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WBA0320_v1.

AVALIAÇÃO DE MÁQUINAS,
EQUIPAMENTOS, INSTALAÇÕES E
BENS INDUSTRIAIS EM GERAL
Rosangela Bomtempo de Siqueira

AVALIAÇÃO DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS,


INSTALAÇÕES E BENS INDUSTRIAIS EM GERAL
1ª edição

Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020

2
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Editorial
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Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_________________________________________________________________________________________
Siqueira, Rosangela Bomtempo de
S618a Avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e
bens industriais em geral/ Rosangela Bomtempo de
Siqueira, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional
S.A. 2020.
43 p.
ISBN 978-65-87806-71-6

1. Avaliação de máquinas 2. Avaliação de bens


industriais 3. Avaliação de equipamentos elétricos I. Título.

CDD 620
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/278
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/

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AVALIAÇÃO DE MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS, INSTALAÇÕES
E BENS INDUSTRIAIS EM GERAL

SUMÁRIO
Introdução à avaliação de bens industriais___________________________ 05

Etapas gerais do processo de avaliação______________________________ 21

Procedimentos específicos para avaliação ___________________________ 35

Elaboração de Laudos de Avaliações ________________________________ 48

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Introdução à avaliação
de bens industriais
Autoria: Rosangela Bomtempo de Siqueira
Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino

Objetivos
• Estudar os princípios para a carreira de avaliador de
máquinas e equipamentos.

• Aprimorar o conhecimento pautado no estudo


da norma técnica que regulamente o exercício da
avaliação de bens em máquinas e equipamentos.

• Distinguir as habilidades específicas para trabalhos


de avaliação de bens multidisciplinares.

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1. Introdução aos conceitos da avaliação de
máquinas e equipamentos

A avaliação de bens é um ramo que contempla diversas áreas da


engenharia, e, por ser tão vasto o campo de aplicação, a norma que
regulamenta essa profissão foi escrita e composta por diversas partes,
sendo uma delas a parte 5 (ABNT, 2006), pertinente ao trabalho de
avaliação de máquinas e equipamentos. Para ser um avaliador de
máquinas e equipamentos, é primordial conhecer as normas e diretrizes
que regem a profissão, inclusive as instruções do sistema CREA/CONFEA
(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia/ Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia), que com suas resoluções regulamentam a
habilitação de distintos profissionais.

Neste tema, estudaremos sobre as diretrizes do avaliador de máquinas


e equipamentos, entre elas a norma ABNT 14.653 parte 5 (ABNT, 2006),
além de aprendermos os principais conceitos presentes nesse tipo de
avaliação, assim como suas respectivas finalidades.

1.1 Introdução

O termo avaliação, conforme o dicionário da língua portuguesa,


significa “ato ou efeito de avaliar; valor determinado pelos avaliadores.
Determinar a valia ou o valor. Calcular. Trabalho do avaliador” (FERREIRA,
2017, p. 83).

O campo de avaliação de máquinas e equipamentos é amplo. Quando


se pensa em uma indústria, de qualquer segmento e porte, vemos que
ela é composta por dezenas ou centenas de máquinas, conjuntos de
processos produtivos que formam um complexo industrial.

Todo esse horizonte de máquinas e equipamentos que compõe uma


fábrica, indústria ou qualquer outro setor se torna peça fundamental

6
no processo produtivo daquela empresa. Assim, ao pensar nesse tipo
de avaliação, é preciso direcionar o ponto de vista para uma situação
isolada. Por exemplo, em uma roçadeira agrícola, podemos pensar em
uma situação isolada instalada que forma um conjunto, como uma
fazenda com instalações industriais para a ordenha e a produção de
leite.

Todo o conjunto forma um processo produtivo com valor significativo


no mercado, que, aos olhos da contabilidade, quando retratado em
uma linha de tempo de depreciação, respeitando sua vida útil conforme
dados contábeis, já é considerado nos ativos como depreciado. No
entanto, aos olhos da engenharia, por ainda produzirem renda,
equipamentos com fichas e controle efetivo de manutenção preditiva,
preventiva e corretiva podem sim ser bens de alto valor agregado que
compõem aquela empresa e que, apesar de seu obsoletismo, ainda
estão em pleno funcionamento, com capacidade produtiva eficaz.

Empresas, produtores rurais, entre outros possuidores de bens como


máquinas e equipamentos têm sob seu domínio um conjunto de
instalações que formam um patrimônio de expressivo valor agregado.
Raul Cavallari, autor do livro Avaliação de Máquinas, Equipamentos e
Complexos Industriais, diz:

O valor pelo qual se realizaria uma compra e venda entre partes desejosas,
mas não obrigadas à transação, ambas perfeitamente conhecedoras do
negócio e do mercado, admitindo um prazo razoável para se encontrarem.
(CAVALLARI, 2014, p. 25)

Pela forma como coloca, o autor também reconhece que diante de


máquinas e equipamentos estamos falando de situações em que,
estando ambos cientes de seu valor e necessidade, podem efetuar
transações entre si. É o que ressalta o autor Julio Cesar Teixeira de
Siqueira sobre a máquina de costura, em sua obra Recuperação Judicial:
Guia prático para credores e devedores:

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O trabalho de avaliação não somente traz a situação do bem em valor,
como também determina indicadores de viabilidade de sua utilização
econômica, por exemplo, uma máquina de costura com 25 anos de uso
pode estar em pleno funcionamento, no entanto, após o trabalho de
avaliação, ela pode ter sido depreciada o suficiente e ser considerada
sucata. Por esse motivo, cabe ao especialista avaliar e dizer por meio
de técnicas o valor real do bem, haja vista que ele funciona e produz.
(SIQUEIRA, 2016, p. 169)

Quando o bem é colocado na posição de algo que ainda produz e gera


renda, seu papel no mercado é outro. O que não serve mais para uma
pessoa pode ser útil a outro empresário, ou o que ainda é ferramenta
de trabalho pode servir como patrimônio para financiamentos de
novas máquinas e para um novo processo produtivo. Tais afirmações
revelam a importância das empresas em garantir que suas máquinas
e seus equipamentos estejam em condições seguras e efetivas de
funcionamento, pois, da mesma forma que um imóvel se deprecia com o
passar dos anos, bens como máquinas, equipamentos, veículos, móveis
e utensílios também podem sofrer depreciação caso não haja a correta
manutenção e conservação.

1.2 Qual é o profissional da engenharia que avalia


máquinas e equipamentos?

Ao pensarmos em máquinas e equipamento, podemos nos sentir


limitados. Diante disso, é importante, antes mesmo de conhecer a
ABNT NBR 14.653-5 (ABNT, 2006), entender o que diz a Resolução n.
218 (CONFEA, 1973) do sistema CREA/CONFEA sobre a habilitação para
o exercício da profissão. Essa resolução, em seu art. 1º, envolve 18
atividades, como segue:

Art. 1º - Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente


às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em
nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades:

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Atividade 01 – Supervisão, coordenação e orientação técnica;

Atividade 02 – Estudo, planejamento, projeto e especificação;

Atividade 03 – Estudo de viabilidade técnico-econômica;

Atividade 04 – Assistência, assessoria e consultoria;

Atividade 05 – Direção de obra e serviço técnico;

Atividade 06 – Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer


técnico;

Atividade 07 – Desempenho de cargo e função técnica;

Atividade 08 – Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e


divulgação técnica; extensão;

Atividade 09 – Elaboração de orçamento;

Atividade 10 – Padronização, mensuração e controle de qualidade;

Atividade 11 – Execução de obra e serviço técnico;

Atividade 12 – Fiscalização de obra e serviço técnico;

Atividade 13 – Produção técnica e especializada;

Atividade 14 – Condução de trabalho técnico;

Atividade 15 – Condução de equipe de instalação, montagem, operação,


reparo ou manutenção;

Atividade 16 – Execução de instalação, montagem e reparo;

Atividade 17 – Operação e manutenção de equipamento e instalação;

Atividade 18 – Execução de desenho técnico.

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Art. 12 – Compete ao ENGENHEIRO MECÂNICO ou ao ENGENHEIRO
MECÂNICO E DE AUTOMÓVEIS ou ao ENGENHEIRO MECÂNICO E DE
ARMAMENTO ou ao ENGENHEIRO DE AUTOMÓVEIS ou ao ENGENHEIRO
INDUSTRIAL MODALIDADE MECÂNICA:

I - O desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução,


referentes a processos mecânicos, máquinas em geral; instalações
industriais e mecânicas; equipamentos mecânicos e eletromecânicos;
veículos automotores; sistemas de produção de transmissão e de utilização
do calor; sistemas de refrigeração e de ar condicionado; seus serviços afins
e correlatos. (CONFEA, 1973)

Dessa maneira, de acordo com a determinação da resolução, cabe aos


engenheiros mecânicos e afins o exercício da profissão de avaliador de:

• Máquinas e equipamentos, como exemplificado pela Figura 1.

• Móveis e utensílios.

• Veículos.

• Complexos industriais (somente o que lhe for pertinente avaliar).

Figura 1 – Máquinas agrícolas que podem se


tornar objeto de avaliação

Fonte: Yuriy Golub ID da foto: 1147895648

10
É muito importante que o profissional de avaliação, ao ser contratado
para esse tipo de trabalho, identifique de forma clara o que lhe será
pertinente avaliar e o que será destinado a outro profissional, devido ao
tipo de avaliação. Para melhor compreensão, vejamos um exemplo.

Imaginemos que um profissional é contratado para avaliar um complexo


industrial (Figura 2) que produz tintas, sendo importante levar em
conta que o proprietário está em fase de recuperação judicial e todo
o complexo será avaliado. Ao se reunir com os proprietários, ele
efetivamente percebe que será necessário avaliar:

• O terreno e as edificações com suas benfeitorias.

• Máquinas e equipamentos.

• Móveis e utensílios.

• A estação de tratamento de água.

• A subestação.

• Veículos.

Por fim, o profissional percebe também que a empresa gera um passivo


ambiental. Diante dessa situação, esse trabalho precisará dos seguintes
profissionais:

• Engenheiro civil: para avaliar o terreno e as edificações com suas


benfeitorias e a estação de tratamento de água.

• Engenheiro mecânico: para avaliar as máquinas, os


equipamentos, os móveis, os utensílios e os veículos.

• Engenheiro eletricista: para avaliar a subestação, que é composta


por transformadores, torres, painéis elétricos etc.

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• Engenheiro ambiental: para avaliar o passivo ambiental.

Figura 2 – Planta de um determinado complexo industrial

Fonte: acervo da autora.

Dessa forma, o trabalho será realizado de uma maneira multidisciplinar,


sendo várias habilitações necessárias para a sua conclusão. Diante disso,
fica claro que é possível oferecer esse tipo de serviço por um preço
justo, uma vez que o processo de avaliação completo para a composição
do valor justo de mercado envolve vários profissionais da engenharia,
e todos eles irão trabalhar para, ao final, seus laudos comporem o
resultado final da avaliação do patrimônio.

1.3 Qual é a norma que regulamenta esse trabalho?

Como já mencionado, a ABNT NBR 14.653 (ABNT, 2019) é o


procedimento normativo para esse trabalho. A Parte 1 traz, em sua
íntegra, os procedimentos gerais para a avaliação, sendo de extrema
importância que o avaliador tenha pleno conhecimento desses

12
procedimentos para que seu trabalho não fuja da temática e obedeça
aos critérios rigorosos da norma (ABNT, 2019).

Depois de conhecer a Parte 1 dessa norma, é preciso se aprofundar na


Parte 5, na qual é tratada de forma específica a avaliação de máquinas
e equipamentos. Assim, por meio dele, o avaliador irá ampliar sua visão
sobre os conceitos de avaliação e suas aplicações.

Logo no início, a NBR 14.653-5 traz conceitos importantes para o


avaliador, são eles:

bem similar: Bem com características relevantes na formação de valor,


equivalentes ao avaliando, tais como função, desempenho operacional e
estrutura construtiva.

custo direto de instalação: recursos monetários referentes a gastos de


montagem, fretes, taxas e impostos diretos.

custo indireto de instalação: recursos monetários referentes a projetos,


gerenciamento da montagem, taxas e impostos inerentes e despesas
financeiras.

depreciação inicial: Perda de valor de um bem em função da


descaracterização do bem como novo.

depreciação por desmontagem: Depreciação de um bem devido a efeitos


deletérios decorrentes dos trabalhos normais necessários à remoção do
equipamento.

equipamento: Qualquer unidade auxiliar componente de máquina.

good-will: Diferença entre o valor econômico de uma unidade industrial e


o seu valor patrimonial.

idade aparente: Idade estimada de um bem, em função de suas


características e estado de conservação no momento da vistoria.

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instalações: Conjunto de materiais, sistemas, redes, equipamentos
e serviços, para apoio operacional a uma máquina isolada, linha de
produção ou unidade industrial, conforme o grau de agregação.

linha de produção: Conjunto de máquinas e equipamentos integrados em


um processo produtivo.

máquina: Todo e qualquer aparelho, composta por um ou mais


equipamentos, destinado a executar uma ou mais funções específicas a
um trabalho ou à produção industrial.

manutenção: Conjunto de ações preventivas ou corretivas necessárias


para preservar as condições normais de utilização de um bem.

manutenção corretiva: Conjunto de ações que visam corrigir falhas


operacionais de um bem.

manutenção preventiva: Conjunto de ações de caráter programado


em um bem, envolvendo a inspeção ou troca prévia de componentes, de
acordo com planejamento que vise garantir o seu perfeito funcionamento.

manutenção preditiva: Conjunto de ações de caráter programado em um


bem, por meio de monitoramento contínuo de seus componentes e com o
auxílio de inspeção não destrutiva (análise de vibrações, termografia, entre
outros).

módulo: Conjunto de máquinas, equipamentos e instalações que constitui


uma unidade integrada a um processo, segmento ou etapa de produção
e que pode ser montada ou fabricada externamente (exemplos: city-gates,
subestação elétrica compacta, turbinas e outros).

preço de liquidação forçada: Quantia auferível pelo bem na hipótese de


uma venda compulsória ou em prazo menor que o médio de absorção
pelo mercado.

reforma (“rebuild”): Ações que visam restaurar as condições operacionais


e o desempenho original de um bem.

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repotenciação (“upgrade”/“retrofitting”): Ações que visam melhorar as
condições operacionais ou o desempenho original de um bem.

salvado: Objeto que se consegue resgatar de um sinistro e que ainda


possui valor.

seguro: É uma transferência de risco garantida por contrato, pelo qual


uma das partes se obriga, mediante cobrança de prêmio, a indenizar outra
pela ocorrência de sinistro coberto pela apólice.

sinistro: É um evento que causa perda financeira.

sistema: Conjunto de máquinas, equipamentos e instalações para serviços


específicos da unidade industrial. Exemplo: sistema de vapor, elétrico, ar
comprimido etc.

sistema integrado: Conjunto de máquinas projetadas para executar


um determinado trabalho ou função, de forma sincronizada, por meio
de ligações mecânicas ou elétricas ou eletrônicas que são valorados em
grupo.

unidade industrial: Conjunto de terreno, infra-estruturas, edificações e


benfeitorias, máquinas, equipamentos, instalações, móveis e utensílios,
destinados à produção industrial.

valor de desmonte: Valor de reedição no fornecedor de um bem ou


conjunto de bens, deduzidas as despesas de desmontagem, remoção,
revisão, recondicionamento e comercialização.

valor econômico: Valor presente da renda líquida auferível pelo módulo


ou unidade industrial, durante sua vida econômica, a uma taxa de
desconto correspondente ao custo de oportunidade de igual risco.

valor de mercado para compra: Valor provável que o proprietário


industrial reporia um bem isolado no mercado, no estado em que se
encontra. Exemplo: aquisição de máquinas operatrizes pela indústria no
mercado de usados.

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valor de mercado para venda: Valor provável que o proprietário
industrial de um bem isolado obteria no mercado para a sua venda no
estado e no local em que se encontra.

valor de sucata: Valor de mercado dos materiais reaproveitáveis de um


bem, na condição de desativação, sem que estes sejam utilizados para fins
produtivos.

valor em uso: Valor de um bem, em condições de operação, no estado


atual, como uma parte integrante útil de uma indústria, incluídas, quando
pertinentes, as despesas de projeto, embalagem, impostos, fretes,
montagem.

valor em risco: Valor representativo da parcela do bem que se deseja


segurar e que corresponde ao valor máximo segurável.

valor patrimonial: Somatório dos valores dos bens que compõem


o objeto da avaliação. Na impossibilidade de se identificar o valor de
mercado de algum bem, considera-se a sua melhor aproximação, como,
por exemplo, o valor de reedição no destino ou o valor de desmonte.
(ABNT, 2006)

Esses conceitos sempre farão parte do processo desse tipo de avaliação


pericial, servindo como um norte de pensamento crítico por parte do
avaliador. O laudo a ser elaborado precisa levantar, evidenciar, investigar
e relatar os fatos com base em vários desses conceitos previamente
definidos, o que o guiará à conclusão adequada do trabalho.

A norma também traz diversas classificações para a avaliação, vejamos


(ABNT, 2019):

Classificação por setor econômico

• Setor primário.

• Setor secundário.

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• Setor terciário.

Classificação do bem por tipo

• Máquinas.

• Equipamentos.

• Moldes, estampos e gabaritos.

• Instalações.

• Veículos de transporte.

• Móveis e utensílios.

Classificação por situação

• Bens isolados, instalados ou não.

• Bens instalados, integrados no processo de unidade industrial.

Um exemplo de classificação seria a avaliação em uma empresa


que possui uma estação de tratamento de água e esgoto. Esse setor
está situado no lado externo e conta com uma benfeitoria edificada
(avaliada por um engenheiro civil), além de máquinas e bombas em
funcionamento (avaliadas por engenheiro mecânico). A classificação
da avaliação é do tipo bens instalados, integrados no processo de
unidade industrial, visto que estão construídos de forma integrada ao
processo da unidade industrial.

De maneira geral, um complexo industrial está repleto de bens que


precisam ser classificados e separados individualmente. Dessa forma, a
norma classifica os bens recorrentes dessa unidade industrial como:

• Terreno.

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• Infraestrutura.

• Edificações.

• Máquinas, equipamentos e acessórios.

• Sistema de utilidades.

• Veículos de transporte (terrestre, ferroviário, marítimo e/ou aéreo).

• Móveis e utensílios.

Dessa forma, a própria norma conduz o usuário a um roteiro de


trabalho otimizado, que permite um olhar amplo e uma definição clara
do que será ou não avaliado.

Na jornada de avaliação, é importante que o avaliador saiba qual a


finalidade da sua contratação. A norma também apresenta um roteiro
de razões pela qual um engenheiro avaliador pode ser contratado.
Conforme ABNT NBR 14.653-5, essas razões são:

Avaliações para alienação;

Avaliações para fusões, cisões e incorporações;

Avaliações para leilões;

Avaliações para garantias e penhoras;

Avaliações para seguros;

Avaliações patrimoniais;

Reavaliação de ativos imobilizados;

Avaliações para comércio exterior. (ABNT, 2019, p. 8)

18
1.4 Conclusão

Como pode ser percebido, assim como todos os outros tipos de


avaliação, o ato de avaliar bens como máquinas e equipamentos exige
um minucioso conhecimento das normas pertinentes ao tema. No
entanto, não é interessante deixar o trabalho limitado somente à norma,
pois existem literaturas muito interessantes sobre o tema e artigos que
são defendidos e apresentados em congressos importantes pelo País.

O trabalho de avaliação de bens como máquinas e equipamentos está


bastante presente no setor bancário, para fins de alienação ou garantias
financeiras. Aos empresários, é muito importante ter como prestador de
serviços um profissional alinhado com os procedimentos e as diretrizes
normativas, de modo a atingir o objeto da avaliação (a entrega de um
trabalho que retrate a real situação do bem, suas condições, idade e
produtividade), de modo que o bem possa ser valorizado e apresente ao
final o seu real valor de mercado.

Assim como para as demais normas, avaliar máquinas, equipamentos,


móveis, utensílios, veículos e complexos industriais, o ato de vistoriar é
um dos fatores primordiais para o sucesso desse trabalho. Dessa forma,
buscar apoio na literatura de grandes escritores sobre o assunto pode
contribuir significativamente para a execução de um bom trabalho

É importante lembrar que os laudos, os pareceres e as avaliações estão


sob regência do sistema CREA/CONFEA, cabendo ao avaliador recolher a
ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) pertinente ao seu trabalho.
Feito isso já no início das atividades, é hora de mãos à obra!

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.653: Avaliação de bens.
Rio de Janeiro: ABNT, 2019.

19
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.635-5: Avaliações de
máquinas, equipamento, instalações e bens industriais em geral. Rio de Janeiro,
2006.
CAVALLARI, Raul. Avaliação de Máquinas, Equipamentos e Complexos
industriais. São Paulo: Leud, 2014.
CONFEA. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução n.
218, de 29 de junho de 1973. Discrimina atividades das diferentes modalidades
profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Rio de Janeiro: CONFEA,
[1973]. Disponível em: http://normativos.confea.org.br/downloads/0218-73.pdf.
Acesso em: 30 set. 2020.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: dicionário da língua
portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2017.
SIQUEIRA, Rosangela Bomtempo de. Frentes gerenciais após o deferimento: Laudo
de avaliações dos ativos. In: SIQUEIRA, Julio Cesar Teixeira de. Recuperação judicial
de empresas médias e pequenas: Guia prático para o credor e devedor. São
Paulo: Trevisan, 2016. cap. 8. p. 166-171.

20
Etapas gerais do
processo de avaliação
Autoria: Rosangela Bomtempo de Siqueira
Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino

Objetivos
• Estudar os procedimentos metodológicos e
normativos para identificar valores e custos de um
bem.

• Desenvolver habilidade específica para a coleta de


dados no mercado de usados e novos.

• Entender o significado e o real valor de um bem para


as aplicações de engenharia.

• Distinguir os diferentes bens no mercado e suas


formas de avaliação.

21
1. O início dos trabalhos desde a contratação

O trabalho de avaliação de máquinas e equipamentos pode ter diversos


objetivos. O mercado para esse tipo de avaliação é amplo, uma vez
que todos os empresários, de diferentes setores, possuem máquinas,
equipamentos, entre outros bens tangíveis e intangíveis que precisam
de valor de mercado para a composição de seu patrimônio, seja por
razões de financiamento, garantias ou até mesmo para fins de falência e
recuperação.

2. Fase de orçamento

Ser avaliador e estar diante de um trabalho novo não é simplesmente


uma oportunidade de agregar renda ao seu negócio por meio
da cobrança de honorários. Ser avaliador é estar diante de uma
problemática na qual o cliente ou o magistrado precisa do seu intelectual
para avaliar e, quando falamos em intelectual, direcionamos o valor
ao conhecimento adquirido em seu estudo. Avaliar bens é uma arte
e requer muito mais do que habilidades matemáticas; exige um olhar
crítico, sistematizado e direto para o negócio do cliente.

Diante de um novo trabalho, o primeiro passo é estimar quantas


horas serão necessárias para executá-lo, a quantidade de vistorias que
serão necessárias e quais os custos de toda essa dedicação. Para isso,
é importante ter, desde o início, ciência do que será avaliado e qual
o objetivo. É importante lembrar que, se o objeto avaliando for um
complexo industrial, isso engloba uma equipe multidisciplinar e um
inventário completo de máquinas, equipamentos, móveis, utensílios,
imóveis, veículos, instalações fixas etc.

A importância de saber qual a finalidade da avaliação é tão grande que


a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 14.653,

22
Parte 5 (ABNT, 2006), apresenta uma associação entre a finalidade de
avaliação, o grau de agregação e os tipos de valores, como podemos ver
no Quadro 1.

Quadro 1 – Finalidades das avaliações e os tipos de valor admissíveis

Bem isolado

Fora do Processo Industrial

Integrado ao Módulo

processo industrial ou Unidade


Finalidade Não instalado Instalado
industrial sistema industrial

(instalado) integrado

Valor de Valor de
Valor de Valor econômico.
mercado para mercado para Valor econômico.
mercado para
desimobilização. desimobilização.
Alienação desimobilização.
Valor de reedição
Valor de reedição no
no destino.
Valor de Valor de destino.
Valor de desmonte.
desmonte. desmonte.
Valor de
Valor de desmonte.
Valor de sucata. desmonte.
Valor de sucata. Valor de sucata.

Valor de Valor
mercado para econômico.
Valor de
desimobilização. Valor econômico.
Valor de mercado para
Valor de
mercado para desimobilização.
Valor de mercado para Valor de mercado para
desimobilização.
mercado para desimobilização. desimobilização.
Valor de
Fusão, cisão e reposição.
Valor de mercado mercado para
Valor de Valor de mercado para
para reposição. reposição.
incorporação Valor de mercado para reposição.
utilização. reposição.
Valor de desmonte. Valor de
Valor de desmonte.
desmonte.
Valor de Valor de
Valor de sucata.
desmonte. desmonte. Valor de sucata.
Valor de sucata.

Valor de sucata. Valor de sucata.

23
Preço de
Preço de Preço de
Preço de liquidação liquidação Preço de liquidação
Leilão liquidação liquidação
forçada. forçada.
forçada. forçada.
forçada.

Valor
Valor de econômico.
Valor de Valor de Valor econômico.
mercado para
mercado para reedição no
Garantia e desimobilização. Valor de
desimobilização. destino. Valor de reedição no
reedição no
destino.
penhora Valor de destino.
Valor de mercado Valor de
mercado para
para reposição. desmonte. Valor de desmonte.
reposição. Valor de
desmonte.

Seguro Valor em risco. Valor em risco. Valor em risco. Valor em risco. Valor em risco.

Valor de Valor de Valor de


Patrimonial e Valor de mercado mercado para mercado para mercado para Valor de mercado para
para reposição. reposição. reposição. reposição. reposição.
reavaliação de
Valor de reedição Valor de Valor de Valor de Valor de reedição no
ativos no destino. reedição no reedição no reedição no destino.
destino. destino. destino.

imobilizados Valor de sucata. Valor de sucata.


Valor de sucata Valor de sucata. Valor de sucata.

Custo de
Custo de
reprodução. Custo de reprodução.
Comércio reprodução.
Não aplicável. Não aplicável.
Valor de Valor de mercado para
exterior Valor de mercado
mercado para compra.
para compra.
compra.

Fonte: adaptado de ABNT (2006).

24
3. Vistoria

A vistoria faz parte do processo avaliatório, sendo muito importante


na avaliação. Ao tratar de bens industriais, ela não contempla apenas
a verificação presencial de suas condições, mas também o estado de
conservação e funcionamento em que se encontram.

No item Grau de precisão e fundamentação, a ABNT NBR 14.653-5 (ABNT,


2006) evidencia a importância de vistoriar o bem, a fim de obter um bom
resultado de avaliação, como podemos ver no Quadro 2:

Quadro 2 – Graus de fundamentação para laudos de avaliação de


máquinas, equipamentos ou instalações isoladas

Item Descrição Grau

I II III

1
Caracterização completa e Caracterização
sintética do
identificação fotográfica do
Caracterização
bem e seus
sintética do
Vistoria bem, incluindo seus principais

bem, com fotografia.


componentes, acessórios, complementos, com

painéis e acionamentos. fotografias.

2
O funcionamento foi

observado pelo engenheiro


O funcionamento foi
Não foi possível
de avaliações e as
observado pelo observar o
Funcionamento
condições de produção,
engenheiro de funcionamento.
avaliações.
eficiência e manutenção

estão relatadas no laudo.

25
3
Para o valor de reedição:

Para valor de
cotação direta do bem novo
reedição: cotação
direta do bem novo
Para valor de
no fabricante para a mesma no fabricante, para a
reedição: uma

especificação, ou pelo mesma


cotação direta para
especificação, ou
bem
menos três cotações de bens pelo menos duas
cotações de bens
novo similar.
Fontes de novos similares. novos similares.

Para valor de
informação e Para valor de mercado: no Para valor de
mercado: um
mercado: dois dados

dados de mínimo três dados de mercado de mercado de bens


similares no estado dado de mercado
de bem similar no
mercado de bens similares no estado
estado do
do avaliando.

do avaliando.
avaliando.
As informações e

As informações e condições
Citar a fonte de
condições de
fornecimento devem
de fornecimento devem
estar relatadas no informação.

estar documentadas no
laudo.

laudo.

4
Calculada por
Implícita no valor de
metodologia
Depreciação Arbitrada.
mercado do bem.
consagrada.

Fonte: adaptado de ABNT (2006).

O procedimento normativo é tão interessante para o avaliador que


o quadro, apresentado pela própria regulamentação, evidencia a
importância da vistoria e atribui graus para os diferentes níveis de sua
atuação. Percebamos que o grau III, o mais elevado, engloba a vistoria
mais completa, que caracteriza o bem e seu funcionamento.

26
Saber caracterizar o bem é muito importante, pois, dessa forma, caso
alguém que não ofereça um serviço dentro dos padrões normativos
concorra no mercado com você, será mais fácil argumentar sobre seus
honorários e justificar seu trabalho. Afinal, com essa formação, você se
coloca como especialista, e, então, espera-se que o serviço oferecido
seja excepcional, com qualidade e muito bem fundamentado nos
procedimentos, nas metodologias e nas boas práticas da profissão.

No momento da vistoria, é muito importante saber caracterizar o bem.


Vamos a um exemplo prático: vamos imaginar uma indústria (Figura 1)
em que alguns bens foram selecionados e devem ser avaliados. O que é
importante observar durante a vistoria?

Figura 1 – Indústria plástica

Fonte: Istock/yoh4nn.com.

Cada equipamento será avaliado de maneira singular. Assim, até se


todos estiverem presentes no mesmo laudo e na mesma planilha, cada
um deverá ser examinado de maneira individual. Durante o processo de
vistoria é importante:

27
• Fotografar a máquina/equipamento em diversos ângulos.

• Anotar informações do fabricante, constantes na placa de metal


presente em cada equipamento.

• Verificar as condições visuais e o estado de conservação.

• Averiguar as condições de funcionamento.

• Constatar a existência de nota fiscal e informações de ano da


aquisição.

• Aferir a existência do manual de uso e operação.

• Certificar a existência da ficha de manutenção e das atualizações


de manutenções preditiva, preventiva e corretiva.

• Conhecer o quanto esse equipamento ainda é capaz de produzir.

Ao considerar a singularidade de cada equipamento, é importante


verificar um a um e utilizar recursos de mídia para registros. Dessa
forma, será possível levar para o escritório evidências que auxiliarão na
redação do laudo.

4. A escolha do método de avaliação

Após a realização do processo de vistoria, chega o momento de


organizar e sistematizar os dados, o que poderá ser feito no escritório. É
importante lembrar que, mesmo que o local de trabalho seja um grande
espaço com muitos profissionais ou um ambiente dentro de própria
casa do profissional, a qualidade do trabalho deve ser excepcional.

28
Figura 2 – Local de trabalho coletivo Figura 3 – Ambiente de trabalho
individual na própria residência

Fonte: IStock/SolStock Fonte: IStock/BartekSzewczyk


1

Depois de coletadas as informações, a próxima etapa é planilhar os


dados obtidos. É importante sistematizá-los e, principalmente, se
for realizada uma avaliação em massa, organizá-los em fichas para
cada equipamento, com as características fundamentais de cada um,
conforme exemplo no Quadro 3.

Quadro 3 – Exemplo de ficha para a organização


dos dados por equipamento
FICHA TÉCNICA DAS MÁQUINAS E DOS EQUIPAMENTOS

Nº da Ficha: EV-01

Quantidade existente na fábrica: 01

Nº de Patrimônio: S/N

Equipamento: Envernizadora de sapatas.

Máquina de aplicação e solidificação por embebimento em


Descrição:
banho protetivo.

Fabricante: JiLin Province Wanda Electromechanical Equipment Ltd.

Modelo: JF585.

29
Número de série: s/n.

Data (idade): 2006.

Transportadora horizontal com ciclo de gancheiras suspen-


sas, embebimento e cobertura com verniz protetivo, seca-
Característica técnica:
gem com ar quente; utiliza unidade de queima de gás natural
e unidade de troca de calor.

Especificações técnicas: ——

Temperatura de cura: Temperatura ambiente – 250ºC (ajustável e controlável).

Potência calorífica: 36 KW.

Potência do ventilador: 2.2 KW.

Potência da transportadora: 0,75 KW.

Velocidade da transportadora: 200 – 2.000 mm/min.

Distância entre as partes suspensas: 150 mm.

Tamanho exterior das máquinas: 18500 x 2700 x 2950 mm.

Produtividade: 120 – 1.200 peças/h.

Peso 2.500 Kg.

Fonte: elaborado pela autora.

Além de ordenar os dados de forma individual, é preciso também


organizá-los em planilhas, pois é por meio delas que serão aplicados os
conceitos de avaliação.

Independentemente do método escolhido, será importante apresentar


algumas informações primordiais para a avaliação. Vejamos a seguir
uma sugestão de como isso poderá ser feito (Quadro 4).

30
Quadro 4 – Exemplo de quadro para a listagem de equipamentos
(n)

Idade real ou
DESCRIÇÃO COMPLETA DO BEM AVALIANDO FABRICANTE QTDE. VIDA aparente
ÚTIL

JiLin Province Wan-


Máquina de Solidificação por Embebimento em Cola
da Electromechani- 1 15 5
JF585 – Envernizadora de Sapatas
cal Equipment Ltd.

Fonte: elaborado pela autora.

O Quadro 4 traz tanto idade real quanto aparente, uma vez que a
norma permite atribuir uma idade aparente ao bem. Assim, caberá ao
avaliador verificar qual será utilizada, pois alguns equipamentos, quando
colocados em um contexto de manutenção preditiva e preventiva,
podem se mostrar mais conservados do que aqueles que não são
inseridos nesses projetos de manutenção. Dessa forma, atribuir uma
idade aparente ao bem pode facilitar a caracterização em relação ao seu
estado de conservação.

Após os dados serem planilhados e organizados, chega o momento de


escolher o método de avaliação. Segundo a norma ABNT NBR 14.653-5:

O método adotado deverá considerar a finalidade da avaliação, conforme


o apresentado na tabela 1 e os procedimentos específicos detalhados no
item 11, relativos à identificação de valor patrimonial, valor de desmonte,
valor em risco e valor para garantia; à avaliação para comércio exterior; e à
reavaliação de ativos.

Metodologia aplicável

Para atender as finalidades previstas na Tabela 1 – Finalidades das


avaliações e tipos de valor admissíveis e os procedimentos específicos
do item 11, recomenda-se observar os seguintes métodos definidos no
item 8 da NBR 14653-1:

31
Método comparativo direto de dados de mercado: Para máquinas
isoladas, apura o valor através de bens similares usados. As características
diferentes devem ser tratadas por critérios fundamentados pelo
engenheiro de avaliações, contempladas as diferentes funções,
desempenhos operacionais (volume de produção, qualidade do produto
produzido, custo unitário das peças produzidas), estruturas construtivas
(carcaça, acionamentos e comandos) e itens opcionais, dentre outros.

Método involutivo: Apura o valor do terreno da unidade industrial, na


impossibilidade de comparações com terrenos de portes similares, com
adoção dos procedimentos previstos na NBR 14653-2.

Método evolutivo: Apura o valor do imóvel (terrenos e edificações) nas


avaliações patrimoniais de unidades industriais, quando for possível obter
o fator de comercialização em mercado semelhante, com adoção dos
procedimentos previstos na NBR 14653-2.

Método da capitalização da renda: Apura o valor econômico da unidade


industrial, com adoção dos procedimentos previstos na NBR 14653-4.

Métodos de custos (comparativo direto e quantificação): Apuram


o valor de prédios e benfeitorias, através do custo de reedição. Para
máquinas, na impossibilidade de uso do método comparativo direto de
dados de mercado, utiliza-se a cotação de preços de bens novos junto
a fabricantes dos mesmos ou similares, com aplicação da depreciação.
(ABNT, 2006)

Conforme a própria norma permite, o método de custos é uma das


opções para avaliar bens, máquinas e equipamentos. No entanto, não
basta apenas aplicar procedimentos matemáticos para a avaliação;
é preciso, assim como no método comparativo direto de dados de
mercado, apurar o valor de mercado do bem em seu estado novo.

A vantagem é que, para esse tipo de avaliação, é necessária apenas uma


amostra. Dessa forma, se estamos no mercado para avaliar um trator,
por exemplo, é preciso coletar na vistoria todas as especificações desse

32
bem. Então, feito isso, basta buscar no mercado uma amostra desse
bem na condição de “novo”.

É nesse momento que a avaliação pode se tornar trabalhosa, pois, ao


escolher o método do custo, dependendo da idade do bem, poderá ser
difícil encontrar no mercado um outro com as mesmas especificações,
principalmente se o avaliando já estiver em estado de obsoletismo.
Diante dessa temática, é importante sempre ter responsabilidade no
trato da idade real e da idade aparente, pois são dados importantes para
o resultado final da avaliação do bem de forma individualizada.

O método do custo de reprodução é bastante conhecido no setor


da engenharia mecânica, pois o avaliador conta diretamente com
o apoio do fabricante. Assim, é possível, após uma breve conversa,
obter a amostra que substitui o bem avaliando, assim como todas as
informações pertinentes aos itens sobressalentes que irão e deverão ser
apontados e incluídos nessa fase de orçamento/cotação.

Raul Cavallari, no livro Avaliação de Máquinas, Equipamentos e Complexos


Industriais (2014), traz alguns métodos que podem ser escolhidos,
conforme o que for pertinente ao cenário do bem:

• Métodos diretos: custo de reprodução, comparativo de mercado e


custo histórico.

• Métodos indiretos: método da renda, método residual, involutivo


e evolutivo.

5. Conclusão

Neste tema, aprendemos sobre a importância do preparo e da vistoria


que antecedem o trabalho de avaliação de bens. Vimos também que
existem diversos métodos distintos para escolher na hora de avaliar e,

33
principalmente, aprendemos que caracterizar a avaliação quanto a sua
finalidade irá impactar diretamente no processo de avaliação.

Avaliar é uma arte, e o trabalho do avaliador não pode se resumir ao


processo matemático, devendo conter também a sistematização de todo
o processo de avaliação, que, ao final, será transformado no objeto final
da contratação: O Laudo de Avaliação de Bens.

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.653: Avaliação de bens.
Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.635-5: Avaliações de
máquinas, equipamento, instalações e bens industriais em geral. Rio de Janeiro,
2006.
CAVALLARI, Raul. Avaliação de Máquinas, equipamentos e complexos
industriais. São Paulo: Leud, 2014. cap. 8.

34
Procedimentos
específicos para avaliação
Autoria: Rosangela Bomtempo de Siqueira
Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino

Objetivos
• Desenvolver habilidade específica para identificação
e caracterização dos bens.

• Entender o cenário a ser avaliado para a escolha do


método específico de avaliação.

• Aplicar as diferentes formas de avaliação de bens.

• Aplicar o conceito de valor justo de mercado para o


resultado final de uma boa avaliação.

35
1. Caracterização dos Bens

O trabalho de caracterização dos bens é de extrema importância no


processo de avaliação. Ao ser contratado ou nomeado para um trabalho
de avaliação de máquinas e equipamentos, o perito avaliador precisa
visitar o local do equipamento ou as instalações pessoalmente.

Na qualidade de técnico, o profissional deve possuir habilitação técnica


e conhecimento específico. No momento da perícia, deve atentar-se a
alguns pontos importantes:

• Descrição sintética.

• Fabricante.

• Modelo, tipo e número de série.

• Data de aquisição.

• Nota fiscal de referência.

• Dimensões, capacidade e/ou potência.

• Características especiais.

Comumente, o avaliador, ao analisar complexos industriais, depara-se


com equipamentos que podem ter suas caracterizações prejudicadas
devido à falta de informações, por ser muito antigo ou por ter sido
montado pela própria empresa. Dessa forma, é importante recorrer
ao nome do equipamento e a suas funções junto com as equipes de
colaboradores que o utilizam e realizam as respectivas manutenções,
além de buscar no acervo da empresa as notas fiscais que comprovem
os itens que foram adquiridos para a sua montagem. Já quando a
descrição estiver prejudicada pela idade ou pela depreciação do
equipamento, o perito avaliador poderá contar com a mesma equipe de

36
manutenção, que irá direcionar à especificação correta do equipamento,
quer seja por meio de registros de manutenção ou por nota fiscal de
aquisição.

Muitos avaliadores se descuidam e não têm em mãos o número de


série do equipamento, pois julgam que esse item não é importante. No
entanto, é por meio dessa informação que o equipamento poderá ser
rastreado no fabricante, uma vez que, ao se tratar de um fabricante
que ainda esteja ativo no mercado, o avaliador poderá ter acesso a
informações como especificação, projetos, orçamentos etc.

2. A escolha do método específico para a


avaliação

Diante do levantamento realizado acerca dos bens que serão avaliados,


o perito deverá criar uma listagem para as diversas máquinas e
equipamentos ou então uma ficha de descrição, caso apenas um único
equipamento específico seja avaliado. O fato é que, independentemente
de quantos forem os equipamentos, todos precisam obedecer às regras
de caracterização e ser avaliados, afinal esse é o objetivo do trabalho.

Imaginemos uma situação de avaliação de uma série de máquinas


injetoras pertencentes a uma indústria de fabricação de plástico. É
comum que, nesse tipo de avaliação, sejam encontrados diversos
equipamentos iguais ou semelhantes, mas com idades distintas. Há
diversos métodos que poderão ser escolhidos para prosseguir com essa
avaliação. Porém, neste tema, utilizaremos a avaliação de bens por meio
do Método do Custo com mais especificidade.

O item 10 da ABNT NBR 14.653-5 apresenta a definição desse método da


seguinte forma:

37
Métodos de custos (comparativo direto e quantificação): Apuram
o valor de prédios e benfeitorias, através do custo de reedição. Para
máquinas, na impossibilidade de uso do método comparativo direto de
dados de mercado, utiliza-se a cotação de preços de bens novos junto
a fabricantes dos mesmos ou similares, com aplicação da depreciação.
(ABNT, 2006)

O Método do Custo é um dos mais utilizados em avaliações de


complexos industriais. O autor Agnaldo Calvi Benvenho traz a seguinte
definição acerca da abordagem de custo:

A Abordagem de Custo fornece uma indicação de valor usando o princípio


econômico de que um comprador não pagará, por um ativo de igual
utilidade, por compra ou construção.

Esta abordagem baseia-se no princípio de que o preço que um comprador


no mercado pagaria por um ativo objeto de avaliação, não seria superior
ao custo de comprar ou construir um ativo equivalente, a menos que
estejam envolvidas restrições de tempo, inconvenientes, riscos e outros
fatores. Muitas vezes o ativo sendo avaliado é menos atraente do que o
alternativo que poderia ser comprado ou construído em virtude de idade
e obsolescência. Quando este for o caso podem ser necessários ajustes
ao custo do ativo alternativo dependendo da base de valor requerida.
(BENVENHO, 2019, p. 93-94)

De maneira geral, a escolha do Método do Custo para esse tipo de


avaliação é uma boa opção e deve seguir um roteiro básico, sendo ele:

1. Caracterização e identificação do equipamento/máquina a ser


avaliado.
2. Identificação da idade do bem, estado de conservação,
singularidades operacionais e condições de produtividade.
3. Coleta de informações de mercado de um bem similar ou novo.
4. Definição do método de depreciação a ser adotado, lembrando
que no mercado existem vários, como Ross Heidecke, Vitoy,
Linear, Kuentzle etc.

38
5. Determinação da vida útil conforme índices de vida útil publicados
pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
(IBAPE). (Neste item, não podemos confundir a vida útil contábil
com a vida útil determinada pela engenharia, pois é exatamente
esta última que possibilita conservar o bem que ainda produz,
mesmo que este esteja em estado de obsoletismo).
6. Cálculo do valor após aplicada a depreciação.
7. Determinação do coeficiente de depreciação, conforme o método.
8. Valor do bem após a aplicação dos coeficientes de depreciação.

Ao seguir os passos anteriores, é possível que o avaliador chegue ao


valor justo de mercado do bem, conforme suas reais condições. Por isso,
é importante que o perito trabalhe em função do que ele enxerga na
vistoria do bem a olho nu.

Figura 1 – Injetora de indústria de produção


de artefatos de plástico

Fonte: IStock/izusek.com.

39
3. Método do Custo

O autor Agnaldo Calvi Benvenho, no livro Avaliação de Máquinas,


Equipamentos, Instalações e Complexos Industriais, traz a seguinte
expressão para o método do custo:

V = (Vnovo – Vr) x DP + Vr

Sendo:

V = Valor depreciado do bem

Vnovo = Valor na condição de novo, de um bem idêntico ou similar

Vr = Valor residual do bem ao final de sua vida útil

DP = Coeficiente de depreciação, calculado de acordo com a idade, vida


útil, valor residual, estado de conservação e uso atual do bem. (BENVENHO,
2019, p. 94)

A fórmula apresentada traz uma diretriz importante, ou seja, a pesquisa


e a apuração do bem similar ou idêntico na condição de novo.

Ao executar essa pesquisa, o avaliador deverá buscar o fabricante do


equipamento/máquina, pois por meio dele será mais fácil e eficiente
apurar as mudanças que ocorreram desde a fabricação do produto até
os modelos atuais. No entanto, é possível e comum que o fabricante
não exista mais ou tenha sido incorporado por outra empresa. Dessa
forma, o avaliador precisará buscar, cuidadosamente, fornecedores que
tenham equipamentos/máquinas similares e conversar com eles para
compreender o que se altera de um equipamento para o outro.

Já na ausência total de informações, o avaliador poderá recorrer a


ábacos produzidos por alguns fabricantes, embora esta seja uma

40
alternativa com baixa precisão. Por isso, essa abordagem deve ser feita
apenas na ausência de informações suficientes no mercado.

Figura 2 – Exemplo de gráficos e ábacos construídos a partir da


literatura da própria indústria

Fonte: IStock/Chaosamran_Studio.com.

Esses índices podem ser encontrados na literatura do próprio fabricante.


Principalmente em indústrias internacionais, algumas possuem em seus
acervos índices de estimativa de preço conforme idade e produção.

Ainda sobre as possibilidades de se encontrar o valor do bem na


condição de novo no mercado e as grandes dificuldades nessa apuração,
o perito avaliador poderá, por meio da documentação do equipamento,
buscar atualizar o valor de aquisição conforme a documentação. Porém,
é muito importante que se atente para não atualizar o valor por índices
monetários, visto que há uma variação conforme a inflação, o que pode
ser prejudicial para a avaliação correta do bem.

Pode-se, por exemplo, buscar no fabricante ou em fabricantes


de similares, ou até mesmo com os próprios proprietários dos
equipamentos, índices que se relacionem com o bem de forma

41
harmoniosa, permitindo que este tenha seu valor corrigido de acordo com
as condições técnicas, como o preço de suas principais matérias-primas.

Já quando se está diante de equipamentos produzidos pelo próprio


dono da indústria, o que é muito comum nesse setor, precisa-se ter o
devido cuidado com a apuração dos valores que foram gastos na época
de sua construção. Se a indústria for bem organizada, terá o histórico
de documentos que comprovem a construção do equipamento, com
dados importantes para a consolidação de seu valor. A partir dessas
informações, o perito avaliador, utilizando-se da capacidade de engenhar,
irá aplicar outros custos, tais como projeto, ART, mão de obra etc.

Vida útil

Esta expressão pode ser facilmente confundida com a vida útil tabelada
pela receita federal e muito utilizada pelos contabilistas. Porém, na
engenharia, como já é sabido, aquilo que produz e gera receita pode
ter uma vida útil diferenciada, como é o caso das máquinas de costura,
pois, mesmo que ainda existam máquinas fantásticas e modernas,
computadorizadas e digitais, há também as antigas, que fazem um
ótimo trabalho e são consideradas pérolas na indústria de produção de
roupas.

Dessa forma, é importante que o avaliador busque estimar


criteriosamente a vida útil dos equipamentos determinada por meio
de estudos específicos, que podem ser encontrados no IBAPE ou em
literaturas sobre o tema.

Depreciação

A depreciação é outro item que tem vários vieses nas diferentes áreas,
mas, para nós, o que vale é a depreciação da engenharia.

Ela está diretamente ligada à perda de valor pelas condições do


equipamento/máquina conforme a evolução do tempo; no entanto,

42
pode ser reduzida pela forma de manutenção, capaz de prolongar a vida
do equipamento. Já no caso de obsolescência total do bem, este já se
enquadra em uma condição mais avançada de depreciação, pois deve-
se considerar o cenário atual e moderno das evoluções tecnológicas dos
equipamentos que vieram posteriormente para substitui-lo.

Segundo Calvi Benvenho (2019), as distintas formas de depreciar o bem


podem ser representadas da seguinte maneira:

Figura 3 – Diagrama das forças de depreciação

Fonte: adaptada de Benvenho (2019, p. 128).

Figura 4 – Modelo de planilha para a avaliação de bens


pelo método do custo
AVALIAÇÃO DE BENS - MÉTODO DO CUSTO
Valor Parcela de Idade Método
Valor de Valor Vida Dep. Dep. Dep. Dep. Ross
Descrição Fabricante Qtde Depreciável Dep. Linear Aparente do Apurado x
Novo (V) Residual (Vr) Útil (n) Linear Kuentzle Vitoy Heidecke
(Vd) (d) Bem Quantidade

Fonte: elaborada pela autora.

43
A planilha contida na Figura 4 apresenta, na íntegra, a forma correta
para avaliar um bem conforme o Método do Custo. No entanto, é
importante lembrar que ela é apenas um momento da avaliação, na
qual as informações estarão compiladas e sintetizadas para trazer
apenas o resultado final, que será a avaliação do bem na condição já de
depreciado. Para chegar a essa etapa, é preciso seguir todos os outros
passos anteriormente orientados.

Na Figura 4, são apresentados tipos de depreciação:

a. Depreciação Linear.
b. Depreciação de Kuentzle.
c. Depreciação de Vitoy.
d. Depreciação de Ross Heidecke.

Após essa constatação, qual tipo de depreciação deve ser escolhido?

Se por meio da planilha for possível estudar as quatro opções, ao final


será possível escolher a que melhor se encaixou na condição de valor de
usado do bem no mercado de compra e venda.

• Depreciação Linear:

Vnovo – (Parcela de depreciação linear x idade parente do bem)

• Depreciação de Kuentzle:

Valor depreciável x (1-idade aparente do bem2/ vida útil2 ) + Valor


residual

• Depreciação de Vitoy:

Valor depreciável x (1-idade aparente do bem0,76/ vida útil0,76) +


Valor residual

• Depreciação de Ross Heidecke:

44
Vnovo – ½ x (idade aparente do bem / vida útil2 ) + Valor
depreciável

Apesar das fórmulas, o processo de avaliação não pode ser mecânico.


Assim, é preciso ter profundo conhecimento de cada forma de avaliar,
tal como anteriormente é preciso aprofundar o conhecimento na
literatura dos artigos de cada profissional que trabalhou para gerar
métodos que nos levem a condições de depreciação aceitáveis no
mercado de avaliação.

Outro método muito interessante para estudar e aprofundar o


conhecimento é o método desenvolvido por Hélio Roberto Ribeiro
de Caires, detalhadamente retratado em sua obra literária Novos
Tratamentos Matemáticos em temas de Engenharia de Avaliações (CAIRES,
1978), na qual o autor considera fatores importantes para a depreciação
dos avaliandos, tais como:

• Fator Trabalho.

• Fator Manutenção.

Esses fatores são de grande importância para o processo avaliatório.

Além do método tradicional descrito, muitos outros podem ser


utilizados, como o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado,
normalmente aplicado na avaliação de veículos, dada a facilidade de
sua utilização nesse tipo de bem, uma vez que os dados amostrais são
facilmente coletados no mercado de usados. Além disso, o avaliador
conta com as tabelas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(FIPE), que apresentam os valores dos veículos na condição de usados.

Porém, é preciso fazer uma ressalva: o bem avaliado é singular e deve-


se buscar no mercado amostras semelhantes. Assim, ao escolher o
Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, o avaliador precisa
ter cautela no processo de coleta de amostras.

45
Figura 5 – Veículo usado à venda

Fonte: IStock/red_moon_rise.com.

É muito importante que o perito vistorie os veículos, afira as reais


condições, busque amostras similares e destaque as diferenças entre
eles. Também é necessária a atenção às condições, como ano, modelo,
quilometragem e utilização do veículo. Além disso, deve-se ressaltar se
o bem sofria fortes condições de trabalho, como no caso de veículos de
frota, fator que o torna distinto de um veículo de uso pessoal.

Outra maneira de avaliar um bem é pelo Método da Renda. Se


pensarmos em equipamentos de terraplanagem ou máquinas agrícolas
que trabalham sob condições de locação, estes são bens isolados não
instalados que provêm rendimentos aos seus proprietários e, por essa
razão, podem ser avaliados por essa metodologia.

Existem também métodos diretos, como Custo de Reprodução e Custo


Histórico. Independentemente da escolha, o importante para o perito
avaliador é percorrer o caminho para optar pelo melhor método de
avaliação e entender como ele pode ser aplicado de forma eficiente

46
para que o bem avaliando tenha seu valor relativamente encaixado no
mercado de usados.

4. Conclusão

Neste tema, aprendemos como avaliar, o caminho para buscar


novas literaturas e novos tipos de avaliação. Também vimos como é
importante caracterizar o bem e tratá-lo de forma singular no processo
avaliatório. Assim, cabe ao perito avaliador buscar sempre o contato
com congressos, eventos, artigos, livros e publicações científicas para se
atualizar e aprimorar o seu entendimento no processo avaliatório a partir
das novidades que surgem na área.

Ademais, é importante lembrar que cada bem se comporta de maneira


diferente de acordo com o seu estado de conservação. A forma como o
proprietário do bem executa suas manutenções preditivas, preventivas e
corretivas impacta significativamente na avaliação. Além disso, as condições
de trabalho do bem poderão ser outro fator que impactará na avaliação.

Por fim, temos por sentimento real que o bem será sempre diferenciado
de uma empresa para outra, tudo conforme a tratativa dada para a
longevidade do equipamento.

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14635-5: Avaliações de
máquinas, equipamento, instalações e bens industriais em geral. Rio de Janeiro.
2006.
BENVENHO, Agnaldo Calvi. Avaliação de Máquinas, equipamentos, instalações e
complexos industriais. São Paulo: Leud, 2019.
CAIRES, Hélio Roberto Ribeiro. Novos Tratamentos Matemáticos em Temas de
Engenharia de Avaliações. São Paulo: Pini, 1978.
CAVALLARI, Raul. Avaliação de Máquinas, equipamentos e complexos
industriais. São Paulo: Leud, 2014.

47
Elaboração de Laudos
de Avaliações
Autoria: Rosangela Bomtempo de Siqueira
Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino

Objetivos
• Desenvolver habilidade específica para elaboração
de distintos tipos de laudos de avaliação de bens.

• Sistematizar o trabalho de forma a facilitar a


concepção de cada laudo.

• Entender sobre a singularidade de trabalho de


avaliação.

• Entender que o laudo de avaliação de bens é o


produto final de um longo trabalho.

48
1. Consolidação das Informações

Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR


14.653-5 (ABNT, 2006), no decorrer do trabalho, o perito avaliador
precisa ter pleno entendimento quanto à finalidade de sua avaliação. O
mercado atual exige essa atividade para fins distintos:

• Avaliações para alienação.

• Avaliações para fusões, cisões e incorporações.

• Avaliações para leilões.

• Avaliações para garantias e penhoras.

• Avaliações para seguros.

• Avaliações patrimoniais.

• Reavaliação de ativos imobilizados.

• Avaliações para comércio exterior.

Para cada laudo, é importante, antes de iniciar a execução, a


caracterização do trabalho, pois sua finalidade, a constar nas folhas
iniciais, é uma das informações mais importantes.

O quadro a seguir traz um exemplo dessa primeira parte do laudo, em


que se apresentam a caracterização e o objetivo da avaliação.

49
Quadro 1 – Exemplo de caracterização de um laudo (dados fictícios)

Indústria de Laudos Ltda.


Rua Dr. Viana Coutinho, 500 – Jardim Palmeiras – Cordeirópolis –
São Paulo

Empresas/Localização: RESPONSÁVEL LEGAL:


Mário Lacerda
CPF: XXX.XXX.XXX-XX
Telefone: (11) 3711-0000

Tipo: Móveis e utensílios – máquinas e equipamentos – veículos.

Utilização: Indústria de fabricação de sacolas plásticas.

Objetivo: Avaliação de bens – Determinação de valor de mercado.

Finalidade: Judicial para fins de falência.

Data base: Julho de 2010.

Fonte: elaborado pela autora.

Como pode ser visto no quadro anterior, são elementos importantes


para apresentar no início do laudo, a fim de caracterização:

1. A quem se destina o documento.


2. Tipo de avaliação.
3. Onde será utilizado.
4. Objetivo da avaliação.
5. Finalidade do laudo.
6. Data-base da avaliação.

Além disso, deixar claro a quem e para que o laudo em questão se


destina é importante, para que o trabalho não seja utilizado por
terceiros ou para outros fins de forma indevida.

50
No item “tipo de avaliação”, deve-se definir o que está sendo avaliado.
No universo que estamos estudando, de avaliação de máquinas e
equipamentos, diversos itens poderão ser determinados, tais como:

• Máquinas e equipamentos.

• Veículos.

• Móveis e utensílios.

• Imóveis.

• Computadores e periféricos.

• Entre outros.

O objetivo da avaliação é um item importante para que se deixe claro


a forma de avaliar. Uma vez definido, ele deverá ser criteriosamente
respeitado, pois a conclusão da avaliação definirá o valor justo do bem
em relação ao objetivo que se propõe. Como já foi dito no começo deste
tema, há diversos objetivos possíveis para uma avaliação, os quais foram
listados anteriormente.

Ademais, a finalidade da avaliação também possui extrema importância,


pois o cliente, por boa prática, não deve utilizar o trabalho realizado para
um fim alheio ao que se propõe. Por exemplo, um laudo de avaliação em
massa não pode ser usado para precificar um único item, ou, então, um
valor apurado para leilão não deve ser aplicado no mercado de compra
e venda ou no mercado formal.

2. Declaração de valor

Em dado momento do laudo, o perito avaliador também irá declarar o


valor, e este deverá ser feito conforme permitido pela norma. Assim, o

51
produto final poderá ser, de acordo com a ABNT NBR 14.653-5 (ABNT,
2006):

Para bens isolados

• Valor de mercado:

• Para reposição.

• Para desmobilização.

• Valor de reedição:

• No destino.

• No fornecedor.

• Valor de desmonte.

• Valor em risco.

• Valor de sucata.

Valor de utilização – para unidades industriais

• Valor econômico.

• Valor patrimonial.

• Valor em risco.

• Valor de desmonte.

• Valor de utilização.

52
Figura 1 – Exemplo de declaração de valor do bem
em laudo de avaliação

Fonte: elaborada pela autora.

Para facilitar as informações para o cliente, o magistrado, os advogados


e todas as partes interessadas no documento, é importante que logo no
início do laudo seja declarado o valor do bem, pois, assim, ele poderá ser
conhecido logo de início.

3. Condicionantes da Avaliação

Cada avaliação é única, e diversos fatores podem influenciar o trabalho


do perito, desde questões ligadas ao bem quanto às condições em
que a perícia foi realizada. Portanto, é muito importante que sejam
declaradas todas as premissas e ressalvas que o trabalho apresenta por
meio do relato das condições de vistoria, da situação em que o bem se
encontrava, se estava em funcionamento ou não; no caso de veículos, é
importante relatar a localização em que foram vistoriados, entre outros
aspectos que o perito julgue importantes e relevantes para serem
declarados no laudo.

53
Figura 2 – Modelo de premissas e ressalvas

Fonte: elaborada pela autora.

4. Vistoria

Após serem elaboradas as ressalvas e relatadas as condicionantes,


a próxima etapa será descrever a vistoria. Normalmente, ela é
acompanhada por alguém da empresa ou por outras pessoa. Dessa
forma, é importante que conste no laudo o nome e a função de
todos que estiverem no momento da vistoria do bem, assim como as
condições para que ela ocorra.

54
Figura 3 – Exemplo de elaboração do item vistoria

Fonte: elaborada pela autora.

Após essas caracterizações, definido e avaliado o bem, chega o


momento de descrever como foi o processo de avalição:

• O método escolhido e a literatura que o apoia.

• Dados operacionais, tais como:

• Descrição sintética.

• Fabricante.

• Modelo, tipo e número de série.

• Data de aquisição.

• Nota fiscal de referência.

• Dimensões/ capacidade/ potência.

55
• Características especiais.

• Análises individuais de cada bem, tais como:

• Operacionalidade individual.

• Obsoletismo ou atualismo.

• Estado de conservação.

• Produção real.

• Adaptações porventura existentes.

• Peças de reposição.

• Similaridade.

• Método de depreciação escolhido de forma explicada.

5. Enquadramentos e conclusão do laudo

Respeitando a sequência de informações exigidas pela norma, é


importante também caracterizar a empresa avaliada, e para isso é
preciso ter a norma em mãos, para preencher o enquadramento
conforme setores econômicos apontados na ABNT NBR 14.653-5 (ABNT,
2006).

Figura 4 – Exemplo de enquadramento de laudo

Fonte: elaborada pela autora.

56
No laudo também é preciso definir o grau de fundamentação e declará-
lo de acordo com a norma. Esta, por sua vez, traz em seu conteúdo um
quadro no qual são apresentados os requisitos que devem ser atendidos
para que ocorra o enquadramento.

Figura 5 – Quadro da ABNT NBR 14.653-5

Fonte: adaptada de ABNT (2006).

A Figura 6 apresenta um exemplo de como elucidar no laudo o grau de


fundamentação:

57
Figura 6 – Apresentação do grau de fundamentação em laudo

Fonte: elaborada pela autora.

Por fim, chega-se ao momento em que o laudo precisa ser finalizado e


o perito avaliador precisa fazer suas declarações de maneira expressa.
É nesse momento que ele apresentará o valor total do bem alcançado
após todo o processo avaliatório. A Figura 7 contém um exemplo desse
resultado.

Figura 7 – Exemplo de declaração final em laudo de avaliação

Fonte: elaborada pela autora.

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Ademais, no final do laudo é preciso constar:

• Anexos.

• Encerramento.

• Data.

• Assinatura.

Apesar de parecer uma “receita de bolo”, é exatamente dessa forma


que o perito deve trabalhar. Jamais deve-se copiar o trabalho do outro,
tampouco utilizar laudos de colegas no mercado, pois devem prevalecer
a ética e o respeito, cada um com seu modelo de laudo único e dentro
dos padrões normativos.

A ABNT NBR 14.653-5 (ABNT, 2006) traz em suas páginas finais o passo a
passo da entrega de um laudo completo, conforme segue:

O laudo de avaliação completo deve conter no mínimo os seguintes itens:

a) identificação do solicitante;

b) finalidade do laudo, quando informado pelo solicitante;

c) tipo de avaliação;

d) grau de agregação da avaliação;

e) pressupostos, ressalvas e fatores limitantes, conforme item 7.2. da NBR


14653- 1:2001;

f) identificação e caracterização do bem avaliando, conforme item 7.3 da


NBR 14653-1:2001, no que couber;

g) diagnóstico do mercado, conforme item 7.7.2 da NBR 14653-1:2001;

59
h) indicação da metodologia utilizada;

i) tratamento dos dados e identificação do resultado - Explicitar os cálculos


efetuados, o campo de arbítrio, se for o caso, e justificativas para o
resultado adotado;

j) especificação da avaliação - Indicar a especificação atingida, com relação


ao grau de fundamentação, conforme 9;

k) resultado da avaliação e data de referência, com explicitação da


finalidade, objeto, tipo de valor e alcance da avaliação;

l) qualificação legal completa e assinatura dos profissionais responsáveis


pela avaliação (ABNT, 2006).

Observação: se o laudo for simplificado, fica o perito avaliador


dispensado de apresentar os seguintes itens listados anteriormente: (d),
(e) e (i).

6. Conclusão

Neste tema, aprendemos a elaborar um laudo de avaliação de máquinas


e equipamentos. Além disso, vimos que se deve, de maneira cuidadosa,
separar de forma objetiva a destinação do trabalho e deixar claro para o
que ele deverá ser utilizado. De forma gradativa, também aprendemos
a elaborar um laudo de avaliação de máquinas e equipamentos, móveis
e utensílios, veículos ou qualquer outro item atribuído à função do
engenheiro mecânico dentro da Resolução n. 218 do sistema CREA/
CONFEA (CONFEA, 1973).

Dessa forma, respeitando a ética, a boa conduta e a prática da


engenharia, você agora, como engenheiro avaliador de bens, poderá
seguir essa notória carreira e transformar cada trabalho em um trabalho

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único e singular a ser utilizado por aqueles que confiaram no seu
trabalho.

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14635-5: Avaliações de
máquinas, equipamento, instalações e bens industriais em geral. Rio de Janeiro.
2006.
BENVENHO, Agnaldo Calvi. Avaliação de Máquinas, equipamentos, instalações e
complexos industriais. São Paulo: Leud, 2019.
CAVALLARI, Raul. Avaliação de Máquinas, equipamentos e complexos
industriais. São Paulo: Leud, 2014.
CONFEA. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução n.
218, de 29 de junho de 1973. Discrimina atividades das diferentes modalidades
profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Rio de Janeiro: CONFEA,
[1973]. Disponível em: http://normativos.confea.org.br/downloads/0218-73.pdf.
Acesso em: 30 set. 2020.

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BONS ESTUDOS!

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