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Direito Previdenciário

Material Teórico
Prestações da previdência social

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Claudio Alves da Silva

Revisão Textual:
Profa Ms Fernanda Garcez Lopes de Souza
Prestações da previdência social

• Período de carência

• Salário-de-benefício

··Em prosseguimento ao curso de Direito Previdenciário, na


Unidade IV, serão estudadas as prestações da previdência social.
··Especial atenção há de ser dada aos períodos de carência exigidos
de cada benefício em espécie, ao conceito de salário-de-benefício
e ao nosso estudo de cálculo da renda mensal de benefício.
··Nesta unidade serão abordados conceitos muito importantes
que auxiliarão vocês no desvendar deste misterioso mundo
da Previdência Social.

Focaremos nossos estudos nas prestações da Previdência Social, o que envolverá a análise
dos conceitos de período de carência, salário-de-benefício e sua forma de cálculo, além do
famoso fator previdenciário.
O estudo do tema convém ser complementado com a leitura da bibliografia indicada no
Plano de Ensino, além de uma pesquisa na Biblioteca Virtual e Internet.
Para melhor estruturar seus estudos, leia o texto elaborado pelo professor; veja e ouça
a apresentação em PowerPoint da Unidade; aprofunde o tema, por meio da leitura de
quaisquer das obras indicadas na bibliografia; observe a indicação de capítulos de livros e
leituras sugeridas e realize as atividades de sistematização.

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Unidade: Prestações da previdência social

Contextualização

Extinção do Fator Previdenciário é uma medida necessária.


O fator previdenciário é, como sabem quase todos os trabalhadores do setor privado que
vislumbram a aposentadoria, uma fórmula complexa que resulta quase que invariavelmente
na redução do valor do benefício.
Instituído no Brasil a partir de 1999, o fator previdenciário é uma criação brasileira, não
contando com precedentes em nenhuma outra parte do mundo.
Em outros lugares, na verdade, tentou-se solucionar o problema da Previdência de outras
formas, como o aumento das idades mínimas para a aposentadoria, por exemplo.
No entanto, ainda nesses casos, percebe-se a inutilidade de tais soluções. O problema
hoje demanda uma análise muito mais complexa de questões como a revisão das fontes de
custeio do sistema.
No caso brasileiro, com o estabelecimento do fator previdenciário, o governo buscou
diminuir as contas públicas, em vista da redução promovida no pagamento de certos tipos
de benefício.
Ao agir assim, partia do pressuposto -a nosso ver reducionista- de que, com a diminuição
no pagamento das aposentadorias, haveria, como contrapartida, crescimento econômico em
vista da economia de bilhões para os seus cofres. Trata-se de pressuposto que desconsidera
a involução social criada pelo mecanismo, que admite o desenvolvimento econômico
divorciado do social, na medida em que permite o incremento da situação de pobreza dos
mais pobres como solução para suposto crescimento do país.
Para ilustrar o que se está mencionando, basta lembrar que o cidadão que vai se aposentar
tem seu benefício diminuído, em média, 30% em relação ao valor da contribuição somente
mediante a sua aplicação.
Não por acaso, no instante da concepção do fator, percebendo o seu efeito na vida dos
trabalhadores, os partidos de oposição, inclusive o PT, foram bastante cautelosos quanto a
sua admissão.
Isso é fácil de perceber. Desde que existe o fator previdenciário, quem quiser fazer jus
a uma aposentadoria mais vantajosa deve estar disposto a contribuir longamente para o
sistema e nele entrar muito jovem ou sair demasiado velho. Isso porque, no cálculo do fator
previdenciário, são considerados dados como idade e expectativa de vida.
A idéia básica é incentivar o trabalhador a atuar desde tenras idades e por um longo
lapso de tempo.
A eventual extinção do fator previdenciário representa medida de justiça social, já que
retoma a relação mais imediata entre contribuição e valor inicial de benefício.

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Período de carência

Antes de adentrarmos nas prestações e benefícios da


Previdência Social, propriamente ditos, é mister estudarmos
, o
Carência é, portanto alguns institutos de Direito Previdenciário.
ente
período correspond
o de
ao número mínim Iniciamos nosso estudo pelo tema “Período de Carência”.
contribuições mensais
o
indispensáveis para Para que o segurado tenha direito a benefícios previdenciários,
ura do ten ha
que o seg é necessário que tenha pago um determinado número de
direito ao benefício.
contribuições mensais. Essa quantidade de contribuições,
imprescindível à obtenção do benefício, denomina-se período
de carência.
E porque é importante existir o período de carência? A fixação de um período de carência
é requisito fundamental para a manutenção do equilíbrio econômico financeiro do sistema
previdenciário, principalmente por conta dos benefícios programáveis, em que o segurado pode
prever o início de seu gozo.

Ideias-chave
Para o segurado especial não há necessidade de se falar em carência. Este deve comprovar apenas
o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade rural em igual número de meses necessário à
concessão do benefício requerido, salvo quando ele opta por contribuir facultativamente.

Segurado Início da Contagem do Período de Carência


Empregado e trabalhador avulso Da data da filiação ao Regime Geral da Previdência Social
Empregado doméstico, contribuinte individual Da data do recolhimento da primeira contribuição sem
facultativo e segurado especial contribuinte atraso.
Segurado especial Do efetivo exercício da atividade rural.

Benefícios com período de carência:

Explore
https://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_graduacao/2014/2sem/3mod/dir_
pre/un_IV/mat_comp/beneficios/engage.html

Independem de carência os seguintes benefícios:


»» pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente de qualquer natureza;
»» salário-maternidade para as seguradas empregada, empregada doméstica e
trabalhadora avulsa;
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Unidade: Prestações da previdência social

»» auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza


ou causa (isto é, de origem traumática e por exposição a agentes exógenos – físicos,
químicos e biológicos – que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause
morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laborativa);
»» aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão ou pensão por
morte aos segurados especiais que comprovem exercício de atividade rural no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua,
igual ao número de meses correspondente à carência do benefício requerido;
»» Reabilitação profissional e serviço social.

Além disso, não haverá carência para os segurados que, após sua filiação ao RGPS, forem
acometidos das doenças ou afecções seguintes:
I. tuberculose ativa;
II. hanseníase;
III. alienação mental;
IV. neoplasia maligna;
V. cegueira
VI. paralisia irreversível e incapacitante;
VII. cardiopatia grave;
VIII. doença de Parkinson;
IX. espondiloartrose anquilosante;
X. nefropatia grave;
XI. estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
XII. síndrome da deficiência imunológica adquirida - Aids;
XIII. contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada; e
XIV. hepatopatia grave.

Tabela progressiva de carência


A carência das aposentadorias por idade, tempo de serviço e especial para os segurados
inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/1991, bem como para o trabalhador e
empregado rural amparados pela Previdência Social Rural obedecerá à seguinte tabela, levando-
se em consideração o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à
obtenção do benefício (art. 182 do Decreto n. 3.048/99):

Satisfação das condições Tempo de contribuição


(ano) exigido (meses)
1991 60
1992 60
1993 66
1994 72
1995 78
8
1996 90
1997 96
1998 102
1999 108
2000 114
2001 120
2002 126
2003 132
2004 138
2005 144
2006 150
2007 156
2008 162
2009 168
2010 174
2011 180

Para melhor compreensão, tenha em mente o seguinte: o segurado filiado em data anterior a
25/07/1991 que queira se aposentar por idade no ano de 2008, deverá cumprir, além da idade
mínima, pelo menos 162 contribuições, ou seja, o equivalente a 13,5 anos de contribuição. Se
cumprir o requisito idade mínima em 2009, deverá contar com 168 contribuições, no mínimo,
para efeito de carência.

Para os filiados após 25/07/1991, aplica-se a norma vigente, ou seja, a que fixa a carência
em 180 contribuições mensais.

Salário-de-benefício

É a base de cálculo para o benefício previdenciário do RGPS. Trata-se da média aritmética


de certo número de contribuições atualizadas utilizadas para o cálculo da renda mensal inicial
do benefício.

É o valor básico utilizado para o cálculo da renda mensal dos benefícios de prestação
continuada, inclusive os regidos por normas especiais, exceto o salário-família, o salário-
maternidade, a pensão por morte e os demais benefícios de legislação especial.

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Unidade: Prestações da previdência social

O salário-de-benefício consiste:

a) para os benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de serviço, na média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a 80% de todo o período
contributivo, multiplicado pelo fator previdenciário.

b) para os benefícios aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença


e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores 5 salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo o período contributivo. (Impende observar que não incide
nas aposentadorias especial e por invalidez o fator previdenciário, pois são situações
extraordinárias e de necessidade do segurado).

No caso de segurado especial, quando não for inferior ao salário mínimo, consiste o salário-
de-benefício em:

a) para os benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de serviço, em 1/13 (um
treze avos) da média aritmética simples dos maiores valores sobre os quais incidiu a sua
contribuição anual, correspondente a 80% de todo o período contributivo, multiplicado
pelo fator previdenciário;

b) para os benefícios aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença


e auxílio-acidente, em 1/13 (um treze avos) da média aritmética simples dos maiores
valores sobre os quais incidiu a sua contribuição anual, correspondentes a 80% de todo
o período contributivo.

O salário-de-benefício equivale, então, ao fator previdenciário multiplicado pela média


aritmética simples dos salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês: SB = f x M.

Trocando Ideias
o valor do salário-de-benefício não será inferior a um salário mínimo nem superior ao limite
máximo de salário-de-contribuição na data do início do benefício.

Para o segurado contribuinte individual e para o facultativo optante pelo recolhimento trimestral,
que tenha solicitado qualquer benefício previdenciário, o SB consiste na média aritmética simples de
todos os salários-de-contribuição integrante da contribuição trimestral recolhidos.

Cálculo do salário-de-benefício
Para calcular o salário-de-benefício, é mister ter em conta o salário-de-contribuição. Para tanto,
o INSS utiliza as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) que
contem os dados sobre as remunerações dos segurados, que são cadastrados desde 1994.

Como visto, integram o salário-de-contribuição os ganhos habituais do empregado. O salário-


de-contribuição é corrigido mês a mês. O índice utilizado é o INPC – índice nacional de preços
ao consumidor, calculado pelo IBGE.

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Pense
Para fins de cálculo do salário-de-benefício, são considerados salário-de-contribuição: o
benefício por incapacidade recebido pelo segurado e o auxílio-acidente.
O 13º salário NÃO é considerado salário-de-contribuição para fins do cálculo do salário-de-
benefício, não integrando o cálculo do benefício.

Para fins de cálculo do salário-de-benefício, são considerados salário-de-contribuição: o


benefício por incapacidade recebido pelo segurado e o auxílio-acidente.
O 13º salário NÃO é considerado salário-de-contribuição para fins do cálculo do salário-de-
benefício, não integrando o cálculo do benefício.

Cálculo do salário-de-benefício do segurado que exerce


atividades concomitantes
Tema importante é a questão de o segurado exercer duas atividades remuneradas. De fato,
os salários-de-contribuição de atividades concomitantes influenciam o valor do salário-de-
benefício, considerando-se os períodos em que há o exercício de cada uma das atividades.

Visando a facilitar o entendimento, podemos estipular a ocorrência das


seguintes regras:

1ª regra: Se nas diversas atividades o segurado satisfizer todas as exigências para obtenção
do benefício, seu salário de benefício corresponderá à soma dos salários de contribuição
de todas as atividades (conforme Decreto n. 3.048/99, art. 34, caput).

Ex: João exerce duas atividades e recebe, na primeira, R$1.000,00 e, na segunda, R$


1.500,00. Como o valor recebido está abaixo do limite do salário-de-contribuição, João
contribuirá nas duas atividades. Quando solicitar benefício que dependa do cálculo do
salário-de-benefício, serão levados em consideração os salários-de-contribuição das duas
atividades, desde que, em ambas, sejam cumpridos os requisitos para o benefício.

2ª regra: Não serão considerados na soma os salários-de-contribuição daquelas atividades


para as quais o segurado deixou de contribuir em razão do limite máximo do salário-de-
contribuição (Decreto n. 3.048/99, art. 34, § 1º).

Ex: José exerce duas atividades como empregado. Na primeira, recebe R$ 6.000,00 e
na segunda R$ 2.500,00. Como o valor recebido está acima do limite do salário-de-
contribuição, só haverá contribuição para a primeira atividade. Assim, somente será
levado em consideração o salários-de-contribuição da primeira atividade.

3ª regra: Não serão considerados na soma os salários-de-contribuição daquelas atividades


para as quais o segurado tenha sofrido redução do salário-de-contribuição (Decreto n.
3.048/99, art. 34, § 6º).

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Unidade: Prestações da previdência social

Ex: Antônio exerce duas atividades como empregado. Na primeira, recebe R$ 1.500,00
e na segunda R$ 2.500,00. Como o limite do salário-de-contribuição, em agosto de
2001, é R$ 3.691,74, haverá redução proporcional dos salários-de-contribuição das duas
atividades. Então, o cálculo do salário-de-benefício será feito com a redução proporcional.

4ª regra: Quando o segurado exercer atividades concomitantes e sobrevier a incapacidade


para apenas alguma delas, será devido o auxílio-doença, levando-se em conta para efeito
de cálculo do salário-de-benefício os salários de contribuição das atividades em que a
perícia médica reconhecer a existência de incapacidade laborativa, revendo-se o benefício
se a incapacidade se estender a outras atividades. (art. 73 e § 33º do Dec. 3.048/99).

No caso de transformação do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez do segurado


que exerce atividades concomitantes, tendo sido concedido auxílio-doença em relação a alguma
das atividades, o salário-de-benefício correspondera à soma das seguintes parcelas:

a. valor do salário-de-benefício do auxílio-doença a ser transformado em aposentadoria por


invalidez; e

b. um percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das demais atividades,


equivalente à relação entre os meses completos de contribuição até o máximo de 12, e os
do período de carência exigido para a aposentadoria por invalidez.

Ex: Segurado exerce atividades A e B. Na A, contribui há 20 meses; na B, há 4 meses.


Se ficar incapacitado para a atividade A, mas não para a atividade B, o segurado
recebe auxílio-doença em relação à atividade A, levando-se em consideração os salários
de contribuição desta atividade. Se, passados dois meses a incapacidade se estende à
atividade B, o benefício será revisto, somando-se o salário-de-benefício do auxílio doença
com a média dos salários de contribuição da atividade B, multiplicada por 1/2.

Se a incapacidade para a atividade A for definitiva, o auxílio-doença é mantido indefinidamente,


só havendo de se falar em aposentadoria por invalidez se a incapacidade se estender para a
atividade B.

5ª regra: Quando o segurado não cumprir as exigências para a concessão do benefício em


alguma das atividades concomitantes, o salário corresponderá à soma das seguintes parcelas:

a. salário-de-benefício calculado com base na soma dos salários-de-contribuição das


atividades em que os requisitos são atendidos;

b. um percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das demais atividades


equivalente à relação entre o número de anos completos de atividade e o número de anos
de contribuição exigido para o benefício, quando se tratar de tempo de contribuição; ou,
para as demais espécies de benefício, meses completos de contribuição e os do período
de carência exigido.
Ex: Joana contribuiu por 30 anos na atividade A cuja remuneração foi (para fins didáticos)
sempre de R$ 500,00 e por 20 anos na atividade B, sempre recebendo R$ 600,00. Para
calcular o salário-de-benefício ao requerer aposentadoria por tempo de contribuição,
consideram-se duas parcelas, que serão somadas: a média dos salários-de-contribuição

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da atividade A que será de R$ 500,00, mais a média dos salários-de-contribuição da
atividade B, esta todavia, multiplicada por 2/3 (por que 20/30 = 2/3, sendo que ‘20’
representa o número de anos trabalhados e ‘30’ o número de contribuições para obtenção
do benefício). O benefício seria, pois, de R$ 900,00.

Fator Previdenciário
O fator previdenciário foi instituído pela Lei nº 9.876/99. Ele toma por base a expectativa
de sobrevida no momento da aposentadoria, o tempo de contribuição até o momento da
aposentadoria, e a idade no momento da aposentadoria. O objetivo do fator previdenciário é
estimular os segurados a retardar o pedido de aposentadoria.
O fundamento do fator previdenciário está no art. 201 da Constituição Federal, que determina
a observância de critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Equilíbrio financeiro quer dizer que deve haver mais receita que despesa no orçamento da
Seguridade Social. Equilíbrio atuarial envolve a expectativa de vida da pessoa, o tempo de
contribuição e a idade. Assim, quem se aposenta mais cedo, recebe aposentadoria menor e
quem se aposentar mais tarde tem aposentadoria maior, pois expectativa de vida da pessoa
é menor.
O Supremo Tribunal Federal entende que o fator previdenciário é constitucional exatamente
por preservar o equilíbrio financeiro e atuarial previsto na Constituição (Plenário, ADInMC
2.110-DF e ADInMC 2.111-DF, Rel. Min. Sydney Sanches. Informativo STF 181, de 13 a 17-
03-2000).
O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e
o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo a seguinte fórmula:

Na qual:
f = fator previdenciário;
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
Id = idade no momento da aposentadoria ;
a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

Se preferir não fazer contas para calcular o fator previdenciário use a tabela disponível no site
http://www.previdenciasocial.gov.br/.

Na referida tabela, basta você fazer a interseção entre a idade e o tempo de contribuição,
encontrando, assim o fator previdenciário.

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Unidade: Prestações da previdência social

Renda Mensal de Benefício


A expressão salário-de-benefício pode sugerir a ideia de que seja ele, salário-de-benefício, o
próprio valor recebido pelo beneficiário da Previdência Social. Na verdade salário-de-benefício
é a base de cálculo da renda mensal inicial do benefício a ser recebido, e não o próprio benefício.
Renda mensal é o valor recebido pelo segurado ou dependente.
A renda mensal do benefício de prestação continuada será calculada aplicando-se sobre o
salário-de-benefício os seguintes percentuais:

Benefício % do salário-de-benefício

Auxílio-doença 91%

Aposentadoria por invalidez 100%

70% + 1% por grupo de 12 contribuições mensais, até o


Aposentadoria por idade
máximo de 30%

Mulher – 100% aos 30 anos de contribuição


Aposentadoria por tempo de Homem – 100% aos 35 anos de contribuição
contribuição Professora – 100% aos 25 anos de contribuição
Professor – 100% aos 30 anos de contribuição

Aposentadoria especial 100%

Auxílio-acidente 50%

Assim, calculado o salário-de-benefício multiplicado pelos percentuais vistos na tabela anterior,


tem-se o valor da Renda Mensal do Benefício. Para melhor compreensão, dois exemplos:
1) Josefa, segurada, iniciou suas contribuições quando já contava 46 anos. Ao cabo de 14
contribuições, completou 60 anos. Pode ela se aposentar por idade?
Resposta: NÃO. Para a aposentadoria por idade é necessário cumprir carência de 180
contribuições mensais (15 anos). Dessa forma, Josefa precisará contribuir mais 12 meses. O
percentual será de 70%+ 15% (1% por cada grupo de 12 contribuições, como visto). Se o
salário-de-contribuição for de R$ 1.000,00, a renda mensal de benefício será de R$ 850,00.

2) Osório iniciou suas contribuições aos 30 anos. Depois de contribuir por 35 anos poderá
aposentar-se por idade, pois completará a idade mínima e a carência. Como sabido, o
percentual mínimo será de 70% mais 1% por grupo de 12 contribuições, até o máximo
de 30%. Se o salário-de-benefício for de R$ 2.000,00, o valor do benefício também será
de R$ 2.000,00.

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Observações importantes:

1) No cálculo da renda mensal dos benefícios serão computados:

I. para o segurado empregado e trabalhador avulso, os salários-de-contribuição referentes


aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa, sem
prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação de penalidades;

II. para o segurado empregado, o trabalhador avulso e o segurado especial, o valor mensal
do auxílio-acidente, considerado como salário-de-contribuição para fins de concessão
de qualquer aposentadoria;

III. para os demais segurados, os salários-de-contribuição referentes aos meses de


contribuições efetivamente recolhidas. É o que ocorre com o doméstico, o autônomo,
o empresário e, o segurado facultativo e o equiparado ao autônomo.

2) Se o segurado empregado, inclusive o doméstico, ou o trabalhador avulso não puder


comprovar o valor de seus salários-de-contribuição, será concedido o benefício no valor
mínimo, podendo ser recalculado quando o segurado conseguir provar os efetivos salários-
de-contribuição.

3) Para o Segurado Especial é garantida a concessão de aposentadoria por idade ou por


invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão por morte, no valor de um
salário-mínimo, desde que haja comprovação de exercício da atividade rural, ainda que de
forma descontínua. Caso o segurado especial contribua facultativamente, lhe é assegurada a
concessão dos benefícios do Regulamento de Benefícios da Previdência Social.

Nenhum benefício que substitua o salário-de-contribuição ou rendimento do trabalho do


segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. A renda mensal do benefício de prestação
continuada não poderá ter valor inferior a um salário mínimo, nem superior ao teto do salário-
de-contribuição.

Reajuste do valor dos benefícios


Os benefícios serão reajustados para preservar o valor real conforme critérios definidos em
lei, conforme o INPC do IBGE (art. 41-A da Lei nº. 8.213). Os benefícios de um salário-mínimo
serão corrigidos automaticamente com o reajuste do salário-mínimo. O reajuste não pode
extrapolar o teto do salário-de-contribuição.

Pagamento dos benefícios


Salvo quanto ao valor devido à Previdência Social e ao desconto autorizado pela Lei nº 8.213,
ou derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em sentença judicial, o benefício
concedido ao segurado ou dependente não pode ser objeto de penhora, arresto ou sequestro,
sendo nulas de pleno direito sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre ele,
bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria para seu recebimento.

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Unidade: Prestações da previdência social

O INSS poder descontar dos benefícios: a) contribuições devidas pelo Segurado à


Previdência; b) pagamento de benefício além do devido; c) imposto de renda na fonte; d)
alimentos decorrentes de sentença judicial; d) mensalidade de associações e demais entidades de
aposentadorias legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados; e) pagamento
de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento mercantil concedidos por
instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, públicas ou privadas, quando
autorizado pelo beneficiário, até o limite de 30% do valor do benefício.
O benefício será pago diretamente ao beneficiário, salvo em caso de ausência, moléstia
contagiosa ou impossibilidade de locomoção, casos em que será pago a procurador, cujo
mandato será de até 12 meses, podendo ser renovado pelo INSS. Todavia, o segurado menor
pode firmar recibo de pagamento de benefício, independente da presença dos pais ou do tutor.
Benefícios devidos a segurado ou dependente incapaz será pago ao cônjuge, pai, tutor ou
curador ou, na sua falta e por período de até seis meses, ao herdeiro necessário, mediante termo
de compromisso.

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Material Complementar

Sugerimos, como material complementar, a seguinte bibliografia:

SILVA, A. M.. Direito Previdenciário. São Paulo: Lex Editora, 2010. Capítulo 10.

MARTINS, S. P. Direito da Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 2011. Capítulo 17.

Links interessantes sobre a matéria abordada:


»» http://www2.camara.gov.br/tv/materias/CAMARA-HOJE/193355-FIM-DO-FATOR-
PREVIDENCIARIO-PODE-SER-TEMA-DO-CONGRESSO.html
»» http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=88

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Unidade: Prestações da previdência social

Referências

IBRAHIM, F. Z. Curso de Direito Previdenciário. 15 ed. Rio de Janeiro: Impethus, 2010.

MARTINS, S. P. Direito da Seguridade Social. 29 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

VIANA, J. E. As. Curso de Direito Previdenciário. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

CASTRO, C. A. P.; LAZZARI, J. B. Manual de Direito Previdenciário. 11 ed. São Paulo:


Conceito Editorial 2009.

DIAS, E. R.; MACÊDO, J. L. M. Curso de Direito Previdenciário. São Paulo: Método 2009.

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Anotações

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