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Régis Garcia
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-522-1657-5
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
Processo de constituição das Pessoas Jurídicas (PJ)��������������������������������� 7
Seção 1
Conceitos e características das Pessoas Jurídicas��������������������������� 9
Seção 2
Instrumentos de constituição e registro das Pessoas Jurídicas���27
Seção 3
Órgãos e processo de registro das Pessoas Jurídicas��������������������41
Unidade 2
Registros contábeis dos fatos iniciais das PJs�������������������������������������������60
Seção 1
Livros contábeis e acessórios�����������������������������������������������������������62
Seção 2
Implicação patrimonial dos fatos contábeis����������������������������������77
Seção 3
Estrutura patrimonial e de resultado no plano de contas�����������93
Unidade 3
Registro e evidenciação dos fatos operacionais das PJs���������������������� 113
Seção 1
Compras e vendas no comércio, serviço
e indústria��������������������������������������������������������������������������������������� 114
Seção 2
Principais custos e despesas��������������������������������������������������������� 130
Seção 3
Operações com ativos e passivos não circulantes��������������������� 146
Unidade 4
Sistemas de informações contábeis e gerenciais����������������������������������� 164
Seção 1
Qualidade da informação contábil���������������������������������������������� 166
Seção 2
Sistemas de informações contábeis – SIC���������������������������������� 179
Seção 3
Sistemas de Informações Gerenciais – SIG�������������������������������� 194
Palavras do autor
C
aro aluno, temos a satisfação de apresentar a você a disciplina Práticas
Contábeis I, que trata de conteúdos fundamentais para o exercício
da contabilidade.
Você terá a oportunidade de conhecer importantes aspectos relacio-
nados à constituição, registro e operação das pessoas jurídicas, aprendendo
e praticando técnicas contábeis de acordo com as Normas Brasileiras de
Contabilidade vigentes.
Verá que para orientar os futuros empreendedores é necessário conhecer
e entender, sob a perspectiva contábil, os processos de constituição das
pessoas jurídicas de diferentes tipos de entidades, afinal, nós devemos estar
preparados para atender a todas elas.
Perceberá que depois de constituída, a entidade inicia as suas ativi-
dades, portanto, você precisa conhecer e desenvolver todo processo de
registro contábil dos fatos iniciais das PJ, reconhecendo os seus impactos
sobre a situação econômica e financeira da entidade. É a partir desses regis-
tros iniciais que acompanhamos a evolução patrimonial das organizações,
independentemente de seu tipo jurídico, desde seus primeiros passos.
Verá também que, já em operação, as organizações executam atividades
rotineiras que precisam ser registradas e acompanhadas pela contabili-
dade. É nesse sentido que você precisa conhecer e desenvolver os registros e
evidenciação das operações, conhecendo quais os principais fatos contábeis
ocorridos após o início da atividade das entidades.
Dentro desse contexto, saiba que o exercício da contabilidade pressupõe
o conhecimento profundo das normas e regulamentos que impactam a
profissão, e é por isso que você deve conhecer e aplicar as normas técnicas
contábeis de aplicação geral – NBC – TG. Essas normas tratam de assuntos
específicos que são a base para o exercício da contabilidade.
É para atender a esses objetivos que nosso livro está dividido em
quatro unidades.
Na primeira unidade trataremos do processo de constituição das pessoas
jurídicas (PJ), na qual veremos documentos e processos fundamentais para a
constituição das entidades.
Na unidade dois, faremos os registros contábeis dos fatos iniciais das
pessoas jurídicas, ou seja, registraremos os fatos que ocorrem logo após a sua
constituição de forma que, por meio das demonstrações contábeis, acompa-
nhemos a situação econômico-financeira das entidades.
Na terceira unidade registraremos e evidenciaremos os fatos operacio-
nais, ou seja, acompanharemos a situação patrimonial das entidades já em
plena atividade.
Na quarta e última unidade, teremos a oportunidade de conhecer algumas
das principais normas que regulam a atividade contábil. Conheceremos as
Normas Técnicas de Aplicação Geral – NBC – TG e exemplificaremos a
sua aplicação.
Bem, nosso livro proporcionará a você muitos conteúdos de suma
importância para a sua formação, portanto, é fundamental que aproveite
esse material por meio da sua leitura e da prática dos exercícios e atividades
propostas. Não deixe de conferir as sugestões de aprofundamento apontadas
no decorrer dos textos do livro.
O autoestudo é uma das formas mais eficazes para o aprendizado de
qualquer conteúdo, portanto, organize-se e aproveite bem o conteúdo que
está à sua disposição.
Bons estudos!
Unidade 1
Regis Garcia
Convite ao estudo
O Brasil é considerado um dos países mais empreendedores do mundo.
Diálogo aberto
Você já teve a oportunidade de ser consultado por um amigo sobre o
processo de abertura de uma empresa? Se ainda não teve, prepare-se, pois
como um futuro profissional de contabilidade você certamente passará por
várias experiências como essa.
Muitas pessoas a sua volta já pensaram, pensam, ou pensarão em abrir
um novo negócio, só está faltando a oportunidade ou os recursos necessários
para isso. Portanto, em um país no qual o empreendedorismo faz parte da
cultura, como é o caso do Brasil, os profissionais da contabilidade precisamos
estar sempre à disposição para esclarecer dúvidas e executar trabalhos envol-
vendo essa importante temática.
Para isso, você precisa conhecer as características de cada tipo específico
de pessoa jurídica existente no Brasil, o que será possível a partir do estudo
dessa seção.
As informações iniciais sobre os tipos de empresas e suas principais
características são fundamentais para dar segurança aos empresários de que
estão fazendo a coisa certa.
Para orientar seus estudos, você conhecerá agora a primeira situação-
-problema. Ela traz as questões norteadoras do aprendizado bem como a
oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos sobre as principais
características de uma empresa em processo de abertura no Brasil.
Você se lembra dos sócios Sr. D. e Srª. V., que estão abrindo uma nova
empresa? Eles estão com muitas dúvidas, portanto, vamos ajudá-los.
Você, na condição de contador, os recebeu no seu escritório, e, após ofere-
cer-lhes um café, pediu mais informações sobre a empresa e as condições
relacionadas à sociedade. Isso é fundamental para embasar o seu trabalho.
Durante a reunião os sócios lhe fizeram algumas perguntas:
- Nós poderíamos atuar como pessoas físicas, sem abrir uma empresa?
- Caso nós atuássemos apenas com consertos de equipamentos, sem
vender, isso mudaria alguma coisa no tipo de empresa e no processo
de abertura?
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- Podemos deixar parte do capital para integralizar depois? Como
isso funciona?
- Poderíamos abrir uma associação ou fundação em vez de empresa?
- Quais as nossas responsabilidades como sócios em relação às obrigações
da empresa? Temos que honrar com dívidas da empresa caso ela não pague?
As questões feitas pelos sócios evidenciam o quanto eles desconhecem as
questões legais envolvendo a abertura de uma empresa, você concorda?
Bem, na condição de contador você deverá responder a essas dúvidas dos
sócios. Esse é seu desafio, afinal orientar os sócios é um dos papéis do profis-
sional contábil quando contratado para abrir uma empresa.
Você deverá elaborar um relatório contendo a síntese das respostas dadas
aos sócios. Esse relatório poderá ser útil em consultas futuras.
Para isso, você precisa saber, sob a perspectiva contábil das entidades,
quais os tipos e as finalidades das empresas. Reconhecer as diferenças entre:
associações, fundações, organizações religiosas e partidos políticos. Conhecer
as características das empresas individuais de responsabilidade limitada e os
outros tipos de empresas apresentados na seção.
A partir desses conteúdos você está apto para ajudar os futuros empresá-
rios no desafio de empreender no Brasil; portanto, vá em frente.
Cabe a você elaborar o relatório contendo a síntese das respostas dadas
aos sócios.
Capriche no seu relatório. Não se esqueça dos detalhes importantes que
possam ajudar ao Sr. D. e à Srª. V. a conhecer e a compreender o processo de
abertura de empresas.
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segue o impacto obrigacional nas relações privadas, sendo certo que o brasi-
leiro médio procura a sua formalização, por meio de constituição de pessoas
jurídicas”. Trata-se da legislação impactando a prática empresarial.
Para instrumentalizar nossa classificação das pessoas jurídicas, de acordo
com a norma legal brasileira, precisamos antes compreender sua definição,
uma vez que ela corresponde à forma legal de constituição de uma entidade.
Aliás, ao utilizarmos aqui o termo entidade, estamos generalizando a
expressão “pessoa jurídica”, ou seja, estamos falando tanto de empresas como
de qualquer outro tipo jurídico previsto no Código Civil brasileiro. Segundo
Michaelis (2019, [s.p.]) entidade representa uma “[…] associação ou socie-
dade de pessoas ou de bens constituída para determinado fim […].”.
Existem diferentes linhas do pensamento jurídico quando o assunto é
definir pessoa jurídica, todavia, para a finalidade que propomos, vamos nos
ater ao conceito mais amplamente utilizado na literatura e que contribui para
a compreensão do termo.
Vamos nos ater ao conceito aplicável no contexto das entidades que
propõem exercer uma determinada atividade com uma finalidade específica
no Brasil.
Nesse sentido, a pessoa jurídica pode ser entendida como um conjunto
de pessoas que objetivam um fim comum. Esse conjunto de pessoas adquire
personalidade jurídica própria e separada das personalidades individuais.
Assimile
Uma proposta mais ampla de definição de pessoa jurídica, ou seja, que
contemple as empresas individuais, por exemplo, é apresentada por
Paiva e Álvares (2017, p.38-39), para os quais elas seriam uma plurali-
dade, tanto de pessoas físicas como de pessoas jurídicas, bem como
uma pluralidade patrimonial e que, em condições muito especiais,
podem derivar de uma só pessoa natural.
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Ao falar sobre o registro civil, Paiva e Álvares (2017) destacam que essa
disciplina legal constitui um conjunto de normas que permite a criação de
diversas espécies jurídicas. Esses tipos jurídicos, segundo os autores, são
passíveis de personificação.
Para que uma entidade possa receber a atribuição de personalidade
jurídica, é necessário que sejam executados os trâmites previstos em lei, e
que, segundo Paiva e Álvares (2017) se instrumentaliza por meio do registro.
Resumidamente, podemos, portanto, considerar que a pessoa jurídica
recebe uma personalidade própria por meio de seu registro. É esse instru-
mento legal que permite, a partir de então, que essa “pessoa” adquira direitos
e obrigações próprias.
Em linhas gerais, para que uma entidade possa exercer uma determi-
nada atividade, ela necessita cumprir o requisito legal de registro perante os
órgãos competentes.
Esse requisito se torna necessário para que a entidade, agora oficialmente
uma pessoa jurídica de direito (público ou privado), exista e opere legalmente.
Embora o conceito de pessoa jurídica até aqui seja instrumentalmente
eficaz para nossos objetivos, é necessário que ampliemos um pouco nossa
visão sobre o tema.
Ocorre, que a partir dos avanços doutrinários do direito, bem como da
própria legislação, torna-se salutar a revisão de muitos conceitos que em
outros momentos se mostravam suficientes para representar determinados
institutos legais. Nesse sentido Paiva e Álvares (2017) defendem um conceito
mais abrangente para pessoa jurídica. Eles se baseiam no fato de que nossa
legislação instituiu a figura do Empresário Individual de Responsabilidade
Limitada (EIRELI), ou seja, um indivíduo e não uma associação de pessoas
constituída em prol de determinado objetivo.
A partir dessa consideração que fazemos a ressalva de que, em casos
especiais, como o das EIRELI, a pluralidade dá lugar à singularidade da
vontade humana, no caso, de uma só pessoa, e, nesse caso, não estamos
falando de sociedade, mas de uma empresa individual.
Em resumo, podemos ter uma pessoa jurídica a partir da vontade de um
único indivíduo em exercer determinada atividade, bastando que ele proceda
ao devido registro desse ente jurídico.
As pessoas jurídicas, segundo o Código Civil (BRASIL, 2002), podem ser
públicas ou privadas.
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São consideradas pessoas jurídicas de direito público, entre outras, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, além dos Municípios.
Embora não seja nosso objeto de estudo, vale ressaltar que as pessoas
jurídicas de direito público possuem formas de constituição e funciona-
mento específicos.
Já as pessoas jurídicas de direito privado, são divididas em:
• Associações.
• Sociedades.
• Fundações.
• Organizações Religiosas.
• Partidos Políticos.
• Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI).
Como podemos observar, a Lei prevê tipos diferentes de pessoas jurídicas
para cada atividade específica a ser desempenhada pela entidade.
O tipo Sociedade, por exemplo, contempla a maioria das entidades
constituídas com a finalidade de obtenção de lucro, geralmente na forma
de empresas.
Já uma fundação, conforme veremos nos parágrafos seguintes, representa
uma forma jurídica para a exploração de atividades sem fins lucrativos.
As associações
Segundo o Código Civil (BRASIL, 2002), as associações constituem-se
da reunião de pessoas que de forma organizada visam a um objetivo
não econômico.
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Como é possível se observar, o caráter de uma associação é o de pessoa
jurídica, uma vez que configura a reunião de pessoas e de patrimônios em
prol de um objetivo comum, desde que, nesse caso, seu objetivo não seja o de
obtenção de lucro.
Como uma pessoa jurídica, no entanto, mesmo não tendo a finalidade
lucrativa, a associação possui direitos e obrigações próprios.
Vale também ressaltar que a associação não vincula os associados entre
si. O Código Civil diz que não há entre eles direitos e obrigações recíprocas,
ou seja, os associados possuem vínculo com a associação e não com os
demais associados.
Exemplificando
São comuns associações entre pessoas, por exemplo, relativas à gestão
de condomínios residenciais. Essas associações podem operar perante
o mercado como qualquer outro tipo de entidade, todavia, seu patri-
mônio está a serviço do bem estar dos associados e não em prol da
obtenção de resultados econômicos.
Fundações
As fundações representam uma forma jurídica pela qual uma pessoa,
o instituidor, destaca uma parte de seu patrimônio para atender a um
fim específico.
Segundo o Código Civil, a fundação pode ser constituída por escritura
pública ou testamento que represente a vontade do instituidor em efetuar a
dotação de parte de seus bens livres para determinado fim, podendo especi-
ficar no ato de sua constituição a forma pela qual ele deseja que esses bens
sejam administrados.
Existe certa limitação quanto às finalidades das fundações, podendo
elas, segundo o Código Civil, serem constituídas para as finalidades de:
assistência social; cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico; educação; saúde; segurança alimentar e nutricional; defesa, preser-
vação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações
e conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos; e atividades religiosas.
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Organizações religiosas
O Código Civil estabelece que a criação de organizações religiosas seja
livre, não podendo o poder público negar seu reconhecimento ou registro.
A Organização Religiosa constitui-se de uma pessoa jurídica, sem fins
lucrativos, que congrega pessoas físicas ou jurídicas na vivência de uma ativi-
dade religiosa.
Elas representam uma pluralidade de pessoas para a prática do culto e da
fé. Envolvem um carisma eclesial e vivencial.
Embora possuam imunidade tributária, as organizações religiosas estão
obrigadas a cumprirem as obrigações legais e acessórias.
Partidos políticos
O Brasil é um país de múltiplos partidos. A pluralidade de siglas que
atuam em nossa democracia é bastante ampla e, muitas vezes, se amplia
ainda mais, em função de acordos políticos visando a eleições e/ou ajustes de
representatividade nas instâncias dos poderes.
Mas o que são os partidos políticos em termos jurídicos?
A resposta a essa pergunta é dada pela Lei 9.096/95, na qual é possível se
encontrar a seguinte definição: “[…] o partido político, pessoa jurídica de
direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático,
a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamen-
tais definidos na Constituição Federal.” (BRASIL, 1995).
Apesar de pertencerem ao direito privado, os partidos políticos são
regidos por leis específicas, portanto, possuem sua forma de constituição e
funcionamento definidos especificamente para tratar de suas peculiaridades.
Isso se deve, em grande parte, ao aspecto da representatividade e garantia da
manutenção do regime democrático que rege nosso país.
Conforme Lei nº 9.096/1995, na defesa da democracia, por exemplo, a Lei
assegura aos partidos, muito similarmente ao que ocorre no caso das insti-
tuições religiosas, liberdade para a criação, incorporação e fusão, desde que
se assegure a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo
e os direitos humanos.
Além disso, os partidos políticos possuem autonomia para definirem sua
estrutura interna, a sua organização e o seu funcionamento.
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Sociedades e empresas individuais de responsabilidade
limitada
As pessoas jurídicas tratadas nos parágrafos anteriores podem ser classifi-
cadas como pertencentes ao grupo das entidades sem fins lucrativos.
Em termos contábeis, geralmente utilizamos a denominação de entidades
do terceiro setor, ou seja, o conjunto de associações, fundações e demais
entidades sem fins econômicos de geração de lucro que prestam determi-
nados serviços ou congregam pessoas em torno de determinados ritos, cultos
ou movimentos.
Agora, vamos tratar de formas jurídicas utilizadas para a realização de
atividades com objetivo econômico, ou seja, que possuem como finalidade
a geração de lucro aos seus proprietários, sócios ou acionistas. Aliás, essas
entidades envolvem muitos relacionamentos que extrapolam os interesses
dos proprietários. Dependendo do porte e da sua amplitude de atuação, elas
geram interesses para grupos, denominados de stakeholders, como: investi-
dores, fornecedores, instituições financeiras, poderes públicos nacionais e
internacionais, entre outros.
Essas entidades possuem regulamentações específicas na área do Direito
Privado por meio, por exemplo, do Código Civil, Comercial, Tributário
Nacional, de Defesa do Consumidor, entre outras legislações que afetam
direta ou indiretamente a atividade empresarial.
No processo de registro, por exemplo, podemos ter diferenças entre
as formalidades exigidas para o tipo de empresa comercial. Podemos ter
processos que cabem a esse tipo de empresa, mas que não são aplicáveis no
caso de empresas prestadoras de serviços.
Segundo o Código Civil, as atividades empresariais são exercidas pela
pessoa do empresário, que é considerado como aquele que exerce profissio-
nalmente uma atividade com fins econômicos. Essas atividades podem ser
relacionadas à produção ou à circulação de bens e de serviços. Em resumo,
podemos considerar, na perspectiva contábil, que empresário é aquele que
profissionalmente produz, comercializa ou presta serviços com fins lucrativos.
Sociedades
O Código Civil define uma sociedade como sendo o resultado da
celebração de um contrato entre pessoas. Por meio desse contrato, elas
assumem o compromisso recíproco de contribuir com bens e serviços para a
sociedade em prol de uma atividade.
16
Segundo a mesma lei Código Civil (BRASIL, 2002), a atividade empresa-
rial pode se restringir a um ou mais negócios determinados.
Na sociedade, também, é prevista a partilha, a divisão dos resultados
obtidos pela atividade entre aqueles que as formam. Em termos contábeis
isso se traduz pela distribuição de lucros.
A partir dessa definição podemos conhecer os tipos de sociedades que
resultam em tipos jurídicos diferentes de empresas.
A tipificação da sociedade, por sua vez, implica em direitos e obriga-
ções específicas, por isso, no processo de constituição, deve se considerar a
definição adequada do tipo de sociedade que regerá a atividade empresarial
em desenvolvimento.
Existem implicações contábeis e jurídicas a partir dessa definição,
portanto, fica evidente a necessidade do acompanhamento do processo de
constituição de uma empresa por profissionais contadores e advogados.
Reflita
São vários os tipos de pessoas jurídicas previstas pela legislação brasi-
leira. Para quase todas as iniciativas empreendedoras, temos formas
jurídicas apropriadas.
Sendo assim, diante desta afirmação, é justificável nos mantermos
na informalidade enquanto empreendedores? Pense sobre os pontos
positivos e negativos dessa prática.
Tipos de sociedades
A primeira divisão envolvendo as sociedades no contexto do Código
Civil se dá pela classificação em dois tipos distintos:
• Sociedade empresária.
• Sociedade simples.
Essa classificação se dá considerando a natureza do objeto social. Embora
o próprio Código Civil preveja a possibilidade de haver outras condições
expressas, é considerada sociedade empresária aquela constituída e regis-
trada para exercer atividade própria de empresário.
Vale aqui relembrarmos que empresário é aquele que exerce profissio-
nalmente uma atividade com fins econômicos, relacionada à produção ou à
circulação de bens e de serviços, portanto, se uma sociedade for constituída
17
para exercer essas atividades nas condições previstas em Lei, ela necessaria-
mente é considerada como empresária.
O Código Civil considera ainda que, independentemente do objeto,
toda sociedade anônima é considerada como empresária. Isso significa que
a constituição de uma S/A implica em direitos e obrigações atribuíveis às
sociedades empresárias independentemente de seu objeto social. No mesmo
sentido as cooperativas são consideradas como sociedades simples.
Além das cooperativas classificadas expressamente no Código Civil, são
consideradas como simples todas as outras sociedades que não atendam aos
critérios de classificação como empresárias.
18
Outra característica dessa sociedade é a de que somente os sócios podem
administrá-la, diferentemente da sociedade LTDA, na qual se nomeia um
administrador no contrato social.
A Sociedade por Comandita Simples se caracteriza por envolver dois
tipos de sócios. Um grupo é o responsável pelas obrigações fiscais e finan-
ceiras. Esse grupo se denomina comanditados. Noutro grupo, denominado
de comanditários, a responsabilidade é limitada.
Nesse sentido, esse tipo de sociedade se caracteriza pelo fato de que parte
dos sócios é responsável pela integralização das quotas e tem responsabili-
dade limitada, não se envolvendo com a administração da sociedade. Já a
outra parte é responsável pelo capital e também pelo trabalho, cabendo a eles
a administração da sociedade.
Esse tipo de sociedade contempla, geralmente, empresas pequenas e
que exploram atividades menos complexas, como prestação de serviços
e comércio.
Empresas que desejam especificar, em contrato, os sócios com ou sem
responsabilidade limitada, optam por esse tipo de sociedade, pois fica estabe-
lecido no contrato quem responde e quem não responde pelas dívidas da
empresa em caso de insolvência.
Esse tipo de sociedade opera na forma de firma ou razão social, não
sendo permitida a denominação social.
A Sociedade em Comandita por Ações é similar à sociedade anônima
em termos de estrutura de capital, pois também envolve a divisão em ações.
Todavia, no caso da sociedade em comandita por ações, o exercício da ativi-
dade empresarial se dá na forma de denominação ou firma. Ela é gerida por
um ou mais diretores nomeados.
Nesse tipo de sociedade não pode haver um estranho à sociedade na
condição de administrador, ou seja, apenas o acionista pode ser administrador.
Como exemplo desse tipo de sociedade, estão as empresas que pretendem
separar seus sócios em dois grupos: parte deles fica responsável pela gestão
do negócio e respondem pelas dívidas da empresa de forma ilimitada. No
outro grupo estão os sócios que adquirem ações; esses respondem, porém,
até o limite de seus investimentos.
Os gestores, diferentemente das S/A, são nomeados no próprio estatuto
da empresa, portanto, esse tipo de sociedade atende àquelas empresas que
não desejam contar com conselhos de administração, mas, tão somente, com
gestores definidos no estatuto.
19
Esse tipo de sociedade contempla médias e grandes empresas que
exploram atividades mais complexas, como exportações, importações de
produtos controlados, por exemplo.
Sociedades desse tipo podem operar tanto com razão como com denomi-
nação social.
20
ano, determinado pelo governo, e ter no máximo um funcionário, ou seja,
corresponde a uma grande parte da realidade de pequenos negócios.
Exemplificando
Se, por exemplo, um marceneiro que trabalhou durante anos na infor-
malidade deseja formalizar o seu negócio, ele pode constituir uma
Microempresa Individual (MEI). Basta que o marceneiro tenha seu
faturamento dentro do limite legal e conte com no máximo um funcio-
nário. Pronto: dessa forma ele poderá usufruir dos benefícios de ter sua
empresa legalmente correta, como, por exemplo, prestar serviços a um
órgão público.
Você foi contratado como contador e está orientando dois sócios Sr. D. e
Srª. V. no processo de abertura de uma ferramentaria.
Seu desafio é responder, na forma de um relatório, às questões feitas
pelos sócios.
Essas respostas devem se basear nas características de cada tipo de
empresa conforme apresentado no item Não pode faltar.
21
Como sugestão para a solução dessa situação problema, são propostas
algumas respostas conforme segue:
Em relação à pergunta “Nós poderíamos atuar como pessoas físicas
mesmo? Sem abrir uma empresa?”, você deverá explicar que a atuação empre-
sarial envolve uma atividade com finalidade lucrativa, no caso da ferramen-
taria, os sócios estão investindo na nova empresa com a intenção de obterem
resultados positivos a partir da atividade empresarial.
Sendo assim, eles necessitam abrir uma pessoa jurídica e não podem
operar legalmente na condição de pessoas físicas, até porque o patrimônio
que estará em jogo é o da empresa da qual ambos fazem parte. Isso precisa
estar documentado e legalizado.
Sobre a pergunta “Caso nós atuássemos apenas com consertos de equipa-
mentos, sem vender, isso mudaria alguma coisa no tipo de empresa e no
processo de abertura?”, explique que a atividade empresarial, conforme define
o Código Civil brasileiro, envolve as atividades de produção e circulação de
bens e serviços, portanto, na condição de prestadores de serviços a atividade
da empresa permaneceria sendo considerada como empresarial, sendo assim
os tipos jurídicos seriam os mesmos das sociedades empresariais utilizadas
para a comercialização.
Quanto ao aspecto de abertura, seriam respeitados os trâmites específicos
para cada tipo de sociedade, portanto, haveria sim diferenças em relação aos
registros e procedimentos de uma empresa comercial, pois, como vimos
nesta seção, existem legislações específicas para determinadas atividades,
como é o caso do Código Comercial brasileiro.
Sobre a pergunta “Podemos deixar parte do capital para integralizar
depois? Como isso funciona?”, cabe explicar que sim. A integralização
poderá ser feita no ato da constituição ou em parcelas com prazo definido
em cláusula específica no contrato social.
Sobre poder abrir uma associação ou fundação em vez de empresa,
explique que não, pois associação e fundação se referem a sociedades simples,
ou seja, sociedades não empresariais, e, portanto, não podem ter finalidade
lucrativa como é o caso da ferramentaria em processo de abertura.
E com relação às responsabilidades como sócios e às obrigações da
empresa, e se terão que honrar com dívidas da empresa caso ela não pague?
Bem, isso dependerá do tipo de sociedade que será utilizada para a
constituição e registro da empresa. No caso sugere-se que seja constituída
uma sociedade do tipo LTDA, ou seja, a responsabilidade dos sócios está
22
limitada à sua participação percentual e ao valor de suas quotas, conforme
está descrito no contrato social da empresa.
Claro que esse é o pontapé inicial da atividade contábil e, ao orientar os
sócios e tirar todas as suas dúvidas sobre a empresa que pretendem constituir,
você revisou vários conteúdos vistos na seção e possibilitou compreender os
diferentes tipos de pessoas jurídicas previstas na legislação brasileira. Pois
são muitos detalhes, regras e legislação a serem seguidas.
Parabéns pelo trabalho, e vamos em frente!
Avançando na prática
Chegou à sua empresa uma pessoa chamada Dona B., que é costureira e
está querendo formalizar sua microempresa. Ela não possui experiência com
abertura de empresa, afinal ela atua há muitos anos na informalidade.
Dona B. ouviu falar em fundações e deseja saber se para atuar no ramo de
costura legalmente ela pode abrir uma fundação.
Seu desafio é explicar a ela as diferenças entre entidades com e sem finali-
dade de lucro, e exemplificar cada uma das formas jurídicas das entidades
sem fins lucrativos.
Depois explique a ela sobre o tipo de empresa que ela está desejando
abrir, se ela tem ou não finalidade lucrativa.
Para responder à dúvida de sua provável nova cliente, você deverá explicar
que existem diferenças entre entidades que visam lucro e aquelas que não
visam lucro. Detalhe essas diferenças e dê exemplo de entidades sem fins
lucrativos de cada um dos tipos jurídicos sem finalidade de lucro. Para isso,
você precisa saber do conceito de lucro, conhecer as atividades das associa-
ções, fundações, organizações religiosas e partidos políticos, além de saber as
principais características envolvendo essas pessoas jurídicas.
Perceba que sua atenção inicial à Dona B. é importante. Procure manter o
foco e a atenção nela, esclarecendo pedagogicamente suas dúvidas, pois isso
gerará mais confiança em relação ao seu trabalho e aumentará as chances de
ela contratar você para acompanhar sua empresa mesmo depois de aberta.
23
Resolução da situação-problema
Para a correta orientação à Dona B., primeiramente é necessário que seja
explicado a ela que uma fundação pode ser constituída tanto por uma pessoa
física como por uma pessoa jurídica.
Deve haver o destaque de bens e patrimônio que estará a serviço da
fundação. Esse destaque estará descrito no estatuto ou testamento que deu
origem à fundação.
O Código Civil estabelece que as fundações podem operar nas seguintes
finalidades: assistência social; cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico; educação; saúde; segurança alimentar e nutricional;
defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desen-
volvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da
cidadania, da democracia e dos direitos humanos; e atividades religiosas.
Nesse caso, nenhuma dessas atividades se enquadra na que ela deseja atuar.
E também importante salientar que se a fundação envolver atividades
específicas, ela é uma entidade sem fins lucrativos, portanto, igualmente não
se enquadra no caso dela. Afinal o serviço de costura que ela presta é sua
fonte de renda, portanto, possui finalidade lucrativa.
A principal diferença entre empresas com finalidade lucrativa está no
fato de gerarem lucro e distribuírem esse lucro entre os investidores. Isso
não ocorre no caso das entidades sem fins lucrativos, que obrigatoriamente
deverão reinvestir seus superávits na própria atividade, sendo vedada a
distribuição de resultados entre os associados.
24
Nesse sentido, sabe-se que no Brasil existe uma ação de incentivo à formali-
zação das empresas.
Assinale a alternativa que apresenta essa ação:
a. Criação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
b. Criação da Sociedade de Responsabilidade Limitada.
c. Criação da Microempresa Individual.
d. Extinção da Empresa Individual.
e. Extinção da Sociedade em Comandita Simples.
25
suas quotas no caso de insolvência da sociedade para não responder
pelos problemas financeiros por ela gerados.
É correto o que se afirma em:
a. I, II e III.
b. I, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II, apenas.
26
Seção 2
Diálogo aberto
Caro aluno, é importante conhecermos alguns conceitos e compre-
endermos alguns detalhes técnicos relacionados tanto aos documentos
de constituição como aos tipos específicos de empresas, como é o caso da
Microempresa Individual.
É comum que os empreendedores, principalmente os de primeira viagem,
tenham muitas dúvidas quanto à forma de constituir bem como de gerir
suas empresas.
Essas dúvidas também ocorrem nas situações de constituição e desenvol-
vimento de micro e de pequenos negócios. É o que acontece, por exemplo,
quando um determinado empresário resolve abrir sozinho uma microem-
presa para prestar serviços gerais em residências. Os chamados “Maridos de
Aluguel”.
Nesse sentido, os conteúdos a serem trabalhados aqui vão trazer a
base para que você possa conhecer as principais características de uma
Microempresa Individual (MEI), além de conhecer os instrumentos utili-
zados para a constituição, alteração e extinção das pessoas jurídicas.
Esses conteúdos são fundamentais para garantir que as formalidades
constitutivas estejam corretamente cumpridas.
Agora, você deve avançar no processo de abertura da empresa.
No decorrer da reunião com os sócios, o Sr. D. fez mais uma pergunta:
“Eu e a Srª. V. poderíamos abrir, em vez de uma sociedade, uma MEI para
cada um, a fim de atuar com a nossa empresa?”
Ao executar essa etapa da situação-problema, você deverá ser capaz
de conhecer e explicar as principais características de uma Microempresa
Individual, além de destacar o tipo de pessoa jurídica a ser utilizado para a
constituição de uma empresa com fins lucrativos.
Para responder a essa dúvida, você deverá elaborar um relatório, e nele
descrever, como forma de argumentação, as principais características envol-
vendo o tipo de empresa MEI apresentadas aqui. No texto, você precisa
27
explicar ao sócio que lhe fez a pergunta se é ou não possível, em vez de
abrirem uma sociedade, abrirem duas MEI.
Adicionalmente ao seu relatório, depois de responder à dúvida do Sr.
D., você precisa descrever qual o instrumento de constituição e qual o tipo
jurídico que será utilizado para a ferramentaria que está sendo constituída.
No seu contexto profissional, você concorda que terá muitas oportuni-
dades para ajudar os empresários que desejam formalizar suas empresas?
Certamente serão questionados por eles, portanto, é importante ter
o domínio em relação aos documentos necessários para a constituição e
registro das pessoas jurídicas, além de conhecer os principais tipos jurídicos
que envolvem a formalização de empresas. Nesse caso, em especial, a
Microempresa Individual – MEI.
28
Ata de constituição
As entidades sem fins lucrativos, como é o caso das associações, funda-
ções, organizações religiosas, entre outras, envolvem a vontade de uma ou
mais pessoas que estão imbuídas de um objetivo, geralmente social e sem a
finalidade de obtenção de lucro.
As Sociedades Anônimas e cooperativas, que geralmente desenvolvem
atividades empresariais, também são formadas a partir da reunião de pessoas
com objetivos comuns.
Tanto no primeiro caso como no segundo, o envolvimento de pessoas
representa o elemento principal de formação dessas entidades, portanto,
a formalização das relações entre essas pessoas é necessária para que haja
segurança jurídica para todos os envolvidos, bem como para aqueles que de
alguma forma se relacionarão com ela.
Desde o primeiro contato formal até a conclusão do processo de consti-
tuição e registro dessas entidades existem documentos e formalidades que
precisam ser cumpridas.
É nesse sentido que a reunião de fundação de uma associação, de uma
fundação, de uma organização religiosa ou de um partido político, assim
como de uma S/A ou de uma cooperativa, deve ser devidamente registrada
em um documento denominado ata.
A ata representa um documento no qual são registradas as deliberações
dos conselhos ou assembleias reunidas para determinada finalidade.
A primeira reunião de qualquer uma dessas entidades geralmente tem
o objetivo de fundação da própria entidade, ou seja, nela é deliberada pelos
membros presentes a criação formal da entidade.
A ata derivada da reunião ou da assembleia inicial dos membros da
entidade é denominada de Ata de Fundação ou Ata de Constituição.
29
É importante salientar que a reunião ou assembleia de fundação da
entidade deve ser antecedida por um edital no qual deverá ser divulgado com
antecedência de pelo menos sete dias, além de ser amplamente divulgada,
inclusive em meio de comunicação de grande circulação ou abrangência.
O secretário da reunião (quem está responsável pelo registro da mesma
na respectiva ata) fará a leitura do edital para que todos os presentes tomem
ciência de que o rito de convite ou convocação para a reunião ou assembleia
foi cumprido.
A ata de fundação deverá indicar por extenso o dia, mês, ano, horário e
local da reunião.
Deverá indicar quem secretariou e quem presidiu a reunião.
Deverá trazer a expressão de que os presentes na reunião, na condição
de fundadores, resolvem fundar a associação (entidade) tal. Deve indicar o
nome da entidade.
Deverá ser indicada a sede da entidade.
Deve informar que o projeto de estatuto (que será discutido e aprovado
na reunião) foi lido por quem secretariou a reunião.
Deve informar que, após as discussões, o projeto de estatuto, agora
estatuto da entidade, foi aprovado por um número “x” de votos ou de forma
unânime pelos participantes.
Uma vez aprovado o estatuto, a ata também indicará os membros que
assumirão as diretorias da associação bem como o conselho fiscal. Todos eles
eleitos na forma previamente determinada pelo estatuto da entidade.
A ata, finalmente, trará a fala do presidente da reunião declaran-
do-a encerrada.
A ata é datada e devidamente assinada (e suas vias rubricadas) por todos
os presentes.
Estatutos
Depois de apresentadas os diferentes tipos de pessoas jurídicas de
direito privado: associações, sociedades, fundações, organizações religiosas
e partidos políticos, além das Empresas Individuais de Responsabilidade
Limitada – EIRELI, de acordo com o Código Civil, é possível a identificação
de dois grupos distintos: um que compreende as entidades sem fins lucra-
tivos, representadas pelas associações, fundações, organizações religiosas e
30
partidos políticos, e outro pelas empresas com fins lucrativos, como é o caso
das sociedades empresárias.
O primeiro grupo de entidades possui característica diferente no tocante
aos interesses dos seus fundadores quando comparado com as sociedades
empresárias. Importa menos a relação contratual entre os sócios, e mais a
instituição em si.
Para essas entidades, assim como para algumas sociedades empresárias
específicas, o instrumento de constituição é o estatuto social. Esse instru-
mento é utilizado para a constituição de: sociedades anônimas, conhecidas
como S/A, sociedades cooperativas, sociedade em comandita por ações e
para as entidades sem fins lucrativos.
Exemplificando
Um novo condomínio está sendo aberto em uma cidade do interior de
um estado brasileiro. Trata-se de uma importante marca de empreendi-
mento imobiliário, conhecida em grandes capitais brasileiras.
O contador Sr. M. está providenciando a constituição da pessoa jurídica
que representará o grupo de moradores.
Na primeira assembleia o assunto principal da pauta foi justamente a
forma pela qual o condomínio seria regulamentado.
Na oportunidade, o contador explicou que será constituída uma
associação, uma pessoa jurídica caracterizada por reunir pessoas físicas
que possuem um objetivo comum que, no caso, é gerir as atividades
condominiais.
Ela será constituída a partir de um estatuto social, que determinará
todas as normas sob as quais os associados estarão submetidos ao fazer
parte da associação.
O estatuto determinará também as regras de representação da
associação, ou seja, quem responderá juridicamente por ela.
A representação da associação envolve, geralmente, a formação das
seguintes diretorias: diretoria financeira, diretoria administrativa,
diretoria social e diretoria técnica.
O estatuto também determinará a formação do conselho fiscal bem
como as normas de eleição, mandato e condições para o exercício da
presidência e a vice-presidência da associação, entre outras informações.
31
Nesse sentido elas “[…] são criadas como instituições, ofertando a terceiros a
possibilidade de adesão […]” (MAMEDE; MAMEDE, 2017, p. 49).
Os sócios de uma instituição como essas não são contratantes entre si,
mas sim, aderem a condições preestabelecidas em estatuto.
Dessa forma, ao aderir a uma associação, um sócio (no caso específico,
o associado), deverá dar ciência de que conhece e compreende as normas e
regulamentos, bem como o estatuto que orienta as atividades da entidade.
Contrato social
Assim como qualquer documento, o contrato social é o instrumento que
será utilizado para dirimir qualquer dúvida relacionada à sociedade, bem
como envolvendo as atribuições, responsabilidades e representatividade
dos sócios.
O contrato social requer muita atenção daqueles que o assinarão, no caso
os sócios, pois a partir do momento que ele esteja devidamente registrado,
32
passa a constituir-se como peça jurídica. Por isso exigem-se determinadas
formalidades em relação ao contrato social.
Assimile
O aspecto formal e de validade do contrato social pressupõe que ele
não pode conter entrelinhas, nem emendas ou rasuras. Qualquer um
desses elementos pode invalidar o instrumento. Em casos de necessi-
dade específica, pode-se fazer uma ressalva no próprio instrumento.
Assimile
De acordo com o estatuto da advocacia, Lei nº 8.906/1994 (BRASIL,
1994), todo ato ou contrato constitutivo de pessoa jurídica, ou seja, todo
contrato social, para ser registrado precisa ser visado por advogado.
33
Segundo o que determina o Código Civil (BRASIL, 2002), o contrato
social deverá conter:
• Nome e qualificação dos sócios, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Essa
qualificação deverá conter a nacionalidade, o estado civil (solteiro ou
casado), a profissão exercida e a residência dos sócios, pessoas físicas.
No caso de pessoas jurídicas, deve trazer a firma ou a denominação, a
nacionalidade, bem como o endereço da sede.
• O contrato deve determinar, ainda, a denominação sob a qual a socie-
dade operará, o seu objeto social e a sede da organização.
• Deverá trazer o prazo determinado ou indeterminado da sociedade.
• O capital social expresso em valores monetários.
• As quotas de capital de cada sócio, bem como a forma de integrali-
zação do capital, podendo ser em espécie, bens, direitos ou serviços.
• No caso de integralização na forma de serviços, o contrato trará
também a forma como esses serviços serão executados.
• A indicação do responsável ou dos responsáveis pela administração
da sociedade, bem como seus poderes e atribuições nessa condição.
• A responsabilidade e participação dos sócios nos lucros e perdas.
• A definição sobre a responsabilidade ou não subsidiária dos sócios
sobre as obrigações assumidas pela sociedade.
Exemplificando
A divisão do capital social de uma pessoa jurídica de responsabilidade
limitada (LTDA) é expressa no contrato social. Dessa forma, cada sócio
possui um número de quotas que lhe garante uma participação percen-
tual sobre o patrimônio da sociedade.
Para exemplificar, veja o caso da sociedade “Z” a seguir:
SÓCIO QUOTAS
“A” 25.000
“B” 35.000
“C” 40.000
TOTAL 100.000
De acordo com a distribuição das quotas de capital dessa sociedade, é
possível se chegar aos percentuais de cada sócio sobre o patrimônio da
34
sociedade dividindo-se a quantidade de quotas de cada um pelo total
de quotas (100.000).
No caso em questão ter-se-ia:
SÓCIO QUOTAS
“A” 25.000 / 100.000 x 100 = 25%
“B” 35.000 / 100.000 x 100 = 35%
“C” 40.000 / 100.000 x 100 = 40%
TOTAL 100.000
35
Segundo Paiva e Álvares (2017) para que seja efetuado o cancelamento
do registro de uma sociedade simples, por exemplo, é necessário que haja
um requerimento, a elaboração do distrato social e sua publicação no Diário
Oficial da União – DOU.
Reflita
Geralmente o início de um negócio é marcado pela esperança e pelo
bom relacionamento entre os sócios. Todos eles, no início, estão em
busca de um objetivo comum. Porém, diante de uma grande dificul-
dade, como por exemplo, se a empresa não vai bem, podem ocorrer
situações de desacordos e conflitos entre eles. Como ficaria, nesse caso,
a situação de uma contenda judicial entre sócios se não houvesse um
contrato estabelecendo as condições da sociedade?
36
Reflita
A Microempresa Individual (MEI) representa uma ação governamental
que tem por objetivo incentivar a formalização das microempresas. Visa
tirar microempresários da informalidade. Considerando esse objetivo e
seus reflexos, esse tipo de política possui algum efeito na economia de
um país? Seria esse efeito positivo ou negativo? Que tal refletir sobre isso?
37
Quanto ao documento a serem utilizados para constituir esse tipo de
sociedade, informe que se trata do Contrato Social. Nele será possível estabe-
lecer as quotas de participação bem como todas as demais regras que regerão
a sociedade que atuará no ramo de ferramentaria.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
O primeiro passo para a solução da situação-problema é definir, no
relatório, o tipo de pessoa jurídica que será constituída no processo de legali-
zação da igreja, conforme determina o inciso IV do art. 44 do Código Civil
(BRASIL, 2002).
Nesse caso será constituída uma organização religiosa que, segundo
o Código Civil brasileiro, constitui-se de uma entidade onde reúnem-se
membros em torno de um culto e da fé, além de exercer algumas atividades
de assistência a seus membros e à sociedade de acordo com sua missão.
Ela é constituída por meio de um estatuto organizacional que definirá as
normas de funcionamento e gestão.
38
Complementarmente, o relatório deverá indicar que se trata de uma
entidade sem finalidade lucrativa e que, dessa forma, não envolverá distri-
buição de resultados.
Todas as informações importantes relativas à organização religiosa
deverão estar previstas no estatuto organizacional, portanto, esse será o
instrumento que direcionará o trabalho dos gestores da entidade. Incluindo
aspectos fiscais, tributários, contábeis e jurídicos entre outros.
39
d. O contrato social se aplica exclusivamente nos casos de entidades sem
fins lucrativos.
e. Ele deve ser assinado pelo contador que assume as mesmas responsa-
bilidades dos sócios.
40
Seção 3
Diálogo aberto
Você avançou bastante em termos de conhecimento, concorda?
Agora chegou o momento de, finalmente, descrever em termos documen-
tais necessários ao processo de registro da ferramentaria que está sendo
constituída pelos sócios Sr. D. e Srª. V.
Ao executar essa etapa da situação-problema, você deverá ser capaz de
reconhecer os documentos, os órgãos e os passos necessários para o registro
da nova pessoa jurídica.
Os conteúdos trabalhados nesta seção envolvem a identificação dos
tipos de documentos para cadastro, bem como as inscrições nos órgãos
públicos competentes.
É estudada, ainda, a necessidade de licenças especiais de funcionamento
das pessoas jurídicas cuja atividade exige esse tipo de procedimento.
Você conhecerá o processo de constituição e registro das pessoas jurídicas,
bem como a periodicidade dos cadastros e renovações necessárias.
A situação-problema envolve a execução, por meio da descrição de
documentos e processos, da abertura da ferramentaria com a qual você
vem trabalhando.
Você deve se colocar na posição do contador responsável por executar
todos os processos de constituição e registro da ferramentaria para que o Sr.
D. e a Srª. V. possam iniciar sua atividade empresarial comercial.
Para solucionar a situação-problema, você deverá, em uma primeira
etapa (etapa 1), identificar e descrever os documentos necessários para o
registro da empresa.
O produto dessa etapa será um checklist, uma lista de itens que não
podem faltar no processo de constituição da empresa.
Na segunda etapa (etapa 2), descreva a ordem pela qual os registros e
inscrições devem ser executados, indicando onde será feito o primeiro
processo de registro ou arquivamento dos documentos. Na sequência,
indique qual o próximo órgão ao qual você deverá se dirigir para registrar a
41
empresa e assim sucessivamente, até que todo o processo esteja concluído e a
ferramentaria esteja habilitada para iniciar as duas atividades.
Nesta seção, vamos adentrar nos conteúdos necessários para responder às
questões tratadas aqui, portanto, estudá-los em profundidade é fundamental
para sua consultoria no caso da ferramentaria. Não se esqueça das sugestões
de leitura, reflexão, sugestões de pesquisa e exemplos que estão disponibili-
zados ao longo da seção, pois todo esse conteúdo lhe servirá como base para
a sua atuação profissional, principalmente na orientação de empreendedores
e de futuros empresários durante o processo de abertura de suas empresas.
42
Automotores – IPVA, e o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis
e Doação – ITCMD.
• Governo Federal: na Secretaria da Fazenda Federal, que é a respon-
sável pela gestão das receitas derivadas dos tributos federais, dentre
os quais se destacam: o Imposto sobre Importação – II, o Imposto
sobre Exportação – IE, o Imposto de Renda – IR, o Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI, o Programa de Integração Social
– PIS, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social –
COFINS, o Imposto sobre Operações Financeiras – IOF, o Imposto
sobre Propriedade Territorial Rural – ITR, o Imposto sobre Grandes
Fortunas – IGF, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL,
e os encargos trabalhistas (INSS, FGTS).
Assimile
O Estado também pode ser denominado de ente federativo, entidade
federativa, ou unidade federativa. Ele representa uma unidade
autônoma, ou seja, exerce seu próprio governo, cria suas próprias Leis e
executa sua própria arrecadação. Dentro dos estados estão os municí-
pios, que possuem as mesmas características de governo, legislação e
arrecadação próprias.
43
sentido não se restringe à saúde e segurança daquelas pessoas que convivem
e trabalham no ambiente da empresa, mas igualmente daquelas que direta ou
indiretamente possam ser afetas pela atividade da entidade.
Exemplificando
Tanto o alvará de funcionamento como as licenças sanitárias e do
corpo de bombeiros são fundamentais para que se garanta a saúde e a
segurança de todos os envolvidos direta ou indiretamente com a ativi-
dade da entidade.
Por exemplo: considere que uma serralheria esteja sendo constituída
em uma rua comercial, porém com casas residenciais localizadas
próximo ao seu provável local de funcionamento.
Quais seriam os riscos à saúde e à segurança que essa empresa poderia
causar para as pessoas? Essa avaliação é necessária e será objeto de
vistoria e fiscalização dos órgãos competentes.
Os riscos envolvidos com essa atividade podem ser resumidamente
elencados em: poluição sonora (derivada dos ruídos gerados pelas
serras, lixadeiras, marretas, parafusadeiras), poluição atmosférica
(derivada dos gases utilizados nos processos de soldagens, fuligem
liberada no processo de abastamento e serragem de materiais ferrosos,
névoa de produtos químicos gerados a partir do processo de pintura),
enfim, aspectos que podem afetar a saúde e a segurança das pessoas.
Além desses aspectos, é importante a verificação do ambiente de
trabalho no tocante a condições de alimentação, ergonomia, condições
de acesso e de manutenção dos sanitários, etc.
A questão do risco de incêndio e acidentes envolvendo a manipulação
de materiais e equipamentos pela serralheria será objeto da vistoria e
fiscalização do corpo de bombeiros.
Somente depois de garantidas a minimização dos riscos destacados
nesse exemplo é que serão emitidos os documentos que autorizam
o funcionamento da empresa: o alvará, a licença sanitária e o alvará
específico do corpo de bombeiros.
44
Licenças especiais: questões de zoneamento, ambientais, e
de segurança
Determinadas atividades são passíveis de licenças especiais devido ao
impacto ambiental que elas podem causar. Sejam aparentes ou não, reali-
zados ou previsíveis.
Segundo Fiorillo, Morita e Ferreira (2015), o licenciamento ambiental é
um dos instrumentos que compõem a Política Nacional do Meio Ambiente
praticada no Brasil desde 1981.
As licenças especiais podem ser solicitadas, além do motivo ambiental,
quando o município reserva uma área específica para o desenvolvimento de
determinadas atividades, como, por exemplo, uma área destinada especifica-
mente para as operações industriais.
Quando existe a restrição para o funcionamento de outras atividades que
não sejam aquelas estabelecidas na Lei de Zoneamento, cabe ao município
exigir a consulta prévia bem como a emissão de laudos, quando necessário,
que comprovem a adequação da entidade às condições preestabelecidas para
o seu funcionamento.
Outro motivo que pode gerar a necessidade de emissão de licenças
especiais é a questão da segurança quanto aos riscos à saúde, ou seja, cabe
ao município não autorizar o funcionamento de bares, boates, casas de show
(que possam gerar ruídos e/ou comportamentos prejudiciais à saúde física e
mental das pessoas), ou ainda centros de treinamento de tiros, manipulação
de produtos altamente tóxicos e explosivos (que possam gerar risco à integri-
dade física e à vida das pessoas).
Essas atividades requerem licenciamento especial e são restritas a áreas
que reduzam as chances de causarem danos ao ambiente e às pessoas, por
isso não são autorizadas a funcionarem em áreas residenciais ou muito
próximas dessas áreas.
Exemplificando
Cuidar da segurança das pessoas, quer seja no sentido da integridade
física, quer seja em relação aos riscos à sua sobrevivência, é função do
Estado, ou seja, é obrigação dos municípios enquanto esfera adminis-
trativa do poder público garantir a segurança oriunda das atividades
desenvolvidas pelas entidades no município.
Se, por exemplo, uma empresa de fabricação de fogos de artifício deseja
se estabelecer em um determinado município, ela deverá primeira-
45
mente solicitar a avaliação sobre a sua atividade bem como sobre o
local onde pretende se estabelecer.
No processo de consulta prévia se obterá a autorização prévia, que
serve como um aval do órgão público para que a indústria de fogos de
artifício possa dar andamento aos trâmites relacionados à sua consti-
tuição, registro e autorização de funcionamento.
46
Assimile
O IBAMA é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Suas
principais atribuições envolvem exercer o poder de polícia ambiental,
executar as ações derivadas das políticas públicas ambientais nacionais,
e executar, a título supletivo, ações de competência da União relacio-
nadas com a legislação ambiental.
47
Elaborar Elaborar Elaborar
Ata de Constituição ou Ata de
Fundação
Projeto de Estatuto Social (dis- Não existe um documento
cutido na reunião/ assembleia de constituição. Cadastro
Contrato Social
de fundação) diretamente no Portal do
Estatuto Social (aprovado Empreendedor.
na reunião/ assembleia de
fundação)
48
Reflita
Qual seria a finalidade do arquivamento dos atos constitutivos das
pessoas jurídicas independentemente a qual tipo de entidade se refira?
Seria esse um processo visando ao aumento da segurança jurídica?
49
também da não coincidência com outros nomes já registrados na
Junta Comercial. Esse processo é feito na Junta Comercial do estado e
possui formas e prazos que dependem de cada estado.
Uma vez de posse dessas confirmações é que se viabiliza a elaboração do
ato constitutivo, conforme apresentado nos parágrafos anteriores.
Uma vez vencida essa etapa, os próximos passos compreendem os regis-
tros nos órgãos arrecadadores municipais, estaduais e federal.
• Solicitação de registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas –
CNPJ. Objetiva o cadastramento da empresa junto à Receita Federal.
O CNPJ é como se fosse o CPF da pessoa jurídica. O pedido é feito de
forma online no sistema Coleta-Web. O documento adquirido junto
à Receita Federal é o cartão de CNPJ.
• Solicitação do alvará de funcionamento junto à prefeitura do
município, concomitantemente com o alvará do corpo de bombeiros
e a solicitação de vistoria da licença sanitária. Os formulários e
processos dependem de cada município. No município, a entidade
passa a contar com o número de inscrição municipal. Os documentos
adquiridos junto à Secretaria da Fazenda do Município são o alvará de
funcionamento, o alvará do corpo de bombeiros e a licença sanitária.
• Solicitação da inscrição estadual (exceto no caso de prestadoras de
serviços). É feito junto à Delegacia da Receita do Estado de cada
unidade federativa. Geralmente envolve uma operação online,
mas depende de cada estado. No estado, a empresa adquire a
Inscrição Estadual.
Sugere-se que os documentos derivados desses processos junto às esferas
municipal, estadual e federal sejam devidamente arquivados, devendo o
alvará de funcionamento, do corpo de bombeiros e da licença sanitária,
além do cartão do CNPJ, ficarem à disposição para efeitos de fiscalização dos
agentes públicos.
50
Exemplificando
Pode-se utilizar como exemplo o projeto de governo, em discussão no
ano de 2019, que trata de um pacote para fomento da atividade econô-
mica, e que, dentre outras medidas, prevê o fim da necessidade de
alvará para empresas que não ofereçam risco para a sociedade.
Conforme Uribe, Resende e Pupo (2019), a ideia do governo é diminuir a
burocracia e, como consequência, incentivar a economia.
51
representam um conjunto fundamental de conhecimentos que lhe ajudarão
a atender às demandas dos empreendedores que estejam abrindo novos
negócios ou, de outra forma, ampliando suas empresas preexistentes.
Você deve, no entanto, estar atento às constantes alterações na legislação
e na normatização relativas aos processos societários, principalmente porque
o Brasil conta com um volume significante de processos e burocracias que,
cedo ou tarde, tendem à simplificação em prol de uma economia mais ágil e
adaptativa sob a perspectiva empresarial.
Nesse sentido, continue firme nos seus estudos.
52
5. Inscrição no CNPJ junto à Receita Federal.
6. Inscrição na prefeitura (alvará de licença, licença sanitária e alvará do
corpo de bombeiros).
7. Inscrição do estado (exceto para prestadoras de serviços).
8. Verificação da necessidade de licenças especiais, como a ambiental.
Por exemplo, para uma empresa de curtume, haveria a necessidade de
uma licença ambiental. No caso da ferramentaria, não há essa neces-
sidade devido ao fato de envolver uma atividade comercial comum e
que não oferece risco ao meio ambiente.
Avançando na prática
Uma das demandas para que uma empresa possa operar legalmente é a da
licença ambiental em casos específicos.
As licenças ambientais são exigidas de empresas que sejam potencial-
mente poluidoras, e serve como uma forma de controle da atividade e do
impacto ambiental causado pela empresa.
É nesse sentido que aos sócios J. e K. resolveram consultar o contador
sobre os trâmites para a constituição de uma empresa de fabricação de
veneno contra insetos.
O desafio proposto pelos sócios ao contador é o de providenciar os
documentos e registros necessários para que eles possam atuar formalmente
com essa atividade.
Você deverá se colocar na posição do contador que está executando esse
processo para os sócios, ou seja, elabore para eles uma orientação em relação
à licença especial que deverá ser solicitada em função da atividade que eles
pretendem desenvolver.
Utilize como base o órgão de controle ambiental responsável pela licença
no seu estado, descrevendo o processo bem como demais informações que
possam ser relevantes para a solução do problema apresentado.
Você pode partir do pressuposto de que todos os demais processos
relacionados à constituição, registro e inscrições da empresa estão devida-
mente realizados, restando apenas o processo de licenciamento ambiental.
53
O conteúdo para você responder a essa situação problema pode ser
encontrado nesta seção, mas é interessante que você expanda a sua pesquisa,
principalmente no tocante ao acesso ao portal do órgão de licenciamento da
sua região. Portanto, mãos à obra.
Resolução da situação-problema
Para a solução desta situação, será utilizado o portal do Instituto de Meio
Ambiente do Mato Grosso Do Sul - IMASUL (MATO GROSSO DO SUL,
2019), responsável pela gestão das políticas relacionadas ao meio ambiente
no estado do Mato Grosso do Sul. Para o licenciamento ambiental, como
exemplo, será utilizado o processo disponível no portal do Licenciamento
Ambiental Municipal (SILAM) da cidade de Campo Grande/MS
(SEMADUR, 2019).
A solução desse caso passa, portanto, pela indicação de que a empresa que
pretende ser aberta necessita de uma licença ambiental em virtude do seu
ramo de atividade. A produção de veneno é considerada, segundo os órgãos
reguladores, como uma atividade potencial para gerar impacto negativo
ambiental, portanto, deve ter esse tipo de licença para operar.
Para a solicitação da licença ambiental no SILAM, pode-se recorrer a
um checklist disponível em sua página na internet, na aba Procedimentos
(SEMADUR, 2019).
Basta o preenchimento do requerimento online, impressão e assinatura
do representante legal para que o processo de licenciamento se inicie.
De posse do requerimento, deve ser procurada a Central de Atendimento
ao Cidadão (CAC) na sede da Prefeitura de Campo Grande, local no qual
será feita a orientação sobre documentação complementar e processos de
vistoria e comprovações necessários.
54
Analise as alternativas a seguir e escolha aquela que contém corretamente
um exemplo de pessoa jurídica que utiliza esse tipo de instrumento de
constituição.
Assinale a alternativa correta:
a. Sociedade Empresária de Responsabilidade Limitada.
b. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
c. Sociedade Anônima – S/A.
d. Microempresa Individual – MEI.
e. Sociedade empresária em comandita simples.
55
3. O processo de constituição de uma pessoa jurídica, bem como seu registro
nos órgãos competentes envolve uma série de etapas e processos.
Um desses processos se denomina de arquivamento do instrumento de
constituição.
Sobre esse processo são feitas duas afirmações, como segue:
I. Após o registro na Junta Comercial, a pessoa jurídica passa a contar
com um Número de Inscrição de Registro no Estado – NIRE, ou
II. Se o registro for feito em cartório, o número de registro recebe a
denominação de Inscrição Estadual.
Sobre essas afirmações, é correto dizer que:
a. As afirmações I e II são verdadeiras, sendo que a I complementa a II.
b. As afirmações I e II são falsas.
c. As afirmações I e II são verdadeiras, sendo que a II complementa a I.
d. As afirmações I e II são verdadeiras, porém não se relacionam entre si.
e. A afirmação I é verdadeira, porém a afirmação II é falsa.
56
Referências
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Manuais de Legislação Atlas, 12. ed. São
Paulo: Editora Atlas, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788522494736/pageid/4. Acesso em: 2 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código civil. 4. ed. Editoria Jurídica da Editora
Manole (Org.). Barueri, SP: Manole, 2018.
BRASIL. Lei n. 9.096, de 19 de setembro de 1995. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta
os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L9096compilado.htm. Acesso em: 26 jul. 2019.
BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB).Brasília, DF: Presidência da República, 1994. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm. Acesso em: 18 out. 2019.
BRASIL. Portal do Empreendedor – MEI. Governo Federal, c2019. Disponível em: http://www.
portaldoempreendedor.gov.br/. Acesso em: 11 ago. 2019.
BRASIL. Resolução CGSN nº 140, 22 de maio de 2018. Dispõe sobre o Regime Especial de
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PAIVA, J. P. L.; ÁLVARES, P. B. Registro civil de pessoas jurídicas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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URIBE, G.; RESENDE, T.; PUPO, F. Em evento de 200 dias, Bolsonaro lançará pacote de
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Acesso em: 11 ago. 2019.
VALENTINA, D. J., CORRÊA, S., R. D. Guia para abertura de empresas – aspectos tributários
e contábeis. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788597018738. Acesso em: 21 ago. 2019.
VALENTINA, D., J., CORRÊA, S. R. D. Guia para abertura de empresas – aspectos, tributários
e contábeis. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788597018738/epubcfi/6/10[;vnd.vst.idref=html5]!/4/2@0:0. Acesso em: 2 set. 2019.
Unidade 2
Régis Garcia
Convite ao estudo
Caro aluno, neste momento você passará a ter contato com conteúdos
fundamentais para o exercício da profissão contábil nos primeiros momentos
de vida de uma empresa.
Toda empresa, após ser constituída, começa a realizar algumas atividades
que resultarão nas primeiras movimentações em seu patrimônio. São ativi-
dades comuns a qualquer tipo de empresa. Seja uma sociedade empresária
por cotas de responsabilidade limitada, seja uma sociedade anônima, todas
elas iniciam suas operações a partir da subscrição e da integralização dos
capitais sociais.
Cabe ao contador, na condição de responsável pelo estudo, registro e
evidenciação patrimonial, identificar e registrar os fatos contábeis ocorridos
nessa fase da empresa, bem como elaborar o balanço para evidenciar a
situação financeira atualizada.
Espera-se que o profissional contábil possua as competências
necessárias para conhecer e desenvolver todo processo de registro
contábil dos fatos iniciais, das empresas e demais organizações,
reconhecendo os impactos dos fatos contábeis sobre seu patrimônio.
Nesse sentido, com base no estudo dos conteúdos desta unidade, você estará
habilitado para identificar e elaborar os principais livros contábeis e acessó-
rios, reconhecer os impactos dos fatos contábeis na situação líquida patrimo-
nial, elaborar o plano de contas e, principalmente, lançar os fatos iniciais das
pessoas jurídicas após a constituição destas.
Para desenvolver as competências e habilidades necessárias para o
exercício eficaz da atividade contábil nessa importante fase das empresas, com
base no estudo desta unidade, você terá contato com conteúdos relevantes e
fundamentais sobre o tema.
Na primeira seção, você conhecerá o conceito e as principais caracterís-
ticas do livro-diário e do livro-razão, ambos os quais são obrigatórios para a
escrituração contábil.
Na segunda seção, você conhecerá os livros fiscais obrigatórios, ou seja,
aqueles destinados ao registro das operações empresariais com impacto na
geração e no recolhimento de tributos.
Além dos livros contábeis e fiscais, você terá a oportunidade de, na
terceira seção, conhecer os livros e demais instrumentos de registros comer-
ciais e acessórios.
O conjunto dos conhecimentos apresentados nas respectivas seções
permitirá a compreensão da forma pela qual se dão os registros dos fatos
contábeis, bem como do controle dos tributos e das atividades comerciais
das empresas.
Vamos, então, começar nosso estudo!
Seção 1
Diálogo aberto
Os primeiros momentos de vida das empresas, logo após elas serem
constituídas, contemplam alguns fatos que afetam diretamente sua
situação patrimonial.
Com o objetivo de compreender o contexto no qual a contabilidade atua
durante esses primeiros momentos de vida da empresa, é que você, nesse
momento, deve se colocar na posição de um contador que está em meio aos
primeiros fatos contábeis, ocorridos depois da constituição de uma determi-
nada organização empresarial.
Você deverá realizar operações contábeis bem como elaborar sínteses
explicativas, visando atender aos interesses informacionais dos sócios da
empresa.
Como a contabilidade das entidades é fortemente regulamentada, alguns
detalhes importantes deverão ser explicados aos sócios. Sua explicação os
ajudará a compreender os livros e relatórios que você apresentará a eles na
reunião de prestação de contas envolvendo os primeiros registros contábeis
da empresa. Seu desafio será elaborar um relatório sintetizado com informa-
ções relevantes sobre os principais documentos utilizados pela contabilidade
para o registro e evidenciação das informações patrimoniais da empresa.
Você precisa realizar os registros dos fatos iniciais e demonstrar aos
sócios a situação patrimonial da empresa, após cada fato por você registrado.
O objetivo dessas etapas é desenvolver as competências necessárias para
você ser capaz de identificar e elaborar os principais livros contábeis e acessó-
rios, reconhecer os impactos dos fatos contábeis na situação líquida patrimo-
nial, elaborar o plano de contas, lançar os fatos iniciais da empresa e levantar
demonstrações a cada fato registrado pela contabilidade.
Considerando todas essas atividades, é possível se afirmar que a função
do contador, na assessoria das empresas desde seus primeiros momentos de
vida, é fundamental?
Certamente ela evita muitos problemas para empresários e empresas.
É nesse sentido que você está diante da primeira situação-problema
desta unidade. Ela envolve uma empresa recentemente constituída, cujos
sócios lhe contrataram para atuar como contador, e desse modo sua função
61
é assessorá-los no sentido de terem acesso a informações sempre atualizadas
sobre a situação patrimonial da empresa.
Ocorre que a contabilidade é fortemente regulamentada, portanto,
para que os sócios consigam interpretar adequadamente os relatórios que
você produzirá na sua atuação como contador, tornam-se primordiais
algumas explicações.
Seu desafio é elaborar uma síntese envolvendo os livros contábeis diário
e razão.
Na sua síntese, você deverá explicar aos sócios o que cada um desses livros
registra e dar algumas informações sobre as formalidades envolvendo esses
dois instrumentos contábeis. Elabore um exemplo de lançamento efetuado
em cada um desses livros, mantendo a correlação entre o que é registrado no
livro-diário e no livro-razão a partir da utilização do mesmo exemplo para
ambos os livros.
O conteúdo necessário para resolver a situação-problema apresentada
está disponível nesta mesma seção, e envolve o conceito e formalidades dos
livros contábeis, além de exemplos de lançamentos que neles são efetuados.
Depois de estudar os referidos conteúdos disponibilizados na seção, o
trabalho será com você. Muito sucesso na solução da situação-problema.
62
Esse sistema constitui-se de programas, ou módulos, que estão disponí-
veis para download no portal da Receita Federal do Brasil (RFB, 2019).
Esse é o caso da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), que visa à coleta de
informações fiscais das empresas e é gerenciado e controlado pela Receita
Federal do Brasil.
Dentro do mesmo sistema SPED há ainda a Escrituração Contábil Digital
(ECD), que visa à coleta de informações contábeis das empresas pela Receita
Federal do Brasil. Trata-se de um processo relacionado com a valorização dos
sistemas informatizados de contabilidade em detrimento de sistemas ultra-
passados de registro e controle.
Para Padoveze (2010), os sistemas de informações são os responsáveis pela
coleta, processamento e geração de informações no contexto das empresas.
Reflita
É justificável a exigência de que os registros contábeis devem estar
fundamentados em documentos comprobatórios fidedignos?
Exemplificando
Você pode consultar quais os sistemas que atualmente estão disponí-
veis para download e utilização a partir da consulta no portal da Receita
Federal do Brasil (RFB, 2019), no qual estão disponíveis os módulos:
63
• MDF-e – relaciona-se com documentos fiscais especiais.
• NFC-e – diz respeito às notas ficais ao consumidor.
• NF-e – trata-se da nota fiscal eletrônica.
• NFS-e – trata-se da nota fiscal eletrônica de serviços.
• Simplificação – projeto de desburocratização.
64
São consideradas formalidades extrínsecas:
• Possuir termos de abertura e encerramento.
• Ser encadernado com costura e ter com páginas
numeradas tipograficamente.
• Ser registrado em órgão competente.
• Conter as demonstrações contábeis obrigatórias.
São formalidades intrínsecas:
• Escrituração em idioma e moeda nacional.
• Páginas numeradas.
• Ordem cronológica.
• Não permitir rasuras ou entrelinhas.
A escrituração no diário, por sua vez, também está sujeita a formalidades.
Elas dizem respeito aos lançamentos que conforme Almeida (2016) repre-
sentam a primeira etapa a ser executada pela contabilidade a fim de possibi-
litar a geração de informações patrimoniais.
Vicenconti (2017) considera que o lançamento é uma técnica contábil
que deve ser realizada obedecendo algumas normas quanto ao seu conteúdo.
O lançamento deve conter:
• Local e data.
• Conta a ser debitada.
• Conta a ser creditada.
• Histórico.
• Valor.
Existem outras formalidades envolvendo o próprio livro-diário:
• A encadernação.
• Numeração das páginas.
• Termos de abertura e encerramento.
• Ordem de acordo com a estrutura do plano de contas.
65
Assimile
O histórico de um lançamento contábil deve ser capaz de representar
fidedignamente o fato contábil que está sendo contabilizado. A partir
da leitura do histórico no lançamento, o usuário da informação contábil
precisa identificar e compreender a movimentação patrimonial ou de
resultado da entidade, bem como ser capaz de checar a correção de
seu registro.
66
Assimile
O valor do capital a integralizar corresponde à parcela do capital social
que não foi integralizado pelos sócios. Vale destacar que a integralização
do capital deve estar prevista no instrumento de constituição da empresa.
É no instrumento de constituição que está definido, por exemplo, o prazo
que os sócios têm para integralizarem suas cotas de capital.
67
Quadro 2.4 | Balanço resumido após a integralização do capital
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Disponível Capital Social
Caixa R$ 60.000,00 Capital social R$ 120.000,00
(–)Capital a integralizar (R$ 60.000,00)
TOTAL DO ATIVO R$ 60.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 60.000,00
Fonte: elaborado pelo autor.
Reflita
Em qual aspecto o balanço patrimonial, levantado após os lançamentos
contábeis, contribui para o processo de decisão nas empresas?
68
• Livro de registro e emissão de documentos fiscais – no qual se
registra e se controla as notas fiscais emitidas pela empresa. Hoje é
feito eletronicamente.
• Livro de registro de Inventário – no qual se registra a apuração
dos saldos atualizados (inventariados) de estoques ao final de cada
exercício social.
• Livro de apuração do lucro real (LALUR) – no qual são registradas
as adições e exclusões no lucro contábil e apurado o Lucro Real
do período.
• Livro de movimentação de combustíveis – específico para empresas
do setor.
Todos os livros fiscais precisam estar em boa guarda e disponíveis para a
fiscalização sempre que forem solicitados.
69
As principais informações relacionadas ao registro de duplicatas são:
data da emissão, número da nota fiscal de origem do documento, número do
documento, informações do sacado e do sacador, valor, vencimento e data
do recebimento.
Já as empresas de armazéns gerais precisam manter, além do livro de
registro de duplicatas e demais livros obrigatórios, o livro de registro de
entradas e saídas de mercadorias.
Nesse livro são escrituradas as movimentações de mercadorias da
empresa. Esse processo também está informatizado atualmente.
No caso de empresas sociedades anônimas também são exigidos livros
específicos relacionados com as suas atividades deliberativas envolvendo a
assembleia dos acionistas.
São livros específicos das sociedades anônimas:
• Registro de ações nominais.
• Transferência de ações nominais.
• Registro de partes beneficiárias nominais.
• Atas das assembleias.
• Registro de presença dos acionistas nas assembleias.
• Atas relativas às reuniões de diretorias.
• Atas relativas às reuniões do conselho fiscal.
Existem livros utilizados pelas empresas que são considerados como
assessórios em relação ao processo contábil e fiscal de registro das operações.
Esses livros são conhecidos como auxiliares, pois representam infor-
mações que possibilitam o controle de movimentos específicos financeiros
da entidade.
São exemplos desses livros:
• Livro-caixa.
• Livro de contas correntes.
Exemplificando
Exemplo: o contador de uma determinada empresa atuante no ramo de
prestação de serviços está escriturando uma operação de recebimento
de uma duplicata de cliente. No livro-diário será feito o lançamento de
70
débito de caixa e crédito de duplicatas a receber, registrando a entrada
do dinheiro em caixa e dando baixa na duplicata.
71
As principais formalidades do livro são a encadernação, numeração das
páginas, termos de abertura e encerramento e ordem de acordo com a estru-
tura do plano de contas.
O livro-razão não necessita de registro em órgão competente.
Como exemplo de escrituração envolvendo os dois livros, você pode utilizar
o lançamento de subscrição do capital social da empresa. Para isso você descreve
o fato e estipula um valor para o capital, por exemplo, de R$ 100.000,00.
Como ficaria o lançamento no diário? Veja o Quadro 2.5.
Quadro 2.5 | Lançamento da subscrição do capital
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Capital a integralizar
Conta creditada: Capital Social
72
Avançando na prática
73
Resolução da situação-problema
O primeiro passo para a solução da situação-problema apresentada é
reconhecer que o relatório apresentado pelos sócios diz respeito ao livro-
-razão, ou seja, a individualização da movimentação por conta contábil.
Em um segundo momento é importante salientar que os saldos de R$
250.000,00 devedor na conta Capital a Integralizar e credor na conta Capital
Social dizem respeito ao lançamento anterior de subscrição de capital, assim
como apresentado no enunciado da situação-problema.
Resta, portanto, explicar porque há um débito na conta de Bancos conta
Movimento de R$ 150.000,00 com um crédito correspondente e do mesmo
valor na conta Capital a Integralizar.
A partir da análise desse lançamento em ambas as contas é possível
verificar que se trata da integralização de R$ 150.000,00 (por isso o crédito na
conta Capital a Integralizar) em dinheiro (por isso o débito na conta Bancos
conta Movimento).
74
2. Além dos livros contábeis e livros fiscais, as organizações precisam
manter escriturados e em boa guarda outros livros que são conhecidos como
auxiliares ou assessórios.
A seguir são apresentados alguns desses livros:
I. Registro de ações nominais.
II. Transferência de ações nominais.
III. Registro de partes beneficiárias nominais.
IV. Livro-caixa.
Considerando as características das organizações, é correto dizer que, para as
Sociedades Anônimas (SAs), deverão ser escriturados os livros que constam
nos itens:
a. I e IV, apenas.
b. I, II e IV, apenas.
c. I, II e III, apenas.
d. II, III e IV, apenas.
e. I, II, III e IV.
75
Seção 2
Diálogo aberto
Caro aluno, você certamente tem contato com várias empresas em seu
cotidiano.
As empresas, independentemente do ramo em que atuam, possuem lança-
mentos contábeis em comum, ou seja, alguns eventos se repetem, mesmo em
empresas de diferentes atividades.
Conhecer os principais fatos contábeis é importante, porém igualmente
importante é saber os impactos que os fatos contábeis causam sobre o patri-
mônio das entidades.
Visando o aprendizado desses conteúdos, considere que você está diante
de mais um desafio. Ela envolve o registro dos fatos contábeis ocorridos nos
primeiros momentos de existência da empresa, logo após a sua constituição.
Na condição de contador, sua função é registrar os fatos contá-
beis envolvendo:
1. Subscrição do capital social da empresa, cujo valor é de R$ 500.000,00.
2. Integralização parcial do capital social da empresa sendo: R$
200.000,00 em dinheiro, depositados na conta bancária da empresa.
Outros R$ 50.000,00 pela entrega de móveis e utensílios por um dos
sócios, e outros R$ 100.000,00 pela entrega de máquinas e equipa-
mentos por outro sócio.
Seu desafio envolve a execução desses lançamentos contábeis por meio do
registro no livro-diário e no livro-razão, e a elaboração do balanço patrimo-
nial evidenciando a situação patrimonial após o registro desses fatos. Com
isso será possível observar o impacto desses lançamentos sobre a situação
patrimonial da empresa.
Ambas as atividades deverão resultar em relatórios contábeis, seguindo o
padrão determinado pela legislação vigente, em especial as normas contábeis.
Para tanto, você poderá recorrer aos conteúdos apresentados nesta seção,
os quais envolvem os lançamentos dos primeiros fatos contábeis das empresas
bem como a elaboração do balanço patrimonial após esses registros.
É importante que você estude os conteúdos da unidade e, a partir do
aprendizado adquirido, resolva a situação problema. Bom trabalho.
76
Não pode faltar
77
Figura 2.1 | Elementos fundamentais para o registro dos fatos contábeis
Fatos permutativos
A classificação dos fatos como permutativos, segundo Padoveze (2010),
se dá em função do impacto causado pelo evento contábil registrado pela
contabilidade sobre a situação líquida da entidade.
Em parágrafos anteriores foram mencionadas as modificações quantita-
tivas e qualitativas no patrimônio das entidades, portanto alguns esclareci-
mentos são importantes.
Os aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio não estão relacio-
nados exclusivamente à situação líquida, ou seja, envolvem todo o patrimônio.
Quando uma conta, isoladamente, sofre alteração em seu saldo, houve ali
uma modificação quantitativa. Ao mesmo tempo, houve uma modificação
qualitativa na estrutura patrimonial.
Ocorre, porém, que a classificação dos fatos como permutativos e modifi-
cativos está relacionada à afetação da situação líquida da entidade. Dessa
forma, os fatos permutativos são aqueles que podem alterar qualitativamente
a estrutura patrimonial, e até mesmo quantitativamente algumas contas,
subgrupos e grupos. Porém, esses fatos não modificam a situação líquida
da entidade.
Conforme Padoveze (2018), os fatos são permutativos quando não
alteram a situação financeira do patrimônio líquido da entidade.
78
Reflita
Sendo o fato permutativo algo que não altera financeiramente o patri-
mônio líquido da entidade, por não envolver contas de resultado,
deveriam esses fatos serem registrados pela contabilidade?
Exemplificando
Para a exemplificação dos fatos permutativos, pode-se recorrer aos
lançamentos relativos às primeiras operações que uma empresa
executa em termos contábeis: a subscrição do capital social.
LIVRO-DIÁRIO
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Capital a integralizar
Conta creditada: Capital Social
[...]
79
LIVRO-RAZÃO
[...]
Capital a integralizar Capital social
Débito Crédito Débito Crédito
360.000,00 360.000,00
[...]
Fatos modificativos
Considera-se que as modificações envolvendo a situação líquida, aumen-
tando ou diminuindo o valor do patrimônio líquido, envolvem os fatos
contábeis denominados modificativos.
Esses fatos são assim denominados porque envolvem eventos que alteram
(modificam) a situação líquida patrimonial. Conforme Padoveze (2018),
os fatos são modificativos quando alteram a situação financeira do patri-
mônio líquido.
Sob essa perspectiva, um evento contábil que envolva uma receita, por
exemplo, é classificado como um fato modificativo, uma vez que a receita
gera uma modificação positiva na situação líquida da entidade após o seu
registro pela contabilidade.
80
No sentido contrário, se um determinado evento envolve o lançamento
do custo de uma venda, ou seja, ao se fazer a baixa do estoque da mercadoria
vendida, novamente está ocorrendo um fato modificativo, porém, nesse caso,
com efeito negativo sobre a situação líquida da entidade.
O mesmo ocorre quando se registra uma despesa, como é o caso do
pagamento de energia elétrica, por exemplo. Haverá, nesse caso, a redução
da situação líquida patrimonial.
Fatos mistos
Assim como se destacou nos parágrafos anteriores, a análise patrimo-
nial envolve tanto os aspectos qualitativos como os aspectos quantitativos.
Às vezes, um determinado fato contábil afeta tanto a situação líquida como,
simultaneamente, representa a permuta de valores entre contas patrimoniais.
Esses casos recebem a classificação de fatos mistos.
É nesse sentido que, segundo Greco e Arend (2013), os fatos mistos
causam ao mesmo tempo modificações patrimoniais (fatos modificativos) e
permutas sem efeito sobre a situação líquida da entidade (fatos permutativos).
De forma resumida, a classificação dos fatos contábeis leva em conside-
ração os aspectos qualitativos e quantitativos patrimoniais, porém a diferen-
ciação para a classificação se dá pela modificação quantitativa na situação
líquida da entidade.
A Figura 2.2 ilustra as três classificações
81
Com base no fluxograma de classificação dos fatos contábeis apresentado
na Figura 2.2, é possível observar que, quando um fato contábil é híbrido –
ou seja, quando ao mesmo tempo implica permuta e modificação da Situação
Líquida –, ele é classificado como fato contábil misto.
Assimile
São considerados significativos os negócios e eventos que influen-
ciaram ou poderão influenciar de forma significante os resultados ou a
situação financeira patrimonial da entidade. Assemelha-se ao conceito
de relevância, ou seja, envolvem fenômenos e elementos que influen-
ciaram ou podem influenciar nas decisões organizacionais.
82
• Informações adicionais não presentes nas demonstrações financeiras.
• Indicar os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais.
Reflita
É justificável a exigência legal - conforme Lei n. 6.404/1976 - de
informar ao usuário da informação contábil os critérios de mensuração
e avaliação dos elementos patrimoniais por meio de notas explicativas?
Assimile
A Lei n. 6.404/1976 é considerada a principal Lei de regulamentação
das empresas constituídas sob a forma de Sociedades Anônimas, porém
sua aplicação é mais ampla, podendo regular, principalmente sob a
perspectiva contábil, empresas com outras formas societárias. Geral-
mente quando não existem leis específicas para um determinado tipo
de sociedade, como é o caso das Sociedades Empresárias de Responsa-
bilidade Limitada – LTDA, as regras legais constantes da Lei das SAs são
aplicáveis a essas empresas. Exceto em assuntos específicos das socie-
dades anônimas.
83
Exemplificando
Para exemplificar o conteúdo da nota explicativa, pode-se recorrer às
informações relacionadas com a base para a preparação e apresentação
das demonstrações financeiras.
84
A solução aqui envolverá três etapas, conforme descrito a seguir:
Na etapa 1 você deverá demonstrar como ficam os lançamentos solici-
tados no livro-diário.
Para isso, utilize o modelo de lançamento padrão, conforme o método
das partidas dobradas, e respeitando os elementos obrigatórios para um
lançamento contábil.
Esses lançamentos ficarão conforme segue:
LIVRO-DIÁRIO
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ”. Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Capital a integralizar
Conta creditada: Capital Social
[...]
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ”. Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Caixa
Conta creditada: Capital a Integralizar
[...]
85
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Móveis e Utensílios
Conta creditada: Capital a Integralizar
[...]
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Máquinas e Equipamentos
Conta creditada: Capital a Integralizar
[...]
86
Essas razões resumidas ficarão conforme segue:
LIVRO-RAZÃO
[...]
Capital a integralizar Capital social
Débito Crédito Débito Crédito
500.000,00¹ 200.000,00² 500.000,00¹
50.000,00³
100.000.004
500.000.00 350.000,00
150.000,00
[...]
[...]
Caixa Móveis e Utensílios
Débito Crédito Débito Crédito
200.000,00² 50.000,00³
[...]
[...]
Máquinas e Equipamentos
Débito Crédito
100.000,004
[...]
87
A partir da solução da situação problema apresentada é possível
compreender que a contabilidade é realizada em ciclos: coleta de dados,
registro dos fatos contábeis, processamento dos lançamentos e elaboração
das demonstrações.
Na sua realidade profissional você terá contato com inúmeros fatos contá-
beis que demandarão a execução atenta de todos esses processos.
Avançando na prática
88
Resolução da situação-problema
Na situação problema você foi desafiado a efetuar o registro de dois fatos
contábeis: um de compra e outro de venda de mercadorias.
Você foi convidado a apresentar o livro-diário contemplando o registro
desses dois fatos bem como o balanço patrimonial atualizado, após os respec-
tivos lançamentos.
Para solucionar a SP, você deve utilizar os modelos de diário e de balanço
apresentados na seção, portanto realize os passos descritos a seguir:
1. Elabore o livro-diário contemplando os dois lançamentos.
LIVRO-DIÁRIO
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Estoque de mercadorias
Conta creditada: Fornecedores
[...]
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Clientes
Conta creditada: Venda de mercadorias
[...]
[...]
Cidade “X”, UF “ZZ” Data xx/xx/xxxx.
Conta debitada: Custo das mercadorias vendidas
Conta creditada: Estoque de mercadorias
[...]
89
2. Logo após efetuar os lançamentos referentes à compra, à venda e à
baixa dos estoques vendidos, você deve atualizar o balanço patrimo-
nial e apresentá-lo como segue:
BALANÇO PATRIMONIAL Empresa 4A levantado em xx/xx/xxxx.
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE 132.000,00 CIRCULANTE 20.000,00
Disponível 100.000,00 Fornecedores 20.000,00
Caixa 100.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 112.000,00
Créditos a receber 32.000,00 Capital Social 100.000,00
Clientes 32.000,00 Capital subscrito 100.000,00
Resultados correntes 12.000,00
Resultado corrente 12.000,00
ATIVO TOTAL 132.000,00 PASSIVO TOTAL + PL 132.000,00
90
c. II e III, apenas.
d. I, II e III.
e. I e II, apenas.
91
Seção 3
Diálogo aberto
Caro aluno, se você observar ao seu redor, certamente perceberá que
existe uma infinidade de bens de uso com os quais lidamos cotidianamente,
você concorda?
São veículos, móveis, a própria roupa etc. que representam parte do
patrimônio de pessoas e organizações e que estão à disposição para satisfazer
alguma necessidade humana.
Como a contabilidade é responsável pelo controle patrimonial das
organizações, esses e outros elementos patrimoniais são registrados e contro-
lados por meio de uma estrutura denominada patrimonial. É com base nessa
estrutura que o responsável pela contabilidade elabora o plano de contas, as
demonstrações financeiras e escritura os fatos contábeis. Você reconhece a
importância destes registros para os usuários da informação contábil?
Agora, você será responsável pelo registro do plano de contas, elabo-
ração dos relatórios e demonstração financeiras. Diante disso, sua atividade
envolve a elaboração de um exemplo do plano de contas, de forma que os
sócios possam entender os principais grupos, subgrupos e contas utilizados
para estruturar o patrimônio e evidenciar a situação econômica e financeira
da empresa.
O objetivo aqui é destacar os principais grupos e subgrupos, apresentados
nesse exemplo, obrigatórios, segundo a legislação, e indicar uma única conta
dentro de cada um deles.
Para se orientar você contará com os conteúdos envolvendo os conceitos
e a estrutura do plano de contas, conhecimento da estrutura patrimo-
nial (ativo, passivo e patrimônio líquido) e de resultado (receitas, custos e
despesas), além da aplicação dessa estrutura no processo de elaboração do
plano de contas a ser utilizado pela contabilidade para o registro dos fatos
contábeis, além dos exemplos trazidos no decorrer desta seção.
92
Não pode faltar
93
Figura 2.3 | Estrutura patrimonial do ativo
Assimile
A padronização da estrutura patrimonial visa permitir a comparabilidade
das demonstrações contábeis, tanto entre empresas diferentes como
entre as demonstrações de períodos anteriores de uma mesma empresa.
94
maioria das vezes, fatos permutativos que não afetam o valor da situação
líquida patrimonial.
Mesmo assim, todos os fatos envolvendo essas contas devem ser regis-
trados pela contabilidade e todas as contas terão seus saldos atualizados a
cada nova operação.
A técnica de balanços sucessivos contribui para compreender
esta movimentação.
Exemplificando
Quando uma organização executa um fato permutativo envolvendo
contas do ativo e passivo, o valor patrimonial não se altera, porém isso
não impede que seja feito o registro e tampouco a demonstração da
alteração na estrutura patrimonial da entidade.
BALANÇO 1
ATIVO PASSIVO
CAIXA R$ 100.000,00
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
CAPITAL SOCIAL R$ 100.000,00
TOTAL DO
R$ 100.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 100.000,00
ATIVO
95
BALANÇO 2
ATIVO PASSIVO
CAIXA R$ 80.000,00
PATRIMÔNIO
ESTOQUES R$ 20.000,00
LÍQUIDO
CAPITAL SOCIAL R$ 100.000,00
TOTAL DO
R$ 100.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 100.000,00
ATIVO
Assimile
Passivo em termos didáticos também é conhecido como a parte negativa
do patrimônio. Essa concepção está relacionada à equação patrimonial
pela qual o Patrimônio Líquido = ATIVO (-) PASSIVO.
96
Figura 2.4| Estrutura patrimonial do passivo
97
Exemplificando
Quando há um fato que envolve qualquer uma das contas classificadas
como de resultado: receitas, custos e despesas, haverá alteração no
valor do patrimônio líquido. Isso explica a necessidade de que também
as contas de resultado estejam devidamente estruturadas. Elas possuem
relação com as contas patrimoniais.
BALANÇO 2
ATIVO PASSIVO
CAIXA R$ 80.000,00
PATRIMÔNIO
ESTOQUES R$ 20.000,00
LÍQUIDO
CAPITAL SOCIAL R$ 100.000,00
TOTAL DO
R$ 100.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 100.000,00
ATIVO
BALANÇO 3
ATIVO PASSIVO
CAIXA R$ 80.000,00 FINANCIAMENTOS R$ 15.000,00
PATRIMÔNIO
ESTOQUES R$ 20.000,00
LÍQUIDO
VEÍCULOS R$ 15.000,00 CAPITAL SOCIAL R$ 100.000,00
TOTAL DO
R$ 115.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 115.000,00
ATIVO
98
BALANÇO 4
ATIVO PASSIVO
CAIXA R$ 95.000,00 FINANCIAMENTOS R$ 15.000,00
PATRIMÔNIO
ESTOQUES R$ 10.000,00
LÍQUIDO
VEÍCULOS R$ 15.000,00 CAPITAL SOCIAL R$ 100.000,00
RESULTADO
CORRENTE R$ 5.000,00
(VENDA)
TOTAL DO
R$ 120.000,00 TOTAL DO PASSIVO R$ 120.000,00
ATIVO
Reflita
O patrimônio líquido pode ser considerado como um dos principais, se
não o principal, grupo de contas patrimoniais? Por que ele interessa
tanto aos sócios e acionistas das organizações?
99
Estrutura de resultado: grupos, subgrupos e contas.
O resultado gerado pela entidade, conforme Padoveze (2010), é eviden-
ciado por meio da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE, sendo
que sua estrutura visa explicar ao usuário da informação contábil como a
entidade chegou ao lucro ou ao prejuízo obtido no período.
Como a função da contabilidade é o controle patrimonial, cabe a ela
evidenciar a eficácia operacional da entidade por meio da evidenciação dos
resultados por ela gerados.
Reflita
Você concorda que a contabilidade possui uma função social impor-
tante? Como seria possível saber, por exemplo, se a economia de um
país cresceu, manteve-se inalterada ou decresceu, se a contabilidade
não controlasse a geração de riquezas pelas organizações?
100
Elaboração e manutenção do plano de contas
Depois de conhecidas as estruturas do ativo, passivo, patrimônio líquido
e de resultado, torna-se possível a elaboração do plano de contas.
O plano de contas é uma relação ordenada e estruturada, conforme
destacam Padoveze (2010) e Viceconti (2017), cujos objetivos podem ser
resumidos em:
• Manter o rol de contas contábeis atualizado e disponível para o
registro adequado dos fatos contábeis ocorridos a partir da operação
da entidade.
• Permitir o estabelecimento de padrões aplicáveis a empresas que
possuam a necessidade de consolidação de informações, como é o
caso daquelas que pertencem ao mesmo grupo econômico.
O lançamento contábil, por exemplo, é feito a partir dos códigos de cada
conta conforme determinado pelo plano de contas da entidade.
Assimile
A codificação existente no plano de contas serve para indicar o grupo,
o subgrupo, a conta sintética e a conta analítica de forma estruturada.
Por meio do código das contas são feitos os lançamentos nos sistemas
informatizados de contabilidade.
101
• Contas sintéticas.
• Contas analíticas.
Os grupos principais, grupos secundários e os subgrupos, conforme
explica Greco e Arend (2016), são: estrutura do ativo; estrutura do passivo; e
estrutura de resultado.
As contas sintéticas são aquelas que congregam as contas analíticas, ou
seja, as contas que especificam cada unidade de registro dentro da estrutura
do plano de contas.
Nas contas analíticas são efetuados os registros dos fatos contábeis.
Exemplificando
Como não existe um plano de contas que sirva para todos os tipos de
empresa, ou seja, cada empresa analisa as contas que melhor repre-
sentem sua situação patrimonial e de resultado, é importante que se
conheça mais de um tipo de plano de contas.
1. Ativo
1.1 Ativo Circulante
1.1.01 Disponível
1.1.01.010 Caixa
1.1.01.010.0001 Caixa
1.1.02 Direitos
1.1.02.010 Direitos clientes
1.1.02.010.0001 Duplicatas a Receber – varejistas nacionais
1.1.03 Estoque
1.1.03.010 Matéria prima
1.1.03.010.0001 Matéria prima – S
1.1.03.011 Produtos em elaboração
1.1.03.011.0001 Produto - G
1.1.03.012 Produtos acabados
1.1.03.012.0001 Produto - G
1.2 Ativo Não Circulante
1.2.01 Realizável a Longo Prazo
1.2.01.010 Empréstimos a Receber
1.2.01.010.0001 Títulos a Receber
1.3.02 Imobilizado
102
1.3.02.010 Imobilizado
1.3.02.010.0001 Máquinas e equipamentos industriais
1.3.02.010.0008 Ferramentas e assessórios industriais
1.3.02.030 (-) Depreciações Acumuladas
1.3.02.030.0007 (-) Deprec. Acum. Máq. equip. industriais.
1.3.02.030.0008 (-) Deprec. Acum. Ferram. Assess. industriais.
2. Passivo
2.1 Passivo Circulante
2.1.01 Fornecedores de matéria prima
2.1.01.010 Fornecedores de matéria prima
2.1.01.010.0001 Fornecedor “M”
2.2 Passivo Não Circulante
2.2.01 Obrigações a Pagar
2.2.01.010 Empréstimos e Financiamentos
2.2.01.010.0001 Financiamentos “BNDES”
2.4 Patrimônio Líquido
2.4.01 Capital Social
2.4.01.010 Capital Subscrito
2.4.01.020 Capital a Integralizar
2.4.02 Reservas
2.4.02.010 Reservas de Capital
2.4.02.020 Reservas de Lucros
2.4.03 Prejuízos Acumulados
2.4.03.010 Prejuízos Acumulados
3. Receitas
3.1 Receitas
3.1.01 Receitas c/ vendas
3.1.01.010 Venda de produtos
3.1.01.010.0001 Vendas do produto G
5. Despesas
5.1 Despesas Operacionais
5.1.01 Despesas com vendas
5.1.01.010 Despesas com pessoal de vendas
5.1.01.010.0001 Comissões e encargos
103
6. Resultado do Exercício
6.1 Resultado do Exercício
6.1.01 Resultado do Exercício
6.1.01.010 Resultado do Exercício
6.1.01.010.0001 Prejuízo
6.1.01.010.0002 Lucro
104
Para ficar mais claro esta demanda, será elaborado um exemplo de plano
de contas utilizando uma empresa comercial como base.
A seguir estão apresentadas a estrutura e alguns exemplos de contas que
devem fazer parte de cada grupo ou subgrupo patrimonial ou de resultado.
Você deve pesquisar modelos de plano de contas. Há uma infinidade de
exemplos disponíveis na internet que podem lhe servir de base.
Plano de contas – empresa industrial – P
1. Ativo
1.1 Ativo Circulante
1.1.01 Disponível
1.1.01.010 Caixa
1.1.01.010.0001 Caixa
1.1.02 Direitos
1.1.02.010 Direitos clientes
1.1.02.010.0001 Duplicatas a Receber – varejistas nacionais
1.1.03 Estoque
1.1.03.010 Matéria prima
1.1.03.010.0001 Matéria prima – S
1.1.03.011 Produtos em elaboração
1.1.03.011.0001 Produto - G
1.1.03.012 Produtos acabados
1.1.03.012.0001 Produto - G
1.2 Ativo Não Circulante
1.2.01 Realizável a Longo Prazo
1.2.01.010 Empréstimos a Receber
1.2.01.010.0001 Títulos a Receber
1.3.02 Imobilizado
1.3.02.010 Imobilizado
1.3.02.010.0001 Máquinas e equipamentos industriais
1.3.02.010.0008 Ferramentas e assessórios industriais
1.3.02.030 (-) Depreciações Acumuladas
1.3.02.030.0007 (-) Deprec. Acum. Máq. equip. industriais.
1.3.02.030.0008 (-) Deprec. Acum. Ferram. Assess. industriais.
2. Passivo
2.1 Passivo Circulante
2.1.01 Fornecedores de matéria prima
2.1.01.010 Fornecedores de matéria prima
2.1.01.010.0001 Fornecedor “M”
2.2 Passivo Não Circulante
105
2.2.01 Obrigações a Pagar
2.2.01.010 Empréstimos e Financiamentos
2.2.01.010.0001 Financiamentos “BNDES”
2.4 Patrimônio Líquido
2.4.01 Capital Social
2.4.01.010 Capital Subscrito
2.4.01.020 Capital a Integralizar
2.4.02 Reservas
2.4.02.010 Reservas de Capital
2.4.02.020 Reservas de Lucros
2.4.03 Prejuízos Acumulados
2.4.03.010 Prejuízos Acumulados
3. Receitas
3.1 Receitas
3.1.01 Receitas c/ vendas
3.1.01.010 Venda de produtos
3.1.01.010.0001 Vendas do produto G
5. Despesas
5.1 Despesas Operacionais
5.1.01 Despesas com vendas
5.1.01.010 Despesas com pessoal de vendas
5.1.01.010.0001 Comissões e encargos
6. Resultado do Exercício
6.1 Resultado do Exercício
6.1.01 Resultado do Exercício
6.1.01.010 Resultado do Exercício
6.1.01.010.0001 Prejuízo
6.1.01.010.0002 Lucro
106
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Seu desafio aqui é o de apresentar um exemplo de plano de contas, relativo
às contas de resultado, de uma empresa de serviços hospitalares. Vamos lá!
Sugerimos que seja exemplificado um plano de contas de um hospital.
Aqui a primeira coisa a fazer é listar os grupos, subgrupos e contas
relativas à apuração de resultados de um hospital.
Para isso você precisa desenvolver uma pesquisa junto a um hospital de
sua cidade, falando com o contador para saber quais as contas principais que
devem constar como contas de resultado nesse plano de contas. Anote as
principais receitas, custos e despesas e elabore um plano de contas resumido.
Você não deve se esquecer de indicar os códigos dessas contas, pois são
eles que definem a qual grupo, e a qual nível a conta se refere dentro da estru-
tura de resultado.
107
Faça valer a pena
108
Sobre esse assunto, podem ser feitas duas afirmações:
I. Não pode haver no balanço patrimonial a acumulação de lucros por
meio do uso da conta lucros acumulados;
PORQUE
II. A legislação que trata do assunto está protegendo a entidade em
detrimento dos acionistas minoritários.
Analisando ambas as afirmações, pode-se dizer que:
a. Apenas a afirmativa I está correta.
b. Apenas a afirmativa II está correta.
c. As afirmativas I e a II estão corretas, e a II justifica a I.
d. As afirmativas I e a II estão incorretas.
e. As afirmativas I e II estão corretas, mas a II não justifica a I.
109
Referências
BRASIL. Lei 6.404/1976. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Brasília: Casa Civil [1976].
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 8
set. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União - Seção 1 - Edição
Extra - 28/12/2007, Página 2. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Lei/L11638.htm. Acesso em: 2 out. 2019. 02/10/2019.
BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília: Casa Civil [2009]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm. Acesso em: 10 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.808, de 15 de janeiro de 2019. Brasília: Casa Civil [2019]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13808.htm. Acesso em: 2
out. 2019.
GRECO, A. L.; AREND, L. R. Contabilidade: teoria e prática básicas. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
RFB – Receita Federal do Brasil. Sistema de Escrituração Digital – SPED. Disponível em:
http://sped.rfb.gov.br/. Acesso em: 1 set. 2019.
Convite ao estudo
Olá, caro aluno, seja bem-vindo. Nesta unidade você terá contato com os
principais fatos ocorridos após o início da atividade empresarial.
Você provavelmente já realizou ou teve contato com as questões que
serão abordadas na unidade, seja na condição de consumidor ou, até mesmo,
no exercício de sua atividade profissional. Elas envolvem fatos comuns a
todo tipo de empresa, tais como compras e vendas de produtos, mercado-
rias e serviços, realização de custos e despesas, além das aquisições de ativos
imobilizados e de investimento, por exemplo, veículos e terrenos.
O profissional contábil precisa saber reconhecer e registrar esses fatos.
Além disso, a partir dos respectivos registros, o contador deve ser capaz de
elaborar as principais demonstrações financeiras da entidade. Ele também
deve conhecer e saber elaborar o instrumento auxiliar denominado balancete
de verificação.
Você estudará, portanto, os conteúdos necessários para que esteja prepa-
rado para executar os processos contábeis de registro e evidenciação dos princi-
pais fatos ocorridos a partir do desenvolvimento operacional de uma empresa.
Na primeira seção, você conhecerá os fatos relacionados aos processos
de compras e vendas envolvendo operações industriais, comerciais e de
prestação de serviços.
Na segunda seção, você conhecerá os fatos relativos aos custos e despesas.
Já na última seção, você conhecerá as operações de aquisição de ativos
não circulantes, como investimentos e imobilizações.
Aproveite bem a oportunidade de praticar os processos contábeis, pois
eles são fundamentais para que o profissional contábil execute de forma
eficaz a sua função de controle e evidenciação da situação econômica e finan-
ceira patrimonial e de resultado das entidades.
Seção 1
Diálogo aberto
Nesta seção você terá contato com a prática contábil de registro dos fatos
e elaboração das demonstrações financeiras.
Com o objetivo de praticar os conteúdos teóricos abordados nesta
unidade, você foi convidado a exercer a atividade de contador assistente,
registrando e evidenciando os fatos operacionais de uma pessoa jurídica
(uma empresa).
Considere que você foi contratado pela empresa SJ do ramo varejista
que atua no ramo de indústria, comércio e serviços relacionados a produtos
de semijoias.
Essa empresa é tributada pelo lucro real, portanto, a tributação de PIS e
COFINS utilizará o método não cumulativo desses tributos.
A empresa iniciou suas atividades recentemente e já possui os fatos
iniciais registrados pela contabilidade. No momento estão acontecendo
outros fatos relacionados às suas três atividades: indústria, comércio e
prestação de serviços.
A partir da listagem de alguns fatos operacionais envolvendo compras e
vendas, custos e despesas, além de operações com ativos e passivos não circu-
lantes, você terá a oportunidade de executar o processo contábil de forma
que sejam geradas informações úteis para os usuários.
Como você pôde observar, seu desafio contempla uma atividade primor-
dial relacionada ao exercício da contabilidade, ou seja, a escrituração dos
fatos contábeis.
Considere nesse primeiro momento, portanto, que você – contratado
da empresa SJ que está em plena operação – está diante dos primeiros fatos
contábeis a serem registrados.
O registro desses fatos permitirá a elaboração do balancete de verificação
que evidenciará a situação das contas contábeis da entidade por meio dos
seus saldos atualizados.
Agora é o momento de você conhecer os fatos relativos a compras e vendas
que ocorreram no mês de março/X1. Eles estão listados no Quadro 3.1.
112
Quadro 3.1 | Fatos contábeis de compras e vendas
Nº DATA HISTÓRICO VALOR
Compra de 100 unidades de matéria-prima Z, NF
1 01/03/x1 00010, a prazo, fornecedor Comercial C LTDA. IPI 5.500,00
500,00; ICMS 12%; PIS 1,65%; COFINS 7,6%.
Compra de 50 unidades de mercadoria K, NF 00020, a
2 02/03/x1 prazo, fornecedor Comercial H LTDA. ICMS 12%; PIS 4.600,00
1,65%; COFINS 7,6%.
Compra de 200 unidades de insumos T, NF 00040, a
3 03/03/x1 3.600,00
prazo, fornecedor Comercial S LTDA.
Venda de 100 unidades de produtos L, NF 000100, a
4 04/03/x1 prazo, cliente G Varejista Ltda. IPI 1.800,00; ICMS 12%; 18.000,00
PIS 1,65%; COFINS 7,6%.
Baixa do custo dos produtos vendidos nesta data, con-
4.5 04/03/x1 12.000,00
forme NF 000100.
Venda de 100 unidades de mercadoria K, NF 000101,
5 05/03/x1 a prazo, cliente Prestadora de Serviços A Ltda. ICMS 12.316,50
12%; PIS 1,65%; COFINS 7,6%.
Baixa do custo das mercadorias vendidas nesta data,
5.4 05/03/x1 4.600,00
conforme NF 000101.
113
Estoque de insumos - T 18.000,00
Máquinas e equipamentos 120.000,00
Móveis e utensílios 62.000,00
(-) Depreciação acumulada 18.200,00
Fornecedores 127.260,00
IPI a recolher 5.400,00
ICMS a recolher 9.792,00
PIS a recolher 1.346,40
COFINS a recolher 6.201,60
ISSQN a recolher 1.800,00
Empréstimos e financiamentos 116.800,00
Capital social 224.000,00
Venda de produtos 54.000,00
Venda de mercadorias 27.600,00
Prestação de serviços 36.000,00
ICMS sobre vendas 9.792,00
PIS sobre vendas 1.346,40
COFINS sobre vendas 6.201,60
ISSQN sobre vendas 1.800,00
Custo dos produtos vendidos 36.000,00
Custo das mercadorias vendidas 16.235,29
Custo dos serviços prestados 18.000,00
Despesas operacionais 15.233,84
TOTAIS 628.400,00 628.400,00
114
Depois de terem sido efetuados os lançamentos contábeis no livro-diário,
contemplando o local e a data, a conta devedora e a conta credora, além do
histórico e do valor, são atualizados, então, os saldos das contas no livro-
-razão da empresa.
É no livro-razão que são individualizados os lançamentos em cada conta,
apresentando seus saldos anteriores, os débitos e os créditos, além do saldo
atual de cada uma delas.
Assimile
A escrituração é a base para o levantamento das demonstrações finan-
ceiras, portanto, ela está relacionada à finalidade da ciência contábil,
uma vez que ela está voltada para o controle e evidenciação da situação
patrimonial e de resultado.
115
Já as empresas comerciais possuem um ciclo mais enxuto:
• Compra e estocagem de mercadorias.
• Venda das mercadorias.
• Baixa dos estoques pela venda de mercadorias.
No caso das prestadoras de serviços, o ciclo operacional envolve:
• Compra de insumos.
• Requisição e uso dos insumos no processo de prestação de serviços.
• Baixa dos estoques pelo consumo dos insumos na prestação
de serviços.
Reflita
Você considera ser importante e justificável que os fatos contábeis
relacionados às compras e às vendas sejam registrados individual-
mente, detalhadamente e à medida que vão ocorrendo?
Exemplificando
Por exemplo, o lançamento referente à venda de produtos no caso do ramo
industrial envolve as contas de vendas de produtos, as contrapartidas de
caixa ou bancos, no caso de venda à vista, ou de duplicatas a receber, no
caso de venda a prazo. O exemplo dos fatos e do processo contábil envol-
vendo venda na área industrial é apresentado no Quadro 3.3.
116
Quadro 3.3 | Fatos vendas na indústria – Venda
DATA HISTÓRICO VALOR
Venda de 200 unidades do produto X, com IPI
de R$ 300,00, ICMS de 12%, PIS de 1,65% e
01/06/x1 COFINS de 7,6%, à vista por TED bancária, R$ 3.000,00
para o cliente H Comércio de Produtos LTDA,
conforme NF 3213.
Assimile
Embora para cada ramo de atividade existam movimentações especí-
ficas, todas as empresas executam compras e vendas, pois essas ativi-
dades são necessárias para que a empresa se movimente e realize as
suas operações. Por isso é fundamental compreender como a contabili-
dade realiza o registro e controle desses fatos.
117
Segundo Viceconti (2017), os tributos mais comuns a serem conside-
rados em um processo de registro de compras e vendas são:
• IPI, que é o Imposto sobre Produtos Industrializados, de
competência Federal, cujo fato gerador é a comercialização de
produtos industrializados.
• PIS, que é o Programa de Integração Social, de competência Federal,
cujo fato gerador é a venda de produtos, mercadorias e serviços.
• COFINS, que é a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social, de competência Federal, cujo fato gerador é a comercialização
de produtos industrializados.
• ICMS, que é o Imposto sobre Mercadorias e Serviços, de competência
estadual, cujo fato gerador é a circulação de mercadorias e a prestação
de serviços de transporte, energia elétrica e telecomunicações.
• ISSQN, que é o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de
competência municipal, cujo fato gerador é a prestação de serviços.
Reflita
A partir do conhecimento sobre os tributos envolvidos nas compras e
vendas, é possível perceber que eles influenciam significativamente os
resultados econômicos e financeiros das entidades?
Exemplificando
Por exemplo, o lançamento referente à venda de produtos no caso do
ramo industrial, demonstrado no exemplo anterior, envolve o lança-
mento do IPI.
118
Quadro 3.5 | Fatos vendas na indústria - IPI
DATA HISTÓRICO VALOR
Venda de 200 unidades do produto X, com IPI
de R$ 300,00, ICMS de 12%, PIS de 1,65% e
01/06/x1 COFINS de 7,6%, à vista por TED bancária, R$ 3.000,00
para o cliente H Comércio de Produtos LTDA,
conforme NF 3213.
Vale destacar que o ICMS possui alíquota definida para cada estado,
uma vez que é de sua competência a cobrança desse imposto.
119
Conta credora: COFINS a recolher
COFINS sobre a venda conforme NF 3213. R$ 228,00
Fonte: elaborado pelo autor.
120
Quadro 3.8 | Lançamentos contábeis regime não cumulativo
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: Estoque de mercadorias
Conta credora: Fornecedores
Compra de 200 unidades da mercadoria Y, com
ICMS de 12%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%, a
R$ 2.500,00
prazo, do fornecedor Atacado de Produtos LTDA,
conforme NF 8797.
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: ICMS a recuperar
Conta credora: Estoque de mercadorias
Recuperação do ICMS sobre a compra conforme
R$ 300,00
NF 8797.
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: PIS a recuperar
Conta credora: Estoque de mercadorias
Recuperação do PIS sobre a compra conforme
R$ 41,25
NF 8797.
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: COFINS a recuperar
Conta credora: Estoque de mercadorias
Recuperação do COFINS sobre a compra conforme
R$ 190,00
NF 8797.
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: Bancos conta movimento
Conta credora: Venda de mercadorias
Venda de 200 unidades da mercadoria Y, com ICMS
de 12%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%, à vista por
R$ 4.000,00
TED bancária, para o cliente H Comércio de Produ-
tos LTDA, conforme NF 3214.
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: ICMS sobre vendas
Conta credora: ICMS a recolher
ICMS sobre a venda conforme NF 3214. R$ 480,00
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: PIS sobre vendas
Conta credora: PIS a recolher
PIS sobre a venda conforme NF 3214. R$ 66,00
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: COFINS sobre vendas
Conta credora: COFINS a recolher
COFINS sobre a venda conforme NF 3213. R$ 304,00
Cidade - UF, 01 de junho de x1.
Conta devedora: Custo das mercadorias vendidas
Conta credora: Estoque de mercadorias
121
Pela baixa do custo da venda conforme NF 3214. R$ 1.968,45.
Fonte: elaborado pelo autor.
Veja no Quadro 3.9 que é utilizada a conta de custo dos produtos vendidos
para o reconhecimento dos custos das vendas, sendo que seu montante
corresponde ao valor gasto para a elaboração do produto. Valor este alocado
no estoque de produtos acabados.
Esta seção evidenciou os processos contábeis de registro e evidenciação
dos fatos contábeis e da situação patrimonial e de resultado da entidade.
Você teve contato com diferentes situações envolvendo compras e vendas, o
que o aproximou da atividade contábil realizada nas empresas.
É por meio dos processos aqui tratados que a contabilidade realiza o seu
papel, o de estudar, registrar e controlar o patrimônio das entidades, eviden-
ciando a situação patrimonial e de resultado como forma de subsídio ao
processo de tomada de decisões.
122
Sem medo de errar
123
COFINS a
1.963,79 - - -
recuperar 729,60 2.693,39
Estoque de
matéria-pri- 19.687,50 - 23.625,00 -
5.500,00 1.562,50
ma - Z
Estoque de
produtos em
74.000,00 - - - 74.000,00 -
elaboração
-L
Estoque de
produtos 60.000,00 - - 48.000,00 -
12.000,00
acabados - L
Estoque de
mercadorias 18.112,50 - 17.135,00 -
4.600,00 5.577,50
-K
Estoque de
18.000,00 - 18.000,00 -
insumos - T 3.600,00 3.600,00
Máquinas e
equipamen- 120.000,00 - - - 120.000,00 -
tos
Móveis e
62.000,00 - - - 62.000,00 -
utensílios
(-) De-
preciação - 18.200,00 - - - 18.200,00
acumulada
Fornece-
- 127.260,00 - 140.960,00
dores - 13.700,00
IPI a reco-
- - 7.036,36
lher 5.400,00 - 1.636,36
ICMS a
- - 13.037,25
recolher 9.792,00 - 3.245,25
PIS a reco-
- - 1.792,62
lher 1.346,40 - 446,22
COFINS a
- - 8.256,93
recolher 6.201,60 - 2.055,33
ISSQN a
- - 2.400,00
recolher 1.800,00 - 600,00
Emprésti-
mos e finan- - 116.800,00 - - - 116.800,00
ciamentos
Capital
- 224.000,00 - - - 224.000,00
social
Venda de
- 54.000,00 - - 70.363,64
produtos 16.363,64
124
Venda de
- 27.600,00 - - 39.916,50
mercadorias 12.316,50
Prestação de
- 36.000,00 - - 48.000,00
serviços 12.000,00
ICMS sobre
9.792,00 - - 13.037,25 -
vendas 3.245,25
PIS sobre
1.346,40 - - -
vendas 446,22 1.792,62
COFINS so-
6.201,60 - - -
bre vendas 2.055,33 8.256,93
ISSQN so-
1.800,00 - - -
bre vendas 600,00 2.400,00
Custo dos
produtos 36.000,00 - - 48.000,00 -
12.000,00
vendidos
Custo das
mercadorias 16.235,29 - - 20.835,29 -
4.600,00
vendidas
Custo dos
serviços 18.000,00 - - 21.600,00 -
3.600,00
prestados
Despesas
15.233,84 - - - 15.233,84 -
operacionais
125
Assinale a alternativa correta:
a. Débito de Clientes, crédito de Estoque de insumos.
b. Débito de fornecedores, crédito de estoque de insumos.
c. Débito de custo dos serviços prestados, crédito de estoque de insumos.
d. Débito de estoque de insumos, crédito de fornecedores.
e. Débito de estoque de insumos, crédito de custo dos serviços prestados.
126
Analisando as asserções apresentadas, assinale a alternativa correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica-
tiva da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
127
Seção 2
Diálogo aberto
Nesta seção serão apresentadas as principais contas de custos e
despesas, sua forma de registro e de evidenciação de acordo com a norma
contábil brasileira.
Você, então contratado pela empresa SJ, será responsável pelo registro
dos fatos contábeis gerados com base na operação da organização. A empresa
está gerando os primeiros fatos contábeis, todos os quais precisam ser regis-
trados e processados pela contabilidade.
Nesse contexto, considere que você recebeu nova lista de fatos ocorridos
no mês de março/x1 que envolvem custos e despesas. Esses fatos estão
listados no Quadro 3.11.
Quadro 3.11 | Fatos contábeis de custos e despesas
Nº DATA HISTÓRICO VALOR
Pagamento em dinheiro referente à aquisição de ma-
teriais de limpeza conforme NF 00508 do fornecedor
7 07/03/x1 Comercial Varejista H LTDA. Dessa quantidade, 30% é 2.400,00
consumida no mês da aquisição, e 35%, nos dois meses
subsequentes.
Compra a prazo de material de expediente conforme
NF 666 do fornecedor Atacarejo P LTDA. Dessa quanti-
8 08/03/x1 1.700,00
dade, 50% é consumida no mês da aquisição, e 50%, no
mês seguinte.
Recebimento da conta de internet e telefone, fatura nº
9 09/03x1 1234, da empresa Telecon F S/A, com vencimento para 1.140,00
30/03/x1.
Provisionamento das comissões sobre vendas referentes
10 10/03/x1 ao mês de fevereiro-março, cujo pagamento será feito 2.670,00
em 31/03/x1
Despesas com tarifas bancárias debitadas em conta
11 11/03/x1 670,00
nesta data.
Fonte: elaborado pelo autor.
128
Quadro 3.12 | Balancete de verificação em 06/03/x1
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM 06/03/x1
SALDO ATUAL
CONTAS
DÉBITO CRÉDITO
Caixa 12.000,00 -
Bancos conta movimento 60.000,00 -
Duplicatas a receber 115.316,50 -
IPI a recuperar 2.000,00 -
ICMS a recuperar 4.252,73 -
PIS a recuperar 584,75 -
Cofins a recuperar 2.693,39 -
Estoque de matéria-prima – Z 23.625,00 -
Estoque de produtos em elaboração – L 74.000,00 -
Estoque de produtos acabados – L 48.000,00 -
Estoque de mercadorias – K 17.135,00 -
Estoque de insumos – T 18.000,00 -
Máquinas e equipamentos 120.000,00 -
Móveis e utensílios 62.000,00 -
(-) Depreciação acumulada - 18.200,00
Fornecedores - 140.960,00
IPI a recolher - 7.036,36
ICMS a recolher - 13.037,25
PIS a recolher - 1.792,62
COFINS a recolher - 8.256,93
ISSQN a recolher - 2.400,00
Empréstimos e financiamentos - 116.800,00
Capital social - 224.000,00
Venda de produtos - 70.363,64
Venda de mercadorias - 39.916,50
Prestação de serviços - 48.000,00
ICMS sobre vendas 13.037,25 -
PIS sobre vendas 1.792,62 -
Cofins sobre vendas 8.256,93 -
ISSQN sobre vendas 2.400,00 -
Custo dos produtos vendidos 48.000,00 -
Custo das mercadorias vendidas 20.835,29 -
Custo dos serviços prestados 21.600,00 -
Despesas operacionais 15.233,84 -
TOTAIS 690.763,31 690.763,30
Fonte: elaborado pelo autor.
129
Com base nas contas apresentadas nessa lista, será possível compreender
a classificação no grupo de despesas operacionais.
Você também conhecerá a forma de registro dessas despesas.
Portanto, não deixe de estudar esses conteúdos antes da resolução da
situação-problema proposta e atente para os históricos dos lançamentos,
uma vez que são eles que permitem que o usuário da informação contábil
saiba o que está sendo registrado e como o fato contábil afetou o patrimônio
da entidade.
Essa atividade o colocará bem mais próximo da realidade profissional
do contador!
130
Adicionam-se a essa matéria-prima os custos com mão de obra e a
alocação dos custos indiretos, e tem-se o valor dos produtos em elaboração
que, depois de finalizados, são transferidos para produtos acabados, ficando
disponíveis para a venda.
Por sua vez, no caso das empresas comerciais, segundo Padoveze (2010),
estocam-se as mercadorias bem como os demais gastos executados no
momento da compra.
Essas mercadorias que estão alocadas na conta de estoque de mercado-
rias para revenda, quando comercializadas, formarão o custo das mercadorias
vendidas (CMV).
Assimile
O custo das mercadorias vendidas deriva da transferência dos estoques
vendidos para a conta de resultado. Nos estoques, ficam armazenados
todos os gastos necessários para que a mercadoria esteja em condições
de venda – por exemplo: fretes e seguros.
131
separada – isto é, deve haver separação por ramos de atividade das receitas,
dos custos e das despesas.
Essa separação tem por finalidade conhecer a eficácia de cada uma das
operações empresariais, bem como tratar separadamente as questões fiscais,
uma vez que, para todos os ramos de atividade, existem tributos específicos.
Dando continuidade ao exemplo apresentado no Quadro 3.13, considere
que 50% de cada um dos estoques da empresa foi requisitado ou vendido.
Para fins didáticos, não serão considerados os tributos ou outras informa-
ções além das apresentadas no Balancete de Verificação da empresa.
Qual seria a nova situação das contas se considerado o conceito de custo
das vendas para cada ramo de atividade: indústria, comércio e prestação de
serviços da empresa?
A resposta a essa pergunta está apresentada no Quadro 3.14.
Quadro 3.14 | Parte do Balancete de Verificação em 01/05/x1
SALDOS
DESCRIÇÃO
DEVEDORES CREDORES
Estoque de matérias-primas R$ 5.000,00
Estoque de mercadorias R$ 25.000,00
Estoque de insumos R$ 2.500,00
Estoque dos produtos em elaboração R$ 5.000,00
Custo das mercadorias vendidas R$ 25.000,00
Custo dos serviços prestados R$ 2.500,00
Fonte: elaborado pelo autor.
132
Reflita
A classificação das contas de custos e despesas em grupos e subgrupos
organizados, conforme determina a legislação e as normas contábeis,
contribui para que o leigo em contabilidade compreenda o resultado
obtido pela organização?
COMPRA DE
ESTOCAGEM PRODUÇÃO VENDA CPV
MATÉRIA-PRIMA
COMÉRCIO
COMPRA DE
ESTOCAGEM VENDA CMV
MERCADORIAS
SERVIÇOS
COMPRA DE PRESTAÇÃO
VENDA ESTOCAGEM DE CSP
INSUMOS
SERVIÇOS
133
Conforme de observa na Figura 3.x, o ciclo relativo à indústria contempla
a aquisição de matéria-prima, que depois é estocada.
O setor produtivo, de acordo com a demanda, faz a requisição dessa
matéria-prima, que é baixada do estoque e transferida para os estoques de
produtos em elaboração.
Quando o produto é finalizado, ele é baixado dos estoques de produtos
em elaboração e transferido para os estoques de produtos acabados.
Uma vez vendidos, esses produtos são transferidos dos estoques de
produtos acabados para a conta de custo dos produtos vendidos.
O ciclo relativo ao comércio envolve a aquisição das mercadorias, que
ficam registradas nos estoques de mercadorias para revenda; essas, quando
vendidas, são baixadas desses estoques e, então, transferidas para a conta de
custo das mercadorias vendidas.
O ciclo da prestação de serviços envolve a aquisição de insumos
que são lançados em estoques. Quando da prestação de serviços, esses
insumos são baixados dos estoques e transferidos para a conta de custo dos
serviços prestados.
Despesas operacionais
Segundo Greco e Arend (2016), a Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) deve evidenciar os seguintes subgrupos:
• Despesas com vendas.
• Despesas gerais e administrativas.
• Despesas financeiras, deduzidas das receitas financeiras.
Essa classificação atende ao CPC 26 (R1), que trata das demonstrações finan-
ceiras que deverão ser elaboradas ao final de cada exercício social (CPC, 2011).
Conforme Viceconti (2016), as despesas com vendas contemplam os gastos
que tenham como origem as atividades de comercialização de produtos,
mercadorias e serviços.
Podemos citar como exemplos: comissões de vendas, propaganda e
publicidade, despesas com marketing digital, fretes e seguros sobre vendas
de responsabilidade da empresa vendedora, entre outros.
134
Reflita
Você concorda que as contas relativas a despesas com vendas merecem
ser agrupadas em um subgrupo específico na DRE? Seriam elas despesas
relevantes da operação empresarial?
Assimile
As receitas financeiras possuem, assim como as demais receitas,
natureza credora. Em razão dessa característica, quando alocadas no
grupo despesas financeiras, como determina a legislação societária e a
norma contábil, elas se classificam como contas retificadoras.
135
Exemplificando
Se uma determinada empresa possui, ao mesmo tempo, um emprés-
timo feito junto em um banco com o qual trabalha e um empréstimo
concedido a um de seus sócios, ela estará sujeita e pagar e a receber
juros sobre essas operações respectivamente.
136
A gestão eficaz dos recursos financeiros possibilita a redução de desperdí-
cios e perdas e, dessa forma, melhora a capacidade de geração de resultados
positivos pela organização.
No mesmo sentido, as ações de controle permitem a melhoria da geração
de receitas, sejam elas da operação principal da organização, sejam elas
oriundas de atividades financeiras.
Esses conhecimentos adquiridos o ajudarão na execução dos processos
contábeis relativos ao controle dos custos e despesas e, principalmente, na
evidenciação da situação econômica e financeira patrimonial e de resultado
da entidade. Afinal, esta é a finalidade da contabilidade.
Você, após ter sido contratado por uma empresa para trabalhar na área
contábil, está diante do desafio de efetuar os lançamentos contábeis das
despesas conforme fatos apresentados e, na sequência, elaborar o balancete
de verificação atualizado.
Depois de efetuados os lançamentos, devem ser escriturados os razões
das contas envolvidas.
Depois desses passos, deve ser elaborado o novo balancete, que deverá
apresentar as contas, as movimentações e os saldos conforme demonstrado
no Quadro 3.17.
Quadro 3.17 | Balancete de Verificação em 11/03/x1
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM 11/03/x1
137
Duplicatas a receber 115.316,50 - - - 115.316,50 -
Estoque de matéria-
23.625,00 - - - 23.625,00 -
-prima – Z
Estoque de produtos
74.000,00 - - - 74.000,00 -
em elaboração – L
Estoque de produtos
48.000,00 - - - 48.000,00 -
acabados – L
Estoque de mercado-
17.135,00 - - - 17.135,00 -
rias – K
Estoque de insumos
18.000,00 - - - 18.000,00 -
–T
Estoque de materiais
- - 2.400,00 - 2.400,00 -
de limpeza
Estoque de materiais
- - 1.700,00 850,00 850,00 -
de expediente
Máquinas e equipa-
120.000,00 - - - 120.000,00 -
mentos
138
Venda de mercadorias - 39.916,50 - - - 39.916,50
Materiais de expe-
- - 850,00 - 850,00 -
diente
139
Avançando na prática
140
Resolução da situação-problema
Para solucionar a situação-problema proposta, você deve conhecer a
estrutura correta da Demonstração do Resultado do Exercício, tal como
apresentada na seção e de acordo com a norma contábil CPC 26 (R1).
Com base nessa estrutura, a classificação das contas ficaria desta forma:
Quadro 3.19 | Classificação das contas contábeis
DESCRIÇÃO CLASSIFICAÇÃO
Taxa de manutenção da conta corrente Despesas financeiras
Materiais de limpeza Despesas gerais e administrativas
Custo dos serviços prestados Custo das vendas
Aluguéis Despesas gerais e administrativas
Comissões sobre vendas Despesas com vendas
ISSQN Deduções da receita bruta
Propaganda e campanha Despesas com vendas
141
e. O total do subgrupo despesas financeiras equivale à soma das despesas
e receitas nele classificadas, dentro do qual as despesas são credoras e
as receitas são devedoras
142
Analisando as asserções apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica-
tiva da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
143
Seção 3
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção você terá contato com os conteúdos relacionados
ao Ativo e Passivo Não Circulante, ou seja, com os grupos de contas que
contemplam as origens e aplicações de recursos de longo prazo. São grupos e
contas muito importantes no contexto patrimonial.
Você compreenderá o conceito, a classificação e as formas de registros
envolvendo o realizável e o exigível de longo prazo, os investimentos, as
imobilizações e o Ativo Intangível.
Considere que você foi recém-contratado pela empresa SJ, que atua na
industrialização, comércio e prestação de serviços de semijoias, portanto,
controlar o patrimônio e o resultado da empresa é uma de suas funções. A
SJ está em operação, gerando fatos contábeis que precisam ser registrados
pela contabilidade.
Os fatos a serem registrados neste momento são apresentados no
Quadro 3.20.
Quadro 3.20 | Fatos contábeis envolvendo Ativos e Passivos Não Circulantes
Nº DATA HISTÓRICO VALOR
Aquisição a prazo via financia-
mento em 36 meses, de um veí-
12 12/03/x1 36.000,00
culo marca W, modelo M, ano xx,
cor B, chassis A88B12X6UK62V1
Empréstimo para a empresa
Industrial H LTDA, via TED,
13 13/03/x1 conforme contrato 654, assinado 4.800,00
nesta data, com prazo de paga-
mento em 24 vezes.
Aquisição de um terreno para in-
vestimento, sob matrícula 66.555,
parcelado em 10 vezes, conforme
14 14/03/x1 80.000,00
escritura pública registrada no
2º Ofício da Comarca de L, sob
número 5557889 em 14/03/x1.
A partir dos fatos descritos no Quadro 3.20, você deve realizar os lança-
mentos contábeis no livro diário e lançá-los também no livro razão.
144
Não se esqueça de considerar os prazos das operações de aquisição de
imobilizado e de empréstimos, afinal eles implicarão em lançamentos nos
grupos Circulantes e Não Circulantes do ativo e do passivo.
Depois de efetuados os lançamentos no diário e razão, você deverá fazer o
levantamento da demonstração do resultado do exercício e do balanço patri-
monial, com base no balancete de verificação apresentado no Quadro 3.21.
Quadro 3.21 | Balancete de verificação em 14/03/x1
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM 13/03/x1
SALDO ATUAL
CONTAS
DÉBITO CRÉDITO
Caixa 9.600,00 -
Bancos conta movimento 54.530,00 -
Duplicatas a receber 115.316,50 -
IPI a recuperar 2.000,00 -
ICMS a recuperar 4.252,73 -
PIS a recuperar 584,75 -
COFINS a recuperar 2.693,39 -
Empréstimos concedidos 4.200,00 -
Estoque de matéria-prima - Z 23.625,00 -
Estoque de produtos em elaboração - L 74.000,00 -
Estoque de produtos acabados - L 48.000,00 -
Estoque de mercadorias - K 17.135,00 -
Estoque de insumos - T 18.000,00 -
Estoque de materiais de limpeza 2.400,00 -
Estoque de materiais de expediente 850,00 -
Empréstimos concedidos - LP 600,00 -
Terrenos 80.000,00
Máquinas e equipamentos 120.000,00 -
Móveis e utensílios 62.000,00 -
Veículos 36.000,00
(-) Depreciação acumulada - 18.200,00
Fornecedores - 140.960,00
Contas a pagar - 2.840,00
Comissões a pagar - 1.290,00
IPI a recolher - 7.036,36
ICMS a recolher - 13.037,25
PIS a recolher - 1.792,62
COFINS a recolher - 8.256,93
ISSQN a recolher - 2.400,00
Empréstimos e financiamentos - 217.800,00
Empréstimos e financiamentos - LP - 15.000,00
Capital social - 224.000,00
145
Venda de produtos - 70.363,64
Venda de mercadorias - 39.916,50
Prestação de serviços - 48.000,00
ICMS sobre vendas 13.037,25 -
PIS sobre vendas 1.792,62 -
COFINS sobre vendas 8.256,93 -
ISSQN sobre vendas 2.400,00 -
Custo dos produtos vendidos 48.000,00 -
Custo das mercadorias vendidas 20.835,29 -
Custo dos serviços prestados 21.600,00 -
Comissões sobre vendas 1.290,00 -
Despesas operacionais 15.233,84 -
Materiais de expediente 850,00 -
Telefones e internet 1.140,00 -
Tarifas bancárias 670,00 -
TOTAIS 810.893,31 810.893,30
146
Direitos e obrigações de longo prazo
No Ativo Não Circulante está o grupo realizável a longo prazo, ou seja,
os direitos que a entidade possui junto a terceiros cujo prazo de realização é
superior ao final do exercício seguinte.
Para Padoveze (2010), a parcela de direitos que vencem até o final do
exercício seguinte é classificada no Ativo Circulante. Desta forma, as parcelas
restantes devem ser lançadas como realizável a longo prazo, grupo integrante
do Ativo Não Circulante.
Assimile
A classificação do balanço patrimonial visa demonstrar as contas do
ativo em ordem de liquidez, ou seja, primeiramente são apresentadas
as contas cujo prazo de realização se dá de forma mais rápida. Por isso
o Ativo Circulante antecede o Ativo Não Circulante nesta demonstração.
Reflita
A divisão dos direitos e obrigações em curto e longo prazo contribui para
uma melhor compreensão sobre a situação financeira das entidades?
147
de R$ 1.000,00. Como ficaria o registro desse fato pela contabilidade consi-
derando o prazo da operação?
O lançamento deste fato ficaria da seguinte forma:
DÉBITO: Máquinas e equipamentos (ANC-I) – R$ 24.000,00.
CRÉDITO: Empréstimos e financiamentos (PC) – R$ 12.000,00 (12 parcelas).
CRÉDITO: Empréstimos e financiamentos (PNC-ELP) – R$ 12.000,00
(12 parcelas).
Onde:
ANC-I corresponde a Ativo Não Circulante-Imobilizações.
PC corresponde ao Passivo Circulante.
PNC-ELP corresponde a Passivo Não Circulante-Exigível a Longo Prazo.
PASSIVO
CIRCULANTE
Empréstimos e financiamentos R$ 12.000,00
NÃO CIRCULANTE
Empréstimos e financiamentos R$ 12.000,00
148
TOTAL DO PASSIVO ........................................................ R$ 24.000,00
Assimile
Além da obtenção de renda de forma permanente, seja pela valori-
zação da participação, seja pelo recebimento de dividendos, o
interesse no controle da empresa investida também dá ao investi-
mento o caráter permanente.
149
Propriedades para renda
Obras de arte.
Pedras preciosas (ouro, diamante).
As propriedades especificamente adquiridas para a obtenção de renda são
classificadas em investimento em contas separadas daquelas adquiridas sem
destinação imediata.
Exemplificando
Considere que uma empresa adquiriu um terreno no centro de uma
grande cidade, longe de onde ela está instalada, porém com a finalidade
de transferir futuramente (sem prazo definido) parte de sua operação
para este local.
Por se tratar de uma propriedade que não está sendo adquirida para uso
imediato, ela será classificada como investimento, tendo em vista que até
a sua efetiva utilização este bem contará com valorização imobiliária.
150
Greco e Arend (2016) consideram que a depreciação corresponde a
uma espécie de armazenamento de valores relativos à redução do valor do
bem imobilizado.
Reflita
Você concorda que se entidade depositar em uma conta de investi-
mento qualquer o valor da depreciação todos os meses, ao final da vida
útil do bem ela poderia adquirir um novo com os recursos aplicados?
151
Onde:
CR-D significa Conta de Resultado, Despesa.
ANC-I significa conta do Ativo Não Circulante, Imobilizações.
152
Operações com Ativos Intangíveis
Para Greco e Arend (2016), os Ativos Intangíveis consistem em bens e
direitos incorpóreos, geralmente amparados por contratos, destinados à
manutenção da atividade organizacional.
São exemplos de ativos intangíveis as marcas e patentes, direitos de explo-
ração de marcas, softwares e fundo de comércio adquirido, entre outros.
Os ativos intangíveis estão sujeitos à amortização que, segundo Padoveze
(2010), consiste no reconhecimento da perda de valor do direito contratual
por decorrência de prazo.
O registro da amortização envolve uma conta de resultado (Despesa
com Amortização) contra uma conta patrimonial (redutora do ativo,
Amortização Acumulada).
O cálculo da amortização leva em conta o tempo de vigência do direito
de uso; no caso de uma marca, por exemplo, deve-se levar em conside-
ração o tempo pelo qual a entidade tem o direito de utilização da marca em
seus produtos.
Considere, por exemplo, que uma determinada empresa adquiriu o
direito de utilização de uma marca pelo prazo de 5 anos pelo valor de R$
120.000,00. Em cada ano, portanto, o valor pago pelo uso da marca será
amortizado em 20%.
O lançamento da depreciação ficaria da seguinte forma:
DÉBITO: Despesas com Amortização (CR-D)
CRÉDITO: Amortização Acumulada (ANC-In) R$ 24.000,00.
Onde:
CR-D significa Conta de Resultado, Despesa.
ANC-In significa conta do Ativo Não Circulante, Intangível.
Nesta seção você teve contato com os subgrupos do grupo Ativo Não
Circulante. Estes subgrupos concentram importantes contas representativas
do patrimônio da entidade.
No seu cotidiano de trabalho na área contábil você terá contato com
muitos fatos que envolvem essas contas, principalmente por representarem
bens e direitos de realização de longo prazo, os bens de uso nas operações
organizacionais, além dos direitos intangíveis.
153
É importante que você aprofunde seus estudos sobre esse grupo,
reconheça-os em termos conceituais e, acima de tudo, seja capaz de registrá-
-los adequadamente.
154
(-) CUSTO DAS VENDAS 90.435,29
Custo dos produtos vendidos 48.000,00
Custo das mercadorias vendidas 20.835,29
Custo dos serviços prestados 21.600,00
LUCRO BRUTO 42.358,04
(-) DESPESAS OPERACIONAIS 19.183,84
Despesas com vendas 1.290,00
Comissões sobre vendas 1.290,00
Despesas gerais e administrativas 17.223,84
Despesas operacionais 15.233,84
Telefones e internet 850,00
Materiais de expediente 1.140,00
Despesas financeiras 670,00
Tarifas bancárias 670,00
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 23.174,20
155
Veículos 36.000,00
(-) Depreciação acumulada - 18.200,00
Fornecedores - 140.960,00
Contas a pagar - 2.840,00
Comissões a pagar - 1.290,00
IPI a recolher - 7.036,36
ICMS a recolher - 13.037,25
PIS a recolher - 1.792,62
COFINS a recolher - 8.256,93
ISSQN a recolher - 2.400,00
Empréstimos e financiamentos - 217.800,00
Empréstimos e financiamentos - LP - 15.000,00
Capital social - 224.000,00
Venda de produtos - 70.363,64
Venda de mercadorias - 39.916,50
Prestação de serviços - 48.000,00
ICMS sobre vendas 13.037,25 -
PIS sobre vendas 1.792,62 -
COFINS sobre vendas 8.256,93 -
ISSQN sobre vendas 2.400,00 -
Custo dos produtos vendidos 48.000,00 -
Custo das mercadorias vendidas 20.835,29 -
Custo dos serviços prestados 21.600,00 -
Comissões sobre vendas 1.290,00 -
Despesas operacionais 15.233,84 -
Materiais de expediente 850,00 -
Telefones e internet 1.140,00 -
Tarifas bancárias 670,00 -
TOTAIS 810.893,31 810.893,30
156
Avançando na prática
Baseados nos dados do bem a ser depreciado, você deve elaborar uma
planilha demonstrando o comportamento do saldo contábil durante a vida
útil do bem, ou seja, os 10 anos.
O conteúdo para a solução do problema está apresentado nesta seção,
portanto, bom trabalho.
Resolução da situação-problema
A partir dos dados apresentados, o bem passa a ser depreciado em 10% ao
ano, sendo que a base de cálculo da depreciação será apurada a partir do valor de
aquisição 20.000,00 deduzido do valor residual de 5.000,00, ou seja, 15.000,00.
Calculando os 10% sobre esta base de cálculo chega-se ao valor da depre-
ciação de 1.500,00 ao ano. A distribuição destes valores está apresentada no
Quadro 3.25.
157
Quadro 3.25 | Demonstração da evolução do valor depreciado
ANO DESCRIÇÃO VALOR SALDO
Valor de aquisição 20.000,00 20.000,00
1 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 18.500,00
2 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 17.000,00
3 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 15.500,00
4 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 14.000,00
5 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 12.500,00
6 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 11.000,00
7 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 9.500,00
8 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 8.000,00
9 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 6.500,00
10 Depreciação (20.000,00 - 5.000,00) × 10% 1.500,00 5.000,00
158
Sobre esta questão são apresentados os itens a seguir:
I. Veículos de uso.
II. Contas a pagar de longo prazo.
III. Terrenos sem destinação ou uso.
Assinale a alternativa correta.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. I e III, apenas.
159
Referências
GRECO, A. L.; AREND, L. R. Contabilidade: teoria e prática básicas. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
Convite ao estudo
Caro aluno, quando você vê uma demonstração financeira de uma organi-
zação saiba que ela é o produto de muito trabalho. A produção da demons-
tração financeira é fruto de um conjunto de processos e tarefas, alguns mais
complexos, outros menos, que garantem a solidez e a compreensibilidade das
informações evidenciadas pela demonstração.
Dentre os elementos que formam este conjunto estão os sistemas infor-
matizados e as normas que visam à qualidade da informação contábil.
Nesta unidade, você terá contato com conteúdos que permitirão sua
compreensão sobre os elementos qualificadores da informação contábil,
dos sistemas contábeis e dos sistemas gerenciais, que operando conjun-
tamente geram informação útil para o processo de decisão dos usuários
da contabilidade.
A partir do estudo desta unidade, você conhecerá a estrutura e as funções
dos sistemas informatizados voltados para registro e processamento de infor-
mações contábeis, fiscais e gerenciais, além de compreender as orientações
advindas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que traz as caracterís-
ticas qualitativas fundamentais e de melhoria da informação contábil. Essa
é a base para o julgamento sobre a eficácia da informação evidenciada nas
demonstrações financeiras e nos demais relatórios contábeis.
O estudo destas características aliado ao conhecimento sobre o conceito
e aplicação dos sistemas contábeis e gerenciais lhe proporcionará as compe-
tências necessárias para atuar profissionalmente na área contábil e de
gestão organizacional.
Os conteúdos da unidade estão dispostos em três seções: a primeira
trata das orientações dadas pelo CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Nele são tratadas
as características qualitativas fundamentais e de melhoria da informação
contábil constantes das demonstrações financeiras.
Na segunda são tratados os assuntos relativos aos Sistemas de Informações
Contábeis (SICs), seus conceitos e finalidades no contexto da contabilidade.
Na terceira e última seção, são tratados os aspectos conceituais, objetivos
e interações dos Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs).
Esperamos que você faça uma boa leitura e desenvolva um ótimo estudo
destes conteúdos, afinal eles representam a essência do trabalho relacionado
à principal finalidade da contabilidade, ou seja, o fornecimento de informa-
ções úteis de apoio ao processo de decisão.
Seção 1
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção você terá contato com os aspectos qualificadores
das informações contábeis conforme orientação do CPC 00 (R1) – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro.
Nesse pronunciamento são demonstradas as características qualitativas da
informação contábil e elas serão tratadas sob os aspectos fundamentais e de
melhoria, o conceito e a finalidade da informação contábil. A relação custo-
-benefício também será abordada.
As informações patrimoniais e de resultado das entidades possuem forte
influência no processo de decisão dos stakeholders. Decisões de ordem opera-
cional e estratégica dependem da contabilidade como a área responsável pelo
estudo, registro e controle patrimonial.
Nesse sentido, considere que você faz parte do time que está promovendo
a reestruturação da área de TI voltada para os sistemas informacionais e está
na reunião de levantamento de requisitos para a validação do projeto que
reestruturará o sistema contábil da empresa. Nesta reunião lhe foi solicitada
uma explicação sobre o que são os requisitos qualitativos fundamentais e de
melhorias da informação contábil. Seu desafio é apresentar essas caracterís-
ticas em uma apresentação em slides.
Para tratar da geração de informações patrimoniais, o primeiro passo
para o profissional contábil é o domínio dessas características, conforme
orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00), que trata do
assunto. Os conteúdos para subsidiar o seu trabalho estão disponíveis aqui,
portanto não deixe de estudá-los antes de executar o seu desafio.
Não se esqueça de apontar as bases responsáveis pelas determinações
e orientações legais e normativas que envolvem o tema, afinal normas,
pronunciamentos e regulamentos devem sempre fazer parte do conjunto de
documentos que dão base para o trabalho do profissional contábil.
Para que os profissionais das outras áreas compreendam de forma clara
a sua exposição a partir dos slides produzidos, seja sucinto e objetivo na
escolha do conteúdo do material que você está elaborando, afinal ele é apenas
um instrumento norteador de sua apresentação.
Bom trabalho!
163
Não pode faltar
Reflita
Você já se imaginou na condição de investidor de uma empresa? Como
seria seu nível de exigência em termos de informações sobre ela?
164
Esses esclarecimentos são importantes porque a intenção da estrutura
conceitual é ser única para todas as entidades, ou seja, deve haver certo
nível de padronização e homogeneidade estrutural e informacional. Caso
houvesse a possibilidade de os usuários afetarem a forma pela qual são elabo-
radas e divulgadas as informações contábeis, certamente haveria prejuízo a
esta característica.
A estrutura conceitual trata de vários aspectos inerentes à elaboração das
demonstrações contábeis e seu objetivo informacional, portanto, de acordo
com o CPC 00 (R1) é fundamental que a informação contábil possua algumas
características que lhe garantam qualidade.
Assimile
Os CPCs, a exemplo do CPC 00, podem passar por revisões e ajustes
de acordo com a necessidade da prática contábil ou de alterações que
necessitem ser incorporadas. Faz parte do processo de elaboração,
aprovação e publicação do CPC as audiências públicas. É por isso que o
CPC 00 foi revogado em benefício da publicação do CPC 00 (R1).
Reflita
A informação contábil serve exclusivamente aos usuários com interesse
direto na organização? Vamos além, os cidadãos, mesmo de forma
indireta, também fazem uso das informações contábeis quando, por
exemplo, avaliam o PIB do país? Quem pode ter acesso a essas informa-
ções?
165
A quantidade de usuários da informação contábil sob a perspectiva de
necessidade de informações para a tomada de decisões é bastante ampla.
Somente considerando os usuários externos é possível se ter uma ideia
desta amplitude:
• Quantos são os clientes?
• Quantos são os fornecedores?
• Quantos são os acionistas?
• Quantos são os parceiros estratégicos?
Os usuários internos, no mesmo sentido, têm interesses individuais nas
informações fornecidas pela contabilidade, como o lucro que interessa aos
funcionários, pois este será a base para a sua participação nos resultados,
por exemplo.
As entidades representativas possuem interesses coletivos e por essa
razão os sindicatos utilizam as informações para subsidiar sua negociação
da data base da categoria, os bancos se interessam em saber se a entidade
tem capacidade de pagamento, os clientes precisam ter a garantia de que a
empresa é sólida e lhe garantirá os produtos no longo prazo, principalmente
quando se trata de matérias-primas, por exemplo.
Os interesses informacionais são variados, todavia as informações forne-
cidas precisam atender de forma geral a todos eles. Embora o uso da infor-
mação dependa das especificidades do usuário, a informação fornecida pela
contabilidade é mesma para todos.
Exemplificando
Quando uma instituição financeira está avaliando uma proposta de
crédito solicitada por uma empresa, certamente as informações
contidas nas demonstrações financeiras lhes serão úteis para tomar a
decisão sobre conceder ou não o crédito. A mesma demonstração, no
entanto – com as mesmas informações – irá subsidiar as decisões de
possíveis investidores.
Nesse caso, a informação contábil está servindo aos interesses de
diferentes usuários, mesmo que sejam disponibilizadas as mesmas infor-
mações. Esta é uma característica da demonstração de interesse geral na
forma como ela é tratada pelo CPC 00 (R1).
166
Características qualitativas fundamentais da informação
contábil
Além de especificar o conceito e o objetivo da informação contábil, o CPC
00 (R1) demonstra três características que a informação contábil deve ter:
relevância, materialidade e fidedignidade. Estas características são funda-
mentais para garantir a eficácia informacional para o usuário.
Assimile
Quando o CPC trata do usuário da informação contábil, mesmo sem a
especificar, ele está considerando os usuários de modo geral, ou seja, os
usuários internos e externos à empresa.
Relevância
Esta característica, segundo o CPC 00 (R1), é avaliada em relação ao nível de
capacidade de influência da informação no processo de decisão dos usuários da
informação. Nesse sentido, a informação deve ser capaz de interferir positivamente
na decisão e escolha das alternativas disponíveis ao usuário.
Exemplificando
Por exemplo, se uma determinada empresa gasta com canetas esferográ-
ficas a quantia de R$ 500,00 por mês, parece que o controle e a infor-
mação sobre o consumo e gasto com esta despesa são relevantes, não
é verdade? Porém, se esta mesma empresa tem um gasto com despesas
administrativas de R$ 5.000.000,00 ao mês, como ficaria o caráter da
relevância do controle e da informação sobre as canetas neste caso?
Materialidade
A característica da materialidade da informação está relacionada à
natureza e relevância dos elementos por ela representados.
A materialidade pode ser avaliada somente a partir do contexto específico da
organização, ou seja, no contexto no qual os relatórios financeiros são elaborados,
pois dessa forma é possível avaliar a materialidade da informação pela empresa
divulgada. Não há um padrão único possível que possa servir como elemento de
quantificação quanto à materialidade da informação. A determinação desta quali-
dade deve sempre estar relacionada às condições e especificidades da entidade.
O CPC00 (R1) afirma que: “[...] não se pode especificar um limite quantitativo
uniforme para materialidade ou predeterminar o que seria julgado material para
uma situação particular” (CPC, 2011, p. 15).
167
Fidedignidade
A característica fundamental da fidedignidade diz respeito à obrigatorie-
dade de que a informação não apenas represente o fenômeno a que se propõe
representar, mas deve fazê-lo forma fidedigna e confiável.
Para que a informação seja fidedigna, ela precisa cumprir três atributos:
ser completa, neutra e livre de erro.
• Informação completa: deve demonstrar toda a informação necessária
para a compreensão do fato, pelo usuário.
• Informação neutra: a informação não pode ser distorcida, apresen-
tada de forma favorável ou desfavorável.
• Informação livre de erro: os fatos retratados não podem apresentar
erros nos seus processos, ou seja, a natureza e as limitações do
processo devem ser divulgadas.
168
Reflita
Você concorda que a questão da tempestividade da informação pode
interferir na eficácia da decisão? Decisões podem se tornar inócuas
quando tomadas com base em informações que perderam a sua consis-
tência em função do tempo transcorrido? Qual é a sua opinião a esse
respeito?
Compreensibilidade
A informação precisa possibilitar a compreensão do fenômeno que
ela está representando. Esta compreensão precisa se dar mesmo quando a
situação tiver certo nível de complexidade. Cabe à contabilidade encontrar os
meios para torná-la compreensível nestas situações. Isto explica a utilização
de instrumento extras de divulgação além das demonstrações financeiras,
como são os casos das:
• Notas explicativas.
• Relatório de sustentabilidade.
• Relatório da administração.
• Parecer de auditoria.
Segundo o CPC 00 (R1), os qualificadores fundamentais são obrigatórios,
porém os de melhoria são desejáveis.
A diferença entre os qualificadores denominados fundamentais da infor-
mação contábil em relação aos de melhoria está no fato de que os primeiros
são necessários a todas as informações como pré-requisito para que ela seja
considerada útil para os seus usuários, já as características tratadas pelos
qualificadores de melhoria representam aspectos adicionais de qualidade. É
como se elas melhorassem o que já está bom.
Um exemplo da diferença entre estas qualidades é o que acontece com
a questão da comparabilidade das informações contábeis. A comparabili-
dade é uma característica de melhoria, mas ela representa um fator funda-
mental para os usuários analisarem as informações contábeis de uma mesma
empresa em períodos diferentes, ou até mesmo de empresas diferentes.
Exemplificando
Considere que uma organização sediada no Brasil resolva abrir uma
filial em um país europeu. Considere que esta empresa possui capital
nacional e capital europeu em seu patrimônio, ou seja, parte dos inves-
tidores está localizada no Brasil e outra parte está na Europa.
169
Como seria possível fazer a análise das demonstrações consolidadas
desta empresa pelos investidores brasileiros e europeus?
A característica de comparabilidade representa um elemento funda-
mental para solucionar este problema. A estrutura das demonstrações
e as técnicas de representação destas em moedas fortes são exemplos de
ações no sentido de tornar as informações comparáveis.
Assimile
A questão do custo versus o benefício é um tanto relativa. Se para deter-
minadas organizações alguns controles não se mostram justificáveis,
para outras, eles podem ser.
É o que ocorre no caso do controle do gasto com água para uma empresa
que a utiliza exclusivamente na manutenção de suas atividades adminis-
trativas, agora no caso de empresas que utilizam a água em processos de
resfriamento de metais durante o processo de usinagem, certamente a
percepção sobre o benefício do controle será bem diferente.
170
No caso de empresas que gastam valores significantes em controles que não
lhe trazem resultados significativos está havendo apenas a perda de recursos
financeiros? Ou será que outros custos são impactados nesta situação?
Nesta seção, você teve a oportunidade de conhecer os aspectos mais
importantes tratados pelo CPC 00 (R1) no que tange a qualidade da infor-
mação contábil, conheceu o conceito e a finalidade da informação, mas,
sobretudo, teve contato com as características qualitativas fundamentais e
de melhoria que tornam a informação mais eficaz para subsidiar o processo
decisório. No mesmo sentido, a relação custo-benefício é um fator determi-
nante no processo de se decidir sobre a produção ou não de determinada
informação.
Todos estes aspectos são fundamentais para que seu trabalho na área
contábil seja feito com o foco adequado, ou seja, com o foco na qualidade da
informação sobre a situação econômica e financeira da entidade que apoiarão
o processo de decisão dos seus usuários.
171
Fidedignidade: representação fiel e confiável do objeto (precisa ser
completa, neutra e livre de erro).
Para que o processo da aplicação das características qualitativas funda-
mentais seja eficiente e efetivo é necessário seguir os seguintes passos:
1. Identificar o fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil
para os usuários da informação contábil-financeira reportada pela
entidade.
2. Identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria mais
relevante se estivesse disponível e que poderia ser representado com
fidedignidade.
3. Determinar se a informação está disponível e pode ser representada
com fidedignidade.
Quais são as características de melhoria?
Comparabilidade: escolhas entre alternativas e comparabilidade das
informações similares.
Verificabilidade: auxilia os usuários na segurança da informação, ou seja,
informação fidedigna (por meio de verificações diretas ou indiretas).
Tempestividade: informação disponível no devido tempo (atual).
Compreensibilidade: informação clara e compreensível.
A aplicação das características qualitativas de melhoria não segue uma
ordem preestabelecida. Algumas vezes, uma característica qualitativa de
melhoria pode ter de ser diminuída para maximização de outra caracterís-
tica qualitativa.
Avançando na prática
Considere que você está executando uma auditoria nas contas de uma
determinada empresa. Durante o processo de conferência dos estoques, você
encontrou 1 unidade de matéria-prima sem condições de uso. Porém, esta
unidade está registrada na conta de estoques da empresa como se estivesse
em perfeitas condições.
172
Como auditor você precisa tomar uma decisão: exigir que o balanço patri-
monial seja refeito a partir da execução de um lançamento de baixa deste
item deteriorado ou apenas citar a ocorrência nos seus relatórios mantendo
o balanço como está.
Para ajudar em sua decisão, considere que este estoque de matéria-prima
continha 500 mil itens no momento dessa verificação.
Seu desafio é tomar a decisão e justificar sua resposta, baseado na
orientação dada pelo CPC 00 (R1) que trata do aspecto da qualidade da
informação contábil. Qual será a sua decisão? Analise e resolva mais esta
situação-problema.
Resolução da situação-problema
Você foi desafiado a tomar uma decisão: pedir novo levantamento de
balanço após corrigir a baixa de um item deteriorado que estava constando
no estoque de matéria-prima, ou manter a demonstração como está, fazendo
apenas uma anotação nos relatórios de auditoria.
Como você deveria proceder como auditor neste caso?
O primeiro passo a ser dado por você, que está no papel de auditor, é
analisar o caráter de relevância da inconsistência levantada. No caso,
comparar uma unidade deteriorada com o total do estoque de matéria-prima
da empresa.
Em um segundo momento, é preciso avaliar se o custo da correção da
informação se justifica considerando o benefício por ela proporcionado.
A solução do problema passa, portanto, pela característica da relevância
da informação, ou seja, 1 unidade representa algo relevante considerando
que o total de unidades é de 500 mil?
Não, certamente não é relevante para o usuário da informação contábil
saber que o estoque correto não é de 500 mil, mas 499.999 unidades. Por isto,
a decisão mais adequada que você deve tomar é manter o balanço atual e
anotar a inconsistência no relatório de auditoria.
Esta decisão também se justifica a partir da segunda análise. O custo de
se abrir novamente a contabilidade para fazer o lançamento faltante, além do
envolvimento pessoal e tempo, não se justifica considerando o benefício que
todo este trabalho traria.
173
Faça valer a pena
174
Com base no exposto, é correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II e III, apenas.
175
Seção 2
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção, você terá acesso ao conteúdo envolvendo o
conceito e as características do Sistema de Informações Contábeis (SIC).
Isto é muito bom, afinal, que empresa atualmente não conta com um sistema
informatizado de processamento de dados, não é mesmo?
O SIC visa a coleta, o processamento e a geração de informações contá-
beis, sempre de forma harmonizada com os demais sistemas gerenciais da
organização e de acordo com o modelo de informação previamente deter-
minado. Nesse sentido, as informações patrimoniais e de resultado visam
atender uma ampla gama de usuários. Na sua maioria, esses usuários são
constituídos por não profissionais da área contábil, portanto cabe à conta-
bilidade garantir que o produto de seu trabalho esteja acessível e, principal-
mente, seja compreensível por todos: profissionais e leigos.
A partir desta consideração, a empresa que está se reestruturando
em termos de tecnologia relacionada aos sistemas informacionais lhe
apresenta um novo desafio, afinal você é o representante da contabilidade
no time responsável pela reestruturação que está em pleno desenvolvimento.
Considere que você, depois de apresentar as características qualitativas da
informação contábil, precisa elencar alguns pré-requisitos fundamentais do
sistema de contabilidade que será o responsável pela geração destas informa-
ções. Cabe ao profissional contábil esta função, afinal é ele quem irá validar o
projeto de análise do sistema e depois utilizá-lo quando concluído.
Seu desafio é a produção de um documento (relatório), sucinto e objetivo,
que evidencie as principais características do sistema contábil. Você deve
pontuar, sempre que necessário, os fundamentos normativos e legais respon-
sáveis pela característica que você está apontando no seu relatório.
Agora é com você: identifique as principais características do sistema
contábil apresentadas nesta seção, extraia uma síntese e elabore o seu
relatório. O time de reestruturação de TI está contando com você.
Bom trabalho.!
176
Não pode faltar
Assimile
Uma organização é considerada como um sistema aberto e dinâmico a
partir dos conceitos da teoria dos sistemas, uma vez que ela interage com
o meio e se altera a partir desta interação.
177
para que, a partir do lançamento, sejam atualizados os saldos das contas e
dos demonstrativos contábeis. Os registros dos fatos contábeis são efetuados
nos sistemas de contabilidade ou em módulos integrados que executam de
forma automática os lançamentos. Para Hurt (2014) cabe à contabilidade, a
partir das informações geradas pelos sistemas de informações, evidenciar a
situação patrimonial das entidades.
Reflita
O sistema de informação contábil representa um instrumento de
realização da finalidade informacional da contabilidade? Seria ele um
elemento fundamental para garantir a qualidade informacional?
Exemplificando
Considere que você está na condição de analista contábil em uma deter-
minada empresa e recebeu a incumbência de orientar o novo auxiliar
de almoxarifado e faturamento sobre o processo de registro das notas
fiscais relacionado às aquisições de mercadorias para revenda.
O fluxo de trabalho relacionado a esta atividade na empresa envolve
a compra, o recebimento e conferência da mercadoria, o envio da
nota fiscal para a provisão do pagamento e a estocagem. Como você
resumiria a função deste auxiliar em termos de acesso e operação do
sistema fiscal, contábil e financeiro?
No caso, certamente você explicaria que cabe ao auxiliar:
I- Receber a mercadoria e a nota fiscal;
II - Conferi-la em termos: físico (mercadorias condizentes com o
que foi comprado); e financeiro (valores e prazos de acordo com as
negociações).
III- Efetuar o registro no sistema fiscal para que sejam gerados os
respectivos lançamentos contábeis (SIC) e financeiros (SIG).
178
Veja no exemplo apresentado que um único lançamento efetuado no
módulo fiscal é capaz de desencadear os lançamentos a débito e a crédito
nas respectivas contas contábeis, bem como provisionar as contas a pagar
na área financeira. A este desencadeamento automático de registro dá-se o
nome de integração.
Princípios básicos
Para que um sistema se consolide e exerça seu papel, ele basicamente
precisa atender ao critério que o define como um sistema. Conforme Gil,
Biancolino e Borges (2010) um sistema é, como já dito, formado por variadas
partes que formam um todo e possuem um objetivo que é compartilhado.
O sistema informacional, de modo geral, é formado por vários módulos
que ao interagirem entre si (por integração) e têm por objetivo gerar infor-
mações. Ocorre que a estrutura do sistema de informação contábil compre-
ende tanto aspectos tecnológicos, físicos e intangíveis (humanos).
Segundo Gil, Biancolino e Borges (2010) interagem com os
sistemas contábeis:
• Usuários da informação.
• Desenvolvedores conceituais.
• Desenvolvedores das aplicações.
• Mantenedores dos sistemas.
Observa-se que o fator humano é aquele que possui maior interação com
as várias etapas dos sistemas, ou seja, desde a sua criação até a sua utilização
e manutenção.
Especificamente no que se refere aos desenvolvedores, a separação em
conceituais e desenvolvedores de aplicações se deve ao fato de que os sistemas
precisam passar por várias etapas de planejamento, desenho e validação
para somente depois serem efetivamente escritos e testados em termos de
funcionalidades. Estas etapas visam a garantia da qualidade para o usuário
do sistema e da informação.
Assimile
Em termos contábeis são os usuários da informação aqueles que orientam
a maior parte das decisões envolvendo o registro, o processamento e a
evidenciação da informação sobre o patrimônio das entidades.
179
Mas antes de se implementar um sistema contábil quais seriam os
pré-requisitos que este sistema deveria conter? Quais são seus princípios
de elaboração?
Na verdade, não existe uma lista específica de princípios ou pré-requisitos
que sirva para atender a todas as demandas organizacionais, todavia alguns
pontos merecem atenção, os quais detalhamos a seguir.
a. Capacidade de controle e avaliação de eficácia
O sistema de informação contábil deve ser capaz de proporcionar o
controle das atividades organizacionais, do patrimônio e do resultado, e
direta ou indiretamente permitir a avaliação de desempenho entre o que foi
planejado e a efetiva execução.
b. Segregação de responsabilidades
O sistema de informação contábil deve proporcionar a separação de
responsabilidades de forma que seja possível a atribuição de atividades
específicas para cada liderança e seus respectivos times de trabalho e, conse-
quentemente, permita a medição dos resultados alcançados por cada centro
de custo ou de responsabilidade da organização.
c. Delegação
O sistema de informação contábil deve ser capaz de proporcionar que
determinadas atividades sejam descentralizadas sem que se perca o controle.
A isso se denomina delegação de poder.
d. Relação custo-benefício
Os sistemas de informações contábeis devem ser capazes de atender
às demandas da área contábil sob todos os aspectos normativos e legais,
sem, todavia, implicar em custos que possam comprometer a continui-
dade da entidade. Alternativas devem ser buscadas quando esta situação se
mostrar provável.
e. Adequação normativa e legal
O sistema de informação contábil deve estar totalmente alinhado ao que
determina a legislação societária, a legislação fiscal e as normas brasileiras
de contabilidade. Além disso, sem prejuízo às normas legais acima mencio-
nadas, os regulamentos e demais instrumentos normativos derivados de
entidades reguladoras devem ser considerados e incorporados sempre que
forem referendados pelo órgão de classe contábil, o Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), ou tornados obrigatórios por força da lei.
180
Como a maior parte das informações geradas pelas atividades organiza-
cionais – quando não todas elas – afetam qualitativa ou quantitativamente a
situação patrimonial das entidades, o sistema de informações contábeis pode
ser considerado como uma espécie de centralizador de informações das mais
diversas áreas organizacionais.
Um fato que envolve aumento de capital de grande monta, por exemplo,
passa pelo sistema contábil da mesma forma que a compra de uma caneta
esferográfica de baixíssimo valor.
Reflita
Por que, afinal, praticamente todas as informações econômicas e finan-
ceiras das organizações transitam pelo SIC?
181
Uma vez que estes processos sejam corretamente executados, a infor-
mação que chega ao SIC é mais confiável, consistente e, consequentemente,
mais útil.
Uma vez que a qualidade da informação é aferida desde sua inserção
inicial no sistema, independentemente do módulo no qual ocorra, maior é
a garantia de que o produto final gerado pelo SIC seja igualmente confiável.
Ordem Cod. Cont. CFOP Descrição Quant. Vr. Unit. Vr. Total % IPI ICMS Imobilizado?
Brasil © 2019
182
• Percentuais dos tributos (IPI e ICMS).
• Se o produto em questão se destina ou não à imobilização, uma vez
que o tratamento do ICMS é diferenciado neste caso.
• Base de cálculo total dos tributos, fretes e total da nota fiscal, entre
outras informações.
Reflita
Mas afinal, se o sistema é integrado, onde aparecem as contas a serem
debitadas e creditadas pela contabilidade?
Assimile
O modelo apresentado no Quadro 4.1 pode variar de sistema para
sistema. Também o processo de integração entre os módulos pode
ocorrer de forma automática ou manualmente a partir de processa-
mentos acionados pelo usuário quando do fechamento do período.
183
SIC na estrutura informacional da organização
O sistema fiscal e o contábil pertencem praticamente ao mesmo conjunto de
informações relacionadas aos controles contábeis, dizem respeito à contabilidade
financeira e à contabilidade tributária. E as informações gerenciais?
Na verdade, a organização possui um modelo informacional que deve
ser capaz de contemplar todas as áreas nas quais ocorrem atividades e são
geradas informações.
Reflita
O sistema de informações contábeis deve estar alinhado aos demais
sistemas organizacionais? Haveria consequências gerenciais no caso de
um desalinhamento nesse sentido?
184
• Controle de contas a receber.
Figura 4.1 | Integração do SIC
Registro fiscal
Nota fiscal
185
• Valor.
A partir do fato contábil e do documento comprobatório, o responsável
pelo lançamento faz a inserção destas informações no módulo contábil
do sistema.
Para exemplificar este processo, considere o fato a seguir: uma deter-
minada empresa fez um depósito bancário em uma determinada data, a
empresa não possui integração entre o departamento financeiro e a conta-
bilidade, ou seja, a baixa nos controles de caixa e bancos não gera automa-
ticamente os lançamentos contábeis. No mesmo sentido, os lançamentos
contábeis não baixam automaticamente os movimentos de caixa e bancos,
portanto são feitos dois processos separadamente:
• Depois do retorno do comprovante de depósito para o departa-
mento financeiro, o responsável faz a baixa no controle de caixa e
bancos no sistema gerencial ajustando desta forma o saldo do livro
caixa e da conta corrente bancária.
• O documento é então enviado para a contabilidade que efetua o
lançamento contábil que atualizará o livro-razão das contas caixa
e bancos.
Neste processo há evidentemente um retrabalho, pois, uma das etapas
poderia ser evitada, se houvesse a integração entre o SIC e o SIG, porém
é preciso reconhecer que ainda há muitos sistemas não integrados, princi-
palmente considerando a realidade brasileira, sendo assim, é importante
conhecermos ambos os processos (com e sem integração).
O processo descrito no parágrafo anterior demanda um controle
denominado de conciliação, ou seja, a partir das atualizações dos controles
gerenciais e contábeis (livros, contas correntes, extratos e razões) todos são
confrontados para se chegar ao mesmo saldo.
O lançamento contábil é realizado conforme evidencia o Quadro 4.2.
186
Quadro 4.2 | Tela de lançamento do módulo contábil
Modelo Pedagógico-X xx/xx/xxxx - xx:xx usuário”a”
100%
Observações
Brasil © 2019
Vale destacar que cada sistema contábil possui sua própria interface,
podendo variar de acordo com cada aplicação, porém os elementos básicos
são os mesmos.
É importante, no entanto, o reconhecimento da necessidade de que os
recursos tecnológicos sejam convergidos em favor do objetivo principal da
contabilidade, quer seja, o de fornecer informações úteis de apoio ao processo
de tomada de decisões.
Os ferramentais tecnológicos podem contribuir, mas não substituem a
ação dos profissionais capacitados a compreender e atender às demandas dos
usuários da informação contábil.
187
No seu relatório você deverá apontar os princípios que foram listados
nesta seção, sendo eles:
• Capacidade de controle e avaliação de eficácia: o sistema de infor-
mação deve proporcionar o controle das atividades organizacionais,
do patrimônio e do resultado, também deve permitir a avaliação de
desempenho do que foi planejado e executado.
• Segregação de responsabilidades: o sistema de informação deve
proporcionar a separação das responsabilidades em relação as
atividades específicas de cada liderança e seus times, também deve
permitir medir os resultados alcançados por cada centro de custo ou
centros de responsabilidade.
• Delegação: o sistema de informação deve proporcionar descen-
tralização de algumas atividades, sem a perda do controle, ou seja,
delegação de poder.
• Relação custo-benefício: o sistema de informação deve atender às
demandas da área contábil, analisando as informações em relação ao
custo versus benefício.
• Adequação normativa e legal: o sistema de informação deve atender
as exigências normativas e legais.
Também lhe foi solicitado que fossem pontuados aspectos legais que
orientam o desenvolvimento dos SIC. Neste caso são quatro os destaques:
• A legislação societária (Lei nº 6.404/76 e atualizações).
• A legislação fiscal de todas as instâncias: federal, estadual e municipal.
• As normas e os regulamentos das entidades reguladoras.
• As normas brasileiras de contabilidade.
Não se esqueça que você é o profissional contábil que está orientando
o desenvolvimento do SIC na sua empresa, portanto manter-se atualizado
em relação às novas tecnologias bem como em relação à legislação da área é
fundamental. Tenha um bom trabalho.
188
Com base no exposto, qual das alternativas a seguir apresenta uma afirmação
correta sobre o sistema empresa?
a. A empresa é um sistema aberto e estável.
b. A empresa é um sistema fechado e dinâmico.
c. A empresa é um sistema fechado e estável.
d. A empresa é um sistema aberto e dinâmico.
e. A empresa é um sistema fechado e instável.
189
I. O desenvolvedor do sistema pode ser conceitual ou da aplicação.
PORQUE
II. O sistema precisa ser planejado e depois programado para estar
disponível para a utilização.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica-
tiva da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição
falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verda-
deira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
190
Seção 3
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção você terá contato com o conceito e as principais
características envolvendo o Sistema de Informações Gerenciais (SIG).
O contexto no qual este tema está inserido é o das organizações, afinal a
partir das operações organizacionais são gerados os fatos dos quais derivam
informações que precisam ser registradas, armazenadas, processadas e disse-
minadas a fim de apoiar o processo de decisão.
A partir das informações fiscais e contábeis geradas pelos sistemas infor-
matizados de contabilidade, torna-se possível uma ampla gama de análises
envolvendo a situação patrimonial e de resultado da entidade, cujo objetivo
é o subsídio ao processo de tomada de decisões dos usuários da infor-
mação contábil.
Uma vez estruturado o Sistema de Informações Contábeis (SIC), é a vez
de se concentrar no Sistema de Informações Gerenciais (SIG).
Nesse sentido, você, enquanto parte do time de reestruturação da TI de
uma grande empresa é convidado a providenciar um relatório que fará parte
da documentação relativa a este processo. Trata-se da documentação dos
sistemas de informações gerenciais que serão gerados (módulos novos) ou
reestruturados (módulos já existentes) pelos profissionais de TI.
Seu desafio nesse momento é o de inserir neste documento (relatório) uma
justificativa para que o SIG seja desenvolvido em consonância (integrado) ao
SIC. Nesta justificativa você deve explicar a diferença entre o sistema SIG e o
de contabilidade SIC, afinal os profissionais de TI podem não conhecer bem
sobre a contabilidade e pensar que o sistema SIG e o de contabilidade SIC são
similares. Por isso, você fica encarregado de dar subsídios suficientes para
que compreendam que ambas ferramentas são importantes.
Depois de explicar a diferença entre estes dois sistemas, é fundamental que
você deixe claro em seu relatório o motivo pelo qual o profissional contábil se
relaciona com o SIG, dependendo substancialmente de suas funções.
Vale a pena você destacar no seu relato a função do profissional contábil
no contexto organizacional, pois isso ajudará no entendimento de todos os
demais integrantes do time sobre o motivo pelo qual a contabilidade neces-
sita dos SIGs.
191
Seu papel nessa etapa do projeto é o de convencimento, portanto, bom
trabalho!
192
Assimile
A visão sistêmica empresarial tem bastante relação com o que se
denomina visão holística, ou seja, envolve uma espécie de distancia-
mento de quem está avaliando a organização de forma que possa vê-la
como um todo, mesmo reconhecendo que é formada por unidades
menores que interagem em prol de objetivos comuns.
Reflita
Você concorda que a departamentalização contribui para o processo
de avaliação de desempenho em uma organização? No mesmo sentido,
você acredita que a avaliação de desempenho contribui para a correção
de erros de forma mais rápida, melhorando a eficácia da organização
como um todo?
Todo sistema possui pelo menos três elementos que devem interagir a
fim de que ele atinja seu objetivo. Conforme esclarece Padoveze (2019), um
sistema possui elementos que perpassam os processos de: entrada, processa-
mento e saída, sendo:
193
• Objetivos: todo sistema nasce e é desenvolvido a partir de objetivos
previamente definidos que podem se manter inalterados ou serem
ajustados ao longo do tempo.
• Recursos (processo de transformação): diz respeito ao ferramental
em si que consome recursos físicos, intangíveis, humanos, entre
outros, capazes de processar e transformar dados em informações.
• Controle: representado pela atividade resultante das saídas relativas
às informações processadas e que atendem aos objetivos do sistema.
Além do controle possibilitado pelas informações geradas, o próprio
comportamento do sistema é avaliado e aprimorado constantemente.
A Figura 4.2 demonstra a interação destes elementos
Figura 4.2 | Componentes (elementos) de um sistema
OBJETIVOS
Retroalimentação
194
podendo estar incutidos no comportamento das pessoas e dos profissionais
que lidam com as questões e tomam as decisões operacionais e estratégicas.
Exemplificando
Uma determinada empresa possui um sistema de informações simples
que lhe fornece alguns relatórios financeiros que até o momento têm
atendido à sua necessidade de decisão, todavia um de seus sócios
acaba de fazer um MBA em Gestão e conheceu um funcionário de uma
empresa de TI que comercializa um ERP bastante completo e sofisti-
cado.
195
A Contabilidade da empresa é terceirizada, sendo que apenas os
controles financeiros e gerenciais são feitos internamente.
O colega do sócio da empresa não tardou em oferecer uma proposta
para que implante o ERP e internalize a Contabilidade.
Quais as variáveis importantes presentes nesta decisão?
• Valor do investimento no ERP.
• Custo da internalização versus a terceirização da contabilidade.
• Estrutura fixa que deverá ficar à disposição de ambas as áreas: a de
gestão do ERP e da contabilidade internalizada.
• Benefícios informacionais comparados ao que se tem disponível
atualmente, ou seja, o que se obterá de ganho a partir das novas infor-
mações e dos novos processos.
De forma geral, o SIG é o responsável por garantir a eficácia dos processos de
planejamento, execução, controle e avaliação de desempenho da organização.
Em todos os sentidos o SIG se volta para a decisão e seus resultados.
O processo gerado pelo SIG “[...] é o processo de transformação de dados
em informações que são utilizadas na estrutura decisória da empresa, proporcio-
nando, ainda, a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados”
(OLIVEIRA, 2017, p. 26).
Por envolver decisão, o Sistema de Informações Gerenciais está inserido em
um contexto mais amplo, conforme demonstra a Figura 4.3.
Figura 4.3 | SIG como parte do Sistema Global de Informações
AMBIENTE EMPRESARIAL
SISTEMA GLOBAL DE INFORMAÇÕES
SISTEMA DE INFORMAÇÕES
EXTERNAS
[faz parte]
SIG
EMPRESA
SISTEMA DE INFORMAÇÕES
INTERNAS
196
A Figura 4.3 demonstra como o SIG está integrado ao modelo de infor-
mação estruturado na forma do sistema global de informações, que integra
tanto as informações ambientais externas como internas da própria empresa.
Implementação e avaliação
Como qualquer processo de implantação, o relacionado com o sistema
de informações está envolto por questões que precisam ser tratadas a fim de
evitar ruídos e comprometimento da eficácia desde, ou até mesmo antes, o
início de sua operação.
Existem alguns modelos que procuram sistematizar o processo de
implantação de um sistema de informações, porém é possível que alguns
passos sejam considerados como principais e necessários a fim de garantir
que os benefícios almejados sejam alcançados.
A Figura 4.4 demonstra um dos modelos de implantação.
Figura 4.4 | Processo de implantação do SIG
Avaliação
Organização Implantação Treinamento Operação
final
197
• Treinamento: inicia-se na fase anterior e se estende durante todo
o processo acionando atividades de revisão de processos sempre
que necessário.
• A operação consiste na execução do sistema, ou seja, em mantê-lo em
atividade de forma que atenda às demandas para as quais foi desen-
volvido. Este processo deve ser contínuo, porém pode implicar em
pequenas interrupções para ajustes derivados dos processos avalia-
tivos desempenhados na etapa seguinte.
• A avaliação final consiste em verificar as funcionalidades que estão
em operação e lhes atribuir uma chancela. Esta etapa objetiva verificar
se o sistema está de acordo com as especificações gerando os resul-
tados esperados. Embora a palavra final denote ser a última etapa
do processo, ela também é contínua dentro do ciclo de desenvolvi-
mento dos sistemas e serve tanto como fase de validação como de
melhoria contínua.
Segundo Padoveze (2019), a análise dos processos envolvendo os Sistemas
de Informações Gerenciais envolve:
O desenho dos atuais processos, dos procedimentos e das tarefas, como
forma de diagnosticar o estado atual e pensar em necessidades.
• Desenho dos processos futuros que, a partir das necessidades identi-
ficadas no processo anterior, aperfeiçoarão o sistema de informação
e, consequentemente, todo o sistema-empresa. Isto, inclusive, é um
pressuposto do SIG.
• Indicação das mudanças, das atividades e de procedimentos, além das
estruturas que serão afetadas pela implantação dos novos processos.
• Ao final do processo de implantação do SIG inicia-se o ciclo de
aperfeiçoamento que deve ser um dos pressupostos básicos para que o
ciclo de melhoria da informação gerencial seja contínuo e duradouro,
atendendo às demandas decisórias dos gestores organizacionais.
198
Segundo Oliveira (2017), as áreas das organizações devem participar do
processo de implantação dos sistemas de informações.
Além das áreas internas, outros setores mesmo externos à organi-
zação, como fornecedores que possuem sistemas integrados, por exemplo,
são fundamentais quando o assunto é o uso da informação para fins de
decisões estratégicas.
A maioria dos usuários da informação, direta ou indiretamente, possui
interesse no SIG.
• Vendas: possuem interação com o mercado.
• Propaganda e publicidade: possuem informações dos concorrentes.
• Compras: os fornecedores vendem também aos seus concorrentes.
• Pesquisa e desenvolvimento: esses técnicos usam os dados de forma
mais adequada, gerando um ativo intelectual.
• Crédito e cobrança: têm informações de clientes e financeiras em geral.
• Atendimento ao cliente: deve estar alinhado com os clientes, podendo
informar-se sobre novos produtos, características, mudanças de
preços etc.
• Distribuição: por saber sobre os custos de transportes, capaci-
dade de depósitos, nível de estoque etc., tanto da empresa quanto
dos concorrentes.
• Relações com órgãos governamentais: têm contatos com institui-
ções em que são discutidos os setores, em geral, e os concorrentes,
em particular.
• Jurídico: tem conhecimento de concessão de patentes, de alterações
governamentais sobre o setor, e informações jurídicas de concor-
rentes e do mercado.
• Biblioteca: tem a centralização maior das fontes de informações por
meio de relatórios, periódicos, livros, manuais etc.
• Informática: pode estruturar um sistema de banco de dados automa-
tizado com maior facilidade e eficácia de processamento e análise.
• Recursos humanos: sabem sobre questões estratégicas
dos funcionários.
• Mercado imobiliário: pode contribuir para a análise dos planos de
expansão ou de retração de uma empresa concorrente.
199
A partir da variedade de áreas descritas, bem como de sua influência
informacional, é possível avaliar o quão amplo é o poder de captação e de
gestão informacional dos SIGs.
O ciclo envolvendo o planejamento estratégico ocorre geralmente em
um prazo menos recorrente do que as atividades operacionais, o que dá
a impressão de que as informações e a gestão estratégica da organização
ocorrem em outra perspectiva além dos Sistemas Gerenciais, o que não
é verdade.
Novamente é importante relembrar que os sistemas informacionais,
independente dos níveis, são integrados e devem ser capazes de responder
às demandas de informações em todos os níveis. Quem define se uma infor-
mação é ou não importante em termos estratégicos é a situação e não o
conceito relativo ao sistema no qual ela foi gerada.
Espera-se do profissional de gestão, neste caso também do profissional
contábil, a capacidade de focar mais o conteúdo da informação do que neces-
sariamente o ferramental pelo qual ela é gerada.
Todavia, e ao mesmo tempo, considerando as características da sociedade
contemporânea, não se pode ignorar o domínio das novas tecnologias.
O equilíbrio entre a tecnologia, o conhecimento e a capacidade de
gestão dos recursos, principalmente o humano, são os diferenciais na
eficácia das atividades dos líderes e gestores, e, por conseguinte, no sucesso
das organizações.
200
armazenar, processar e disseminar informações de ordem gerencial relacio-
nadas à entidade.
Sua importância é estratégica, pois é a partir das informações geradas
pelos SIGs que as organizações executam o seu planejamento, controlam a
sua execução e avaliam os seus resultados, possibilitando a manutenção de
suas atividades.
Além de conceituar e explicar o motivo pelo qual o time trabalhará neste
tipo de sistema, você deve também explicar a diferença entre o SIG e o SIC.
Nesta oportunidade você deverá escrever no relatório que o SIC
está voltado para o controle patrimonial e a elaboração das demonstra-
ções financeiras, além do controle e cumprimento das obrigações fiscais,
enquanto do SIG possui seu foco nos aspectos de planejamento, execução e
controle organizacional.
Por último, você deve explicar no seu relatório o motivo pelo qual o profis-
sional contábil se relaciona com o SIG, como, por exemplo, descrever que o
profissional contábil tem como função gerar informações para os usuários da
informação contábil como subsídio para o processo de decisão, ou seja, tanto
o SIC como o SIG representam ferramentais que apoiam o trabalho destes
profissionais no sentido de cumprir seu objetivo informacional.
Avançando na prática
201
mas, adicionalmente, você precisa convencer o interlocutor de que não há
separação das informações entre o SIC e o SIG, ou seja, eles estão relacionados.
Eis o seu desafio. A palavra está com você.
O que você diria?
Resolução da situação-problema
Na sua fala, você precisa selecionar informações que a contabilidade gera
por meio do SIC e que têm relação com o controle patrimonial e do resul-
tado, mas que podem ajudar no processo de avaliação sobre a participação
da empresa no mercado.
Você poderia citar algumas informações, como:
• Nível de faturamento ao longo dos últimos meses ou períodos.
• Volume de produção dos últimos meses ou períodos.
• Evolução dos custos dos produtos vendidos ao longo dos últimos
meses ou períodos.
• Ticket médio de faturamento por cliente.
Estas e outras são informações contábeis que podem contribuir para a
análise do posicionamento da empresa em relação ao mercado, bem como
sua capacidade de se adequar aos custos máximos admitidos a partir dos
preços praticados pela concorrência.
Em relação à opinião do interlocutor, é preciso dizer que, embora haja um
sistema especificamente criado para gerir as informações contábeis e fiscais,
as informações gerenciais permeiam toda a organização. Há uma integração
entre todos os sistemas, portanto mesmo informações sendo geradas inicial-
mente no SIC podem ser acessadas no SIG e também inversamente.
A integração e o relacionamento entre todos os sistemas se dão justa-
mente porque a organização é vista como um sistema aberto e dinâmico,
portanto um dos elementos que mantém suas partes unidas em prol dos
objetivos comuns são as informações.
202
Nesse sentido, qual das alternativas a seguir traz os três elementos que
permeiam as fases de entrada, processamento e saída na sua respectiva
ordem?
a. Objetivos, controle e recursos.
b. Controle, avaliação e recursos.
c. Avaliação, objetivos e controle.
d. Objetivos, recursos e controle.
e. Recursos, controle e objetivos.
203
Sobre estas características, avalie as seguintes asserções e relação proposta
entre elas:
I. Equifinalidade significa que, mesmo partindo de diferentes pontos,
de condições e maneiras diferentes iniciais, podemos chegar ao
mesmo estado final.
PORQUE
II. A equifinalidade compreende o empenho deles em se organizarem
buscando sobreviver, isto se dá por meio da ordenação.
Analisando estas asserções, é correto dizer que:
a. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II, falsa.
b. A asserção I é uma proposição falsa, e a II, verdadeira.
c. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I.
d. As asserções I e II são proposições falsas.
e. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
204
Referências