Reso-
lução nº 122, de 9 de setembro de 2015, em que fixou o Índice de Participação

40 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

dos Municípios (IPM) no produto da arrecadação do Imposto sobre Opera-


ções Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), elabo-
rado em 2015, para todos os Municípios, com base nas informações fiscais de
2014, projetando as participações com vigência para o exercício de 2016.
O Município autor, ao conferir as informações e documentos disponi-
bilizados, a partir da análise do relatório publicado no sítio da Secretaria da
Economia, denominado Comparativo dos Valores Adicionados–VA por Ru-
brica, referente ao ano base de 2014, constatou que a adição atribuída à gera-
ção de energia elétrica encontrava-se muito baixa, perfazendo a importância
de R$ 38.988.971,00 (trinta e oito milhões, novecentos e oitenta e oito mil,
novecentos e setenta e um reais). Ao ser comparado com o Valor Adicionado
(VA), referente ao exercício anterior de 2013 no importe de R$ 85.075.527,00
(oitenta e cinco milhões, setenta e cinco mil, quinhentos e vinte e sete reais),
foi identificado a disparidade entre os Valores Adicionados – VA, razão pela
qual, pretende a autora revisão dos cálculos para identificar o valor correto e
não provocar prejuízos ao erário público em decorrência da Lei de Respon-
sabilidade fiscal.

DOS CÁLCULOS PERICIAIS

A perícia foi desenvolvida tendo como fonte as Notas Fiscais Digitais


contidas nas planilhas A e B, fornecida pela SEFAZ, referente às entradas e
saídas da empresa ***, geradora de energia elétrica no Município, consulta-
das uma a uma, através das chaves de acesso no site: www.***.gov.br.
Foram elaboradas as Planilhas 1_A, 1_B e 1_C, que identificam os Va-
lores das Entradas e Saídas de mercadorias no ano base de 2014 e objetivam a
identificação do Valor Adicionado-VA, informações necessárias à apuração
do Índice de Participação dos Municípios - IPM, referente à cota parte do
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS pertencente ao
Município autor.
Foram considerados nos cálculos, os códigos CFOP, constantes das
Notas Fiscais de aquisições e vendas da empresa *** S/A, constante das Pla-
nilhas 1_A e 1_B. Os valores das notas fiscais foram capturados ao cálculo,

PERÍCIA CONTÁBIL | 41
Valdeci Ribeiro da Silva

de acordo com a Resolução nº 107/2012 do COINDICE/ICMS/Secretaria da


Economia que, em seu art. 6º, item I, especifica os códigos a serem conside-
rados para o cálculo do Valor Adicionado de cada Município.
É importante observar que a emissão de todas as notas fiscais é pre-
viamente autorizada pela Secretaria da Economia, contendo o Código Fiscal
de Operações e Prestações-CFOP, informação necessária para Escrituração
Fiscal Digital-EFD e, também, para a identificação dos valores a serem con-
siderados no cálculo do Valor Adicionado-VA para apurar o índice de parti-
cipação no ICMS do Município-IPM.
Foi elaborada, ainda, a Planilha nº 1_D - quadro resumo das infor-
mações, contidas nas planilhas 1_A, 1_B e 1_C, identificando os valores das
notas fiscais com as classificações dos códigos CFOP, referente às entradas
(aquisições pela empresa ***), totalizando o valor de R$ 446.834.402,75
(quatrocentos e quarenta e seis milhões, oitocentos e trinta e quatro mil,
quatrocentos e dois reais e setenta e cinco centavos). Da mesma forma, fo-
ram identificadas as notas fiscais de Saídas (vendas da empresa ***) no valor
de R$ 485.987.823,73 (quatrocentos e oitenta e cinco milhões, novecentos
e oitenta e sete mil, oitocentos e vinte e três reais e setenta e três centavos),
conforme a LC nº 63/91 e pela Resolução nº 107/2012 do COINDICE.
Conforme os cálculos periciais apurados, o Valor Adicionado-VA no
ano base de 2014 totaliza a monta de R$ 318.526.153,74 (trezentos e dezoito
milhões, quinhentos e vinte e seis mil, cento e cinquenta e três reais e setenta
e quatro centavos), referente a energia elétrica, tendo como base as notas
fiscais de entrada e saída, dos quais já foram apropriados a importância de
R$ 38.988.971,00 (trinta e oito milhões, novecentos e oitenta e oito mil, no-
vecentos e setenta e um reais).

DA APURAÇÃO DO QUANTUM

Assim sendo, foi apurada, uma diferença do Valor Adicionado-VA a


ser apropriado ao Índice de Participação dos Municípios - IPM, referente à
cota parte do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS
em exercícios futuro no importe de R$ 279.537.182,74 (duzentos e setenta e

42 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

nove milhões, quinhentos e trinta e sete mil, cento e oitenta e dois reais e se-
tenta e quatro centavos), relacionado à energia elétrica gerada no Município
de ***, tendo como fonte as Notas Fiscais de Entradas e Saídas.
O equívoco no preenchimento do documento informativo-Escritura-
ção Fiscal Digital-EFD, dos valores das operações de entrada e de saída de
mercadoria, referente às operações com energia elétrica, não pode prevalecer
sobre a efetiva apuração do Valor Adicionado-VA, do Município de ***, pois
a Lei Complementar federal nº 63/90 exige que a verdade material prevaleça
sobre a verdade formal na apuração de dados ou na elaboração do cálculo do
valor adicionado, conforme o texto de seu § 10 do art. 3º:(Transcrito)

“§ 10. Os Estados manterão um sistema de informações baseadas em


documentos fiscais obrigatórios, capaz de apurar, com precisão, o valor
adicionado de cada Município”.

É importante ressaltar que o laudo pericial é direcionado ao juiz que


apreciará livremente a prova, conforme o art. 371 do CPC/2015.

“Art. 371 – O Juiz apreciará a prova constante dos autos, independente-


mente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões
da formação de seu convencimento.”

DO ENCERRAMENTO

Terminados os trabalhos necessários às circunstâncias, encerrou-se a


presente perícia, da qual se lavrou o Laudo Técnico Pericial Contábil, resul-
tado de todo o esforço técnico despendido, contendo *** folhas-texto, digita-
das, ** peças da lavra da Perícia, intitulados: (3) comunicação com as partes
através de Termo de Diligência, (1) comparecimento do Assistente Técnico,
(1) Ata da Reunião com os Assistentes Técnicos, (09) Planilhas: Planilha A
Planilha B, Planilha 1_A, Planilha 1_B, Planilha 1_C, Planilha 1_D, Planilha
nº 2, Planilha nº 3, Planilha nº 4, (04) documentos fornecidos pelas partes.

PERÍCIA CONTÁBIL | 43
Valdeci Ribeiro da Silva

Solicita a juntada, nesta oportunidade, em ordem a servir a instrução


processual e a produzir os efeitos legais.
Este Perito espera que o trabalho possa colaborar na convicção do
meritíssimo Juízo, bem como ter cumprido fielmente o dever.
Coloco-me à vossa inteira disposição para outros esclarecimentos jul-
gados pertinentes.
Termos em que P. juntada e deferimento.
Dia, mês e ano.

Perito Contador do Juízo


CRC- & CNPC/CFC

PODER JUDICIÁRIO

Comarca de .... - .... ª Vara da Fazenda Pública Estadual

SENTENÇA

Autos n.: ........

O Município de *** ajuizou “ação declaratória c/c tutela provisória


de urgência de natureza cautelar” em face do Estado de ***.
Narra que o Conselho Deliberativo dos Índices de Participação do Mu-
nicípio – COÍNDICE/ICMS, no dia 09/09/2015 aprovou a Resolução
nº 122/2015, ocasião na qual fixou o Índice Provisório dos Municípios
– IPM/2015, para fins de elaboração do Índice Final de Participação dos
Municípios na repartição da receita do ICMS, para vigorar a partir de
01/01/2016.
Afirma que o índice que lhe diz respeito não condiz com a realidade da
movimentação econômica e a produção de riquezas, na medida em que
constam erros na apropriação do valor adicionado, de maneira que cons-
tatou que a adição atribuída à geração de energia elétrica encontrava-se

44 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

muito baixa, perfazendo a importância de R$38.988.976,00 (trinta e


oito milhões, novecentos e oitenta e oito mil, novecentos e setenta e seis
reais).
Relata que protocolou requerimento junto à Secretaria da Economia, no
qual solicitou a relação de todas as notas fiscais de entrada e de saída
de energia elétrica da empresa *** S. A., produtora e distribuidora de
energia elétrica no seu território, durante os exercícios de 2013 e 2014
(processo de autos nº ******.**).
Afirma que o valor adicionado relativo às operações com energia elétri-
ca alcança, na realidade, a importância de R$255.307.983,58 (duzentos
e cinquenta e cinco milhões, trezentos e sete mil, novecentos e oitenta e
três reais e cinquenta e oito centavos).
Verbera que impugnou administrativamente o seu valor adicionado e o
consequente índice, por meio do processo de autos nº ****** **, protoco-
lado no dia 29 de outubro de 2015, porém o Estado de xx, por intermé-
dio do COINDICE, decidiu pelo indeferimento integral do pleito.
Acusa que o prejuízo imposto ao Município, com o procedimento ado-
tado pela Secretaria da Economia, perfaz o valor aproximado de R$
5.800.000,00 (cinco milhões e oitocentos mil reais).
Requer a concessão de tutela de urgência, a fim de que o réu imedia-
tamente acresça, ao seu valor adicionado, constante da Resolução nº
123/2015-COINDICE, a quantia de R$ 216.319.007,00 (duzentos e
dezesseis milhões, trezentos e dezenove mil e sete reais), refazendo os
consequentes cálculos do IPM deste Município, com produção dos cor-
respondentes efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2016.
Pugna, ainda, que o réu calcule o seu valor adicionado, a partir do ano
base de 2015 em diante, tomando por base as informações constantes
das notas fiscais de entrada e de saída de responsabilidade da usina
geradora de energia elétrica. Juntou documentos.

PERÍCIA CONTÁBIL | 45
Valdeci Ribeiro da Silva

Requer, no mérito, que seja declarado definitivamente seu o direito à


justa reparação dos danos causados em razão do procedimento ilegal
perpetrado pelo Estado de ***, a fim de que, ao valor adicionado do
Município devidamente atualizado, as quantias apuradas nos termos
dos pedidos anteriores, determinando que às mesmas, descontados dos
valores já antecipados pelas tutelas concedidas, sejam somadas ao valor
adicionado do ano anterior ao da intimação da decisão final transitada
em julgado, para vigência no exercício seguinte, de forma a conferir efe-
tividade à reparação dos danos causados.
A tutela provisória foi indeferida no evento **.
O Estado de ***, no evento **, apresentou contestação, na qual argumen-
tou, preliminarmente, a necessidade de que todos os Municípios goianos
sejam citados, como litisconsortes passivos necessários. No mérito, ar-
gumentou que a parte autora pretende que se aplique exceção ao seu
caso, em detrimento do princípio da legalidade e da segurança jurídica.
Argumento que, em razão da edição da Resolução 125/2016, houve a
perda do objeto. Requereu a improcedência do pedido e que, mesmo no
caso de procedência, que não seja condenado nos ônus da sucumbência.
A parte autora apresentou impugnação à contestação no evento **.
Instadas a se manifestarem acerca da produção de provas, o Estado de
*** requereu o julgamento antecipado da lide (evento **), ao passo que a
parte autora pugnou pela realização de prova pericial (evento **).
A perícia foi deferida no evento **, tendo, após trâmites de praxe, sido
apresentado o laudo pericial no evento **.
Intimadas, as partes se manifestaram acerca do laudo pericial, e sobre
a versão de seus respectivos assistentes técnicos, nos eventos 79, 80, 86,
90 e 92.
O Ministério Público informou ser desnecessária a sua intervenção no
feito (evento **).

46 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

É o relatório. Decido.
Cuida-se de ação de declaratória c/c tutela provisória de urgência de
natureza cautelar, proposta pelo Município de ***, o qual requer a mo-
dificação do índice de participação dos Municípios que lhe foi conferido,
ante os equívocos no lançamento feitos pela sociedade empresária ***
S. A.
O Estado de *** arguiu, em sede de preliminar, a necessidade de forma-
ção de litisconsórcio passivo necessário com todos os Municípios.
Deve ser afastado de plano tal argumento, porquanto o art. 114, do Có-
digo de Processo Civil, assim dispõe:
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei
ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam
ser litisconsortes.
No caso, eventual recálculo no VAF do autor, em decorrência da não
aplicação da Lei Complementar nº 158/2017, não implica necessaria-
mente em consequências aos demais Municípios do Estado de ***, não
tendo esta legitimidade para figurar no polo passivo desta ação.
Neste sentido, confira-se:
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÕES CÍVEIS.
AÇÃO DE COBRANÇA. REPASSE DE ICMS AO MUNICÍ-
PIO. PROGRAMAS FOMENTAR, PRODUZIR E PROTE-
GE. INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.
VIOLAÇÃO, EM PARTE, DO ART. 158 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO
DO §1º DO ARTIGO 82 DO ADCT. ÍNDICES DE ATUALI-
ZAÇÃO APLICÁVEIS À FAZENDA PÚBLICA – REFOR-
MA PARCIAL DA SENTENÇA. 1. A jurisprudência do STJ
e desta Corte, em casos em que o Município pretende receber

PERÍCIA CONTÁBIL | 47
Valdeci Ribeiro da Silva

créditos advindos de parcelas de ICMS, não repassados pelo


Estado, decorrentes de benefícios fiscais concedidos, é no sen-
tido da inexistência do litisconsórcio passivo necessário com
os demais Municípios, uma vez que, nestes casos, não ocorre
violação do artigo 47 do CPC/73, uma vez que o deferimento
do pedido do Município credor não atingirá a esfera jurídi-
ca dos demais Municípios. 2. Por expressa disposição consti-
tucional (art. 158, inc. IV, da CF), parte da arrecadação do
ICMS pertence de pleno direito aos entes municipais, não po-
dendo o respectivo repasse sujeitar-se à condição prevista em
programas de benefícios fiscais de âmbito estadual, sob pena
de indevida interferência do Estado no sistema constitucional
de repartição de receitas tributárias. 3. O legislador estadual,
devidamente autorizado pela Constituição Federal, instituiu
o “Fundo de Combate à Pobreza”, que denominou PROTEGE
***. A Constituição Federal, por sua vez, no § 1º do art. 82 do
ADCT, além de estabelecer o percentual de até 2% da alíquo-
ta do ICMS, a incidir sobre os produtos e serviços supérfluos,
isentou os Estados do repasse desse adicional aos Municípios,
ao ressalvar expressamente que não se aplica sobre esse per-
centual “o disposto no art. 158, IV, da Constituição”. Quer
isso significar que, quanto ao percentual destinado ao PRO-
TEGE ***, não haverá repasse aos Municípios. 4. A matéria
em exame não se amolda à questão discutida no RE 705.423/
SE, porquanto trata esse julgado de tributos diversos, que não
observam a sistemática sequer semelhante à do ICMS. Naque-
le recurso extraordinário discute-se, à luz do art. 159, I, b e
d, da CF, se a concessão de benefícios, incentivos e isenções
fiscais relativos ao Imposto de Renda e ao Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados pode impactar no cálculo do valor de-
vido aos Municípios a título de participação na arrecadação
dos referidos tributos (Tema nº 653). O certo é que, por ora,

48 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

não houve nenhuma evolução jurisprudencial no âmbito do


STF a respeito do repasse do ICMS aos Municípios, motivo por
que ainda prevalece o entendimento segundo o qual “o repas-
se de parcela do ICMS devida aos Municípios não pode ficar
sujeito aos planos de incentivo fiscal do Estado, sob pena de
violar o sistema constitucional de repartição de receitas”. 5.
Ficam mantidos os honorários advocatícios fixados na senten-
ça, tanto aqueles a serem pagos pelo Estado de ***, quanto os
que resultaram da condenação do Município apelado, eis que
a forma de arbitramento utilizada pelo juízo de primeiro grau
atende satisfatoriamente a legislação de regência. 6. Sobre o
valor devido pelo Estado de *** deverão incidir juros de mora
de 1% ao mês, e correção pelo INPC até 29/06/2009, sendo que
após 30/06/2009, os juros de mora obedecerão aos índices ofi-
ciais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança; já a correção monetária deverá ser atualizada pelo
IPCA-e. Primeira apelação desprovida. Remessa obrigatória
e segunda apelação, parcialmente providas. (TJGO, Apelação
/ Reexame Necessário 0*****11.2011.8.09.0142, Rel. ****, ***ª
Câmara Cível, julgado em 08/02/0000, DJe de 08/02/0000)
Com relação à alegação do Estado de ** de que, em razão da edição
da Resolução 125/2016, teria ocorrido a perda do objeto, passo a tecer
comentários.
Nada obstante a edição do mencionado ato normativo (o qual deter-
mina que, ao invés das informações serem obtidas através da Escritu-
ração Fiscal Digital do contribuinte, elas serão extraídas diretamente
documentos fiscais eletrônicos emitidos), sabe-se que esse só poderá ser
aplicados para fatos posteriores a sua edição.
Assim, no caso da parte autora, no qual foi aplicado a versão anterior
da Resolução nº 125/2016, eventuais mudanças em atos normativos
não farão diferença, posto que não possuem efeitos retroativos.

PERÍCIA CONTÁBIL | 49
Valdeci Ribeiro da Silva

Remanesce, portanto, o alegado prejuízo pela parte autora, razão pela


qual rejeito a alegação de perda do objeto.
Não havendo questões preliminares ou outras provas a serem produzi-
das, adentro ao mérito da causa.
Para a resolução da lide, deve o condutor processual verificar se a apli-
cação da legislação de regência da matéria foi feita de forma correta.
Após analisar detidamente os fatos, bem como a farta documentação
acostada, é possível se concluir que razão assiste ao Município de **.
Quanto a repartição dos valores advindos do ICMS para os Municípios,
há previsão constitucional, a qual transcrevo:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
(…)
IV – vinte e cinco porcento do produto da arrecadação do
imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte inte-
restadual e intermunicipal e de comunicação.
Além do art. 158, da Constituição Federal, há a Lei Complementar nº
63/90. O artigo 3º da citada Lei tem a seguinte previsão:
Art. 3º 25% (vinte e cinco porcento) do produto da arreca-
dação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte In-
terestadual e Intermunicipal e de Comunicação serão credi-
tados, pelos Estados, aos respectivos Municípios, conforme os
seguintes critérios:
(…)
§ 1o O valor adicionado corresponderá, para cada Município:
I – ao valor das mercadorias saídas, acrescido do valor das
prestações de serviços, no seu território, deduzido o valor das
mercadorias entradas, em cada ano civil;

50 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

Da leitura da Lei Complementar nº 63/90, nota-se o modo pelo qual


deve ser feito o cálculo para se apurar o valor a ser recebido por Mu-
nicípio a título de ICMS: sobre o valor das mercadorias alienadas será
deduzido o valor obtido das mercadorias adquiridas.
Lado outro, a Resolução COÍNDICE/ICMS nº 107/2012 impõe expres-
samente que:
Art. 1º Os índices de participação dos Municípios na arre-
cadação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transpor-
te Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS
– são elaborados conforme os critérios estabelecidos nesta
Resolução.
(…)
Art. 4º O valor adicionado, que compõe o índice de participa-
ção dos Municípios nas receitas oriundas do ICMS, correspon-
de à soma dos valores das mercadorias saídas menos a soma
dos valores das mercadorias entradas em cada ano civil, con-
siderando-se ainda em cada Município:
(…)
V – os valores de comercialização de energia elétrica pela ge-
ração e distribuição, da seguinte forma:
pela geração, a apuração do valor adicionado é feita:
1. pelo levantamento dos valores da efetiva venda da energia
elétrica gerada em Município ***, devidamente informados
pelas empresas geradoras em documento oficial de escritura-
ção fiscal definido pela Secretaria da Economia;6
2. por intermédio da Secretaria de Estado de Infraestrutura
-SEINFRA-, quando não houver informação das empresas
geradoras;

PERÍCIA CONTÁBIL | 51
Valdeci Ribeiro da Silva

pela distribuição, a apuração dos valores adicionados será


feita pelo levantamento do consumo de energia elétrica, em
cada Município, deduzidos proporcionalmente dos valores
relativos às aquisições da empresa distribuidora, situada em
território este estado, cuja atuação se estenda para além do
Município onde esteja sediada;
(…)
Art. 6º – São considerados para o cálculo do valor adicionado
de cada Município:
I – os valores contábeis registrados com os Códigos Fiscais de
Operações e Prestações -CFOP- discriminados no Anexo I des-
ta Resolução, constantes de documento oficial de escrituração
fiscal adotado pela Secretaria de Economia do Estado de ***;
(…)
§ 1º – Desconsideram-se, na apuração do valor adicionado, os
valores relativos:
I – aos inventários inicial e final;
II – às entradas e saídas de mercadorias destinadas a bens de
ativo imobilizado e materiais de uso e consumo;
(…) (grifei)
Assim, a Resolução nº 107/2012 do COINDICE, estabelece que o cál-
culo do valor adicionado na geração de energia elétrica seja apurado
subtraindo o somatório das notas fiscais de entrada do somatório das
notas fiscais de saída.
Por essa razão, caso a sociedade empresária efetue lançamentos con-
tábeis de energia elétrica utilizando o CFOP equivocado, o COIN-
DICE deixará de considerar expressivos valores no cálculo do Valor
Adicionado.

52 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

Vejamos o que restou apurado no laudo pericial de evento **:


(…)
Conforme os cálculos periciais apurados na tese do autor, o
Valor Adicionado – VA no ano base de 2014, totaliza a monta
de R$ 318.526.153,74 (trezentos e dezoito milhões, quinhen-
tos e vinte e seis mil e cento e cinquenta e três reais e setenta
e quatro centavos), referente a energia elétrica, tendo como
base as notas fiscais de entrada e saída, dos quais já foram
apropriados a importância de R$ 38.988.971,00 (trinta e oito
milhões, novecentos e oitenta e oito mil, novecentos e setenta
e um reais).
Desta feita, foi apurada uma diferença do Valor Adicionado
– VA equivalente a R$ 279.537.182,74 (duzentos e setenta e
nove milhões, quinhentos e trinta e sete mil, cento e oitenta e
dois reais e setenta e quatro centavos) que deverão ser acres-
cido aos cálculos do Índice de Participação dos Municípios
(IPM) no produto da arrecadação do Imposto Sobre Opera-
ções Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação
de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) em exercícios futuros.
(…)
Assim sendo, foi apurada, uma diferença do Valor Adicionado
– VA a ser apropriado ao Índice de Participação dos Municí-
pios – IPM, referente à cota parte do Imposto Sobre Circula-
ção de Mercadorias e Serviços – ICMS em exercícios futuros
no importe de R$ 279.537.182,74 (duzentos e setenta e nove
milhões, quinhentos e trinta e sete mil, cento e oitenta e dois
reais e setenta e quatro centavos), relacionado à energia elé-
trica gerada no Município de ***, tendo como fonte as Notas
Fiscais de Entradas e Saídas.

PERÍCIA CONTÁBIL | 53
Valdeci Ribeiro da Silva

Segundo o Estado de ***, conforme manifestação do **:


(…)
Quanto ao cálculo do IPM 2015 (ano base 2014), o COÍNDI-
CE reitera que eventual erro cometido no preenchimento das
informações fiscais e contábeis pela empresa *** S.A. deve ser
corrigido através dos instrumentos legais disponibilizados
pelo Estado de *** para tal, não cabendo estabelecer regra ex-
cepcional de cálculo do IPM para uma única empresa ou Mu-
nicípio, em detrimento aos princípios da legalidade e igualda-
de definidos pela Constituição Federal.
Traduzindo em linhas mais simples, o que a parte ré afirma é, caso haja
equívoco na escrituração contábil por parte das sociedades empresárias,
quando da apuração do valor adicionado dos Municípios, não tomarão
nenhuma previdência para correção do IPM.
Em resumo, o Estado de *** admite a falha na escrituração e
consequente análise do VA no caso da parte autora, porém, sob
alegação de que observa à Resolução nº 107/2012 (e em comple-
ta afronta a Lei Complementar nº 63/90), nada poderá ser feito
com relação ao IPM erroneamente apurado, não importa o quão
errado esteja.
Considerando as provas dos autos, constata-se, portanto, que é devido
ao Município autor a compensação dos valores não adimplidos pelo Es-
tado de ***.
Entretanto, ante a divergência apresentada até mesmo na perícia, en-
tendo que o momento da liquidação de sentença é mais adequado para
se apontar os valores com maior precisão.
Cumpre salientar que a Lei Complementar nº 63/90 não faz nenhuma
alusão à possibilidade de os entes federados modificarem a sua redação,
considerando dados diversos daqueles previstos. Na verdade, em termos

54 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

de Administração Pública, o princípio da legalidade não poderia ser


mais imperativo.
Nota-se que a legislação complementar é clara no sentido de estabelecer
as diretrizes segundo as quais ocorrerá a repartição de receita imposta
pela Constituição da República, no artigo 158, inciso IV.
Sendo assim, não pode o Estado de ***, por meio do COÍNDICE, exigir
que as devidas correções sejam feitas pela iniciativa da sociedade empre-
sária contribuinte tão somente, visto que possui plenas possibilidades,
além do próprio dever legal, de promover as devidas retificações.
Como já mencionado anteriormente, o ordenamento jurídico brasileiro
não permite que a Administração Pública opte por não cumprir a lei,
caso esta não atenda os seus interesses imediatos.
Demais disso, Hely Lopes Meirelles, in Direito Administrati-
vo moderno, Malheiros Editores: São Paulo, 2014, ensina que
A legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37,
caput), significa que o administrador público está, em toda a sua
atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exi-
gências do bem comum, e deles não se pode afastar ou des-
viar, sob pena de praticar ato inválido e exporse a responsabi-
lidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.
Em consonância aos ensinamentos doutrinários, tem entendido o Tri-
bunal de Justiça do Estado de ***:
AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. NULIDA-
DEDEATOADMINISTRATIVO.OBRIGAÇÃODEFAZER.GRA-
TIFICAÇÃO DE PRODUTIVIDADE. FISCAIS DA AGRO-
DEFESA. REGULAMENTAÇÃO. AUSÊNCIA. PERCEPÇÃO
DESAUTORIZADA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NO-
VOS.1 Os atos administrativos devem ser erigidos sob a égi-
de do princípio da legalidade, pena de caracterização de

PERÍCIA CONTÁBIL | 55
Valdeci Ribeiro da Silva

improbidade administrativa. (…) (TJ**, APELAÇÃO CÍVEL


*****-29.2004.8.09.0011, Rel. DES.***, *A CÂMARA CÍVEL,
julgado em 19/11/2013 DJe *** de 19/12/****).
Por todo o exposto, a procedência dos pedidos é medida que se impõe.
Posto isto, julgo procedente o pedido exordial, a fim de declarar o direito
da do Município de *** a ser ressarcido do prejuízo que lhe foi imposto,
cujos efeitos financeiros já se verificaram nos exercícios de 2016 e 2017,
correspondente ao que geraria o Valor Adicionado Fiscal, devendo o va-
lor ser precisamente apurado em sede de liquidação de sentença.
De logo, fixo como parâmetro de correção o IPCA-E, porquanto é o índi-
ce aplicável a partir de 25 março de 2015, com juros aplicáveis à cader-
neta da poupança, conforme o Tema 810, do Supremo Tribunal Federal.
Em face da sucumbência mínima, condeno o Estado de *** ao paga-
mento de honorários advocatícios, sendo que estes serão fixados apenas
quando da liquidação do valor, tudo nos termos dos arts. 85, § 4º, II, c/c
art. 86, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
Intimem-se.
Data do sistema.
Juiz de Direito

56 | PERÍCIA CONTÁBIL
Revisão de Índices de Participação dos Municípios no ICMS

Resumo: Quadros comparativos das alegações do autor na inicial

Operações no exercício de 2014 Valor total R$


Notas fiscais de saídas 423.080.446,33
Notas fiscais de entradas 167.772.462,75
Cálculo do VA conforme notas fiscais 255.307.983,58
Valor do VA já apropriado 38.988.976,00
VA – Valor Adicionado esperado a recuperar na perícia 216.319.007,00

Quadro apurado pela perícia homologados pela Sentença

Operações no exercício de 2014 Valor total R$


Notas fiscais de saídas 485.823.945,87
Notas fiscais de entradas 167.297.792,13
Cálculo do VA conforme notas fiscais 318.526.153,74
Valor do VA já apropriado 38.988.971,00
VA – Valor Adicionado a recuperar apurado
279.537.182,74
pela Perícia Contábil

Conclui-se Êxito acima do esperado acrescido ao VA a recuperar no importe


de R$ 63.218.175,74 (sessenta e três milhões, duzentos e dezoito mil, cento e
setenta e cinco reais e setenta e quatro centavos).

PERÍCIA CONTÁBIL | 57
CAPÍTULO 2
Perícia em Contrato Habitacional
NOTA SOBRE O AUTOR

SAULO MACEDO FREITAS é Contador forma do pela PUC-GO –


Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Pós-graduado em Análise
e Auditoria Contábil e MBA em Padrões Internacionais de Auditoria
Interna. É membro da Comissão de Perícia do Conselho Regional
de Contabilidade do Estado de Goiás e da Associação dos Peritos
Contadores do Estado de Goiás. Áreas de atuação: Perito Contador
Judicial e Extrajudicial, Perito Assistente das partes, no âmbito da
Justiça Federal e Estadual.
RESUMO

Este capítulo trata do laudo pericial contábil elaborado pelo autor


para levar à instância decisória elementos de prova para subsidiar a justa
solução da causa. Trata-se de uma perícia contábil realizada em uma Ação
de Consignação em Pagamento de um contrato habitacional, formulada por
Paulo da Silva em face uma incorporadora, que foi ajuízada na 9ª. Vara Cível
da Comarca de Goiânia/GO e o M.M. Dr. Juiz utiliza em sua fundamenta-
ção, antes de prolatar a sentença, a metodologia e a análise técnica do laudo
pericial pela sua qualidade e rigor na elaboração. O laudo seguiu todas as
regras e procedimentos técnico-científicos que devem ser observados pelo
perito no âmbito judicial e contribuiu de forma decisiva para a solução da
lide de forma imparcial e bem fundamentada.

INTRODUÇÃO

O laudo pericial foi protocolado em 24/09/2019 e para desenvolvi-


mento dos trabalhos periciais foram adotadas as normas e metodologias
previstas na Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TP 01, aprovada pela
Resolução CFC n.º 1.243/09, dentre as quais se destacam o exame, a certifi-
cação e a investigação.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9ª


VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO

Requerente: Paulo da Silva


Requerida: Construtora XYZ
Natureza: Consignatória
Perito: Saulo Macedo Freitas

PERÍCIA CONTÁBIL | 61
Saulo Macedo Freitas

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Trata-se de Ação de Consignação em Pagamento visando modificação


da Tabela Price com cobrança de juros compostos e Tutela Antecipada, ajuizada
em 09/09/2014 (fls.2/22), no qual o autor em face da Construtora XYZ, argui
na inicial que adquiriu um apartamento através de compromisso de compra
e venda, sendo que, ficou ajustado que pagaria a incorporadora o valor de R$
17.925,00 (dezessete mil, novecentos e vinte e cinco reais) em 12 (doze) parcelas
semestrais, conforme cláusula contratual elencada a seguir, e ao final requer:

Cláusula Quinta - Do preço e Pagamento:


R$ 17.925,00 (dezessete mil, novecentos e vinte e cinco reais), em 12
(doze) parcelas semestrais, reajustáveis e consecutivas, no valor de R$
1.493,74 (um mil, quatrocentos e noventa e três reais e setenta e qua-
tro centavos) cada, vencendo a primeira em 15/11/2009” (conforme
Contrato).
No entanto, a promovida está onerando excessivamente o contrato atra-
vés de aplicação capitalizada de forma mensal dos juros e do índice elei-
to no contrato, gerando a necessidade de correção por parte do Poder
Judiciário de sorte a garantir a aplicação de forma linear/simples dos
juros e Índice pactuado e ainda para afastar a capitalização mensal.

A - A inaplicabilidade dos efeitos do art. 285-A da Lei 11.277/06, já


que o requerente pleiteia a revisão dos valores conforme deli-
neado; seja a mesma processada, mediante as cautelas legais de
estilo, com fundamento nos artigos 273, I e 11, 914, I, e seguintes,
do Código de Processo Civil, c/c o artigo 406 do Código Civil
Brasileiro, artigo 253 do Código Comercial, artigo 4° do Decre-
to- Lei n.° 22.626/33, c/c Súmula 121 do Supremo Tribunal Fe-
deral, artigo 52, § 1°, do Código de Defesa do Consumidor, com
a concessão da LIMINAR/TUTELA ANTECIPADA DA LIDE
inaudita altera parts quanto a consignação semestral do valor
correto das prestações, conforme o laudo em anexo;

62 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

B - TUTELA ANTECIPADA - a determinação às entidades prove-


doras ou mantedoras de bancos ou cadastros de crédito e consu-
mo (SPC E SERASA), para que se abstenham de inscrever ou re-
gistrar quaisquer restrições de caráter comercial/creditício com
relação ao que aqui se discute e, havendo já o referido reqistro,
que sejam excluídos ou suspensos até o julgamento final desta
lide; quando deverá ser excluída definitivamente;
C - A imediata SUSPENSÃO de qualquer medida judicial já conce-
dida no sentido de determinar a rescisão contratual objeto da
presente ação, caso haja, devendo ser procedido busca nos car-
tórios e em havendo ações correlatas, que seja determinada a re-
distribuição a esta vara e o apensamento a estes autos.
D - Seja deferida LIMINARMENTE a consignação em juízo dos
valores inadimplidos para que haja a purgação da mora das
parcelas referente às semestrais vencidas e ainda a consignação
judicial de todas as parcelas semestrais vincendas no valor de
R$ 1.359,81 (um mil, trezentos e cinquenta e nove reais e oiten-
ta e um centavos), até final decisão, conforme planilha anexa,
utilizando os índices mais benéficos a requerente, sendo Requer
ainda, subsidiariamente, que não sendo este o entendimento de
Vossa Excelência, que seja deferido ao requerente o direito de
consignar em juízo o valor integral do saldo devedor encontra-
do ela perícia contábil, ou seja, R$ 6.799,05 (seis mil, setecentos
e noventa e nove reais e cinco centavos), ou ainda, o valor das
parcelas no importe exigido pela promovida, o qual rogamos não
seja liberado à promovida até final decisão.
E - DA TUTELA ANTECIPADA DE EXIBIÇÃO DE DOCUMEN-
TOS - para determinar que a promovida requerido, exiba em
juízo, extratos com os referidos lançamentos de pagamentos e
evolução do saldo devedor.
F - A CITAÇÃO dos Requeridos através de aviso de recebimento
- AR, para contestar a presente ação, caso queira, sob pena de
revelia, e a procedência do pedido, em todos os seus termos, na

PERÍCIA CONTÁBIL | 63
Saulo Macedo Freitas

forma própria, com as observações contidas no artigo 285 do


CPC e ao final ser julgada procedente a presente, em todas as
cominações legais;
G - Suspensão da cobrança de juros e índices com capitalização
mensal, o que é ilegal;
H - Demandas conexas: A determinação da conexão de qualquer
ação proposta pela promovida com a presente ação, na forma
do artigo dos artigos 102 e seguintes, combinado com o artigo
253 do CPC, para julgamento único, evitando assim decisões ou
sentenças controvertidas ou contraditórias e conflitantes;
I- A inversão do ônus da Prova, com todos os consistórios legais de
direito, inclusive o pagamento de perícia, laudos, emolumentos,
documentos e outros que se fizerem necessários ao andamento
da lide, sejam todos suportados pelo Banco requerido.
J- Seja DECLARADO por V. Exa., que os encargos obedeçam o se-
guinte critério, a saber:
J-1) Correção das prestações e saldo devedor, com os juros
contratuais, porém sem capitalização mensal, excluindo a
Tabela Price;
J-2) Capitalização de juros anuais;
J-3) Suspensão da aplicação do índice superior a 2,00%, sobre
muitas por atraso nos pagamentos, na forma do artigo 51
(parágrafo 2°) da Lei 8.078/90.
L - Seja JULGADO PROCEDENTE o presente pedido, em todos os
seus termos, conforme fundamentação aplicando-se os juros
contratuais, com a determinação da REVISÃO INTEGRAL DA
FORMA DE CÁLCULO DO SALDO DEVEDOR, e declare qui-
tado o contrato ao final dos pagamentos das parcelas em juízo
dos valores comprovadamente corretos com a expedição da res-
pectiva carta de quitação.

64 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

M - Que seja condenado a parte requerida em todas as cominações


legais, a ressarcir os valores cobrados a maior do quando da Re-
querente, aplicação dos juros e índices compostos fora dos pa-
tamares legais, abatendo-os em parcelas a vencer, bem como ao
pagamento de honorários - advocatícios no percentual de 20%
sobre o valor atualizado, além de custas judiciais.
N - Seja a parte autora mantida na posse do bem objeto da presen-
te lide até final julgamento (transito em julgado) do presente
processo.
O - Seja condenada a promovida a pagar em benefício do promo-
vente a multa contratual de 20% (vinte porcento) do valor do
contrato em face do descumprimento contratual no que tange à
forma de cálculo das parcelas.
P - A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, nos
termos da Lei n° 1.060/50.
Q - Protesta pelo depoimento pessoal do representante legal do re-
querido e por todas as provas admitidas em direito, inclusive a
pericial, o que já se requer.

O Autor trouxe na inicial planilha de cálculo, pedindo que a correção


das prestações e saldo devedor sejam feitos sem capitalização mensal, ex-
cluindo a Tabela Price, capitalização de juros anuais e suspensão da aplicação
do índice superior a 2% sobre multas por atraso nos pagamentos, na forma
do artigo 51 parágrafo 2º da Lei 8.078/90.
Em sua contestação, (Evento nº 3 – Arquivo nº 33), a requerida infor-
ma que em que pese o teor da peça exordial, razão alguma assiste ao Autor,
motivo pelo qual a presente demanda deverá ser julgada improcedente. Não
houve audiência de conciliação para buscar o acordo entre as partes.
A perícia técnica foi deferida na r. decisão (Evento nº 3 – Arquivo
65) dos autos, oportunidade que o Douto Magistrado nomeou o Perito,
facultou às partes a indicarem assistentes técnicos e apresentarem quesitos
principais.

PERÍCIA CONTÁBIL | 65
Saulo Macedo Freitas

Na sequência o Autor apresentou 16 (dezesseis) quesitos (Evento nº


3 – Arquivo nº 52) e indicou Assistente Técnico.
A requerida não apresentou quesitos e indicou Assistente Técnico
(Evento nº 3 – Arquivo nº 51), solicitando que as parcelas devidas pelo con-
signante, sendo as 5 derradeiras da planilha de fl. 37, fazendo incidir a cor-
reção monetária pela variação do IGPM-FGV, a partir da data da compra do
imóvel (05/05/2009 - fl. 35) até a data atual/pagamento; requer fazer constar
ainda os juros remuneratórios de 1% ao mês, aplicados da data da compra
até a data atual/pagamento, devidamente regulado no contrato (fl. 30) e den-
tro da lei e da melhor e atual jurisprudência.
Por fim, considerando não ter havido o pagamento dessas parcelas,
além dos juros remuneratórios e da correção monetária até a data atual, de-
verá integrar a obrigação de pagar, os juros de mora de 1%/mês e a multa por
atraso de 2%, na forma da lei.
Em seguida, este perito judicial informou ao Juízo, em 05/06/2019,
(Evento nº 9), que a perícia contábil seria realizada no período de 12 de
junho a 12 de julho de 2019, no escritório do perito, no endereço constante
do rodapé desta página, e solicitou dar notícias às partes sobre a execução da
perícia, para que estas tenham oportunidade de acompanhar diretamente,
ou por meio dos assistentes técnicos, o andamento dos trabalhos periciais,
conforme determina o art. 466 do CPC.

DA METODOLOGIA

Por tratar-se de prova técnica contábil, pela natureza das questões


envolvidas, este laudo pericial contábil foi elaborado to mando como base
as Normas Brasileira de Contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), órgão que regulamenta as normas para o exercício da
profissão contábil: NBC TP 01 – Perícia Contábil e NBC PP 01 Perito Con-
tábil. Foi observada também toda legislação pertinente e necessária à elabo-
ração deste laudo.

66 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

ANÁLISE TÉCNICA

A análise técnica realizada, bem como os procedimentos de perícia


utilizados para responder aos quesitos do autor e a conclusão do laudo peri-
cial contábil foram:

DILIGÊNCIA

Para o bom andamento dos trabalhos, foi solicitado à Requerida, o


Demonstrativo de Pagamentos, atualizado para a posição de 30/06/2019, o
qual faz parte deste Laudo, com o nome de Planilha A – Demonstrativo de
Pagamentos – Construtora XYZ.
A diligência foi realizada, no dia 01/07/2019, no escritório Constru-
tora XYZ, localizado à Av. Lambari nº 000 – Setor São Pedro – Goiânia/GO,
para verificação da documentação.
Da mesma forma, foram realizadas diligências no escritório do As-
sistente Técnico do requerente, localizado à Rua XXX n° 000 – Setor Sul –
Goiânia/GO, nos dias 01, 16 e 24/07/2019.
Foi solicitado a atualização dos cálculos da Planilha constante da peça
exordial ao Assistente Técnico do requerente, o que não ocorreu até o fecha-
mento do Laudo Pericial.
Para outros documentos necessários na elaboração do Laudo Pericial,
este perito entendeu que os documentos acostados aos autos são suficientes.

ANÁLISE TÉCNICA DO MÉTODO UTILIZADO: SISTEMA PRICE

Para demonstrar que a utilização do método Price é uma reali- dade


do mercado, segue decisão da MM. Dra. Juíza da 2ª. Vara Cível da Comarca
de Barra Mansa:

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS

CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS


A capitalização de juros foi vedada no ordenamento jurídico brasilei-
ro pelo Decreto 22.626/33 (Lei de Usura), cujo art. 4º estabeleceu:

PERÍCIA CONTÁBIL | 67
Saulo Macedo Freitas

Art. 4º É proibido contar juros dos juros: esta proibição não com-
preende à acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta-cor-
rente de ano a ano.
O STJ entende que a ressalva prevista na segunda parte do art. 4º (a
destacada) significa que a Lei da Usura permite a capitalização anual.
O CC-1916 (art. 1.262) e o CC-2002 também permitem a capitaliza-
ção anual:
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presume-se de-
vidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que
se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para
todos os contratos).

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A


UM ANO

Como vimos, a capitalização de juros por ano é permitida, seja para


contratos bancários ou não bancários.
O que é proibida, como regra, é a capitalização de juros com periodi-
cidade inferior a um ano. Ex.: capitalização mensal de juros (ou seja, a cada
mês incidem juros sobre os juros). No entanto, a capitalização de juros com
periodi cidade inferior a um ano (ex.: capitalização mensal de juros) NÃO é
proibida também para os bancos. A MP nº 1.963-17, editada em 31 de mar-
ço de 2000, permitiu às instituições financeiras a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano.

Em suma, é permitida a capitalização de juros com periodicidade in-


ferior a um ano em contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de
março de 2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000 (atual MP
2.170-36-2001), desde que expressamente pactuada.
Veja a redação da MP 2.170-36/2001:
Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sis-
tema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com
periodicida de inferior a um ano.

68 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

O STJ CONFIRMA ESSA POSSIBILIDADE:

I – A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre


quando os juros são calculados sobre os próprios juros devidos.
II – A capitalização ANUAL de juros é permitida, seja para contratos
bancários ou não bancários.
III – A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano,
em regra, é vedada. Exceção: é permitida a capitalização de juros
com periodicidade inferior a um ano em contratos BANCÁRIOS
celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP
1.963-17/2000 (atual MP 2.170- 36/2001), desde que expressa-
mente pactuada.
IV – A capitalização em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada
de forma expressa e clara. Para isso, basta que, no contrato, esteja
prevista a taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal.
Os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que es-
tão adotando a “capitalização de juros”, bastando explicitar com
clareza as taxas cobradas. STJ. 2ª. Seção. REsp. 973.827-RS, Rel.
originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Ma-
ria Isabel Gallotti, julgado em 27/06/2012.
V – O uso da TABELA PRICE, por si só, não implica abusividade.
Desse modo, os bancos podem fazer a capitalização de juros com pe-
riodicidade inferior a um ano, desde que expressamente pactuada.

OS CRITÉRIOS ADOTADOS NOS CÁLCULOS FORAM:

As Planilhas de 1 a 13 contêm a atualização das parcelas do empréstimo


realizado pelo requerente junto à requerida, as quais foram elaboradas pelo
Perito no Software Ábacus 6.0 – Cálculos Financeiros, considerando como
Forma de Cálculo: Parcelas Atualizadas Individualmente, de 05/05/2009 a
30/11/2009 pelo INCC – Índice Nacional da Construção Civil; e de 01/12/2009
a 30/06/2019, pelo IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado (FGV).

PERÍCIA CONTÁBIL | 69
Saulo Macedo Freitas

A Forma dos Juros: de 01/12/2009 a 30/06/2019 – Juros Remunerató-


rios de 1,00% ao mês, sobre o valor corrigido, sem capitalização. Juros Morató-
rios de 1,00% ao mês e a Multa de 2%, a partir das inadimplências das parcelas.
A Planilha A - Demonstrativo de Pagamentos, posição 30/06/2019, foi
elaborada pela Construtora XYZ, e apresenta os valores devidos pelo reque-
rente das 5 parcelas não pagas do contrato.
A Planilha B elaborada pelo Assistente Técnico do requerente, para
a posição de 30/04/2014, evidencia os valores que o requerente entende ser
devidos à requerida, a qual foi juntada aos autos pelo requerente com a pe-
tição inicial.
Foi solicitado a atualização dos cálculos desta Planilha constante da
peça exordial ao Assistente Técnico do requerente, o que não ocorreu até o
fechamento do Laudo Pericial.

QUESITOS DO AUTOR (Evento nº 3 – Arquivo nº 52)

1) - Há capitalização dos juros remuneratórios cobrados pela


promovida?
Resposta do Perito:
Os juros remuneratórios não são capitalizados, pois a 1ª parcela de
juros simples é de 1% a.m., a 2ª parcela de 2% a.m., a 3ª parcela de 3% a.m.,
voltando sempre na data do contrato e no valor nominal de cada parcela, e
assim cumulativamente os juros simples são somados. Se houvesse a capita-
lização dos juros remuneratórios, estes seriam multiplicados, e não soma-
dos, nos cálculos efetuados.
O Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda, Cláusu-
la Quinta – do Preço e Pagamento, Parágrafo Primeiro (Fl. 30), estabelece que
sobre as parcelas vincendas incidirá reajuste monetário, cumulativamente, se-
gundo índices do INCC, até a entrega das chaves e daí em diante, do IGPM-FGV
e na eventual falta destes, qualquer outro, entre os a seguir nomeados, em nível
decrescente de importância, CUB/SINDUSCON-GO, IPC FIPE.
Parágrafo Segundo - Sobre as parcelas vencidas e vincendas que não
tenham sido quitadas, na ocasião da entrega ou “habite-se” (ver Cláusula

70 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

Onze), independentemente da sua ocupação pelo COMPRADOR, incidirão


juros de 1% ao mês, mesmo que o “habite-se” ou entrega corresponda apenas
ao edifício onde se situa o imóvel objeto do presente contrato. No caso de an-
tecipação de parcelas em período anterior a entrega das chaves, estas estarão
isentas dos juros citados retro.

2) - A Capitalização nos juros remuneratórios é realizada mensal-


mente ou anualmente?
Resposta do Perito:
Os juros remuneratórios foram apurados mensalmente, de forma sim-
ples e sem capitalização, a uma taxa de 1% a.m.

3) - Há capitalização dos juros moratórios cobrados pela promovida?


Resposta do Perito:
Os juros moratórios foram calculados de forma simples e sem capita-
lização, à base de 1% a.m.

4) - A Capitalização nos juros moratórios é realizada mensalmente


ou anualmente?
Resposta do Perito:
Não houve capitalização dos juros de mora no contrato.

5) - Qual real saldo devedor da parte promovente considerando os


juros simples e atualização monetária e os pagamentos já realizados?
Resposta do Perito:
O saldo devedor do promovente é de R$ 46.438,67 (quarenta e seis
mil, quatrocentos e trinta e oito reais e sessenta e sete centavos), posição de
30/06/2019, referentes às 05 (cinco) parcelas semestrais que não foram quita-
das (de 8 a 12), considerando a atualização monetária do INCC (a partir de
05/05/2009 - data da assinatura do contrato - até 30/11/2009); e do IGPM-FGV
(a partir de 01/12/2009 – data do Habite-se) + Juros Remuneratórios de 1% ao

PERÍCIA CONTÁBIL | 71
Saulo Macedo Freitas

mês, sobre o valor original, sem capitalização. Os juros moratórios são de 1%


a.m., sem capitalização, mais a Multa de 2%, conforme Planilhas de nº 1 a 13,
anexas, elaboradas pelo Perito no Software Ábacus 6.0 – Cálculos Financeiros.
Os cálculos elaborados pela Requerida constam da Planilha B, e têm um
saldo devedor de R$ 46.578,11 (quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e oito
reais e onze centavos), posição de 30/06/2019, considerando os termos do con-
trato, cujas variáveis são as mesmas observadas pelo perito em seus cálculos,
e apresenta uma diferença de R$ 139,44 (46.578,11 – 46.438,67), ou 0,30% a
maior em relação ao resultado efetuado pelo Perito, de R$ 46.438,67 (quarenta
e seis mil, quatrocentos e trinta e oito reais e sessenta e sete centavos).

6) - A planilha de cálculo apresentada pela promovida foi elaborada


nos termos do contrato?
Resposta do Perito:
Sim. De acordo com as Planilhas de 1 a 13, elaboradas por este perito,
a promovida seguiu as condições pactuadas no contrato.

7) - Houve cobrança acumulativa de juros moratórios com outras


taxas e valores frutos de inadimplência, à exemplo de comissão de
permanência?
Resposta do Perito:
Não houve cobrança acumulativa de juros moratórios com outras ta-
xas, nem comissão de permanência sobre os valores inadimplentes, pois os
encargos por atraso foram juros de mora de 1% ao mês e multa de 2%, de
acordo com condições pactuadas no contrato.

8) - No contrato firmado entre as partes há previsão de que seria co-


brado juros capitalizados, juros compostos (juros sobre juros)?
Resposta do Perito:
Não há previsão de que seria cobrado juros capitalizados, juros com-
postos no contrato firmado entre as partes, pois os juros são cumulativos,
diferente de capitalizados.

72 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

9) - Caso haja a previsão de aplicação de juros capitalizados nos


contratos, qual é a periodicidade prevista em cada um dos contratos
para a capitalização? Está previsto capitalização mensal ou anual?
Resposta do Perito:
Não há previsão de aplicação de juros capitalizados no contrato cele-
brado entre as partes.

10) - Qual o método utilizado para a apuração do saldo devedor pelo


perito? Seria o método hamburguês?
Resposta do Perito:
O método utilizado para a apuração do saldo devedor pelo Perito é o
Método Simples de Juros, sem a vinculação com qualquer sistema de amor-
tização convencional. Portanto, não é o Método Hamburguês.

11) - Nas cobranças realizadas pela promovida, bem como em suas


planilhas de evolução do débito, houve a cobrança de juros capitali-
zados mensais, juros compostos (juros sobre juros)?
Resposta do Perito:
Não houve a cobrança de juros capitalizados mensais, nem de juros
compostos nas cobranças realizadas pela promovida em suas planilhas de
evolução do débito.

12) - A planilha de cálculo EXTRAOFICIAL, juntada aos autos pelo


promovente com a petição inicial, foi elaborada tendo por base juros
lineares ou juros compostos com capitalização anual?
Resposta do Perito:
Na planilha de cálculo extraoficial (Fls. 38/40), juntada aos autos pelo
promovente, em sua petição inicial, consta que foi elaborada com juros li-
neares e juros quando aplicados a 365 dias por ano, pelo Perito Assistente,
sendo que os juros remuneratórios foram calculados com a quantidade de

PERÍCIA CONTÁBIL | 73
Saulo Macedo Freitas

dias inferiores aos efetivamente devidos, pois estes deveriam ter sido calcu-
lados entre a data do Habite-se (01/12/2009) e as datas de vencimento de
cada parcela do contrato.
Como exemplo citamos a Parcela 7/11, com vencimento para o dia
30/11/2013, cujos juros remuneratórios de 1% a.m. foram calculados na
quantidade de 180 dias (Período de 30/05/2103 a 30/11/2013), o quando o
correto seria 1.460 dias, pois a quantidade de dias deve levar em considera-
ção a data do Habite-se (dia 01/12/2009) até o dia do vencimento da parcela
7/11 do contrato (30/11/2013).

13) - A planilha de cálculo EXTRAOFICIAL, juntada aos autos pelo


promovente com a petição inicial, está elaborada conforme previsto
nos contratos firmados entre as partes?
Resposta do Perito:
Os cálculos apresentados pelo Autor na exordial, não guardam cor-
relação com as condições pactuadas, até mesmo em razão de buscar a revi-
são do contrato. A coluna de Reajuste das Parcelas está zerada, sem reajuste,
portanto, não aplicou nenhuma correção monetária nas parcelas semestrais,
divergente, portanto, dos termos do contrato, que prevê que a correção mo-
netária das parcelas semestrais se dará de forma cumulativa, pela variação do
INCC até entrega das chaves; e a partir daí, pela variação do IGPM acrescido
dos juros remuneratórios de 1% ao mês, de acordo com a Cláusula Quinta,
parágrafos primeiro e segundo do contrato.
Quanto aos juros remuneratórios, não foi observado corretamente a
quantidade de dias entre o vencimento de cada prestação e a data do Habi-
te-se (01/12/2009), conforme exemplificado na resposta do Quesito anterior.
Conclusivamente, os cálculos da exordial são destoantes das condi-
ções contidas no instrumento contratual em análise.

14) - Considerando o acerto firmado entre as partes, qual o real sal-


do devedor do contrato data do ingresso da ação judicial e também
na presente data?
Resposta do Perito:

74 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

O saldo devedor do contrato na data do ingresso da ação judicial era de


R$ 12.406,07 (doze mil, quatrocentos e seis reais e sete centavos), levando em
consideração os dados da requerida, que consta do anexo da Petição Inicial
(Fl. 37), com a data base de 31/03/2014. Para a data base de 30/06/2019, este
saldo devedor era de R$ 46.578,11 (quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e
oito reais e onze centavos), conforme os Demonstrativos de Pagamentos – Sal-
do Devedor, elaborados pela Construtora XYZ, anexos nos autos.

15) - Na administração do saldo devedor dos contratos do promoven-


te houve a cobrança de comissão de permanência ou outros encargos
de atraso de forma acumulativa com outros encargos moratórios?
Resposta do Perito:
Não houve cobrança acumulativa de juros moratórios com outras ta-
xas, nem de comissão de permanência ou outros encargos sobre os valores
inadimplentes, pois os encargos por atraso foram juros de mora de 1% ao
mês e multa de 2%.

16) - Queira o Sr. Perito realizar o cálculo contábil do contrato em


apreço tendo por base o método hamburguês praticado pelo TJGO?
Resposta do Perito:
O Método Hamburguês é um sistema de cálculo que consiste em um
método de contar juros em conta corrente pelo Bancos, o qual constitui em
multiplicar os saldos devedores pelos dias, obtendo-se assim, os números
devedores, cujos saldos se dividem pelo divisor fixo (taxa indicada pelo Ban-
co), razão pela qual não é aplicável ao presente contrato, além de não fazer
parte do pedido da exordial.

CONCLUSÃO DO LAUDO PERICIAL

Conclusivamente, considerando as condições contratuais, cálculos do


requerente e do Perito Judicial, o quadro a seguir sintetiza os valores conso-
lidados da dívida quando se adotam critérios diferenciados na atualização e
evolução do empréstimo:

PERÍCIA CONTÁBIL | 75
Saulo Macedo Freitas

Quadro Comparativo das Variáveis:

Perito
Requerida Requerente
Fatores Planilhas:
Planilha-A Planilha-B
1 a 13

Valor Do Contrato 17.925,00 17.925,00 17.925,00

Data Do Contrato 05/05/2009 05/05/2009 05/05/2009

Quant. Parcelas
12 12 12
Semestrais

Valor Da Parcela R$ 1.493,75 R$ 1.493,75 R$ 1.493,75

INCC – de INCC – de
Não houve atualização
05/05/2009 a 05/05/2009 a
monetária nas
30/11/2009 – 30/11/2009 –
parcelas, somente
Reajuste Das depois depois
aplicação dos juros
Parcelas IGPM-FGV – de IGPM-FGV – de
remuneratórios de 6%
01/12/2009 + 01/12/2009 +
para o semestre
1% a.m. Juros 1% a.m. Juros
Remuneratórios Remuneratórios

Juros de mora de Juros de mora de Juros de mora de


Impontualid. 0,033% ao dia + 0,033% ao dia + 0,033% ao dia +
Multa de 2% Multa de 2% Multa de 2%

Contagem Da Da data do Habite- Foi utilizado o período Da data do Habite-se


Quantidade De se (01/12/2009), fixo de 180 dias (01/12/2009), até o
Dias Para Os Juros até o vencimento referente à quantidade vencimento de cada
Remunerat. de cada parcela de dias do semestre parcela

Diferenças De
Não apuradas Foram apuradas Não apuradas
Prestações

Vlr/Quant.
R$ 46.578,11 R$ 6.799,05 R$ 46.438,67
Parcelas Semestrais
5 5 5
Em Atraso

R$ 46.438,67
Em 30/06/2019
Total Da Dívida
R$ 46.578,11 R$ 6.799,05 Diferença de R$
(Vencida)
Em 30/06/2019 Em 30/04/2014 139,44 (46.578,11 –
46.438,67)
Igual a 0,30%

76 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

Constata-se pelo quadro apresentado que os valores pagos pelo Re-


querente foram insuficientes para a quitação do contrato nos critérios da
Requerida; insuficientes nos moldes revisionais e nos cálculos elaborados no
Laudo Pericial.
Na elaboração do Laudo Pericial optou-se pela resposta abrangente
aos quesitos em lugar da concisão demasiada, mas a sua leitura poderá acla-
rar pontos não abordados na presente conclusão ao laudo pericial contábil.

ENCERRAMENTO

E assim, novamente agradecendo a confiança merecida, e, atendendo


as determinações de Vossa Excelência, espera que este laudo pericial seja
suficientemente esclarecedor, e desde já se coloca à disposição para outros
esclarecimentos adicionais julgados pertinentes.
Pede deferimento da juntada dos presentes trabalhos aos autos.
Goiânia – GO, (dia) de (mês) de (ano)
Assiantura do Perito Contador
CRC Nº GO 1234/O-7
ASPECON-GO Nº 82
CNPC/CFC Nº -550

SENTENÇA PROLATADA PELO JUÍZO

O MM. Dr. Juiz de Direito apresenta o relatório e fundamentação, pro-


ferindo a sentença a seguir, retirada do site do Tribunal de Justiça de
Goiás:
No caso em apreço, em que pese a alegação dos Autores da incidência de
capitalização de juros, observo que razão não lhes assiste.
Isso porque, analisando o instrumento firmado, notadamente a cláusula
quinta, nota 2, parágrafos primeiro e segundo, constato que não há pre-
visão de capitalização de juros.

PERÍCIA CONTÁBIL | 77
Saulo Macedo Freitas

Não bastasse isso, o expert nomeado assim elucidou no laudo pericial


confeccionado (evento 14):
1) - Há capitalização dos juros remuneratórios cobrados pela promovida?
Resposta do Perito: Os juros remuneratórios não são capitalizados, pois
a 1ª parcela de juros simples é de 1% a.m., a 2ª parcela de 2% a.m., a
3ª parcela de 3% a.m., voltando sempre na data do contrato e no valor
nominal de cada parcela, e assim cumulativamente os juros simples são
somados. Se houvesse a capitalização dos juros remuneratórios, estes se-
riam multiplicados, e não somados, nos cálculos efetuados.
2) - A Capitalização nos juros remuneratórios é realizada mensalmente
ou anualmente?
Resposta do Perito: Os juros remuneratórios foram apurados mensal-
mente, de forma simples e sem capitalização, a uma taxa de 1% a.m.
11) – Nas cobranças realizadas pela promovida, bem como em suas pla-
nilhas de evolução do débito, houve a cobrança de juros capitalizados
mensais, juros compostos (juros sobre juros)?
Resposta do Perito: Não houve a cobrança de juros capitalizados men-
sais, nem de juros compostos nas cobranças realizadas pela promovida
em suas planilhas de evolução do débito.”
Por consectário, não havendo a incidência da alegada capitalização de
juros, não há que falar em abusividade.
No que concerne à correção monetária, é cediço a sua finalidade de
compensar a perda de poder aquisitivo da moeda, plenamente admitida
pelo ordenamento jurídico.

78 | PERÍCIA CONTÁBIL
Perícia em Contrato Habitacional

DOCUMENTAÇÃO ANEXA

APÊNDICES:

1 - Planilhas de 1 a 13 contêm a atualização das parcelas do empréstimo


realizado pelo requerente junto à requerida, as quais foram elaboradas pelo
perito no Software Ábacus 6.0 – Cálculos Financeiros, considerando como
Forma de Cálculo: Parcelas Atualizadas Individualmente, de 05/05/2009
a 30/11/2009 pelo INCC – Índice Nacional da Construção Civil; e de
01/12/2009 a 30/06/2019, pelo IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado
(FGV).
2 - A Forma dos Juros: de 01/12/2009 a 30/06/2019 – Juros Remuneratórios
de 1,00% ao mês, sobre o valor corrigido, sem capitalização. Juros Moratórios
de 1,00% ao mês e a Multa de 2%, a partir das inadimplências das parcelas.
3 - Planilha A - Demonstrativo de Pagamentos, posição 30/06/2019, foi ela-
borada pela Construtora XYZ, e apresenta os valores devidos pelo requeren-
te das 5 parcelas não pagas do contrato.
4 - Planilha B elaborada pelo Assistente Técnico do requerente, para a po-
sição de 30/04/2014, evidencia os valores que o autor entende ser devidos à
requerida, a qual foi juntada aos autos na petição inicial.
5 - Foi solicitado a atualização dos cálculos desta Planilha constante da peça
exordial ao Assistente Técnico do requerente, o que não ocorreu até o fecha-
mento do Laudo Pericial.

PERÍCIA CONTÁBIL | 79
CAPÍTULO 3
Embargos a Execução Fiscal
NOTA SOBRE O AUTOR

MARCUS JULIANO ROCHA BRANCO, CRC/GO - 014952/O-5.


Nomeado Perito Judicial Contábil e Administrador Judicial em 35
comarcas do Estado de Goiás. e-mails: marcusjrbranco@hotmail.com
e marcus@guardiansadmjudicial.com.br; Pós-graduado lato sensu em
Auditoria Contábil pelo Centro Universitário de Goiás – Unigoiás
Anhanguera, Goiânia, Goiás, entre 2004 e 2005. Sócio-administrador
da Guardians Administração Judicial. Pessoa jurídica especializada
em Administração Judicial, nos termos do art. 21 da Lei 11.101/2005,
devidamente cadastrada no Banco de Administradores Judiciais
administrado pela Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás.
PETIÇÃO DE JUNTADA DO LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Processo: ..
Natureza: ..
Embargante: ...
Embargado: ...
Perito-contador: ...

(Nome do Perito) contador, inscrito no CPF sob o n. .....................,


portador do CRC-GO nº. ..............., perito judicial devidamente nomeado
nestes autos, vem, respeitosamente, expor e requerer o que segue:

MANIFESTAÇÃO SOBRE AS PETIÇÕES DESCRITAS NO DESPACHO


PROFERIDO NA MOVIMENTAÇÃO N. 62.

O Despacho contido na movimentação n. 62 determinou:

“1. Defiro o pedido do autor constante na movimentação nº 60.


2. Determino a escrivania que proceda nova digitalização das folhas
136, 171, 176,126,180,193 e 204 do processo físico.
3. Após, intime-se o perito para manifestar no prazo de 15 dias acerca
das petições (mov. 56, 57, 60 e 61).” (grifou-se)

Quanto às petições acostadas nas movimentações 56 e 57, solici-


tando dilação de prazo para entrega dos documentos descritos no Termo
de Diligência n. 01, e argumentando acerca da aplicação do Convênio
ICMS 84/2009, respectivamente, salienta-se que já houve o respectivo
esclarecimento deste expert, cuja manifestação está acostada na movi-
mentação n. 58.

PERÍCIA CONTÁBIL | 83
Marcus Juliano Rocha Branco

Após a manifestação desse perito, a embargante informou na petição


do evento n. 60 que citou equivocadamente a base normativa vigente do
CONFAZ (Convênio ICMS 84/2009), reiterando o pedido de digitalização
das folhas 136, 171, 176, 126, 180, 193 e 204 do processo físico.
Posteriormente, na petição acostada na movimentação 61, houve a
apresentação de documentos alusivos ao esclarecimento da lide, sendo jun-
gidos aos autos:

1. Notas fiscais de Remessa à Exportação números: 3159, 3154, 3149,


4531, 769, 3189, 3175, 35732, 6968, 755, 754, 191, 56, 47, 69, 30 e 21;
2. Notas fiscais de Exportação números: 2826, 17531, 219, 220, 212,
264, 248 e 249;
3. Registros de Exportação números: 03/0422666-001, 03/0386892-
001 e 03/0619280-001;
4. Comprovantes de Exportação números: 2030378256/0,
2030360625/8 e 2030514585/1;
5. Conhecimentos de Embarque números: 05 e 01; e
6. Memorandos de Exportação n.: VOT-011/S/03, 001/2003, 003-
S/03, 002-S/03, 010-S/03 e 007-S/03.

Registra-se que todas as informações e os documentos apresentados


pela embargante, eventos números: 56, 57, 60, 61 e 66, foram devidamente
analisados por este perito durante a realização dos trabalhos, cujas constata-
ções estão descritas no Laudo Pericial Contábil anexo.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Requer a juntada do Laudo Pericial Contábil anexo, contendo 39 pá-


ginas e 08 apêndices.
Requer, ainda, a EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ para realizar o levanta-
mento dos honorários periciais remanescentes, tão logo sejam respondidos

84 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

eventuais questionamentos das partes, nos termos da Decisão contida na


movimentação n. 18.
Termos em que pede e espera deferimento.

Local e data.
(Nome do Perito)
(CRCGO Nº ...)
Contador – Perito e Administrador Judicial

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Processo:
Natureza:
Embargante:
Embargado:
Perito-contador:

SUMÁRIO
IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES
SÍNTESE DO OBJETO DA PERÍCIA
RESUMO DOS AUTOS
SÍNTESE DA EMBARGANTE
SÍNTESE DO EMBARGADO
DOCUMENTAÇÃO ANALISADA E METODOLOGIA ADOTADA
PARA OS TRABALHOS PERICIAIS
RELATO DAS DILIGÊNCIAS REALIZADAS
NOMEAÇÃO DO PERITO87
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA
DIRETRIZES ADOTADAS PARA CONFECÇÃO DO LAUDO
PERICIAL MODALIDADES DE EXPORTAÇÃO
PROCESSO DE EXPORTAÇÃO
SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR – SISCOMEX

PERÍCIA CONTÁBIL | 85
Marcus Juliano Rocha Branco

DOCUMENTOS REFERENTES AO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO


COMPROVANTE DE EXPORTAÇÃO (CE)
MEMORANDO DE EXPORTAÇÃO
CFOP DAS NOTAS FISCAIS
RESPOSTAS AOS QUESITOS
QUESITOS DA EMBARGANTE (MOVIMENTAÇÃO N. 22)
QUESITOS DO EMBARGADO (MOVIMENTAÇÃO N. 23)
CONCLUSÃO
TERMO DE ENCERRAMENTO

IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES

A presente demanda versa sobre Embargos à Execução Fiscal, proto-


colada em .../.../...., sob o n. .................., proposta por ...................., em desfa-
vor de ................., todos devidamente qualificados nos presentes autos.

SÍNTESE DO OBJETO DA PERÍCIA

Conforme Decisão proferida na movimentação n. 18, o objeto da pe-


rícia consiste em verificar se houve a efetiva exportação das mercadorias alvo
do Processo Administrativo Tributário - PAT n° ....

RESUMO DOS AUTOS


SÍNTESE DA EMBARGANTE

A ................ afirmou que o .................... ajuizou execução fiscal em seu


desfavor, tendo por objeto o recebimento de crédito decorrente do PAT de n.
...................., o qual totaliza o valor originário de R$ ................. (.......................).
Aduziu que desenvolve atividade de industrialização de produtos
agrícolas, e que a SEFAZ .............. lavrou auto de infração consubstanciado
no referido PAT, tendo por objeto a cobrança de ICMS por não haver pro-
va da efetiva exportação das mercadorias que foram remetidas com o fim

86 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

específico de exportação para empresas comerciais exportadoras, no perío-


do compreendido entre os meses de março e julho de 2003.
Apresentou embargos à execução fiscal, argumentando que a ação
executiva se encontra devidamente garantida pela Apólice de Seguro-Ga-
rantia n. ..............., no valor de R$ ......................, nos autos da Medida Cau-
telar ajuizada sob o nº ......................, que tramitava na ....... Vara Cível e das
Fazendas Públicas e Registros Públicos e Ambientais da Comarca ................
...................
Relatou que os fatos geradores que ensejaram a cobrança do crédito
tributário em questão se deram de 14 de março a 29 de julho de 2003, mas
somente foi notificada da lavratura do auto de infração no dia 15 de dezem-
bro de 2008, razão pela qual o direito de homologar o ICMS decaiu, nos
termos do art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional - CTN.
Pugnou pela atribuição de efeito suspensivo aos embargos à execu-
ção, bem como fosse reconhecida a ocorrência de decadência do crédito
tributário.
Afirmou que as operações objeto da autuação fiscal foram realizadas
nos estritos termos legais, conforme vasta documentação apresentada. Ao
final, requereu:
I. Fosse reconhecida a decadência do crédito tributário;
II. Extinção da ação fiscal com julgamento de mérito pela improce-
dência da execução fiscal;
III. Subsidiariamente, fosse declarada a inconstitucionalidade da
multa aplicada por violação dos princípios da razoabilidade e da
vedação ao confisco, ou, ao menos, a redução para o montante de
20%; e
IV. A condenação do embargado ao pagamento das custas, honorá-
rios advocatícios e periciais.

PERÍCIA CONTÁBIL | 87
Marcus Juliano Rocha Branco

SÍNTESE DO EMBARGADO

Ao ser devidamente citado, o embargado rebateu as afirmações da


embargante, defendendo a inexistência de decadência.
Argumentou que o art. 150, § 4°, do CTN deve ser afastado, pois sua
aplicabilidade pressupõe o pagamento, ainda que parcial, do tributo.
Aduziu que o dispositivo legal a ser aplicado seria o art. 173, I, do
CTN, que confere ao Estado de .......................o direito de constituir o crédito
tributário após 05 (anos), contados do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, o termo ini-
cial de contagem do prazo decadencial seria 1° de janeiro de 2004, e não o
dia 14 de março de 2003.
Pugnou pelo reconhecimento da constitucionalidade da penali-
dade aplicada, porque o limite constitucional imposto pelo STF não foi
ultrapassado.
Afirmou sobre a impossibilidade de comprovação da origem do pro-
duto exportado, não havendo correlação com os documentos essenciais para
a exportação.
Requereu a condenação da embargante em honorários advocatícios,
na forma da lei.

DOCUMENTAÇÃO ANALISADA E METODOLOGIA ADOTADA


PARA OS TRABALHOS PERICIAIS

Para a confecção deste Laudo Pericial Contábil foram considerados


os seguintes documentos que constam nos autos, além dos requisitados por
meio do Termo de Diligência n. 01 (vide apêndices I.a e I.b):
Execução nº
Item Descrição Folha
1 Petição inicial 02/03
2 Certidão de Dívida Ativa nº 04/07
3 Ação cautelar autuada sob o nº 20/244

88 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

4 Carta de citação e certidão de juntada do AR 209/210


Decisão - suspende a execução até o julgamento dos Embargos
5 676
à Execução Fiscal - Movimentação 10
Embargos à Execução Fiscal nº

Item Descrição Folhas

1 Petição inicial 03/35

Notas fiscais de remessa à exportação números: 3139, 3140,


27851, 3149, 3154, 3155, 3159, 3160, 3227, 3164, 3174, 3175,
3187, 3188, 3189, 3190 e 3191;
Notas fiscais de exportação números: 2, 212, 219, 220, 2826,
2 17531, 17532, 237, 249, 248, 263, 264, 269 e 268; e 80/232
Documentação acostada para comprovar a exportação (Regis-
tros de Exportação (RE), Comprovantes de Exportação (CE),
Extratos de Declaração de Despacho, Conhecimentos de Em-
barque - Bill of Lading (BL) e Memorando de Exportação (ME)).

3 Relatório Diligencial nº 0005/12 – COMEX 234/242

4 Contestação – Movimentação 8 502/519

5 Decisão saneadora que nomeia este expert – Movimentação 18 556/561

Indicação de Assistente Técnico e apresentação dos quesitos da


6 565/569
embargante – Movimentação 22

Apresentação dos quesitos formulados pelo embargado – Mo-


7 570
vimentação 23

8 Depósito judicial dos honorários periciais – Movimentação 35 599/601

Petição deste auxiliar da Justiça informando que os trabalhos


9 periciais foram designados para o dia 15/05/2020 – Movimen- 603/604
tação 37
10 Termo de Diligência n. 01 – Movimentação 48 618/621

Petição do Embargante apresentando a documentação solicita-


11 657/666
da no Termo de Diligência n. 01 – Movimentação 60

PERÍCIA CONTÁBIL | 89
Marcus Juliano Rocha Branco

Embargos à Execução Fiscal nº

Item Descrição Folhas

Notas fiscais de remessa à exportação números: 3159, 3154,


3149, 4531, 769, 3189, 3175, 35732, 6968, 755, 754, 191, 56, 47,
69, 30 e 21;

Notas fiscais de exportação números: 2826, 17531, 219, 220,


12 212, 264, 248 e 249; 667/713
Registros de Exportação números: ....e .......;
Comprovantes de Exportação números: ...., ...... e ............;
Conhecimentos de Embarque números: 05 e 01; e
Memorandos de Exportação nº: VOT-011/S/03, 001/2003, 003-
S/03, 002-S/03, 010-S/03 e 007-S/03. – Movimentação 61.

Nota fiscal de remessa à exportação número 769;


Notas fiscais de exportação números: 2826, 9364, 212 e 248;
13 718/731
Conhecimento de Embarque número 01;
Memorando de Exportação nº: 003-S/03 – Movimentação 66.

Obs.: Em virtude de atraso na apresentação dos documentos solicitados


à embargante por meio do Termo de Diligência n. 01, em .../.../.... este
auxiliar da Justiça a encaminhou e-mail definindo outra data para dis-
ponibilizar a documentação imprescindível para a produção da prova
pericial (apêndice I.c).

Metodologia é o conjunto dos meios dispostos convenientemente


para alcançar o resultado da perícia por intermédio do conhecimento técni-
co-científico, de maneira que se possa ao final inseri-lo no corpo do Laudo
Pericial.
Neste caso específico, consistiu em examinar os documentos juntados
aos autos e os pedidos via Termo de Diligência n. 01, atentando-se aos que-
sitos apresentados pelas partes.

90 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

RELATO DAS DILIGÊNCIAS REALIZADAS

Nos termos da Lei 13.105/15 (Código de Processo Civil), artigo 474,


em .../.../.... este perito informou a data e o local de início da produção da
prova pericial (mov. n. 37).
Após devidas cientificações, em.../.../...., foram iniciados os trabalhos,
tendo sido solicitado por este profissional dilação de prazo para entrega do
Laudo Pericial (mov. n. 48), em virtude da petição da embargante contida
na mov. n. 47, cujo deferimento consta na Decisão da movimentação n. 50.

Conforme relatado anteriormente, foi necessário diligenciar junto à


embargante para solicitar os seguintes documentos (Termo de Diligência n.
01):
Documentos a serem
Item Referência / Descrição
apresentados ao Perito Judicial
Nota Fiscal de Remessa à Exportação
– Nº 3190.
Nota Fiscal de Exportação – Nº 269.
Memorando de Exportação (ME)
1 Registro de Exportação (RE) n. ...
nº ...
Comprovante de Exportação (CE) n.
.........
Exportador: CNPJ: ......
Memorando de Exportação (ME)
Documento sem assinatura do
2 nº 001 – fl. 131 (numeração do
emissor.
processo físico) e 263 (PJD).
Partes do documento estão ilegíveis
Frente e verso da Nota Fiscal de
e não consta o verso da Nota Fiscal
Exportação nº 017.531 – fl. 136
3 de Exportação, onde pode constar
(numeração do processo físico) e
descrição das notas fiscais de remessa
273 (PJD).
à exportação.

PERÍCIA CONTÁBIL | 91
Marcus Juliano Rocha Branco

Documentos a serem
Item Referência / Descrição
apresentados ao Perito Judicial
Frente e verso da Nota Fiscal Não consta o verso da Nota Fiscal
de Exportação nº 219 – fl. 150 de Exportação, onde pode constar
4
(numeração do processo físico) e descrição das notas fiscais de remessa
301 (PJD). à exportação.
Frente e verso da Nota Fiscal Não consta o verso da Nota Fiscal
de Exportação nº 220 – fl. 161 de Exportação, onde pode constar
5
(numeração do processo físico) e descrição das notas fiscais de remessa
323 (PJD). à exportação.
Memorando de Exportação (ME) Partes do documento estão ilegíveis
6 nº ........– fl. 171 (numeração do e documento sem assinatura do
processo físico) e 343 (PJD). emissor.

Partes do documento estão ilegíveis;


Frente e verso da Nota Fiscal
de Exportação nº 212 – fl. 176 Não consta o verso da Nota Fiscal
(numeração do processo físico) e de Exportação, onde pode constar
353 (PJD); e descrição das notas fiscais de remessa
à exportação; e
7
Não foram apresentadas todas
Notas Fiscais de Remessa à
as Notas Fiscais de Remessa à
Exportação que compõem a
Exportação que compõe a quantidade
quantidade de produto da nota
de produto descrita na Nota Fiscal de
fiscal de exportação nº 212.
Exportação nº 212. (11.554.410 Kg).

Partes do documento estão ilegíveis; e


Frente e verso da Nota Fiscal
de Exportação nº 2826 – fl. 126 Não consta o verso da Nota Fiscal
8
(numeração do processo físico) e de Exportação, onde pode constar
253 (PJD). descrição das notas fiscais de remessa
à exportação.
Conhecimento de Embarque -
Bill of Lading (BL) nº 01– fl. 180 Documento foi digitalizado
9
(numeração do processo físico) e parcialmente.
361 (PJD).

92 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

Documentos a serem
Item Referência / Descrição
apresentados ao Perito Judicial
Frente e Verso da Nota Fiscal de
Remessa à Exportação nº 769 -
10 Partes do documento estão ilegíveis.
fl. 193 (numeração do processo
físico) e 387 (PJD).
Documento foi digitalizado
Frente e verso da Nota Fiscal parcialmente; e
de Exportação nº 248 – fl. 204 Não consta o verso da Nota Fiscal
11
(numeração do processo físico) e de Exportação, onde pode constar
410 (PJD). descrição das notas fiscais de remessa
à exportação.
Frente e verso da Nota Fiscal Não consta o verso da Nota Fiscal
de Exportação nº 249 – fl. 216 de Exportação, onde pode constar
12
(numeração do processo físico) e descrição das notas fiscais de remessa
434 (PJD). à exportação.

NOMEAÇÃO DO PERITO

Em .../.../..., de acordo com a Decisão contida na movimentação n.


18, houve a nomeação deste expert, o qual anexa Certidão de Regularidade
Profissional (apêndice II).

FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA

Este Laudo Pericial Contábil foi confeccionado nos termos da Lei Es-
tadual n. ..................; da Lei Complementar n. 87/1996 (que dispõe sobre o
imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circu-
lação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interesta-
dual e intermunicipal e de comunicação); do Decreto n. ................/1997 ; da
Lei Complementar n. 24/1975 (que dispõe sobre os convênios para a conces-
são de isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mer-
cadorias, e dá outras providências); do Convênio ICMS 113/96 (que dispõe
sobre as operações de saída de mercadoria realizada com o fim específico de

PERÍCIA CONTÁBIL | 93
Marcus Juliano Rocha Branco

exportação); do Decreto Federal n. 4.543/2002 (que regulamenta a adminis-


tração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação
das operações de comércio exterior.); da Instrução Normativa da Secretaria
da Receita Federal n. 28/1994 (que disciplina o despacho aduaneiro de mer-
cadorias destinadas à exportação); e das Normas Brasileiras de Contabilida-
de – NBC´s TP 01 (R1) e PP 01 (R1), ambas exaradas pelo Conselho Federal
de Contabilidade - CFC.

DIRETRIZES ADOTADAS PARA CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL

MODALIDADES DE EXPORTAÇÃO

As exportações podem ser realizadas em duas modalidades:


1ª - A exportação direta é aquela em que o fabricante é o exportador
e é ele que emite todos os documentos com destino ao importador.

Arca com todos os custos que envolvem o processo, desde a buro-


cracia, passando pelo pagamento de taxas, e assume toda a responsabilida-
de em caso de ocorrer qualquer problema com a exportação, sendo, para
isso, necessário que as empresas tenham o domínio de todo o processo de
exportação.
2ª - A exportação indireta ocorre quando o produtor ou fabricante
vende seu produto a outra empresa no mercado nacional, citando no do-
cumento fiscal que é uma venda com o fim específico de exportação, e o
produto não poderá ser objeto de nenhum processo de industrialização na
empresa intermediária, a não ser o acondicionamento.
Este tipo de modalidade é muito usado por empresas que não têm inte-
resse de assumir os riscos e custos de uma operação de exportação, transferin-
do essa responsabilidade para outra empresa constituída ou que trabalhe com
o comércio internacional. Essas empresas que adquirem produtos no mercado
interno denominam-se trading companies ou comercial exportadora.
Verifica-se que a modalidade utilizada nas operações objeto da
lide foi a exportação indireta, em que a empresa ................... (atualmente

94 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

denominada ..............................), ora embargante, no período compreendido


entre xx/xx/xxxx a xx/xx/xxxx, emitiu notas fiscais de remessa à exportação
para empresas que exportariam a mercadoria adquirida (trading companies
ou comercial exportadora).

PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

ISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR – SISCOMEX

O Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX é um sis-


tema informatizado de controle governamental, instituído pelo Decreto nº
660, de 25 de setembro de 1992. O módulo relativo à exportação foi implan-
tado em janeiro de 1993.
É um instrumento administrativo que integra todas as operações de
comercio exterior mediante registro, acompanhamento e controle dessas
operações em único fluxo computadorizado de informações.

O SISCOMEX objetiva uniformizar os conceitos usados pelos órgãos


governamentais no comércio exterior, eliminando controles paralelos e cus-
tos de todos os envolvidos no processo.
O sistema permite um acompanhamento tempestivo de tudo o que
entra e sai do País, por qualquer órgão que tenha acesso ao referido sistema.
Por meio dele o exportador poderá trocar informações com os órgãos res-
ponsáveis por autorização e fiscalização.
A Secretaria de Fazenda do Estado de ............... utiliza os documen-
tos emitidos no SISCOMEX como instrumento de controle e fiscalização
das operações de comércio exterior e, em particular, das exportações. Por
intermédio do SISCOMEX é possível a comparação das informações presta-
das pelo contribuinte no sistema com os documentos por ele emitidos, bem
como a efetiva saída do produto ou mercadoria para o exterior.

PERÍCIA CONTÁBIL | 95
Marcus Juliano Rocha Branco

DOCUMENTOS REFERENTES AO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

Os seguintes documentos acompanham todo o processo de traslado


da mercadoria:

I - Registro de Exportação (RE)

O Registro de Exportação (RE) é o documento preenchido eletroni-


camente no Sistema Integrado de Comercio Exterior - SISCOMEX, onde é
informada toda a característica da operação sob o aspecto comercial, fiscal e
cambial (artigo 523 do Decreto nº 4.543/2002).
Quando do Registro de Exportação, é verificada toda a informação
contida nos demais documentos fiscais, servindo de instrumento de compa-
ração necessário na fiscalização dos tributos.
O Registro de Exportação contém todas as informações sobre a ope-
ração de exportação, tais como: tipo de produto, classificação fiscal, regime
aduaneiro, quantidade do produto, descrição do produto, peso líquido e bru-
to, moeda estrangeira negociada, país de destino, ou seja, toda informação
necessária para que seja autorizada a exportação.
No preenchimento do Registro de Exportação, o exportador deverá
preencher as seguintes informações: dados do exportador, enquadramento
da operação, unidade da Receita Federal de despacho e do embarque, país
de destino final, instrumento de negociação, código da condição de venda
(Incoterms - International Commercial Terms / Termos Internacionais de
Comércio), código da mercadoria, descrição da mercadoria, estado produ-
tor, peso liquido, quantidade e unidade de medida na comercialização, preço
total, preço unitário, comissão do agente, finalidade, se o exportador é o fa-
bricante, observação do exportador e dados do fabricante.
Basicamente, os fiscos federal e estadual utilizam as informações con-
tidas no Registro de Exportação para comparar com os demais documentos
fiscais emitidos dentro de um procedimento fiscal denominado Despacho
Aduaneiro de Exportação, que serve de base para o desembaraço aduaneiro
do produto.

96 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

Ao analisar todos os Registros de Exportação acostados aos autos,


verifica-se que as empresas responsáveis pela exportação da mercadoria in-
formaram “sim” no campo 22 – “Exportador é o fabricante”, ocasionando
divergência perante o fisco estadual e, consequentemente, contribuindo para
autuação da embargante.
Diante dessa inconsistência apontada, este auxiliar da Justiça irá ana-
lisar todas as documentações / informações alusivas ao processo de expor-
tação, confrontando todos os dados obtidos para verificar se houve ou não
a exportação das mercadorias, bem como se ocorreu apenas erro material
quando do preenchimento do Registro de Exportação.

II - Nota Fiscal

A nota fiscal é o documento que comprova a realização da operação,


pois nela está contida toda a informação necessária para identificar o reme-
tente, o destinatário, a unidade da Federação ou país de origem e destino, o
produto que está sendo comercializado, sua quantidade, seu peso bruto e lí-
quido, o meio de transporte utilizado, além de servir de base para o controle
fiscal da operação, em todos os níveis do governo.
Na exportação indireta, o produtor ou fabricante emite a nota fiscal de
venda para uma trading company ou comercial exportadora, com o fim espe-
cífico de exportação (citação obrigatória na nota fiscal), e a trading company
ou comercial exportadora fica incumbida de emitir a nota fiscal de exporta-
ção fazendo referência à nota fiscal de venda no mercado interno.

A nota fiscal também é utilizada para acobertar a circulação da merca-


doria no mercado interno, desde a saída da empresa até o local de embarque.

III - Despacho Aduaneiro de Exportação

Trata-se do procedimento fiscal de desembaraço da mercadoria desti-


nada ao exterior, com base nas informações contidas no Registro de Expor-
tação (RE), na nota fiscal (primeira via) e nos dados sobre a disponibilidade
da mercadoria para verificação das autoridades aduaneiras.

PERÍCIA CONTÁBIL | 97
Marcus Juliano Rocha Branco

O Despacho de Exportação é o procedimento mediante o qual é ve-


rificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação à mer-
cadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas a
seu desembaraço aduaneiro e a sua saída para o exterior.
O Despacho Aduaneiro de Exportação é processado por meio do
SISCOMEX, tendo por base declaração formulada pelo exportador ou por
seu mandatário (despachante aduaneiro ou empregado especificamente
designado).
A Declaração para Despacho de Exportação (DDE), também conhe-
cida como Solicitação de Despacho (SD), deverá ser apresentada à unidade
da Receita Federal competente. Ao fim do procedimento, a Receita Federal,
por meio do SISCOMEX, registra a “Averbação”, que consiste na confirma-
ção do embarque da mercadoria ou de sua transposição na fronteira.

IV - Conhecimento ou Certificado de Embarque (Bill of Lading)

Conhecimento de Embarque serve para acobertar o transporte do


produto no mercado internacional, sendo utilizado para que seja cobrado
o serviço de fretamento do produto até o país de destino, podendo ser de
responsabilidade do importador ou exportador, dependendo da condição de
venda estabelecida.
A empresa de transporte emite, em língua inglesa, o Conhecimento
ou Certificado de Embarque, que comprova ter a mercadoria sido colocada
a bordo do meio de transporte.

Esse documento é aceito pelos bancos como garantia de que a mer-


cadoria foi embarcada para o exterior, sendo utilizado, também, pelo fisco
como fonte de informação com relação aos demais documentos.
O Conhecimento de Embarque, conhecido no comercio exterior como
Bill of Lading, ou simplesmente BL, deve conter os seguintes elementos:

a) nome e endereço do exportador e do importador;


b) local de embarque e de desembarque;

98 | PERÍCIA CONTÁBIL
Embargos a Execução Fiscal

c) quantidade, marca e espécie de volumes;


d) tipo de embalagem;
e) descrição da mercadoria e códigos (SH/NCM/NALADI);
f) peso bruto e líquido;
g) valor da mercadoria;
h) dimensão e cubagem dos volumes; e
i) valor do frete.

Além disso, deve conter a forma de pagamento do frete: freight prepaid


(frete pago), freight payable (frete a pagar) ou freight collect (frete a cobrar).

Por último, devem constar no Conhecimento de Embarque as con-


dições em que a mercadoria foi embarcada: clean on board (embarque sem
restrições ou ressalvas à mercadoria) ou received in apparent good order and
conditions (mercadoria recebida aparentemente em boas condições). Essa
declaração implica que o transportador deverá entregar a mercadoria nas
mesmas condições em que foi recebida do exportador.

COMPROVANTE DE EXPORTAÇÃO (CE)

Esta é a última etapa do processo de exportação. Após concluída a


operação de exportação, com sua averbação no sistema, a Secretaria da Re-
ceita Federal emite, via Siscomex, o Comprovante de Exportação (CE).
Este documento concretiza a operação de exportação e tem força legal
para fins administrativos, cambiais e fiscais.
A Instrução Normativa SRF nº 28, de 27 de abril de 1994, dispõe o
seguinte sobre comprovação da exportação:

COMPROVANTE DA EXPORTAÇÃO

Art. 50. Concluída a operação de exportação, com a sua averbação, no


Sistema, será fornecido ao exportador, quando solicitado, o documento
comprobatório da exportação, emitido pelo SISCOMEX.

PERÍCIA CONTÁBIL | 99
Marcus Juliano Rocha Branco

Parágrafo único. Nos casos em que a unidade da SRF de despacho for


diferente da unidade de embarque, caberá à primeira emitir o documen-
to de que trata este artigo.
Art. 51. Somente será considerada exportada, para fins fiscais e de con-
trole cambial, a mercadoria cujo despacho de exportação estiver averba-
do, no SISCOMEX, nos termos dos arts. 46 a 49.
Parágrafo único. É irrelevante, para os efeitos deste artigo:
I - a simples apresentação de documentos fiscais e de embarque, não re-
gistrados no Sistema, mesmo que visados pela fiscalização aduaneira; e
II - a inexistência do comprovante de exportação, desde que sejam for-
necidos aos órgãos e entidades competentes para efetuar a fiscalização
e o controle dessas operações, os dados necessários à identificação do
despacho averbado no Sistema. (grifou-se)

Nos termos da Instrução Normativa descrita, foram analisados os


Comprovantes de Exportação juntados aos autos, sendo todos eles devida-
mente cadastrados junto ao SISCOMEX, haja vista terem sido emitidos por
esse sistema.

MEMORANDO DE EXPORTAÇÃO

Na exportação indireta, devido ao Convênio n° 113/96, os fiscos es-


taduais obrigaram os exportadores a emitirem o Memorando de Exporta-
ção, documento este que contém todas as informações relativas à exportação
realizada, tais como: número do Despacho Aduaneiro de Exportação, do
Registro de Exportação, do Conhecimento de Embarque, das notas fiscais
de remessa e de exportação, a descrição do produto, a quantidade, os pesos
líquido e bruto, os dados da empresa exportadora, os dados do produtor ou
fabricante, enfim, todas as informações que comprovem de forma efetiva a
exportação do produto.
Essa exigência está descrita no capítulo XVII, anexo XII, do Decreto
4.852/1997, que dispõe:

100 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

DECRETO Nº xxxxxx, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1997


Regulamento do Código Tributário do Estado de xxxxxx
ANEXO XII
Capítulo XVII
DA OPERAÇÃO DE SAÍDA DE MERCADORIA REALIZADA COM
O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO
Art. 74. Para os efeitos da não-incidência do imposto sobre a saída rea-
lizada com o fim específico de exportação para o exterior de mercadoria
destinada a empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro
estabelecimento da mesma empresa, localizado em outra unidade da
Federação, prevista nos §§ 1º e 2º do art. 79 deste regulamento, o contri-
buinte xxxxxxxx que realizar tal operação deve celebrar regime especial
com esta Secretaria, observando-se, ainda, as obrigações acessórias es-
tabelecidas neste capítulo (Convênio ICMS 113/96, cláusula primeira,
parágrafo único).
Parágrafo único. Entende-se como empresa comercial exportadora a
que estiver inscrita como tal, no Cadastro de Exportadores e Impor-
tadores da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX -, do Ministério
da Indústria, do Comércio e do Turismo - MICT.NOTA: Redação com
vigência de 0101.98 a 11.09.03.
Art. 75. O estabelecimento remetente deve emitir nota fiscal contendo,
além dos requisitos exigidos pela legislação, no campo INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES, a expressão: REMESSA COM FIM ESPECÍFI-
CO DE EXPORTAÇÃO (Convênio ICMS 113/96, cláusula segunda, pa-
rágrafo único).
Parágrafo único. Ao final de cada período de apuração, o remetente
deve encaminhar ao Departamento de Informações Econômico-Fiscais
da Diretoria da Receita Estadual - DIEF -, as informações contidas na
nota fiscal, em meio magnético, conforme o Manual de Orientação para

PERÍCIA CONTÁBIL | 101


Marcus Juliano Rocha Branco

Armazenamento de Registro em Meio Magnético disciplinado no título


II do Anexo VIII deste regulamento. NOTA: Redação com vigência de
01.01.98 a 30.09.05.
Art. 76. O estabelecimento destinatário, ao emitir nota fiscal com a qual
a mercadoria é remetida para o exterior, deve fazer constar, no cam-
po INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES, a série, o número e a data
de cada nota fiscal emitida pelo estabelecimento remetente (Convênio
ICMS 113/96, cláusula terceira).
Art. 77. Relativamente à operação de que trata este capítulo, o estabele-
cimento destinatário, além dos procedimentos a que estiver sujeito por
força da legislação de seu Estado, deve emitir o documento denominado
MEMORANDO-EXPORTAÇÃO, conforme modelo constante do Apên-
dice XXI, em três (3) vias, contendo, no mínimo, as seguintes indicações
(Convênio ICMS 113/96, cláusula quarta):
I - denominação: MEMORANDO-EXPORTAÇÃO;
II - número de ordem e número da via;
III - data da emissão;
IV - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do
estabelecimento emitente;
V - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do
estabelecimento remetente da mercadoria;
VI - série, número e data da nota fiscal do estabelecimento remetente e
do destinatário exportador da mercadoria;
II - número do DESPACHO DE EXPORTAÇÃO, a data de seu ato final
e o número do REGISTRO DE EXPORTAÇÃO, por Estado produtor/
fabricante;
VIII - número e data do conhecimento de embarque;
IX - discriminação do produto exportado;

102 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

X - país de destino da mercadoria;


XI - data e assinatura do representante legal da emitente.
XII - identificação individualizada do Estado produtor/fabricante no
Registro de Exportação.
§ 1° Até o último dia do mês subseqüente ao da efetivação do embar-
que da mercadoria para o exterior, o estabelecimento exportador deve
encaminhar ao estabelecimento remetente a 1ª via do MEMORANDO-
-EXPORTAÇÃO, que deve ser acompanhada de cópia do conhecimento
de embarque, referido no inciso VIII e do comprovante de exportação,
emitido pelo órgão competente.
§ 2º A 2ª via do memorando de que trata este artigo deve ser anexada à 1ª
via da nota fiscal do remetente ou à sua cópia reprográfica, ficando tais do-
cumentos no estabelecimento exportador, para exibição ao fisco xxxxxxxx.
§ 3º A 3ª via do memorando deve ser encaminhada, pelo exportador, à
repartição fiscal de seu domicílio, podendo ser exigida a sua apresenta-
ção em meio magnético. (grifou-se)

Portanto, verifica-se que, por imposição legal, o Memorando de Ex-


portação, acompanhado das demais informações / documentações dispo-
nibilizadas no processo de exportação (Conhecimento de Embarque e do
Comprovante de Exportação), é o documento hábil para comprovar a efetiva
exportação das mercadorias.

CFOP DAS NOTAS FISCAIS

Por exigência do artigo 89 do Decreto nº 4.852/1997 (RCTE - Regu-


lamento do Código Tributário do Estado de xxxxxx), todas as notas fiscais
emitidas devem constar Código Fiscal de Operações e Prestações – CFOP.

Ao analisar as notas fiscais objeto da demanda, verifica-se que foram


emitidas com os seguintes códigos CFOP:

PERÍCIA CONTÁBIL | 103


Marcus Juliano Rocha Branco

Notas
Nota CFOP das
Fiscais de CFOP das Notas
Folhas Fiscal de Notas Fiscais de Folhas
Remessa à Fiscais de Remessa
Exportação Exportação
Exportação
3139 6.502 - Remessa 161 7.106 - Venda
3140 de mercadoria 163 de mercadoria
adquirida ou recebida adquirida ou
2 167
de terceiros, com recebida de terceiros,
27851 fim específico de 165 que não deva por ele
exportação. transitar. *

6.501 - Remessa
de produção do
3149 estabelecimento, com 351 212 7.501 - Exportação 353
fim específico de de mercadorias
exportação. recebidas com
fim específico de
3154 299 219 exportação. 301
3155 321 220 323
3159 6.502 - Remessa 251 2826 253
de mercadoria
3160 269 7.106 - Venda
adquirida ou recebida
de terceiros, com de mercadoria
fim específico de 17531 e adquirida ou 273 e
3227 exportação. 271 17532 recebida de terceiros, 275
que não deva por ele
transitar. *
219 e
3164 217 237
237
420 e
3174 408 249
6.502 - Remessa 434
7.501 - Exportação
de mercadoria 410 e
3175 432 248 de mercadorias
adquirida ou recebida 456
recebidas com
de terceiros, com
3187 379 fim específico de
fim específico de 263 383
3188 381 exportação.
exportação.
3189 389 264 391
3190 191 269 193
3191 201 268 203

104 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

* CFOP do grupo 7.100 caracteriza a venda de produção própria ou


de terceiros para o exterior.

Assim, não foram identificadas inconsistências quanto ao CFOP


das notas fiscais, pois todos os códigos utilizados se referem ao processo
de remessa para formação de lote com o fim específico de exportação, bem
como as notas fiscais de exportação utilizaram os códigos corretos para essa
finalidade.

RESPOSTAS AOS QUESITOS

QUESITOS DA EMBARGANTE (MOVIMENTAÇÃO N. 22)

“Quesito 01 - Frente à alegação do Estado ................... que os pro-


dutos supostamente não foram exportados e que os produtos expor-
tados pelas empresas ............................ e ......................... não são
aqueles adquiridos da autora, queira o Douto Perito esclarecer se as No-
tas Fiscais, cujo ICMS está sendo exigido da Embargante, foram emiti-
das por ela para acobertar remessa de mercadorias com fim específico
de exportação destinada às empresas ............................. e ................
..............”.

Resposta: De acordo com os artigos 75 e 76, anexo XII, do Decreto


4.852/1997, as notas fiscais de remessa à exportação e de exportação devem
conter as seguintes informações complementares:

DECRETO Nº xxxxx, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1997


Regulamento do Código Tributário do Estado de xxxxxx
ANEXO XII
Capítulo XVII
DA OPERAÇÃO DE SAÍDA DE MERCADORIA REALIZADA COM
O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO

PERÍCIA CONTÁBIL | 105


Marcus Juliano Rocha Branco

Art. 74. Para os efeitos da não-incidência do imposto sobre a saída rea-


lizada com o fim específico de exportação para o exterior de mercadoria
destinada a empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro
estabelecimento da mesma empresa, localizado em outra unidade da
Federação, prevista nos §§ 1º e 2º do art. 79 deste regulamento, o contri-
buinte xxxxxxx que realizar tal operação deve celebrar regime especial
com esta Secretaria, observando-se, ainda, as obrigações acessórias es-
tabelecidas neste capítulo (Convênio ICMS 113/96, cláusula primeira,
parágrafo único).
Parágrafo único. Entende-se como empresa comercial exportadora a
que estiver inscrita como tal, no Cadastro de Exportadores e Impor-
tadores da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX -, do Ministério
da Indústria, do Comércio e do Turismo - MICT.NOTA: Redação com
vigência de 0101.98 a 11.09.03.
Art. 75. O estabelecimento remetente deve emitir nota fiscal contendo,
além dos requisitos exigidos pela legislação, no campo INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES, a expressão: REMESSA COM FIM ESPECÍFI-
CO DE EXPORTAÇÃO (Convênio ICMS 113/96, cláusula segunda, pa-
rágrafo único).
Parágrafo único. Ao final de cada período de apuração, o remetente
deve encaminhar ao Departamento de Informações Econômico-Fiscais
da Diretoria da Receita Estadual - DIEF -, as informações contidas na
nota fiscal, em meio magnético, conforme o Manual de Orientação para
Armazenamento de Registro em Meio Magnético disciplinado no título
II do Anexo VIII deste regulamento. NOTA: Redação com vigência de
01.01.98 a 30.09.05.
Art. 76. O estabelecimento destinatário, ao emitir nota fiscal com a qual
a mercadoria é remetida para o exterior, deve fazer constar, no cam-
po INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES, a série, o número e a data
de cada nota fiscal emitida pelo estabelecimento remetente (Convênio
ICMS 113/96, cláusula terceira). (grifou-se)

106 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Ao analisar as Notas Fiscais objetos da lide, Notas Fiscais de Remessa


à Exportação números: 3139, 3140, 3149, 3154, 3155, 3159, 3160, 3164, 3174,
3175, 3187, 3188, 3189, 3190, 3191, 3227 e 27851; e as Notas Fiscais de Expor-
tação números: 2, 212, 219, 220, 237, 248, 249, 263, 264, 268, 269, 17531, 17532
e 2826, todas emitidas no período compreendido entre .../.../.... e .../.../...., cons-
tata-se que obedeceram aos requisitos legais indicados anteriormente.
De acordo com o apêndice III deste Laudo Pericial, por meio do qual
foi realizado o cruzamento das informações das Notas Fiscais descritas, ve-
rifica-se que elas foram emitidas pela embargante para acobertar remessa de
mercadorias com o fim específico de exportação, bem como as Notas Fiscais
de Exportação fazem expressa menção às respectivas Notas Fiscais de Re-
messa à Exportação.
Conforme informado no item 8.2 deste Laudo Pericial, não foram
identificadas inconsistências quanto ao CFOP das Notas Fiscais, pois todos
os códigos utilizados se referem ao processo de remessa para formação de
lote com o fim específico de exportação, bem como as Notas Fiscais de Ex-
portação utilizaram os códigos corretamente.

“Quesito 02 - Queira o Douto Perito esclarecer se as Notas Fiscais de


Exportação emitidas pelas empresas ............................... e ...........
....................., apresentadas nos autos (fls. 79/232) fazem expressa
menção às Notas Fiscais de remessa para formação de lote emitidas
pela Embargante, conforme indicado abaixo:

Notas Fiscais de Exportação nº NF de remessa para formação de lote nº


002 3139, 3140 e 27851
268 e 269 3190 e 3191
237 3164
2826 3159
17531 e 17532 3160 (NF de complemento 3227)
219 e 220 3154 e 3155
212 3149
263 e 264 3187, 3188 e 3189
248 e 249 3174 e 3175

PERÍCIA CONTÁBIL | 107


Marcus Juliano Rocha Branco

Resposta: Conforme apêndice III, objeto de cruzamento das informa-


ções das Notas Fiscais descritas, tem-se que elas foram emitidas pela embar-
gante para acobertar remessa de mercadorias com fim específico de expor-
tação, bem como as Notas Fiscais de Exportação fazem expressa menção às
respectivas Notas Fiscais de Remessa à Exportação.

Para mais informações, vide resposta dada ao quesito anterior.

“Quesito 03 - Queira o Douto Perito esclarecer se as Notas Fiscais


de Exportação fazem expressa menção ao número do Registro de
Exportação a seguir listados:

Notas Fiscais de Exportação nº Registro de Exportação nº


002 03/0258332-001
268 e 269 03/0664610-001 e 03/0664631-001
237 03/042462-001
2826 03/0422666-001
17531 e 17532 03/0422588-001
219 e 220 03/0386892-001 e 03/0386798-001
212 03/0386631-001
263 e 264 03/0619294-001 e 03/0619280-001
248 e 249 03/00550372-001 e 03/0550346-001

Resposta: Cumpre frisar que nas Notas Fiscais de Remessa à Expor-


tação números: 3164, 57320, 6966, 19, 184, 48, 45, 67 e 28), e na respectiva
Nota Fiscal de Exportação n. 237, consta descrição do Registro de Exporta-
ção n. ....................., divergindo do número informado na tabela acima.

De acordo com o apêndice III, foi realizado o cruzamento das in-


formações das Notas Fiscais, constatando que as Notas Fiscais emitidas
pela embargante e as Notas Fiscais de Exportação fazem expressa menção
aos Registros de Exportação supracitados, com exceção da Nota Fiscal de

108 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Exportação nº 248 (fls. 410, 456, 696 e 701), em que o campo denominado
“informações complementares” ficou ilegível quando da sua digitalização,
impossibilitando a identificação do número do Registro de Exportação.

“Quesito 04 - Queira o Douto Perito esclarecer se o Comprovante de


Exportação faz referência à Nota Fiscal de Exportação e ao Registro
de Exportação, conforme abaixo indicado:

Comprovante de Notas Fiscais de


Registro de Exportação nº
Exportação nº Exportação nº
2030276782/7 002 03/0258332-001
2030547197/0 e
268 e 269 03/0664610-001 e 03/0664631-001
2030547182/1
2030409383/1 237 03/042462-001
2030378256/0 2826 03/0422666-001
2030378286/2 17531 e 17532 03/0422588-001
2030360625/8 e
219 e 220 03/0386892-001 e 03/0386798-001
2030360649/5
2030345288/9 212 03/0386631-001
2030514606/8 e
263 e 264 03/0619294-001 e 03/0619280-001
2030514585/1
2030464375/0 e
248 e 249 03/00550372-001 e 03/0550346-001
2030464398/0

Resposta: Necessário comentar que na Nota Fiscal de Exportação nº


237 e no Comprovante de Exportação contém informações do Registro de
Exportação sob o nº ......................., divergindo do número informado na
tabela citada.

De acordo com o apêndice IV, onde se percebe o cruzamento das in-


formações dos Comprovantes de Exportação / Extratos de Declaração de
Despacho, constata-se que em todos os Comprovantes / Extratos analisa-
dos têm informações sobre os respectivos Registros de Exportação, não sen-
do encontrada nenhuma inconsistência nas informações prestadas nesses
documentos.

PERÍCIA CONTÁBIL | 109


Marcus Juliano Rocha Branco

“Quesito 05 - Queira o Douto Perito esclarecer se o nome do navio


indicado no Registro de Exportação trata-se do mesmo nome indica-
do no Bill of Lading (BL).”

Registro de Exportação nº Bill of Lading nº


03/0258332-001 03
03/0664610-001 e 03/0664631-001 01
03/042462-001 02
03/0422666-001 05
03/0422588-001 03 e 04
03/0386892-001 e 03/0386798-001 01 e 04
03/0386631-001 01 a 08
03/0619294-001 e 03/0619280-001 04
03/00550372-001 e 03/0550346-001 01 e 02

Resposta: Ao analisar o documento denominado Registro de Expor-


tação, verifica-se que não consta a informação ou campo para preenchimen-
to do nome do navio responsável por realizar o transporte da mercadoria a
ser exportada.

Com relação aos Conhecimentos de Embarques (Bill of lading), foram


identificados os seguintes nomes das embarcações responsáveis pelo trans-
porte da mercadoria:

Verificação dos conhecimentos de Embarque - Bill of Lading (BL)

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída

3 18/03/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 187

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída

1 14/06/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 213

110 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
2 06/05/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 247

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
5 20/04/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 265

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
293 e
3e4 20/04/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx
295

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
345 e
1e4 15/04/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx
347

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
361, 363,
365, 367,
1a8 13/04/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 369, 371,
373, 375
e 689

Local
Bill of Local de
Data Exportador Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída

4 06/06/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx 404

Local
Bill of Local de
Data CNPJ: ........., empresa …. Transporte de Folhas
Lading Entrega
Saída
430 e
1e2 23/05/03 CNPJ: ........., empresa …. Xxxxxx Xxxxx xxxxxxxxx
466

PERÍCIA CONTÁBIL | 111


Marcus Juliano Rocha Branco

“Quesito 06 - Queira o Douto Perito esclarecer se os Memorandos de


Exportação fazem referência às Notas Fiscais de exportação nºs 002,
268, 269, 237, 2826, 17531, 17532, 219, 220, 212, 263, 264, 248 e 249,
às Notas Fiscais de remessa com fim específico de exportação emitidas
pela Embargante de nºs 3139, 3140, 27851, 3190, 3191, 3164, 3159,
3160, 3227, 3154, 3155, 3149, 3187, 3188, 3189, 3174 e 3175, e aos
respectivos Comprovantes de Exportação e Registros de Exportação.”.
Resposta: Sim. Conforme apêndice V, verifica-se que em todos os
Memorandos de Exportação acostados aos autos (...............................) há ex-
pressa menção às Notas Fiscais de Remessa à Exportação e às Notas Fiscais
de Exportação descritas neste quesito, bem como aos respectivos Registros
de Exportação e Comprovantes de Exportação.
Salienta-se que apenas no Memorando de Exportação nº 01/2003 (fl.
163), foi encontrada divergência quanto ao número da Nota Fiscal de Re-
messa à Exportação, sendo informado o n. 3259, e rasurado para 3159.
Ao confrontar as informações prestadas no Memorando de Expor-
tação nº 01/2003 e na Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3159, perce-
be-se que são semelhantes a data de expedição da Nota Fiscal de Remessa à
Exportação (17/04/2003), a quantidade (939.755), o produto (soja em grãos)
e o número do Registro de Exportação (..../.....................).
Tendo em vista que o artigo 6º da Instrução Normativa SRF nº
28/1994 dispor que cada Registro de Exportação somente poderá ser utiliza-
do em uma única declaração para despacho aduaneiro, presume-se que, ao
coincidir as informações descritas acima, o número correto da Nota Fiscal
de Remessa à Exportação que deveria constar no destacado Memorando de
Exportação é 3159.
“Quesito 07 - Através da análise dos documentos acostados aos autos,
queira o Perito informar se a mercadoria objeto das Notas Fiscais de
remessa com fim específico de exportação emitidas pela Embargante
de nºs 3139, 3140, 27851, 3190, 3191, 3164, 3159, 3160, 3227, 3154,
3155, 3149, 3187, 3188, 3189, 3174 e 3175 foram exportadas.”.

112 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Resposta: De acordo com o apêndice VI, pelo qual foi realizado o


cruzamento das informações das Notas Fiscais de Remessa à Exportação,
das Notas Fiscais de Exportação, dos Registros de Exportação, dos Com-
provantes de Exportação/ Extratos de Declaração de Despacho, dos Conhe-
cimentos de Embarque (Bill of Lading – BL) e dos Memorandos de Expor-
tação, constata-se que a mercadoria objeto das Notas Fiscais de Remessa à
Exportação, emitidas pela embargante, descritas na tabela a seguir, foram
comprovadamente exportadas:

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folhas
Emissão Kg
portação – Nº
3139 1.029.430 R$ 758.106,85 161
14/03/03
3140 12.299.000 R$ 9.123.509,27 163
3190 8.640.610 R$ 5.747.529,17 191
11/06/03
3191 2.423.712 R$ 1.612.195,83 201
3164 30/04/03 Soja em 11.295.730 R$ 7.194.817,71 217
3159 17/04/03 grãos 939.755 R$ 631.924,45 251
3160 19/04/03 5.669.040 R$ 3.765.621,27 269
3227 29/07/03 - R$ 88.250,00 271
3154 6.709.100 R$ 4.727.487,67 299
14/04/03
3155 9.973.010 R$ 6.968.773,04 321

Farelo de
3149 09/04/03 7.056.470 R$ 3.860.955,16 351 e 685
soja

3187 2.441.516 R$ 1.676.781,31 379

3188 7.320.454 R$ 5.022.566,78 381


03/06/03

3189 Soja em 1.686.762 R$ 1.158.432,30 389 e 691


grãos

3175 16/05/03 6.478.944 R$ 4.525.679,23 432 e 702

3174 16/05/03 9.034.720 R$ 6.310.318,60 408

Total 92.998.253 R$ 63.172.948,64

PERÍCIA CONTÁBIL | 113


Marcus Juliano Rocha Branco

Todavia, necessário informar que apenas parte da mercadoria objeto


da Nota Fiscal de Remessa de Exportação n. 27851, emitida pela embar-
gante, não teve comprovada a sua remessa para exportação. Informações
detalhadas:

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folha
Emissão Kg
portação – Nº

Soja em
27851 – Autuado 14/03/03 2.432.880 R$ 1.791.654,59 165
grãos

Essa constatação se deu pelo fato de haver divergência quanto à quan-


tidade de mercadoria despachada no navio denominado xxxxxxx, que con-
forme conhecimento de embarque nº 3, de fls. 187, emitido em 18/03/2003,
transportou 14.553,62 MT (quatorze mil, quinhentos e cinquenta e três vír-
gula sessenta e duas toneladas métricas) de soja em grãos, divergindo da
quantia remetida pela embargante. Veja:

Produtos sem comprovação de remessa de mercadoria


Descrição Quantidade Kg
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3139 1.029.430
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3140 12.299.000
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 27851 2.432.880
Subtotal (a) 15.761.310
Bill of Lading (BL) nº 3, emitido em 18/03/2003 (b) 14.553.620
Produtos sem comprovação de remessa da mercadoria (a-b) 1.207.690

“Quesito 08 - Queira o Perito, prestar outros esclarecimentos que


julgar necessários e pertinentes para a solução da lide.”.

Resposta: Para outros esclarecimentos adicionais, veja ponderações


feitas no item 8 deste Laudo Pericial.

114 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

QUESITOS DO EMBARGADO (MOVIMENTAÇÃO N. 23)

“Quesito 01 - “A não incidência do imposto depende de prova da


efetiva exportação das mercadorias?”.

Resposta: Sim. Conforme legislação descrita a seguir, são solicitados


os seguintes requisitos / documentos para comprovar a efetiva exportação
das mercadorias:

LEI COMPLEMENTAR Nº 87, DE 13 DE SETEMBRO DE 1996


Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras
providências. (LEI KANDIR)
Art. 3º O imposto não incide sobre:
I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão;
II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, in-
clusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados,
ou serviços;
Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a
saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para
o exterior, destinada a:
I – empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabe-
lecimento da mesma empresa;
II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.
DECRETO Nº xxxxxx, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1997
Regulamento do Código Tributário do Estado de xxxxxx

PERÍCIA CONTÁBIL | 115


Marcus Juliano Rocha Branco

Art. 79. O imposto não incide sobre (Lei nº 11.651/91, art. 37):
I - a operação: que destine ao exterior mercadoria, inclusive produto
primário e produto industrializado semi-elaborado;
...
§ 1º Equipara-se à saída para o exterior, incluída a prestação de servi-
ço de transporte vinculada a esta operação, a remessa de mercadoria,
com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a (Lei nº
11.651/91, art. 38):
a) empresa comercial exportadora, inclusive “tradings” ou outro estabe-
lecimento da mesma empresa;
b) armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.
ANEXO XII
Capítulo XVII
DA OPERAÇÃO DE SAÍDA DE MERCADORIA REALIZADA COM
O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO
Art. 74. Para os efeitos da não-incidência do imposto sobre a saída rea-
lizada com o fim específico de exportação para o exterior de mercadoria
destinada a empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro
estabelecimento da mesma empresa, localizado em outra unidade da
Federação, prevista nos §§ 1º e 2º do art. 79 deste regulamento, o con-
tribuinte xxxxxx que realizar tal operação deve celebrar regime especial
com esta Secretaria, observando-se, ainda, as obrigações acessórias es-
tabelecidas neste capítulo (Convênio ICMS 113/96, cláusula primeira,
parágrafo único).
Parágrafo único. Entende-se como empresa comercial exportadora a
que estiver inscrita como tal, no Cadastro de Exportadores e Impor-
tadores da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX -, do Ministério

116 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

da Indústria, do Comércio e do Turismo - MICT.NOTA: Redação com


vigência de 0101.98 a 11.09.03.
Art. 75. O estabelecimento remetente deve emitir nota fiscal contendo,
além dos requisitos exigidos pela legislação, no campo INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES, a expressão: REMESSA COM FIM ESPECÍFI-
CO DE EXPORTAÇÃO (Convênio ICMS 113/96, cláusula segunda, pa-
rágrafo único).
Parágrafo único. Ao final de cada período de apuração, o remetente
deve encaminhar ao Departamento de Informações Econômico-Fiscais
da Diretoria da Receita Estadual - DIEF -, as informações contidas na
nota fiscal, em meio magnético, conforme o Manual de Orientação para
Armazenamento de Registro em Meio Magnético disciplinado no título
II do Anexo VIII deste regulamento. NOTA: Redação com vigência de
01.01.98 a 30.09.05.
Art. 76. O estabelecimento destinatário, ao emitir nota fiscal com a qual
a mercadoria é remetida para o exterior, deve fazer constar, no cam-
po INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES, a série, o número e a data
de cada nota fiscal emitida pelo estabelecimento remetente (Convênio
ICMS 113/96, cláusula terceira).
Art. 77. Relativamente à operação de que trata este capítulo, o estabele-
cimento destinatário, além dos procedimentos a que estiver sujeito por
força da legislação de seu Estado, deve emitir o documento denominado
MEMORANDO-EXPORTAÇÃO, conforme modelo constante do Apên-
dice XXI, em três (3) vias, contendo, no mínimo, as seguintes indicações
(Convênio ICMS 113/96, cláusula quarta):
I - denominação: MEMORANDO-EXPORTAÇÃO;
II - número de ordem e número da via;
III - data da emissão;

PERÍCIA CONTÁBIL | 117


Marcus Juliano Rocha Branco

IV - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do


estabelecimento emitente;
V - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do
estabelecimento remetente da mercadoria;
VI - série, número e data da nota fiscal do estabelecimento remetente
e do destinatário exportador da mercadoria;
VII - número do DESPACHO DE EXPORTAÇÃO, a data de seu ato
final e o número do REGISTRO DE EXPORTAÇÃO, por Estado
produtor/fabricante;
VIII - número e data do conhecimento de embarque;
IX - discriminação do produto exportado;
X - país de destino da mercadoria;
XI - data e assinatura do representante legal da emitente.
XII - identificação individualizada do Estado produtor/fabricante no
Registro de Exportação.
§ 1° Até o último dia do mês subseqüente ao da efetivação do em-
barque da mercadoria para o exterior, o estabelecimento exportador
deve encaminhar ao estabelecimento remetente a 1ª via do MEMO-
RANDO-EXPORTAÇÃO, que deve ser acompanhada de cópia do co-
nhecimento de embarque, referido no inciso VIII e do comprovante
de exportação, emitido pelo órgão competente.
§ 2º A 2ª via do memorando de que trata este artigo deve ser anexada à
1ª via da nota fiscal do remetente ou à sua cópia reprográfica, ficando tais
documentos no estabelecimento exportador, para exibição ao fisco xxxxxxx.
§ 3º A 3ª via do memorando deve ser encaminhada, pelo exportador, à
repartição fiscal de seu domicílio, podendo ser exigida a sua apresenta-
ção em meio magnético.
...

118 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Art. 79. O estabelecimento remetente fica obrigado ao pagamento do


imposto devido, monetariamente atualizado, sujeitando-se aos acrésci-
mos legais, inclusive multa, previstos na legislação estadual, nos casos
em que não se efetivar a exportação (Convênio ICMS 113/96, cláusula
sexta):
I - após decorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data
da saída da mercadoria do seu estabelecimento;
II - em razão de perda da mercadoria, qualquer que seja a causa;
III - em virtude de reintrodução da mercadoria no mercado interno.
§ 1° Em relação a produtos primário e semi-elaborado, o prazo de que
trata o inciso I, é de 90 (noventa) dias.
§ 2° Os prazos estabelecidos no inciso I e no parágrafo único do artigo
anterior podem ser prorrogados, uma única vez, por igual período, a
critério do fisco de xxxxx.
§ 3° O recolhimento do imposto não é exigido na devolução da merca-
doria, nos prazos fixados nesta cláusula, ao estabelecimento remetente.
“. (grifou-se)

Ao analisar a legislação mencionada, verifica-se que para compro-


var a efetiva exportação das mercadorias é necessário cumprir os seguintes
requisitos:
1º - A operação deve ser de remessa de mercadoria, com o fim espe-
cífico de exportação para o exterior e destinada à empresa comercial expor-
tadora, inclusive “tradings” ou outro estabelecimento da mesma empresa;
2º - O estabelecimento remetente deve emitir Nota Fiscal contendo,
além dos requisitos exigidos pela legislação, no campo INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES, a expressão: REMESSA COM FIM ESPECÍFICO
DE EXPORTAÇÃO;

PERÍCIA CONTÁBIL | 119


Marcus Juliano Rocha Branco

3º - O estabelecimento destinatário, ao emitir Nota Fiscal com a qual a


mercadoria é remetida para o exterior, deve fazer constar, no campo INFOR-
MAÇÕES COMPLEMENTARES, a série, o número e a data de cada Nota
Fiscal emitida pelo estabelecimento remetente;
4º - O estabelecimento destinatário deve emitir documento denomi-
nado MEMORANDO-EXPORTAÇÃO nos moldes definidos no artigo 77,
anexo XII, do Regulamento do Código Tributário do Estado.
5º - Até o último dia do mês subsequente ao da efetivação do em-
barque da mercadoria para o exterior, o estabelecimento exportador deve
encaminhar ao estabelecimento remetente a 1ª via do MEMORANDO-EX-
PORTAÇÃO, que deve ser acompanhada de cópia do Conhecimento de Em-
barque e do Comprovante de Exportação, emitido pelo órgão competente; e
6º - O estabelecimento remetente fica obrigado a apresentar ao fisco
estadual os documentos descritos no item acima, no prazo definido em lei.

Quesito 02 - “Há prova irrefutável que comprove a origem e a desti-


nação de mercadorias específicas?”.

Resposta: Conforme apêndice VI, no qual se identifica o cruzamento


das informações das Notas Fiscais de Remessa à Exportação, Notas
Fiscais de Exportação, Registros de Exportação, Comprovantes de
Exportação/ Extratos de Declaração de Despacho, Conhecimentos
de Embarque (Bill of Lading – BL) e Memorandos de Exportação,
tem-se que a mercadoria objeto das Notas Fiscais de Remessa à Ex-
portação, emitidas pela embargante, que estão descritas na tabela a
seguir, foram comprovadamente exportadas:

120 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folhas
Emissão Kg
portação – Nº
3139 1.029.430 R$ 758.106,85 161
14/03/03
3140 12.299.000 R$ 9.123.509,27 163
3190 8.640.610 R$ 5.747.529,17 191
11/06/03
3191 2.423.712 R$ 1.612.195,83 201
3164 30/04/03 Soja em 11.295.730 R$ 7.194.817,71 217
3159 17/04/03 grãos 939.755 R$ 631.924,45 251
3160 19/04/03 5.669.040 R$ 3.765.621,27 269
3227 29/07/03 - R$ 88.250,00 271
3154 6.709.100 R$ 4.727.487,67 299
14/04/03
3155 9.973.010 R$ 6.968.773,04 321
Farelo de 351 e
3149 09/04/03 7.056.470 R$ 3.860.955,16
soja 685
3187 2.441.516 R$ 1.676.781,31 379
3188 7.320.454 R$ 5.022.566,78 381
03/06/03
Soja em 389 e
3189 1.686.762 R$ 1.158.432,30
grãos 691
432 e
3175 16/05/03 6.478.944 R$ 4.525.679,23
702
3174 16/05/03 9.034.720 R$ 6.310.318,60 408

Total 92.998.253 R$ 63.172.948,64

Porém, comunica-se que apenas parte da mercadoria objeto da Nota


Fiscal de Remessa de Exportação n. 27851, emitida pela embargante, não
teve comprovada a sua remessa para exportação. Informações detalhadas:

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folha
emissão Kg
portação – Nº
27851 – Soja em
14/03/03 2.432.880 R$ 1.791.654,59 165
Autuado grãos

PERÍCIA CONTÁBIL | 121


Marcus Juliano Rocha Branco

Essa constatação se deu pelo fato de haver divergência quanto à quan-


tidade de mercadoria despachada no navio denominado ............., que con-
forme conhecimento de embarque nº 3, de fls. 187, emitido em xx/xx/xxxx,
transportou 14.553,62 MT (quatorze mil, quinhentos e cinquenta e três vír-
gula sessenta e duas toneladas métricas) de soja em grãos, divergindo da
quantia remetida pela embargante. Veja:

Produtos sem comprovação de remessa de mercadoria


Descrição Quantidade Kg
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3139 1.029.430
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3140 12.299.000
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 27851 2.432.880
Subtotal (a) 15.761.310
Bill of Lading (BL) nº 3, emitido em 18/03/2003. (b) 14.553.620
Produtos sem comprovação de remessa da mercadoria (a-b) 1.207.690

“Quesito 03 - “O Despacho de Exportação identifica o fabricante das


mercadorias?”.

Resposta: O Despacho de Exportação se trata de procedimento fiscal


de desembaraço da mercadoria destinada ao exterior, com base nas infor-
mações contidas no Registro de Exportação (RE), na Nota Fiscal (primeira
via) e nos dados sobre a disponibilidade da mercadoria para verificação das
autoridades aduaneiras.
O Despacho de Exportação é o procedimento mediante o qual é ve-
rificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação à mer-
cadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas a
seu desembaraço aduaneiro e à sua saída para o exterior.
Veja o que dispõe o Decreto Federal nº 4.543/2002:
“Art. 519. Despacho de exportação é o procedimento mediante o qual é
verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação

122 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica,


com vistas a seu desembaraço aduaneiro e a sua saída para o exterior.
Art. 520. Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a reexporta-
da, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções estabelecidas
na legislação específica.” (grifou-se)

De acordo com a Instrução Normativa SRF nº 28/1994, o Despacho


Aduaneiro de Exportação é processado por meio do SISCOMEX, no qual,
para sua emissão, deve ser apresentada à unidade da Receita Federal compe-
tente Declaração para Despacho de Exportação (DDE), também conhecida
por Solicitação de Despacho (SD), devendo conter as seguintes informações:

Art. 8º A declaração para despacho de exportação será apresentada à


unidade da Secretaria da Receita Federal - SRF com jurisdição sobre:

I - o porto, o aeroporto ou o ponto de fronteira alfandegado, por onde a


mercadoria deixar o País:

I - o porto alfandegado, o aeroporto alfandegado ou o ponto de fronteira


alfandegado;

II - o local de Zona Secundária, alfandegado ou não, indicado pelo ex-


portador, onde se encontrar a mercadoria: ou

III - a unidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT de


postagem da remessa postal internacional, denominada Centralizador
Alfandegário.

§ 1º A declaração de que trata este artigo será feita através de terminal


de computador conectado ao SISCOMEX, em qualquer ponto do ter-
ritório nacional, e consistirá na indicação:

I - dos números dos registros de exportação objeto do despacho;

PERÍCIA CONTÁBIL | 123


Marcus Juliano Rocha Branco

II - da identificação de cada estabelecimento da empresa exportadora e


de sua participação no registro de exportação;

III - dos números e série das Notas Fiscais que instruem o despacho, por
estabelecimento exportador;

IV - da quantidade total de volumes, discriminados segundo a espécie


e a marcação;

V - dos pesos líquido e bruto total da mercadoria submetida a despacho;

VI - do valor total da mercadoria, na condição de venda e moeda de


negociação indicadas no registro de exportação;

VII - da via de transporte utilizada;

VIII - do local alfandegado onde se encontrar a mercadoria e da identi-


ficação do veículo transportador, quando for o caso; e

IX - se houver interesse, do número de inscrição no Cadastro de Pessoas


Físicas-CPF, do Ministério da Fazenda, de outro mandatário que tam-
bém atuará nesse despacho. “. (grifou-se)

Dessa maneira, verifica-se que o documento denominado Despacho


de Exportação não possui informação do fabricante das mercadorias, por-
que apenas dispõe sobre as informações do exportador.

Quesito 04 - “O Bill of Lading identifica o fabricante das


mercadorias?”.

Resposta: A empresa de transporte emite, em língua inglesa, o Co-


nhecimento ou Certificado de Embarque (Bill of Lading), que comprova ter
a mercadoria sido colocada a bordo do meio de transporte. Esse documento
é aceito pelos bancos como garantia de que a mercadoria foi embarcada para
o exterior.

124 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

O Conhecimento de Embarque deve conter os seguintes elementos:


a) nome e endereço do exportador e do importador;
b) local de embarque e de desembarque;
c) quantidade, marca e espécie de volumes;
d) tipo de embalagem;
e) descrição da mercadoria e códigos (SH/NCM/NALADI);
f) peso bruto e líquido;
g) valor da mercadoria;
h) dimensões e cubagem dos volumes; e
i) valor do frete.

Além disso, deve conter a forma de pagamento do frete: freight prepaid


(frete pago), freight payable (frete a pagar) ou freight collect (frete a cobrar).
Por último, devem constar no Conhecimento de Embarque as condições em
que a mercadoria foi embarcada: clean on board (embarque sem restrições
ou ressalvas à mercadoria) ou received in apparent good order and conditions
(mercadoria recebida aparentemente em boas condições). Essa declaração
implica que o transportador deverá entregar a mercadoria nas mesmas con-
dições em que foi recebida do exportador.

Desse modo, verifica-se que o documento denominado Conheci-


mento ou Certificado de Embarque (Bill of Lading) não possui informação
do fabricante das mercadorias, pois apenas dispõe sobre as informações do
exportador.

Quesito 05 - “Os Memorandos de Exportação são submetidos a al-


gum controle de emissão?”.

Resposta: No artigo 77, anexo XII, do Decreto 4.852/1997, que dispõe


sobre as obrigações específicas aplicáveis a determinadas operações, consta:

“Art. 77. Relativamente à operação de que trata este capítulo, o estabe-


lecimento destinatário, além dos procedimentos a que estiver sujeito por

PERÍCIA CONTÁBIL | 125


Marcus Juliano Rocha Branco

força da legislação de seu Estado, deve emitir o documento denominado


MEMORANDO-EXPORTAÇÃO, conforme modelo constante do Apên-
dice XXI, em três (3) vias, contendo, no mínimo, as seguintes indicações
(Convênio ICMS 113/96, cláusula quarta):
I - denominação: MEMORANDO-EXPORTAÇÃO;
II - número de ordem e número da via;
III - data da emissão;
IV - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do
estabelecimento emitente;
V - nome, endereço e números de inscrição, estadual e no CGC/MF, do
estabelecimento remetente da mercadoria;
VI - série, número e data da nota fiscal do estabelecimento remetente e
do destinatário exportador da mercadoria;
VII - número do DESPACHO DE EXPORTAÇÃO, a data de seu
ato final e o número do REGISTRO DE EXPORTAÇÃO, por Estado
produtor/fabricante;
VIII - número e data do conhecimento de embarque;
IX - discriminação do produto exportado;
X - país de destino da mercadoria;
XI - data e assinatura do representante legal da emitente.
XII - identificação individualizada do Estado produtor/fabricante no
Registro de Exportação.
§ 4º O MEMORANDO-EXPORTAÇÃO somente pode ser confecciona-
do ou impresso mediante prévia autorização da administração tributá-
ria por meio da Autorização de Impressão de Documentos Fiscais, ob-
servado o disposto nos arts. 120 a 124 da parte geral deste regulamento,
sendo exigidas as indicações relativas:

126 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

I - aos números de ordem, de série e de subsérie do memorando;


II - ao nome, endereço, números de inscrições estadual e CNPJ, do im-
pressor do memorando;
III - à data e quantidade de impressão, o número de ordem do primei-
ro e do último memorando impresso, as respectivas série e subsérie e o
número da respectiva autorização para impressão dos documentos fis-
cais. (ACRESCIDO O § 4º AO art. 77 PELO ART. 2º DO DECRETO Nº
5.825, DE 05.09.03 - VIGÊNCIA: 12.09.03.)”. (grifou-se)

Por conseguinte, verifica-se que quando da emissão das Notas Fiscais


de Remessa à Exportação números: 3139, 3140, 27851, 3149, 3154, 3155,
3159, 3160, 3227, 3164, 3174, 3175, 3187, 3188, 3189, 3190 e 3191, e das
Notas Fiscais de Exportação números: 2, 212, 219, 220, 2826, 17531, 17532,
237, 249, 248, 263, 264, 269 e 268, emitidas no período compreendido entre
xx/xx/xxxx e xx/xx/xxxx, ainda não havia a exigência de controle de emissão
dos Memorandos de Exportação, haja vista tal imposição começado a vigo-
rar a partir do dia xx/xx/xxxx.

CONCLUSÃO

Encerrando os trabalhos balizados pelos comandos judiciais e legisla-


ção pertinente, cujas análises foram amparadas por documentação juntada
aos autos e por documentos solicitados por meio de diligência, foram res-
pondidos todos os quesitos em relação à disputa.
Portanto, em resposta ao quesito 07 da embargante, conforme apên-
dice VI, pelo qual foi realizado o cruzamento das informações das Notas
Fiscais de Remessa à Exportação, das Notas Fiscais de Exportação, dos Re-
gistros de Exportação, dos Comprovantes de Exportação/ Extratos de Decla-
ração de Despacho, dos Conhecimentos de Embarque (Bill of Lading – BL)
e dos Memorandos de Exportação, constata-se que a mercadoria objeto das
Notas Fiscais de Remessa à Exportação, emitidas pela embargante, descritas
na tabela a seguir, foram comprovadamente exportadas:

PERÍCIA CONTÁBIL | 127


Marcus Juliano Rocha Branco

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folhas
Emissão Kg
portação – Nº
3139 1.029.430 R$ 758.106,85 161
14/03/03
3140 12.299.000 R$ 9.123.509,27 163
3190 8.640.610 R$ 5.747.529,17 191
11/06/03
3191 2.423.712 R$ 1.612.195,83 201
3164 30/04/03 Soja em 11.295.730 R$ 7.194.817,71 217
3159 17/04/03 grãos 939.755 R$ 631.924,45 251
3160 19/04/03 5.669.040 R$ 3.765.621,27 269
3227 29/07/03 - R$ 88.250,00 271
3154 6.709.100 R$ 4.727.487,67 299
14/04/03
3155 9.973.010 R$ 6.968.773,04 321
Farelo de 351 e
3149 09/04/03 7.056.470 R$ 3.860.955,16
soja 685
3187 2.441.516 R$ 1.676.781,31 379
3188 7.320.454 R$ 5.022.566,78 381
03/06/03
389 e
3189 Soja em 1.686.762 R$ 1.158.432,30
691
grãos
432 e
3175 16/05/03 6.478.944 R$ 4.525.679,23
702
3174 16/05/03 9.034.720 R$ 6.310.318,60 408
Total 92.998.253 R$ 63.172.948,64

Porém, novamente este perito informa que apenas parte da mercado-


ria objeto da Nota Fiscal de Remessa de Exportação n. 27851, emitida pela
embargante, não teve comprovada a sua remessa para exportação. Informa-
ções detalhadas:

Notas Fiscais de
Data de Quantidade
Remessa à Ex- Produto Valor da Nota Folha
Emissão Kg
portação – Nº
27851 – Soja em
Xx/xx/xx 2.432.880 R$ 1.791.654,59 165
Autuado grãos

128 | PERÍCIA CONTÁBIL


Embargos a Execução Fiscal

Essa constatação se deu pelo fato de haver divergência quanto à quan-


tidade de mercadoria despachada no navio denominado................., que
conforme conhecimento de embarque nº 3, de fls. 187, emitido em .../.../....,
transportou 14.553,62 MT (quatorze mil, quinhentos e cinquenta e três vír-
gula sessenta e duas toneladas métricas) de soja em grãos, divergindo da
quantia remetida pela embargante. Veja:

Produtos sem comprovação de remessa de mercadoria


Descrição Quantidade Kg
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3139 1.029.430
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 3140 12.299.000
Nota Fiscal de Remessa à Exportação nº 27851 2.432.880
Subtotal (a) 15.761.310
Bill of Lading (BL) nº 3, emitido em 18/03/2003 (b) 14.553.620
Produtos sem comprovação de remessa da mercadoria (a-b) 1.207.690

TERMO DE ENCERRAMENTO

Tendo finalizado a produção da prova pericial, lavra-se o presente


Laudo Pericial Contábil contendo 39 páginas e 08 apêndices.

Este auxiliar da Justiça se coloca à disposição de Vossa Excelência para


eventuais esclarecimentos julgados necessários.

................, (...), ... de ............. de ....

Perito do Juízo
CRC GO Nº ......
Contador – Perito e Administrador Judicial

PERÍCIA CONTÁBIL | 129


CAPÍTULO 4
Crime de Gestão e Dano Material
NOTAS SOBRE O AUTOR

THIAGO LEITE FRANCO. Contador, sob o n° CRCGO 024289/O-


0 cadastrado no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis CNPC sob o
n° 7536. Perito Contábil e Grafotécnico com experiência em fraudes.
Membro da Comissão de Peritos Contábeis do Conselho Regional de
Contabilidade do Estado de Goiás. Possui Graduação em Ciências
Contábeis pela UNIP – GO (Universidade Paulista Campus Goiânia,
Goiás), Possui Pós-graduação em MBA em Auditoria e Gestão de
Tributos pelo IPECON em convenio com a PUC-GO (Pontifícia
Universidade Católica de Goiás), Pós-graduando em Docência para
a Educação Profissional e Tecnológica no IFG (Instituto Federal
de Goiás). Autor do Livro: Auditoria Forense, uma solução contra
fraudes e desfalques publicados no ano de 2019, pela editora: Novas
Edições Acadêmicas, com o foco no Contador e sua atuação como
Auditor e Perito contra fraudes empresariais.
A minha esposa, que amo tanto, Jessica Luana.
Aos meus Pais.
E aos meus avós materno e paterno,
que Deus os tenha em sua morada.
INTRODUÇÃO

Este capítulo trata de perícia contábil financeira como prova para ca-
racterizar o enriquecimento ilícito por meio do crime de gestão. Tal fenô-
meno pode ser verificado por meio do patrimônio de pessoas físicas ou jurí-
dicas em geral, por meio da atuação dos agentes, podendo ser funcionários
públicos da esfera federal, estadual ou municipal, funcionários de entidades
privadas, profissionais liberais, empresários, ou ainda, indivíduos que repre-
sentam alguma autoridade no meio em que labora ou convive.

O autor Fernando de Jesus explica:

“Como ocorre com outros tipos de delitos da área financeira, sempre


haverá fraude onde haja dinheiro ou objetos de valor, o que faz com
que não exista nenhum programa ou método seguro para impossibilitar
a sua ocorrência. Quanto maior o tempo em que esteja funcionando um
método ou programa de prevenção de fraudes, mais fácil será a quebra
de sua segurança.” (JESUS, Fernando. 2000 p. 65).

O Autor Thiago Leite Franco (2019), em sua obra escreve:

“O Profissional Contador pode voltar seu trabalho para: investigação


criminal disputa entre sócios, investigar reivindicações pessoais que
envolvem perdas financeiras, reclamações de seguradoras onde o cál-
culo do seguro deu prejuízo, verificar a origem e o destino de quantias
em pecúlio com aspectos para um investimento, um empréstimo ou um
lançamento de títulos mobiliários. Pode inclusive investigar a partilha
de bens envolvendo pessoas jurídicas, disputas por marcas e patentes,
reclamação sobre construção e desapropriação e reclamação de áreas
em posse da empresa”. (FRANCO, 2019, p. 12).

PERÍCIA CONTÁBIL | 133


Thiago Leite Franco

Para caracterizar dano material ao sócio que se sentiu lesado em algu-


ma operação financeira, deve ser caracterizado o crime de gestão, para isto, o
juiz da causa deve fundamentar o seu julgamento por meio de provas.

Franco elucida que:

“O dolo começa quando o autor do crime injeta dinheiro em ‘‘laranjas’’


para que o mesmo fique longe do alcance da fiscalização. Em seguida,
tem a fase de ocultação ou transformação. Nesta fase o fraudador mo-
vimenta os recursos em várias empresas e instituições financeiras por
meio de transferências bancárias e depósitos com o intuito de dificultar
o rastreamento e a origem contábil e financeira, para contas bancárias
“X”, “Y”, “Z” e outras. Ainda, fazem-se as transferências em contas ban-
cárias no exterior onde a legislação do país permite o anonimato e tem
menos tributos, além de mesclarem recursos lícitos com ilícitos para que
os mesmos sejam legalizados. Alternativa então é a compra de joias,
ouro e brilhantes, e a aquisição de bens de luxo, imóveis e investimentos
financeiros. Com todos estes indícios de fraude corporativa, a saída de
fato é rastrear o dinheiro em todas as suas etapas, da origem até seu
destino”. (FRANCO, 2019, p. 31).

Segundo o artigo 369 do Novo Código de Processo Civil, “As partes


têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade
dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na con-
vicção do juiz”.
O Código de Processo Civil de 20151 descreve como meios de prova o
depoimento pessoal, a confissão, a exibição de documento ou coisa, a prova
documental, a prova testemunhal, a prova pericial e a inspeção judicial.
Assim, para o Perito Contador deverá utilizar os meios de investi-
gação pericial com a finalidade de buscar subsídios ao seu Laudo Pericial

1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

134 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Contábil. A Norma Brasileira de Contabilidade NBC TP 01 (R1)2 cita os


procedimentos a serem adotados pelo Perito Contador em sua investigação:

(a) exame é a análise de livros, registros de transações e documentos;


(b) vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de
situação, coisa ou fato, de forma circunstancial;
(c) indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhe-
cedores do objeto ou de fato relacionadas à perícia;
(d) investigação é a pesquisa que busca constatar o que está oculto por
quaisquer circunstâncias;
(e) arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a solu-
ção de controvérsia por critério técnico-científico;
(f) mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas,
bens, direitos e obrigações;
(g) avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas;
(h) Avaliação é o ato de atestar a informação obtida na formação da
prova pericial;
(i) Avaliação é a verificação dos elementos probantes juntados aos au-
tos e o confronto com as premissas estabelecidas.

Adotada a melhor metodologia ao litígio, o Perito Contador deve


examinar os indícios de fraude, neste sentido, segundo o autor Thiago Leite
Franco (2019):

“Temos como modelo de indícios de fraude, atos como: súbito aumento


de receitas e despesas sem justificativa, mudança imprevista de movi-
mentação financeira ou em outra transação do tipo, operação financeira
ou comercial realizada em outro local ou país com pratica de lavagem
de dinheiro, pagamento de quantia em valores diversos desvinculados
de seus respectivos fins sociais como, por exemplo, plano de benefícios
a empregados, desembolsos envolvendo transações com bens moveis ou

2 https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01(R1).pdf

PERÍCIA CONTÁBIL | 135


Thiago Leite Franco

imóveis com valores inferiores ou superiores ao mercado, inexistência


de registros com operações realizadas e a renovação de contratos sem
o consentimento do cliente ou fornecedor, dentre outros”. (FRANCO,
2019, p. 30).

Segundo o autor Thiago Leite Franco (2019):

A lavagem de dinheiro consiste em uma atividade desenvolvida por in-


divíduos ou entidades com o objetivo de ocultar e dissimular a natureza,
a origem, localização, a movimentação e a propriedade de bens, direitos
e valores ou recursos vindos direta ou indiretamente de atividade ilícita.
(FRANCO, 2019, p. 31).

Portanto, a perícia contábil se baseou na origem e destino do dinheiro


introduzido na empresa, que por sua vez, foram para as contas dos demais
sócios.
Assim, devido a uma má gestão, a entidade passou pelo processo de
falência um mês após a entrada do quarto sócio, autor da ação, gerando as-
sim, prejuízos e frustrações.

RESUMO DO LAUDO

O processo a ser examinado consiste em exame de fraude por crime


de gestão, uma vez que a entidade contraiu de uma instituição financeira,
vários empréstimos que supostamente não haviam sido contabilizados, mas
que haviam sido depositados no banco da empresa, e retiradas em dinheiro
para contas dos administradores.
Ocorre que esta empresa era constituída como uma Empresa Indi-
vidual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), atual Sociedade Limitada
Unipessoal (SLU), conforme a Lei de n°: 14.195/213, modelo caracterizado
por existir um único sócio, contudo, havia estabelecido em contrato, firmado
em cartório, a figura de quatro sócios que injetaram dinheiro na forma de
Capital Social.
3 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14195.htm

136 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

O quarto sócio (XXXX), que entrou com ação de danos materiais,


devido ao crime de gestão instituído na empresa, que, mesmo adquirindo di-
nheiro dos sócios, foi realizando inúmeros empréstimos bancários no nome
da entidade, que por sua vez, foram sendo depositadas nas contas dos três
sócios que possuíam acesso as contas da empresa.
Trata-se de Ação movida por Sr. XXXX contra os Srs. YYYY, ZZZZ,
WWW E AAAA. O Sr. XXXX, representado por seus Advogados do Gru-
po B Advogados, alega que a contabilidade, ora contratada para cuidar da
documentação contábil e fiscal da empresa C, em conluio com o Sr. YYYY,
fraudaram Balanços e Balancetes com o intuito de prejudicar o Sr. XXXX.
Os Advogados do requerente solicitam a anulação do negócio jurídico que
derivou a ação.

Quesitos4 formulados (Movimento X):

1 - O perito pode confirmar se todas as dívidas trabalhistas (apontadas na


petição inicial) existentes em nome do Requerente são derivadas do pe-
ríodo em que os Requeridos estiveram à frente da direção da empresa C?

2 - Poderia o Sr. Perito precisar as dívidas e origem das mesmas?

3 - É possível ser constatada pela análise dos documentos juntados na


petição inicial se o Requerente depositou ao Sr. Y, no dia 12/11/2012,
a quantia de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais), divididos em
duas transferências, uma de R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais)
feita a partir do Banco Santander S/A e outra de R$ 45.000,00 (quaren-
ta e cinco mil reais) a partir do Banco Bradesco S/A?

4 - É possível ser constatado pela análise dos documentos juntados na


petição inicial se o Requerente realizou algum ato de administração da
empresa C após a aquisição das quotas societárias ou se somente adim-
pliu dívidas?
4 Foram selecionados somente os quesitos pertinentes à causa, uma vez que foram elabora-
dos muitos quesitos impertinentes pelas partes.

PERÍCIA CONTÁBIL | 137


Thiago Leite Franco

5 - É possível ser constatado pela análise dos documentos juntados na


petição inicial se o Requerente emitiu cheque do Banco Bradesco, de nº
000163, em 15/01/2013, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)?

6 - É possível ser constatado pela análise dos documentos juntados na


petição inicial se o Requerente, no dia 04/02/2013, transferiu o valor de
R$ 3.563,87 (três mil e quinhentos e sessenta e três reais e oitenta e sete
centavos), à empresa F Ltda.?

7 – Queira o Sr. Perito demonstrar como é feita a contabilização dos


pró-labores na contabilidade.

O processo foi aceito pelo perito contendo cerca de 80 quesitos, dentre


eles, quesitos desnecessários a causa. Assim, o juiz da causa deferiu os hono-
rários do perito em R$ 3.500,00, conforme decisão:

ESTADO X
PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE XXX
X VARA CÍVEL
AUTOS: ...........
NATUREZA: Procedimento Comum
REQUERENTE: XXXX
REQUERIDO: Y; Z; W.

DECISÃO

Defiro o pedido de prova pericial e nomeio para a realização dos tra-


balhos o Contador Perito X (perito@e-mail.com, telefone (xx) xxxxx-xxxx),
independentemente de compromisso.

Fixos os honorários do perito em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos


reais) que deverá ser pago pela parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias.

Faculto as partes o prazo de 15 (quinze) dias para apresentação de


quesitos e nomeação de assistente técnico.

138 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Comprovado o pagamento integral dos honorários periciais, intime-


-se o perito para manifestar sobre a nomeação e se for o caso, dar início aos
trabalhos, requerendo os documentos que achar necessário.

Após a realização da perícia e apresentado o laudo, não havendo im-


pugnações, fica desde já autorizada à expedição de alvará em favor do perito.

Intimem-se e cumpra-se.

Município x, Datado e Assinado Digitalmente.

Juiz X.
Juiz de Direito.

* * *
Contudo, o perito entendeu que, para atender com excelência e eficiên-
cia o judiciário, os honorários deveriam ser majorados, assim, o mesmo pro-
curou uma tabela referencial de honorários, logo, elaborou sua proposta com
base na ASPECON (Associação dos Peritos Contábeis do Estado de Goiás),
onde o juiz da causa majorou os honorários em R$ 6.600,00, liberando de iní-
cio, 50% para o início dos trabalhos periciais, conforme art., 465, § 4°.
Assim, liberado a metade dos honorários periciais, o perito realizou
diligências, com a finalidade de solicitar as partes, livros, documentos, dados
e informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil.

CASO REAL DE UM LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

AO DOUTO JUÍZ DE DIREITO DA Xª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE XXX GO.

PROCESSO:
REQUERENTE:
REQUERIDO:
NATUREZA:

PERÍCIA CONTÁBIL | 139


Thiago Leite Franco

PERITO, já qualificado, na condição de PERITO JUDICIAL no-


meado nos autos, habilitado nos termos do art. 156 do Novo Código de
Processo Civil, tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado em
movimentação 44, em que litigam as partes acima já identificadas, escudado
nos artigos 149, 465 e seguintes do CPC, vem, mui respeitosamente, sub-
meter à apreciação de V. Exa., o resultado de seu trabalho consubstanciado
no seguinte:

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA

NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade, regulamentadas pelo


CFC - Conselho Federal de Contabilidade:

a) NBC PP 01 (R1) – do Perito – Resolução nº 1.244/2009.


b) NBC TP 01 (R1) – da Perícia Contábil – Resolução nº 1.243/2009.
c) NBC TG 00 – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro.
d) NBC TG 25 (R2) – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
Contingentes.
e) NBC TG 26 (R5) – Apresentação das Demonstrações Contábeis.
Lei 6.404/1976 e suas posteriores alterações.
Novo Código de Processo Civil: Seção X, Da Prova Pericial, Art. 473
- Lei 13.105/2015.
CIRCULAR Nº 3.461/2009 do Banco Central do Brasil.

DO OBJETO DA PERÍCIA

O objeto da presente perícia é a análise dos documentos elencados


ao processo, respondendo assim, aos quesitos das partes e averiguando se
houve ou não fraude nos Balanços/Balancetes por parte da Contabilidade e
dos Sócios. Para se chegar à resposta aos quesitos, este perito precisou fazer
a análise dos seguintes documentos:

140 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

1. Doc. 01 - Relações de Faturamento assinada pelo Contador.


2. Doc. 02 - Demonstrações de Resultados dos Exercícios dos anos de
2010, 2011 e 2012.
3. Doc. 03 - Contrato de Cessão e Transferência de Quotas em Sociedade
por Quotas de Responsabilidade Limitada.
4. Doc. 04 - 3ª Alteração do Contrato Social da empresa.
5. Doc. 05 - Extrato do mês de novembro de 2012 do Banco.
6. Doc. 06 - Extrato do mês de dezembro de 2012 do Banco.
7. Doc. 07 - Comprovantes de movimentação da conta da empresa.
8. Doc. 08 - Extrato do mês de janeiro de 2013 do Banco e cópia do
cheque 000X.
9. Doc. 09 - Demonstrativo de Resultado do Exercício do ano de 2013.
10. Doc. 10 - Comprovante de transferência para o Fornecedor T.
11. Doc. 11 - Cópias dos cheques 000XXX e 000LLL
12. Doc. 12 - Extratos bancários do mês de agosto de 2012.
13. Doc. 13 - Comprovante de pagamento de contas de luz e água da
empresa.

Com as Diligências assim como a colaboração dos Advogados das


partes, a análise se estendeu aos Documentos encaminhados ao perito, como
Extratos Bancários e Escrituras Públicas.
Busca-se então, a sua adequabilidade técnica aos quesitos apresenta-
dos pelas partes e pelo juízo. Incumbe ao perito, nos termos do art. 473, IV,
CPC, apresentar resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelas
partes, por este juízo e pelo órgão do Ministério Público, se houver. Assim,
tendo esses itens por balizadores, este perito elaborou o presente Laudo Pe-
ricial Contábil.

METODOLOGIA ADOTADA NO TRABALHO PERICIAL

Lidos os autos e suscitados os questionamentos que norteiam a lide,


levantou-se os documentos necessários ao início dos trabalhos, ao quais se
encontram na Movimentação do Processo Físico Arquivo: Doc. 1 bem como

PERÍCIA CONTÁBIL | 141


Thiago Leite Franco

demais documentos enviados por e-mail, para que se tornasse possível eluci-
dar ao máximo a resposta dos quesitos e, com isso, ter condições de minuciar
corretamente o Exmo. Magistrado em sua decisão.
O presente Laudo se baseou em Exame dos documentos supracitados,
estabelecendo assim a Avaliação das informações obtidas como prova, con-
forme preceitua o Código de Processo Civil, em seu Artigo 420.
Este Laudo obedece também, as Normas Brasileiras de Contabilidade,
NBC PP 01 R1 do Perito Contábil e NBC TP 01 (R1) da Técnica de Perícia,
bem como das Normas Brasileiras de Contabilidade Vigentes até esta data.
Tendo sido enviado petição ao juízo solicitando que intimasse às par-
tes quanto à data de início dos trabalhos técnicos periciais, foi marcada para
o dia 23/09/2021, a partir das 08h00m.

DOS CONTRATOS

Em seu Doc. 05, da 3ª Alteração do Contrato Social da Empresa,


Na Cláusula Quinta, estabelece o pró Labore dos dois sócios restantes na
sociedade, porém, não se estabelece com clareza qual seria este valor (desde
que fosse até o máximo permitido pela Legislação do Imposto de Renda em
Vigor), ao passo que, os mesmos estariam retirando a quantia que melhor
provesse suas despesas pessoais, como Pessoas Físicas.
Assim, não estabelecer o valor do pró-labore, fere o art. 152 da Lei
6.404/76:

“A Assembleia-geral fixará o montante global ou individual da remu-


neração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natu-
reza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilida-
des, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação
profissional e o valor dos seus serviços no mercado”.

Em seu Parágrafo 1º continua:

“§ 1º O estatuto da companhia que fixar o dividendo obrigatório em


25% (vinte e cinco porcento) ou mais do lucro líquido, pode atribuir

142 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

aos administradores participação no lucro da companhia, desde que


o seu total não ultrapasse a remuneração anual dos administradores
nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo 190), prevalecendo o limite
que for menor”.

Em sequência, no Parágrafo 2° estabelece que “Os administradores


somente farão jus à participação nos lucros do exercício social em relação
ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório, de que trata o
artigo 202”. Por sua vez, o Artigo 202 da mesma norma estabelece regras de
direitos que os sócios e os acionistas têm, perante a sociedade.
Este perito elenca estes dispositivos da Lei, a fim de esclarecer a im-
portância de se estabelecer a quantia de retiradas dos sócios, seja por meio
de Pró-Labore, sejam por distribuição de Lucros, Empréstimos a Sócios ou
qualquer que seja o Benefício da retirada.
Constata-se por meio de Exame dos Extratos que, os sócios retiravam
o montante, sem a devida comprovação de fatos contábeis, seja por Recibos
(não entregues a contabilidade), seja por contratos de Empréstimos a Pessoa
Física (não entregues a contabilidade).
Por meio da análise dos extratos bancários existentes no processo, é
possível afirmar que a regra igualitária de retirada de Pró-Labore aos Sócios
não é igualitária, ou seja, não obedece ao parâmetro estabelecido em contra-
to entre os sócios.
Além de ferir o Dispositivo Legal da Lei 6.404/76, o fato de não es-
tabelecer valores de Pró-Labore aos sócios, fere o Princípio Contábil da En-
tidade que reconhece o Patrimônio como sendo o objeto da Contabilidade,
dando autonomia patrimonial para a empresa a fim de que este, não seja
confundido com o patrimônio dos sócios.
Por isto a importância de se estabelecer e registrar toda e qualquer
movimentação entre a empresa e os sócios. Com isto, não se deve confundir
os direitos e obrigações da empresa com os direitos e obrigações dos sócios,
assim, é vedado saques no Caixa ou no Banco, para pagar contas pessoais
dos sócios.
Em casos como estes, o Artigo 50 do Código Civil estabelece que:

PERÍCIA CONTÁBIL | 143


Thiago Leite Franco

“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens par-
ticulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica benefi-
ciados direta ou indiretamente pelo abuso”.

Em seu Parágrafo 2º, esclarece que a Confusão Patrimonial é a au-


sência de separação de fato entre os patrimônios caracterizados por:

I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do


administrador ou vice-versa,
II -transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e,
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

Segundo estabelecido na NBC TG 00 da Estrutura Conceitual dos Re-


latórios Financeiros, as Informações sobre a eficiência e a eficácia da admi-
nistração da entidade que reporta no cumprimento de suas responsabilida-
des sobre o uso dos recursos econômicos da entidade ajudam os usuários a
avaliar a gestão de recursos da administração sobre esses recursos.
Essas informações também são úteis para prever quão eficiente e efi-
cazmente a administração usará os recursos econômicos da entidade em pe-
ríodos futuros.
É Por meio do Contrato de Cessão e Transferência de Quotas em So-
ciedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, localizada no Processo
Físico, no Arquivo Doc. 01 que se inicia a obrigação do sócio YYYY perante
a empresa, estabelecendo que, o mesmo teria que custear as dívidas da enti-
dade junto ao CREDOR T, da seguinte forma:

144 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Figura 1 - Dívida com Fornecedor T

FONTE: Doc. 1.

Por meio do instrumento particular de confissão de dívida, foi repas-


sado a dívida da empresa para o sócio Sr. XXX, Autor da Ação.

Apêndice 1 – Dívida com Fornecedor T.

FONTE: Elaborado Pelo Perito.

Assim, conforme cláusula do contrato:


“Cláusula Décima Quinta: Os cessionários declaram-se inteiramente
cientes do atual estado econômico e financeiro da empresa e sabedores
que, ao adquirirem as quotas da CEDENTE, por este instrumento, estão
assumindo o ativo e passivo da entidade, sem nenhum tipo de restrição
ou alegação de desconhecimento”.

Por meio do referido instrumento, os sócios da empresa se declararam


cientes do estado econômico e financeiro da empresa.

PERÍCIA CONTÁBIL | 145


Thiago Leite Franco

DAS MOVIMENTAÇÕES BANCÁRIAS

Esse perito analisou os Comprovantes elencados no Arquivo: Doc. 04


- Comprovantes de movimentação da conta da empresa pelos Requeridos.
Ocorre que, são movimentações Assinadas e Aprovadas por dois Só-
cios da Empresa, a saber, o Sr. Y e o Sr. X em que os mesmos efetuam diver-
sos pagamentos a terceiros. Estas operações em si, não caracterizam fraude
na gestão, e poderia ser comprovada mediante entrega dos Balancetes da
empresa.
Assim, foi evidenciado nas transferências que os depósitos efetuados
aos sócios, não correspondiam com os Pró-Labores dos mesmos. Foi verifi-
cado pelo perito que, as transferências bancárias da entidade deveriam ter a
autorização de dois sócios.
Na Contabilidade, este Fato é considerado como Adiantamento a
Sócio. A Nomenclatura “A Longo Prazo” é utilizada neste caso uma vez que
não se constituem negócios usuais na exploração do objeto da empresa.
Esta Conta Contábil irá compor o Ativo Não Circulante em Exigível
a Longo Prazo e será contabilizada conforme Artigo 179, inciso II da Lei
6.404/76:

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:


(...)
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o tér-
mino do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adian-
tamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo
243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que
não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia;

Com isto, estabelece duas formas, a conta Empréstimo aos Sócios e


Adiantamento aos Sócios sendo esta última, mais usual na Contabilidade,
pois na Conta Empréstimos aos Sócios precisarão estabelecer, em contrato
de Mútuo, juros sobre o Montante acordado entre as partes.

146 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

A Contabilização do Adiantamento ficará da seguinte forma:


D – Adiantamento a sócios (Ativo Não Circulante)
C – Banco Conta Movimento

O Adiantamento a sócios é debitado no Ativo Não Circulante, pois, se


espera reaver aquela quantia no Banco da Empresa, por meio do desconto na
apuração do lucro. Por fim credita-se o dinheiro no Banco da Empresa, pois
o mesmo sai do Banco para a Conta Pessoal do Sócio.
Partindo desta regra de Contabilização, os montantes retirados do
Banco da Empresa e Transferidos para a Conta Pessoal do Sr. Z, devem ficar
da seguinte forma, contabilizados na empresa:

Apêndice 2 – Contabilização do Adiantamento ao Sócio.

FONTE: Elaborado pelo Perito.

Ao final do exercício, obedecendo ao que preceitua legislações tribu-


tárias, estes valores são deduzidos da Conta Lucro ou Prejuízo Acumulado,
ficando da seguinte forma:

Apêndice 3 – Apuração do Resultado reconhecendo a Antecipação aos Sócios.

FONTE: Elaborado pelo Perito

PERÍCIA CONTÁBIL | 147


Thiago Leite Franco

Assim, por meio do advento da Lei n° 11.638/07, que alterou a Lei


6.404/76, colocando o Brasil junto aos países que aderiram as Normas In-
ternacionais de Contabilidade (IFRS), alterado o dispositivo de que trata a
Conta Lucro ou Prejuízo Acumulado, sendo que esta, não poderá ter saldo,
salvo em casos excepcionais.
Esta Conta Contábil, obrigatoriamente deverá ser destinada para
constituição de Reservas ou mediante a Distribuição de Lucros e Dividendos
aos acionistas, sendo zerado o seu saldo.
Analisando o Balanço Patrimonial do Ano de 2012, o perito constatou
que a Empresa Possui um Saldo de Sócios e Terceiros, na Conta Contábil
Adiantamentos Diversos a reaver de R$ 25.893,18 (vinte e cinco mil oitocen-
tos e noventa e ter reais e dezoito centavos).
Por meio do Saldo Apurado e análise dos Extratos elencados no Pro-
cesso Físico, bem como Enviado por meio de Diligências, o valor a que se
chega de Adiantamentos ao Sócio foi de R$ 17.015,42 (Dezessete mil, e quin-
ze reais e quarenta e dois centavos). Confrontando (Diminuindo) com o va-
lor total do ano, obtemos um valor de R$ 8.823,76 (oito mil oitocentos e
vinte e três reais e setenta e seis centavos), a maior no ano de 2012.
Por meio dos extratos Bancários, este perito apresenta os pagamen-
tos efetuados pelo Sr. XXX mediante Contrato de Cessão e Transferência de
Quotas em Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, apresenta-
dos no Apêndice seguinte:

Apêndice 4 – Composição do Capital investido pelo Sr. X.

FONTE: Elaborado pelo Perito

148 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Assim, os pagamentos efetuados pelo Sr. X, autor da ação representa


o Capital investido na sociedade, por meio de depósitos e pagamentos de
dívidas da entidade com o fornecedor T.

Apêndice 5 – Composição da Dívida com Fornecedor.

FONTE: Elaborado pelo Perito

Por meio dos extratos, bem como Contrato de Cessão e Transferência


de Quotas em Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, o perito
apurou o Valor da dívida contraída pelo Sr. X, o que representa um total de
R$ 355.920,00 (trezentos e cinquenta e cinco mil novecentos e vinte reais),
conforme Apêndice 5.
Confrontando o total da dívida com o valor pago pelo Sr. X, cujo valor
foi de R$ 56.563,87 (cinquenta e seis mil reais quinhentos e sessenta e três
reais e oitenta e sete centavos), o perito chegou ao valor real da dívida do Sr.
XXXX: R$ 299.356,13 (duzentos e noventa e nove mil trezentos e cinquenta
e seis reais e treze centavos).

PERÍCIA CONTÁBIL | 149


Thiago Leite Franco

Observando o saldo da Conta de empréstimos a Longo Prazo, o perito


constatou somente o saldo de exercícios anteriores em um montante de R$
625.114,81 (seiscentos e vinte e cinco cento e quatorze reais e oitenta e um
centavos).
No dia 06/09/2012, a Empresa adquiriu um empréstimo com terceiros
cujo valor foi de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), não contabilizados no
exercício de 2012.

DO RELATÓRIO DE FATURAMENTO

O Relatório de Faturamento apresentado no Arquivo: Doc. 1 – Rela-


ção de Faturamento assinada pelo Contador, não representa uma demons-
tração contábil propriamente dita, este relatório de faturamento representa
um controle interno das instituições bancárias, previsto na Circular do Ban-
co Central do Brasil de n° 3.461 de 2009 em que, a instituição financeira irá
adotar certos procedimentos com a finalidade de combater os crimes previs-
tos na Lei n° 9.613 de 1998.
No Capítulo intitulado Manutenção de Informações Cadastrais Atua-
lizadas da Circular, em seu Artigo 2°, IV, diz:

Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º devem coletar e manter


atualizadas as informações cadastrais de seus clientes permanentes, in-
cluindo, no mínimo:
IV - valores de renda mensal e patrimônio, no caso de pessoas naturais,
e de faturamento médio mensal referente aos doze meses anteriores,
no caso de pessoas jurídicas.

Ou seja, as instituições financeiras ou qualquer instituição que ope-


ram com Empréstimos, precisam desta atualização cadastral para qualquer
operação financeira que irá ser adquirida pela empresa.
Este Faturamento deve ser apresentado da forma que os recebimentos
são efetivados na Empresa, não levando em conta, desembolsos necessários
à obtenção do Lucro Líquido da Empresa como, por exemplo, Custos, Tribu-
tos, Despesas Gerais e Administrativas.

150 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Figura 2 – Relatório de Faturamento, últimos doze meses.

FONTE: Doc. 3.

A Prova de que o presente documento foi confeccionado com a fi-


nalidade de obter um Financiamento para a empresa é que, na data de
06/09/2012 a Empresa adquiriu um Empréstimo de R$ 300.000,00.
No recebimento a Longo Prazo denominadas Vendas a Prazo, tais re-
cebimentos não consideram o Percentual de inadimplentes, ou seja, o Per-
centual de Clientes que não vão pagar. Este percentual é denominado na
Literatura Contábil de Perda Estimada com Créditos de Liquidação Duvi-
dosa, em que se calcula o percentual de perdas por clientes que não pagarão
a empresa, e aplica-se este percentual de perda em seus recebimentos com
vendas a Longo Prazo. Este dispositivo encontra-se na NBC TG 25 (R2) –
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.
Quando os Recebimentos com Vendas chegam à Contabilidade, o
mesmo irá ter uma classificação. Tendo a nota fiscal do produto ou serviço
em mãos, o Contador irá Contabilizar por Regime de Competência, inde-
pendente do recebimento.
Ou seja, por exemplo, o empresário pode emitir uma nota de venda
de mercadorias em janeiro de 2020, e programar o recebimento para daqui
a três meses. O registro contábil será feito em janeiro de 2020, independente
do recebimento dos valores em caixa.

PERÍCIA CONTÁBIL | 151


Thiago Leite Franco

Segundo a NBC TG 00:


O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e
circunstâncias sobre reivindicações e recursos econômicos da entidade que
reporta nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamen-
tos e recebimentos à vista resultantes ocorram em período diferente. Isso é
importante porque informações sobre os recursos econômicos e reivindica-
ções da entidade que reporta e mudanças em seus recursos econômicos e
reivindicações durante o período fornecem uma base melhor para a avalia-
ção do desempenho passado e futuro da entidade do que informações ex-
clusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista durante esse período.
Por isto, quem quiser adquirir ações ou quotas societárias de determi-
nado grupo econômico, não deve ter por base um resumo de faturamento. O
investidor deve primeiramente solicitar a empresa, o relatório que contenha
as Demonstrações Contábeis Legais e Regulamentadas nas Normas Brasilei-
ras de Contabilidade vigentes àquela data e depois, buscar um profissional
habilitado em análise mercadológica destas operações. O Auxílio do Pro-
fissional torna-se importante para entender as flutuações do mercado, do
segmento e da economia no período do investimento.
Segundo a NBC TG 00:
O objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações
financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investido-
res, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais,
na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade essas
decisões envolvem decisões sobre:
(a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida;
(b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou
(c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da
administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.

Por isto, apenas o Relatório Financeiro para fins gerais, confeccionado


por profissional habilitado é que podem dar suporte à tomada de decisões para
os investidores, credores e demais usuários da informação financeira contábil.

152 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

DO ATENDIMENTO AOS QUESITOS

QUESITOS DA PARTE AUTORA

1 - O perito pode confirmar se todas as dívidas trabalhistas, apontadas


na petição inicial, existentes em nome do Autor são derivadas do pe-
ríodo em que os Requeridos estiveram à frente da direção da empresa?

RESPOSTA: Conforme consta nos autos, o Sr. X entrou na sociedade


em 2012, e as Reclamatórias trabalhistas começaram em 2013.

2 - Poderia o Sr. Perito precisar as dívidas e origem das mesmas?

RESPOSTA: As Dívidas são oriundas do Contrato de Cessão e Trans-


ferência de Quotas em Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada
disponível no Doc. 04. A Dívida está demonstrada na tabela a seguir:

PERÍCIA CONTÁBIL | 153


Thiago Leite Franco

3 - É possível ser constatada pela análise dos documentos juntados na


petição inicial se o Autor depositou ao Sr. Z, no dia 01/12/2012, a quan-
tia de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais), divididos em duas
transferências, uma de R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais) feita
a partir do Banco E S/A e outra de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil
reais) a partir do Banco F S/A?

RESPOSTA: É possível identificar o Pagamento de R$ 45.000,00 me-


diante Extrato Bancário no dia 01/11/2012 anexado aos autos.

4 - É possível ser constatado pela análise dos documentos juntados na pe-


tição inicial se o Autor realizou algum ato de administração da empresa
após a aquisição das quotas societárias ou se somente pagou dívidas?

RESPOSTA: Foi constatado, mediante análise dos documentos junta-


dos na petição inicial, que o Autor realizou pagamentos de dívidas da empre-
sa e, por meio de sua conta bancária o pagamento de funcionários em ações
judiciais trabalhistas.

QUESITOS DA PARTE RÉ

5 - É possível ser constatado pelo exame dos documentos juntados na


petição inicial se o Autor emitiu cheque do Banco x, de nº 000xxx, em
05/02/2013, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)?

RESPOSTA: Este perito, através da análise, constata a emissão do


cheque do Banco Bradesco, de nº 000xxx, em 05/02/2013, no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

6 - É possível ser constatado pelo exame dos documentos juntados na


petição inicial se o Autor, no dia 01/06/2013, transferiu o valor de R$
3.563,87 (três mil e quinhentos e sessenta e três reais e oitenta e sete
centavos), à empresa T?

RESPOSTA: Por meio de exame, este perito constata que, no dia


01/06/2013, transferiu o valor de R$ 3.563,87 (três mil e quinhentos e ses-
senta e três reais e oitenta e sete centavos), à empresa T.

154 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

7 – Queira o Sr. Perito demonstrar como é feita a contabilização dos


Adiantamentos aos sócios na contabilidade e se foi feita a contabilização
na empresa.

Resposta: A contabilização dos Adiantamentos aos sócios é realizada


da seguinte forma:

Por meio de exame detalhado na contabilidade, este perito constata


que não foram contabilizados os adiantamentos aos sócios.

8 – Queira o Sr. Perito demonstrar como é feita a contabilização do


Empréstimo Bancário.

RESPOSTA: A Contabilização do Empréstimo fica da seguinte forma:

PERÍCIA CONTÁBIL | 155


Thiago Leite Franco

CONCLUSÕES TÉCNICAS

Objetivando, da melhor forma possível, subsidiar o convencimento


do MM JUÍZ, em sequência, são apresentadas as considerações que baseiam,
rigorosamente, em aspectos técnicos do que restou apurado nas respostas
oferecidas aos quesitos formulados por este JUÍZO e pelas partes. Obser-
vando, que essas considerações conclusivas nada mais refletem senão o juízo
técnico pericial.
Nada mais havendo a comentar, encerra-se o presente Laudo Pericial
Contábil, emitido por processamento eletrônico, somente no anverso do pa-
pel, em 25 (vinte e cinco) folhas, 5 Apêndices, 2 figuras e 1 (uma ata) que
englobam o resultado dos exames documentais dos autos.

AO DOUTO JUÍZ DE DIREITO DA Xª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE XXX GO.

PROCESSO:
REQUERENTE:
REQUERIDO:
NATUREZA: APURAÇÃO DE CRIME DE GESTÃO

PERITO, já qualificado, na condição de PERITO JUDICIAL nomea-


do nos autos, habilitado nos termos do art. 156 do Novo Código de Proces-
so Civil, tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado em movi-
mentação 44, em que litigam as partes acima já identificadas, escudado nos
artigos 149, 465 e seguintes do CPC, vem, mui respeitosamente, apresentar:

ATA DA NOMEAÇÃO

Este Perito, devidamente qualificado, na condição de PERITO JUDI-


CIAL nomeado nos autos, habilitado nos termos do art. 156 do Novo Código
de Processo Civil, tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado
em movimentação 44, iniciou-se seu encargo, com a proposta de honorários
na Movimentação n° 55, sendo os mesmos, contestado em movimentação n°

156 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

66, sendo alegado que os honorários já tinham sido arbitrados na decisão de


Movimento 58, dos autos digitais, atendendo aos princípios da proporciona-
lidade e razoabilidade e que já haviam sido depositados em sua totalidade.
Em Movimento n° 66, este perito identificou que, o presente Laudo
Pericial Contábil estava com seu valor de honorário baixa, por se tratar de
perícia de alta complexidade, possuir inúmeros quesitos e, que o mesmo
deveria ser arbitrado pela tabela da ASPECON-GO Associação dos Peritos
Contadores do Estado de Goiás.
Este Perito estabeleceu um mínimo da tabela de honorários cujo valor
foi de R$ 6.600,00 (seis mil e seiscentos reais), item 23, Apuração de haveres
de Micro e Pequena Empresa, sendo que, a tese efetuada no presente Laudo
Pericial foi a de número 32, Crime de Gestão ao qual o valor mínimo de ho-
norários é de R$ 13.560,00 (treze mil quinhentos e sessenta reais).
Em Movimentação n° 69, este Juízo, por meio de DESPACHO, pro-
tocolado pelo Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito MMMM, HOMOLO-
GOU os Honorários Periciais, entendendo que deveria haver um primeiro
depósito de 50% em favor deste perito. Em movimentação 88, foi liberado
ALVARÁ de 50%, a favor do perito.

DO INÍCIO DOS TRABALHOS.

Aceita a proposta de honorários, este perito se viu obrigado a juntar


provas acerca do caso em litígio em questão. Na Movimentação n° 79, foi
feito o Termo de Diligências, sendo solicitado pelas partes Balanço, DRE,
Balancete e demais Demonstrativos Contábeis da Empresa do período de
2010, 2011 e 2012, Balanço, DRE, Balancete e demais Demonstrativos Con-
tábeis da Empresa T do período de 2010, 2011 e 2012.
Foi solicitado ainda, Contrato Social da Empresa e suas posteriores
alterações, Extratos Bancários mensais da Empresa do período de 2010, 2011
e 2012. Extratos Bancários mensais da Empresa T do período de 2010, 2011
e 2012. Contrato Social da Empresa T e suas posteriores alterações. Demais
documentos, planilhas, comprovantes não elencados no referido processo
que podem servir de base comprobatória.

PERÍCIA CONTÁBIL | 157


Thiago Leite Franco

Realizado o pagamento da primeira parcela referente aos Honorários


Periciais, conforme Movimentação n° 88, este Perito encaminhou e-mail
no dia, 01/09/2021, à respectiva vara, comunicado com o início dos traba-
lhos, sendo o mesmo executado no dia 23/09/2021 e sendo concluído no dia
25/09/2021. Entendendo precisar de mais tempo, este perito estabeleceu um
novo prazo para a entrega do presente Laudo Pericial Contábil, sendo entre-
gue intempestivamente na Segunda feira, dia 28/09/2021.
No dia 28/09/2021, este perito encaminhou seu laudo pericial contá-
bil à respectiva vara, através do e-mail: xxxx@cartório.com.br. Totalizando
40 Horas Líquidas de trabalho, extrapolando as horas de trabalho, previs-
tas de 20 horas devido à complexidade dos cálculos, bem como estudo da
legislação pertinente ao caso. Não acarretando custas com honorários pela
diferença a maior de horas para as partes, salvo quesitos suplementares /
complementares, conforme estabelecido na NBC PP 01 (R1), item 34.

AO DOUTO JUÍZ DE DIREITO DA Xª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE XXX GO.

PROCESSO:
REQUERENTE:
REQUERIDO:
NATUREZA: APURAÇÃO DE CRIME DE GESTÃO

PERITO, já qualificado, na condição de PERITO JUDICIAL no-


meado nos autos, habilitado nos termos do art. 156 do Novo Código de
Processo Civil, tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado em
movimentação 44, em que litigam as partes acima já identificadas, escudado
nos artigos 149, 465 e seguintes do CPC, vem, mui respeitosamente, apre-
sentar a Vossa Excelência, dentro do prazo legal, o Laudo Pericial em Anexo.
REQUER a V. Exa. A liberação de seus Honorários, nos termos do art. 465,
§4°, CPC.
Isto posto, requer a expedição de mandado de pagamento em favor
do ora requerente.

158 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

Informa ainda, nos termos da Portaria n. xxx/202x, os dados para de-


pósito do alvará:

DADOS DO BENEFICIÁRIO:

PERITO
CPF: xxx.xxx.xxx-xx
BANCO: CEF
C/C: 0000000-0
AGÊNCIA: 0000 OP. 000
VALOR: R$ 3.300,00
50% (CINQUENTA PORCENTO) DOS HONORÁRIOS
REMANENTES.

É O QUE REQUER, PEDE DEFERIMENTO.

Cidade, Estado, Data ____/____/__________


PERITO
CONTADOR CRC GO XXXXXX/O-X
PERITO DO JUÍZO DA Xª VARA CÍVEL DA COM. DE XXXX

O Laudo apresentado foi um caso real que no final, para deixar de


pagar a última parcela, a parte autora solicitou o Benefício da Justiça Gra-
tuita, anexando aos autos, vários documentos comprovando sua renda e sua
elevada despesa, contudo, o MM Juízo concluiu:

Por fim, quanto às ações trabalhistas em que o autor é réu, insta desta-
car que, desde o primeiro indeferimento, em 2016, foram mencionadas
e não acolhidas pelos Julgadores, em primeiro grau, segundo o STJ, a
justificar a concessão do beneficiário.

Ora, se, de fato, o autor almejasse comprovar a alteração da sua con-


dição financeira, incumbia-lhe apresentar a declaração do Imposto de

PERÍCIA CONTÁBIL | 159


Thiago Leite Franco

Renda dos últimos três anos, bem como cópia dos extratos bancários e
de crédito de sua titularidade, o que não ocorreu na hipótese sub judice.

Ante ao exposto, MANTENHO o indeferimento do benefício da assis-


tência judiciária e DETERMINO a intimação da parte autora para,
no prazo de 05 (cinco) dias, comprovar o pagamento dos honorários
periciais.

A Parte autora foi intimada em cinco dias para o pagamento da última


parcela dos honorários periciais, em favor do perito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei n°13.105, de 16 de março de 2015. Dispõe sobre o Código


de Processo Civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm Acessado em: 20/02/2023.

BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre as Socie-


dades po Ações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm. Acessado em: 20/02/2023.

BCB. Circular n° 3.461. Consolida as regras sobre os procedimentos a se-


rem adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas com os
crimes previstos na Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2009/pdf/circ_3461_v1_o.pdf.
Acessado em: 20/02/2023.

CFC. NBC PP 01 (R1) Do Perito Contábil. Disponível em: https://www2.


cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBCPP01(R1)&ar-
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CFC. NBC TP 01 (R1) Dispõe sobre Perícia Contábil. Disponível em: ht-
tps://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBC-
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160 | PERÍCIA CONTÁBIL


Crime de Gestão e Dano Material

CFC. NBC TG 01 (R3). Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Dis-


ponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Co-
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20/02/2023.

CFC. NBC TG 20 (R2). Custos de Empréstimos. Disponível em: https://


www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCT-
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CFC. NBC TG 25 (R2) Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Con-


tingentes. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2017/NBCTG25(R2)&arquivo=NBCTG25(R2).doc. Acessa-
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CFC. NBC TG 26 (R5) Demonstrações Contábeis. Disponível em: ht-


tps://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCT-
G26(R5)&arquivo=NBCTG26(R5).doc. Acessado em: 20/02/2023.

FRANCO, Thiago Leite. Auditoria Forense: uma solução contra fraudes e


desfalques. Ed.: Novas Edições Acadêmicas. 2019.

JESUS, Fernando. Perícia e Investigação de Fraude. Uma análise psico-


lógica e operacional na evidenciação de fraude. 2ª ed. AB. Goiânia, 2000.

PERÍCIA CONTÁBIL | 161


CAPÍTULO 5
Indenização por Danos Morais
com Repetição de Indébito
NOTA SOBRE O AUTOR:

MATHEUS PEREIRA DE CARVALHO é Contador formado


pela Universidade Federal de Goiás (UFG), possui MBA em
Contabilidade, Auditoria e Gestão Tributaria. Atuação em trabalhos
de Perícia e Auditoria tributária em resolução de litígios judiciais
e administrativos. Atuação também em Auditoria Independente
pela BDO — RCS. Membro da Comissão de Peritos Contábeis do
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de Goiás (CRCGO),
Atualmente Perito Extrajudicial e Perito Judicial cadastrado junto ao
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
RESUMO

Este capítulo trata do laudo pericial contábil elaborado pelo autor


para levar à instância decisória elementos de prova necessárias para sub-
sidiar a resolução do litígio. Trata-se de uma perícia contábil realizada em
uma Ação De Obrigação De Fazer C/C Indenização Por Danos Morais C/C
Repetição De Indébito, formulada por uma pessoa física face uma institui-
ção financeira, sendo ajuizada na 1.ª Vara Cível da Comarca da Aparecida de
Goiânia do Poder Judiciário do Estado de Goiás. A metodologia e a análise
técnica do laudo pericial pela sua qualidade e rigor em sua elaboração não
foram contestado pelas partes e foi, consequentemente, homologado pelo
Juízo. O laudo seguiu todo o regramento e procedimentos técnico-científi-
cos que devem ser ponderados pelo perito no âmbito judicial e contribuiu
de forma determinante para a solução da lide de forma isenta e fidedigna.
Assim, apresenta-se a seguir o laudo pericial contábil conforme estrutura da
NBC TP-01 (R1)

AO JUÍZO DA (...)ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE (...........)

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Processo nº..................:
Tipo de Ação...............:
Polo Ativo ....................:
Polo Passivo ................:
Perito .............................:

MATHEUS PEREIRA DE CARVALHO, Perito Contador conforme


certidão do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de Goiás e Cadas-
tro Nacional de Peritos Contadores (CNPC), estabelecido na ..........................,

PERÍCIA CONTÁBIL | 165


Matheus Pereira de Carvalho

grato com o encargo, tendo sido nomeado para elaboração de prova pericial
nos autos do processo mencionado (Evento 78), vem à presença de Vossa
Excelência promover a apresentação do Laudo Pericial Contábil.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Este laudo tem como objetivo promover o cumprimento de decisão,


relativa à divergência dos valores residuais apresentados pelas partes e com
o intuito de pôr fim à controvérsia existente conforme verificada ao longo
do processo.
Para isso, este laudo tem o propósito de elucidar os fatos contábeis e
financeiros, esclarecendo de forma técnica, clara e objetiva para auxílio na
resolução do litígio em questão.

ESTRUTURA DO LAUDO

HISTÓRICO DO PROCESSO
DELIMITAÇÃO DO OBJETO DA PERÍCIA
DILIGÊNCIAS E DOCUMENTAÇÃO SUPORTE
METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
QUESITOS
CONCLUSÃO
ANEXOS

HISTÓRICO DO PROCESSO

Em 14 de Agosto de 2019 a parte requerente na pessoa da Se-


nhora PARTE AUTORA, interpôs a ação, através do processo de nº
XXXXXXXX-35.2019.8.09.0011, distribuído para Aparecida de Goiânia - 1ª
Vara Cível em desfavor de PARTE RÉ.
Após análise da solicitação da requerida foi elaborado despacho, con-
forme (Evento 06), realizar-se sessão de audiência de conciliação, visto que
a parte ativa manifestou não interesse na realização da audiência.

166 | PERÍCIA CONTÁBIL


Indenização por Danos Morais com Repetição de Indébito

A parte passiva se manifestou com a contestação conforme (Evento


24) e replica da parte ativa de acordo com (Evento 29), após outros eventos
e manifestações ao longo do processo de ambas as partes, foi elaborado deci-
são (Evento 54) conforme segue:

...Portanto, diante da modificação do pacto, nos termos da aludida


súmula, temos que a parte autora firmou empréstimo consignado no
valor de R$ 4.160,57, para pagamento em prestações no valor de R$
181,29. Os juros compensatórios serão contados conforme a taxa média
de mercado, no percentual de 2,27% em 19/04/2016, consoante consulta
pública disponível no sítio eletrônico do Sistema Gerenciador de Séries
Temporais (SGS) do Banco Central do Brasil, no módulo “Taxa média
mensal de juros das operações de crédito com recursos livres – Pessoas
físicas – Crédito pessoal consignado para aposentados e pensionistas do
INSS”.

Com os valores e taxa supra poder-se-á calcular o número de presta-


ções necessárias à quitação do contato, inclusive eventual repetição do
indébito. Assim, os demais pedidos serão resolvidos à oportunidade da
prolação da sentença.

Posto isso, nos termos do art. 356, inciso II, do Código de Processo
Civil, conhecendo da abusividade arguida, acolho, desde já, parte
do pleito exordial para modificar o contrato objeto do feito, que dei-
xará a forma de cartão de crédito para converter-se na modalidade
de empréstimo consignado em folha de pagamento, na importância
de R$ 4.160,57, com juros compensatórios de 2,27% ao mês, capitali-
zados anualmente, com prestação mensal fixa no valor de R$ 181,29.

Perícia contábil determinará o número de parcelas suficientes à ex-


tinção da obrigação da parte autora, considerando os dados supra...

Posteriormente, foi efetuado junto ao Tribunal de Justiça do Estado de


Goiás, apelação cível, (Evento 60), deu se relatório e voto conforme segue:

PERÍCIA CONTÁBIL | 167


Matheus Pereira de Carvalho

Destarte, o recurso especial merece ser parcialmente provido, em parte.

Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial


para, julgando parcialmente procedente o pedido formulado na petição
inicial, revisar as taxas de juros remuneratórios do contrato para 1,5
vezes a taxa média do mercado para o empréstimo consignado, revisão
aplicável apenas aos períodos em que os valores dos encargos da dívi-
da ficaram abaixo da reserva de margem consignável, procedendo-se à
compensação da diferença apurada imediatamente no saldo devedor.

Custas e honorários advocatícios distribuídos com base nos princípios


da causalidade e da sucumbência, na proporção de 60% pela adminis-
tradora demandada, ora recorrida, e 40% pelo demandante, ora recor-
rente, arbitrando-se o percentual dos honorários em 10% sobre o valor
atualizado da causa.

É o voto.

Em seguida, foi apresentado contrarrazões (Evento 63), pela parte


apelada, no qual obteve a seguinte decisão, (Evento 67):

...Ao teor do exposto, com supedâneo no artigo 932, inciso IV, alínea
“a”, do Código de Processo Civil, conheço do recurso de apelação cível
e nego-lhe provimento para manter inalterada a decisão objurgada
por seus próprios e jurídicos fundamentos.

Outrossim, diante do desprovimento do recurso de apelação cível, ma-


joro a verba honorária sucumbencial de 10% (dez porcento) para 12%
(doze porcento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo
85, §11, do Código de Processo Civil.

Oficie-se ao Juízo da causa, para ciência dos termos desta decisão, na


forma do artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil...

168 | PERÍCIA CONTÁBIL


Indenização por Danos Morais com Repetição de Indébito

Após decisão, foi elaborado despacho (Evento 78), para nomeação


e elaboração de Perícia Contábil, para apuração do quantum debeatur em
questão.
Estes foram os principais tópicos do histórico do processo a serem
evidenciados para elaboração deste laudo.

DELIMITAÇÃO DO OBJETO DA PERÍCIA

Conforme já narrado no histórico do processo, os cálculos periciais


estão delimitados a determinar o número de parcelas suficientes à extinção
da obrigação da parte autora referentes à decisão proferida pelo juízo.
Os procedimentos periciais contábeis visam fundamentar o laudo
pericial contábil abrangendo total ou parcialmente, segundo a natureza e
a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbi-
tramento, mensuração, avaliação, certificação e testabilidade. Esses proce-
dimentos são assim definidos de acordo com a Norma Brasileira De Conta-
bilidade, NBC TP 01 (R1), de 19 de março de 2020, que dispõe sobre perícia
contábil.

DILIGÊNCIAS E DOCUMENTAÇÃO SUPORTE

Foram utilizados os documentos solicitados por este perito conforme


(Evento 86), onde a parte ativa enviou a documentação, através do e-mail,
com os seguintes documentos:
Polo Ativo:
• Contrato de Adesão
• Comprovante de Crédito
A parte passiva, não encaminhou documentação, sendo analisada a
documentação arrolada junto ao processo para fins de elaboração da perícia
contábil.
Desta forma, foi elaborado Laudo Pericial Contábil, para apuração do
quantum debeatur em questão.

PERÍCIA CONTÁBIL | 169


Matheus Pereira de Carvalho

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

O cumprimento da decisão versa sobre o número de parcelas sufi-


cientes à extinção da obrigação da parte autora de acordo com os critérios
estabelecidos em decisão (Evento 54).
Para evidenciação das parcelas, foi necessário identificar a data da li-
beração do crédito para a cliente, e o início dos pagamentos efetuados pelo
polo ativo ao polo passivo, utilizando os critérios relacionados em decisão.
Os Pagamentos efetuados pela parte passiva para o polo ativo foi iden-
tificado através dos documentos enviados pela parte e arrolados ao processo.
Conforme decidido pelo juízo, o polo ativo adquiriu “deixará a forma
de cartão de crédito para converter-se na modalidade de empréstimo con-
signado em folha de pagamento, na importância de R$ 4.160,57, com juros
compensatórios de 2,27% ao mês, capitalizados anualmente, com prestação
mensal fixa no valor de R$ 181,29.” (Evento 54).
Posto isso, foi elaborado tabela de parcelas com todos os valores pagos
pelo polo ativo em contrapartida com o saldo devedor. (Anexo - 01).

QUESITOS

A parte ativa apresentou quesitos de acordo (Evento 81). Respondi-


dos conforme segue a seguir:

1.Houve concessão de valores em favor da Requerente pela Institui-


ção Financeira? Em caso positivo, informar o valor.

R: Junto ao contrato anexado pela parte ativa, dentro dos documen-


tos enviados e arrolados ao processo, O valor foi deposito para PARTE AU-
TORA, CPF: XXX.XXX.XXX-20, Banco XXX, Agência XXXX-0, Conta
XXXX-0 o valor de R$ 4.160,57. Não foi encaminhado ou anexado ao pro-
cesso extrato bancário da conta em questão.

2.Qual o valor total pago pela Requerente a Instituição Financeira


até a data da perícia?

R: O valor pago até a data da perícia pela parte foi de R$ 11.965,14.

170 | PERÍCIA CONTÁBIL


Indenização por Danos Morais com Repetição de Indébito

3.O valor do pagamento excedeu o valor concedido? Se sim, em


quanto?
R: Conforme cálculos elaborados (Anexo 01) o valor que excedeu a
ser restituído é de R$ 2.050,89.

4.Há previsão para o fim dos descontos?


R: O valor devido à instituição financeira, já se quitou, não sendo ne-
cessários descontos sobre o valor concedido.

5.Houve cobrança de tarifas nas faturas, como emissão de cartão,


seguro contra roubo e seguro prestamista? Em caso positivo, qual o
valor total destes descontos?
R: Tal analise não é objeto da perícia conforme decisão (evento 54).

6. Há previsão de juros no contrato? Em caso positivo, indicar.


R: Tal analise não é objeto da perícia conforme decisão (evento 54).

7. Qual o montante cobrado a título de juros moratórios? Que per-


centual representou em face de todo o débito?
R: Conforme cálculos elaborados de acordo com a decisão (evento 54)
não foram calculados juros moratórios.

8. Houve o uso do cartão para compras?


R: Tal analise não é objeto da perícia conforme decisão (evento 54).

9. Os comprovantes acostados pela instituição financeira estão aptos


para comprovar que houve Transferência Eletrônica de Valores para
a conta da Autora?

R: Junto ao contrato anexado pela parte ativa, dentro dos documen-


tos enviados e arrolados ao processo, O valor foi deposito para PARTE

PERÍCIA CONTÁBIL | 171


Matheus Pereira de Carvalho

AUTORA, CPF: XXX.XXX.XXX-20, Banco XXX, Agência XXXX-0, Conta


XXXXX-0 o valor de R$ 4.160,57. Não foi encaminhado ou anexado ao pro-
cesso extratos bancários da conta em questão.

10.As faturas colacionadas são capazes de comprovar que houve a


efetiva entrega do cartão de crédito?

R: Tal analise não é objeto da perícia conforme decisão (evento 54).

11.Com base nos cálculos feitos, existe valor a ser restituído à parte
Autora?

R: Conforme cálculos elaborados (Anexo 01) o valor que excedeu a


ser restituída a parte autora é de R$ 2.050,89.

12. Expert, apresente outras informações que julgar pertinentes.

R: Sem outras informações pertinentes.

CONCLUSÃO

Após exame pericial de documentos arrolados ao processo e apre-


sentado pela parte ativa este perito encontrou elementos que possibilitaram
apurar as parcelas pendentes para quitação de saldo devedor de empréstimo
e os valores a serem pagos para quitação, conforme designação em decisão
(Evento 54).
Conforme cálculos apresentados no (Anexo – 01), o empréstimo so-
mando o valor do credito inicial, encargos e IOF, importou o saldo devi-
do em R$9.914,25 (nove mil e novecentos e quatorze reais e vinte e cinco
centavos), em contrapartida ocorreram 66 pagamentos, cada, no valor de
R$181,29 (cento e oitenta e um reais e vinte e nove centavos), os mesmos,
conforme documentação enviada pela parte ativa se iniciou em Março/2017
até a competência de 08/2022, acarretando um montante de R$11.965,14
(onze mil e novecentos e sessenta e cinco reais e quatorze centavos), dados

172 | PERÍCIA CONTÁBIL


Indenização por Danos Morais com Repetição de Indébito

relacionados ao (Anexo – 01), restando à parte passiva, a restituição para


a parte ativa no valor de R$2.050,89 (dois mil e cinquenta reais e oitenta e
nove centavos).
De acordo com o levantamento (Anexo – 01) foi mensurado um valor
total de R$2.050,89 (dois mil e cinquenta reais e oitenta e nove centavos),
a ser restituído à parte ativa, esse valor foi apurado de acordo com a docu-
mentação apresentada pelas partes e documentos arrolados ao processo e o
cálculo da referida quantia, nos termos da decisão (Evento 54).
A seguir apresentado os cálculos de forma sintética, referente à quan-
tia do valor mensurado a ser restituído, o cálculo detalhado, elaborado con-
forme critérios estabelecidos em juízo estão presentes no (Anexo – 01).

RESUMO DOS CÁLCULOS


Valor Devido (Saldo Inicial + Encargos + IOF) R$ 9.914,25
Valor Pago (Pagamentos) -R$ 11.965,14
Saldo a Restituir -R$ 2.050,89
Parcelas Pendentes 0,00
Com isto, este perito encerra este tópico, sendo apresentado adiante o
anexo pertinente, estando à disposição para esclarecimentos adicionais ne-
cessários referentes ao objeto deste laudo.

ANEXOS

Anexo 01 - Cálculos Periciais

Goiânia – GO, xx de novembro de xxx.

Matheus Pereira de Carvalho


Contador CRC GO Nº 027863-0
CNPC - Nº 758

PERÍCIA CONTÁBIL | 173


Matheus Pereira de Carvalho

COMENTÁRIOS FINAIS

O objetivo deste trabalho é apresentar ao leitor as técnicas utilizadas


na elaboração de laudo pericial contábil de acordo com a legislação e normas
aplicáveis. Como último destaque da troca de experiências, gostaria de res-
saltar que um especialista deve buscar a perfeição em seu trabalho e tentar ao
máximo não cometer erros. O trabalho deve ser imparcial e sem falhas, pois
ajudará o juízo a resolver a controvérsia da lide. O caso apresentado com o
aceite de ambas as partes oferecem diversas observações para os especialistas
a serem utilizadas na elaboração de seus laudos.

174 | PERÍCIA CONTÁBIL


BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, João Luis & AGUIAR, Alinne Gonçalves. A evolução da perícia
contábil judicial e novo Código de Processo Civil. Goiânia: Kelps, 2016.

AGUIAR, João Luis & SOUZA, Edmilson de. Manual de Procedimentos


Periciais. Goiânia: Art3, 2013.

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas,
2002.

FUX, Luiz (coordenador) & NEVES, Daniel Amorim assumpção (organiza-


ção). Novo CPC Comparado – Código e Processo Civeil Lei 13.105/2015.
Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2015.

HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova pericial contábil: aspectos práticos


& Fundamentais. Curitiba: Juruá, 2001.

MORAIS, Antônio Carlos & MORAIS, Carlo Rogério. O Perito e a Justiça:


Teoria e Prática. 2ª ed. Teresina: Zênite Gráfica, 2021.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia contábil. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 2003.

PARIZATO, João Roberto. Arbitragem-comentários à Lei 9.307, de 23 de


setembro de 1996, revogação dos artigos 1.037 a 1.048 do Código Civil e
101 e 1.072 a 1.102 do Código de Processo Civil. São Paulo: Led Editora de
Direito, 1997.

Endereços eletrônicos (sites) consultados

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC PP 01 (R1) – Perito


Contábil. Disponível em: <https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_
sre.aspx?codigo=2020/NBCPP01(R1)>. <Acesso: 28 de fevereiro de 2023>.

PERÍCIA CONTÁBIL | 175


BIBLIOGRAFIA

__________. NBC TP 01 (R1) – Perícia Contábil. Disponível em: <ht-


tps://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBC-
TP01(R1)&arquivo=NBCTP01(R1).doc>. <Acesso: 28 de fevereiro de
2023>.

__________. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo


Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm>. <Acesso: 02 de janeiro de 2023>.

. Decreto-Lei nº 9.295, de 26 de maio de 1946. Cria o Conselho Fede-


ral de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del9295.
htm>. <Acesso: 28 de fevereiro 2023>.

176 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)
Em conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade, NBC
TP 01 (R1) e NBC PP 01 (R1), de 19 de março de 2020, que dispõe sobre a
Perícia Contábil, é apresentado neste anexo modelos adaptados conforme
segue:

Modelo n.º 1 – Escusa em Perícia Judicial;


Modelo n.º 2 – Planejamento para Perícia Judicial;
Modelo n.º 3 – Comunicação do Início da Perícia Judicial;
Modelo n.º 4 – Comunicação do Início da Perícia Extrajudicial;
Modelo n.º 5 - Comunicação do Início da Arbitral;
Modelo n.º 6 – Termo de Diligência na Perícia Judicial;
Modelo n.º 7 – Termo de Diligência na Perícia Extrajudicial;
Modelo n.º 8 – Termo de Diligência na Perícia Arbitral;
Modelo nº 9 – Petição de juntada do laudo pericial contábil e pedido de
levantamento de honorários;
MODELO N.º 10 – Petição de Juntada de Laudo Trabalhista e Pedido de
Arbitramento de Honorários;
Modelo n.º 11 – Contrato particular de prestação de serviços profissionais.

PERÍCIA CONTÁBIL | 179


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.° 1 – ESCUSA EM PERÍCIA JUDICIAL

(IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – PERITO DO JUÍZO)

Prezada(a) Senhor(a) Juiz(a) ............................


Autor:
Réu:
Ação:
Processo n.°:

............................., contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de


perito nomeado no processo acima referido, vem à presença de Vossa Exce-
lência comunicar, nos termos do Art. ....... do Novo Código de Processo Civil
e do item .... da NBC PP 01 (R1) do Conselho Federal de Contabilidade, o
seu impedimento para a produção da prova pericial contábil, pelos motivos
esclarecidos a seguir:
Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no Art. .......... do Novo Có-
digo de Processo Civil e nos itens de impedimento e suspeição da NBC PP
01 (R1).
Termos em que pede deferimento.

......................, de ............... de .........


Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador.

180 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 2 – PLANEJAMENTO PARA PERÍCIA JUDICIAL

PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS PERICIAIS - FASE PRÉ-OPERACIONAL

Horas
Item Atividade Ações Total R$
Previstas R$/hora
Carga ou
Após receber a intimação do
recebimen- Valor
1 juiz, quando for o caso, retirar Hora Total R$
to do pro- (R$)
o processo da Secretaria.
cesso
Conhecer os detalhes acerca do
Leitura do Valor
2 objeto da perícia, realizando a Hora Total R$
processo (R$)
leitura e o estudo dos autos.
Após estudo e análise dos
autos, constatando-se que há
impedimento ou suspeição,
não havendo interesse do pe- Valor
Aceitação, Hora Total R$
rito ou não estando habilitado (R$)
3 ou não, da para fazer a perícia, devolver o
perícia processo justificando o motivo
da escusa
Aceitando o encargo da perícia, Valor
Hora Total R$
proceder ao planejamento. (R$)

Com base na relevância, no


vulto, no risco e na complexi-
dade dos serviços, entre outros,
estimar as horas para cada
Proposta de fase do trabalho, considerando Valor
4 Hora Total R$
honorários ainda a qualificação do pessoal (R$)
que participará dos serviços, o
prazo para a entrega dos tra-
balhos e a confecção de laudos
interdisciplinares.

Soma

PERÍCIA CONTÁBIL | 181


ANEXOS (MODELOS)

PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS PERICIAIS - FASE DE EXECUÇÃO


DA PERÍCIA
Horas
Item Atividade Ações Total R$
Previstas R$/hora
Com base na
documentação existente
nos autos, elaborar
o sumário dos autos, Valor
5 Sumário Hora Total R$
indicando o tipo do (R$)
documento e a folha
dos autos onde pode ser
encontrado.
Uma vez aceita a
participação do
Assistentes Valor
6 assistente técnico, ajustar Hora Total R$
técnicos (R$)
a forma de acesso dele
aos trabalhos.
Com fundamento no
conteúdo do processo
e nos quesitos,
preparar o(s) termo(s)
Diligên- Valor
7 de diligência(s) Hora Total R$
cias (R$)
necessário(s), no qual
será relacionada a
documentação ausente
nos autos.
Programar as viagens Valor
8 Viagens Hora Total R$
quando necessárias. (R$)
Com fundamento no
Pesquisa conteúdo do processo,
Valor
9 documen- definir as pesquisas, os Hora Total R$
(R$)
tal estudos e o catálogo da
legislação pertinente.

182 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

Exame de documentos Valor


Hora Total R$
pertinentes à perícia. (R$)

Exame de livros
Valor
contábeis, fiscais, Hora Total R$
(R$)
societários e outros.

Análises contábeis a Valor


Hora Total R$
serem realizadas. (R$)

Programa
Entrevistas, vistorias,
10 de traba-
indagações, Valor
lho Hora Total R$
investigações, (R$)
informações necessárias.

Laudos interdisciplinares Valor


Hora Total R$
e pareceres técnicos. (R$)

Cálculos, arbitramentos,
Valor
mensurações e avaliações Hora Total R$
(R$)
a serem elaborados.

Preparação e redação do Valor


Hora Total R$
laudo pericial. (R$)

Proceder à revisão final


do laudo para verificar
eventuais correções,
bem como verificar
Revisões Valor
11 se todos os apêndices Hora Total R$
técnicas (R$)
e anexos citados no
laudo estão na ordem
lógica e corretamente
enumerados.

PERÍCIA CONTÁBIL | 183


ANEXOS (MODELOS)

Diante da expectativa
de não concluir o laudo
no prazo determinado
pelo juiz, requerer,
Prazo su- antes do vencimento Valor
12 Hora Total R$
plementar do prazo determinado, (R$)
por petição, prazo
suplementar,
reprogramando o
planejamento.

Devolver os autos do
Entrega processo e peticionar,
do laudo requerendo a juntada do Valor
13 Hora Total R$
pericial laudo e levantamento (R$)
contábil. ou arbitramento dos
honorários.

Soma

184 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 03 – COMUNICAÇÃO DO INÍCIO DA PERÍCIA


JUDICIAL

N.º... /PROCESSO/Procedimento N.º...

Prezado(a) Senhor(a)

IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO

SECRETARIA:
PARTES:
PERITO DO JUÍZO: (categoria e n.º do registro)

Na condição de perito do juízo, nomeado pelo Juízo em referência,


nos termos do Art. 474 do Novo Código do Processo Civil e dos itens 16 e 22
da NBC TP 01 – Perícia Contábil, comunica o início dos trabalhos periciais
a ser realizados no escritório deste perito (citar local, dia e hora).

Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-


natário no endereço e telefones indicados.

Local e data
Assinatura
Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

PERÍCIA CONTÁBIL | 185


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 04 – COMUNICAÇÃO DO INÍCIO DA PERÍCIA


EXTRAJUDICIAL

Prezado(a) Senhor(a)

IDENTIFICAÇÃO DOS INTERESSADOS


PARTES:
PERITO CONTRATADO: (categoria e n.º dos registros)

Na condição de perito contratado, nos termos do Art. 474 do Novo


Código do Processo Civil e dos itens 16 e 22 da NBC TP 01 (R1) – Perícia
Contábil, comunica o início dos trabalhos periciais a serem realizados no
escritório deste perito (citar local, dia e hora).
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-
natário no endereço e telefones indicados.

Local e data
Assinatura
Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

186 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 05 – COMUNICAÇÃO DO INÍCIO DA PERÍCIA


ARBITRAL

Termo de Comunicação do Início dos Trabalhos Procedimento N.º...


Prezado(a) Senhor(a)

IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO
PARTES:
PERITO ARBITRAL: (categoria e n.º do registro)

Na condição de perito arbitral, nomeado pelo Árbitro/Tribunal


Arbitral, nos termos definidos pelo procedimento e dos itens 16 e 22 da NBC
TP 01 (R1) – Perícia Contábil, comunica o início dos trabalhos periciais a
serem realizados no escritório deste perito (citar local, dia e hora).
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-
natário no endereço e telefones indicados. Local e data

Assinatura
Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

PERÍCIA CONTÁBIL | 187


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 06 – TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA JUDICIAL

TERMO DE DILIGÊNCIA N.º... /PROCESSO/Procedimento N.º...

Prezado(a) Senhor(a)

IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO
SECRETARIA:
PARTES:
PERITO DO JUÍZO: (categoria e n.º do registro)
ASSISTENTE TÉCNICO: (categoria e n.º do registro)

Na condição de perito do juízo, nomeado pelo Juízo em referência


e/ou assistente técnico indicado pelas partes, nos termos do §3º do Art. 473
do Novo Código do Processo Civil e das Normas Brasileiras de Contabilida-
de, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à disposição, para análise, os
documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração
e a entrega do laudo pericial contábil ou do parecer técnico-contábil, é ne-
cessário que os documentos requisitados sejam fornecidos ou postos à dis-
posição deste perito até o dia __/__/__, às __h, no endereço ........ (do perito
do juízo e/ou assistente técnico, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado
quando os documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição
para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-
natário no endereço e telefones indicados.
Local e data
Assinatura
Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador.

188 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 07 – TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA


EXTRAJUDICIAL

TERMO DE DILIGÊNCIA N.º .../PROCESSO N.º ...

ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO
EXTRAJUDICIAL
PARTE CONTRATANTE:
PERITO DO JUÍZO: (categoria e n.º do registro)
ASSISTENTE TÉCNICO: (categoria e n.º do registro)

Na condição de perito do juízo e/ou assistente técnico, escolhido


pelas partes, em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade,
nos termos contratuais, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à disposi-
ção, para análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração e
a entrega do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, é necessário
que os documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição des-
te perito até o dia __/__/__, às __h, no endereço ........ (do perito do Juízo e/
ou assistente técnico, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado quando os
documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-
natário no endereço e telefones indicados.

Local e data Assinatura


Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador.

PERÍCIA CONTÁBIL | 189


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 8 – TERMO DE DILIGÊNCIA NA PERÍCIA ARBITRAL

TERMO DE DILIGÊNCIA N.º .../PROCESSO N.º ...

ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO
ARBITRAL
CÂMARA ARBITRAL:
ÁRBITRO:
JUIZ ARBITRAL:
PARTES:
PERITO: (categoria e n.º do registro)

Na condição de perito nomeado e/ou assistente técnico, indicado


pelas partes, nos termos da Lei n.º 9.307/1996 ou do regulamento da Câma-
ra de Mediação e Arbitragem, ......, e ainda em consonância com as Normas
Brasileiras de Contabilidade, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à
disposição, para análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
etc.
Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para a elaboração e
a entrega do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, é necessário
que os documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição des-
te perito até o dia __/__/__, às __h, no endereço ........ (do perito nomeado e/
ou assistente técnico, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado quando os
documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição para análise.
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o sig-
natário nos endereços e telefones indicados.

Local e data
Assinatura
Nome do perito
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador.

190 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO Nº 9 – PETIÇÃO DE JUNTADA DO LAUDO PERICIAL


CONTÁBIL E PEDIDO DE LEVANTAMENTO DE HONORÁRIOS

AO DOUTO JUÍZO ________ DA (especificar a vara) VARA __________


DA _______________ (COMARCA, CIRCUNSCRIÇÃO, SEÇÃO JUDI-
CIÁRIA), (especificar Cidade e Estado)

Processo n.º:
Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:
Perito:

........................................., perito, nomeado e qualificado nos autos acima


identificado, vem, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência a juntada
do laudo pericial contábil anexo, que contém .................... (quantidade de
folhas e quantidade dos demais documentos anexos), bem como o levanta-
mento de seus honorários periciais, previamente depositados (citar número
das folhas).

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

PERÍCIA CONTÁBIL | 191


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 10 – PETIÇÃO DE JUNTADA DE LAUDO TRABALHIS-


TA E PEDIDO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS

DOUTO JUÍZO TITULAR DA (especificar a Vara) VARA DO TRABALHO


(especificar Cidade e Estado)

Processo n.º:
Reclamante:
Reclamado:

................................................., perito(a), habilitado(a), nos termos do Art. 156


do Novo Código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho Regional
de Contabilidade do Estado (identificar o Estado), cópia anexa, nomeado
nos autos acima identificado, vem, respeitosamente, requerer a Vossa Exce-
lência a juntada do laudo pericial contábil anexo e o arbitramento de seus
honorários, estimados em R$ ........, devidamente atualizados desde a pre-
sente data.

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

192 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

MODELO N.º 11 – CONTRATO PARTICULAR DE PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS PROFISSIONAIS

Contrato Particular de Prestação de Serviços Profissionais que entre si fa-


zem, com matriz estabelecida na ............., devidamente inscrita no CNPJ n.º
............ representada pelo sócio: (qualificar o sócio), residente e domiciliado
na ....... doravante denominado CONTRATANTE, e, do outro lado, como
ASSISTENTE TÉCNICO, ........... brasileiro, ......, contador e perito judicial,
inscrito no Conselho Regional de Contabilidade de ......... sob o n.º .... e CPF
n.º ....... com endereço profissional no ......., se obrigam mediante as cláusulas
e condições seguintes:

CLÁUSULA 1ª - DO OBJETO

O objeto do presente é a prestação dos serviços profissionais do ASSISTEN-


TE TÉCNICO, no acompanhamento da perícia judicial determinada nos
autos da Ação ...., Processo n.º .........., que tramita perante a Vara Cível da
Comarca Judiciária ......, Estado do ....

CLÁUSULA 2ª - DAS OBRIGAÇÕES

O ASSISTENTE TÉCNICO obriga-se a examinar o laudo pericial contábil


da lavra do Dr. perito judicial e emitir PARECER TÉCNICO-CONTÁBIL
sobre ele, bem como estar presente em todas as instâncias judiciais no Es-
tado do ...., quando houver necessidade legal, bem como assistir o(a) advo-
gado(a) da CONTRATANTE nas orientações que se fizerem necessárias a
respeito do trabalho ora contratado.

As viagens necessárias para a cidade de ......, para a realização dos serviços


profissionais, serão custeadas pela CONTRATANTE, acrescidas das despe-
sas inerentes, inclusive com alimentação e estada.

PERÍCIA CONTÁBIL | 193


ANEXOS (MODELOS)

CLÁUSULA 3ª - DO PREÇO E DO PAGAMENTO

A CONTRATANTE pagará ao PERITO-ASSISTENTE, a título de prestação


de serviços profissionais, o valor de R$ ........ da seguinte forma:

R$ ...... em moeda corrente do país no ato da assinatura deste contrato e o


restante na entrega do PARECER TÉCNICO-CONTÁBIL.

Parágrafo primeiro. Caso ocorra a composição amigável entre as partes li-


tigantes, judicial ou extrajudicialmente, ou ainda as hipóteses de novação,
transação, sub-rogação, dação em pagamento, quitação, troca ou permuta,
compromisso, ou qualquer outra espécie de extinção ou modificação da
obrigação, o pagamento pela prestação dos serviços profissionais será devido
pela CONTRATANTE ao ASSISTENTE TÉCNICO.

Parágrafo segundo. O PERITO-ASSISTENTE não arcará com o pagamento


de honorários sucumbenciais que porventura a CONTRATANTE venha a
ser condenada, em razão das manifestações de concordância com o Laudo
Pericial Contábil do Dr. perito oficial, que poderá ocorrer de forma parcial
ou total, no livre exercício profissional do ASSISTENTE TÉCNICO.

Parágrafo terceiro. Por mera tolerância do ASSISTENTE TÉCNICO, que


não importa em novação, o pagamento de seus serviços profissionais poderá
ser pago por intermédio de bens imóveis ou móveis, desde que precedidos
de avaliação, por profissional habilitado para tanto, indicado pelas partes ora
contratantes.

CLÁUSULA 4ª - DA ARBITRAGEM

Em caso de impasse, as partes submeterão a solução do conflito a procedi-


mento arbitral nos termos da Lei n.º 9.307/1996.

(Alternativamente, poderá ser eleito o foro da comarca para o fim de dirimir


qualquer ação oriunda do presente contrato.)

OU

194 | PERÍCIA CONTÁBIL


ANEXOS (MODELOS)

CLÁUSULA 4ª - DO FORO

As partes elegem o foro da Comarca de ..........., renunciando neste ato a qual-


quer outro, por mais privilegiado que seja.

Estando assim ajustado e contratado, firmam o presente instrumento em


duas vias, perante as testemunhas abaixo.

.............................., XX de XXXX de 20XX.

_______________________
Contratante

________________________
Perito-assistente – contratado
Números do CRC e, se houver, no CNPC e categoria profissional de contador

Testemunhas
1. C.I.
2. C.I.

PERÍCIA CONTÁBIL | 195


REALIZAÇÃO

Um Conselho para todos!

Rua 107, 151 - Setor Sul, Goiânia - GO


Cep: 74085-060
Em apoio à sustentabilidade e à preservação
ambiental, a Editora Kelps declara que este
livro foi impresso com papel produzido de
florestas cultivadas em áreas degradadas e que
(62) 3240-2211 é inteiramente reciclável.

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Este livro foi impresso no parque gráfico da


Editora Kelps, no papel: Off-set 75g/m2,
composto na fonte: Minion Pro
APOIO Agosto, 2023

A revisão final desta obra é de responsabilidade do autor


ISBN: 978-65-5370-646-0

9 786553 706460

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