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Contabilidade Geral
Alberto Manoel Scherrer

1.1 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: FORMA E ESSÊNCIA DAS PARTIDAS DOBRADAS


(DÉBITO E CRÉDITO)

Seguramente podemos afirmar que a denominada “escrituração contábil” é o grande impeditivo para os leitores não
afeitos à Contabilidade. Antes do advento das partidas dobradas, idealizadas e publicadas pelo monge italiano do século
XV, Luca Pacioli, a Contabilidade restringia-se a um registro descritivo dos bens e haveres das pessoas e empresas (nos
moldes como eram organizadas à época). No máximo, havia uma informação quantitativa física e monetária desses bens
e haveres, sem, contudo, estabelecer-se uma relação entre a forma de aquisição desses bens (ORIGEM DE
RECURSOS: doação, compra efetiva com pagamento a vista ou a prazo) e a identificação física e financeiramente
quantificada do bem adquirido e/ou direito consequente (APLICAÇÃO DE RECURSOS: se houve aquisição de algum
bem, se o dinheiro tenha permanecido sob sua guarda ou, ainda, se houve a configuração plena de algum direito (valor a
receber) sobre alguma transação comercial).
Após a sistematização das partidas dobradas, a escrituração contábil, agora dotada de uma nova estrutura, passou a
ter uma mais evidente qualidade na informação sobre as transações comerciais. Entretanto, a adoção do conceito de
DÉBITO para as contas do ativo, custos e despesas, e de CRÉDITO para as contas do passivo, patrimônio líquido e
receitas, trouxe (e continua provocando) um enorme “desespero” para seu entendimento na concepção estrutural e
conceitual. A pergunta que se faz preliminarmente por todos, quando do ingresso em um curso de ciências contábeis e/ou
leitores de outras áreas do conhecimento, é a seguinte: por que razão a conta “caixa” tem seu saldo identificado como
“devedor”, se se trata de um recurso monetário disponível às empresas, para sua utilização? Diante de questionamentos
dessa natureza e congêneres, torna-se necessária uma explicação pontual sobre a assertiva de tal identificação (saldo
“devedor” para conta “caixa” e demais do Ativo, bem como saldo “credor” para contas do Passivo e Patrimônio Líquido,
para falarmos, neste instante, somente das contas desses grupos). Para um entendimento concreto a respeito do
questionamento apresentado, pode-se dizer:

a) Se uma empresa possui em determinado momento o montante de R$ 100,00 em seu caixa, a pergunta inicial a ser
feita é a seguinte: de onde veio esse valor? Ou, em outras palavras, qual é a origem desse recurso monetário?
b) Tais perguntas nos levam a identificar, preliminarmente, que, se a empresa tem posse do valor, esse (valor)
originou-se de alguma negociação: algum empréstimo, venda de algum bem ou alguma doação recebida.
c) Considerando, em última análise, que toda e qualquer empresa tem início (físico, organizacional e financeiro)
pela vontade de alguma(s) pessoa(s), que se “juntam” para constituí-la, não é nenhum exagero afirmar que, a
partir do momento em que a empresa torna-se uma organização jurídica (uma ficção do direito, na concepção de
alguns estudiosos) e essa organização passa a ter “vida própria” independentemente dos sócios que a
constituíram, a organização passa a ter um “primeiro” recurso monetário que teve como ORIGEM o dinheiro dos
sócios que a compuseram. Assim, é correto dizer que a empresa, agora juridicamente organizada, tem
como CREDORES os sócios que a idealizaram, haja vista que, como já dito, tal dinheiro era, de fato, de verdade
e de direito, desses mesmos sócios. E sem conotação jocosa, a palavra CREDOR começa com a letra “C”. Em
contrapartida, tal dinheiro está guardado na empresa (que a contabilidade identifica como “caixa”) e, como tal
dinheiro pertence aos sócios, pode-se (e deve-se) afirmar que a empresa é DEVEDORA de tal dinheiro a eles
(sócios). E, também sem conotação jocosa, a palavra DEVE começa com a letra “D”, nada mais correto afirmar
que a empresa tem aquele recurso monetário mas que, ao mesmo tempo, deve tal dinheiro aos sócios.
d) No procedimento denominado “escrituração contábil”, utilizando-se o método das partidas dobradas aqui tratado,
esse fato é assim registrado contabilmente:
DÉBITO: caixa 100,00
CRÉDITO: capital social 100,00

Importante ressaltar que a conta denominada “capital social” identifica exatamente o valor que os sócios
“emprestaram” para a empresa. Por essa razão (ainda que numa abordagem simples sem ser simplista), resume-se o
entendimento da seguinte forma: a empresa DEVE o dinheiro para os sócios, que são seus CREDORES. Por isso, a conta
“caixa” tem seu saldo qualificado como “D” (débito) e o capital social como “C” (crédito).

1.2 LIVROS CONTÁBEIS

Os livros contábeis exigidos por lei são: o livro Diário e o livro Razão. No primeiro, escrituram-se todos os eventos
havidos no período (usualmente, o livro refere-se a um exercício social que, em sua grande maioria, é exatamente o ano
civil). No segundo, ficam registrados os eventos, por ordem das contas contábeis movimentadas naquele período,
lançamentos esses ordenados cronologicamente.
O embasamento legal que dispõe sobre a forma, linguagem, ordenamento e metodologia da escrituração dos livros
contábeis é a Lei 10.406/02 (novo Código Civil), especialmente em seus arts. 1.179 a 1.195.
Vale lembrar que as demonstrações contábeis obrigatórias a serem apresentadas são: Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA),
Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), esta última obrigatória para as
empresas de capital aberto.

1.3 EQUAÇÃO PATRIMONIAL BÁSICA

Essa equação nada mais é que a estrutura do Balanço Patrimonial, cuja configuração, após a vigência da Lei 11.638/07,
está a seguir demonstrada; aqui neste trabalho, procuramos também demonstrar um paralelo com a estrutura então
exigida nos termos da Lei 6.404/76, sendo ambas denominadas “Lei das Sociedades por Ações”, estando a primeira aqui
citada em plena vigência.
Apresentamos, para efeito comparativo, a estrutura básica ANTES e DEPOIS da nova Lei das Sociedades por Ações,
como a seguir demonstrado:

ANTES DA LEI 11.638 APÓS A LEI 11.638

ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE


REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE
ATIVO PERMANENTE – REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
– INVESTIMENTO – INVESTIMENTO
– IMOBILIZADO – IMOBILIZADO
– DIFERIDO – INTANGÍVEL
– DIFERIDO

PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE


PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS – EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO – RESULTADO DE EXERCÍCIOS
– CAPITAL SOCIAL FUTUROS
– RESERVA DE CAPITAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO
– RESERVA DE REAVALIAÇÃO – CAPITAL SOCIAL
– RESERVAS DE LUCROS – RESERVA DE CAPITAL
– LUCROS OU PREJUÍZOS – AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
ACUMULADOS – RESERVAS DE LUCROS
– AÇÕES EM TESOURARIA
– PREJUÍZOS ACUMULADOS

1.4 REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA

A diferença fundamental entre esses regimes: princípio da competência versus o regime de caixa está em que, quando se
adota o regime de competência, as receitas são reconhecidas, independentemente de seu efetivo recebimento, e as
despesas (e custos) são reconhecidos, independentemente de seus pagamentos. Já no regime de caixa, consideram-se,
exclusivamente para fins de apuração do resultado, somente as receitas efetivamente recebidas no período apurado e, no
caso das despesas (e custos), tão somente aquelas efetivamente pagas. Essa apuração tem característica exclusivamente
financeira, enquanto a apuração pelo regime de competência é mais abrangente no aspecto econômico.
Para um entendimento objetivo dessas diferenças, incluímos aqui um exercício didaticamente resolvido, com o fito de
se esclarecer ao leitor com utilização de dados numéricos, conforme segue:
Considere que determinada empresa tenha realizado no mês de janeiro/X1 as seguintes operações:

› Comprou 1.000 unidades da mercadoria X para revenda, a prazo, no total de R$ 10.000,00.


› Vendeu 300 unidades da mercadoria X a vista, no valor de R$ 8.500,00.
› Vendeu 400 unidades da mercadoria X a prazo no valor de R$ 12.800,00.
› Realizou uma assinatura de jornal por um período de 6 meses, no total de R$ 120,00, pagando a vista esse valor.
› Pagou o aluguel do mês, no montante de R$ 1.500,00.
› Provisionou os honorários contábeis, cujo valor mensal é de R$ 3.200,00.

Diante das informações acima, o resultado no mês, pelo princípio da competência, é de:

( ) R$ 6.580,00
( ) R$ 9.580,00
( ) R$ 16.480,00
( ) R$ 9.480,00

CORREÇÃO:

a) Se você apontou R$ 6.580,00 (R$ 8.500,00 + R$ 12.800,00 – R$ 10.000,00 – R$ 20,00 – R$ 1.500,00 – R$


3.200,00), sua resposta está ERRADA, pois o custo correto é de R$ 7.000,00 (700 unidades vendidas × R$
10,00/unidade).
b) Se você apontou R$ 9.580,00 (R$ 8.500,00 + R$ 12.800,00 – R$ 7.000,00 – R$ 20,00 – R$ 1.500,00 – R$
3.200,00), sua resposta está CORRETA, pois, em relação à assinatura do jornal, somente pode-se considerar
como despesa do mês 1/6 do total da assinatura (válida por 6 meses).
c) Se você apontou R$ 16.480,00 (R$ 8.500,00 + R$ 12.800,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00 – R$ 3.200,00), sua
resposta está ERRADA, pois não foi considerado o cálculo dos custos das mercadorias vendidas, bem como da
despesa com assinatura do jornal deve ser apropriado somente 1/6 do total (assinatura válida por 6 meses).
d) Se você apontou R$ 9.480,00 (R$ 8.500,00 + R$ 12.800,00 – R$ 7.000,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00 – R$
3.200,00), sua resposta está ERRADA, pois da despesa de assinatura do jornal somente pode-se considerar R$
20,00, que é 1/6 do total (assinatura válida por 6 meses).

Considerando as mesmas informações acima, pelo regime de caixa, o resultado é de:

( ) R$ 680,00
( ) R$ 3.680,00
( ) R$ 19.680,00
( ) R$ 6.880,00

CORREÇÃO:

a) Se você apontou R$ 680,00 (R$ 8.500,00 – R$ 3.000,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00 – R$ 3.200,00), sua resposta
está ERRADA, pois o custo das mercadorias vendidas e dos honorários contábeis ainda não foram pagos.
b) Se você apontou R$ 3.680,00 (R$ 8.500,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00 – R$ 3.200,00), sua resposta
está ERRADA, pois os honorários contábeis não foram pagos.
c) Se você apontou R$ 19.680,00 (R$ 8.500,00 + R$ 12.800,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00), sua resposta
está ERRADA, pois as vendas a prazo não entram no cômputo do resultado pelo regime de caixa.
d) Se você apontou R$ 6.880,00 (R$ 8.500,00 – R$ 120,00 – R$ 1.500,00), sua resposta está CORRETA, pois no
regime de caixa consideram-se exclusivamente as receitas efetivamente recebidas e os custos e despesas
efetivamente pagos.

Mediante a leitura e acompanhamento do exercício apresentado, fica fácil a identificação das diferenças fundamentais
entre os regimes tratados no presente tópico.

1.5 MEDIDAS PRELIMINARES À ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS – O BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

O balancete de verificação contábil é uma peça (planilha) elaborada com o propósito de se verificarem os saldos de cada
conta movimentada. Em suma, é uma “consolidação” dos razonetes de cada uma delas (conta contábil), pois para esse
relatório (não exigido por lei) são transferidos os saldos iniciais e os lançamentos contábeis ocorridos no período,
demonstrando-se assim seu saldo final. É uma peça de conferência, não sendo obrigatória sua transcrição ao livro diário
e/ou qualquer outro congênere.
A estrutura do balancete varia de conformidade com o volume de contas movimentadas, do porte da empresa, bem
como do grau de interesse e/ou necessidade, tudo de acordo com o volume contábil trabalhado.
Como exemplo, segue um modelo de balancete de verificação, cuja visualização é capaz de dirimir, porventura,
dúvidas existentes sobre o mesmo.

MODELO DE BALANCETE DE VERIFICAÇÃO


EMPRESA:_____________________ PERÍODO: ___/___/___ A ___/___/___

MOVIMENTAÇÃO DAS
NOME DA SALDO CONTAS SALDO
D/C D/C
CONTA INICIAL FINAL
DÉBITO CRÉDITO

Caixa 500,00 D 1.000,00 800,00 700,00 D


Clientes 800,00 D 700,00 500,00 1.000,00 D
Fornecedores 600,00 C 500,00 100,00 200,00 C
Capital Social 900,00 C _______ 600,00 1.500,00 C

TOTAL DAS MOVIMENTAÇÕES 2.200,00 2.000,00

Conforme se vê anteriormente no modelo, o balancete “sintetiza” as movimentações contábeis registradas no livro


Diário e no livro Razão, em sua abordagem puramente numérica (quantitativa). Com base nos valores apresentados,
procede-se às conciliações contábeis, cotejando, por exemplo, os valores constantes de um extrato bancário emitido pelo
banco e, havendo disparidade de valores, devem-se analisar suas razões.

1.6 O INVENTÁRIO E AS PROVISÕES CONTÁBEIS


Numa linguagem objetiva, o inventário é o levantamento físico do estoque, que deve ser registrado em livro próprio, pois
trata-se da sustentação física da apuração dos custos das mercadorias vendidas (contabilidade comercial), quando se
adota o critério denominado “medida ponderada simples” para tal verificação.
Entretanto, os métodos de apuração de custo (PEPS, UPES e/ou MP) não interferem na constatação da quantidade
física das mercadorias. Os resultados que se mostram diferentes entre a adoção de um ou outro método são de natureza
exclusivamente monetária. Em capítulo próprio (2), trataremos dos métodos de apuração de custos e seus reflexos.
No que se refere às provisões, sabe-se que a legislação do Imposto de Renda, por normas estabelecidas pela Receita
Federal do Brasil, admite somente a contabilização das provisões relacionadas às férias e décimo terceiro salário dos
empregados. Ressalte-se que a permissão de somente essas provisões tem natureza puramente fiscal, não sendo proibitiva
no âmbito da Contabilidade, uma vez que as exclusões e/ou adições de valores para tal finalidade são contempladas na
escrituração de livro próprio (LALUR). Destarte, nada impede que as empresas, conforme o histórico dos recebimentos
de seus clientes (adimplências e inadimplências), procedam e demonstrem contabilmente as provisões de prováveis
perdas futuras, adotando uma porcentagem sobre o valor final recebível e/ou outra metodologia que melhor convier à sua
especificidade, fazendo constar nas notas explicativas os métodos e critérios adotados aos cálculos pertinentes.

1.7 AVALIAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS: CUSTO HISTÓRICO. CUSTO


CORRENTE. VALOR REALIZÁVEL. VALOR PRESENTE. VALOR JUSTO. VALOR
RECUPERÁVEL. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis
devem ser reconhecidos e apresentados nas demonstrações contábeis.

1.7.1 CUSTO CORRENTE

Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam que ser pagos se esses ativos
(ou equivalentes de ativos) fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos também
são reconhecidos da mesma forma que os ativos: valores não descontados, que seriam necessários para liquidar as
obrigações na data ou no período das demonstrações contábeis.

1.7.2 VALOR REALIZÁVEL

Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em
uma forma ordenada. Os passivos são mantidos analogamente aos ativos, porém com valores não descontados, que
seriam pagos para liquidar as obrigações no transcurso normal das operações da entidade jurídica.

1.7.3 VALOR PRESENTE

Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entradas líquidas de caixa, que se espera seja
gerado especificamente por aquele item, no transcurso normal das operações da entidade jurídica. Os passivos são,
também, mantidos pelo valor presente esperado para liquidá-los.

1.7.4 VALOR JUSTO (VALOR DE MERCADO – FAIR VALUE)

É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo possa ser liquidado, em uma transação sem favorecimentos
financeiros.

1.7.5 VALOR RECUPERÁVEL

Conforme dispõe a NBC T 19.6, “Os bens do imobilizado reavaliados devem ser acompanhados com o objetivo de
verificar se o valor recuperável é inferior ao valor líquido contábil. Se o valor recuperável for inferior ao valor líquido
contábil, o mesmo deve ser reduzido ao valor recuperável, desde que a perda seja considerada permanente. O montante
da redução, de que trata o item 19.6.14.2, deve reverter a reavaliação anterior, caso exista saldo, debitando-se a conta
de reserva da reavaliação”: o valor de venda de um ativo menos o custo para a sua alienação (preço líquido de venda),
ou o valor que a entidade do setor público espera recuperar pelo uso futuro desse ativo nas suas operações, estimado com
base nos fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente por meio de taxa de desconto (valor em uso), o que for maior.
O conceito geral de impairment diz respeito à perda por redução do valor contábil, ante o valor recuperável do ativo.
Trata-se da irrecuperabilidade ou “falta de paridade” entre os valores (contábil e recuperável).
Objetivando discriminar a perda por irrecuperabilidade, apresenta-se aqui sua abordagem em relação aos estoques,
às contas a receber de clientes e ao Imobilizado, conforme menções específicas abaixo:

› Em relação aos estoques: diz respeito ao MENOR VALOR entre o custo ou preço de venda, deduzidos os custos
necessários para concretizar a venda.
› Quanto às contas a receber de clientes: trata-se do valor de face (do título) menos a provisão para créditos de
liquidação duvidosa (PCLD).
› Para o imobilizado: será o MENOR VALOR entre o valor contábil líquido (deduzida a depreciação acumulada) e
o valor recuperável.

A mensuração da perda com o Imobilizado identifica o valor recuperável como sendo este o MAIOR VALOR
entre os seguintes (valores):

› O valor líquido de realização: (que é o preço de venda, deduzido do custo para se realizar [a venda]); e
› O valor em uso: (que é o valor presente dos benefícios econômicos futuros que poderão ser gerados pelo ativo,
durante sua vida útil remanescente).

O exemplo a seguir apresenta a mensuração da perda por irrecuperabilidade, com base nos conceitos acima citados:
Considere que a empresa tenha em seu ativo uma máquina, com as seguintes informações monetárias:

› Custo de aquisição: R$ 50.000,00


› Depreciação acumulada: R$ 12.500,00
› Valor líquido de realização: R$ 30.000,00
› Valor em uso: R$ 36.000,00

Com base nos valores apresentados, conclui-se que:

› O valor contábil ANTES da perda é de R$ 37.500,00 (R$ 50.000,00 – R$ 12.500,00).


› O valor recuperável é de R$ 36.000,00 (o valor em uso [R$ 36.000,00] é MAIOR que o valor líquido de
realização [R$ 30.000,00]).
› A perda é de R$ 1.500,00 (R$ 36.000,00 – R$ 37.500,00).

OBS.: A perda apontada (de R$ 1.500,00) é pelo fato de o valor recuperável ser MENOR que o valor em uso. Caso
fosse o contrário, não haveria perda a ser registrada.

1.7.6 ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Os efeitos das alterações do poder aquisitivo em moeda nacional devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis,
mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

1.8 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA


PATRIMONIAL – MEP. EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS

As participações em empresas e em consórcios públicos ou público-privados em que a administração tenha influência


significativa devem ser mensuradas ou avaliadas pelo método da equivalência patrimonial. O método da equivalência
patrimonial será utilizado para os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte
de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum.
Pelo método da equivalência patrimonial, o investimento é inicialmente registrado a preço de custo e o valor contábil
é aumentado ou reduzido conforme o Patrimônio Líquido da investida aumente ou diminua.
O valor do investimento permanente avaliado pelo método da equivalência patrimonial será obtido mediante o
seguinte cálculo:

I – aplicação do percentual de participação no capital social sobre o resultado da subtração do Patrimônio Líquido da
investida do valor do adiantamento para aumento de capital concedido a essa; e
II – subtração, do montante referido no inciso I, dos lucros não realizados nas operações intercompanhias, líquidos
dos efeitos fiscais.

ABORDAGEM CONCEITUAL

O QUE SIGNIFICA AVALIAR UM INVESTIMENTO PELO MEP?

Avaliar pelo MEP significa fazer constar dos demonstrativos contábeis (DRE e Balanço Patrimonial) da empresa
controladora os resultados havidos nas empresas controladas e/ou coligadas, na mesma proporção da participação no
capital social desta (controladora) naquelas empresas (controladas e/ou coligadas).

O QUE É UMA EMPRESA DENOMINADA CONTROLADA?

É a empresa da qual a controladora participa com mais de 50% do capital votante (ações ordinárias) da controlada.

O QUE É UMA EMPRESA DENOMINADA COLIGADA?

É a empresa da qual a controladora participa com, no mínimo, 20% do capital votante (ações ordinárias) ou, sendo
menor essa porcentagem, tenha significativa participação na administração. Por exemplo, se a empresa controladora tem
como prerrogativa nomear a direção da coligada, ou se a coligada utiliza parte (ou todo) do ativo imobilizado da
controladora… ou outras situações administrativas que indiquem a “significativa participação na administração”, nos
termos da Lei 11.638/07.

ABORDAGEM PRÁTICA

Admitamos que a empresa ALFA (controladora) participe do capital social de “BETA” e “ÔMEGA”, nas seguintes
proporções:

Participação em BETA: 25% das ações ordinárias e 15% das ações preferenciais, sem significativa participação na
administração. O capital social de BETA está assim composto:
Capital total: R$ 400.000,00.
Ações ordinárias: 100.000 ações a R$ 3,00 cada.
Ações preferenciais: 100.000 ações a R$ 1,00 cada.
Participação em ÔMEGA: 60% das ações ordinárias e 20% das ações preferenciais. O capital social de ÔMEGA
está assim composto:
Capital total: R$ 900.000,00.
Ações ordinárias: 150.000 ações a R$ 5,00 cada.
Ações preferenciais: 150.000 ações a R$ 1,00 cada.

PEDE-SE:
a) Determinar a natureza da participação societária.
b) Avaliar os investimentos de ALFA em BETA e ÔMEGA, pelo MEP, sabendo-se que o lucro da empresa BETA
tenha sido de R$ 135.000,00 e da empresa ÔMEGA tenha sido de R$ 290.000,00.

RESOLUÇÃO

PRIMEIRO PASSO: determinar a natureza da participação societária de ALFA nas demais empresas.
1) BETA é coligada de ALFA, uma vez que a participação é superior a 20% do capital votante (ações ordinárias),
mesmo não tendo significativa participação na administração (conforme o enunciado apresentado).
2) ÔMEGA é controlada de ALFA, uma vez que a participação é superior a 50% do capital votante (ações
ordinárias).

SEGUNDO PASSO: avaliar os investimentos pelo MEP.

Considerando que ALFA participa de BETA nos percentuais acima apresentados, deduz-se logicamente que o volume
monetário da participação é de R$ 90.000,00, assim identificado:

25.000 ações ordinárias × R$ 3,00 = R$ 75.000,00


15.000 ações preferenciais × R$ 1,00 = R$ 15.000,00

Como o capital total de BETA é de R$ 400.000,00, sabe-se que a participação total de ALFA no capital social de
BETA é de 22,50%, assim calculado: R$ 90.000,00/R$ 400.000,00 × 100 (para se determinar a participação na forma
percentual).
Assim, como o lucro de BETA foi de R$ 135.000,00, a parcela desse lucro pertencente à empresa ALFA será de R$
30.375,00 (R$ 135.000,00 × 22,50%).
Analogamente aos cálculos acima, procedamos à identificação do resultado monetário pertencente a ALFA, advindo
da relação societária com a empresa ÔMEGA.

90.000 ações ordinárias: R$ 450.000,00.


30.000 ações preferenciais: R$ 30.000,00.

Volume monetário da participação: R$ 480.000,00. Considerando que o capital total de ÔMEGA é de R$ 900.000,00,
tal participação corresponde a 53,33% (R$ 480.000,00/R$ 900.000,00 × 100).
Dessa maneira, a parcela do lucro de ÔMEGA que pertence à ALFA é de R$ 154.657,00 (R$ 290.000,00 × 53,33%).
Resta agora elaborar o relatório referente às participações:

% DE RESULTADO DA
CAPITAL
EMPRESAS RESULTADO PARTICIPAÇÃO NO PARTICIPAÇÃO
SOCIAL
CAPITAL SOCIAL ACIONÁRIA

BETA 400.000,00 135.000,00 22,50 30.375,00

ÔMEGA 900.000,00 290.000,00 53,00 154.657,00

Após os cálculos, procede-se aos lançamentos contábeis pertinentes (na empresa ALFA, que é a investidora):

D: Participação societária em BETA.


C: Resultado positivo em participação societária
(outras receitas) R$ 30.375,00.
D: Participação societária em ÔMEGA.
C: Resultado positivo em participação societária
(outras receitas) R$ 154.657,00.

EXERCÍCIO PLENO

A Investidora Accountancy S/A participa do capital social das investidas: CONT1, CONT2, CONT3, CONT4 e
CONT5, com as seguintes indicações:

1) De CONT1: 22% de suas ações ordinárias, COM significativa participação na administração.


2) De CONT2: 55% de suas ações ordinárias e 12% de suas ações preferenciais.
3) De CONT3: 68% de suas ações preferenciais, SEM participação significativa na administração.
4) De CONT4: 30% de suas ações ordinárias e 15% de suas ações preferenciais, COM significativa participação na
administração.
5) De CONT5: 75% de suas ações preferenciais e 12% de suas ações ordinárias, COM significativa participação na
administração.

O capital social de cada investida está assim composto:

CONT1: 130.000 ações ordinárias – R$ 6,60 cada


130.000 ações preferenciais – R$ 1,90 cada
CONT2: 220.000 ações ordinárias – R$ 9,30 cada
220.000 ações preferenciais – R$ 3,10 cada
CONT3: 480.000 ações ordinárias – R$ 3,10 cada
480.000 ações preferenciais – R$ 0,70 cada
CONT4: 315.000 ações ordinárias – R$ 2,20 cada
315.000 ações preferenciais – R$ 0,80 cada
CONT5: 250.000 ações ordinárias – R$ 2,30 cada
250.000 ações preferenciais – R$ 1,20 cada
Obs.: a aquisição das ações ocorreu em 2/1/2009.

Em 31/12/2009 o Patrimônio Líquido das investidas totalizava os seguintes valores:

CONT1: R$ 1.150.000,00
CONT2: R$ 3.150.000,00
CONT3: R$ 1.790.000,00
CONT4: R$ 1.440.000,00
CONT5: R$ 915.000,00

PEDE-SE:

a) Identificar a natureza (categoria) da participação societária em cada investida.


b) Avaliar os investimentos pelo MEP (quando couber).
c) Proceder aos lançamentos contábeis (na investidora), quando da aquisição das ações.
d) Proceder aos lançamentos contábeis (na investidora) do resultado das participações.

RESOLUÇÃO

Natureza da participação nas investidoras

a) CONT1 é COLIGADA da investidora.


b) CONT2 é CONTROLADA da investidora.
c) CONT3 é ASSOCIADA da investidora.
d) CONT4 é COLIGADA da investidora.
e) CONT5 é COLIGADA da investidora.

Avaliação dos investimentos pelo MEP

PARTICIP. NO CAP.
CAPITAL SOCIAL RESULTADO EM RESULT. DA
EMPRESA
SOCIAL 31/12/2009 PARTICIP.
% VALOR

CONT1 1.105.000,00 17,08 188.760,00 45.000,00 7.686,00


CONT2 2.728.000,00 44,25 1.207.140,00 422.000,00 186.735,00

CONT3 1.824.000,00 12.53 228.480,00 (34.000,00) Aval. met. custo

CONT4 945.000,00 26,00 245.700,00 495.000,00 128.700,00

CONT5 875.000,00 33,60 294.000,00 40.000,00 13.440,00

LANÇAMENTOS
02/01/2009
D: Participação em CONT1 188.760,00
D: Participação em CONT2 1.207,140,00
D: Participação em CONT3 228.480,00
D: Participação em CONT4 245.700,00
D: Participação em CONT5 294.000,00
C: Banco conta-movimento 2.164.080,00

31/12/2009
D: Participação em CONT1 7.686,00
D: Participação em CONT2 186.735,00
D: Participação em CONT4 128.700,00
D: Participação em CONT5 13.440,00
C: Resultado positivo em participação societária 336.561,00

1.9 DMPL – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) tem como finalidade principal evidenciar as alterações
havidas no Patrimônio Líquido das empresas, cujo relatório discrimina a destinação dos resultados auferidos (lucro ou
prejuízo), bem como mudanças ocorridas nas demais contas do Patrimônio Líquido, como exemplo, o capital social.
A estrutura dessa demonstração já de per si constitui-se em um relatório de análise e, mediante isso, para fins de
estudos e exemplificações, inserimos a seguir um modelo devidamente preenchido mediante as informações aqui também
exaradas.
Consideremos o seguinte exemplo:
Em 31/12/X1, determinada empresa apresentou seu balanço patrimonial com as seguintes informações:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

Caixa 800,00 Salário a Pagar 5.800,00

Banco conta-movimento 1.930,00 INSS a Recolher 1.390,00

Duplicatas a Receber 22.720,00 FGTS a Recolher 450,00

Estoque de Mercadorias 55.980,00 Fornecedores 14.530,00

NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

IMOBILIZADO Capital Social 200.000,00

Imóveis 195.000,00 Reservas de Lucros 52.260,00

Veículos 25.000,00 TOTAL 274.430,00

Móveis e Utens. 8.000,00


(–) Deprec. Acumulada (35.000,00)

TOTAL 274.430,00

Considere ainda que no transcurso do ano de X2 ocorreram as seguintes operações:

› Aporte de capital pelos sócios, no montante de R$ 100.000,00 em dinheiro.


› Aumento do capital social, com aproveitamento parcial das reservas de lucros, no valor de R$ 50.000,00.
› O lucro líquido do período foi de R$ 86.500,00.

Com base nas informações citadas, proceda ao preenchimento da DMPL, conforme modelo a seguir apresentado:

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL, DA EMPRESA


PROJETADA S/A – PERÍODO ENCERRADO EM 31/12/X2

RESERVAS DE LUCROS
CAPITAL RESERVAS LUCROS
HISTÓRICO SOCIAL DE RESERVAS RESERVA ACUMULADOS TOTAL
(REALIZADO) LUCROS A ESTATUTÁRIAS LEGAL
REALIZAR

Saldo em
200.000,00 52.260,00 252.260,00
31/12/X1

Aumento
//////////////// //////////// //////////////// /////////// ///////////////// //////////
de capital:

Com lucros
50.000,00 (50.000,00)
e reservas

Com aporte
100.000,00 100.000,00
de capital

Reversão
Reservas
Lucros a
Realizar

Lucro
Líquido do 86.500,00 86.500,00
Período

Transf. p/
//////////////// //////////// //////////////// /////////// ///////////////// ///////////
Reservas:

P/ Reserva
Legal

P/ Reservas
Estatutárias

Saldo em
350.000,00 88.760,00 438.760,00
31/12/X2

1.10 DFC – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA


Entendemos que é fundamental conhecer o arcabouço sobre o qual vários estudos têm sido feitos a respeito do fluxo de
caixa, também conhecido por cash flow, na adoção do idioma inglês.
É comum ouvir a seguinte expressão: “lucro é opinião; caixa é fato”. A Contabilidade, ao adotar o regime de
competência, acabou por criar a ideia de que lucro contábil e caixa são coisas distintas, ou seja, que o “valor” do lucro é
uma coisa e o “valor” do caixa produzido pelas mesmas operações que geraram esse lucro é outra coisa completamente
diferente.
O conceito de caixa, quando utilizado na DFC, recebe um sentido mais amplo, contemplando todas as
disponibilidades, também conhecido pela designação de “equivalentes de caixa” (caixa, bancos, aplicações financeiras de
curtíssimo prazo etc.). Desse modo, enquanto o conceito de recursos está associado ao Capital Circulante Líquido
(estudado através da DOAR: Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos, quando ainda tal relatório existia),
o conceito de caixa envolve entradas e saídas de dinheiro.
A DFC é um relatório contábil de extrema importância, que se destina a evidenciar como as operações da empresa
estão afetando o seu caixa (no seu sentido amplo), bem como a dar absoluta segurança quanto a alguns “quesitos”, dentre
os quais podemos elencar alguns:

1) Se a empresa, através de suas operações próprias, está gerando caixa suficiente para investir em bens do ativo
e/ou tecnologias que propiciem seu crescimento.
2) Se esse crescimento é suficientemente rápido e eficientemente gerido, de tal forma que não se torne necessário
financiamento externo (capital de terceiros), para manter as operações em estado crescente e as aquisições citadas
no quesito anterior.
3) Se a geração dos fluxos de caixa para liquidar é suficiente somente para liquidar suas dívidas ou se também
capacita a empresa para investir em novos produtos.

Percebe-se, pelos questionamentos elencados acima, a relevância da compreensão mais ampliada sobre a DFC.
Comentando a questão, MARION (2001, p. 208) assim se expressou: “Não há dúvida de que a melhor fonte é
Capital Próprio, já que a remuneração desse recurso será o dividendo e este ocorre apenas quando a empresa tem lucro
e dispõe de situação financeira favorável para pagar (por nossa Lei das Sociedades Anônimas, a empresa poderá
postergar pagamentos de dividendos quando sua situação financeira é precária).”

MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DFC

Temos presentes em nossa literatura dois métodos de elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa: MÉTODO
DIRETO e MÉTODO INDIRETO. O primeiro (DIRETO) é também chamado de DFC no sentido restrito. Compreende a
entrada e saída de numerários do Disponível, representa o Balanço Financeiro da empresa (muito importante para as
entidades sem fins lucrativos), sendo de grande valia para o tesoureiro. Sua estrutura é bastante simples, cuja
apresentação está contida no presente trabalho. Já o segundo (INDIRETO) traz em seu bojo a natureza mais “contábil”,
pois sua demonstração tem como ponto de partida o lucro apontado na DRE. Demonstra as causas da variação do
Disponível. Para o administrador financeiro, o método indireto é mais pormenorizado e mais completo para as análises
de pertinência. Para o foco do presente trabalho, apresentamos um exercício com sua respectiva resolução, sobre a DFC
pelo método direto, a fim de elucidar alguma possível dúvida e auxiliar na compreensão dos conceitos próprios da
demonstração em apreço.
Em 31 de dezembro de 2009, a empresa “PROJETADA” apresentou o balanço a seguir:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE 215.680,00 CIRCULANTE 84.445,00

Caixa 370,00 Salários a pagar 10.830,00

Banco Conta-Movimento 71.890,00 INSS a Recolher 3.110,00

Clientes (Dupl. a Receber) 69.020,00 FGTS a Recolher 985,00

Estoque de Mercadorias 62.400,00 PIS a Recolher 410,00


Juros a Apropriar 12.000,00 COFINS a Recolher 1.980,00

NÃO CIRCULANTE 58.040,00 ICMS a Recolher 3.130,00

IMOBILIZADO Empréstimo Bancário 42.000,00

Móveis e Utens 12.870,00 Fornecedores 22.000,00

Máquinas e Equipamentos 45.170,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 189.275,00

Capital Social 200.000,00

Prejuízo Acumulado (10.725,00)

TOTAL ATIVO 273.720,00 TOTAL PASSIVO 273.720,00

Em janeiro de 2010, suas operações foram as seguintes:

› 06/01 – Recebimento de clientes no montante de R$ 68.020,00.


› 06/01 – Pagamento dos salários constantes do balanço patrimonial.
› 06/01 – Pagamento da guia de INSS.
› 06/01 – Pagamento da guia de FGTS.
› 06/01 – Pagamento da guia de PIS.
› 06/01 – Pagamento da guia de COFINS.
› 06/01 – Pagamento da guia de ICMS.
› 06/01 – Aquisição de um veículo a vista no montante de R$ 45.000,00.
› 15/01 – Pagamento da parcela do empréstimo bancário, sendo: R$ 2.000,00 o valor da parcela líquida e R$
800,00 a parcela de juros.
› 18/01 – Pagamento aos fornecedores, no total de R$ 20.000,00.
› 20/01 – Integralização do capital social (aumento do capital) em R$ 50.000,00 pelos sócios, em dinheiro
depositado em banco nesta data.
› 25/01 – Aquisição a vista, de móveis para a empresa, no montante de R$ 3.800,00.
› 31/01 – Pagamento do aluguel do mês de janeiro, no valor de R$ 1.600,00.
› 31/01 – Pagamento das contas de água, luz e telefone do mês de janeiro, no valor de R$ 1.270,00.
› 31/01 – Pagamento dos honorários contábeis do mês de janeiro, no valor de R$ 3.580,00.
› 31/01 – Pagamento da retirada pro labore (dos sócios) do mês de janeiro, no valor de R$ 7.400,00.
› 31/01 – Venda de mercadorias a vista, no total de R$ 58.750,00.

Com base nos dados acima, elabore a DFC em 31 de janeiro de 2010.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA LEVANTADO EM 31/1/2010

FLUXO DE CAIXA DA ATIVIDADE OPERACIONAL R$ 71.675,00

ITENS VALOR (R$)

Recebimento de clientes 68.020,00

Pagamento de salários (10.830,00)

Pagamento guia INSS (3.110,00)

Pagamento guia FGTS (985,00)

Pagamento guia PIS (410,00)

Pagamento guia COFINS (1.980,00)


Pagamento guia ICMS (3.130,00)

Pagamento juros empréstimo (800,00)

Pagamento a fornecedores (20.000,00)

Pagamento aluguel janeiro (1.600,00)

Pagamento contas água, luz, fone, janeiro (1.270,00)

Pagamento honorários contábeis (3.580,00)

Pagamento pro labore dos sócios (7.400,00)

Vendas a vista no mês 58.750,00

FLUXO DE CAIXA DA ATIVIDADE DE INVESTIMENTO (R$ 48.800,00)

Aquisição de veículo (45.000,00)

Aquisição de móveis e utensílios (3.800,00)

FLUXO DE CAIXA DA ATIVIDADE DE FINANCIAMENTO R$ 48.000,00

Aumento de capital pelos sócios 50.000,00

Pagamento parcela empréstimo bancário (2.000,00)

RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO

VARIAÇÃO DO SALDO DE CAIXA 70.875,00

Saldo inicial 72.260,00

Saldo final 143.135,00

Visando consubstanciar mais a temática, transcrevemos a seguir “recortes” do CPC 03, que trata especificamente da
DFC, aprovada em 13 de junho de 2008, haja vista sua aplicação em todas as entidades jurídicas do setor privado.

RECORTES DO CPC 03
OBJETIVO
As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações
contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas
necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade
de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época e do grau de segurança de geração de tais
recursos.
Este Pronunciamento fornece informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma
entidade por meio de demonstração que classifique os fluxos de caixa do período por atividades operacionais, de
investimento e de financiamento.
ALCANCE
Os usuários das demonstrações contábeis se interessam em conhecer como a entidade gera e usa os recursos de
caixa e equivalentes de caixa, independentemente da natureza das suas atividades, mesmo que o caixa seja
considerado como produto da entidade, como é o caso de instituição financeira. As entidades necessitam de caixa
essencialmente pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de
receita. Elas precisam dos recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um
retorno para seus investidores. Assim sendo, este Pronunciamento requer que todas as entidades apresentem uma
demonstração dos fluxos de caixa.
BENEFÍCIOS DA DFC
A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis,
proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua
estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos
de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. As informações sobre os fluxos de
caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários
desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa de diferentes entidades. A
demonstração dos fluxos de caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional
para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as
mesmas transações e eventos.

1.11 DVA – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA), exigida pela Lei 11.638/07 para as companhias com capital aberto, com
aplicabilidade a partir do ano de 2008, foi conceituada e estruturada pelo advento do Pronunciamento 09 do CPC
(Comitê de Pronunciamentos Contábeis) em 30 de outubro de 2008, o que oficializa sua “existência contábil”. O modelo
apresentado no presente tópico foi extraído integralmente do Pronunciamento CPC em apreço, no intuito de propiciar um
melhor entendimento estrutural da demonstração em estudo (DVA).

O CUSTO EXTERNO

Nem todo custo é gerado dentro da própria empresa. Boa parte dele ou até mesmo a quase totalidade é apenas
transferida de outras empresas fornecedoras de matérias-primas, mercadorias, materiais diversos e serviços.
Os custos mais comuns incorporados ao produto da empresa vendedora, mas gerados em outras empresas, são:
Matérias-primas consumidas ou o custo das mercadorias vendidas.
Materiais diversos, como lubrificantes, material de limpeza, material de escritório e combustíveis.
Serviços diversos, como serviços de firmas de engenharia, de estabelecimentos de crédito, de escritórios de
contabilidade ou auditoria ou de firmas de limpeza e segurança.

CUSTOS INTERNOS

REMUNERAÇÃO DE FATORES

Toda empresa utiliza fatores de produção – trabalho, natureza, capital, capacidade tecnológica e capacidade
empresarial – e arca com um determinado custo para a utilização desses fatores, na forma de salários, aluguéis, pro
labore ou juros, por exemplo.
São os chamados CUSTOS INTERNOS, ou seja, custos gerados dentro da própria empresa.

VALOR ADICIONADO

O somatório desses custos – gerados dentro da própria empresa – que cobrem a remuneração dos fatores de produção
por ela utilizados é chamado de VALOR ADICIONADO ou VALOR AGREGADO, por ser o custo ACRESCIDO por
essa empresa aos custos que já vierem transferidos de outras empresas. Assim, o valor de venda de determinado produto
(em determinada empresa) seria o somatório dos custos gerados em outras empresas com o somatório do pagamento,
feito pela empresa vendedora, dos fatores de produção utilizados, ou seja:

VALOR DA VENDA = CUSTO EXTERNO + CUSTO INTERNO

Ou então,

VALOR DA VENDA = INSUMOS + VALOR ADICIONADO

DEPRECIAÇÃO
Apesar de não representar remuneração de fatores, a depreciação dos bens de uso da empresa deve ser incluída no
valor adicionado, pois trata-se, sem dúvida, de um custo gerado internamente.
Assim, teríamos:

VALOR ADICIONADO = REMUNERAÇÃO DE FATORES + DEPRECIAÇÃO

IMPOSTOS INDIRETOS

Note-se que o somatório do valor adicionado gerado com os insumos absorvidos ainda não atinge o valor de mercado
dos bens e serviços vendidos.
Estão faltando os impostos indiretos, como IPI, ICMS, ISS, PIS e COFINS, já incluídos no preço de venda das
mercadorias ou serviços.
Já os impostos DIRETOS são considerados integrantes do lucro gerado e, por isso, aparecerão dentro do item
LUCROS (como remuneração do fator capital).
Dessa forma, teremos, finalmente:

Valor Adicionado
(=) Remuneração de fatores
(+) Depreciação
(+) Impostos indiretos

RECEITAS EXTERNAS

As receitas recebidas de outras entidades jurídicas, como aluguéis, dividendos ou juros, por exemplo, são
consideradas valor adicionado na empresa que nos pagou. Assim, não deverão fazer parte de nossa DVA e, sim, da
empresa pagadora.

VALOR ADICIONADO

Valor adicionado corresponde ao somatório da remuneração paga a todos aqueles que participaram do processo de
produção, mais o valor correspondente ao desgaste do ativo fixo (depreciação), mais o valor transferido ao governo na
forma de tributos indiretos.
A destinação do valor adicionado pode ser dividida em:

› Remuneração da mão de obra: salários e encargos sociais.


› Remuneração da propriedade: aluguéis e arrendamentos.
› Remuneração do capital: de terceiros, por meio, por exemplo, de juros e correção, e dos proprietários, por meio
de dividendos.
› Reposição do capital fixo: depreciação, amortização e exaustão.
› Pagamento dos impostos: INDIRETOS, como ICMS, IPI, ISS, PIS e COFINS e DIRETOS, como IR e CSLL.
› Reinvestimento: lucro não distribuído: lucro destinado para aumento de capital e lucro destinado para reservas.

EXEMPLO PRÁTICO

DRE em 31/12/X1 da empresa projetada

Receita bruta das vendas $ 800.000


(–) Impostos sobre vendas $ 160.000
(=) Receita líquida $ 640.000
(–) Custo das mercadorias vendidas $ 330.000
(=) Lucro Bruto $ 310.000
(–) Despesas de aluguéis pagos a pessoas jurídicas $ 19.000
(–) Comissões pagas a pessoas físicas $ 17.800
(–) Comissões pagas a pessoas jurídicas $ 5.000
(–) Despesas com pessoal (salários + encargos) $ 92.000
(–) Fretes e carretos pagos a pessoas jurídicas $ 8.600
(–) Despesas de seguros $ 33.000
(–) Despesas financeiras $ 36.800
(–) Despesas de depreciação $ 41.500
(–) Despesas com assistência jurídica e contábil pagas a pessoas jurídicas $ 5.300
(=) Lucro operacional $ 51.000
(–) Provisão para IR $ 7.650
(–) Provisão para CSLL $ 4.590
(=) Lucro líquido do período $ 38.760
Dividendos distribuídos aos acionistas $ 7.800

No exemplo anterior, devem ser considerados como insumos:

› Custo da mercadoria vendida $ 330.000

› Comissões pagas a pessoas jurídicas $ 5.000


› Fretes pagos a pessoas jurídicas $ 8.600
› Assistência contábil e jurídica $ 5.300
› Despesas de seguros $ 33.000 $ 51.900
› TOTAL $ 381.900

DVA EM 31/12/X1 DA EMPRESA PROJETADA


Receita efetiva de vendas (receita líquida + impostos) $ 800.000
(–) Custo das mercadorias vendidas $ 330.000
(–) Serviços prestados por terceiros $ 51.900
(=) VALOR ADICIONADO $ 418.100
DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Para empregados
Despesas com pessoal (salários + encargos) $ 92.000
Comissões pagas a pessoas físicas (vendedores) $ 17.800
Para os financiadores
Despesas de juros $ 36.800
Para os acionistas
Distribuição de dividendos $ 7.800
Para o governo
Impostos indiretos $ 160.000
Imposto de Renda e Contrib. Social $ 12.240
Para terceiros
Aluguéis $ 19.000
Para reinvestimento
Parcela não distribuída de lucros (38.160 – 7.800) $ 30.960
Depreciação $ 41.500
TOTAL DO VALOR ADICIONADO $ 418.100

A seguir, um exercício resolvido para atrelamento da teoria à prática.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 30/6/2010


RECEITA OPERACIONAL BRUTA 1.548.960,00
(–) Impostos s/ vendas
ICMS s/ vendas 278.812,00
PIS s/ receitas 10.068,00
COFINS s/ vendas 46.469,00 (335.349,00)
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 1.213.611,00
(–) Custo das Mercadorias Vendidas (428.708,00)
LUCRO OPERACIONAL BRUTO 784.903,00
(–) Despesas operacionais
Despesas com salários 163.855,00
Despesas com FGTS 13.108,00
Despesas com INSS 42.275,00
Desp. com hon. contáb. 25.800,00
Retirada pro labore 42.000,00
Despesas com aluguel 18.960,00
Água, luz e telefone 12.752,00
Desp. mat. de consumo 6.300,00
Desp. mat. de escritório 1.036,00
Desp. com depreciações 13.313,00
Desp. manut. ativos 18.330,00 357.729,00
LUCRO ANTES DO IR/CSLL (LAIR) 427.174,00
(–) IR/CSLL (24%) 102.521,00
RESULTADO DO EXERCÍCIO 324.653,00

BALANÇO PATRIMONIAL EM 30/6/2010


ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa/bancos 2.890 Sal. a pagar 11.130
Dupl. a receber 102.200 INSS a recolher 3.170
Estoques 97.450 FGTS a recolher 1.250
ICMS a recolher 12.180
PIS a recolher 863
COFINS a recolher 3.098
IR/CSLL a recolher 102.521
Fornecedores 72.350
NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Realiz. longo prazo 70.459 Capital social 300.000
Investimentos
Reserva de lucros 365.237
Particip. societ. 100.000
Imobilizado
Terrenos 400.000
Veículos 95.000
Máq. equip. 32.510
Móv. utens. 15.000
(–) Deprec. acum. (43.710)
TOTAIS 871.799 871.799

RESOLUÇÃO – Demonstração do Valor Adicionado


Receita efetiva das vendas (receita bruta) 1.548.960,00
(–) Custo das mercadorias vendidas 428.708,00
(–) Serviços prestados por terceiros
Manutenção de ativos 18.330,00
Água, luz e telefone 12.752,00
Material de consumo 6.300,00
Material de escritório 1.036,00 38.418,00
(=) VALOR ADICIONADO 1.081,834,00
DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Para empregados
Desp. com salários 163.855,00
Enc. sociais (INSS) 42.275,00
Pro labore de sócio 42.000,00
Enc. sociais (FGTS) 13.108,00 261.238,00
Para Terceiros (pessoas físicas)
Honorários contábeis 25.800,00
Desp. com aluguel 18.960,00 44.760,00
Para o governo
Impostos indiretos 335.349,00
Impostos diretos 102.521,00 437.870,00
Para reinvestimentos
Depreciações 13.313,00
Lucros não distribuídos 324.653,00 337.966,00

MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – EMPRESAS


EM GERAL – DE CONFORMIDADE COM O CPC 09

DESCRIÇÃO VALORES EM
REAIS
ANO ANO 2
1 (atual)

1. RECEITAS

1.1 – Vendas de mercadorias, produtos e serviços

1.2 – Outras receitas

1.3 – Receitas de construção de ativos próprios

1.4 – Provisão para créditos de liquidação duvidosa


(reversão/constituição)

2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (PESSOAS JURÍDICAS)

2.1 – Custo dos prod., mercad. e serviços vendidos

2.2 – Materiais, energia, serv. de terceiros e outros

2.3 – Perda/recuperação de ativos

2.4 – (Outras)

3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2)

4. DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

5. VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3


– 4)

6. VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA (DE


OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS)

6.1 – Resultado da Equivalência Patrimonial

6.2 – Receitas financeiras

6.3 - Outras

7. VALOR ADICIONADO A DISTRIBUIR (5 + 6)

8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO

8.1 - PESSOAL

8.1.1 – Salários (remuneração direta)

8.1.2 – Benefícios (comissões etc.)

8.1.3 – FGTS

8.1.4 – Previdência social

8.1.5 – Pro labore de sócio

8.2 - GOVERNO

8.2.1 – Impostos indiretos federais (PIS, COFINS)

8.2.2 – Impostos diretos federais (IR, CSLL)

8.2.3 – Impostos indiretos estaduais (ICMS)


8.2.4 – Taxas e contribuições estaduais

8.2.5 – Impostos municipais

8.3 – TERCEIROS (PESSOAS FÍSICAS)

8.3.1 – Juros pagos

8.3.2 – Aluguéis

8.3.3 – Honorários contábeis

8.3.4 – Outros

8.4 – FINANCIADORES

8.4.1 – Juros de empréstimos etc.

8.5 – ACIONISTAS

8.5.1 – Distribuição de dividendos

8.6 – REINVESTIMENTO

8.6.1 – Depreciações

8.6.2 – Lucros não distribuídos (prejuízo do período)

Obs.: o total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

Isso posto, entendemos que a leitura do CPC 09 esclarece e aprofunda o conhecimento sobre a DVA, uma vez que
sua relevância está em subsidiar o conhecido “balanço social”, onde e quando as riquezas são geradas pelas empresas e
os destinos diversos dados a essa riqueza são demonstrados com clareza, alcance e profundidade.

1.12 RECONHECIMENTO DAS RECEITAS E DAS DESPESAS


Quanto à mensuração e reconhecimento das receitas e despesas, basta a leitura da Resolução CFC 1.121/08 e
Deliberação CVM 539/08, com nomenclatura alterada pela Resolução CFC 1.329/11, que aprovou a NBC TG – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, especialmente em seus itens 74 a 80 e 92 a
98, cuja redação original é aqui transcrita:

“Receitas
74. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas como ganhos. A receita surge no curso das
atividades ordinárias de uma entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários,
juros, dividendos, royalties e aluguéis.
75. Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das
atividades ordinárias da entidade, representando aumentos nos benefícios econômicos e, como tal, não diferem, em
natureza, das receitas. Consequentemente, não são considerados como um elemento separado nesta Estrutura
Conceitual.
76. Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos não correntes. A definição de receita
também inclui ganhos não realizados; por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos negociáveis e os que
resultam de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Quando esses ganhos são reconhecidos na demonstração do
resultado, eles são usualmente apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de tomada de
decisões econômicas. Esses ganhos são, na maioria das vezes, mostrados líquidos das respectivas despesas.
77. Vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por meio da receita; exemplos incluem caixa, contas a
receber, mercadorias e serviços recebidos em troca de mercadorias e serviços fornecidos. A receita também pode
resultar da liquidação de passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer mercadorias e serviços a um credor em
liquidação da obrigação de pagar um empréstimo.
Despesas
78. A definição de despesas abrange perdas assim como as despesas que surgem no curso das atividades ordinárias
da entidade. As despesas que surgem no curso das atividades ordinárias da entidade incluem, por exemplo, o custo
das vendas, salários e depreciação. Geralmente, tomam a forma de um desembolso ou redução de ativos como caixa
e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado.
79. Perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas e podem ou não surgir no curso das
atividades ordinárias da entidade, representando decréscimos nos benefícios econômicos e, como tal, não são de
natureza diferente das demais despesas. Assim, não são consideradas como um elemento à parte nesta Estrutura
Conceitual.
80. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e inundações, assim como as que
decorrem da venda de ativos não correntes. A definição de despesas também inclui as perdas não realizadas, por
exemplo, as que surgem dos efeitos dos aumentos na taxa de câmbio de uma moeda estrangeira com relação aos
empréstimos a pagar em tal moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demonstração do resultado, elas são
geralmente demonstradas separadamente, pois sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. As
perdas são geralmente demonstradas líquidas das respectivas receitas.
Reconhecimento de Receitas
92. A receita é reconhecida na demonstração do resultado quando resulta em um aumento, que possa ser
determinado em bases confiáveis, nos benefícios econômicos futuros provenientes do aumento de um ativo ou da
diminuição de um passivo. Isso significa, de fato, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o
reconhecimento de aumento de ativo ou de diminuição de passivo. Mas isso não significa que todo aumento de ativo
ou redução de passivo corresponda a uma receita.
93. Os procedimentos normalmente adotados na prática para reconhecimento da receita, como por exemplo o
requisito de que a receita deve ter sido ganha, são aplicações dos critérios de reconhecimento definidos nesta
Estrutura Conceitual. Tais procedimentos são geralmente orientados para restringir o reconhecimento como receita
àqueles itens que possam ser determinados em bases confiáveis e tenham um grau suficiente de certeza.
Reconhecimento de Despesas
94. As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado quando surge um decréscimo, que possa ser
determinado em bases confiáveis, nos futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição de um ativo ou do
aumento de um passivo. Isso significa, de fato, que o reconhecimento de despesa ocorre simultaneamente com o
reconhecimento do aumento do passivo ou da diminuição do ativo (por exemplo, a provisão para obrigações
trabalhistas ou a depreciação de um equipamento).
95. As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre elas e os
correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas
(Regime de Competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem
diretamente das mesmas transações ou outros eventos; por exemplo, os vários componentes de despesas que
integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos na mesma data em que a receita derivada da
venda das mercadorias é reconhecida. Entretanto, a aplicação do conceito de confrontação da receita e despesa de
acordo com esta Estrutura Conceitual não autoriza o reconhecimento de itens no balanço patrimonial que não
satisfaçam à definição de ativos ou passivos.
96. Quando se espera que os benefícios econômicos sejam gerados ao longo de vários períodos contábeis, e a
confrontação com a correspondente receita somente possa ser feita de modo geral e indireto, as despesas são
reconhecidas na demonstração do resultado com base em procedimentos de alocação sistemática e racional. Muitas
vezes isso é necessário ao reconhecer despesas associadas com o uso ou desgaste de ativos, tais como imobilizado,
ágio, marcas e patentes; em tais casos, a despesa é designada como depreciação ou amortização. Esses
procedimentos de alocação destinam-se a reconhecer despesas nos períodos contábeis em que os benefícios
econômicos associados a tais itens sejam consumidos ou expirem.
97. Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando um gasto não produz
benefícios econômicos futuros ou quando e na extensão em que os benefícios econômicos futuros não se qualificam,
ou deixam de se qualificar, para reconhecimento no balanço patrimonial como um ativo.
98. Uma despesa é também reconhecida na demonstração do resultado quando um passivo é incorrido sem o
correspondente reconhecimento de um ativo, como no caso de um passivo decorrente de garantia de produto.”

1.13 TRATAMENTO CONTÁBIL DAS DEPRECIAÇÕES

A maior parte dos Ativos Imobilizados de uma empresa tem uma vida útil limitada. Por essa razão, a Contabilidade deve
proceder aos cálculos e contabilização dos valores relativos a essa perda de capacidade de geração de recursos de tais
ativos. Na interpretação do fisco e da forma que por ele é admitido, os terrenos e obras de arte não estão sujeitos aos
cálculos da depreciação. Para os demais, a Contabilidade deve estar atenta, pois a finalidade principal da depreciação é
demonstrar, através do balanço patrimonial, a redução da capacidade de trabalho, traduzida em termos monetários. Esse é
o motivo pelo qual a conta “depreciação acumulada” é uma REDUTORA dos valores do Ativo Imobilizado. Ao se
proceder à contabilização da depreciação, a Contabilidade (através da DRE) está “diminuindo” o lucro da empresa, com
o propósito de que aqueles valores sirvam como bússola para os administradores, bem como “separando” do lucro
valores a fim de reposição de tais ativos. Dessa maneira, o lucro “diminuído” pela depreciação sofrerá uma tributação
menor de IR/CSLL (para o caso de tributação pelo chamado lucro real), e, principalmente, distribuição de lucros aos
sócios/acionistas de maneira gerencialmente lúcida, ou seja, os valores próprios para reposição dos ativos já foram
“separados”. Existem três métodos principais de calcular a depreciação: o método linear, o método da soma dos dígitos
dos anos e o método da depreciação conforme a vida útil do bem. Para o cálculo (método linear), a legislação do Imposto
de Renda contém uma tabela de porcentagens para os tipos de imobilizado. A tabela a seguir está elaborada com seus
respectivos percentuais (POR ANO-CALENDÁRIO), quando o regime de trabalho é de 08 (oito) horas/dia. Para o
regime de dois turnos de 08 horas/dia, aplica-se o coeficiente de 1,5 e, para o regime de trabalho de 3 turnos de 08
horas/dia, o coeficiente é de 2,0 (ambos aplicados sobre as porcentagens indicadas, conforme tabela ilustrativa a seguir,
com alguns ativos).

CONTA CONTÁBIL PORCENTAGEM DE DEPRECIAÇÃO


Móveis e Utensílios 10% ao ano
Máquinas e Equipamentos 10% ao ano
Veículos 20% ao ano
Imóveis 4% ao ano
Tratores e similares 25% ao ano
Ferramentas 20% ao ano

O denominado método “soma dos dígitos dos anos”, como dito, é uma forma gerencial mais coerente de se calcular a
depreciação. Sua metodologia de cálculo está assim estruturada:
A depreciação por esse método é calculada da seguinte forma:

› Fase 1 ⇒ Somam-se os algarismos que compõem o número de anos de vida útil do bem a ser depreciado;
› Fase 2 ⇒ Multiplica-se o valor a ser depreciado a cada ano pela fração cujo denominador é a soma obtida na fase
1, e o numerador, para o primeiro ano, é o total de anos da vida útil do bem. O numerador para o segundo ano é o
número de anos de vida útil do bem diminuindo-se 1 ano já passado. O numerador para o terceiro é o número de
anos de vida útil do bem diminuindo-se 2 anos já passados, e assim por diante.

Exemplificando:

Um veículo foi comprado por R$ 10.000,00. Vida útil do veículo: 5 anos.

Soma dos dígitos 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 (15 será o denominador)


1o ano 5 anos/15 × R$ 10.000,00 = R$ 3.333,33 ⇒ valor da depreciação do 1o ano.
2o ano 4 anos/15 × R$ 10.000,00 = R$ 2.666,67 ⇒ valor da depreciação do 2o ano.
3o ano 3 anos/15 × R$ 10.000,00 = R$ 2.000,00 ⇒ valor da depreciação do 3o ano.
4o ano 2 anos/5 × R$ 10.000,00 = R$ 1.333,33 ⇒ valor da depreciação do 4o ano.
5o ano 1 ano/15 × R$ 10.000,00 = R$ 666,67 ⇒ valor da depreciação do 5o ano.
Soma ao fim de 5 anos R$ 10.000,00

A coerência desse método com o aspecto gerencial está em que, a partir da premissa de que determinado bem tem
maior capacidade produtiva e, consequentemente, propicia a geração de uma receita mais elevada, deve-se,
contabilmente, “separar” uma determinada importância com o propósito de, no momento adequado, substituir aquele
ativo. Se fosse adotado o método linear, todos os períodos teriam o mesmo valor de depreciação calculado. Já pela soma
dos dígitos dos anos, percebe-se facilmente que, do início ao término, os valores vão gradativamente sendo reduzidos,
guardando a tão propalada coerência gerencial, pois a base de comparação é com a capacidade de geração de receita.
Em outras palavras, poder-se-ia comparar essa situação com as finanças individuais de qualquer ser humano, ou seja,
a partir do instante em que o indivíduo tem um maior salário, ele pode (e deve) separar uma determinada parcela do
salário para, por exemplo, construir sua poupança, para que, oportunamente, seja utilizada. Se, num certo momento, a
renda desse indivíduo tem um decréscimo, o “impacto” não será tão evidente, haja vista que a poupança formada
anteriormente “permite” que ele faça os investimentos desejados.
Assim, analogamente, a empresa, considerando esse método, contabiliza como despesa (puramente econômica) um
valor mais acentuado no início da vida útil do bem e, com isso, reduz a base de cálculo do Imposto de Renda (IR) e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), assim como reduz contabilmente o lucro líquido, com a consequente
redução na distribuição de dividendos aos acionistas.
Em síntese, quando se diz “separar” valores para substituição de ativos (isso é uma definição clássica de
depreciação), está se falando em pagar menos tributos e distribuir valores menores de dividendos e, concomitantemente,
possibilitando a formação de uma reserva para substituição dos ativos depreciados.
Finalmente, com o advento da Lei 11.638/07, os órgãos normativos contábeis orientam a que os cálculos das
depreciações sejam feitos mediante a informação sobre o tempo de vida útil do bem e, a partir dessa quantificação,
procede-se ao cálculo estabelecendo a porcentagem de depreciação para cada período, conforme prescrito no CPC 27 de
2009, especificamente em seus itens 43 a 62, cuja transcrição literal se dá a seguir:

“Depreciação
43. Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item deve
ser depreciado separadamente.
44. A entidade aloca o valor inicialmente reconhecido de um item do ativo imobilizado aos componentes
significativos desse item e os deprecia separadamente. Por exemplo, pode ser adequado depreciar separadamente a
estrutura e os motores de aeronave, seja ela de propriedade da entidade ou obtida por meio de operação de
arrendamento mercantil financeiro. De forma similar, se o arrendador adquire um ativo imobilizado que esteja
sujeito a arrendamento mercantil operacional, pode ser adequado depreciar separadamente os montantes relativos
ao custo daquele item que sejam atribuíveis a condições do contrato de arrendamento mercantil favoráveis ou
desfavoráveis em relação a condições de mercado.
45. Um componente significativo de um item do ativo imobilizado pode ter a vida útil e o método de depreciação que
sejam os mesmos que a vida útil e o método de depreciação de outro componente significativo do mesmo item. Esses
componentes podem ser agrupados no cálculo da despesa de depreciação.
46. Conforme a entidade deprecia separadamente alguns componentes de um item do ativo imobilizado, também
deprecia separadamente o remanescente do item. Esse remanescente consiste em componentes de um item que não
são individualmente significativos. Se a entidade possui expectativas diferentes para essas partes, técnicas de
aproximação podem ser necessárias para depreciar o remanescente de forma que represente fidedignamente o
padrão de consumo e/ou a vida útil desses componentes.
47. A entidade pode escolher depreciar separadamente os componentes de um item que não tenham custo
significativo em relação ao custo total do item.
48. A despesa de depreciação de cada período deve ser reconhecida no resultado a menos que seja incluída no valor
contábil de outro ativo.
49. A depreciação do período deve ser normalmente reconhecida no resultado. No entanto, por vezes os benefícios
econômicos futuros incorporados no ativo são absorvidos para a produção de outros ativos. Nesses casos, a
depreciação faz parte do custo de outro ativo, devendo ser incluída no seu valor contábil. Por exemplo, a
depreciação de máquinas e equipamentos de produção é incluída nos custos de produção de estoque (ver o
Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques). De forma semelhante, a depreciação de ativos imobilizados usados
para atividades de desenvolvimento pode ser incluída no custo de um ativo intangível reconhecido de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativo Intangível.

Valor depreciável e período de depreciação


50. O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada.
51. O valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício e, se as
expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa
contábil, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de
Erro.
52. A depreciação é reconhecida mesmo que o valor justo do ativo exceda o seu valor contábil, desde que o valor
residual do ativo não exceda o seu valor contábil. A reparação e a manutenção de um ativo não evitam a
necessidade de depreciá-lo.
53. O valor depreciável de um ativo é determinado após a dedução de seu valor residual. Na prática, o valor
residual de um ativo frequentemente não é significativo e por isso imaterial para o cálculo do valor depreciável.
54. O valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual
subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil.
55. A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em
condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação de um ativo deve cessar na data
em que o ativo é classificado como mantido para venda (ou incluído em um grupo de ativos classificado como
mantido para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda
e Operação Descontinuada) ou, ainda, na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro. Portanto, a
depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o ativo esteja
totalmente depreciado. No entanto, de acordo com os métodos de depreciação pelo uso, a despesa de depreciação
pode ser zero enquanto não houver produção.
56. Os benefícios econômicos futuros incorporados no ativo são consumidos pela entidade principalmente por meio
do seu uso. Porém, outros fatores, tais como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal enquanto o ativo
permanece ocioso, muitas vezes dão origem à diminuição dos benefícios econômicos que poderiam ter sido obtidos
do ativo. Consequentemente, todos os seguintes fatores são considerados na determinação da vida útil de um ativo:
(a) uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física esperadas do ativo;
(b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o número de turnos durante
os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto
estiver ocioso;
(c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de mudança na
demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo;
(d) limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos contratos de arrendamento
mercantil relativos ao ativo.
57. A vida útil de um ativo é definida em termos da utilidade esperada do ativo para a entidade. A política de gestão
de ativos da entidade pode considerar a alienação de ativos após um período determinado ou após o consumo de
uma proporção específica de benefícios econômicos futuros incorporados no ativo. Por isso, a vida útil de um ativo
pode ser menor do que a sua vida econômica. A estimativa da vida útil do ativo é uma questão de julgamento
baseado na experiência da entidade com ativos semelhantes.
58. Terrenos e edifícios são ativos separáveis e são contabilizados separadamente, mesmo quando sejam adquiridos
conjuntamente. Com algumas exceções, como as pedreiras e os locais usados como aterro, os terrenos têm vida útil
ilimitada e, portanto, não são depreciados. Os edifícios têm vida útil limitada e, por isso, são ativos depreciáveis. O
aumento de valor de um terreno no qual um edifício esteja construído não afeta o valor contábil do edifício
59. Se o custo do terreno incluir custos de desmontagem, remoção e restauração do local, essa porção do valor
contábil do terreno é depreciada durante o período de benefícios obtidos ao incorrer nesses custos. Em alguns casos,
o próprio terreno pode ter vida útil limitada, sendo depreciado de modo a refletir os benefícios a serem dele
retirados.
Método de depreciação
60. O método de depreciação utilizado reflete o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros.
61. O método de depreciação aplicado a um ativo deve ser revisado pelo menos ao final de cada exercício e, se
houver alteração significativa no padrão de consumo previsto, o método de depreciação deve ser alterado para
refletir essa mudança. Tal mudança deve ser registrada como mudança na estimativa contábil, de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.
62. Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para apropriar de forma sistemática o valor depreciável de
um ativo ao longo da sua vida útil. Tais métodos incluem o método da linha reta, o método dos saldos decrescentes e
o método de unidades produzidas. A depreciação pelo método linear resulta em despesa constante durante a vida útil
do ativo, caso o seu valor residual não se altere. O método dos saldos decrescentes resulta em despesa decrescente
durante a vida útil. O método de unidades produzidas resulta em despesa baseada no uso ou produção esperados. A
entidade seleciona o método que melhor reflita o padrão do consumo dos benefícios econômicos futuros esperados
incorporados no ativo. Esse método é aplicado consistentemente entre períodos, a não ser que exista alteração nesse
padrão.”

Visando ampliar o entendimento sobre o tema abordado no presente item, inserem-se aqui alguns esclarecimentos,
aliando a teoria temática com a prática, por meio de um exemplo.
A mensuração da depreciação deve levar em consideração preliminar as variáveis relacionadas com o cálculo da
depreciação. Dentre essas, destacam-se:

a) CUSTO: trata-se do valor da mensuração em seu início.


b) VIDA ECONÔMICA: diz respeito aos benefícios econômicos (lucros) que o imobilizado a ser depreciado tem
capacidade de gerar.
c) VIDA ÚTIL: refere-se à parcela do benefício econômico que a empresa espera obter com o imobilizado.
d) VALOR RESIDUAL: valor pelo qual a empresa espera vender o imobilizado em questão, ao final de sua vida
útil.
e) MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO: cotas constantes ou o benefício gerado em função do uso (relacionando a
utilização com a vida útil).

Exemplificando os conceitos já mencionados, considere que:

› Determinada empresa adquire um veículo pelo valor de R$ 150.000,00.


› A vida econômica é de 20 anos.
› A vida útil (tempo em que a empresa espera utilizar) é de 6 anos.
› O valor residual é de R$ 90.000,00.
› O método de depreciação é o de cotas constantes e o período é de 1 ano.

Com base nas informações, o valor da depreciação do ano será de R$ 10.000,00, assim calculado: R$ 150.000,00 –
R$ 90.000,00 = R$ 60.000,00 (valor depreciável)/6 anos.
Utilizando os mesmos dados do exemplo e adotando o método de depreciação denominado “benefício gerado”, e
acrescentando outros elementos, quais sejam:

› Vida econômica (em quilômetros rodados): 400.000 km.


› Vida útil: 100.000 km.
› Quilômetros rodados pelo veículo no período: 17.000 km.

O valor da depreciação ao final do período será de R$ 10.200,00, assim determinado:


17.000 km/100.000 km × (R$ 150.000,00 – R$ 90.000,00) = R$ 10.200,00

1.14 CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Conceitos básicos
O que é a consolidação? Na tentativa de elaborar uma resposta didática e voltada aos feitos contábeis, poderíamos
utilizar a figura da medicina, quando trata de “consolidar”. Para essa ciência, consolidar significa “fazer aderir as partes
de osso fraturado”. Transportando essa figura para o ramo da ciência contábil, consolidar um demonstrativo é unir
diversas partes que, embora fisicamente separadas, são integrantes de um mesmo “corpo”.
A consolidação das demonstrações contábeis é o resultado da somatória das demonstrações de várias empresas
pertencentes a um mesmo grupo, excluídos os saldos e os resultados de operações entre essas empresas.
O objetivo da consolidação é refletir o resultado das operações e a verdadeira situação econômica, patrimonial e
financeira de todo o grupo de empresas, como se fosse uma única empresa a apresentar o resultado das operações.
Analisemos o seguinte exemplo: A empresa “A” participa do capital social das empresas “B” e “C”, com as quais
também mantém operações comerciais. Isoladamente, são três empresas distintas, com personalidades jurídica e contábil
próprias. Entretanto, formam o Grupo “ABC” e, para que se tenha uma visualização concreta da situação desse grupo,
torna-se necessário apresentar os demonstrativos de forma consolidada. Assim sendo, temos:
Empresa “A” participando de “B” e “C” compra e vende para essas empresas seus produtos.
Numa equação, teremos: balanços de “A” + “B” + “C” (–) resultados de operações entre as empresas “A”, “B”, “C”
= resultado consolidado “ABC”.
O que está representado no exemplo citado é o fato de que, na consolidação dos demonstrativos contábeis, o chamado
“demonstrativo consolidado” apresenta somente dados que retratam a relação do “grupo” para com “terceiros”,
expurgando as operações intercompanhias, ou seja, se a empresa “A” tem a receber de “B”, logicamente no balanço de
“B” estará demonstrado o passivo. Sendo ambas as empresas do mesmo grupo, quando “B” liquidar a dívida com “A”,
para o “grupo AB” não houve uma “melhora patrimonial”, pois, no exemplo, o dinheiro saiu de “B” e foi para “A”,
permanecendo a mesma situação anterior para o “grupo AB”. Assim, essas movimentações entre empresas do mesmo
grupo não representam aumento ou diminuição da riqueza patrimonial e, por isso, são “eliminadas” quando da
elaboração do demonstrativo consolidado.
Quanto à sistemática de eliminação das relações comerciais intercompanhias, a Contabilidade não registra
formalmente tais movimentações, não havendo nada que impeça que se promova um controle extracontábil, inclusive
com lançamentos que demonstrem com maior clareza tais eliminações, como veremos nos exemplos tratados no presente
trabalho.
Sobre a determinação legal dessas eliminações, assim encontra-se expresso no Pronunciamento Técnico 36 (R1) do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), estabelecendo procedimentos em correlação às normas internacionais de
contabilidade, nos termos do IAS-27:

“Na elaboração de demonstrações contábeis consolidadas, a entidade controladora combina suas demonstrações
contábeis com as de suas controladas, linha a linha, ou seja, somando os saldos de itens de mesma natureza: ativos,
passivos, receitas e despesas. Para que as demonstrações contábeis consolidadas apresentem informações sobre o
grupo econômico como uma única entidade econômica, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
(a) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parte dessa controladora no patrimônio
líquido das controladas devem ser eliminados (ver o Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios, o
qual descreve o tratamento do ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) resultante);
(b) identificar a participação dos não controladores no resultado das controladas consolidadas para o período de
apresentação das demonstrações contábeis; e
(c) identificar a participação dos não controladores nos ativos líquidos das controladas consolidadas,
separadamente da parte pertencente à controladora.
A participação dos não controladores nos ativos líquidos é composta:
(i) do montante da participação dos não controladores na data da combinação inicial, calculada em conformidade
com o Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios; e
(ii) da participação dos não controladores nas variações patrimoniais das controladas consolidadas desde a data da
combinação.
Os saldos, transações, receitas e despesas intragrupo (entre as entidades do grupo econômico), devem ser
eliminados.
Os saldos de balanços e transações intragrupo, incluindo receitas, despesas e dividendos são eliminados. Os
resultados decorrentes das transações intragrupo que estiverem reconhecidos nos ativos, tais como estoque ou ativo
imobilizado, devem ser eliminados. As perdas intragrupo podem indicar redução no valor recuperável dos ativos
correspondentes que precisa ser reconhecida nas demonstrações contábeis consolidadas. Os impostos e
contribuições decorrentes das diferenças temporárias pela eliminação de resultados não realizados nas transações
intragrupo devem ser reconhecidos no ativo ou passivo como tributos diferidos (Pronunciamento Técnico CPC 32 –
Tributos sobre o Lucro).”

Notas importantes

Os demonstrativos contábeis sujeitos à consolidação são: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do


Exercício (DRE) e as Notas Explicativas.
Com relação ao aspecto fiscal e societário, a consolidação não traz qualquer reflexo, pois:

1) O Imposto de Renda e demais tributos são calculados individualmente.


2) Os dividendos são calculados sobre o lucro de CADA empresa e não sobre o lucro CONSOLIDADO.

Como importância para o investidor e/ou credor, a consolidação permite visualizar:

1) Os índices de liquidez e endividamento do GRUPO.


2) Índices de lucratividade por EMPRESA e GLOBAL.
3) Potencial do GRUPO de geração de recursos.

Do ponto de vista administrativo e gerencial, a consolidação é importante para:

1) O fluxo de caixa global.


2) Avaliar as necessidades de recursos de terceiros e/ou de acionistas.
3) Melhor avaliação do desempenho individual e global.
4) O planejamento tributário.
5) Evitar pagamento de tributos sobre lucros não realizados, decorrentes de operações entre empresas consolidadas.

Exemplos práticos

Primeiro exemplo:
A empresa “A” tem a receber $ 100 da empresa “B”. Logo, do total de suas contas a pagar, a empresa “B” deve $ 100
para a empresa “A”. Assim sendo, devem-se eliminar as contas a receber de “A” contra as contas a pagar de “B”.
Dentro do exemplo acima, teremos:

Empresa Empresa Grupo Lançto. a Lançto. a


Grupo de Contas Consolidado
“A” “B” “A” + “B” débito Crédito
ATIVO (Direitos) $ 500 $ 400 $ 900 $ 100 $ 800
PASSIVO (Obrigações) $ 200 $ 300 $ 500 $ 100 $ 400

Segundo exemplo:
Consideremos as seguintes operações entre empresas do mesmo grupo:

a) Empresa “A” compra mercadorias de terceiros por $ 100.


b) Empresa “A” vende essas mercadorias para a empresa “B”, por $ 130 (lucro de $ 30 nessa operação).
c) Empresa “B” vende tais mercadorias para terceiros, por $ 150.

Obs.: nesse caso, o lucro foi realizado. Não se fará qualquer ajuste no balanço consolidado, conforme veremos
abaixo:

Grupo de Empresa Empresa Grupo Lançto. a Lançto. a Consolidado


Contas “A” “B” “A” + “B” débito crédito
Conta de Estoque
Compras $ 100 $ 130 $ 230
Baixa por vendas ($ 100) ($ 130) ($ 230)
Estoque final $0 $0 $0
Patrim. Líquido
Lucro $ 30 $ 20 $ 50
Contas de Resultado
Vendas $ 130 $ 150 $ 280 $ 130 $ 150
Custo $ 100 $ 130 $ 230 $ 130 $ 100
Lucro $ 30 $ 20 $ 50 $ 130 $ 130 $ 50

Terceiro exemplo (agora com lucros a realizar):

a) Empresa “A” compra mercadorias de terceiros por $ 100.


b) Empresa “A” vende para “B” por $ 130.
c) Empresa “B” vende metade das mercadorias para terceiros, por $ 75.

A consolidação terá a seguinte movimentação:

Grupo de Empresa Empresa Grupo Lançto. a Lançto. a


Consolidado
Contas “A” “B” “A” + “B” débito crédito
Conta de Estoque
Compras $ 100 $ 130 $ 230
Baixa por vendas ($ 100) ($ 65) ($ 165)
Estoque final $0 $ 65 $ 65 $ 15 $ 50
Patrim. Líquido
Lucro $ 30 $ 10 $ 40 $ 15 $ 25
Contas de Resultado
Vendas $ 130 $ 75 $ 205 $ 130 $ 75
Custo $ 100 $ 65 $ 165 $ 115 $ 50
Lucro $ 30 $ 10 $ 40 $ 130 $ 115 $ 25

Comentários sobre os quadros dos exemplos citados

Relativamente ao primeiro exemplo (onde não ocorreu a figura do lucro a realizar – uma vez que todo o estoque foi
vendido para terceiros), a coluna do consolidado apresenta:

1) Compras por $ 100.


2) Vendas por $ 150.
3) Lucro de $ 50.

Quanto ao segundo exemplo (onde ocorreu a figura do lucro a realizar – uma vez que somente parte do estoque foi
vendido para terceiros), a coluna do consolidado apresenta:

1) Estoque ao custo de aquisição de terceiros: $ 50.


2) Venda para terceiros: $ 75.
3) CMV (custo de aquisição de terceiros): $ 50.
4) Lucro de operações com terceiros: $ 25.

Considerações sobre o tema

Mediante a leitura do texto, ainda que singelo, assim como estão os exemplos apresentados, depreende-se que a
consolidação dos demonstrativos contábeis é de fundamental importância, sendo exigência da CVM (Instrução no 247, de
27 de março de 1996) para todas as Companhias Abertas.
O “retrato” que a consolidação pretende fornecer é espelhar as informações contábeis de certo grupo de empresas,
cujas ações do capital social pertençam no todo ou em parte a uma controladora (direta e/ou indiretamente), e que
negociem entre si, como se todas elas fossem uma “única empresa”, como já mencionado no presente trabalho,
excluindo-se as operações comerciais intercompanhias, permanecendo somente as relações das mesmas para com
terceiros.
Evidentemente, temos na vida profissional prática situações mais complexas. Por exemplo, no caso de operação
intercompanhia (compra/venda) de bem do Ativo Imobilizado em que haja lucro na venda. Numa situação dessas, o lucro
na empresa vendedora deverá ser eliminado, bem como todos os efeitos provocados por esse lucro na empresa
adquirente, tais como: valor incorporado ao Imobilizado, eventual reavaliação, o efeito da depreciação dessa parcela de
lucro e sua inclusão como custo ou despesa.
Para um exame mais acurado do tema, o interessado deve pesquisar a Instrução 247/96 da CVM, que contém as
informações necessárias, em sua amplitude contábil e posturas fisco-tributárias.

EXERCÍCIO PROPOSTO E RESOLVIDO

Informação preliminar:

A Controladora “X” detém 80% das ações da controlada “B”.

ATIVO
Eliminação de
Empresa Empresa Saldos
CONTAS Consolidação
“X” “B” Consolidados
Débito Crédito
Disponível 75.000 30.000 6.000 99.000
Contas a Receber de
180.000 40.000 8.000 212.000
Terceiros
Contas a Receber de “A” 10.000 8.000 2.000
Contas a Receber de “B” 15.000 12.000 3.000
Estoques Adq. de
124.000 40.000 8.000 156.000
Terceiros
64.000 +
Investimentos em “B” 72.000 8.000
16.000
Ativo Permanente 759.000 111.800 22.360 848.440
TOTAL DO ATIVO 1.225.000 231.800 1.320.440

PASSIVO
Contas a pagar – terceiros 246.860 106.600 21.320 332.140
Contas a pagar p/ “A” 15.000 12.000 3.000
Contas a pagar p/ “B” 10.000 8.000 2.000
Impostos a pagar 55.140 20.200 4.040 71.300
Capital Social 600.000 80.000 64.000 616.000
Reservas de Capital 205.340 20.000 16.000 209.340
Lucros Acumulados 107.660 (10.000) 8.000 105.660
TOTAL DO PASSIVO 1.225.000 231.800 1.320.440

1.15 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DE SOCIEDADES

1.15.1 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL

O Código Comercial, em seus arts. 335 a 353, apresenta o procedimento de dissolução, liquidação e extinção das
sociedades de pessoas, enquanto a Lei 6.404/76, com as modificações implementadas pela Lei 9.457/97, regulamentou o
processo dissolutório das sociedades por ações. Posteriormente, o novo Código Civil, Lei 10.406/02, em seus arts. 1.033
a 1.038, atualizou a legislação pertinente.
A dissolução de uma sociedade comercial comporta as seguintes fases:

1) A fase da dissolução propriamente dita.


2) A fase da liquidação.
3) Finalmente, a fase da partilha do capital entre os sócios.

1.15.2 CAUSAS DE DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES LIMITADAS


a) Pleno direito.
b) Judicial.
c) Consensual.

a) Pleno direito:
– Expiração do prazo de duração da sociedade.
– Pelo falecimento de um dos sócios.
b) Judicial:
– Falência da sociedade.
– Vontade de um dos sócios, quando a sociedade é celebrada por tempo indeterminado.
– A impossibilidade da continuação, por não poder preencher o seu fim social.
– A incapacidade de algum(ns) dos sócios, julgada por sentença.
– O abuso, prevaricação, violação ou falta de cumprimento das obrigações sociais, ou fuga de algum dos sócios.
c) Consensual:
– Por acordo de todos os sócios, com o propósito de extinguir a sociedade (no caso das limitadas).

1.15.3 CAUSAS DE DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS


Pleno direito:

› Verifica-se quando observado no estatuto prazo de duração da sociedade.


› Por deliberação da assembleia-geral.
› Nas hipóteses elencadas no próprio estatuto.
› Quando existir somente um acionista verificado na assembleia-geral ordinária e esta situação permanecer
inalterada até a próxima assembleia-geral ordinária, exceto no caso da subsidiária integral.
› Extinção da autorização para funcionar, nos termos legais.

Judicial:
› Ocorre quando existe a propositura de ação por quaisquer acionistas pretendendo a anulação da constituição da
sociedade. Na hipótese de, comprovada, não estar a sociedade cumprindo o seu fim, devendo o acionista possuir
uma representação societária de, no mínimo, 5% para poder propor a ação.
› Quando ocorrer a falência, nos termos da legislação falimentar.

Dissolução pela autoridade administrativa competente:

› Ocorre nos casos e conforme determinado pela legislação específica.

1.15.4 ASPECTOS FISCAIS DA LIQUIDAÇÃO

De acordo com o art. 237 do RIR/99, a PJ será tributada até findar-se sua liquidação, ou seja, embora interrompida a
normalidade da vida empresarial pela paralisação de suas atividades-fins. Deve o liquidante manter a escrituração de suas
operações, levantar balanços periódicos, apresentar as declarações, pagar os tributos exigidos e cumprir todas as demais
obrigações previstas na legislação tributária.
Em todos os atos ou operações necessárias à liquidação, o liquidante deverá usar a denominação social, seguida da
expressão “em liquidação”, conforme disposto no art. 212 da Lei 6.404/76.
Durante o período de liquidação, a administração da pessoa jurídica compete, exclusivamente, ao liquidante e este
terá as mesmas responsabilidades do administrador. Os deveres e responsabilidades dos administradores, conselheiros
fiscais e acionistas (dirigente, sócios ou titular) subsistirão até a extinção da PJ, conforme art. 217 da Lei 6.404/76.

1.15.5 ASPECTOS CONTÁBEIS DA LIQUIDAÇÃO

A sociedade, inicialmente, entra em dissolução, passa pelo processo de liquidação e finaliza com sua extinção.
A dissolução é o ato de formalizar o encerramento da pessoa jurídica.
A liquidação é o ato de realizar os ativos, pagar os passivos e destinar o saldo restante, se houver, para reembolso aos
sócios. A liquidação antecede a extinção da sociedade.
A extinção é o ato de conclusão do término da existência da sociedade, por meio da baixa dos respectivos registros,
inscrições e matrículas nos órgãos competentes.
Na hipótese de a sociedade divulgar publicamente demonstrações contábeis no período da liquidação, devem ser
observados, principalmente, os seguintes pontos:

› Os ativos e passivos devem ser classificados no circulante, já que existe intenção de realização de bens e direitos
e de liquidação das dívidas em curto prazo.
› Devem ser constituídas todas as provisões necessárias, fundamentalmente as relacionadas com indenizações nas
demissões de empregados.
› Nota explicativa deve ser incluída nas demonstrações contábeis, sobre a expectativa do montante de lucro ou
prejuízo na realização dos ativos e na liquidação dos passivos. É recomendável que os ganhos somente sejam
contabilizados quando efetivamente realizados.

1.15.6 EXEMPLO DE CONTABILIZAÇÃO PELA LIQUIDAÇÃO DE UMA SOCIEDADE


(CASO: ATIVOS SUPERIORES AOS PASSIVOS)

Os sócios da “Descobrimento S/A” resolveram, em 1o/12/2012, dissolver a sociedade, cujo Balanço Patrimonial em
30/11/2012 apresentava a seguinte situação:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

Caixa 22.130,00 PIS a Recolher 960,00

Banco c/ movimento 35.500,00 COFINS a Recolher 3.090,00


Estoque de Mercadorias 40.120,00 Salários a Pagar 22.130,00

NÃO CIRCULANTE FGTS a Recolher 2.790,00

Imobilizado INSS a Recolher 9.840,00

Instalações 410.500,00 Fornecedores 32.150,00

(–) Deprec. Acum. Instalações (205.250,00) PATRIMÔNIO LIQUIDO

Móveis e Utensílios 218.600,00 Capital Social 800.000,00

(–) Deprec. Acum. Mov. Utens. (87.440,00) Prejuízo Acumulado (436.800,00)

TOTAL DO ATIVO 434.160,00 TOTAL DO PASSIVO 434.160,00

A composição acionária está assim distribuída:

– Sócio Cristóvão Colombo: 20% das ações ordinárias e 50% das ações preferenciais.
– Sócio Pero Vaz Caminha: 30% das ações ordinárias e 30% das ações preferenciais.
– Sócio Pedro Álvares Cabral: 50% das ações ordinárias e 20% das ações preferenciais.

OBS.: ações ordinárias: 100.000 a R$ 5,00; ações preferenciais: 100.000 a R$ 3,00.


Operações de liquidação realizadas em dezembro de 2012:

02/12 – Todo o estoque foi vendido (a vista) com um acréscimo de 40% sobre seu valor.
06/12 – Pagamento dos salários, com recursos existentes no Caixa.
07/12 – Pagamento dos fornecedores e das guias de PIS, COFINS, FGTS e INSS, com cheque. Não houve qualquer
desconto por parte dos fornecedores.
10/12 – Venda a vista das instalações por R$ 180.000,00 e dos móveis e utensílios por R$ 145.000,00.
15/12 – Pagamento dos tributos gerados pela venda do dia 02.

PEDE-SE:

a) Calcular o ICMS (18%), o PIS (0,65%) e a COFINS (3,0%) sobre as vendas.


b) Contabilizar todos os eventos da liquidação.
c) Apurar o resultado da fase da liquidação (DRE) e levantar os balanços pertinentes nas fases próprias.
d) Elaborar o mapa de distribuição dos haveres aos sócios, bem como sua contabilização.
e) Informar aos sócios reclamantes a diferença porventura existente a favor de cada um deles.

RESOLUÇÃO

02/12
D: Banco c/ Movimento
C: Venda de Mercadorias c/ Liquidação 56.168,00

D: CMV c/ Liquid.
C: Estoque de Mercadorias 40.120,00

D: ICMS s/ Vendas c/ Liquidação


C: ICMS a Recolher 10.110,24

D: PIS s/ Receitas c/ Liquidação


C: PIS a Recolher 365,09
D: COFINS s/ Vendas c/ Liquidação
C: COFINS a Recolher 1.685,04

06/12
D: Salários a pagar
C: Caixa 22.130,00

07/12
D: PIS a Recolher 960,00
D: COFINS a Recolher 3.090,00
D: FGTS a Recolher 2.790,00
D: INSS a Recolher 9.840,00
D: Fornecedores 32.150,00

C: Banco c/ Movimento 48.830,00

10/12
D: Banco c/ Movimento 180.000,00
D: Deprec. Acum. Instalações 205.250,00
D: Desp. Não Oper. c/ Liquid. 25.250,00
C: Instalações 410.500,00

D: Banco c/ Movimento 145.000,00


D: Deprec. Acum. Móv. Utens. 73.600,00
C: Móveis e Utensílios 218.600,00

D: Deprec. Acum. Móv. Utens.


C: Rec. Não Oper. c/ Liquid. 13.840,00

15/12
D: ICMS a Recolher 10.110,24
D: PIS a Recolher 365,09
D: COFINS a Recolher 1.685,04
C: Banco c/ Movimento 12.160,37

DRE EM 15/12/2012
Venda de Mercadorias c/ Liquidação 56.168,00

(–) ICMS s/ vendas c/ Liquid. 10.110,24

(–) PIS s/ receitas c/ Liquid. 365,09

(–) COFINS s/ vendas c/ Liquid. 1.685,04 12.160,37

RECEITA LÍQUIDA c/ Liquid. 44.007,63

(–) CMV c/ Liquid. 40.120,00

RECEITA OPER. BRUTA C/ LIQUID. 3.887,63


Receitas Não Oper. c/ Liquid. 13.840,00

Desp. Não Oper. c/ Liquid. 25.250,00

RESULTADO DA LIQUIDAÇÃO (7.522,37)

BALANÇO PATRIMONIAL EM 15/12/2012

ATIVO PASSIVO
Banco c/ Movimento 355.677,63 Capital Social 800.000,00
Prej. Acum. (444.322,37)
TOTAIS 355.677,63 355.677,63

DEMONSTRATIVO DOS VALORES ATRIBUÍVEIS AOS SÓCIOS

DISTRIBUIÇÃO DOS HAVERES


ACIONISTAS % CAP. SOCIAL TOTAL
CAP. SOCIAL PREJUÍZO ACUMULADO
C. COLOMBO 31,25 250.000,00 (138.850,74) 111.149,26
P. V. CAMINHA 30,00 240.000,00 (133.296,71) 106.703,29
P. A. CABRAL 38,75 310.000,00 (172.174,92) 137.825,08
TOTAL 100,00 800.000,00 (444.322,37) 355.677,63

ZERAMENTO (FINALIZAÇÃO) DAS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

D: Capital Social 800.000,00


C: C/C Sócio C. Colombo 250.000,00
C: C/C Sócio P. V. Caminha 240.000,00
C: C/C Sócio P. A. Cabral 310.000,00

D: C/C Sócio C. Colombo 138.850,74


D: C/C Sócio P. V. Caminha 133.296,71
D: C/C Sócio P. A. Cabral 172.174,92
C: Prejuízo Acumulado 444.322,37

BALANÇO PATRIMONIAL FINAL

ATIVO PASSIVO

Banco c/ Movimento 355.677,63 C/C sócio C. Colombo 111.149,26

C/C sócio P. V. Caminha 106.703,29

C/C P. A. Cabral 137.825,08

TOTAIS 355.677,63 355.677,63

LANÇAMENTO REFERENTE À EFETIVA ENTREGA DE NUMERÁRIOS AOS SÓCIOS

D: C/C sócio C. Colombo 111.149,26


D: C/C sócio P. V. Caminha 106.703,29
D: C/C sócio P. A. Cabral 137.825,08
C: Banco c/ Movimento 355.677,63

Após a sequência de demonstrações e lançamentos, a contabilidade procedeu ao ordenamento de registro dos fatos,
nada mais restando, sob o ponto de vista contábil, a se realizar. Seguem-se, assim, as atividades relativas à extinção da
sociedade junto aos órgãos públicos (procedimentos de baixas e congêneres), conforme mencionado no subitem 1.15.5
supra.

1.16 PARTE PRÁTICA – QUESTÕES DO EXAME DO CFC COM RESOLUÇÃO


DIDÁTICA

• QUESTÃO 01 – 2016/2
Temática: impairment – teste de recuperabilidade

Uma Sociedade Empresária, no seu Balanço Patrimonial em 1o.1.2015, possui dois terrenos, “A” e “B”, no valor contábil
de R$ 38.400,00 e R$ 64.000,00, respectivamente. Em 31.12.2015, diante de um indicativo de perda, realizou testes de
recuperabilidade que lhe proporcionaram as seguintes conclusões:

› se o terreno “A” fosse vendido, obter-se-ia um valor líquido das despesas de venda de R$ 48.000,00 e, pelo uso,
poderia gerar benefícios econômicos no valor de R$ 32.000,00;
› se o terreno “B” fosse vendido, obter-se-ia um valor líquido das despesas de venda de R$ 57.600,00 e, pelo uso,
poderia gerar benefícios econômicos no valor de R$ 51.200,00.

O Ativo Imobilizado dessa Sociedade Empresária é composto apenas por essas duas Unidades Geradoras de Caixa.
Considerando-se os dados apresentados e a NBC TG 01 (R3) – REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE
ATIVOS, o Valor Contábil do Ativo Imobilizado a ser apresentado no Balanço Patrimonial em 31.12.2015 é de:

a. R$ 83.200,00.
b. R$ 96.000,00.
c. R$ 102.400,00.
d. R$ 105.600,00.

GABARITO CFC: Alternativa correta letra “B”

DESCOMPLICANDO A RESOLUÇÃO

O que o enunciado está requerendo?


Importante inicialmente esclarecer que a expressão inglesa impairment significa, em última análise, a perda por
redução do valor contábil, comparada com o valor (realmente) recuperável do ativo. Ou ainda pode-se afirmar que é uma
diferença entre o valor pelo qual determinado ativo esteja registrado no balanço patrimonial e o valor possível de
recuperar em caso de venda do mesmo, o que é denominado de “falta de paridade” entre tais valores.
Em relação especificamente ao ativo imobilizado, a perda por irrecuperabilidade é assim identificada: será o MENOR
VALOR entre o valor contábil líquido (ou seja, deduzido da depreciação acumulada) e o valor recuperável. A
mensuração da perda com o imobilizado identifica o valor recuperável como sendo este o MAIOR VALOR entre os
seguintes:

› o valor líquido de realização (que é o preço de venda, deduzido do custo para se realizar tal venda); e
› o valor em uso (que é o valor presente dos benefícios econômicos futuros que poderão ser gerados pelo ativo
durante sua vida útil remanescente).
Dessa maneira, utilizando os dados do enunciado, as análises pontuais em cada uma das alternativas esclarecem
como se chegar a resposta correta, bem como apontam como se chegou a valores nas alternativas incorretas, cujos
resultados foram frutos dos equívocos cometidos (propositadamente no caso do enunciado).

Por que a alternativa “A” está incorreta?


A incorreção dessa alternativa está em que se considerou como valor a ser registrado no balanço o menor valor de
cada um dos terrenos. No caso, o valor em uso de cada um deles (R$ 32.000,00 + R$ 51.200,00), quando o correto no
cálculo da perda é considerar o maior valor entre o valor (líquido) de venda e o valor em uso.

Por que a alternativa “B” está correta?


Analisando o terreno “A” temos que:

1. o valor contábil é de R$ 38.400,00;


2. o valor líquido de realização é de R$ 48.000,00;
3. o valor em uso é de R$ 32.000,00.

Portanto, conforme explicado na análise do enunciado acima, o MAIOR VALOR (entre o valor líquido de realização
e o valor em uso) é de R$ 48.000,00. Assim, este será o valor a ser comparado com o valor contábil.

Dessa maneira, não haverá valor a ser registrado como redução ao valor recuperável de ativos (para o terreno
“A”). Ou seja, no balanço patrimonial esse terreno não está superavaliado. PERCEBA QUE O VALOR
RECUPERÁVEL É SUPERIOR AO VALOR CONTÁBIL E, POR ISSO, O BALANÇO NÃO SERÁ
“ATUALIZADO”, por não se configurar perda.
Agora, analisando o terreno “B”:

1. o valor contábil é de R$ 64.000,00;


2. o valor líquido de realização é de R$ 57.600,00;
3. o valor em uso é de R$ 51.200,00.

Assim, o MAIOR VALOR a ser considerado é de R$ 57.600,00. Nesse caso, configura-se uma perda, pois o valor
contábil é maior que o valor recuperável. Ou seja, o terreno “B” (no balanço) está superavaliado.
Em síntese, os registros contábeis apresentarão os seguintes valores (dos terrenos) no balanço:

a. TERRENO “A”: permanece o valor de R$ 38.400,00;


b. TERRENO “B”: reduz em R$ 6.400,00 (R$ 64.000,00 – R$ 57.600,00);
c. TOTAL DOS DOIS TERRENOS NO BALANÇO: R$ 38.400,00 + R$ 57.600,00 = R$ 96.000,00.

Por que a alternativa “C” está incorreta?


Quanto à alternativa “C”, o valor de R$ 102.400,00 corresponde exatamente aos valores existentes no balanço, ou
seja, o valor contábil antes da perda: R$ 38.400,00 + R$ 64.000,00.
Dessa forma, não se procedeu ao cálculo da perda (existente no terreno “B”, conforme explanado acima na
alternativa correta da questão).

Por que a alternativa “D” está incorreta?


O erro cometido nessa alternativa (valor de R$ 105.600,00) utilizou-se indevidamente do valor relativo à diferença do
terreno “A” (R$ 9.600,00) obtido entre o valor contábil e o valor líquido da venda, aumentando tal ativo (incorretamente)
e reduzindo (corretamente) o valor do terreno “B” de R$ 64.000,00 para R$ 57.600,00.
Em resumo, o erro cometido foi quanto ao aumento para o terreno “A” (onde não se configurou perda).
Assim, “simplesmente” somou-se R$ 48.000,00 + R$ 57.600,00, resultando em valor indevido para o enunciado da
questão.
• QUESTÃO 06 – 2016/1
Temática: Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) – caixa operacional

Uma Sociedade Empresária apresentou os seguintes dados extraídos da contabilidade referente ao ano de 2015:

› Receita de vendas R$ 90.000,00


› Variação positiva de contas a receber R$ 60.000,00
› Pagamento a fornecedores R$ 20.000,00
› Compras a vista de Ativo Imobilizado R$ 15.000,00

A variação de Contas a Receber deveu-se única e exclusivamente a recebimentos de vendas de mercadorias efetuadas no
período.

Com base nos dados apresentados, o caixa gerado nas atividades operacionais foi de:

a. R$ 10.000,00.
b. R$ 25.000,00.
c. R$ 40.000,00.
d. R$ 115.000,00.

GABARITO CFC: Alternativa correta letra “A”

DESCOMPLICANDO A RESOLUÇÃO

O que o enunciado está requerendo?


No contexto da DFC é importante destacar que a abordagem é exclusivamente em relação aos efetivos recebimentos
e pagamentos. Ou seja, dinheiro que tenha entrado no caixa da empresa (seja por vendas a vista, recebimento de clientes,
empréstimos junto a terceiros e também venda a vista de imobilizado).
Quanto ao dinheiro que tenha saído do caixa da empresa, o foco da DFC está em que tais valores tenham sido
destinados a pagamento de salários, encargos sociais e previdenciários, contas de manutenção estrutural da empresa (tais
como água, luz, telefone, entre outros).
Também se registra o valor pago por aquisição de imobilizados, bem como quitação (ou pagamento de parcelas) de
empréstimos e/ou financiamentos anteriormente obtidos junto a terceiros.
No que se refere ao dinheiro que os sócios tenham investido na empresa, seja por ocasião da constituição da empresa
ou posteriormente em situações em que os sócios aumentam o capital social, EXCLUSIVAMENTE injetando valores
EM DINHEIRO.
Os aumentos de capital sob qualquer outra forma (transferência de propriedade de bens de pessoa física para pessoa
jurídica, como exemplo) não são alvo de estudos na DFC.
Válido também é esclarecer que a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) apresenta em sua estrutura uma
“separação” das três principais atividades existentes em uma empresa, quais sejam: ATIVIDADES
OPERACIONAIS, ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS e ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS, cujas
significações principais são:
ATIVIDADES OPERACIONAIS: Dizem respeito ao “dia a dia” da empresa. Trata-se do recebimento pelas vendas a
vista e/ou recebimento de clientes aos quais tenham sido vendidas mercadorias, em períodos anteriores ao que se estiver
sendo analisado.
ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS: Trata-se da entrada de dinheiro pela venda a vista de imobilizado (ou
recebimento de vendas anteriores a prazo). Também se referem a pagamentos realizados, exclusivamente na aquisição de
imobilizados.
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO: Contemplam as efetivas entradas e saídas de dinheiro por meio daqueles que
financiam a entidade, tais como ENTRADAS: aporte de capital pelos sócios em dinheiro, empréstimos contraídos e
similares; e SAÍDAS: pagamento das parcelas de empréstimos (aqui, somente o valor original – sem os juros, que são
parte da atividade operacional), distribuição e efetivo pagamento de dividendos aos acionistas e outras saídas congêneres.
Destaque-se por oportuno que na DFC não existe “preocupação” em saber se as vendas/despesas de quaisquer
naturezas tenham proporcionado lucro ou causado prejuízo nas negociações. Essa observação vale para todas as três
atividades anteriormente elencadas.
Observe com atenção que o enunciado requer que se identifique o valor de CAIXA GERADO (ou seja, o saldo de
caixa na comparação entre valor recebido e valor pago, somente da atividade ali constante: OPERACIONAL).
Mediante tais esclarecimentos é possível responder analiticamente os “desafios” propostos na questão,
principalmente em relação ao elenco de respostas apresentadas.

Por que a alternativa “A” está correta?


O valor constante para essa alternativa (R$ 10.000,00) está correto, uma vez que foi resultado da seguinte operação:
R$ 90.000,00 – R$ 60.000,00 – R$ 20.000,00 = R$ 10.000,00
Cabe destacar que o valor de R$ 60.000,00 foi uma variação POSITIVA da conta de contas a receber. Em outras
palavras, esse valor (R$ 60.000,00) é o SALDO da conta “clientes”, significando dizer que, do montante das vendas do
período (R$ 90.000,00), somente R$ 30.000,00 foram efetivamente recebidos.
Assim, considerando também que foi feito um pagamento aos fornecedores no valor de R$ 20.000,00, o caixa gerado
pela atividade operacional foi de R$ 10.000,00 (R$ 30.000,00 – R$ 20.000,00).

Por que a alternativa “B” está incorreta?


A incorreção da alternativa “B” está em que o valor de R$ 25.000,00 (informado como resposta desta alternativa) não
procede, pois teria sido resultado da seguinte operação: R$ 60.000,00 – R$ 20.000,00 – R$ 15.000,00.
Dois erros foram cometidos nessa resposta:

1. Considerou R$ 60.000,00 a variação das contas a receber e isso, como destacado na explicação da alternativa “A”
anterior, não representa valor recebido dos clientes, mas, sim, valor a receber;
2. O outro erro foi considerar a compra a vista de imobilizado como valor de caixa consumido pela atividade
operacional, quando, na verdade, a aquisição a vista de imobilizado faz parte da ATIVIDADE DE
INVESTIMENTO.

Isso posto, pode-se afirmar que a resposta da alternativa “B” está errada.

Por que a alternativa “C” está incorreta?


Quanto ao valor de R$ 40.000,00 apontado nessa alternativa, ele foi obtido mediante a conjugação (completamente
errada) de dois valores: R$ 60.000,00 – R$ 20.000,00. Ou seja, isso é plenamente incorreto, uma vez que, como
anteriormente mencionado, a variação positiva de contas a receber não configura (em nenhuma abordagem) valor que
tenha entrado no caixa da empresa.

Por que a alternativa “D” está incorreta?


Para se chegar aos R$ 115.000,00 mencionados nessa alternativa, o erro fica demonstrado mediante a seguinte
operação matemática: R$ 90.000,00 + R$ 60.000,00 – R$ 20.000,00 – R$ 15.000,00.
Mediante essa operação, pode-se facilmente afirmar que o valor de R$ 115.000,00 não guarda NENHUMA
RELAÇÃO com os conceitos de geração/consumo de caixa pela atividade operacional, conforme já citado na explicação
do enunciado anterior.

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