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conformidade na gestão
Módulo
3 Previdência
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Equipe Responsável
José Rafael Corrêa (Conteudista dos módulos de Controle Interno e Externo e Gestão da Folha de Pagamento,
2021).
Allex Albert Rodrigues, (Conteudista do módulo de Previdência, 2021)
Paulo Eduardo de Oliveira Costa (Curador do conteúdo)
Enap, 2021
4. Compensação Previdenciária...........................................................39
Referências..........................................................................................43
Previdência
1. Regimes Previdenciários
Objetivo de aprendizagem
É social porque não é apenas o trabalhador que contribui: o empregador, público ou privado,
Assim, a previdência se distingue da assistência social, na qual os cidadãos têm direito a receber
alguma espécie de benefício do Estado, independentemente de contribuição e desde que sejam
cumpridos os requisitos para sua concessão.
A Previdência no Brasil possui três pilares, sendo regimes previdenciários com características
distintas.
h,
Destaque,h
Qual a relação entre esses três regimes de previdência com os servidores
públicos dos municípios? Os servidores do município que não tiverem criado
RPPS serão vinculados ao RGPS. O município que tiver criado o RPPS é obrigado
a instituir o RPC, garantindo aos servidores efetivos o vínculo, ao passo que
os demais são segurados pelo RGPS. Se o município criou RPPS, é obrigado
também a instituir o RPC para esses servidores.
Trata-se do regime previdenciário cujos benefícios são geridos pelo Instituto Nacional de Seguro
Social - INSS. Todos os trabalhadores brasileiros são vinculados, por força de lei, a esse regime.
Assim, se o cidadão desempenha uma atividade remunerada, deve contribuir para o RGPS e terá
direito aos benefícios do regime, exceto servidores públicos ocupantes de cargos efetivos cujos
entes federativos tenham instituído RPPS e militares.
Aos dependentes dos segurados (cônjuge, companheira/companheiro, filhos, pais, irmãos), desde
que cumpridos determinados requisitos, o RGPS garante os benefícios de pensão por morte e
auxílio-reclusão. O INSS disponibiliza também serviço social e de reabilitação profissional.
Confira também:
- Artigo 201 da Constituição Federal, que trata do RGPS, a Lei nº 8.213/1991,
Para fins da legislação previdenciária, os servidores públicos, em geral, são segurados do RGPS
(considerados, portanto, empregados). Órgãos públicos (União, Estados, Distrito Federal,
municípios, autarquias, fundações e empresas públicas) são equiparados às empresas!
Como se dão as contribuições para o RGPS? As contribuições são realizadas pelos segurados e
empregadores ao governo federal e administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Os segurados empregados (que possuem vínculo com empresas ou órgão públicos) são
automaticamente filiados pelo exercício da atividade e sua contribuição é descontada pelo
empregador, que deve repassá-la ao RGPS, juntamente com as contribuições a seu cargo. O
servidor, ao ingressar no serviço público (seja por contrato temporário para cargo exclusivamente
comissionado ou para ocupar cargo efetivo), se vincula automaticamente ao RGPS e passa a
contribuir para o INSS.
No caso dos servidores públicos que são segurados do RGPS, as contribuições são as mesmas
dos demais empregados e, desde a Emenda Constitucional nº 103/2019, são progressivas: sobre
a parcela da remuneração recebida pelo servidor incide uma alíquota que vai aumentando à
medida que a parcela aumenta. As contribuições são limitadas ao valor do benefício máximo do
RGPS, não incidindo sobre o valor total da remuneração do servidor. Veja a tabela de incidência:
E o empregador (órgão público), como contribui? Como qualquer empresa, com alíquota de 20%
sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês.
Nesse caso, não há limite até o teto dos benefícios do RGPS e a contribuição não é progressiva.
Além disso, a contribuição da empresa é acrescida de 1,2% ou 3%, de acordo com o risco de
acidentes do trabalho, que pode ser considerado leve, médio ou grave. Essa contribuição é para
os benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente
dos riscos ambientais do trabalho. No caso dos órgãos públicos, essa alíquota adicional é de 1%.
Assim, são 21% sobre a remuneração total dos servidores.
Caso o órgão público contrate empresas prestadoras de serviço relativas à cessão de mão de
obra, ficará obrigado a reter a contribuição previdenciária devida pela empresa prestadora do
valor bruto da nota fiscal de serviço (11%) e repassá-la ao INSS. Caso adquira produto rural
diretamente de produtor pessoa física, deverá reter e repassar a contribuição (1,5% sobre o valor
do produto rural adquirido).
Quem fiscaliza o RGPS? Como é administrado pela União (INSS), o controle externo é exercido
pelo Tribunal de Contas da União. A arrecadação das contribuições para o RGPS é fiscalizada pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Como são definidas as políticas do RGPS? Pela Secretaria de Previdência (Sprev) do atual
Ministério do Trabalho e Previdência. Há um órgão colegiado, o Conselho Nacional de
Previdência Social (CNPS), com representantes do governo federal e da sociedade civil (tripartite,
com representantes de aposentados e pensionistas, de trabalhadores em atividade e dos
empregadores), que também participa da definição de políticas e diretrizes do RGPS.
Os RPPS foram criados pelos entes federativos para assegurar os benefícios de aposentadorias
e pensões por morte aos servidores ocupantes de cargos efetivos. São 2.153 RPPS. A União,
os estados, o Distrito Federal, todas as capitais e diversos municípios em todas as unidades
federativas.
Esse indicador busca – por meio de uma série de indicadores, divididos nos
eixos gestão e transparência/situação financeira e situação atuarial – uma
medida de comparação entre os Regimes Próprios de Previdência Social
(RPPS), que dão cobertura aos servidores públicos dos entes federativos.
No ISP-2020, foram dez RPPS com classificação A, sendo um estado, cinco RPPS
de Grande Porte, três RPPS de médio porte e um RPPS de pequeno porte, que
serão considerados como de perfil atuarial de menor risco. Além disso, 563
RPPS obtiveram a classificação “B”, 653, a “C” e o restante, “D”.
Tem caráter complementar porque a inscrição do participante não dispensa a sua vinculação
obrigatória ao RGPS ou ao RPPS e sua adesão é facultativa. Estabelece-se uma relação contratual
entre o participante do regime e a entidade que o gere, baseando-se na autonomia da vontade.
No RGPS e nos RPPS, segurados são os trabalhadores em atividade vinculados aos regimes e
beneficiários são os segurados e dependentes em gozo de benefícios. No RPC, denominam-se
participantes os indivíduos que fazem a adesão ao plano e, como assistidos, o participante e/ou
o seu beneficiário que estão em gozo de benefício de prestação continuada.
O RPC possui dois ramos bem distintos. O regime aberto é operado por entidades abertas de
Previdência Complementar constituídas sob a forma de sociedades anônimas que podem ter fins
lucrativos. Seus planos de benefícios podem ser negociados e ofertados a todos indistintamente,
adquiridos em uma relação comercial. Esses planos são regulados e fiscalizados pelo Ministério
da Economia e pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a eles vinculados.
Toda a legislação do RPC pode ser consultada por meio da Coletânea de Normas
disponibilizada pela Sprev. Clique aqui para saber mais.
Anteriormente, a instituição de RPC para servidores vinculados ao RPPS era facultativa (§§ 14 a
16 do art. 40 da Constituição Federal com a redação da Emenda Constitucional – EC nº 41/2003).
Após a EC nº 103/2019, a instituição do RPC por meio de lei do ente federativo passou a ser
obrigatória!
O Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias, mais conhecido como Cauc
e mantido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), está disponível neste link. Nele podem
ser consultadas as informações acerca da situação de cumprimento de requisitos fiscais (pelos
entes federativos, seus órgãos e entidades) necessários à celebração de instrumentos para
transferência de recursos do governo federal.
O Cauc demonstra a situação de cumprimento das principais obrigações dos entes federativos
referente aos três pilares do sistema previdenciário brasileiro: Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) e Regime de Previdência Complementar
(RPC) para os servidores vinculados aos RPPS.
Por meio da GFIP são informados todos os vínculos, remunerações de servidores e contribuintes
individuais, aquisição de produção rural, retenção nas notas fiscais e faturas de prestação de
serviços. Trata-se de obrigação acessória de grande importância para a Previdência Social.
A GFIP existe desde 1999 e constitui, conforme a Lei nº 8.212/91, instrumento hábil e suficiente
para a exigência do crédito tributário. Suas informações vão compor a base de dados para
fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. O não envio no prazo legal ou sua
apresentação com incorreções ou omissões sujeita o infrator a multas.
Caso as contribuições retidas e a cargo do ente federativo não sejam repassadas no prazo legal
serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/1996,
da seguinte forma:
a) A multa de mora é calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso a
partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento da
contribuição até o dia em que ocorrer o pagamento;
Além das obrigações já relacionadas, o ente federativo, como qualquer outra empresa, deve:
d) comunicar o acidente do trabalho (CAT) ao INSS até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência
e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa.
h,
Destaque,h
Como se comprova que o ente federativo está em dia com suas obrigações
perante o RGPS? É por meio da Certidão Negativa de Débitos (CND), prevista
na Lei nº 8.212/91. São as informações de validade da CND que vão para o
Cauc!
A CND é expedida conjuntamente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pela Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional, do Ministério da Economia, e tem validade de 180 dias.
A CND pode ser consultada no site da Receita Federal do Brasil e as pendências, nos postos de
atendimento da Receita ou por meio da central de atendimento ao contribuinte na internet, no
portal e-CAC.
Se estados, Distrito Federal e municípios não tiverem CRP, ficam suspensas as transferências
voluntárias de recursos pela União, impedidos de celebrar acordos, contratos, convênios ou
ajustes, bem como de receber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral
de órgãos ou entidades da administração direta e indireta da União, além da suspensão de
empréstimos e financiamentos por instituições financeiras federais. Essa previsão está no art. 7º
da Lei nº 9.717/98 e no inciso XIII do art. 167 da Constituição Federal, tendo sido incluído pela EC
nº 109/2019 (na última Reforma da Previdência).
Por isso, o CRP, que é emitido pelo Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previdência
Social (Cadaprev) e gerido pela Secretaria de Previdência (Sprev), do Ministério da Previdência e
Trabalho, está no Cauc, no Grupo IV – Adimplemento de Obrigações Constitucionais e Legais, no
item nomeado “Regularidade Previdenciária”.
O CRP é um importante instrumento para exigir o cumprimento das normas gerais e melhorar
a gestão dos RPPS. Tem prazo de validade de 180 dias, de modo que todas as normas a ele
relativas – especialmente Decreto 3.788/2001, portarias MPS nº 204/2008 e 402/2008 – estão
disponíveis de forma consolidada. Clique aqui para saber mais.
É exigida também dos entes federativos que não possuem RPPS a apresentação do CRP, mas,
nesse caso, o único requisito verificado é se o ente encaminhou a legislação previdenciária que
comprove que seus servidores ocupantes de cargos efetivos são vinculados ao RGPS ou alguma
outra informação adicional solicitada pela Sprev.
Como consultar os CRPs emitidos e verificar quais as pendências para sua emissão? Assista ao
vídeo “RPPS: Extrato Previdenciário”
Com base no art. 9º da Lei nº 9.717/98, os entes federativos devem encaminhar diversas
informações sobre o RPPS e seus segurados e beneficiários. Assim, além da legislação
completa referente ao Regime de Previdência Social dos Servidores, a ser encaminhada à Sprev
imediatamente após a sua publicação, com informação da data e forma de publicação de cada
ato, é exigido o envio dos seguintes demonstrativos/informações:
Demonstrativo/
Periodicidade Prazo Objetivos Observação
Informações
Contém
Comprovar que informações de
as aplicações todas as aplicações
Até o último dia
dos recursos do financeiras, dos
Demonstrativo de cada mês,
RPPS estão sendo responsáveis pela
das Aplicações e relativamente às
Mensal realizadas em gestão dos recursos
Investimentos dos informações das
conformidade e do comitê de
Recursos - DAIR aplicações do
com as normas do investimentos,
mês anterior..
Conselho Monetário inclusive se possuem
Nacional. certificação exigida
para a função.
É a MSC enviada
Comprovar a pelo Sistema
adoção do plano de Informações
de contas aplicável Contábeis e Fiscais
Até o último dia ao setor público, do Setor Público
Matriz de Saldos de cada mês, dos procedimentos Brasileiro (Siconfi),
Mensal
Contábeis relativamente ao contábeis e da STN, que deve
mês anterior. a execução conter a indicação
orçamentária, da informação
financeira e complementar
fiscal do RPPS. “Poder e Órgão
– PO” do RPPS.
Comprovar a É acompanhado
Até o último dia observância do de declaração
Demonstrativo
do mês seguinte caráter contributivo de veracidade
de Informações
Bimestral ao encerramento do regime e das firmada pelo
Previdenciárias e
de cada bimestre normas relativas representante legal
Repasses - DIPR
do ano civil. à utilização dos do ente federativo
recursos. e pelo prefeito.
O calendário anual de envio desses demonstrativos é divulgado pela Sprev. Se o ente não enviar
os demonstrativos no prazo legal, icará impossibilitado de emitir o CRP.
As informações prestadas pelo ente federativo relativas ao seu RPPS são públicas (exceto as
informações pessoais protegidas pela lei) e estão disponíveis no Cadprev em “Consultas públicas”:
SIG-RPPS e o eSocial
Além dos demonstrativos, os entes federativos devem encaminhar à Sprev informações sobre os
seus segurados e beneficiários.
O Sistema de Informações Gerenciais dos Regimes Próprios de Previdência Social (SIG-RPPS) foi
desenvolvido para viabilizar a todos os entes federativos com RPPS que enviem as informações
dos segurados e beneficiários do regime e recebam relatórios gerenciais, demonstrando o
resultado do cruzamento da base de dados dos seus servidores e beneficiários do RPPS com
dados de outros sistemas corporativos, especialmente do CNIS, permitindo, assim, identificar
possíveis inconsistências e implementar melhorias na base de dados dos segurados do regime.
Todas as orientações e estratégias de aprendizagem estão podem ser acessadas clicando aqui.
Cada ente federativo pode indicar dois servidores que receberão acesso somente para gerar os
relatórios a partir do cruzamento da sua própria base de dados.
b) Indicativo de óbitos, com o retorno dos servidores que estão na sua base de
dados e possuem indicativo de registro de óbito no Sistema de Óbitos;
eSocial
O eSocial unifica a prestação das informações referentes à escrituração das obrigações fiscais,
previdenciárias e trabalhistas e padroniza sua transmissão, validação, armazenamento e
distribuição, constituindo ambiente nacional. Desde o decreto que o instituiu, havia previsão de
que a obrigatoriedade de prestação de informações, em substituição à apresentação por outros
meios, alcançaria pessoas jurídicas de direito público da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios.
Etapas eSocial
Eventos Prazo para envio dos eventos
4º Grupo - Órgãos Públicos
Os primeiros eventos do
eSocial, podem ser enviados a
partir de 21/07/2021 até o dia
21/11/2021 (um dia anterior à
Envio das informações das obrigatoriedade da 2ª fase, que
tabelas: S-1000 (dados do órgão abrange eventos não periódicos).
1ª FASE
público); S-1005 (dados das
(Eventos de tabelas)
entidades do órgão público); Atenção: O prazo final para envio
S-1070 (processos judiciais). do evento da tabela S-1010
(rubricas) é até o início da 3ª fase
de implementação (22/04/2022),
que abrange os eventos periódicos,
fechamento e envio da folha.
Envio dos eventos S-2190 a S-2420 Pode ser enviado a partir do dia
do leiaute do eSocial, exceto 22/11/2021 até um dia antes
os eventos relativos à SST. da obrigatoriedade dos eventos
periódicos (21/04/2022).
2ª FASE
Atenção: nessa fase acontecerá
(Eventos não periódicos)
o período de envio da carga Atenção: os benefícios da tabela
inicial tanto dos servidores 25 concedidos entre 07/11/2021
ativos quanto dos aposentados e 01/04/2022 terão o mesmo
e pensionistas do RPPS. tratamento da carga inicial.
O SIG-RPPS utilizará as informações do eSocial – assim, será possível prover aos entes federativos
diversos outros batimentos de dados, com a estruturação de um cadastro nacional de servidores
públicos, o qual poderá ser utilizado para a automatização de vários processos de gestão de
pessoal e previdência.
Os RPPS são acompanhados, supervisionados e fiscalizados pela Sprev. A supervisão por meio da
auditoria indireta se dá a partir da análise da legislação e dos demonstrativos encaminhados pelos
entes federativos. Ao serem constatadas inconsistências nas informações ou descumprimento
das normas gerais dos RPPS, o ente federativo e o órgão ou entidade gestora do RPPS são
notificados para comprovar a sua regularidade, que pode ser acompanhada por meio do extrato
previdenciário.
A fiscalização se dá por meio de auditoria direta a cargo de auditores fiscais da Receita Federal
do Brasil, em exercício na SPREV. O auditor é previamente credenciado e identificado por meio
de comunicação ao ente federativo e ao órgão ou entidade gestora do RPPS. Na fiscalização, são
examinados livros, bases de dados, documentos e registros contábeis, mas a principal função
é a orientação. Em caso de identificação de descumprimento das normas gerais, é emitida
Notificação de Auditoria Fiscal (NAF) e instaurado o processo administrativo previdenciário, que
possui prazos para impugnação e recursos previstos na Portaria MPS nº 530/2014.
Conforme previsão constitucional (artigos 40 e 149), os RPPS devem ser financiados por
contribuições do ente, do servidor ativo, do aposentado e do pensionista. Sendo insuficientes
essas contribuições, o ente, conforme a Lei nº 9.717/98, deve realizar transferências para o
pagamento dos benefícios.
As regras de limites de contribuição dos RPPS estão no artigo 40 da Constituição Federal, nos
artigos 2º e 3º da Lei nº 9.717/98 e no artigo 9º da EC nº 103/2019:
Contribuição dos aposentados e pensionistas As alíquotas devem corresponder às dos servidores ativos.
A lei do ente é que define as bases de cálculo das contribuições, sendo que para os aposentados
e pensionistas as contribuições são aplicadas na parcela da remuneração a partir do salário-
mínimo, para os entes que referendaram a EC nº 103/2019 ou a partir do valor máximo dos
benefícios do RGPS. O servidor ativo sujeito ao RPC somente contribui até esse último valor (teto
dos benefícios do RGPS).
A lei do ente também deve prever o prazo para repasse das contribuições ou aportes e a aplicação,
em caso de falta do repasse das contribuições no prazo, de índice oficial de atualização monetária,
de taxa de juros igual ou superior à hipótese financeira utilizada nas avaliações atuariais do RPPS
e de multa, sem prejuízo das sanções penais, cíveis e administrativas a que estejam sujeitos os
responsáveis.
A responsabilidade pela retenção, pelo recolhimento e pelo repasse mensal das contribuições e
aportes devidos ao RPPS é do ordenador de despesas do órgão ou da entidade com atribuições
para efetuar o pagamento das remunerações, proventos e pensões por morte.
Desde a EC nº 20/1998, os entes que possuem RPPS devem assegurar o equilíbrio financeiro e
atuarial do RPPS. Essa exigência consta também na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Lei
Complementar nº 101/2000 (art. 169). A EC nº 103/2019 trouxe expressamente o conceito de
equilíbrio atuarial a ser aplicado por todos os RPPS (art. 9º, § 1º).
"O equilíbrio financeiro e atuarial do regime próprio de previdência social deverá ser
comprovado por meio de garantia de equivalência, a valor presente, entre o fluxo das receitas
estimadas e das despesas projetadas, apuradas atuarialmente, que, juntamente com os bens,
direitos e ativos vinculados, comparados às obrigações assumidas, evidenciem a solvência e a
liquidez do plano de benefícios (art. 9º, § 1º, EC nº 103/2019)"
Devem ser realizadas avaliações atuariais anuais do RPPS para verificar a situação do equilíbrio
do plano e determinar o nível de contribuições necessárias para garantir os benefícios. Essas
avaliações devem seguir parâmetros técnicos atuariais estabelecidos pelo Ministério do Trabalho
e Previdência (Portaria MPS nº 464/2018 e diversas instruções normativas), contando com
informações atualizadas e consistentes que contemplem todos os segurados e beneficiários do
RPPS, de quaisquer dos poderes, órgãos e entidades do ente federativo.
Além disso, o ente federativo, o órgão ou a entidade gestora do RPPS e o atuário responsável
pela elaboração da avaliação atuarial deverão eleger, conjuntamente, as hipóteses biométricas,
demográficas, econômicas e financeiras aderentes às características da massa de segurados e
beneficiários do regime, para o correto dimensionamento dos seus compromissos futuros.
Os benefícios programados devem ser avaliados por técnica atuarial, segundo um dos quatro
métodos previstos nos parâmetros gerais, e, em caso de apuração de déficit atuarial, esse deve
ser equacionado das seguintes formas:
h,
Destaque,h
Para melhorar a situação do equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS também
devem ser adotadas medidas de gestão!
Impacto Fiscal
A Lei Complementar nº 178/2021 alterou o art. 19 da LRF e dispôs que não será computada,
nos limites de gastos com pessoal, a parcela das despesas com inativos e pensionistas custeada
com transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial do RPPS, na forma definida pelo
Ministério do Trabalho e Previdência.
Foi editada a Nota Técnica nº 18162/2021/ME, esclarecendo quais transferências podem ser
deduzidas. Frise-se que é vedada a dedução, nas despesas com pessoal, da parcela das despesas
com inativos e pensionistas custeada com aportes para cobertura do déficit financeiro dos RPPS.
a) pagamento dos benefícios de aposentadoria e pensão por morte devidos aos segurados e
beneficiários vinculados ao RPPS ou ao respectivo fundo instituído em caso de segregação da
massa;
A utilização dos recursos deverá observar os princípios da eficiência e economicidade e ser objeto
de contínuo acompanhamento pelos conselhos deliberativo e fiscal do RPPS.
A lei do ente fixará a taxa de administração do RPPS, cujos recursos deverão ser segregados,
contábil e financeiramente, dos recursos geridos pelo órgão ou entidade gestora do RPPS
destinados à cobertura dos benefícios e que não podem exceder limites anuais definidos nas
normas gerais dos RPPS (confira os parâmetros definidos no art. 15 da Portaria MPS nº 402/2008,
os quais foram alterados pela Portaria SEPRT/ME nº 19.451/2020).
Os recursos do RPPS deverão ser mantidos em contas bancárias distintas das contas do ente
federativo, sob a gestão do órgão ou entidade gestora do regime, e aplicados nas condições de
mercado, por meio de instituições públicas ou privadas.
h,
Destaque,h
Para a seleção das instituições que receberão os recursos do RPPS (inclusive
administradoras e gestoras de fundos de investimento), deverão ser observados
critérios de credenciamento relacionados à boa qualidade de gestão, ambiente
Quer conhecer dados gerais sobre as aplicações dos recursos dos RPPS nos diversos tipos de
ativos investidos (renda fixa, renda variável, investimentos estruturados, fundos imobiliários,
investimentos no exterior, demais bens, direitos e ativos aportados aos RPPS)? Acesse o painel
estatístico da Previdência em e veja a significativa evolução dos recursos investidos!
A EC nº 103/2019 possibilitou que os RPPS concedam empréstimos a seus segurados como uma
nova forma de investimento. Contudo, ainda depende de regulamentação pelo CMN e pelo
Ministério do Trabalho e Previdência.
A Lei nº 13.846/2019 realizou alterações na Lei n° 9.717/1998, com destaque para a inclusão do
art. 8º-B, que estabeleceu requisitos mínimos a serem atendidos pelos dirigentes, gestores de
recursos e membros dos conselhos e comitês dos RPPS da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios como condição para exercício das respectivas funções.
Esse dispositivo legal teve por objetivo a melhoria do processo de escolha dos dirigentes dos
regimes próprios e dos gestores dos recursos previdenciários, mediante a exigência de requisitos
mínimos de qualificação pessoal e técnica desses profissionais, a exemplo dos procedimentos já
adotados no âmbito do Regime de Previdência Complementar.
Os parâmetros gerais foram estabelecidos por meio da Portaria SEPRT nº 9.907/2020, que atribuiu
a uma comissão de avaliação a competência para analisar os pedidos de reconhecimento das
entidades certificadoras e dos correspondentes certificados, definindo os critérios de qualificação
técnica das entidades certificadoras e detalhando os conteúdos mínimos a serem exigidos nas
certificações. essa comissão é formada por representantes da Sprev, de tribunais de Contas, de
dirigentes de RPPS e de entidades associativas de RPPS.
Na primeira comprovação da certificação, assim considerada aquela realizada nos anos de 2021,
2022 e 2023, para fins de emissão do CRP, será exigível somente a certificação no nível básico e
serão considerados os certificados já emitidos antes da regulamentação da nova exigência.
ATUAIS PROFISSIONAIS 1 ano para certificação básica. 2 anos para certificação básica.
* Previamente ao exercício de
* 1 ano, a contar da data da suas funções, conforme níveis de
posse (certificação básica). certificações acima para os atuais
PROFISSIONAIS * A partir de 2024 (aplicável também gestores de recursos e membros
EMPOSSADOS APÓS O aos atuais profissionais): Estado/ do Comitê de Investimentos.
PRIMEIRO CERTIFICADO grande porte: certificação intermediária * Reconhecimento de certificação
RECONHECIDO para a maioria dos conselheiros. vigente, devendo, no prazo de
RPPS de médio/pequeno porte: um ano, comprovar a certificação
certificação básica para a maioria. exigida pelo Manual, nos níveis
básico, intermediário e avançado.
Enquanto não publicada a relação dos certificados que serão reconhecidos nos termos do art.
8º-B da Lei nº 9.717/98 e da Portaria SEPRT/ME nº 9.907/2020, continua exigível a certificação
dos responsáveis pela gestão dos recursos do RPPS e dos membros do comitê de investimentos,
conforme parâmetros previstos na Portaria MPS nº 519/2011!
A sustentabilidade dos RPPS exige a adoção de medidas que melhorem sua gestão e governança.
Vamos falar um pouco sobre o Programa de Certificação Institucional e Modernização da Gestão
dos Regimes Próprios de Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, o Pró-gestão RPPS.
• atos normativos;
• versões dos manuais do programa;
• formulários para adesão dos entes federativos;
• modelo do termo de concessão da certificação;
• modelo de requerimento de credenciamento de entidade certificadora;
• relação dos entes federativos que aderiram ao programa, dos que obtiveram certificação
e das entidades credenciadas;
• atas das reuniões da Comissão de Credenciamento e Avaliação.
O RPC será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por intermédio de EFPC.
Essa exigência aplica-se independentemente de os segurados do RPPS possuírem remuneração
acima do limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS.
A instituição, por meio de li do RPC e a vigência do regime – cujo prazo conferido pelo art. 9º, §
6º, da EC nº 103/2019, foi de dois anos a contar de sua publicação – será critério de análise para
a emissão do CRP.
Conhecer as principais modificações advindas com a Reforma, bem como a dimensão das
responsabilidades/obrigações dela resultantes.
No que se refere aos servidores dos municípios vinculados ao RGPS, destacam-se as seguintes
regras funcionais que repercutem na Previdência:
a) Vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou
companheiro, no âmbito do mesmo regime de Previdência Social.
Caberá a cada ente federativo definir os requisitos e critérios para concessão, cálculo e reajuste
das aposentadorias e da pensão por morte, desde que com amparo em parâmetros técnico-
atuariais que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Há, no entanto, regras gerais a serem
cumpridas:
Aposentadoria por incapacidade permanente – Somente poderá ser concedida caso não seja
possível realizar a readaptação do servidor; e, após concessão, será obrigatória a realização de
avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que a ensejaram, na forma
de lei do respectivo ente federativo.
Professor – A idade mínima dos professores da educação infantil e dos ensinos fundamental e
médio deve ser reduzida em cinco anos em relação às idades dos demais segurados do RPPS.
Tempo mínimo de magistério deve ser definido pelo ente.
Valor da aposentadoria – Não poderá ser inferior ao salário-mínimo e, após a vigência do Regime
de Previdência Complementar (RPC), não pode ser superior ao limite máximo estabelecido para
os benefícios do RGPS.
A EC nº 103/2019 vedou a instituição de novos RPPS (§ 22 do art. 40) e previu, nesse mesmo
dispositivo, a edição de uma lei complementar que estabelecerá normas gerais de organização,
funcionamento e responsabilidade em sua gestão. Enquanto essa lei não for editada, aplicam-se
as normas gerais previstas na Lei nº 9.717/98 (art. 9º da EC nº 103/2019).
h,
Destaque,h
A Reforma da Previdência aumentou a alíquota de contribuição dos servidores
federais (instituindo alíquotas progressivas, com alíquota base de 14%) e
reafirmou no § 4º do art. 9º a obrigatoriedade de que os RPPS dos estados,
Distrito Federal e municípios adequem as alíquotas dos seus servidores a esses
patamares.
Os entes que ainda não se adequaram deverão majorar, por meio de lei, a contribuição dos
segurados do seu RPPS com a alíquota mínima de 14%, sob pena de ficarem sem o CRP. Se forem
instituídas alíquotas progressivas, deve ser demonstrado no cálculo atuarial que o resultado
financeiro é equivalente ao que seria produzido pela alíquota uniforme de 14%. Também deve
ser efetuada a adequação das alíquotas dos aposentados e pensionistas.
Em caso de município cujos servidores efetivos sejam vinculados ao RGPS ou nos quais haja RPPS
em extinção, não há exigência de instituição do RPC.
Após a publicação da lei, deve ser iniciado o processo de seleção da EFPC que vai administrar
o plano de benefícios do RPC. Somente após autorização pela Previc do convênio de adesão do
ente ao plano de benefícios administrado pela entidade é que se considera vigente o RPC. O
RPC deverá estar vigente para que o ente admita novos servidores, especialmente aqueles cujos
cargos tenham remuneração acima do limite de benefícios do RGPS.
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Destaque,h
A Nota da Atricon concluiu que o objeto a ser contratado – convênio de
adesão por prazo indeterminado – não se enquadra na Lei de Licitações, mas
guarda proximidade com a forma de contratação direta por inexigibilidade.
Assim, deve ser efetuado um processo de seleção, alicerçado nos princípios
4. Compensação Previdenciária
Objetivo de aprendizagem
Além dos §§ 9º e 9º-A do artigo 201 da Constituição Federal e da Lei nº 9.796/1999, a compensação
previdenciária é regulada pelos seguintes atos normativos:
Não podem ser objeto as aposentadorias por invalidez decorrentes de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, bem como as pensões delas
decorrentes.
Caso o benefício objeto de compensação tenha sido revisado ou extinto, o regime instituidor
deverá comunicar de imediato aos regimes de origem por meio do Sistema de Compensação
Previdenciária (Comprev).
A Portaria MPS nº 154/2008 dispõe sobre a Certidão de Tempo de Contribuição (CTC), documento
emitido pelo RGPS ou pelos RPPS, na condição de regimes de origem, e utilizado pelo regime
instituidor para a contagem recíproca de tempo de contribuição para fins de aposentadoria.
Assim, o regime instituidor deve apresentar a CTC junto com o requerimento da compensação.
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Destaque,h
Caso o regime de origem seja o RGPS, o INSS somente fará o repasse da
compensação previdenciária se o ente federativo tiver Certidão Negativa de
Débito (CND).
O fluxo acumulado é pago em parcela única, o fluxo mensal, a cada mês. Com relação ao estoque,
caso o seu desembolso mensal seja inviável, os regimes poderão firmar termo de parcelamento
em até 180 meses, atualizado com os mesmos critérios de reajuste dos benefícios do RGPS.
Com relação ao recebimento do estoque RGPS, há norma específica (art. 9º, § 2º, Decreto nº
10.188/2019).
Importante atentar para a prescrição quinquenal dos valores não pagos nem reclamados em
época própria, que será contada:
O Ministério do Trabalho e Previdência disponibilizou para adesão do INSS e dos RPPS da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios um sistema de compensação previdenciária
(Comprev) destinado a manter atualizado o cadastro de todos os benefícios objetos de
compensação financeira e a apurar o montante devido pelos regimes.
O Sistema Comprev somente poderá ser acessado pelos entes que celebrarem o referido Termo
de Adesão e contrato comercial com a Dataprev, empresa de tecnologia responsável pelo seu
desenvolvimento.
Cabe ao Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência Social (CNRPPS) estabelecer as
diretrizes para as relações negociais do INSS e dos RPPS com a Dataprev e definir as normas e os
procedimentos relativos à compensação.
A Resolução do CNRPPS nº 02/2021 estabeleceu que o custeio do sistema ficará a cargo de cada
regime de previdência instituidor a partir de 01/01/2022, nos termos da Portaria SEPRT/ME nº
15.829/2020.
Caso o ente não formalize o Termo de Adesão e o contrato com a Dataprev para utilização do
Comprev, ficará sem receber a compensação previdenciária do RGPS e sem o CRP.
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Destaque,h
Até o dia 30 de cada mês, o Comprev disponibiliza ao regime de origem o total
a ser por ele desembolsado a cada regime instituidor referente à competência
do mês anterior, o que corresponderá ao somatório do fluxo mensal, do fluxo
acumulado e do estoque RGPS ou estoque RPPS.
O desembolso deverá ser feito até o quinto dia útil do mês subsequente. Em
caso de atraso, serão aplicados os mesmos critérios de mora das contribuições
do RGPS.
Os desembolsos pelo regime de origem só serão realizados para o regime instituidor caso ele
seja credor no cômputo da compensação financeira devida entre ambos os regimes, conforme
apurado pelo Comprev.
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Destaque,h
A análise dos requerimentos apresentados pelos regimes instituidores ao
regime de origem deve ser feita em ordem cronológica.
Referências
ASSOCIAÇÃO dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – Atricon. Nota Técnica nº 01/2021.
Brasília: 2021. Disponível em: http://localhost/wp-content/uploads/2017/03/Nota-tecnica.-
ATRICON-01-2021-12.04.21.pdf. Acesso em: 13 ago. 2021.
TRIBUNAL de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Ofício Circular DCF nº 25/2021, de 07
de julho de 2021. Porto Alegre: 2021. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/tcers/oficio-
circular-da-dcf-n-25-2021?origin=instituicao. Acesso em: 13 ago. 2021.