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CURSO MEGE

Site: www.mege.com.br
Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim)
Fanpage: /cursomege
Instagram: @cursomege
Turma: TJPE 2022 (Turma de Reta final)
Material: TJPE 2022 (Prova comentada – conforme gabarito preliminar)

TJPE 2022 3
Prova comentada
(Gabarito preliminar)1

1
Divulgado dia 18/10/2022.
OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do TJPE foi realizada em 16/10/2022. Assim que tivemos


acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do Mege. É
incrível viver esses momentos de ansiedade juntos e, novamente, entregamos em mãos
tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal. A nossa intenção neste material é
auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da elaboração de seus recursos, além de
possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de temas cobrados no certame.
A prova do TJPE foi a mais extensa dos últimos anos. Por consequência, uma
das mais complexas quanto ao quesito gestão do tempo. Não foram poucos os relatos
sobre a dificuldade de completar a leitura e resolução das 100 questões no tempo de
prova. Além disso, tivemos que enfrentar enunciados com boas pegadinhas. Sobre elas,
trataremos com atenção neste estudo de prova comentada.
No último TJPE, 27 aprovados estudaram ao nosso lado. Para nossa equipe,
foi uma honra retornar ao Recife depois de alguns anos. Ainda mais pelo clima
excpecional de recepção calorosa como fomos recebidos. A relação com cada
megeano(a) é bastante especial. Vocês fazem toda correria ser repleta de bons e
inesquecíveis momentos! A vista do aulão de véspera, inclusive, foi a mais bonita que já
encontramos até hoje em nossas atuações. Coisas do nosso belo nordeste!
O material aqui apresentado trata de versão preliminar elaborada com as
finalidades informadas e concluída por nosso time específico para 1ª fase de
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magistratura, sem maiores pretensões de aprofundamento e trabalho editorial neste
momento de puro apoio.
Não há também o viés de verificação rigorosa de temas antecipados em nossas
atuações, diante do curto tempo para entrega desse apoio em prazo recursal e da ampla
produção de conteúdo de nossas turmas. No entanto, nossa felicidade foi imensa ao
constatarmos o quanto nosso apoio, novamente, foi efetivo em reta final e o quanto
nossos alunos do clube da Magistratura estão bem direcionados independentemente
do nível da prova a ser aplicada.
O corte, neste momento, segue estimado em 71 acertos para ampla
concorrência Em cotas, a nota de corte necessária é de 60 acertos.
Os nossos professores entendem que 4 (quatro) questões, em especial, estão
envolvidas em alguma polêmica a ser apreciada (9, 47, 54 e 63) e, portanto, podem ter
suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto a nota de corte para
outras possibilidades.
Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um
aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um)
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço
no certame. Guardem esta informação!
Aos alunos das turmas do Mege para o TJPE, pedimos que não deixem de reler
os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos
decisivos.
É importante mencionar que o Clube do Magistratura também é extremamente
valioso para qualquer nível de prova para carreira (especialmente por tratar de um edital
completo ao longo de 1 ano). Não fizemos maiores apontamentos sobre ele por aqui
pelo curto tempo de comparativo temático de sua produção com as questões de prova.
No entanto, é pacífico entre os professores que esse também estava representado em
praticamente 100% da prova.
Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Portanto, no próximo desafio, seja em SP ou no RJ (os mais prováveis
neste momento), seguiremos juntos ao lado de todos em reta final.
É válido citar que, neste momento, até iniciamos uma turma gratuita de
esquenta para o TJSP 190.

LINK da TURMA GRATUITA de ESQUENTA TJSP 189

SEGUNDO O OLHO NA VAGA


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Até parece uma imagem colada de outra turma do tanto que tem sido assim,
nossos alunos, novamente, deram um show em relação aos demais cursos
cadastrados!
O gráfico abaixo representa o desempenho geral da resposta comparativa de
nossos alunos (conforme gabarito e possível nota de corte). Algo apurado em
plataforma que não temos qualquer tipo de vínculo ou parceira - informação genuína e
que nos enche de orgulho.
PARA ONDE DEVO IR?

Em nossa análise sobre caminhos pós-prova no TJPE, entendemos que esse 6


direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma. Sobre a nota de corte
de ampla concorrência (estimada em 71 pontos), diante das polêmicas apontadas como
possíveis anulações, estimamos que até 68 pontos seria possível imaginar uma chance
de 2ª fase. Em cotas, 57 seria esse limite indicado, diante das possibilidades de
anulações que apontamos.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJPE NÃO SE DESESPERE!

Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube da Magistratura (turma 2022.2), Nossa turma mais
completa para quem se prepara para carreira (inclusive assinante premium ganha
acesso a todas as retas finais de magistratura que atuamos).
Se você presta concursos de magistratura em outros estados, o Clube da
Magistratura conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma
personalizada; e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado.
Vale a pena conferir!
CLUBE DA MAGISTRATURA 2022.2

A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!

Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª
fase TJPE (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas
personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio. O estudo de
sentenças e discursivas (aqui inclusa ainda uma abordagem ampla para Humanística
específica para o TJPE), a experiência de redigir e ter correções de provas manuscritas,
tudo devidamente alinhado ao seu desafio no melhor nível. Uma equipe que conta com
ex-examinadores em correções e um time focado em turmas de 2ª fase de magistratura
desde 2015.
As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o os
cupons indicados (caso seja ex-aluno) para garantir sua vaga com 10% de desconto no
carrinho de compra!
Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem conforme abaixo:
TJPE (2ª fase - TURMA 1: COM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)
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Ex-aluno tem ainda 10% de desconto com o cupom: TJPE2FASE

Observação: As vagas esgotaram nesta modalidade (com correções personalizadas)


antes da disponibilização deste material e as vendas foram, portanto, encerradas, mas
conseguimos ampliar 10 vagas (de forma excepcional) para quem ainda não conseguiu
matrícula nesta modalidade.
TJPE (2ª fase - TURMA 2: COM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

Ex-aluno tem ainda 10% de desconto com o cupom: TJPE2FASE


Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TJPE.
Seguiremos firmes e com trabalho realmente específico também na 2ª fase.
Bons estudos!
Arnaldo Bruno Oliveira2

2
Insta: @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para envio de mensagens sobre o Mege).
SUMÁRIO

BLOCO I ..................................................................................................................... 9
DIREITO CIVIL ................................................................................................................ 9
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................ 27
DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................... 45
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................. 55
BLOCO II .................................................................................................................. 61
DIREITO PENAL ............................................................................................................ 61
DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................... 76
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 91
DIREITO ELEITORAL ................................................................................................... 102
BLOCO III ............................................................................................................... 107
DIREITO EMPRESARIAL.............................................................................................. 107
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO ........................................................................ 114
DIREITO AMBIENTAL ................................................................................................. 122
8
DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................... 125
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ..................................... 140
BLOCO I
DIREITO CIVIL

1. Emengarda faleceu, deixando muitos bens e péssimo relacionamento com seus cinco
filhos. Fábio a injuriou em um jantar de família há muitos anos e nunca mais se falaram
desde então. Guilherme a coagiu a modificar seu testamento, ameaçando divulgar
informações íntimas suas se não lhe deixasse a parte disponível da herança. Henrique
caluniou o homem com quem ela vivia há muitos anos em união estável. Igor tentou
matá-la por envenenamento, estando preso desde então pelo seu crime. Enfim, Júlio,
foi quem efetivamente a matou, buscando contê-la em uma discussão que chegou às
vias de fato, tendo sido condenado por homicídio culposo. O herdeiro que pode
pretender excluir por indignidade todos os demais e ficar com a herança toda de
Emengarda para si é:

(A) Fábio;

(B) Guilherme;

(C) Henrique;

(D) Igor;
9
(E) Júlio.

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GABARITO: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa E.


(B) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa E.


(C) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa E.


(D) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa E.


(E) CORRETA.
O homicídio culposo praticado por Júlio não é causa de indignidade, nos moldes do art.
1814, CC:
“Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente
ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
Questão, porém, merece ser a anulada, porque lista também hipóteses de deserdação
(art. 1.962 e 1.963, CC), sem, porém, mencionar que falecido havia deixado testamento
determinando essa deserdação”.
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos
descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
10
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade”.
_______________________________________________________________________

2. Júlio, com 17 anos, já é um conhecido desenhista. Ele é contratado por uma equipe
profissional e tem gastado o salário que recebe em viagens, não chegando a ser
independente financeiramente. Por entender que Júlio estava esbanjando dinheiro,
seus pais entraram em conflito com ele, exigindo administrar o dinheiro que ele recebe
mensalmente.

Diante disso, é CORRETO afirmar que:

(A) dada a incapacidade civil de Júlio, os pais têm o dever de administrar os valores
recebidos por ele;

(B) ainda que Júlio seja relativamente incapaz, os pais não têm direito a administrar os
valores recebidos por ele;

(C) ter 17 anos e emprego geram emancipação, e por isso os pais não têm direito a
administrar os valores recebidos por ele;

(D) os pais não têm mais poder familiar sobre Júlio, mas têm direito a administrar os
valores recebidos por ele;
(E) os pais somente deveriam administrar os valores recebidos por Júlio se ele tivesse
menos de 14 anos.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Isso porque, não existe, necessariamente o dever da administração dos bens, conforme
se extrai do CC/02:
“Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:
I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.”
(B) CORRETA.

CC/02: “Art. 1.693, inc. II do CC: “Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração
dos pais: II – os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de
atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos”. 11
(C) INCORRETA.

É que segundo o art. 5º do CC/02, a emancipação de Júlio não acontece de ofício,


devendo ser concedida pelos pais, ou por um deles na falta do outro, ou por sentença
do juiz.
(D) INCORRETA.

Ora, os pais de Júlio já possuem o pleno exercício do poder familiar sobre ele, já que é
menor de idade e não emancipado.
(E) INCORRETA.

De acordo com o art. 1.635º, inc. II e III do CC/02, os pais de Júlio possuem o exercício
do poder familiar, até porque ele não atingiu a maioridade nem foi emancipado. Nos
termos do art. 1.689, inciso II, o pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar
têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.

3. A empresa hoteleira Azul Anil aciona a construtora Obra Executiva para cobrar-lhe
multa rescisória em decorrência de ter enjeitado o imóvel prometido à venda, o qual
serviria de sede da autora, cujo acabamento não correspondia ao anunciado. Além
disso, pede indenização suplementar por perdas e danos extraordinários. As partes
dispensam a produção de provas e pedem o julgamento antecipado. O juiz, então, julga
procedentes, em parte, os pedidos para reduzir, de ofício, a multa rescisória a 10%
daquele valor inicialmente pactuado, tendo em vista o comprovado cumprimento de
90% do programa contratual. De outro lado, afasta o pedido de indenização
suplementar, por ter verificado que a construtora advertiu, a tempo de evitar o
aprofundamento dos danos suportados pelos adquirentes, acerca da mudança do
acabamento.

Nesse caso, o juiz:

(A) não poderia ter reduzido, de ofício, a cláusula penal, sob pena de invadir a autonomia
privada das partes, além de violar o princípio de inércia da jurisdição;

(B) acertou ao reduzir a cláusula penal a 10%, porquanto o Código Civil, assim
interpretado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, determina que a multa
deve ser estritamente proporcional ao percentual da obrigação que fora adimplido;

(C) ao julgar improcedente o pedido de indenização suplementar, aplicou a teoria do


inadimplemento eficiente (efficient breach), consectária ao postulado de boa-fé, que
preconiza a exoneração ou mitigação de responsabilidade daquele que, de maneira
eficiente, evita o agravamento de danos do credor;

(D) deveria ter condenado o réu em juros de mora sobre o valor da multa desde a 12
citação, o que, mesmo somando-se à cláusula penal, não constituiria injusta cumulação
de encargos moratórios (bis in idem);

(E) deveria ter julgado improcedente, também, o pedido de pagamento de multa,


porque a autora não produziu prova de seu efetivo prejuízo, de modo que não pode
haver responsabilidade sem dano ou por dano hipotético no ordenamento brasileiro.

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GABARITO: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

O enunciado356 do CJF aduz que: "Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o
juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício”.
(B) INCORRETA.

De acordo com o STJ, a redução da cláusula penal em razão do pagamento parcial da


dívida – prevista no artigo 413 do Código Civil – é dever do juiz e direito do devedor.
Entretanto, nessa tarefa, o magistrado não deve se ater à simples adequação
matemática entre o grau de inexecução do contrato e o abatimento da penalidade; em
vez disso, na busca de um patamar proporcional e equitativo, é preciso analisar uma
série de fatores para garantir o equilíbrio entre as partes contratantes, como o tempo
de atraso, o montante já quitado e a situação econômica do devedor (REsp 1898738).
(C) INCORRETA.

A Teoria do Inadimplemento Eficiente do Contrato sugere que o contratante, diante de


uma oportunidade mais lucrativa, possa descumprir deliberadamente o pacto já
firmado, honrando com o pagamento da multa contratual prevista.
Cuida-se do dever de mitigar o próprio prejuízo (Duty to mitigate the loss).
(D) CORRETA.

CC/02: "Art. 405: “Contam-se os juros de mora desde a citação inicial” e Art. 389: “Não
cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado”."
(E) INCORRETA.

CC/02: "Art. 416: “Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo”.
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4. Maria realiza contrato de financiamento com o Banco X e apresenta João como seu
fiador, que, na oportunidade, anuiu expressamente. Maria não consegue pagar as
parcelas e, de boafé, convida o Banco X a renegociar. Maria e o Banco X optam por
realizar uma nova obrigação, que extinguiu a anterior, sendo que as novas prestações
são compatíveis com as possibilidades financeiras de Maria.

Quanto à situação do fiador João, é CORRETO afirmar que:

(A) está exonerado, já que há nova obrigação e, quanto a esta, não anuiu;

(B) permanece obrigado como fiador, já que a nova obrigação se trata de novação, que,
segundo a lei, não o exonera;

(C) permanece obrigado como fiador, já que a fiança é o exemplo típico de obrigação
acessória e, como tal, deve seguir a obrigação principal;

(D) permanece obrigado como fiador, já que a segunda negociação é mera continuidade
da primeira, não representando, tecnicamente, nova obrigação;

(E) permanece obrigado como fiador, já que a fiança é garantia pessoal, vinculando-o a
Maria e seu contrato de financiamento com o Banco X, independentemente da
obrigação.

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GABARITO: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

CC/02: “Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com
o devedor principal.”
“Art. 838: “O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: I – se, sem consentimento
seu, o credor conceder moratória ao devedor”.
(B) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa A.

(C) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa A.

(D) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa A.

(E) INCORRETA. 14
Vide comentário da alternativa A.

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5. João, proprietário de terreno no centro da cidade de Pouso Feliz, subutiliza-o, sem


edificar ou parcelar, mantendo-o abandonado, com vegetação aleatória, acúmulo de
água, entre outras situações que deixam claro o não cumprimento do princípio da
função social.

Nesse caso, a melhor conduta a ser tomada é:

(A) o Estado onde está localizado o terreno deverá intimar João a edificar, parcelar ou
utilizar o terreno, sob pena de desapropriação;

(B) o Município onde está localizado o terreno deverá intimar João a edificar, parcelar
ou utilizar o terreno, sob pena de estipulação de alíquotas progressivas de IPTU;

(C) o Município onde está localizado o terreno deverá intimar João a edificar, parcelar
ou utilizar o bem, sob pena de desapropriação; (D) o Estado onde está localizado o
terreno deverá intimar João a edificar, parcelar ou utilizar o bem, sob pena de
estipulação de alíquotas progressivas de IPTU;
(E) o Estado e o Município poderão intimar João a edificar, parcelar ou utilizar o bem,
sob pena de estipulação de alíquotas progressivas de IPTU ou desapropriação, a
depender da gravidade da violação ao princípio da função social.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

(B) CORRETA.

É a alternativa que coaduna com o teor dos arts. 5°, 6° e 7° do Estatuto da Cidade e com
o art. 182, § 4°, da CF/88.
(C) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

(D) INCORRETA.
15
Vide comentário da alternativa B.

(E) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

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6. Após um breve namoro, João e Maria se casaram em 2011, quando ambos já


contavam 71 anos, e elegeram, em pacto antenupcial, a opção pela separação absoluta,
com o objetivo expresso de impedir a comunicação de qualquer patrimônio. Em 2022,
João falece. Maria postula a partilha dos bens.

Nesse caso, se houver impugnação dos descendentes, o juiz deverá reconhecer:

(A) apenas direito à meação, ainda que haja pacto antenupcial com ajuste em sentido
contrário, uma vez que, nos termos do Código Civil, é nula a convenção ou cláusula dela
que contravenha disposição absoluta de lei;

(B) que Maria não é herdeira, por força da separação legal, nem meeira, porque o pacto
antenupcial pode afastar a regra de que, no regime de separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento (súmula 377 do Supremo
Tribunal Federal);
(C) apenas direito à sucessão, porquanto, no caso, prevaleça o regime da separação
convencional, expressamente assinalado pelos envolvidos, em que o cônjuge supérstite
concorre com os descendentes;

(D) que Maria herdará os bens particulares do falecido e, sobre os demais, terá direito à
meação, considerando que a convenção não poderia ter afastado regra cogente própria
do regime de separação legal;

(E) a exclusão, no caso concreto, do direito de habitação sobre o imóvel em que


residiam, tendo em vista a regência da separação legal de bens.

_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

(B) CORRETA.

É o dispositivo que coaduna com o teor dos arts. 1.641 e 1.829, I, CC e com o 16
entendimento do STJ (REsp 1.922.347).
A propósito, no casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação
obrigatória de bens, é possível que os nubentes/companheiros, em exercício da
autonomia privada, estipulando o que melhor lhes aprouver em relação aos bens
futuros, pactuem cláusula mais protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula
n. 377 do STF, impedindo a comunhão dos aquestos.
(C) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

(D) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

(E) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

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7. Maria Clara, recém-empossada como juíza de direito, recebeu para análise uma ação
de divórcio com pedido de partilha de bens de Roque e Elisa, que viveram mais de
cinquenta anos juntos, sob o regime da comunhão universal de bens. Na constância do
casamento, Roque comprou duas casas; Elisa herdou, com cláusula de
incomunicabilidade, uma fazenda de macieiras, que desde que passou à sua
administração, vem tendo alta produção de maçãs, todas colhidas durante o casamento;
e Roque recebeu a doação de três cavalos.
Maria Clara deverá considerar comuns somente os seguintes bens:
(A) as casas e os cavalos;
(B) as casas, as maçãs e os cavalos;
(C) as casas, a fazenda e as maçãs;
(D) a fazenda e as maçãs;
(E) as maçãs e os cavalos.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(B) CORRETA.
17
CC/02:
“Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens
presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo
seguinte.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados
em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de
realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se
estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.”
(C) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(D) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(E) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
_______________________________________________________________________
8. Rosa e Geraldo estavam casados há dez anos, quando Geraldo foi diagnosticado com
uma doença terminal. Por não desejarem que eventuais filhos crescessem órfãos, o casal
procurou os métodos contraceptivos mais eficazes do mercado, no que encontraram
um remédio, produzido em parceria pelos laboratórios XPTO e YZX, que garantia 100%
de infalibilidade. Apesar de toda a publicidade e do uso escorreito da medicação,
acabaram engravidando. Aos oito meses de gestação, a doença de Geraldo chega a
termo e o leva a óbito. Um mês depois, nasce a filha do casal, Bela, o que traz imensa
alegria a Rosa, que vê nisto uma perpetuação do amado. Mesmo assim, depois de muita
hesitação e um dia antes do implemento do prazo prescricional, Rosa, Bela e o espólio
de Geraldo ajuízam demanda indenizatória por danos morais em face de ambos os
laboratórios.
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Nesse caso, é CORRETO afirmar, sob o ponto de vista exclusivamente do Direito Civil,
que:
(A) não seria possível transação com os réus, porque a lide envolve direitos indisponíveis
de menor de idade (Bela), ainda que esteja representada judicialmente por sua mãe;
(B) Rosa não sofreu danos morais, caracterizados juridicamente como o sofrimento ou
a humilhação decorrente de uma violação de direitos da personalidade, já que o
nascimento da filha lhe causou grande alegria;
(C) os danos morais constituem lesão personalíssima e, por isso mesmo, o direito à
indenização não poderia ser transmitido aos herdeiros, ainda mais porque, no caso, Bela
receberia indenização cujo fato gerador seria o próprio nascimento;
(D) se os autores firmarem transação com o laboratório XPTO, eventual quitação
contemplará, também e salvo expressa disposição em contrário, o laboratório YZX,
ainda que este não tenha intervindo no negócio jurídico e nada tenha desembolsado;
(E) reconhecidos danos morais deverão ser arbitrados de acordo com o método bifásico,
sendo certo que, conforme entendimento mais atual do Superior Tribunal de Justiça
para casos congêneres de responsabilidade aquiliana, o juiz deverá ponderar, para
reduzir a indenização, o tempo levado pelos autores em buscar a indenização.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa D.
(B) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa D.
(C) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa D.
(D) CORRETA.
No caso em apreço, os laboratórios são solidariamente responsáveis, nos termos do art.
7°, parágrafo único do CDC).
No mais, a quitação ou extinção da dívida da indenização com um aproveita ao outro,
como dispõe o art. 844, § 3°, CC:
“Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem,
ainda que diga respeito a coisa indivisível.
(...) 19
§ 3° Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos
co-devedores.”.
Cumpre ressaltar, ainda, que o STJ admite indenização por dano moral contra
laboratório por falha de anticoncepcional (RESp 1.452.306). Esse direito à indenização,
inclusive, é transmissível aos herdeiros (art. 943, CC).
(E) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa D.
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9. Marlise comprometera-se a dar um de seus cachorros, apelidado de Totó, para
Rejane. Entretanto, tendo se apegado ao animal, no dia do vencimento ofereceu a
Rejane, em lugar do Totó, uma joia que acabara de herdar de sua falecida tia, o que foi
prontamente aceito pela credora, tendo ocorrido de imediato a transferência da joia.
Todavia, decisão judicial veio a reconhecer a nulidade do testamento da tia, que previa
o legado da joia a Marlise, vindo Rejane então a perder o bem em favor do acervo
hereditário.
Diante disso, Rejane pode exigir de Marlise:
(A) o equivalente pecuniário da joia somente;
(B) o equivalente pecuniário da joia mais eventuais perdas e danos;
(C) o Totó somente;
(D) o Totó mais eventuais perdas e danos;
(E) perdas e danos somente.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO.

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa C.
(B) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa C.
(C) INCORRETA. 20
Os arts. 356 a 359 do CC/2002 tratam da dação em pagamento (datio in solutum), que
pode ser conceituada como uma forma de pagamento indireto em que há um acordo
privado entre os sujeitos da relação obrigacional, pactuando-se a substituição do objeto
obrigacional por outro. Para tanto, é necessário o consentimento expresso do credor, o
que caracteriza o instituto como um negócio jurídico bilateral.).
Se o credor for evicto da coisa recebida, a obrigação primitiva será restabelecida, ficando
sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé (art. 359 do
CC):
“Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a
obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros”.
Assim, Rejane só poderá exigir o Totó, uma vez que restabelecer-se-á a obrigação
primitiva.
Neste particular, não obstante a banca dar como certa a alternativa D, a alternativa C
está correta. É preciso destacar, também, que a evicção, em regra, se aplica a contratos
onerosos (art. 447, CC). A questão trata de contrato gratuito (doação). Logo, nos parece
ser um ponto a ser questionado em eventual recurso.
(D) CORRETA.
Vide comentário da alternativa C.
(E) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa C.
______________________________________________________________________
10. Entre seus três filhos, Amália sempre demonstrou certa predileção por Vitor.
Recentemente, seus outros filhos ficaram indignados quando ela deu um imóvel de
presente a Vitor sem consultá-los, pois, embora ela tenha em seu patrimônio outros
imóveis de maior valor, eles temem potencial prejuízo à parte deles na herança.
A doação feita por Amália a Vitor sem concordância dos demais herdeiros é:
(A) inexistente;
(B) nula;
(C) anulável;
(D) ineficaz;
(E) válida.
_______________________________________________________________________ 21
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(B) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(C) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(D) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(E) CORRETA.
Cumpre ressaltar que doação a descendente é válida, não precisando de consentimento
dos demais. Ocorre, porém, que será preciso colacionar, salvo disposição contrária com
respeito à legítima calculada ao tempo da doação (arts. 544 e 2.002 e ss do CC).
Pela importância destacamos:
“Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herança.”
Sublinhe-se que o conceito de colação ou conferência pode ser retirado do art. 2.002 do
CC, segundo o qual: “os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente
comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele
em vida receberam, sob pena de sonegação”.
Ressalte-se, ainda, o teor do art. 2.003: “A colação tem por fim igualar, na proporção
estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente,
obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não
possuírem os bens doados. Parágrafo único. Se, computados os valores das doações
feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar
as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em
espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da
liberalidade.” e por último, o do art. 1.847 (“Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o
valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do
funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.”).
_______________________________________________________________________
11. Asdrúbal é síndico do condomínio do edifício Epitáfio. Recentemente, foi constatada 22
a necessidade urgente de substituição da rede elétrica que passa por cima da garagem,
por conta de risco de incêndio. Entretanto, o custo da obra é bastante significativo,
especialmente tendo em vista a quantidade de condôminos e suas condições
financeiras.
Diante disso, Asdrúbal:
(A) deve iniciar a realização das obras, dispensada consulta à assembleia;
(B) deve iniciar a realização das obras, mas deve convocar imediatamente a assembleia
para dar ciência delas;
(C) depende de aprovação das obras pela maioria dos condôminos na assembleia;
(D) depende de aprovação das obras por dois terços dos condôminos na assembleia;
(E) depende de aprovação das obras pela unanimidade dos condôminos na assembleia.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(B) CORRETA.
CC/02 - Art. 1.341, § 2°: “Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e
importarem em despesas excessivas, determinada sua realização, o síndico ou o
condômino que tomou a iniciativa delas dará ciência à assembléia, que deverá ser
convocada imediatamente”.
(C) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(D) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
(E) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa B.
_______________________________________________________________________
12. Lauro comprou um carro usado de seu vizinho para Marcos, seu filho que acabara
de completar 18 anos. Ficou satisfeito com o modelo que escolheu, pois além de ser um
carro versátil para um jovem, viu que possuía um rastreador, que pensou ser relevante
para questões de segurança. Celebrado o negócio jurídico, Lauro ficou surpreso quando 23
o carro foi entregue sem o rastreador e, ao questionar o vendedor, ele o informou que
a aquisição desse item não foi convencionada.
O vendedor não estava obrigado a entregar o rastreador, porque ele é considerado:
(A) bem imóvel por acessão intelectual;
(B) produto;
(C) benfeitoria;
(D) pertença;
(E) bem móvel para efeitos legais.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Conforme comentário da alternativa D. No mais, não se trata de bem imóvel.
(B) INCORRETA.
Conforme comentário da alternativa D. Além disso, nos termos do art. 3° do CDC: “§ 1°
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.
(C) INCORRETA.
Conforme comentário da alternativa D.
(D) CORRETA.
Cumpre salientar que pertenças são bens que - a despeito da específica destinação
acessória, na medida em que atendem a finalidade econômico-social da coisa principal
- são facilmente destacáveis do bem principal, sem prejuízo de sua essência, de sua
finalidade ou de seu valor econômico (substancialmente considerado). A partir de tais
características, é de se concluir que o equipamento de monitoramento (rastreador) do
carro comprado por Lauro é uma pertença.
Trata-se, indiscutivelmente, de "coisa ajudante" que atende ao uso do bem principal.
Desse modo, sua retirada do veículo não altera a natureza do bem principal, em nada
prejudicando sua função finalística, tampouco refletindo uma depreciação econômica
de tal monta que torne inviável, sob tal aspecto, a separação. Logo, o vendedor não
estava obrigado a entregar o rastreador.
Nesse sentindo, destacamos o REsp 1.667.227-RS do STJ, bem como o teor dos seguintes
dispositivos do CC/02: 24
“Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.”
(E) INCORRETA.
Conforme comentário da alternativa D.
_______________________________________________________________________
13. Maria, após consumir álcool, assume a direção de seu carro e causa acidente de
trânsito, vitimando João que, seguindo todas as regras de trânsito, voltava de seu
plantão. No acidente, João bate a cabeça, sofre grave traumatismo e permanece, a partir
do evento, em estado comatoso por seis anos. Felizmente, após tal prazo, João se
recupera e decide ajuizar demanda de reparação civil em face de Maria.
Com base nos fatos narrados e no Código Civil/2002, é CORRETO afirmar que a
pretensão de João:
(A) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os dois anos previstos para
exercício de seu direito;
(B) não pode estar prescrita, já que não corre prescrição contra os absolutamente
incapazes, abarcados aqueles que, por causa transitória, não puderem exprimir
vontade;
(C) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os cinco anos previstos para
exercício de seu direito;
(D) não pode estar prescrita, já que o prazo previsto para exercício de seu direito é o
prazo geral do Código Civil, qual seja, prazo de dez anos;
(E) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os três anos previstos para o
exercício de seu direito.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(B) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
25
(C) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(D) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa E.
(E) CORRETA.
De acordo com o art. 206, § 3° do CC/02: “Art. 206. Prescreve: (...) § 3° Em três anos: (...)
V - a pretensão de reparação civil; (...)”.
Neste particular, importante ressaltar que quem está em estado comatoso é
relativamente incapaz (art. 4°, CC/02).
Por conseguinte, a pretensão de João está fulminada pela prescrição, já que
ultrapassado os três anos previstos para o exercício do seu direito.
_______________________________________________________________________
14. Jurema deixou consignada uma estatueta sua em uma loja de antiguidades, a
Salomão Ltda. Os representantes da loja incumbiram-se de buscar vendê-la, obrigando-
se a pagar a Jurema o preço ajustado ou devolver a estatueta ao final de um mês.
Sobre o caso, é CORRETO afirmar que:
(A) durante a vigência do contrato, Jurema não perde a possibilidade de vender ela
própria a estatueta;
(B) a Salomão Ltda. ficará exonerada de sua obrigação se a estatueta perecer por fato
não imputável à loja de antiguidades;
(C) eventuais credores da Salomão Ltda. podem vir a penhorar a estatueta antes do
término do contrato;
(D) a escolha entre o pagamento do preço ou a devolução da estatueta é direito da
Salomão Ltda.;
(E) a entrega da estatueta para a venda implica transferência de sua propriedade à loja
Salomão Ltda.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
CC/02: “Art. 537: “O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou
de lhe ser comunicada a restituição.”. 26
(B) INCORRETA.
CC/02: “Art. 535: “O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a
restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele
não imputável.”.
(C) INCORRETA.
CC/02: “Art. 536: “A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos
credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço”.
(D) CORRETA.
CC/02: “Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo
se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada”.
“Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.”
(E) INCORRETA.
Vide comentário da alternativa D.
_______________________________________________________________________
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

15. Contra acórdão de apelação cível, a parte interessada interpôs recurso especial ao
Superior Tribunal de Justiça, apontando a violação a dispositivos infraconstitucionais,
bem como suscitando dissídio jurisprudencial.
Sobre o processamento do recurso especial, é CORRETO afirmar que:
(A) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local deverá realizar o juízo de
admissibilidade e, se negativo, caberá agravo interno ao Superior Tribunal de Justiça, no
qual deverá ser demonstrada a relevância da matéria impugnada e do dissídio
jurisprudencial apontado;
(B) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local deverá selecionar o recurso como
representativo de controvérsia, observando que o recurso selecionado deve ser
admissível e conter abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser
decidida;
(C) o pedido de efeito suspensivo ao recurso especial deve ser formulado ao Superior
Tribunal de Justiça, no período compreendido entre a interposição do recurso e a
publicação da decisão de admissão do recurso, ficando o relator designado para seu
exame prevento para julgá-lo;
(D) se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa 27
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo para que o recorrente demonstre
a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional,
devendo o Supremo Tribunal Federal julgar o recurso, sem devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça;
(E) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local poderá negar seguimento ao
recurso especial se o acórdão recorrido estiver em conformidade com o entendimento
do Superior Tribunal de Justiça, exarado no regime de julgamento de recurso repetitivo.
Contra essa decisão caberá agravo em recurso especial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta nos termos do disposto no §2º do art. 1.030 do


CPC/2015, que prevê que em face da decisão do presidente ou o vice-presidente do
Tribunal que negou seguimento ao recurso especial fundado em uma das hipóteses do
inciso I e III, cabe agravo interno para o próprio tribunal, nos termos do art. 1.021 do
CPC/2015.
(B) CORRETA.
A alternativa encontra-se correta, nos termos do disposto nos §§1º e 6º do art. 1.036 do
CPC/2015, que dispõe que o presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou
de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da
controvérsia, que somente podem ser selecionados se for admissível e contenham
abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.
Art. 1.036, § 1º, CPC/2015 - O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou
de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da
controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior
Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos
os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região,
conforme o caso.
Art. 1.036, § 6º, CPC/2015 Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que
contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.
(C) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que, conforme disposto no inciso III do art.
1.029, §5º, do CPC/2015, o pedido de efeito suspensivo ao recurso especial será dirigido
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido
entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso. 28
Art. 1.029, §5º, III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no
período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos
do art. 1.037.

(D) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, pois nos termos do parágrafo único do art. 1.032 do
CPC/2015 o Supremo Tribunal Federal, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo
ao Superior Tribunal de Justiça.
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial
versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que
o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a
questão constitucional.
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o
recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-
lo ao Superior Tribunal de Justiça.
(E) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta nos termos do disposto no §2º do art. 1.030 do


CPC/2015, que prevê que em face da decisão do presidente ou o vice-presidente do
Tribunal que negou seguimento ao recurso especial fundado em uma das hipóteses do
inciso I, cabe agravo interno para o próprio tribunal, nos termos do art. 1.021 do
CPC/2015

_______________________________________________________________________
16. Sobre a produção de provas, é CORRETO afirmar que:
(A) o juiz não poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, ainda
que observe o contraditório;
(B) é vedada em qualquer hipótese a distribuição diversa do ônus da prova por negócio
jurídico processual firmado antes do litígio;
(C) a confissão extrajudicial feita oralmente representa meio de prova hígido contra o
confitente, inclusive nos casos em que a lei exija prova literal;
(D) não dependem de prova os fatos notórios, afirmados por uma parte e confessados
pela parte contrária e aqueles envolvendo regras de experiência comum e de
experiência técnica;
(E) os atos concertados entre os juízes cooperantes podem consistir no estabelecimento
de procedimento para a obtenção e a apresentação de provas, inclusive a coleta de
depoimentos.
_______________________________________________________________________ 29
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o art. 372 do CPC/2015 admite
a prova emprestada.

(B) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, nos termos do disposto nos §§3º e 4º do art. 373 do
CPC/2015, que prevê a possibilidade de distribuição diversa do ônus da prova por
convenção das partes, inclusive antes do processo.
Art. 373, § 3º, CPC/2015 - A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer
por convenção das partes, salvo quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;


II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
(C) INCORRETA.
Art. 394 CPC/2015 - A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia
nos casos em que a lei não exija prova literal.

(D) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista o disposto no art. 375 do CPC/2015


que dispõe que quanto experiência técnica será ressalvado a prova pericial.

Art. 374 CPC/2015 - Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

Art. 375 CPC/2015 - O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela
observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica,
ressalvado, quanto a estas, o exame pericial.

(E) CORRETA.

A alternativa encontra-se correta nos termos do disposto no §2º, inciso II, do art. 69 do
CPC/2015, que prevê que os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão
consistir, além de outros, no estabelecimento de procedimento para a obtenção e
apresentação de provas e a coleta de depoimentos.

_______________________________________________________________________
30
17. Em uma cidade do Estado de Pernambuco, a concessão do serviço de transporte se
tornou deficitária e desequilibrada no último biênio do contrato, instaurando uma
situação de conflito entre as concessionárias, o poder público e os usuários, que
passaram a ficar desatendidos. Diante de uma situação dessa natureza, as partes
interessadas consideram que o meio mais adequado para a solução desse conflito não
seria a judicialização.
Quanto a essa situação hipotética, é CORRETO afirmar que:
(A) a pessoa jurídica de direito público não poderá participar de mediações extrajudiciais
fora do âmbito dos tribunais, pois o interesse público é indisponível e não pode ser
objeto de transação;
(B) a submissão do conflito à mediação extrajudicial demanda a resolução integral da
questão, não podendo as partes fracionar o conflito;
(C) a instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual de
conflito no âmbito da administração pública não suspende a prescrição;
(D) conflitos que versem sobre o equilíbrio econômico-financeiro de contratos
celebrados pela administração com particulares podem ser objeto de mediação perante
as câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos;
(E) eventual acordo firmado entre a administração pública e o particular no âmbito das
câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, ainda que envolva
direitos disponíveis, demanda homologação judicial para ter força de título executivo
extrajudicial, por envolver o interesse público.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que a Lei nº 13.140/2015 em seu capítulo
II trata justamente da autocomposição dos conflitos envolvendo pessoas jurídicas de
direito público.
(B) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o art. 3º, §1º da Lei nº
13.140/2015 prevê que a mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele.
(C) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, visto que o art. Art. 34 da Lei nº 13.140/2015 31


estabelece que a instauração de procedimento administrativo para a resolução
consensual de conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição.

(D) CORRETA.

A alternativa encontra-se correta, visto que o §5º da Lei nº 13.140/2015 dispõe que se
compreendem na competência das câmaras de prevenção e a resolução de conflitos os
que envolvam equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela
administração com particulares.

(E) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que, nos termos do disposto no §3º
do art. 33 da Lei nº 13.140/2015, se houver consenso entre as partes, o acordo será
reduzido a termo e constituirá título executivo extrajudicial, independentemente de
homologação judicial.

_______________________________________________________________________
18. O Código de Processo Civil/2015 autoriza expressamente o juiz, em casos específicos,
a conceder benefícios às partes para estimular determinada conduta ou
comportamento positivo.
Sobre as “sanções premiais”, é CORRETO afirmar que:
(A) em ação de dissolução parcial de sociedade, havendo manifestação expressa e
unânime pela concordância da dissolução, não haverá condenação em honorários
advocatícios de nenhuma das partes, e as custas serão rateadas segundo a participação
das partes no capital social;
(B) na ação monitória, se o réu reconhecer a dívida e não oferecer embargos monitórios,
terá o direito de parcelar todo o débito em até seis parcelas mensais, acrescidas de
correção monetária e de juros de 1% ao mês, independentemente da concordância do
autor da demanda;
(C) na ação monitória, se o réu reconhecer a dívida e cumprir a obrigação de fazer ou
não fazer no prazo de quinze dias, deverá pagar honorários advocatícios de 5% do valor
atribuído à causa e arcará apenas com a metade das custas processuais;
(D) havendo julgamento de recurso especial ou extraordinário repetitivo sobre a matéria
objeto da lide, o autor tem o direito de desistir da ação antes da prolação da sentença,
independentemente do consentimento do réu, ainda que tenha sido oferecida
contestação, com a redução de honorários sucumbenciais pela metade;
(E) em ação envolvendo a fazenda pública, se esta deixar de oferecer impugnação ao
cumprimento de sentença que enseje a expedição de precatório, não haverá a
incidência de honorários sucumbenciais relativos à fase de cumprimento de sentença e
ficará isenta do reembolso de custas processuais.
_______________________________________________________________________
32
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

A alternativa encontra-se correta, tendo em vista o disposto nos 603, §1º, do CPC/2015
que prevê que havendo manifestação expressa e unânime pela concordância da
dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de liquidação e que,
nesta hipótese, não haverá condenação em honorários advocatícios de nenhuma das
partes, e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social.

(B) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, pois não é necessário o prévio consentimento da


parte contrária para a interposição do recurso adesivo, conforme disposto no §1º do
art. 997 do CPC/2015.

(C) INCORRETA.
A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que na ação monitória, se o réu
reconhecer a dívida e cumprir a obrigação de fazer ou não fazer no prazo de quinze dias,
este será isento de custas, nos termos do §1º do art. 701 do CPC/2015.

(D) INCORRETA.

Conforme disposto no §2º do art. 1.040 do CPC/2015, se a desistência ocorrer antes de


oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários
de sucumbência. Portanto, não há a previsão de redução, apenas de isenção se for
oferecida a desistência antes da contestação.

(E) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que nos termos do §7º do art. 85 do
CPC/2015 não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
Contudo, a Fazenda Pública não está isenta do recolhimento de custas.
_______________________________________________________________________
19. Em uma ação envolvendo direitos disponíveis, antes da decisão de organização e
saneamento, as partes firmaram negócio jurídico processual, por meio do qual
escolheram consensualmente o perito e estabeleceram que nenhuma das partes
indicaria assistente técnico. 33
Diante dessa situação jurídica, é CORRETO afirmar que:
(A) para a validade do referido negócio jurídico, este deve ser previamente homologado
pelo juiz;
(B) o juiz deverá aceitar o perito escolhido consensualmente pelas partes, mas não
poderá autorizar a dispensa de assistentes técnicos, por força de previsão legal;
(C) para o referido negócio jurídico processual produzir efeitos, o juiz deve figurar como
parte, por se tratar de disposição diretamente ligada à atividade jurisdicional;
(D) diante da autonomia da vontade das partes, o juiz não poderá recusar o referido
negócio jurídico processual, ainda que uma das partes se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade;
(E) as partes podem convencionar sobre seus poderes por meio de negócio jurídico
processual, o que lhes autoriza a indicar consensualmente o perito e a dispensar a
indicação de assistente técnico.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.

A maior parte da doutrina (Didier e Daniel Amorim, por exemplo) vem entendendo que
o NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL NÃO DEPENDE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL,
produzindo efeitos imediatamente, nos termos do artigo 200 do NCPC (“Os atos das
partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação
judicial”.). O juiz pode controlar a validade da convenção, conforme o exposto no
Parágrafo único do artigo 190, mas não é condição de eficácia do negócio. Neste sentido,
vide o enunciado 133 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, segundo o qual
“salvo nos casos expressamente previstos em lei, os negócios processuais do art. 190
não dependem de homologação judicial”.

(B) INCORRETA.

Conforme dispõe o art. 471 do CPC/2015, as partes podem de comum acordo, escolher
o perito, indicando os assistentes técnicos. Contudo, não há vedação legal que impeça
acordo entre as partes de dispensa dos assistentes técnicos, não cabendo ao juiz,
portanto, não autorizar a dispensa do assistente técnico conforme acordo realizado
pelas partes.
(C) INCORRETA. 34
Conforme previsto no art. 190 do CPC/2015, o juiz não participará dos negócios jurídicos
processuais como parte, cabendo a este controlar a validade da convenção processual.
(D) INCORRETA.

Conforme disposto no parágrafo único do art. 190 do CPC/2015, o juiz controlará a


validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma
parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

(E) CORRETA.

O CPC/2015, em seu art. 190, trouxe um regramento específico sobre o chamado


“NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL”, no qual as partes podem estipular mudanças no
procedimento, desde que sejam plenamente capazes, estejam de comum acordo e o
direito em disputa admita autocomposição, isto é, que não se trate de direitos
indisponíveis, trazendo hipóteses específicas de firmação de acordo entre as partes
como ocorre no caso de nomeação de perito pelas partes, nos termos do art. 471 do
CPC/2015.

_______________________________________________________________________
20. A escola Aprender Sorrindo Ltda. firmou contrato de prestação de serviços de
limpeza com a empresa Limpinho Limpeza Ltda. O aludido contrato possuía cláusula
autorizando a rescisão contratual por qualquer das partes, mediante notificação prévia,
devendo a parte que pretende rescindir efetuar o pagamento da cláusula penal, de
acordo com determinada métrica de cálculo. Após o envio da notificação de rescisão por
parte da escola Aprender Sorrindo Ltda., a empresa Limpinho Limpeza Ltda. se recusou
a aceitar o pagamento da cláusula penal, por entender que a escola não observou a
métrica contratual.
Diante dessa situação jurídica, é CORRETO afirmar que:
(A) por se tratar de obrigação pecuniária, a escola Aprender Sorrindo Ltda. poderá se
valer da consignação extrajudicial em estabelecimento bancário. Nessa hipótese, a
empresa Limpinho Limpeza Ltda. poderá apresentar recusa por escrito, que deverá ser
direcionada à escola, inaugurando o prazo de quinze dias para o ajuizamento da ação de
consignação em pagamento, devendo a inicial ser instruída com a prova da recusa;
(B) se a escola Aprender Sorrindo Ltda. optar por ajuizar ação consignatória em face da
empresa Limpinho Limpeza Ltda., deverá depositar o valor da cláusula penal em juízo,
no prazo de cinco dias, contado a partir da distribuição da ação, sob pena de extinção
da ação sem resolução de mérito;
(C) em caso de ajuizamento de ação consignatória, se a empresa Limpinho Limpeza Ltda.
alegar em sua defesa que o depósito não é integral, no prazo de réplica de quinze dias, 35
a escola Aprender Sorrindo Ltda. terá a oportunidade de complementar o depósito,
além de se manifestar sobre os documentos que instruíram a defesa;
(D) caso a escola Aprender Sorrindo Ltda. ajuíze ação consignatória, que venha a ser
julgada procedente, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao
pagamento de custas e de metade dos honorários advocatícios, caso não tenha
contestado o depósito;
(E) caso a escola Aprender Sorrindo Ltda. ajuíze ação consignatória, que venha a ser
julgada improcedente, a empresa Limpinho Limpeza Ltda. poderá executar a diferença
nos próprios autos, ainda que seja necessária a liquidação do valor devido.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Art. 539, § 1º, CPC/2015 - Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser
depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do
pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o
prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
(B) INCORRETA.

Art. 542 CPC/2015 - Na petição inicial, o autor requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias


contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ;
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto
sem resolução do mérito.
(C) INCORRETA.

Art. 545 do CPC/2015 - Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-


lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a
rescisão do contrato.

(D) INCORRETA.

A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o art. 546 do CPC/2015 não
prever a possibilidade de condenação pela metade dos honorários advocatícios. foi
comprovado durante o processo que o réu não possui responsabilidade pelo acidente
de trânsito ocasionado e sim o terceiro, devendo, portanto, o juiz julgar improcedente
o pedido do autor proferindo sentença com resolução do mérito, nos termos do art.
487, inciso I, do CPC/2015.
36
(E) CORRETA.

A alternativa encontra-se correta, visto que o § 2º do art. 545 do CPC/2015 dispõe que
sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível,
o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o
cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

_______________________________________________________________________
21. Antônio intentou ação em face de Bruno, pleiteando a sua condenação ao
pagamento de verba da qual afirmava ser credor. Regularmente citado, o réu
apresentou contestação na qual, admitindo a existência do débito, ainda que em valor
inferior àquele afirmado na petição inicial, assim como o seu não pagamento na data do
vencimento, alegou que estava apenas aguardando o levantamento de uma
determinada importância em outro feito, no qual figurava como autor, a fim de que
pudesse satisfazer o débito que reputava existente.
Logo depois de ofertada a peça de réplica, Bruno protocolizou petição em que afirmava
ter satisfeito a integralidade do crédito reclamado por Antônio, fato que foi por este
confirmado. Nesse cenário, deve o juiz da causa:
(A) extinguir o feito sem resolução do mérito, imputando ao réu a responsabilidade pelo
pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais;
(B) extinguir o feito sem resolução do mérito, imputando ao autor a responsabilidade
pelo pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais;
(C) julgar improcedente o pedido, imputando ao autor a responsabilidade pelo
pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais;
(D) julgar procedente o pedido, imputando ao réu a responsabilidade pelo pagamento
dos honorários advocatícios sucumbenciais;
(E) julgar procedente o pedido, imputando ao autor a responsabilidade pelo pagamento
dos honorários advocatícios sucumbenciais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

No caso narrado na questão não há interesse de agir na continuidade da demanda,


tendo em vista que o requerido arcou com o pagamento da quantia devida, devendo ser
extinto o processo por sentença sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inciso
VI, do CPC/2015. Em razão do princípio da causalidade que rege a condenação
honorários advocatícios sucumbenciais, o requerido deverá arcar com a sucumbência,
tendo em vista que a parte autora teve que acionar o Poder Judiciário para obter êxito 37
no seu direito ao pagamento do valor devido.
_______________________________________________________________________
22. O credor de determinada obrigação contratual ajuizou ação em que pleiteava a
condenação do devedor a cumpri-la. Proferido o juízo positivo de admissibilidade da
demanda e ofertada a contestação, o juiz da causa julgou antecipadamente o mérito,
acolhendo o pedido de cobrança. Inconformado, o réu interpôs recurso de apelação,
subindo os autos ao órgão ad quem após o oferecimento das contrarrazões recursais
pela parte autora.
Distribuído o feito a um órgão fracionário do tribunal, veio aos autos a notícia,
devidamente comprovada por documentos, de que o réu fora acometido de doença que
lhe comprometia a capacidade civil, já tendo, inclusive, sido interditado. Todavia, não
foi anexado aos autos instrumento de mandato assinado pelo curador da parte ré.
Nesse contexto, deverá o relator do procedimento recursal:
(A) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que o juiz assine prazo
razoável para que o réu sane o vício de sua representação, sob pena de inadmissão de
seu apelo pelo órgão a quo;
(B) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que o juiz assine prazo
razoável para que o réu sane o vício de sua representação, sob pena de extinção do feito
sem resolução do mérito pelo órgão a quo;
(C) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que o juiz assine prazo
razoável para que o réu sane o vício de sua representação, sob pena de decretação de
sua revelia pelo órgão a quo;
(D) assinar prazo razoável para que o réu sane o vício de sua representação, sob pena
de não conhecimento de seu recurso de apelação;
(E) assinar prazo razoável para que o réu sane o vício de sua representação, sob pena de
desentranhamento de suas razões de apelação, sem prejuízo do reexame necessário da
sentença.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Art. 76 CPC/2015 - Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para
que seja sanado o vício.
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal
regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
38
_______________________________________________________________________
23. Encerrada a fase instrutória de determinado processo, o juiz da causa condenou a
pessoa jurídica demandada a pagar ao autor, menor absolutamente incapaz, verba
indenizatória no montante de trezentos mil reais.
Após o advento do trânsito em julgado, instaurou-se a fase de cumprimento de
sentença, ocasião em que se apurou a inexistência de bens em nome da empresa
executada, conquanto os seus sócios fossem proprietários de valiosos imóveis, segundo
as certidões de ônus reais carreadas aos autos.
Na sequência, o órgão do Ministério Público que intervinha no feito formulou
requerimento de instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica
da ré, de modo a viabilizar a ulterior incidência de atos constritivos sobre os bens dos
sócios.
Após a vinda da manifestação dos interessados, o juiz da causa, embora reconhecendo
estarem cumpridos os pressupostos legais específicos para a desconsideração da
personalidade jurídica, como de fato estavam, indeferiu o pleito do Ministério Público,
por entender que lhe faltava legitimidade para formulá-lo, a par da impossibilidade de
instauração do incidente na fase de cumprimento de sentença.
Intimado da decisão, o órgão ministerial interpôs agravo de instrumento, pleiteando a
reforma da decisão de primeira instância, para o fim de se deferir o seu requerimento
de deconsideração da personalidade jurídica da empresa demandada.
Nesse quadro, o recurso que se interpôs:
(A) deverá ser conhecido e provido;
(B) não deverá ser conhecido, por falta de adequação;
(C) deverá ser conhecido, porém desprovido, já que, apesar da legitimidade do
Ministério Público para requerer a instauração do incidente, este não tem lugar na fase
de cumprimento de sentença;
(D) deverá ser conhecido, porém desprovido, já que, apesar da possibilidade de
instauração do incidente na fase de cumprimento de sentença, não pode ela ser
requerida pelo Ministério Público;
(E) deverá ser conhecido, porém desprovido, tanto pela impossibilidade da instauração
do incidente na fase de cumprimento de sentença, quanto pela falta de legitimidade do
Ministério Público para requerê-la.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS
39

Conforme disposto no art. 133 do CPC/2015, o incidente de desconsideração da


personalidade jurídica poderá ser instaurado a pedido do Ministério Público, quando
lhe couber intervir no processo. Como a causa envolve interesse de incapaz, o
Ministério Público possui competência para instaurar o incidente, nos termos do art.
178, inciso II, do CPC/2015. Portanto, o recurso de agravo de instrumento deve ser
provido e conhecido.

_______________________________________________________________________
24. No tocante à indisponibilidade de bens da parte ré, com o escopo de garantir a
integral recomposição do erário desfalcado em razão do cometimento de ato de
improbidade administrativa, é CORRETO afirmar que:
(A) consiste numa tutela provisória antecipada, revestindo-se de natureza satisfativa;
(B) a decisão que a defere é impugnável pelo recurso de agravo de instrumento, não o
sendo, porém, a decisão que a indefere;
(C) o juiz, ao tomar contato com a petição inicial, poderá deferir a medida sem a prévia
oitiva da parte ré;
(D) não pode ter por objeto bem de família do réu, ainda que o imóvel seja fruto de
vantagem patrimonial indevida;
(E) é vedado ao réu requerer a sua substituição por caução, tampouco por fiança
bancária ou seguro-garantia judicial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

A indisponibilidade de bens prevista no art. 16 da Lei nº 8249/92 trata-se de tutela de


urgência cautelar e não antecipada, pois visa garantir o resultado útil do processo. Art.
16, § 3º, Lei 8429/92 - O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere
o caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração no caso concreto
de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que o
juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com
fundamento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco)
dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

(B) INCORRETA.
40
Art. 16, § 9º, Lei 8429/92 - Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à
indisponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos da Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)

(C) CORRETA.

Art. 16, § 4º, Lei 8429/92 - A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva
prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a
efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomendem a proteção
liminar, não podendo a urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)

(D) INCORRETA.

Art. 16, § 14, Lei 8429/92 - É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família
do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial
indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)

(E) INCORRETA.
Art. 16, §6º, Lei 8429/92 - O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano
indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por caução idônea, por fiança
bancária ou por seguro-garantia judicial, a requerimento do réu, bem como a sua
readequação durante a instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
_______________________________________________________________________
25. No que concerne à denunciação da lide, é CORRETO afirmar que:
(A) é cabível em processos de conhecimento, de execução e cautelares, tocando ao
interessado formulá-la, sob pena de perda do direito de regresso;
(B) se o denunciante for sucumbente na demanda original, a litisdenunciação não terá
o seu mérito apreciado pelo juiz, diante da perda de seu objeto;
(C) sendo julgados procedentes os pedidos da ação original e da litisdenunciação,
poderá o autor requerer o cumprimento da sentença em desfavor do réu e, também, do
denunciado;
(D) é modalidade provocada de intervenção de terceiros, cabendo apenas à parte ré da
ação original formulá-la, não havendo interesse jurídico para a parte autora em fazê-lo;
(E) é admissível a formulação de litisdenunciações sucessivas, de modo a viabilizar a
composição de diversas lides no mesmo feito, desde que isso não comprometa a sua
duração razoável.
41
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Conforme disposto no §1º do 125 do CPC/2015, a parte não perde o direito de regresso
se não interpuser a denunciação da lide. Portanto, com o novo CPC é um direito da parte
exercer o seu direito de regresso mediante a interposição de denunciação da lide ou por
meio de ação autônoma.

(B) INCORRETA.

Art. 128, II, CPC/2015 - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de
prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer,
restringindo sua atuação à ação regressiva;

(C) CORRETA.

Art. 128, Parágrafo único, CPC/2015 - Procedente o pedido da ação principal, pode o
autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o
denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
(D) INCORRETA.

Art. 125 CPC/2015 - É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das
partes:

(E) INCORRETA.

Art. 125, § 2º, CPC/2015 - Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo
denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja
responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova
denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação
autônoma.

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26. Credor de determinada obrigação contratual, no dia 09 de maio de 2022, distribuiu
a uma vara cível de determinada comarca a petição inicial de ação em que pleiteou a
declaração da existência do vínculo jurídico obrigacional.
Três dias depois, foi distribuída pelo mesmo credor, noutra vara cível da mesma
comarca, a inicial de uma segunda demanda, já então para se pedir a condenação do
devedor ao pagamento da mesma obrigação.
No processo distribuído em primeiro lugar, o despacho liminar positivo foi proferido em
23 de maio de 2022, e, no segundo, o provimento de igual natureza veio a lume em 16 42
de maio de 2022. Nesse contexto, é CORRETO afirmar que:
(A) o feito distribuído em segundo lugar deverá ser extinto, sem resolução do mérito,
em razão da litispendência;
(B) o feito distribuído em primeiro lugar deverá ser extinto, sem resolução do mérito,
em razão da falta de interesse de agir;
(C) os feitos devem ser reunidos para julgamento conjunto no juízo em que houver
ocorrido a primeira distribuição;
(D) os feitos devem ser reunidos para julgamento conjunto no juízo que tiver proferido
o primeiro provimento liminar positivo;
(E) os feitos não devem ser reunidos, embora se deva suspender a tramitação daquele
distribuído em segundo lugar.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.

Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde
serão decididas simultaneamente.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

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27. Em uma ação judicial, o juiz proferiu sentença julgando extinto o feito, sem resolução
de mérito, acolhendo a preliminar de ilegitimidade ativa deduzida em contestação.
Contra a sentença, o autor interpôs o recurso de apelação cível, requerendo que o juiz
exercesse o juízo de retratação.
Sobre o juízo de retratação, é CORRETO afirmar que:
(A) não é cabível em caso de extinção sem resolução de mérito, aplicando-se apenas em
caso de improcedência liminar do pedido;
(B) por se tratar de hipótese de indeferimento da petição inicial, é facultado ao juiz
exercer o juízo de retratação no prazo de cinco dias;
(C) após a vigência do Código de Processo Civil/2015, o juiz não tem mais a possibilidade
de exercer juízo de retratação, devendo apenas remeter os autos ao tribunal;
43
(D) deverá ser realizado pelo juiz após a apresentação de contrarrazões de apelação pelo
réu, na qual o demandado poderá impugnar tal pedido;
(E) depende do oferecimento de caução referente aos ônus sucumbenciais.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Art. 485, § 7º, CPC/2015 - Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam
os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

(B) CORRETA.

Art. 330 CPC/2015 - A petição inicial será indeferida quando: II - a parte for
manifestamente ilegítima;

(C) INCORRETA.

Art. 331 CPC/2015 - Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz,
no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
(D) INCORRETA.

Art. 331, §1º, CPC/2015 - Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para
responder ao recurso.

(E) INCORRETA.

O juízo de retratação não está condicionado a apresentação de caução.

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28. Diante da existência de questão repetitiva envolvendo direito processual no âmbito
do TJPE, a uniformização do entendimento sobre a matéria, resguardando a isonomia
entre os jurisdicionados e a segurança jurídica, é CORRETO afirmar que:
(A) se o processo estiver tramitando em 2ª instância, o relator poderá instaurar o
incidente de resolução de demandas repetitivas, desde que intime as partes para se
manifestarem sobre a questão de direito processual controvertida e, em seguida,
submeta a admissão do incidente para deliberação pelo colegiado de sua câmara/turma;
(B) se o tema também for objeto de divergência em múltiplos processos no âmbito de
outros tribunais e o processo já tiver sido julgado em 2ª instância, qualquer dos
legitimados poderá instaurar incidente de resolução de demandas repetitivas
diretamente no Superior Tribunal de Justiça, a fim de que seja firmado entendimento
com abrangência nacional; 44
(C) ainda que o processo não envolva partes hipossuficientes, a Defensoria Pública,
observando a repetição da questão processual e o risco à isonomia e à segurança
jurídica, poderá, desde que autorizada judicialmente, ingressar em nome próprio na
demanda e requerer a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas
por ofício, ficando a critério do relator a seleção dos processos que contenham
abrangente argumentação;
(D) qualquer das partes poderá requerer a instauração do incidente de resolução de
demandas repetitivas por petição direcionada ao presidente do tribunal, que, ao
examinar a admissibilidade do incidente, deverá observar se o tema já foi afetado pelo
Superior Tribunal de Justiça, ou se já houve a instauração de incidente anterior sobre o
tema que tenha sido inadmitido, e, em caso positivo, deverá verificar se foi satisfeito o
requisito que ensejou a inadmissão anterior;
(E) qualquer dos legitimados poderá requerer a instauração do incidente de resolução
de demandas repetitivas, devendo se desincumbir do ônus de demonstrar o
preenchimento dos respectivos pressupostos nas razões do ofício ou da petição,
conforme o caso, sendo vedada a juntada de documentos para tal finalidade, por se
tratar de questão unicamente de direito.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Art. 977 CPC/2015 - O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:
II - pelas partes, por petição;

Art. 976, § 4º, CPC/2015 - É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando
um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso
para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.

Art. 976, § 3º, CPC/2015 - A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas


por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma
vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado.

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DIREITO DO CONSUMIDOR

29. Determinada ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Público em face de um
Magazine, tendo como fundamento a omissão dos preços no encarte divulgado nas ruas
do centro daquela cidade, no qual havia indicativo de promoção de relógios e
parcelamento, mas não o preço das mercadorias. Embora a promoção e a forma de 45
pagamento fossem verídicas, aduziu a parte autora que se tratava de publicidade
enganosa por omissão, por faltar o indicativo do preço. Em sua defesa, o réu alegou
ilegitimidade para propositura de ação, por se tratar de número limitado de pessoas que
adquiriram os panfletos, que logo foram recolhidos, faltando interesse social coletivo.
No mérito, aduziu ausência de determinação legal para que as peças publicitárias
indicassem o preço dos produtos divulgados.
À luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, o anúncio publicitário:
(A) é enganoso, por omitir informação substancial, ainda que seja exemplificativo o rol
do CDC; há legitimidade ativa, por se tratar da hipótese de interesses ou direitos
coletivos;
(B) deve omitir informação substancial para ser considerado enganoso, não sendo
qualquer omissão configuradora de ilícito; há legitimidade ativa, por se tratar da
hipótese de interesses ou direitos individuais homogêneos;
(C) não é enganoso, posto que as informações indicadas são verídicas; configura-se a
ilegitimidade ativa pela inexistência de interesse social;
(D) omitiu informação substancial integrante do rol taxativo do CDC e, por isso, é
enganoso; há legitimidade ativa, por se tratar da hipótese de interesses ou direitos
difusos;
(E) não é enganoso, posto que não é capaz de induzir os consumidores a
comportamento prejudicial à saúde ou segurança; configura-se a ilegitimidade ativa
pela inexistência de interesse social.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

O enunciado da referida questão engloba temas diversos de Direito do Consumidor,


quais sejam, defesa do consumidor em juízo (com classificação dos direitos coletivos
lato sensu), oferta e publicidade.

Iniciemos os comentários com a análise da oferta. O art. 31 do CDC traz, em um rol


exemplificativo (“entre outros dados”), alguns dados que devem constar da oferta,
dentre eles o preço.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem


assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em
língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que 46
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Ocorre que a oferta e suas obrigações não são, necessariamente, publicidade enganosa
por omissão, quando falta algum dos dados previstos no art. 31.

O par. 1º do art. 37 define a publicidade enganosa nos seguintes termos:

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente
falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

Ou seja, para a configuração da publicidade enganosa por omissão, não apenas é


necessário a ausência de dados, mas também a capacidade de induzir o consumidor em
erro a respeito do preço, o que não restou caracterizado no caso concreto (pelo menos
o enunciado não trouxe nenhuma informação a esse respeito).

Dessa forma, embora ausente dado que deveria constar da oferta, trata-se de uma
infração de dever legal, mas não necessariamente de publicidade enganosa por omissão,
que tem, inclusive, outros efeitos, como caracterização de crime de consumo.
Passado esse primeiro ponto, há de se perquirir qual o tipo de direito coletivo (lato
sensu) envolvido no caso hipotético. Observe-se que o enunciado informa que houve a
divulgação por meio de panfletos que, como tal, são entregues a pessoas/transeuntes
em número determinado (ao contrário de uma oferta por meios de comunicação, cujo
alcance é bem maior e pode atingir número indeterminado de pessoas).

Desse modo, e havendo sido recolhidos os panfletos das poucas pessoas que os haviam
recebido, está-se diante de direitos individuais homogêneos, que possuem origem
comum.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e


das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a
título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar


de:

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim


entendidos os decorrentes de origem comum.

São os interesses ou direitos objetivamente indivisíveis, cujos titulares são pessoas


indeterminadas e indetermináveis, ligadas entre si por circunstâncias de fato.

Os traços característicos dessa categoria são a indivisibilidade e a indeterminabilidade 47


dos seus titulares (são indeterminados e indetermináveis), que estão relacionados entre
si por circunstâncias de fato.

Tratando-se de direitos individuais homogêneos, há, sim, legitimidade ativa do MP para


promover a ação coletiva, nos termos do art. 82, I, do CDC e com base nos seguintes
fundamentos.

No que tange à legitimidade do MP para tutelar, em ação coletiva, direitos individuais


homogêneos, apesar de alguns questionamentos doutrinários, o STJ firmou o
entendimento de que o MP tem legitimidade para propor ACP e ação coletiva com o
propósito de velar por direitos difusos e, também, direitos individuais dos
consumidores, ainda que disponíveis.

Nesse sentido:

Súmula 601 do STJ. O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que
decorrentes da prestação de serviço público.

O Ministério Público possui legitimidade para promover a tutela coletiva de direitos


individuais homogêneos, mesmo que de natureza disponível, desde que o interesse
jurídico tutelado possua relevante natureza social”.
REsp 1.585.794-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 28/09/2021, DJe 01/10/2021.

_______________________________________________________________________
30. Gustavo ajuizou ação buscando a nulidade de contrato de seguro de vida que
garantia a quitação do débito, firmado no ato da contratação de consórcio de veículo
automotor, bem como a devolução dos valores pagos. Aduziu o consumidor que, no ato
da contratação, pretendeu celebrar o seguro com outra seguradora, sendo-lhe
informado pelo representante do consórcio que se tratava, o prêmio, do melhor preço
do mercado, e que a peculiaridade do sistema de consórcio não permitia contratação
do seguro de forma independente pelo consorciado. Em sua defesa, a ré alegou que a
adesão ao seguro prestamista se deu de forma clara e compreensível pelo consumidor
e se justificava essencial ao contrato, de modo a garantir quitação do débito e não
comprometimento do equilíbrio financeiro do grupo consorcial.
Diante da narrativa, o pedido de Gustavo deve ser julgado:
(A) improcedente, na medida em que o seguro prestamista é essencial ao plano de
consórcio, ao qual o consumidor aderiu de livre vontade;
(B) procedente, com declaração de nulidade de ambos os contratos e devolução dos
valores pagos em dobro, acrescidos de correção monetária, por ferir a boa-fé objetiva,
ou seja, independente do elemento volitivo;
48
(C) improcedente, pois o seguro prestamista não é autônomo, pois está sempre
associado a outro contrato, inclusive de consórcio, ao qual serve como garantia;
(D) procedente, com declaração de nulidade do contrato de seguro prestamista, sem
devolução dos valores pagos, por ter o consumidor usufruído do seguro enquanto
vigente;
(E) procedente, posto que não foi dada a opção de o consumidor realizar livre
contratação com outra seguradora, configurando venda casada.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi em parte tratado na aula de revisão de véspera.

A situação hipotética encartada na questão diz respeito, em síntese, a um contrato


principal de consórcio para aquisição de veículo automotor, ao qual foi imposto um
contrato de seguro de vida para garantir a quitação do débito em caso de eventual
falecimento do contratante. O mais importante é perceber que o enunciado deixa claro
que o autor/contratante “no ato da contratação, pretendeu celebrar o seguro com
outra seguradora” e que “a peculiaridade do sistema de consórcio não permitia
contratação do seguro de forma independente pelo consorciado”.

Trata-se de manifesto caso de venda casada, nos termos do art. 39, I, do CDC:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre


outras práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos;

Especificamente quanto ao tema, o STJ já assim decidiu:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CONTRATOS


BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL. SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA. PRECEDENTE
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. TEMA N. 972 DO STJ. ILEGALIDADE NÃO
VERIFIDADA NA ORIGEM. SÚMULAS N. 5, 7 E 83 DO STJ. DECISÃO MANTIDA.

1. A jurisprudência desta Corte, firmada sob a sistemática dos recursos repetitivos,


orienta que "o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada" (REsp 1639320/SP, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/12/2018, 49
DJe 17/12/2018).

2. No caso, ficou consignado no acórdão que a parte autora da ação revisional não foi
compelida a contratar o seguro nem demonstrou a suposta venda casada.

3. O desfecho atribuído ao processo na origem não destoa das premissas fixadas no


precedente representativo da controvérsia (Súmula n. 83/STJ), impondo-se reafirmar
que o acolhimento da insurgência demandaria reexame de matéria fática e
interpretação do contrato estabelecido entre as partes, procedimento inviável em
recurso especial (Súmulas n. 5 e 7 do STJ).

4. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no REsp n. 1.899.817/PR, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma,
julgado em 13/6/2022, DJe de 21/6/2022.)

_______________________________________________________________________
31. Determinada publicidade televisiva sobre um produto eletrônico informava que os
dados sobre preço e forma de pagamento pelo produto poderiam ser obtidos por meio
de contato telefônico, que se realizava de modo tarifado.
Instado a julgar o processo que descreveu na causa de pedir tais fatos, e considerando
o direito à informação como garantia fundamental da pessoa humana e como algo que
impacta na autodeterminação e liberdade de escolha do consumidor, seguindo o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é CORRETO considerar que:
(A) a situação narrada configura publicidade enganosa por omissão, mesmo se a compra
não tiver sido concretizada;
(B) o dever de informar é tratado como dever anexo às relações de consumo, e o caso
não configura publicidade enganosa;
(C) a modalidade omissiva não consagra publicidade enganosa, prevista na forma
comissiva decorrente de uma afirmação;
(D) a situação narrada configura publicidade abusiva por omissão, mas somente se a
compra tiver sido concretizada;
(E) a publicidade enganosa por omissão somente será caracterizada caso se concretize
a compra do produto.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O assunto da questão foi em parte tratado na aula de revisão de véspera. 50

Vimos, nos comentários à questão 29, que o art. 31 do CDC traz, em um rol
exemplificativo (“entre outros dados”), alguns dados que devem constar da oferta,
dentre eles o preço.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem


assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em
língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Ocorre que a oferta e suas obrigações não são, necessariamente, publicidade enganosa
por omissão, quando falta algum dos dados previstos no art. 31.

A situação vertente, porém, é completamente diferenciada, pois há uma dificuldade de


acesso manifesta a dados essenciais sobre o produto, quais sejam, o preço e a forma
de pagamento, cujo acesso depende de chamada onerosa para o interessado
(consumidor em potencial, nos termos do art. 29 do CDC). Trata-se de verdadeiro óbice
ao acesso à informação, dever geral dos fornecedores que norteia a relação de consumo
e as práticas comerciais.
Aliás, a figura equiparada de consumidor prevista no art. 29 é todo aquele que estiver
submetido às práticas comerciais (consumidor equiparado potencial), assim, não há
necessidade de efetivamente ter havido a aquisição (pois se enquadraria no conceito
padrão/standard de consumidor do art. 2º, caput, do CDC).

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se


aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele previstas.

O STJ já decidiu caso extremamente similar, entendendo pela configuração de


publicidade enganosa por omissão:

CONSUMIDOR. AÇÃO COLETIVA. PUBLICIDADE DE PRODUTOS EM CANAL DA TV


FECHADA. OMISSÃO DE INFORMAÇÃO ESSENCIAL. PREÇO E FORMA DE PAGAMENTO
OBTIDOS SOMENTE POR MEIO DE LIGAÇÃO TARIFADA. PUBLICIDADE ENGANOSA POR
OMISSÃO. NÃO OBSERVÂNCIA DO DEVER POSITIVO DE INFORMAR. MULTA DIÁRIA
FIXADA NA ORIGEM. AUSÊNCIA DE EXORBITÂNCIA. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL INCOGNOSCÍVEL.
1. Na origem, a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado
do Rio de Janeiro propôs ação coletiva contra Polimport Comércio e Exportação Ltda.
(Polishop), sob a alegação de que a ré expõe e comercializa seus produtos em um canal
da TV fechada, valendo-se de publicidade enganosa por omitir o preço e a forma de 51
pagamento, os quais somente podem ser obtidos mediante ligação telefônica tarifada e
onerosa ao consumidor, independentemente de este adquirir ou não o produto.
2. O Juízo de primeiro grau julgou procedente o pedido para condenar a ré à obrigação
de informar elementos básicos para que o consumidor, antes de fazer o contato
telefônico, pudesse avaliar a possível compra do produto, com destaque para as
características, a qualidade, a quantidade, as propriedades, a origem, o preço e as
formas de pagamento, sob pena de multa diária por descumprimento. O Tribunal de
origem, em sede de agravo interno, manteve a sentença.
3. O direito à informação, garantia fundamental da pessoa humana expressa no art. 5°,
inciso XIV, da Constituição Federal, é gênero que tem como espécie o direito à
informação previsto no Código de Defesa do Consumidor.
4. O Código de Defesa do Consumidor traz, entre os direitos básicos do consumidor, a
"informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentam" (art. 6º, inciso III).
5. O Código de Defesa do Consumidor atenta-se para a publicidade, importante técnica
pré-contratual de persuasão ao consumo, trazendo, como um dos direitos básicos do
consumidor, a "proteção contra a publicidade enganosa e abusiva" (art. 6º, IV).
6. A publicidade é enganosa por comissão quando o fornecedor faz uma afirmação,
parcial ou total, não verdadeira sobre o produto ou serviço, capaz de induzir o
consumidor em erro (art. 37, § 1º). É enganosa por omissão a publicidade que deixa de
informar dado essencial sobre o produto ou o serviço, também induzindo o consumidor
em erro exatamente por não esclarecer elementos fundamentais (art. 37, § 3º).
7. O caso concreto é exemplo de publicidade enganosa por omissão, pois suprime
algumas informações essenciais sobre o produto (preço e forma de pagamento), as
quais somente serão conhecidas pelo consumidor mediante o ônus de uma ligação
tarifada, mesmo que a compra não venha a ser concretizada.
8. Quando as astreintes são fixadas conforme a capacidade econômica, a redução da
multa diária encontra óbice no reexame do conjunto fático-probatório dos autos
(Súmula 7/STJ). Ressalvam-se os casos de fixação de valor exorbitante, o que não ocorre
no caso concreto.
9. A inexistência de similitude fática e jurídica entre os acórdãos confrontados impede
o conhecimento do recurso especial com fundamento na divergência jurisprudencial.
Recurso especial conhecido em parte e improvido.
(REsp n. 1.428.801/RJ, relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
27/10/2015, DJe de 13/11/2015.)
_______________________________________________________________________
32. O Código de Defesa do Consumidor dispõe em capítulo próprio sobre a proteção
contratual, a respeito da qual o Superior Tribunal de Justiça conferiu interpretação
aplicável às diversas situações fáticas consumeristas.
Seguindo essa temática nos termos da norma e do entendimento do Superior Tribunal 52
de Justiça, é CORRETO afirmar que:
(A) as declarações de vontade, mesmo quando constantes de escritos particulares,
vinculam o fornecedor;
(B) a garantia legal de adequação do produto ou serviço terá aplicabilidade se não
houver garantia contratual estabelecida mediante termo escrito;
(C) é lícita a cláusula contratual que estabeleça prazos de carência para
restabelecimento integral dos direitos do consumidor a partir da purgação da mora;
(D) após a assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviço
adquirido por telefone, será de trinta dias o prazo decadencial para o consumidor
exercitar o direito de arrependimento;
(E) a inserção de cláusula no formulário do contrato desconfigura a natureza de adesão
do contrato, pois se exige que as cláusulas tenham sido estabelecidas unilateralmente
pelo fornecedor de produto ou serviço.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS
O assunto da questão foi em parte tratado na aula de revisão de véspera.

(A) CORRETA.
Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de
consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução
específica, nos termos do art. 84 e parágrafos

(B) INCORRETA.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será
conferida mediante termo escrito.
É inadmissível substituir a garantia legal pela contratual, pois a primeira é obrigatória e
inderrogável, enquanto a última é meramente complementar. Recorde-se que os prazos
de garantia legal são aqueles previstos no art. 26 do CDC, ou seja 30 (trinta) dias para os
bens não duráveis e 90 (noventa) dias para os duráveis.

(C) INCORRETA. 53
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que:
XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de
impontualidade das prestações mensais ou impeçam o
restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus
meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do
acordo com os credores.

(D) INCORRETA.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7
dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento
de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

(E) INCORRETA.
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham
sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.

§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a


natureza de adesão do contrato.

_______________________________________________________________________
33. Lucas ingressou com ação de indenização em face da instituição de ensino privada
onde cursa faculdade, tendo ajuizado a causa no endereço do seu domicílio. A demanda
teve por base o contrato de prestação de serviços que continha cláusula de eleição de
foro na cidade vizinha, domicílio da executada.
Em razão disso, a instituição de ensino requereu, prima facie, a extinção do feito por
incompetência do juízo.
Nesse caso, é CORRETO afirmar que:
(A) deverá ser declinada a competência para o juízo estabelecido previamente pelas
partes pela via contratual;
(B) deverá ser extinto o processo sem resolução do mérito, por ser diverso o juízo
indicado na cláusula de eleição de foro;
(C) se trata de relação de consumo e Lucas está autorizado a demandar no seu domicílio, 54
a despeito da cláusula de eleição de foro;
(D) não se configura relação de consumo, dada a natureza de serviços educacionais,
imperando a competência indicada na cláusula de eleição de foro;
(E) a competência do foro do domicílio do autor é absoluta, por se tratar de relação de
consumo, mesmo quando o consumidor é o demandante.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Segundo o CDC, o consumidor pode ingressar com ação de responsabilidade civil do


fornecedor no foro do seu domicílio.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem


prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes
normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;


Trata-se de uma faculdade/opção, e não imposição. Nada obsta, por exemplo, que o
consumidor abra mão dessa prerrogativa e opte por foro de eleição previsto
contratualmente, conforme sua conveniência.

O STJ também já entendeu desse modo:

“Se a autoria do feito pertence ao consumidor, contudo,


permite-se a escolha do foro de eleição contratual,
considerando que a norma protetiva, erigida em seu benefício,
não o obriga quando puder deduzir sem prejuízo a defesa dos
seus interesses fora do seu domicílio” (CC 107.441/SP, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/06/2011, DJe 01/08/2011).

_______________________________________________________________________

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

34. Bárbara, adolescente de 15 anos, encontra-se em acolhimento familiar, sob os


cuidados do casal de acolhedores Jeremias e Carmem, sendo remotas as possibilidades
de reintegração à família natural ou extensa. Após a destituição do poder familiar de
seus pais, são realizadas diversas tentativas de colocação de Bárbara em família 55
substituta, sem que haja pretendentes habilitados à adoção da adolescente. A equipe
técnica da Vara da Infância e Juventude sugere a inclusão da adolescente no programa
de apadrinhamento afetivo desenvolvido por organização da sociedade civil na
Comarca.

Considerando a regulamentação do apadrinhamento pela Lei nº 8.069/1990 (ECA), é


CORRETO afirmar que:
(A) Bárbara não poderá ser incluída em programa de apadrinhamento, pois este se
destina apenas a crianças e adolescentes em acolhimento institucional;
(B) o apadrinhamento não é indicado para Bárbara, uma vez que ela não se enquadra
no perfil prioritário de inserção nesse tipo de programa, conforme previsão do ECA;
(C) os programas de apadrinhamento devem ser executados, exclusivamente, pela
Justiça da Infância e Juventude, não sendo cabível execução por organizações da
sociedade civil;
(D) o apadrinhamento afetivo tem como requisito obrigatório a concessão de guarda da
adolescente a pessoa ou casal inscrito no programa, sob pena de revogação;
(E) somente podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de 18 anos não
inscritas nos cadastros de adoção, conforme previsão do ECA.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

Art. 19-B, § 2º do ECA - Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de 18


(dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos
exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.
_______________________________________________________________________
35. Diante da notícia de violação de direitos praticados contra criança, o Conselho
Tutelar aplica aos pais a medida de encaminhamento a tratamento psicológico prevista
no Art. 129, III, da Lei nº 8.069/1990 (ECA). Inconformados com essa decisão
administrativa, os genitores a descumprem, procurando a Defensoria Pública em busca
de orientações. Ao ser comunicado acerca de tal situação e ciente do descumprimento
da decisão exarada pelo Conselho Tutelar, o promotor de justiça oferece Representação
por Infração Administrativa ao Art. 249 do ECA em face dos pais, in fine.
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA), é CORRETO afirmar que:
(A) o Conselho Tutelar não poderá aplicar a medida de encaminhamento a tratamento
psicológico aos pais, a qual é de competência exclusiva do juiz, no bojo de ação
contenciosa;
56
(B) os pais poderão requerer ao Poder Judiciário a revisão da decisão administrativa
exarada pelo Conselho Tutelar, na forma prevista pelo ECA;
(C) o Ministério Público não possui legitimidade para o ajuizamento de Representação
por Infração Administrativa, em conformidade com o disposto no ECA;
(D) é vedado ao Conselho Tutelar aplicar a medida de encaminhamento a tratamento
psicológico aos pais, sem prévio laudo médico que a fundamente, conforme previsto no
ECA;
(E) as decisões do Conselho Tutelar não têm eficácia plena ou são passíveis de execução
imediata, razão pela qual seria incabível a Representação por Infração Administrativa
proposta pelo Ministério Público.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Art. 136 do ECA - São atribuições do Conselho Tutelar: I - atender as crianças e


adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas
no art. 101, I a VII; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas
previstas no art. 129, I a VII; (...)
Art. 137 do ECA - As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela
autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
_______________________________________________________________________
36. Michael, adolescente de 17 anos, está em cumprimento de medida socioeducativa
de semiliberdade, em razão da prática de ato infracional análogo a tráfico de
entorpecentes. Michael descumpre, de forma reiterada e injustificável, a medida
mencionada, conforme estudos técnicos e conclusões constantes do Plano Individual de
Atendimento (PIA). Após a realização de audiência, com a oitiva e participação do
adolescente, de sua genitora e da defesa técnica, o juiz da Infância e Juventude aplica a
Michael a medida socioeducativa de internação, com fulcro no Art. 122, III, do ECA.
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA) e na Lei nº 12.594/2012 (Sinase), é
CORRETO afirmar que:
(A) a medida de internação aplicada pelo magistrado na hipótese narrada no enunciado
será executada pelo prazo mínimo de um ano;
(B) a medida de internação aplicada não poderá ser superior a três meses, devendo ser
decretada judicialmente após o devido processo legal;
(C) a medida de internação poderá ser cumprida, excepcionalmente, em unidade
prisional, desde que o socioeducando possua mais de 18 anos de idade;
(D) a internação pelo descumprimento reiterado e injustificável da medida tem a
57
natureza de internação provisória, razão pela qual não pode exceder o prazo de
quarenta e cinco dias;
(E) a medida de internação aplicada independe da realização de audiência para a oitiva
do adolescente, podendo estar baseada apenas no parecer da equipe técnica da
unidade socioeducativa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Art. 122 do ECA - A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por
reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento
reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser
superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo
legal.
_______________________________________________________________________
37. Juliano, adolescente de 16 anos, cumpre medida socioeducativa de prestação de
serviços à comunidade pela prática de ato infracional análogo a furto há quatro meses.
O juiz competente para a execução da medida tem ciência de que Juliano praticou, no
ano anterior, ato infracional análogo a furto qualificado, sendo-lhe aplicada, naquele
processo, medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade, a qual se
encontra pendente de cumprimento. Diante disso, o representante do Ministério
Público requer a unificação das medidas socioeducativas, sendo ouvida a defesa técnica
do adolescente.
Considerando o disposto na Lei nº 12.594/2012 (Sinase), é CORRETO afirmar que:
(A) Juliano deverá cumprir mais dois meses da medida socioeducativa de prestação de
serviços à comunidade, observada a unificação das medidas socioeducativas;
(B) em razão da reiteração na prática de ato infracional, a execução da medida atual
deverá ter reinício, com o cumprimento por seis meses;
(C) tendo em vista que o ato infracional foi praticado durante a execução, a autoridade
judiciária poderá deixar de considerar o prazo máximo de cumprimento da medida;
(D) a hipótese narrada não dá ensejo à unificação de medidas socioeducativas, devendo
o adolescente cumprir, de forma sucessiva, as duas medidas pelo prazo máximo de um
ano;
(E) o tempo de medida socioeducativa já cumprido não poderá ser considerado para fins 58
de unificação, devendo o magistrado determinar o reinício de cumprimento da medida.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Art. 117 do ECA - A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas


gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais.
Art. 45 da Lei 12.594/2012 - Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de
aplicação de nova medida, a autoridade judiciária procederá à unificação, ouvidos,
previamente, o Ministério Público e o defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos,
decidindo-se em igual prazo.
§ 1º É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida
socioeducativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória
previstos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado
durante a execução.
_______________________________________________________________________
38. Paulo e Eduarda são habilitados à adoção para o perfil de criança de 02 a 04 anos,
sem doenças. Após serem contatados pela equipe técnica da Vara da Infância e
Juventude para conhecerem Henrique, criança de 03 anos disponibilizada para adoção,
visitam o serviço de acolhimento e iniciam o processo de aproximação com o infante.
Diante do êxito da experiência, o casal ajuíza ação de adoção com pedido de guarda
provisória da criança, que lhes é deferida pelo magistrado. Durante o estágio de
convivência, apesar dos vínculos afetivos estabelecidos com a criança, o casal desiste do
pedido de adoção e “devolve” Henrique à Vara da Infância e Juventude, alegando que
ele é rebelde e não sabe se comportar em público. O juiz aplica a Henrique a medida
protetiva de acolhimento familiar.
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA), é CORRETO afirmar que:
(A) o casal poderá renovar a habilitação à adoção após o decurso de seis meses, quando
poderá especificar novo perfil da criança a ser adotada;
(B) na hipótese de o casal custear as despesas com o novo acolhimento da criança, a
habilitação seguirá válida, pelo prazo de três anos;
(C) o casal deverá ser excluído do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA),
sendo vedada a renovação da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada;
(D) após a juntada de documentação atualizada, a habilitação poderá ser renovada, sem 59
a necessidade de nova decisão judicial;
(E) após a “devolução” da criança, deverá ser convocado, imediatamente, pessoa ou
casal habilitado no SNA, para adoção da criança, não sendo cabível a medida de
acolhimento e o estágio de convivência.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 197-E, § 5º do ECA - A desistência do pretendente em relação à guarda para fins de


adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em julgado da
sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação
de renovação da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das
demais sanções previstas na legislação vigente.
_______________________________________________________________________
39. Jefferson, adolescente de 16 anos, é apreendido em flagrante pela prática de ato
infracional análogo aos crimes de furto e de dano. A Polícia Militar conduz o adolescente
até a delegacia, para a lavratura do registro de ocorrência. Ato contínuo, Jefferson é
apresentado ao Ministério Público, que realiza a oitiva informal do adolescente e de
seus responsáveis legais, com a participação de advogado. O membro do Ministério
Público promove o arquivamento dos autos, submetendo-os à autoridade judicial para
a homologação. O magistrado não concorda com a promoção de arquivamento e
remete os autos ao procurador geral de justiça (PGJ).
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990, é CORRETO afirmar que o PGJ:
(A) poderá homologar diretamente o arquivamento, pois o Ministério Público é o órgão
titular da ação para a imposição de medida socioeducativa;
(B) não possui atribuição para a análise da promoção de arquivamento, devendo o
magistrado designar outro promotor de justiça para oferecimento de representação;
(C) poderá ratificar a promoção de arquivamento, hipótese em que se tornará
obrigatória a homologação pela autoridade judiciária;
(D) não possui atribuição para a análise da promoção de arquivamento, que deverá ser
submetida, em reexame necessário, ao Tribunal de Justiça;
(E) poderá conceder, no exercício da atribuição originária, a remissão ao adolescente,
como forma de suspensão do processo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS
60

Art. 180, § 2º do ECA - Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao
Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá
representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária
obrigada a homologar.
_______________________________________________________________________
40. Maria, mãe de duas crianças de 02 e 05 anos, encontra-se em cumprimento de prisão
preventiva, em razão da alegada prática de crime de roubo contra terceiros.
Considerando que não há genitor ou família extensa apta a exercer a guarda das
crianças, o juiz da Infância e Juventude aplica a estas a medida protetiva de acolhimento
institucional. Maria deseja que seus filhos sejam levados para visita na unidade prisional,
em razão do grande afeto que nutre pelas crianças, encaminhando carta ao magistrado
com tal solicitação. O Ministério Público requer a suspensão do poder familiar de Maria
em relação aos seus filhos, com a proibição de visitas das crianças na unidade prisional,
em razão da prática de crime por Maria, sendo os autos remetidos à conclusão, para a
apreciação do juiz da Infância e Juventude.
Considerando os fatos narrados e à luz da Lei nº 8.069/1990 (ECA) e da Lei nº
13.257/2016 (Marco Legal da Primeira Infância), é CORRETO afirmar que:
(A) é indispensável a autorização judicial para que Maria seja visitada por seus filhos,
tendo em vista a previsão contida no ECA;
(B) as crianças não poderão ser levadas à visitação da genitora no presídio, em razão da
vedação existente na Lei nº 13.257/2016 e por estarem na faixa etária da primeira
infância;
(C) a suspensão do poder familiar de Maria, com a proibição de visitas pelas crianças, é
cabível, tendo em vista a prática de crime mediante o emprego de violência e grave
ameaça;
(D) a defesa técnica de Maria poderá requerer o benefício de prisão domiciliar, para
assegurar o convívio com os seus filhos, com fundamento no Marco Legal da Primeira
Infância;
(E) a prática de crime de roubo é causa de perda do poder familiar de Maria em relação
aos seus filhos, por ato judicial, razão pela qual não deverá ser autorizada a visitação
pelas crianças.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

61
Art. 19, § 4º do ECA - Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a
mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo
responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial.
Art. 318-A do CPP - A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão
domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
_______________________________________________________________________

BLOCO II
DIREITO PENAL

41. Gerald, Harold, Arnold, Sid e Eugene se reúnem de forma permanente e estável, por
alguns meses, planejando roubos a determinados bancos. Ultimada essa fase, deflagram
a execução do roubo, com emprego de simulacros de armas de fogo, sendo certo que
Harold, Arnold, Sid e Eugene ingressam no estabelecimento bancário, realizando a
rendição das pessoas e a coleta do dinheiro em espécie, ao passo que Gerald permanece
com um veículo de fuga ligado, na porta do banco. Quando da fuga, são cercados pela
polícia, dentro do carro, no quarteirão imediatamente posterior, ainda em posse dos
simulacros e do dinheiro arrecadado.

Diante desse cenário, é CORRETO afirmar que os agentes responderão por:

(A) associação criminosa e roubo majorado pelo concurso de pessoas, em concurso


material;

(B) associação criminosa e roubo simples, em concurso material;

(C) associação criminosa e roubo majorado pelo concurso de pessoas, em concurso


formal;

(D) associação criminosa e roubo simples, em concurso formal;

(E) roubo majorado pelo concurso de pessoas, ficando a associação criminosa


consumida.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS

Segundo a jurisprudência desta Corte, não há bis in idem na condenação pelo crime de
62
associação criminosa armada e pelo de roubo qualificado pelo concurso de agentes, pois
os delitos são autônomos, aperfeiçoando-se o primeiro independentemente do
cometimento de qualquer crime subsequente. Ademais, os bens jurídicos protegidos
pelas normas incriminadoras são distintos - no caso do art. 288, parágrafo único, do CP,
a paz pública e do roubo qualificado, o patrimônio, a integridade física e a liberdade do
indivíduo. (AgRg no AREsp n. 1.425.424/SP, relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma,
julgado em 6/8/2019, DJe de 19/8/2019.)

(A) CORRETA.

Conforme orientação do julgado acima.

(B) INCORRETA.

Trata-se de roubo majorado, porquanto não há bis in idem na condenação pelo crime
de associação criminosa armada e pelo de roubo qualificado pelo concurso de agentes.

(C) INCORRETA.

O concurso é material, pois os delitos são autônomos, aperfeiçoando-se o primeiro


independentemente do cometimento de qualquer crime subsequente.

(D) INCORRETA.
Vide comentário das alternativas B e C.

(E) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa B.

_______________________________________________________________________

42. Marcos e João são vizinhos com histórico de discussões em razão dos ruídos
noturnos provocados pelas festas produzidas por João. Certa noite, Marcos, em um
acesso de raiva, efetua disparo de arma de fogo contra João, com intenção de matar seu
alvo. O disparo atinge a perna da vítima, que é prontamente levada ao hospital, onde
fica internada. No segundo dia de internação, em razão de um vazamento de gás não
percebido, João morre por asfixia.

Diante do caso narrado, Marcos deverá responder pelo crime de:

(A) homicídio, uma vez que João só se encontrava no hospital em razão das lesões
decorrentes da conduta criminosa de Marcos (conditio sine qua non);

(B) lesão corporal seguida de morte, uma vez que a morte por asfixia no hospital não
era previsível; (C) lesão corporal, já que eliminando-se em abstrato o vazamento de gás,
não haveria a morte como resultado naturalístico de sua conduta;

(D) tentativa de homicídio, com fundamento na teoria da causalidade adequada, 63


também adotada pelo ordenamento jurídico;

(E) tentativa de homicídio, em razão da existência de concausa concomitante para o


resultado morte: o disparo de arma de fogo e o vazamento de gás.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação


quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou (tentativa de homicídio).

(B) INCORRETA.

Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação


quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou (tentativa de homicídio).
(C) INCORRETA.

Segundo entendimento majoritário, o art. 13, § 1º, CP, adotou, neste ponto, a teoria da
causalidade adequada (ou teoria da condição qualificada).

(D) CORRETA.

Tratando-se de causa superveniente relativamente independente, que por si só


produziu o resultado, temos uma exceção enunciada pela própria lei. Segundo
entendimento majoritário, o art. 13, § 1º, CP, adotou, neste ponto, a teoria da
causalidade adequada (ou teoria da condição qualificada). Art. 13, § 1º - A
superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou (tentativa de homicídio).

(E) INCORRETA.

As causas relativamente independentes estão associadas à causa principal que,


somadas, produzem o resultado. Podem ser preexistentes, concomitantes e
supervenientes. No caso do enunciado, trata-se de causa superveniente.

_______________________________________________________________________

43. José foi condenado à pena de 05 anos e 10 meses de reclusão, em regime fechado,
64
pela prática do crime de tráfico de drogas (Art. 33 da Lei nº 11.343/2006). O acusado foi
apreendido em flagrante com 147 quilos de maconha (Cannabis sativa) e, embora não
fosse reincidente, José possuía em sua folha de antecedentes criminais anotações
referentes a quatro inquéritos policiais e cinco ações penais em curso.

Diante do caso apresentado e da hipótese de diminuição de pena prevista no Art. 33,


§4º, da Lei nº 11.343/2006, é CORRETO afirmar que:

(A) embora não seja possível a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para majorar a pena-base com fundamento em maus antecedentes, é possível sua
utilização para o afastamento da causa de diminuição, com fundamento na “dedicação
a atividades criminosas”;

(B) diante da elevada quantidade de drogas apreendidas com José, deve ser afastada a
minorante, já que somente pessoa envolvida habitualmente com a traficância teria
acesso a esse montante de entorpecente;

(C) é possível a valoração da quantidade da droga apreendida com José, tanto para
fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição referida, neste
último caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde que não tenham sido
considerados na primeira fase do cálculo da pena;
(D) a aplicação da referida minorante constitui direito subjetivo do acusado, não sendo
possível obstar sua aplicação com base em considerações subjetivas do juiz. Portanto,
em que pese a quantidade de drogas apreendidas, a causa de diminuição só poderia ser
afastada em caso de reincidência de José;

(E) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso seja para agravar
a pena-base, seja para afastar a aplicação da causa de diminuição referida, seja para
aferir a periculosidade do agente para fins de fundamentar eventual prisão cautelar, sob
pena de ferir a presunção de inocência.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Tema tratado no aulão de véspera pelo professor Rafhael Nepomuceno.

(A) INCORRETA.

A interpretação ora conferida ao art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não confunde os
conceitos de antecedentes, reincidência e dedicação a atividades criminosas. Ao 65
contrário das duas primeiras, que exigem a existência de condenação penal definitiva, a
última pode ser comprovada pelo Estado-acusador por qualquer elemento de prova
idôneo, tais como escutas telefônicas, relatórios de monitoramento de atividades
criminosas, documentos que comprovem contatos delitivos duradouros ou qualquer
outra prova demonstrativa da dedicação habitual ao crime. O que não se pode é inferir
a dedicação ao crime a partir de simples registros de inquéritos e ações penais cujo
deslinde é incerto. (REsp 1.977.027-PR)

(B) INCORRETA.

O STF tem posicionamento firme de que a quantidade de droga apreendida não é, por
si só, fundamento idôneo para afastamento da minorante do art. 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006. (RHC 138.117)

(C) CORRETA.

É possível a valoração da quantidade e natureza da droga apreendida, tanto para a


fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os únicos elementos
aferidos, desde que não tenham sidos considerados na primeira fase do cálculo da pena.
(HC n. 725.534/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, julgado em
27/4/2022, DJe de 1/6/2022.)
(D) INCORRETA.

A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n.


11.343/2006 (Lei de Drogas) constitui direito subjetivo do acusado, caso presentes os
requisitos legais, não sendo possível obstar sua aplicação com base em considerações
subjetivas do juiz. É vedado ao magistrado instituir outros requisitos além daqueles
expressamente previstos em lei para a sua incidência, bem como deixar de aplicá-la se
presentes os requisitos legais. (REsp 1.977.027-PR)

(E) INCORRETA.

É uníssono nesta Corte Superior que inquéritos e ações penais em curso podem ser
utilizados para avaliar, em caráter preliminar e precário, a periculosidade do agente para
fins de fundamentar eventual prisão cautelar. Isso se justifica porque esta medida
acauteladora não exige que se afirme inequivocamente que o Réu provisoriamente
segregado é o autor do delito ou que sua liberdade indubitavelmente oferece riscos,
bastando que haja, nos termos do art. 312, caput, do Código de Processo Penal, indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (REsp
1.977.027-PR)

_______________________________________________________________________
66
44. A autorização das saídas temporárias é benefício previsto nos Arts. 122 e seguintes
da Lei de Execução Penal (LEP), com o objetivo de permitir ao preso que cumpre pena
em regime semiaberto visitar a família, estudar na comarca do Juízo da Execução e
participar de atividades que concorram para o retorno ao convívio social, aplicável ao
condenado que não tenha praticado crime hediondo com resultado de morte.

Sobre esse tema, é CORRETO afirmar que:

(A) o benefício depende de ato motivado do juiz da execução penal, devendo cada
autorização de saída temporária do preso ser precedida de decisão judicial motivada e
individualizada;

(B) o benefício depende de ato motivado do juiz da execução penal, ouvido o Ministério
Público e a administração penitenciária, desde que o preso tenha comportamento
adequado, tenha cumprido o mínimo de 1/6 da pena, se primário, e 1/4, se reincidente,
e haja compatibilidade do benefício com os objetivos da pena;

(C) é incabível a fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único,
ainda que observadas as hipóteses de revogação automática, devendo haver a
apreciação individual de cada pedido, com decisão fundamentada, desde que tenha
cumprido o mínimo de 1/6 da pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena;
(D) o calendário prévio das saídas temporárias deve ser fixado pelo Juízo das Execuções,
sendo possível delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais
o apenado irá usufruir os benefícios, desde que tenha cumprido o mínimo de 1/6 da
pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja compatibilidade do benefício com os
objetivos da pena;

(E) respeitado o limite anual de trinta e cinco dias, estabelecido na LEP, é cabível a
concessão de maior número de autorizações de curta duração, até o limite de cinco
vezes ao ano, já intercaladas durante os doze meses, com ou sem pernoite, desde que
tenha cumprido o mínimo de 1/6 da pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Competência do juiz da execução para fixação do calendário prévio de saídas


temporárias. (REsp 1544036-RJ) 67
(B) CORRETA.

LEP - Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação
dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6
(um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III -
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

(C) INCORRETA.

O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo
Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das
datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios. (REsp 1544036-RJ)

(D) INCORRETA.

O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo
Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das
datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios. (REsp 1544036-RJ)

(E) INCORRETA.
LEP – Art. 124. § 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de
instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes. § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída
somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de
intervalo entre uma e outra.

_______________________________________________________________________

45. Márcia e Sueli são sócias-administradoras de uma sociedade empresária do ramo de


materiais cirúrgicos. Diana, amiga das referidas empresárias, é secretária municipal de
Saúde e realiza a contratação dessa sociedade empresária para a entrega de trezentos
bisturis e duzentas máscaras cirúrgicas. Contudo, Márcia, Sueli e Diana ajustaram entre
si a entrega, o que de fato foi realizado, de apenas cinquenta bisturis e cinquenta
máscaras.

Quanto à tipicidade penal, é CORRETO afirmar que Márcia e Sueli:

(A) não responderão criminalmente, em razão de não serem funcionárias públicas e não
deterem o poder decisório sobre a contratação;

(B) responderão pelo crime de fraude em licitação ou contrato;

(C) responderão pelo crime de concussão em concurso material com o crime de peculato
culposo;
68
(D) responderão pelo crime de corrupção ativa em concurso formal com o crime de
lavagem de dinheiro;

(E) responderão pelo crime de contratação inidônea em concurso formal com o crime
de peculato doloso.

_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º
- Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

(B) CORRETA.
CP - Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela
decorrente, mediante: I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com
qualidade ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos instrumentos
contratuais;

(C) INCORRETA.

CP - Concussão n- Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
Peculato. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

(D) INCORRETA.

CP - Corrupção ativa. Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário


público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

(E) INCORRETA.

CP - Contratação inidônea - Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional


declarado inidôneo. Peculato. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão 69
do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

_______________________________________________________________________

46. Relativamente aos institutos da reparação do dano, da desistência voluntária, do


arrependimento eficaz, do arrependimento posterior e do crime impossível, segundo a
doutrina e a jurisprudência dominantes, é CORRETO afirmar que:

(A) responderá pelo resultado pretendido inicialmente, nos crimes de mera conduta, o
agente que, após iniciar os atos de execução, impedir que o resultado se produza;

(B) terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 o agente que, por ato voluntário, reparar o dano
causado em crime praticado sem violência à pessoa, após a sentença recorrível;

(C) responderá apenas pelos atos até então praticados o agente que, voluntariamente,
desistir de prosseguir na execução do crime;

(D) responderá pela tentativa o agente quando, em razão da ineficácia absoluta do meio,
for impossível consumar-se o crime;

(E) terá a pena reduzida de 2/3 o agente que reparar o dano no crime de peculato
culposo após a sentença irrecorrível.

_______________________________________________________________________
GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Tema tratado no aulão de véspera pelo professor Rafhael Nepomuceno.

(A) INCORRETA.

CP - Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou


impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

(B) INCORRETA.

CP - Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado
o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

(C) CORRETA.

CP - Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou


impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

(D) INCORRETA. 70
CP - Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

(E) INCORRETA.

CP – Art. 312, § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à


sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta.

_______________________________________________________________________

47. Em relação à detração penal, é CORRETO afirmar que:

(A) é incabível a detração do tempo de prisão provisória proveniente de processo


diverso daquele cujo delito ensejou a condenação penal;

(B) é de competência exclusiva do Juízo da Execução realizar a detração, vedada ao Juízo


do Conhecimento a adoção de tal providência;

(C) é incabível na aplicação da detração a pretensão de cômputo do período de prisão


provisória para fins de substituição da pena corporal por restritivas de direito;
(D) o período de cumprimento de medida cautelar de monitoração eletrônica possibilita
a contagem de tempo para efeito de concessão da detração penal;

(E) é incabível a detração, na pena privativa de liberdade, no momento de cumprimento


do recolhimento domiciliar no período noturno, com ou sem monitoração eletrônica.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

A jurisprudência deste Superior Tribunal admite a detração (art. 42 do CP) por custódia
indevidamente cumprida em outro processo, desde que o crime em virtude do qual o
condenado executa a pena a ser computada seja anterior ao período pleiteado. Busca-
se, com isso, impedir uma espécie de crédito em desfavor do Estado, disponível para
utilização no futuro. (HC n. 624.077, Ministro Antonio Saldanha Palheiro, DJe de
11/12/2020.)

(B) INCORRETA.

CPP - Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: § 2o O tempo de prisão 71


provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

(C) CORRETA.

No que diz respeito à pretensão de cômputo do período de prisão provisória, para fins
de substituição da pena corporal por restritivas de direitos, inexiste no ordenamento
jurídico pátrio qualquer previsão de aplicação da detração para fins diversos daqueles
expressamente definidos no art. 387, § 2º, do CPP, isto é, os atrelados à possibilidade
de abrandamento do regime inicial de resgate da reprimenda. (AgRg no AREsp
2.123.235/RJ)

Em que pese tal constatação, a FGV deveria ter dado mais informações no enunciado
capazes de excluir o decidem do HC nº 178.894-RS, julgado em 13/11/2012, porquanto
é possível que haja detração em processos criminais distintos se a prisão cautelar foi
posterior ao crime pelo qual a pessoa foi condenada. Veja, por esta falta de
especificidade no enunciado, casado com a afirmação C, questão PASSÍVEL DE
ANULAÇÃO.

(D) INCORRETA.
A orientação jurisprudencial desta Suprema Corte é no sentido de que a detração da
pena privativa de liberdade não abrange o cumprimento de medidas cautelares diversas
da prisão por falta de previsão legal. (STF. 1ª Turma. HC 205.740/SC AgR, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 22/04/2022)

(E) INCORRETA.

É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de recolhimento noturno,


aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico,
com o tempo de pena efetivamente cumprido, para detração da pena. (STJ. 3ª Seção.
HC 455097/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021)

_______________________________________________________________________

48. Lucas subtraiu para si uma bicicleta infantil que se encontrava no interior de uma
residência familiar às 22h, momento em que os moradores estavam acordados. Para ter
acesso ao bem furtado, Lucas pulou o muro da residência.

Diante da situação narrada, é CORRETO afirmar que:

(A) para a incidência da qualificadora da escalada é indispensável a realização de exame


pericial, não sendo possível sua substituição;

(B) o fato de os moradores estarem acordados exclui a incidência da majorante relativa


72
à prática do crime de furto no período noturno;

(C) não é possível a aplicação da causa de aumento relativa à prática de furto no período
noturno em concomitância com a qualificadora da escalada;

(D) a escalada e a prática de furto no período noturno são circunstâncias que devem ser
analisadas na terceira etapa da dosimetria penal;

(E) não seria aplicável a causa de aumento relativa ao furto noturno na hipótese em que
a casa estivesse desabitada, por ausência de violação ao bem jurídico tutelado pela
majorante.

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GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Tema tratado no aulão de véspera pelo professor Rafhael Nepomuceno.

(A) INCORRETA.
Em regra, é necessária perícia para comprovar a escalada no caso de furto qualificado
(art. 155, § 4º, II, do CP). Excepcionalmente, a prova pericial será prescindível
(dispensável) se houver nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma
inconteste. (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1895487-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 26/04/2022)

(B) INCORRETA.

São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do crime,
ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência
desabitada ou em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em
situação de repouso. (STJ. 3ª Seção.REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 22/06/2022)

(C) CORRETA.

A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de


furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).

(STJ. 3ª Seção. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
25/05/2022)

(D) INCORRETA.
73
CP - Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código;
em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último,
as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de
aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou
diminua.

(E) INCORRETA.

O STJ tem-se manifestado no sentido da incidência da majorante prevista no art. 155, §


1º, do Código Penal, mesmo na hipótese de furto praticado durante o repouso noturno
em estabelecimento comercial vazio. (STJ. 6ª Turma.AgRg no REsp 1847131/SP, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, DJe 15/5/2020).

_______________________________________________________________________

49. Paulo, policial militar, supondo ter encontrado Cláudio, traficante conhecido na
região e com mandado de prisão em aberto, efetua a prisão de desconhecido irmão
gêmeo univitelino de Cláudio, com restrição de liberdade do irmão gêmeo por tempo
considerável.
Diante da situação narrada, a responsabilidade penal de Paulo é afastada por:

(A) ausência de tipicidade, ante a inexistência de elemento objetivo do tipo;

(B) ausência de tipicidade, ante a inexistência de elemento subjetivo do tipo;

(C) ausência de ilicitude, pelo estrito cumprimento do dever legal putativo;

(D) ausência de culpabilidade, pela inexigibilidade de conduta diversa;

(E) ausência de culpabilidade, por erro de proibição.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Os elementos objetivos do tipo são aqueles relacionados aos aspectos materiais e


normativos. Dividem-se em elementos objetivos descritivos e elementos objetivos
normativos.

(B) CORRETA.
74
Diz respeito à intenção, objetivo, finalidade do agente. Análise da esfera anímica ou
psicológica do agente.

(C) INCORRETA.

O estrito cumprimento do dever legal putativo, ocorre quando por erro justificável,
existe a suposição de situação de dever legal. É a prática putativa de uma conduta
determinada pela lei (que deve ser entendida em seu sentido amplo, englobando,
portanto, lei em sentido estrito, atos administrativos emitidos em estrita
correspondência à lei, cumprimento de decisões judiciais, etc.), tornando lícito um fato
típico.

(D) INCORRETA.

A inexigibilidade de conduta diversa é uma causa geral de exclusão de culpabilidade


fundada na não censurabilidade de uma conduta, quando era inexigível, em
determinadas circunstâncias e com base nos padrões sociais vigentes, diferente ação ou
omissão do agente.

(E) INCORRETA.
O erro de proibição pode ser definido como a falsa percepção do agente acerca do
caráter ilícito do fato típico por ele praticado - que valora, equivocadamente, acerca da
reprovabilidade de sua conduta. O agente conhece a existência da lei penal, mas
desconhece ou interpreta mal o seu conteúdo.

_______________________________________________________________________

50. Tomás, 21 anos, no momento em que fazia uso de um pino de cocaína, foi
abordado por Agostinho, policial militar. Surpreendido e com receio de ser
repreendido por seus pais, ofereceu cinco mil reais ao policial para que não fosse
preso.

Diante dessa hipótese, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


é CORRETO afirmar que:

(A) não se identifica a prática do crime de corrupção ativa por Tomás, em razão da
impossibilidade de prisão em flagrante pelo uso de substância entorpecente;

(B) o crime de corrupção ativa será consumado no momento da aceitação da oferta por
parte de Agostinho. Em caso de recusa do policial, haverá mera tentativa;

(C) Agostinho somente poderia conduzir Tomás à Delegacia de Polícia pelo flagrante
relativo ao crime de corrupção ativa, uma vez que não há crime de uso de substância
entorpecente;
75
(D) ao contrário do crime de corrupção ativa cometido por Tomás, que é formal, o crime
de corrupção passiva exige para a consumação o efetivo recebimento da vantagem, para
si ou para outrem;

(E) Tomás praticou o crime de corrupção ativa ao oferecer o dinheiro a Agostinho para
determiná-lo a omitir ou retardar ato de ofício relacionado com o cometimento do crime
de posse de drogas para uso próprio.

_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Vide comentário das alternativas B e C.

(B) INCORRETA.

Para a configuração do delito de corrupção ativa, basta o oferecimento da vantagem


indevida, independentemente de a oferta ser aceita; se o servidor efetivamente deixar
de cumprir o seu dever, incidirá o aumento de pena previsto no parágrafo único do
artigo 333 do Código Penal. (AREsp 2.007.599)

(C) INCORRETA.

A posse de drogas para consumo próprio, de que trata o artigo 28 da Lei 11.343/2006,
apesar de não ser punível com prisão, é crime e, por essa razão, é obrigação do policial
conduzir o autor do fato ao juízo competente ou à delegacia, para registro do termo
circunstanciado. (AREsp 2.007.599)

(D) INCORRETA.

No delito de corrupção passiva (art. 317 do CP) a percepção dos valores exigidos é mero
exaurimento do delito. (EDcl no AgRg no RHC 123.419/DF)

(E) CORRETA.

Corrupção ativa. Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário


público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

_______________________________________________________________________

DIREITO PROCESSUAL PENAL 76


51. Tício e Mévio foram presos em flagrante delito pela prática de crime de roubo
ocorrido a bordo de aeronave pousada na pista do Aeroporto Internacional do
Recife/Guararapes – Gilberto Freyre. O crime consistiu na subtração, mediante grave
ameaça, de numerário pertencente ao Banco do Brasil e sob guarda de empresa
transportadora de valores.

Diante da hipótese narrada, é correto afirmar que a competência será da:

(A) justiça federal, tendo em conta que a vítima é o Banco do Brasil, sociedade de
economia mista federal;

(B) justiça federal, tendo em conta que o crime foi cometido a bordo de aeronave, ainda
que em solo;

(C) justiça estadual, tendo em conta que o Banco do Brasil é sociedade de economia
mista e não atrai a competência especializada;

(D) justiça estadual, tendo em conta que não há interesse da União pelo fato de a
aeronave estar em terra;

(E) justiça estadual, tendo em conta que, embora praticado a bordo de aeronave, não
há elemento que indique internacionalidade.
_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de paciente condenado por roubo e


formação de quadrilha em continuidade delitiva (arts. 288 e 157, § 2º, I e II, ambos do
CP). Alega o impetrante a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o
crime, visto que, apesar de o roubo dos malotes (com mais de R$ 4 milhões) ter ocorrido
a bordo de aeronave, deu-se em solo (aeroporto) contra a transportadora, sendo a
vítima o banco, que possui capital privado e público; nessas circunstâncias, não
deslocaria a competência para a Justiça Federal. Para o Min. Relator, não há falar em
qualidade da empresa lesada diante do entendimento jurisprudencial e do disposto no
art. 109, IX, da CF/1988, que afirmam a competência dos juízes federais para processar
e julgar os delitos cometidos a bordo de aeronaves, independentemente de elas se
encontrarem no solo. Com esse entendimento, a Turma denegou a ordem. Precedentes
citados do STF: RHC 86.998-SP, DJ 27/4/2007; do STJ: HC 40.913-SP, DJ 15/8/2005, e HC
6.083-SP, DJ 18/5/1998. HC 108.478-SP, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu
(Desembargador convocado do TJ-RJ), julgado em 22/2/2011.
_______________________________________________________________________
77
52. Sócrates, magistrado estadual, está sendo investigado no âmbito de inquérito
policial. Contudo, alega a existência de vício procedimental, com base em lei
complementar estadual, que estabelece a necessidade de prévia autorização do órgão
colegiado do tribunal competente para prosseguir com investigações que objetivam
apurar suposta prática de crime cometido por magistrado, o que não ocorreu.

Diante do caso, tendo como base a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é


CORRETO afirmar que:

(A) assiste razão a Sócrates, já que a autorização prévia do tribunal competente é


exigência para a regularidade formal da investigação e também é exigida no âmbito da
LC nº 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN);

(B) assiste razão a Sócrates, pois há vício procedimental uma vez que a LC nº 35/1979
(Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN) exige autorização para
prosseguimento das investigações, embora a lei estadual seja eivada de
inconstitucionalidade formal;

(C) não assiste razão a Sócrates, pois a norma estadual é inconstitucional por vício de
competência e por promover indevida inovação, ofendendo o princípio da isonomia;
(D) não assiste razão a Sócrates, pois não há utilidade no reconhecimento de nulidade
na fase de inquérito, devendo a autorização para investigação ser aferida apenas em
caso de denúncia;

(E) não assiste razão a Sócrates, pois a norma estadual é inconstitucional formal e
materialmente, não havendo qualquer necessidade de remessa dos autos ao tribunal.

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GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Direito Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei de organização


judiciária estadual. Autorização para prosseguimento de investigações contra
magistrado.
1. Ação direta de inconstitucionalidade que tem por objeto o art. 90, § 1º, da Lei
Complementar nº 59 /2001 do Estado de Minas Gerais, que prevê a necessidade de
autorização de órgão colegiado do Tribunal de Justiça para prosseguimento das
investigações contra magistrado.
2. Cabe a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal disciplinar as 78
matérias institucionais relativas à magistratura nacional (art. 93 da Constituição
Federal).
3. O dispositivo impugnado é formalmente inconstitucional ao instituir prerrogativa não
prevista na Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Tal norma determina, nas
investigações contra magistrado, a remessa do inquérito ao Tribunal ou órgão
competente, mas não condiciona o prosseguimento à autorização do órgão colegiado.
4. A norma questionada é materialmente inconstitucional por violação ao princípio da
isonomia, já que confere garantia mais extensa aos magistrados mineiros do que a
prevista para os demais membros da magistratura e autoridades com foro por
prerrogativa de função.
5. Há relevante distinção entre o presente caso e o que decidido na ADI 7083, Rel. Min.
Cármen Lúcia. Em tal oportunidade, esta Corte destacou que “a mesma razão jurídica
apontada para justificar a necessidade de supervisão judicial dos atos investigatórios de
autoridades com prerrogativa de foro neste Supremo Tribunal Federal aplica-se às
autoridades com prerrogativa de foro em outros Tribunais”. No entanto, o Regimento
Interno do STF não exige que o prosseguimento da investigação seja autorizado por
órgão colegiado, bastando que o relator decida a respeito. Na mesma linha, dispôs o
Regimento Interno do TJAP, cuja constitucionalidade fora afirmada em tal precedente.
6. Ação direta cujo pedido se julga parcialmente procedente, para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “na primeira sessão”, do art. 90, § 1º, da Lei
Complementar nº 59/2001 do Estado de Minas Gerais, e atribuir interpretação
conforme à Constituição à expressão “órgão competente do Tribunal de Justiça”,
prevista no mesmo dispositivo, a fim de estabelecer que caberá ao relator autorizar o
prosseguimento das investigações.
STF. Plenário. ADI 5331/MG, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 3/6/2022 (Info 1057).
_______________________________________________________________________

53. De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores,


quanto aos recursos e às ações autônomas de impugnação, é CORRETO afirmar que:

(A) admite-se mandado de segurança para atribuir efeito suspensivo ao recurso em


sentido estrito desprovido deste efeito interposto pelo Ministério Público;

(B) impetrado habeas corpus por outra pessoa em favor do paciente, se este se opuser
e desautorizar o pedido, o habeas corpus não será conhecido;

(C) fará jus à indenização, na ação de revisão criminal, o condenado quando o erro ou a
injustiça da condenação resultar da ocultação de provas em seu poder;

(D) poderá o Ministério Público, como fiscal da lei, ajuizar ação de revisão criminal a
favor ou contra o condenado;
79
(E) admite-se habeas corpus para o trancamento de ação de improbidade
administrativa.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Súmula 604 do STJ: Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
(B) CORRETA.

Não se deve conhecer do pedido de habeas corpus quando este, ajuizado


originariamente perante o Supremo Tribunal Federal, e desautorizado pelo próprio
paciente (RISTF, art. 192, parágrafo único).
(STF - HC: 91433 DF, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 30/05/2007,
Data de Publicação: DJ 13/06/2007 PP-00028)
(C) INCORRETA.
CPP, Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.

§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a
condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o
Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio
impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
(D) INCORRETA.

CPP, Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

(E) INCORRETA.

Não existe qualquer sanção de improbidade administrativa que importe em restrição à


liberdade de locomoção, sendo, portanto, incabível habeas corpus na espécie. Vejamos:

Lei 8.429/92 - Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano 80


patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze)
anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos;

II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do
dano e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12 (doze)
anos;

III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro)
vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o
poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;

_______________________________________________________________________

54. Quanto à teoria geral dos recursos e os recursos em espécie no processo penal,
segundo a doutrina e a jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores, admite-se:

(A) o recurso do assistente se o Ministério Público tiver interposto um recurso total;

(B) o efeito devolutivo dos recursos quando da apresentação das razões recursais;

(C) a reformatio in pejus se o condenado tiver recorrido de todo o conteúdo impugnável


da sentença;

(D) a medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso em sentido estrito desprovido
originariamente deste efeito;

(E) a interposição de recurso em sentido estrito pelo ofendido não habilitado como
assistente se o Ministério Público não recorrer da decisão.

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GABARITO: D 81
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO.

OBS: Questão bastante mal formulada, em que os conceitos são tratados de forma
incompleta e com imprecisão. Vislumbramos 3 itens corretos. A questão precisa ser
anulada.

(A) INCORRETA.

Entende-se majoritariamente que a legitimidade recursal do assistente de acusação é


subsidiária/supletiva, ou seja, somente irá interpor recurso quando o MP não o fizer.
Dessa forma, se o MP apresenta recurso total, não cabe recurso do assistente de
acusação.
CPP, Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas
às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os
recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584,
§ 1º, e 598.
(B) INCORRETA.
Apesar de o item ter sido considerado incorreto, a doutrina majoritária (por todos,
Renato Brasileiro) entende que o efeito devolutivo dos recursos pode ser delimitado em
dois momentos: tanto na petição de interposição e nas razões recursais. Afirma o autor:
a) Recurso de fundamentação livre: na eventualidade de o recorrente não delimitar a
matéria impugnada em sua petição de interposição, há quem entenda que se devolve
ao juízo ad quem o conhecimento integral da matéria que gerou a sucumbência, sendo
vedado à parte querer reduzi-la por ocasião da apresentação das razões recursais. Com
a devida vênia, partilhamos do entendimento de que o recorrente tem duas
oportunidades para delimitar a matéria impugnada: primeiro, por ocasião da
interposição; segundo, ao apresentar as respectivas razões recursais. Logo, se não o fez
no primeiro momento, é plenamente válido que o faça no segundo. Ora, considerando-
se a função precípua das razões recursais de cumprir o requisito formal de apresentação
da insurgência recursal, seria no mínimo desarrazoado concluir-se que o recorrente não
poderia delimitar a matéria impugnada por ocasião de sua apresentação." Essa
discussão não é meramente acadêmica. Tem fundamental importância para
verificarmos uma possível violação à regra do tantum devolutum quantum appelatum e
ao princípio da non reformatio in pejus (CPP, art. 617). Vejamos um exemplo: suponha-
se que o Ministério Público tenha interposto apelação contra sentença condenatória
pela prática do crime de tráfico de drogas. O termo de interposição da apelação foi
omisso quanto à parte do julgado contra a qual o Ministério Público se insurgia, porém
constou das razões do apelo exclusivamente o pedido para que fosse denegada a
82
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Nesse caso,
firmada a premissa de que as razões recursais também podem delimitar a matéria
impugnada, é de todo evidente que, no exemplo dado, o juízo ad quem jamais poderia
dar provimento ao recurso para majorar a pena do acusado, alterar o regime inicial de
cumprimento da pena, etc., sob pena de evidente reformatio in pejus;
Referência: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 8. ed.
Salvador: Ed. Juspodivm, 2020.
(C) INCORRETA.

Como é sabido, se somente o acusado recorreu, sua situação jurídica não pode ser
prejudicada, sob pena de ofensa ao princípio da non reformatio in pejus (direta ou
indireta). De toda sorte, a questão não deixa claro se o recurso é ou não exclusivo da
defesa, ou seja, não existe clareza no enunciado.
(D) CORRETA.

Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “[p]ode ser conferido efeito


suspensivo a qualquer recurso que não o tenha, desde que de forma fundamentada,
como feito na Corte de origem ao acolher Medida Cautelar para dar efeito suspensivo
a Agravo em Execução, no qual o Parquet busca a manutenção de preso em Presídio
Federal. Precedentes desta Turma: HC 309.390/RR, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJe
10/5/2016 e HC 397.665/AM, Rel. Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, DJe
1º/12/2017” (HC n. 577.558/RS, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, 5ª T., DJe 9/6/2020).
(E) CORRETA.

A legitimidade do assistente de acusação ocorre nas seguintes hipóteses:


- Apelar da sentença com fundamento no art. 598 do CPP;
- Apelar da decisão de impronúncia com fundamento no art. 584, §1º, c/c art. 416 e 598
do CPP
- Recorrer em sentido estrito da decisão que julgar extinta a punibilidade pela prescrição
ou outra causa, com base no art. 584, §1º, c/c e 598 do CPP
- Recorrer extraordinariamente nos casos em que ele poderia recorrer da decisão do juiz
singular, de acordo com a súmula 210 do STF, o que tem sido interpretado
extensivamente em relação ao Recurso Especial. (Súmula 210 do STF: "O assistente do
Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos
casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Código de Processo Penal").
Além dessas, existem outras possibilidades discutidas na doutrina. Essas são as
uníssonas.
A doutrina entende majoritariamente que é desnecessária habilitação prévia do
assistente de acusação, servindo a própria interposição como pedido implícito de 83
habilitação (por todos, Renato Brasileiro, Norberto Avena, Fabio Roque e Klaus Negri
Costa). Sendo assim, a questão está incorreta.
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55. Em relação à utilização de registros de geolocalização como ferramenta informativo-


probatória, por se referirem a dados relacionados à identificação de usuários que
operaram em área delimitada e por intervalo de tempo determinado, tal situação
configura:

(A) quebra de sigilo telemático;

(B) quebra de fluxo de comunicações de dados;

(C) quebra de sigilo de dados informáticos estáticos;

(D) interceptação de sigilo de dados;

(E) interceptação de comunicações telefônicas.

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GABARITO: C

COMENTÁRIOS
A determinação judicial de quebra de sigilo de dados informáticos estáticos (registros),
relacionados à identificação de usuários que operaram em determinada área geográfica,
suficientemente fundamentada, não ofende a proteção constitucional à privacidade e à
intimidade.
A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar
previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo
dessa medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do
terminal utilizado.
Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de
pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida
desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não
impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente
atingidos por tal diligência.
STJ. 3ª Seção. RMS 61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020
(Info 678).
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56. João foi vítima de tentativa de estelionato e procurou a Delegacia de Polícia de Serra
Talhada/PE, cidade em que reside e na qual se encontra sua agência bancária. Narrou
que, no dia 15/03/2022, houve a tentativa de compensação de um cheque clonado em 84
sua conta-corrente, que somente não foi pago pela instituição bancária em razão de
insuficiência de fundos. Foi apurado que a cártula fora depositada em agência bancária
localizada na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE.

Diante do caso e em consonância com a legislação e jurisprudência do Superior Tribunal


de Justiça, a competência criminal é de um dos juízos criminais de:

(A) Serra Talhada/PE, já que a competência para julgar o delito de estelionato cometido
por meio de cheque fraudulento é a do local do prejuízo, que ocorre com a autorização
para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima;

(B) Serra Talhada/PE, em razão de modificação legislativa que incluiu regra expressa no
Código de Processo Penal ao prever a competência do local do domicílio da vítima,
quando praticado o estelionato mediante emissão de cheques sem suficiente provisão
de fundos;

(C) Jaboatão dos Guararapes/PE, uma vez que eventual crime de estelionato se consuma
no local e no momento em que o agente obtém vantagem ilícita que, no caso, é a cidade
em que foi feito o depósito;

(D) Jaboatão dos Guararapes/PE, já que as fases do iter criminis se deram nessa cidade,
o que é determinante para a fixação da competência criminal no crime de estelionato;
(E) Jaboatão dos Guararapes/PE, em razão de modificação legislativa que incluiu regra
expressa no Código de Processo Penal ao prever a competência do local do depósito do
título de crédito, quando praticado o estelionato mediante emissão de cheques sem
suficiente provisão de fundos.

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GABARITO: A

COMENTÁRIOS

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATO.


CRIME PRATICADO MEDIANTE CHEQUE FRAUDULENTO. HIPÓTESE NÃO PREVISTA NA LEI
N. 14.155/2021. CONSUMAÇÃO DO CRIME NO LOCAL ONDE A VÍTIMA POSSUI CONTA
BANCÁRIA. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO SUSCITADO.
1. O delito de estelionato, tipificado no art. 171, caput, do Código Penal, consuma-se no
lugar onde aconteceu o efetivo prejuízo à vítima. Por essa razão, a Terceira Seção do
Superior Tribunal de Justiça, no caso específico de estelionato praticado por meio de
depósito em dinheiro ou transferência de valores, firmara a compreensão de que a
competência seria do Juízo onde se auferiu a vantagem ilícita em prejuízo da vítima, ou
seja, o local onde se situava a conta que recebeu os valores depositados. 85
2. A Lei n. 14.155, de 27 de maio de 2021, que incluiu o § 4.º no art. 70 do Código de
Processo Penal, criou hipótese específica de competência no caso de crime de
estelionato praticado mediante depósito, transferência de valores ou cheque sem
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado. Diante da
modificação legislativa, não mais subsiste o entendimento firmado por esta Corte
Superior, devendo ser reconhecida a competência do Juízo do domicílio da vítima.
3. Contudo, a hipótese dos autos, como bem ressaltou o parecer ministerial, não foi
expressamente prevista na nova legislação, visto que não se trata de cheque emitido
sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de
cártula falsa, em prejuízo de correntista. Assim, aplica-se o entendimento pela
competência do Juízo do local do eventual prejuízo, que ocorre com a autorização para
o saque do numerário no local da agência bancária da vítima.
4. Conflito conhecido para declarar competente o JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE
URUPÊS/SP, o Suscitado.
STJ. 3ª Seção. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 182.977 - PR (2021/0307101-9). RELATORA :
MINISTRA LAURITA VAZ. Julgado em 09/03/2022.
_______________________________________________________________________

57. Luigi e Mário foram denunciados pelo crime de furto qualificado pelo concurso de
agentes. Recebida a denúncia, foi determinada pelo juiz a citação dos acusados, tendo
Luigi sido localizado na Itália, em lugar sabido, e expedida carta rogatória para a sua
citação, e Mário citado por edital, não tendo este comparecido nem constituído
advogado.

Quanto à situação dos cursos do processo e do prazo prescricional em relação aos


acusados, é CORRETO afirmar que:

(A) os cursos do processo e do prazo prescricional serão suspensos em relação a Mário


e o curso da prescrição será suspenso em relação a Luigi até o cumprimento da
rogatória;

(B) os cursos do processo e do prazo prescricional serão suspensos em relação a Mário


e Luigi;

(C) o curso da prescrição será suspenso em relação a Mário e o curso do processo será
suspenso em relação a Luigi até o cumprimento da rogatória;

(D) o curso do processo será suspenso em relação a Mário e Luigi, mas o curso do prazo
prescricional será interrompido somente em relação a Mário;

(E) o curso do processo será suspenso em relação a Luigi até o cumprimento da rogatória
e o curso da prescrição será interrompido em relação a Mário.

_______________________________________________________________________ 86
GABARITO: A

COMENTÁRIOS

CPP, Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.
STJ: O art. 368, do CPP, embora seja claro ao estabelecer a suspensão do prazo
prescricional pela expedição de carta rogatória para citação do acusado no exterior, não
é preciso quanto ao termo final da referida suspensão, devendo ser interpretado de
forma sistemática, com o art. 798, § 5º, “a”, do CPP, bem como com a Súmula 710, do
STF, voltando a correr o lapso prescricional da data da efetivação da comunicação
processual no estrangeiro, ainda que haja demora para a juntada da carta rogatória
cumprida aos autos. STJ. 5ª Turma. RECURSO ESPECIAL Nº 1.882.330 - PR
(2020/0161752-4). RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS. Julgado em 6 de abril de
2021.
CPP, Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
_______________________________________________________________________

58. Relativamente ao inquérito policial e às diligências neste levadas a efeito, é CORRETO


afirmar que:

(A) na busca domiciliar fundada em ordem judicial, quando encontrada a arma objeto
do crime de roubo, a não especificação no mandado judicial para a busca pessoal
impedirá a realização desta;

(B) o delegado de polícia, apurando crime de extorsão mediante sequestro, necessita de


prévia autorização judicial para requisitar, de quaisquer órgãos do poder público, dados
e informações cadastrais dos suspeitos;

(C) após representação do delegado de polícia, nos crimes relacionados ao tráfico de


pessoas, sobre a disponibilização dos meios técnicos que permitam a localização da
vítima, se não houver manifestação judicial no prazo de doze horas, poderá aquele
proceder às requisições, comunicando-se imediatamente ao juiz;

(D) nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o delegado de polícia poderá


requisitar, independentemente de autorização judicial, às empresas prestadoras de
serviço de telecomunicações que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados que permitam a localização dos suspeitos;

(E) dar-se-á prioridade à realização de exame de corpo de delito, na fase do inquérito 87


policial, quando se tratar de crime que envolva criança ou adolescente, idoso, pessoa
com deficiência, indígena ou gestante.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

CPP, Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
determinada no curso de busca domiciliar.
(B) INCORRETA.

Lei 12.830/13 - Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais


exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de
Estado.
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da
investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em
lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria
das infrações penais.
§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de
perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
(C) CORRETA.

CPP, Art. 13-B. (...) Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao
tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso.
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade
competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
(D) INCORRETA. 88
Vide comentário da alternativa C.

(E) INCORRETA.

Indígenas e gestantes não estão incluídos na previsão.


Art. 158. (...)
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.”
_______________________________________________________________________

59. José cumpre pena pelo crime de roubo em regime fechado na cidade de Recife/PE.
Sua família, contudo, reside em Petrolina/PE, razão pela qual sua defesa requer a
transferência para estabelecimento prisional localizado nessa cidade, a fim de contribuir
com o processo de ressocialização do apenado.

Diante do caso apresentado, é CORRETO afirmar que:

(A) é direito subjetivo de José ser transferido para Petrolina/PE sendo imperativa a
viabilização de sua transferência pelo juízo de execução penal;
(B) a existência de vagas no estabelecimento de Petrolina/PE, torna absoluto o direito
de José de ser transferido para perto de sua família;

(C) a transferência de José independe de prévia consulta ao juízo da localidade de


Petrolina/PE, sendo suficiente a comunicação prévia da ordem de transferência;

(D) a transferência de José para Petrolina/PE dependerá da conveniência da


Administração e pode ser negada por decisão fundamentada do juízo da execução
penal;

(E) a transferência de José para Petrolina/PE somente pode ser negada em caso de o
apenado estar em regime disciplinar diferenciado ou de inexistência de vagas em
estabelecimento prisional.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. WRIT SUCEDÂNEO DE


RECURSO OU REVISÃO CRIMINAL. TRANSFERÊNCIA PARA PENITENCIÁRIA PRÓXIMA A
FAMÍLIA DO PRESO. AUSÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO ABSOLUTO. FUNDAMENTAÇÃO 89
IDÔNEA. MANIFESTA ILEGALIDE OU TERATOLOGIA NÃO IDENTIFICADAS. 1. Não
obstante a possibilidade de execução da pena privativa de liberdade em Unidade
Federativa diversa da qual aplicada a pena (art. 86 da LEP), na linha da orientação
jurisprudencial desta Suprema Corte, o apenado não tem direito subjetivo absoluto à
transferência para estabelecimento penal de sua preferência. Precedente. 2. Afastada a
plausibilidade jurídica do pleito defensivo forte na ausência de estabelecimento
prisional adequado ao regime semiaberto no local pretendido pelo paciente e na
incompatibilidade da progressão de regime per saltum. 3. Agravo regimental conhecido
e não provido. (HC 212543 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
11/04/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-072 DIVULG 12-04-2022 PUBLIC 18-04-2022)
Direito processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Execução penal.
Transferência de preso. Sistema penitenciário federal. Jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal. Ausência de ilegalidade flagrante ou abuso de poder. 1. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) é no sentido de que o condenado não
tem direito subjetivo de cumprir pena em estabelecimento prisional de sua preferência,
estando a remoção condicionada à observância de “critérios fundados em razões de
segurança prisional e de preservação da ordem pública” (HC 88.508-AgR, Rel. Min. Celso
de Mello). Ainda nessa linha: HC 89.597, Rel. Min. Joaquim Barbosa. 2. O STF já decidiu
que “a via processualmente contida do habeas corpus não permite uma ampla incursão
nos dados empíricos que embasaram a transferência do paciente para uma Unidade
Prisional com melhores condições de abrigar prisioneiros de ‘alta periculosidade’” (HC
101.540, Rel. Min. Ayres Britto). 3. Paciente que “mantém posição de destaque em
célula da organização criminosa ‘OS MANOS’ e, utilizando-se dessa influência e de
comunicação via telefone celular, passou a formatar uma rede de tráfico de drogas,
recrutando e comandando indivíduos, atuando nas regiões do Vale dos Sinos e Vale do
Paranhana, mais notadamente nas cidades de Rolante/RS e Portão/RS. Para manter a
hegemonia do narcotráfico nas suas regiões de domínio, (…) determina a execução de
devedores e desafetos’”. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (HC 209757
AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 28/03/2022,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-061 DIVULG 30-03-2022 PUBLIC 31-03-2022)
_______________________________________________________________________

60. No tocante ao sequestro de bens, é CORRETO afirmar que:

(A) poderá o juiz decretar o sequestro abrangendo bens ou valores equivalentes ao


produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados no patrimônio do
investigado ou acusado;

(B) poderá o juiz decretar o sequestro alargado nas infrações penais às quais a lei comine
pena máxima superior a quatro anos;

(C) será o sequestro levantado se a ação penal não for intentada no prazo de trinta dias,
contado da data em que ficar concluída a diligência;
90
(D) bastará para a decretação do sequestro a existência de indícios veementes da
proveniência ilícita dos bens, se estes não tiverem sido transferidos a terceiros;

(E) será o sequestro levantado se o acusado for absolvido, mesmo antes do trânsito em
julgado da sentença absolutória.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

CPP, Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
CPP, Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens.
CPP, Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido,
ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
CPP, Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as condições
previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste
Livro.
(B) INCORRETA.

A hipótese se chama “confisco alargado”.


Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou
proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio
do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
(C) INCORRETA.

CPP, Art. 131. O seqüestro será levantado:


I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que
ficar concluída a diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure
a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em
julgado.
(D) INCORRETA.
91
CPP, Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
(E) INCORRETA.

CPP, Art. 131. O seqüestro será levantado:


I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que
ficar concluída a diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure
a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em
julgado.
_______________________________________________________________________

DIREITO CONSTITUCIONAL

61. João, servidor público do Estado Gama, deseja requerer a aposentadoria especial,
em razão do exercício de atividade em condições de insalubridade, mas descobre a
ausência de norma regulamentadora em seu Estado.
Diante do exposto, é CORRETO afirmar que João:

(A) poderá impetrar mandado de injunção, não podendo ser conferida eficácia ultra
partes ou erga omnes à decisão que conceder a injunção, mesmo quando indispensável
ao exercício do direito objeto da impetração;

(B) não poderá impetrar mandado de injunção, pois a Constituição garante o direito à
aposentadoria especial a todos aqueles servidores que exercem atividade em condição
insalubre, independentemente de norma regulamentadora pelo Estado Gama;

(C) poderá impetrar mandado de injunção, podendo o Poder Judiciário estabelecer as


condições em que se dará o exercício do direito, uma vez reconhecida e não suprida a
mora legislativa, no prazo determinado, pelo Estado Gama;

(D) poderá impetrar mandado de injunção, podendo o Poder Judiciário apenas


reconhecer a mora legislativa e fixar prazo para edição da norma, sem estabelecer as
condições em que se dará o exercício do direito, já que impedido de atuar como
legislador positivo;

(E) não poderá impetrar mandado de injunção, pois será necessário o ajuizamento de
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão para que o Poder Judiciário defina as
condições em que se dará o exercício do direito, em razão da mora legislativa do Estado
Gama. 92
_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

A Lei 13.300 de 2016 regulamenta o inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal. Nos
termos do art. 2º da referida Lei, “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania.”

Diante da ausência de norma regulamentadora no Estado, cabível a impetração de


mandado de injunção, acrescentando-se que, na forma do art. 8º, II, da mesma Lei, não
suprida a mora, será deferida a injunção, podendo o Poder Público estabelecer as
condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamados.

Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma


regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou
das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora
legislativa no prazo determinado.

_______________________________________________________________________

62. A Lei Orgânica do Município Beta foi alterada por duas emendas de iniciativa
parlamentar. A Emenda número 1 definiu nova hipótese de crime de responsabilidade
praticado pelo chefe do Poder Executivo municipal, e a Emenda número 2 garantiu a
prerrogativa de foro aos vereadores eleitos.

Diante do exposto e a respeito da repartição de competências legislativas, é CORRETO


afirmar, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, que:

(A) a Emenda à Lei Orgânica número 1 é constitucional, pois compete ao ente municipal
legislar sobre crime de responsabilidade praticado pelo chefe do Poder Executivo
municipal;

(B) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é inconstitucional, pois embora seja da


competência do ente municipal legislar sobre a prerrogativa de foro dos vereadores, a
iniciativa para apresentar o projeto é exclusiva do prefeito;

(C) a Emenda à Lei Orgânica número 1 é inconstitucional, pois compete privativamente 93


à União legislar sobre crime de responsabilidade praticado pelos chefes do Poder
Executivo da União, dos Estados e dos Municípios;

(D) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é constitucional, pois o foro por prerrogativa de
função de vereadores é autorizado em razão do princípio da simetria;

(E) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é inconstitucional, pois compete aos Estados, nas
respectivas Constituições, instituir a prerrogativa de foro aos vereadores eleitos.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

De acordo com o art. 22, I, da Constituição Federal, é de competência legislativa


privativa da União legislar sobre Direito Penal, não sendo possível ao Município legislar
sobre crimes de responsabilidade.

Neste sentido: Súmula Vinculante nº 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o


estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência
legislativa privativa da União.
Norma do Piauí que previa prerrogativa de foro a vice-prefeitos e vereadores nos casos
de cometimento de crimes comuns e de responsabilidade é inconstitucional (ADI 6842,
julgada em 2021).

A jurisprudência prevalecente neste Supremo Tribunal é contrária à extensão


discricionária do rol de autoridades detentoras do foro por prerrogativa de função, em
afronta aos princípios constitucionais da simetria, da isonomia e do juiz natural.

_______________________________________________________________________

63. Estudiosos do sistema político brasileiro travaram intenso debate a respeito da


denominada “cláusula de barreira ou de desempenho”, prevista na Constituição da
República de 1988, a ser aplicada aos partidos políticos, e de sua correlação com a figura
da federação de partidos. Pedro entende que essa cláusula somente será tendida com
a obtenção, pelo partido político, de um percentual mínimo de votos válidos nas eleições
para a Câmara dos Deputados, distribuído em pelo menos um terço das unidades da
federação brasileira, com um percentual mínimo dos votos válidos em cada uma, não
sendo influenciada pelo instituto da federação partidária. Antônio, por sua vez, entende
que o referido percentual de votos válidos deve ser distribuído por, no mínimo, três
quintos da federação, além de ser exigida a eleição de um número mínimo de deputados
federais, acrescendo, ainda, que a federação de partidos permitiria a soma desses
indicadores para fins de avaliação de desempenho e, em consequência, para a 94
incidência, ou não, da cláusula de barreira. O debate ainda contou com a participação
de Ana, que concordava, em parte, com ambos: com Pedro, em relação ao percentual
mínimo de votos válidos e à forma de distribuição, e com Antônio no que diz respeito à
exigência de que o partido ainda elegesse um número mínimo de deputados, mas tinha
posição singular em relação à federação de partidos, entendendo que a soma, ou não,
dos indicadores de cada partido político que a integra levaria em consideração o
disposto no estatuto da federação.

À luz da sistemática afeta à matéria, é CORRETO afirmar que:

(A) Ana está totalmente certa;

(B) Pedro está totalmente certo;

(C) Antônio está totalmente certo;

(D) Pedro, Antônio e Ana estão parcialmente certos;

(E) Pedro e Ana estão parcialmente certos, e Antônio está totalmente errado.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS
Tema tratado no aulão de véspera pelo professor Arnaldo Bruno Oliveira, onde foram
revisadas informações suficientes para o acerto da questão. Tanto no aspecto
constitucional e exigências de quóruns, quanto no aspecto infraconstitucional das
federações em seus artigos pertinentes. A resposta como D para essa questão já havia
sido divulgada no insta do Mege.

OBSERVAÇÃO: a fala sobre Pedro não ficou 100% clara. É perceptível compreender o
que o examinador quis, mas não podemos fechar aos olhos que há uma forma de
interpretar em que a 2ª parte da fala pode ser tido como correta. Ao ler o enunciado,
de imediato pudemos perceber essa imprecisão no tocante ao trecho “não sendo
influenciada pelo instituto da federação partidária”. O examinador deveria ter sido mais
claro que esse partido é analisado sob a ótica de integrar uma federação; pois, de forma
isolada, o instituto da federação partidária em nada afetou a exigência dos paridos “não-
federados” (isolados) de também precisaram cumprir os requisitos mínimos de ordem
constitucional. Disse menos do que deveria nesse trecho, o que deu margem para
confusão em alguns candidatos. Por outro lado, quem acertou ao dizer que Pedro estava
parcialmente certo, compreendeu que o partido ali tratado era analisado dentro de um
contexto de já integrar uma federação. Quanto ao assunto, não há maior polêmica nesse
viés.
95
Depois dessa longa explicação, acredito que o enunciado foi impreciso e afetou a
compreensão sobre a 2ª parte da fala de Pedro, o que daria margem para letra B.

Ainda assim, não há dúvida que a mais segura a ser marcada em prova, como
antecipamos, seria realmente a letra D. Com o discurso de todos entendido como
parcialmente correto.

Acredito em anulação!? Não! Mas, para quem errou essa, vale a tentativa.

Sobre o conteúdo em si para revisão:

A cláusula de barreira (ou de desempenho) aprovada na Emenda Constitucional nº


97/2017, limita o acesso dos partidos políticos ao fundo partidário e ao programa
gratuito de rádio e televisão, em virtude do percentual de votos mínimos recebidos nas
eleições proporcionais à Câmara dos Deputados, ou, alternativamente, a eleição de 15
deputados federais distribuídos em um terço dos Estados.

Trata-se de previsão contida no art. 17, §3º, da Constituição Federal:

Art. 17, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo


partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
lei, os partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou

II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais


distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação.

Em relação à federação partidária, devemos atentar para o art.


11-A, caput e §8º, da Lei 9096 de 1995:

Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em


federação, a qual, após sua constituição e respectivo registro
perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como se fosse uma
única agremiação partidária. (Incluído pela Lei nº 14.208, de
2021)

§ 8º Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que


regem as atividades dos partidos políticos no que diz respeito às
eleições, inclusive no que se refere à escolha e registro de
candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à 96
arrecadação e aplicação de recursos em campanhas eleitorais, à
propaganda eleitoral, à contagem de votos, à obtenção de
cadeiras, à prestação de contas e à convocação de
suplentes. (Incluído pela Lei nº 14.208, de 2021)

Diante dessas disposições constitucionais e legais, Pedro, Antônio e Ana estão


parcialmente certos em suas afirmações.

Destacamos e lemos juntos todos esses artigos no aulão de véspera (enviados também
por slides).

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64. Em razão de notícias de irregularidades detectadas na implementação de certas


políticas públicas pela Administração Pública direta do Estado Alfa, uma comissão
permanente da Assembleia Legislativa deliberou, com base na Constituição Estadual,
pela convocação de determinados agentes públicos, que teriam conhecimento dos
fatos, para que prestassem depoimento. Esses agentes eram os seguintes: (1) o
governador do Estado Alfa; (2) o secretário de Estado de Assistência Social; (3) o
procurador-geral de justiça; e (4) o presidente da autarquia Beta.

À luz da sistemática estabelecida na Constituição da República de 1988, é CORRETO


afirmar que a convocação é:
(A) constitucional em relação a todos os agentes, já que compete à Constituição Estadual
disciplinar a matéria;

(B) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado, que não pode ser
convocado pelo Poder Legislativo;

(C) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado e ao procurador-geral


de justiça, que não estão sujeitos a convocação por comissão permanente;

(D) inconstitucional em relação a todos os agentes, já que a convocação somente pode


ser realizada por comissão parlamentar de inquérito;

(E) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado, ao procurador-geral


de justiça e ao presidente da autarquia Beta, que não estão sujeitos a convocação por
comissão permanente.

_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Previsão contida no art. 50 da Constituição Federal: 97


Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões,
poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações
sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a
ausência sem justificação adequada.

Nos termos do art. 50 da Constituição Federal, as comissões parlamentares a nível


federal podem convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República, de modo que, na esfera estadual,
por repetição obrigatória, também possuem a prerrogativa de convocar secretários de
Estado.

Entretanto, sob pena de violação à separação de poderes e diante da ausência de


previsão constitucional, não podem convocar governadores, membros do Ministério
Público e presidentes de autarquias.

_______________________________________________________________________

65. O Supremo Tribunal Federal (STF), pela escassa maioria de um voto, declarou a
inconstitucionalidade da Lei Estadual nº XX, em sede de controle concentrado de
constitucionalidade, o que gerou grande insatisfação junto a diversos segmentos da
população do Estado Alfa. Sensível a essa insatisfação, um grupo de deputados estaduais
apresentou um projeto de lei de teor idêntico ao referido diploma normativo, o qual
veio a ser aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado, daí surgindo a Lei Estadual
nº YY.

Considerando os efeitos regulares da decisão proferida pelo STF ao declarar a


inconstitucionalidade da Lei Estadual nº XX, é CORRETO afirmar que a Lei Estadual nº YY
é:

(A) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida não obsta que o
legislador edite outro diploma normativo de idêntico teor, salvo se resolução do Senado
Federal atribuísse efeitos erga omnes a essa decisão, o que não ocorreu;

(B) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida não obsta que o
legislador edite outro diploma normativo de idêntico teor, salvo se fosse aprovada
súmula vinculante, o que não ocorreu;

(C) inconstitucional, pois a referida declaração de inconstitucionalidade produz efeitos


vinculantes e erga omnes, o que afasta a possibilidade de ser editada nova lei de idêntico
teor;

(D) inconstitucional, pois o Tribunal não excepcionou a Assembleia Legislativa, de


maneira expressa, do alcance de sua decisão, embora estivesse autorizado a fazê-lo;

(E) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida não obsta que o
legislador edite outro diploma normativo de idêntico teor. 98
_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou


ADPF possuem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102
da CF/88).

O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF
não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido
contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos
normativos.

O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência.


Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de
reversão jurisprudencial.

O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via


legislativa. STF. Plenário. ADI 5105/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/10/2015 (Info
801).
_______________________________________________________________________

66. A Lei Orgânica do Município Alfa estabelece que, no caso de omissão do Poder
Legislativo municipal em julgar as contas do prefeito no prazo previsto, deverá
prevalecer o parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas.

Diante do exposto, é CORRETO afirmar, de acordo com a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal, que a Lei Orgânica do Município Alfa é:

(A) inconstitucional, pois o exercício da competência de julgamento pelo Tribunal de


Contas não fica subordinado ao crivo posterior do Poder Legislativo;

(B) constitucional, pois o Tribunal de Contas exerce auxílio ao Poder Legislativo,


produzindo um parecer técnico de caráter consultivo, que não pode deixar de prevalecer
por decisão do Poder Legislativo;

(C) inconstitucional, pois é incabível o julgamento ficto das contas do prefeito por
decurso do prazo, uma vez que compete, exclusivamente, à Câmara de Vereadores, o
julgamento das referidas contas;

(D) constitucional, pois o Tribunal de Contas é órgão independente e autônomo, sendo


que a fiscalização por ele exercida serve como condição de eficácia do ato, contrato ou
negócio jurídico realizado;
99
(E) inconstitucional, pois a função judicante não foi garantida constitucionalmente ao
Tribunal de Contas, mesmo em relação às contas dos demais administradores e
responsáveis.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

A resposta pode ser extraída das seguintes teses firmadas pela Suprema Corte:

“Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação
das contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas
Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer
prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores”. STF.
Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837).

“Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa,
competindo exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais
do chefe do Poder Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por
decurso de prazo”. STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
_______________________________________________________________________

67. Após ampla mobilização popular, com a realização de inúmeras audiências públicas
no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado Alfa, ocasião em que foram ouvidos
diversos especialistas em urbanismo, meio ambiente e segurança viária, foi editada a Lei
Estadual nº XX. Esse diploma normativo estabeleceu o prazo de dois anos para que todas
as sociedades empresárias em atuação no Estado, que explorassem o serviço de energia
elétrica, promovessem a substituição dos postes de sustentação de energia elétrica por
instalações subterrâneas, ressalvada a demonstração de total impossibilidade fática.

Considerando a divisão constitucional de competências, a Lei Estadual nº XX é


formalmente:

(A) inconstitucional, pois compete privativamente aos Municípios legislar sobre


assuntos de interesse local;

(B) constitucional, pois os Estados possuem competência concorrente com a União para
legislar sobre meio ambiente;

(C) inconstitucional, pois somente a União, no âmbito das normas gerais, e os


Municípios, na esfera local, podem legislar sobre urbanismo;

(D) constitucional, pois a competência concorrente do Estado para legislar sobre


segurança viária permite que suas leis tangenciem a competência de outro ente 100
federativo;

(E) inconstitucional, pois a competência legislativa é influenciada pela natureza da


atividade desempenhada pelas referidas pessoas jurídicas, carecendo o Estado de
competência.

_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Conforme se extrai do art. 22, IV, da Constituição Federal, compete privativamente à


União legislar sobre energia elétrica.

Embora se trate de matéria polêmica, o STF possui entendimento majoritário no sentido


de que a União, por ser titular da prestação do serviço público de energia elétrica (art.
21, XII, “b” e art. 22, IV, da CF/88), detém a prerrogativa constitucional de estabelecer o
regime e as condições da prestação desse serviço por concessionárias, o qual não pode
sofrer ingerência normativa dos demais entes políticos. STF. Plenário. ADI 3763/RS, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info 1012)

_______________________________________________________________________
68. João, servidor público do Município Alfa, ocupante de cargo de provimento efetivo,
teve a sua aposentadoria voluntária deferida pelo órgão municipal competente. Apesar
de o processo administrativo ter sido encaminhado ao Tribunal de Contas, esse órgão
não emitiu qualquer pronunciamento nos cinco anos subsequentes ao ato de
aposentadoria, embora estivesse com os autos há apenas quatro anos.

Considerando os termos dessa narrativa:

(A) o ato de aposentadoria, em razão do decurso de cinco anos desde a sua edição, deve
ser considerado definitivamente registrado;

(B) o Tribunal de Contas pode registrar, ou não, o ato, pois o prazo de cinco anos de que
dispõe deve ser considerado a contar da chegada do respectivo processo;

(C) o Tribunal de Contas, independentemente do lapso temporal transcorrido desde a


edição do ato de aposentadoria de João, deve observar o contraditório e a ampla defesa
para alterá-lo;

(D) o ato de aposentadoria de João tem a natureza de ato complexo, somente


produzindo efeitos no momento em que houver a conjugação de vontades do órgão de
origem e do Tribunal de Contas;

(E) o Tribunal de Contas deve se pronunciar sobre a legalidade, ou não, do ato de


concessão inicial do benefício, independentemente do tempo decorrido desde a sua 101
edição, não se exigindo a observância do contraditório e da ampla defesa.

_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

O Plenário do STF definiu a seguinte tese de repercussão geral (Tema 445): “Os Tribunais
de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato
de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas, em atenção aos princípios da segurança jurídica
e da confiança legítima”. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).

Assim, o prazo de cinco anos de que dispõe deve ser considerado a contar da chegada
do respectivo processo ao Tribunal de Contas.

_______________________________________________________________________
DIREITO ELEITORAL

69. A Justiça Eleitoral atua para garantir o exercício da democracia, cuidando de


estabelecer diretrizes ético-jurídicas para que o processo eleitoral se desenvolva num
clima de tolerância democrática.

Com relação às funções desempenhadas pela Justiça Eleitoral, é CORRETO afirmar que:

(A) a Justiça Eleitoral não desempenha função consultiva;

(B) a função administrativa da Justiça Eleitoral tem por objetivo solucionar o conflito de
interesses em matéria eleitoral;

(C) a consulta prevista no Art. 23, inciso XII, do Código Eleitoral não se restringe à matéria
eleitoral;

(D) a vedação de agir de ofício se aplica aos juízes eleitorais tanto no desempenho da
função jurisdicional quanto no da função administrativa;

(E) no exercício da função normativa, o Tribunal Superior Eleitoral tem competência para
emitir Resoluções e outros atos normativos de caráter genérico em matéria eleitoral.
102
_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

No aulão de véspera comentamos sobre as letras C e D.

(A) INCORRETA.

A Justiça Eleitoral desempenha função consultiva. De acordo com o art. 23, XII do Código
Eleitoral:

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:

XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;

Ainda, no âmbito dos Tribunais Regionais, preceitua o art. 30, VIII do mesmo Código:

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos tribunais regionais:

VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político;
(B) INCORRETA.

A solução de conflito de interesses faz parte da função jurisdicional.

- Função administrativa: o juiz eleitoral administra todo o processo eleitoral,


independentemente de que um conflito de interesses lhe seja submetido para solução,
mesmo porque está investido do poder de polícia, que é a “atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente [...]”, por
exemplo, à segurança, à ordem, aos costumes, à tranquilidade pública (art. 78 do Código
Tributário).

Alguns exemplos do exercício da função administrativa são: alistamento eleitoral,


transferência de domicílio eleitoral e medidas para impedir a prática de propaganda
eleitoral irregular.

- Função jurisdicional: o juiz atuará na solução de conflitos sempre que provocado


judicialmente para aplicar o Direito. Isso acontecerá em situações tais como
ajuizamento de ação de investigação judicial eleitoral (AIJE),ação de impugnação de
mandato eletivo(AIME), ação de impugnação de registro de candidatura(AIRC) e nas
representações por propaganda eleitoral irregular.

Além dessas, a Justiça eleitoral possui ainda função normativa e consultiva. 103
(C) INCORRETA.

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:

XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;

(D) INCORRETA.

No tocante à função administrativa, os juízes eleitorais podem agir de ofício, a exemplo


do exercício de poder de polícia. Nesse sentido:

“[...] 4. Compete ao Juiz Eleitoral, no regular exercício do poder de polícia, decretar


medidas que visem coibir a prática de propaganda ilícita, conforme previsto nos arts.
35, XVII, e 242, parágrafo único, do Código Eleitoral. Precedentes [...]” (Ac. de 7.11.2018
no RO nº 3558, rel.Min.Jorge Mussi.)

Ressalte-se que a vedação ao agir de ofício do magistrado, neste caso, restringe-se à


aplicação de multa. Nos termos da Súmula 18 do TSE, é vedado ao juiz eleitoral, no
exercício do poder de polícia, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de
impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei 9.504/97.

(E) CORRETA.
A função normativa, descrita no art. 1º, parágrafo único e art. 23, IX, ambos do Código
Eleitoral, permite à Justiça Eleitoral expedir instruções para a execução das leis
eleitorais, entre elas o Código Eleitoral. O conteúdo inserido nessas normas tem o
propósito de regulamentar as matérias de competência do órgão colegiado que as
instituiu, criando situações gerais e abstratas.

Código Eleitoral:

Art. 1º, parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá instruções para sua fiel
execução.

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:

IX – expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste código;

Observação: Ac.-TSE, de 20.4.2017, no AgR-AI nº 143882 e, de 9.9.2014, no REspe nº


64770: a competência para regulamentar legislação eleitoral é exclusiva do Tribunal
Superior Eleitoral.

_______________________________________________________________________

70. A Justiça Eleitoral caracteriza-se por princípios que a diferenciam da justiça comum.

Em relação à Justiça Eleitoral, é CORRETO afirmar que:

(A) os princípios da celeridade e da segurança jurídica são incompatíveis com o instituto


104
da preclusão;

(B) é inaplicável o princípio da responsabilidade solidária na apuração dos excessos na


propaganda eleitoral;

(C) as regras de desincompatibilização e a proibição da captação ilícita do sufrágio são


manifestações do princípio da lisura eleitoral;

(D) pelo princípio da autonomia partidária, não existe vedação a que o partido político
receba recursos financeiros de governos estrangeiros;

(E) o sistema jurídico eleitoral visa preservar valores que se referem à legitimidade das
eleições e à liberdade do eleitor, por isso, as nulidades no ato da votação,
independentemente de impugnação, devem ser conhecidas.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
TSE: “[...] 3. A Corte Regional Eleitoral deferiu os registros de candidatura de prefeito e
vice-prefeito, sob os fundamentos de que teria havido preclusão da matéria atinente à
suposta irregularidade do DRAP da coligação e de que não foram comprovadas as
inelegibilidades do art. 1º, II, i e l, da LC 64/90. 4. O entendimento adotado pela Corte
de origem encontra respaldo na orientação firmada pelo TSE, no sentido de que ‘a
matéria atinente à validade de convenção partidária deve ser discutida nos autos do
Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP), e não no registro de
candidatura individual’ [...]. 5. O instituto da preclusão tem por objetivo preservar a
ordem pública e a segurança jurídica, ainda com mais relevo nesta Justiça
especializada, diante da necessária celeridade que o processo eleitoral reclama. [...]”
(Ac. de 27.11.2018 no AgR-REspe nº 19840, rel. Min. Admar Gonzaga.)

(B) INCORRETA.

TSE: “[...] Propaganda irregular. Derramamento de santinhos. Véspera do pleito.


Configuração. Multa. Responsabilidade solidária. Candidato. Coligação. Arts. 241 do
código eleitoral e 6º, § 1º, da lei 9.504/97. [...] 1. No decisum monocrático, de relatoria
do e. Ministro Jorge Mussi, manteve–se acórdão unânime do TRE/GO no sentido de se
aplicar multa, de forma solidária, a candidato e à coligação agravante em virtude do
derramamento de grande quantidade de santinhos em vias públicas próximas a locais
de votação na véspera do pleito de 2018 (art. 14, § 7º, da Res.–TSE 23.551/2017). 2. A
Corte a quo, ao examinar a responsabilidade pela prática do ilícito, asseverou que as 105
circunstâncias fáticas não deixam dúvida de que ‘os representados tiveram
conhecimento do fato e se beneficiaram da conduta irregular’. Concluir de modo diverso
esbarraria no óbice da Súmula 24/TSE. 3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a
regra do art. 241 do Código Eleitoral, que prevê de modo expresso
a responsabilidade solidária das agremiações pelos excessos cometidos por seus
candidatos concernentes à propaganda eleitoral, se aplica às coligações, pois lhes são
atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido político, no curso do processo
eleitoral, conforme disposto no § 1º do art. 6º da Lei 9.504/97. [...]”

(Ac. de 19.5.2020 no AgR-REspe nº 060340340, rel. Min. Luis Felipe Salomão.)

(C) CORRETA.

TSE: “[...] 3. O instituto da desincompatibilização de cargos públicos disciplinado na LC


nº 64/90 encontra supedâneo na preservação da isonomia entre os candidatos na
disputa das eleições com vistas a ‘evitar o quanto possível que candidatos ocupantes de
cargos públicos coloquem–nos a serviço de suas candidaturas, comprometendo não só
os desígnios da Administração Pública, no que concerne aos serviços que devem ser
prestados com eficiência à população, como também o equilíbrio e a legitimidade das
eleições’ [...]. 4. A ratio essendi da incompatibilidade em apreço "reside na tentativa de
coibir – ou, ao menos, amainar – que os pretensos candidatos valham–se da máquina
administrativa em benefício próprio, circunstância que, simultaneamente, macularia os
princípios fundamentais reitores da Administração Pública, vulneraria a igualdade de
chances entre os players da competição eleitoral e amesquinharia a higidez e a lisura das
eleições’ [...].”

(Ac. de 11.2.2021 no REspEl nº 060010505, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)

TSE: “[...] Ação de impugnação de mandato eletivo (AIME). Ação de investigação judicial
eleitoral (AIJE). [...] Prefeito e vice. Captação ilícita de sufrágio. Entrega imediata de
dinheiro e promessa de pagamento ulterior de dinheiro. [...] 19. A corrupção eleitoral,
que veicula causa petendi de ação de impugnação de mandato eletivo, resta
configurada sempre que as circunstâncias concretas do reconhecimento da prática
de captação ilícita de sufrágio, ex vi do art. 14-A da Lei das Eleições, evidenciarem
gravidade suficiente para amesquinhar a principiologia reitora do processo eleitoral
(legitimidade e normalidade das eleições e lisura do prélio), independentemente da
diferença de votos entre o primeiro e o segundo colocado. 20. O fato de as condutas
supostamente abusivas ostentarem potencial para influir no resultado do pleito é
relevante, mas não essencial. Há um elemento substantivo de análise que não pode ser
negligenciado: o grau de comprometimento aos bens jurídicos tutelados pela norma
eleitoral causado por essas ilicitudes, circunstância revelada, in concrecto, pela
magnitude e pela gravidade dos atos praticados. [...]”

(Ac. de 22.11.2016 no REspe nº 154666, rel. Min. Luiz Fux.) 106


(D) INCORRETA.

CF

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes
preceitos: Regulamento

(...)

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo


estrangeiros ou de subordinação a estes;

Lei 9.096/95

Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou
pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através
de publicidade de qualquer espécie, procedente de:

I – entidade ou governo estrangeiros.

(E) INCORRETA.

Tais nulidades devem ser arguidas no momento da votação, sob pena de preclusão.
TSE: “[...] Cédula eleitoral. Nome de candidato em desacordo com o indicado por ocasião
do registro. Ausência de impugnação perante a mesa receptora de votos. Ocorrência de
preclusão. [...]”

(Ac. nº 14.960, de 25.3.97, rel. Min. Eduardo Alckmin.)

TSE: “[...] Eleitora que votou com o título eleitoral da mãe. Votação anulável (art. 221,
III, c, CE). Preclusão. Falta de prequestionamento. A impugnação relativa à identidade
do eleitor deve ser feita no momento da votação, sob pena de preclusão. Tema de
natureza infraconstitucional. Precedente. [...]”

(Ac. de 6.3.2007 no AgRgREspe nº 25.556, rel. Min. Gerardo Grossi.)

TSE: “Votação. Nulidade. Fiscalização. Cerceamento durante a apuração. Preclusão.


Indefere-se pedido de anulação de votação, em razão de cerceamento da fiscalização
partidária, durante a apuração, a falta de impugnação oportuna. [...]”

(Ac. nº 10.916, de 28.9.89, rel. Min. Miguel Ferrante.)

_______________________________________________________________________

BLOCO III
DIREITO EMPRESARIAL 107
71. Cooperativa Agropecuária de Escada emitiu Certificado de Direitos Creditórios do
Agronegócio (CDCA) em favor de Industrial Pesqueira S/A no valor nominal de R$
990.000,00 e data de vencimento no dia 26 de março de 2022. Antes do vencimento, o
CDCA foi negociado mediante endosso em favor do Banco Limoeiro S/A.

Verificado o não pagamento do CDCA, o endossatário requereu a falência da companhia


endossante sem submeter o título a qualquer protesto, tendo em vista a liquidez, a
certeza e a exigibilidade do título de crédito.

O juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Serra Talhada, lugar do principal estabelecimento,


ao apreciar a petição inicial, decidiu, com base nas disposições da Lei nº 11.101/2005:

(A) determinar que o credor a emendasse diante da ausência do instrumento de


protesto falimentar para comprovar a impontualidade do devedor;

(B) indeferir liminarmente a petição inicial por nulidade do endosso do CDCA, visto que
o primeiro endossante deve ser sociedade cooperativa agropecuária, tal qual o
emitente;

(C) determinar a citação do devedor para apresentar contestação, em razão da


facultatividade do protesto cambial do CDCA para o requerimento de falência do
endossante;
(D) julgar extinto o processo com resolução de mérito pela ilegitimidade passiva do
requerente em razão da ausência de responsabilidade cambiária do endossante;

(E) julgar antecipadamente a lide, indeferindo o pedido quanto ao mérito em razão da


nulidade do CDCA, pois é vedada sua emissão por sociedades cooperativas
agropecuárias.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS

Não há qualquer vedação à circulação do título mediante endosso (art. 25, inciso X, da
Lei 11.076/2004), porém o art. 94, §3º, da Lei de Falências (Lei 11.101/2005) exige que
o protesto do título seja feito para comprovar a impontualidade injustificada de título
superior a 40 (quarenta) salários-mínimos.
_______________________________________________________________________

72. Sacada duplicata escritural, mediante lançamento no sistema eletrônico de


escrituração, em favor da sociedade empresária Móveis Condado Ltda., embora o título
tenha sido aceito pelo sacado João, não foi realizado o pagamento, ensejando sua 108
cobrança judicial.

A despeito da facultatividade do protesto por falta de pagamento, ele foi lavrado e


registrado previamente ao ajuizamento da ação de execução no lugar do pagamento,
Município de Moreno.

Em conformidade com a lei de duplicatas escritural, o processo de execução por quantia


certa da duplicata escritural, título executivo extrajudicial, deve ser instruído com:

(A) a certidão da triplicata da duplicata escritural extraída pelo gestor do sistema


eletrônico de escrituração da duplicata;

(B) o extrato do livro de registro de duplicatas em poder do sacador, que serviu de lastro
à emissão da duplicata escritural;

(C) o boleto bancário emitido pelo gestor do sistema de escrituração de duplicatas, que
representa para efeito de cobrança judicial a duplicata registrada no sistema;

(D) o extrato do registro eletrônico da duplicata emitido pelo gestor do sistema


eletrônico de escrituração;

(E) a certidão do protesto por falta de pagamento emitida pelo tabelião de protesto de
títulos, que representa a duplicata escritural para efeito de cobrança judicial.

_______________________________________________________________________
GABARITO: D

COMENTÁRIOS

Questão fundamentada no art. 7º da Lei 13.775/2018.


Conforme este artigo, a duplicata escritural e o extrato emitido pelos sistemas são
títulos executivos extrajudiciais. Logo, a alternativa D é a correta e todas as outras estão
incorretas.
_______________________________________________________________________

73. A sociedade Belém e Maria Comércio de Pneus Ltda. teve sua falência requerida pela
sociedade Goitá Transportes e Logística Ltda. em razão da impontualidade no
pagamento de duplicatas de prestação de serviços cujo valor total é de R$ 83.500,00,
protestadas para fins falimentares.

Após a citação da devedora, e no prazo da contestação, foi apresentado ao juízo da


Comarca de Catende pedido de recuperação judicial, sem elisão do pedido de falência.

Acerca do efeito da apresentação do pedido sobre o curso do procedimento pré-


falimentar, é CORRETO afirmar que a falência:

(A) não poderá ser decretada em razão da apresentação de pedido de recuperação 109
judicial no prazo da contestação;

(B) poderá ser decretada em razão da não efetivação de depósito elisivo no prazo da
contestação;

(C) não poderá ser decretada diante da insuficiência do valor das duplicatas protestadas
para ensejar o requerimento;

(D) poderá ser decretada em razão do impedimento ao pedido de recuperação judicial


após o requerimento da falência;

(E) não poderá ser decretada em razão da ausência do protesto das duplicatas para fins
cambiais.

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GABARITO: A

COMENTÁRIOS

Questão fundamentada no art. 95 da Lei de Falências (Lei 11.101/2005).


“Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação
judicial.”
_______________________________________________________________________

74. Afrânio constituiu, sozinho, uma sociedade do tipo limitada, com integralização
imediata do capital social, esse no valor de R$ 3.000,00. A sociedade foi denominada Bar
Jataúba Ltda.

Em razão da crise econômica gerada pela recessão decorrente dos efeitos da pandemia
do Covid-19, Afrânio resolveu encerrar as atividades sociais sem tomar qualquer
providência no sentido de promover a liquidação da sociedade.

A sociedade Materiais de Construção Lagoa do Carro Ltda., credora da sociedade Bar


Jataúba Ltda. no valor de R$ 12.000,00, tomou conhecimento do encerramento das
atividades e ingressou com medida judicial para responsabilizar Afrânio pelo débito, já
vencido, e encerramento irregular.

Com base nos dados apresentados, a sociedade credora poderá:

(A) requerer a falência da sociedade limitada com fundamento na impontualidade no


pagamento de seu crédito;

(B) ajuizar ação pauliana para obter a decretação de nulidade da decisão do sócio
Afrânio de encerrar as atividades da sociedade;

(C) requerer a desconsideração inversa da personalidade jurídica com fundamento na 110


inexistência de deliberação social;

(D) requerer a liquidação judicial da sociedade limitada e nomear o liquidante, em razão


da substituição processual que lhe é conferida em caso de inércia do sócio;

(E) requerer em juízo a imputação de responsabilidade ilimitada ao sócio Afrânio pela


decisão de encerrar as atividades da sociedade sem promover sua liquidação.

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GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Por se tratar de crédito inferior à 40 salários-mínimos, não há possibilidade de requerer


a falência com base na impontualidade (LFRE, art. 94, inciso I). Também, o STJ tem
entendimento que não cabe desconsideração da personalidade jurídica por
encerramento irregular da sociedade (AgInt no AREsp 1.958.685/SP).
Importante ressaltar que não é cabível ação pauliana neste caso da questão.
Assim, com fundamento no art. 1.080 do CC, a questão exige que o candidato saiba que
a liquidação irregular acarreta a responsabilidade ilimitada do seu sócio, de forma
subsidiária.
“Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a
responsabilidade dos que expressamente as aprovaram.”
_______________________________________________________________________

75. Seis empresários individuais, três deles enquadrados como microempresa e os


demais enquadrados como empresa de pequeno porte, todos optantes pelo Simples
Nacional, decidiram constituir sociedade de propósito específico (SPE) para que, através
dela, os empresários possam realizar venda de produtos para os mercados nacional e
internacional.

A SPE foi constituída como cooperativa de consumo, tendo sido inserido em seu
estatuto, na cláusula referente ao objeto social, que ela também realizará operações de
venda de bens adquiridos dos sócios para pessoas jurídicas que não sejam suas sócias.
Levado o estatuto a arquivamento na Junta Comercial, foi indeferido o pedido sob
justificativa de desobediência às prescrições legais.

A Junta Comercial apresentou os argumentos a seguir.

1º) proibição de a SPE realizar venda de produtos para o mercado internacional;

2º) o objeto social deve estar limitado às operações de compras para revenda às
microempresas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias;

3º) é vedada a constituição da SPE sob a forma de cooperativa, ainda que seja de
111
consumo.

Proposta medida judicial contra o ato da Junta Comercial para assegurar o arquivamento
compulsório do estatuto, o Juízo da Comarca de Tamandaré pronunciou-se pelo:

(A) indeferimento, considerando procedentes todos os argumentos levantados pela


Junta Comercial;

(B) deferimento, considerando procedentes todos os argumentos levantados pela Junta


Comercial;

(C) indeferimento, considerando procedente apenas o 3º argumento levantado pela


Junta Comercial, eis que a SPE só pode ser constituída como sociedade do tipo limitada;

(D) deferimento, considerando a incompetência da Junta Comercial para se opor ao


arquivamento do estatuto sob argumento de vícios intrínsecos ao negócio jurídico;

(E) indeferimento, considerando procedentes o 1º e o 2º argumentos, eis que a SPE não


pode atuar em negócios para o mercado internacional e seu objeto cinge-se às
operações com os seus sócios.

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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Dos 3 argumentos da Junta Comercial, apenas o 3º procede. No 1º, a Junta Comercial


erra, pois, é permitido o uso da Sociedade de Propósito Específico (SPE) para realizar
negócios de compra e venda de bens e serviços para os mercados nacional e
internacional (LC 123, art. 56). O 2º argumento, também incorreto, contraria o art. 56,
inciso II, alínea “b” da LC 123/2006.
O 3º argumento, contudo, está correto, pois o art. 56, §5º, inciso II, da LC 123/2006
impõe que a SPE seja constituída sob a forma de sociedade limitada (LTDA).
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76. Companhia Araripina, cujas ações são ordinárias e não há atribuição de voto plural
a nenhuma delas, é a única acionista de Lapidação Capoeiras S/A.

A assembleia geral extraordinária da Companhia Araripina, convocada para deliberar a


alienação de parte das ações da controlada Lapidação Capoeiras S/A, aprovou a
operação. A mesma assembleia aprovou a atribuição das ações a uma outra sociedade
que seria, futuramente, incorporada pela Companhia Araripina e fixou o valor da
operação.

Três acionistas minoritários, titulares de 8% do capital da Companhia Araripina,


112
ajuizaram ação para anular a deliberação assemblear, com pedido de antecipação de
tutela para sustar a alienação, sob os seguintes fundamentos:

a) negativa por parte da companhia de lhes assegurar direito de preferência na aquisição


de ações do capital de Lapidação Capoeiras S/A;

b) necessidade de convocação de uma assembleia geral extraordinária com o fito


específico de oferecer as ações de Lapidação Capoeiras S/A aos acionistas da Companhia
Araripina.

Em sede de contestação, a companhia ré confirmou a negativa de oferta das ações da


controlada aos acionistas e da ausência de convocação da assembleia específica, sob os
seguintes argumentos:

(i) não cabe direito de preferência aos acionistas da controladora em caso de


alienação de ações da controlada;
(ii) a realização de assembleia para oferta das ações somente teria lugar caso a
companhia emitisse ações preferenciais sem direito a voto.

Provados os fatos alegados, com base na legislação societária, como juiz, você decidiria
no sentido de:
(A) conhecer, de ofício, a ilegitimidade ativa dos autores em razão de a deliberação
assemblear não ter por objeto as ações da Companhia Araripina, e sim as ações de outra
companhia da qual os autores não são acionistas, extinguindo o processo sem resolução
de mérito;

(B) julgar improcedente o pedido, com resolução de mérito, reconhecendo a ausência


do direito de preferência dos acionistas da ré e a inaplicabilidade da oferta em
assembleia específica aos acionistas titulares de ações ordinárias;

(C) julgar procedente o pedido, com resolução de mérito, reconhecendo o direito de


preferência dos acionistas da ré à aquisição das ações da controlada e a necessidade de
oferta a eles em assembleia especialmente convocada para esse fim;

(D) julgar procedente em parte o pedido, com resolução de mérito, apenas quanto à
necessidade de convocação de assembleia específica para a oferta simultânea a
acionistas e não acionistas, afastando a existência do direito de preferência;

(E) julgar procedente em parte o pedido, com resolução de mérito, apenas no tocante à
existência do direito de preferência dos acionistas da ré, afastando a necessidade de
convocação de assembleia específica para a oferta.

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GABARITO: C 113
COMENTÁRIOS

Como a sociedade Lapidação Capoeiras S.A. é subsidiária integral da Companhia


Araripina (art. 251 da Lei 6.404/1976), os acionistas possuem direito de preferência da
companhia que decidir alienar ações da subsidiária integral em assembleia geral
convocada para esse fim (art. 253, inciso I da Lei 6.404/1976).
_______________________________________________________________________

77. Após a publicação do aviso aos credores quanto ao recebimento do plano de


recuperação judicial de Olinda Cereais Veganos Ltda., em recuperação judicial, o credor
quirografário Tamandaré Adubos Ltda. ofereceu no prazo legal objeção ao plano. Em
consequência, o juiz da vara única da Comarca de Afrânio determinou a convocação de
assembleia geral de credores, marcada para o dia 30 de junho de 2022. Na véspera da
realização da assembleia, o advogado da recuperanda protocolou no juízo termo de
adesão ao plano assinado por credores das classes I e III do Art. 41 da Lei nº 11.101/2005.
Em relação aos credores da classe I, o termo de adesão está assinado por 129, dentre os
200 credores, cujos créditos perfazem 40% do passivo da classe; em relação aos
credores da classe III, o plano está assinado por 75% dos credores que representam 88%
do passivo da classe, tudo com base na segunda relação de credores publicada. Não há
credores das classes II e IV do referido Art. 41.

Considerados esses dados, é CORRETO afirmar que o juiz:

(A) poderá homologar o plano, tendo em vista a tempestividade da apresentação do


termo de adesão e do cumprimento do quórum legal para aprovação do plano, ainda
que sem a realização da assembleia e apreciação da objeção do credor quirografário;

(B) não poderá homologar o plano, tendo em vista a intempestividade da apresentação


do termo de adesão, ainda que o quórum legal para aprovação do plano tenha sido
observado;

(C) poderá homologar o plano, tendo em vista a dispensa da realização da assembleia


quando o devedor apresentar, até o momento de sua instalação, termo de adesão
subscrito pelo número de credores suficiente para a aprovação do plano;

(D) não poderá homologar o plano, pois não foi atingido o quórum legal para sua
aprovação, ainda que tenha sido tempestiva a apresentação do termo de adesão pela
recuperanda;

(E) não poderá homologar o plano, pois houve apresentação de objeção tempestiva,
devendo ser convocada assembleia de credores, salvo se apresentado, até quinze dias
antes, termo de adesão assinado por credores representando mais da metade do valor 114
dos créditos em cada classe.

_______________________________________________________________________

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

Conforme relatado pela questão, o termo de adesão foi protocolado pelo advogado da
empresa recuperanda na véspera da assembleia geral de credores. A Lei Falencial impõe
um prazo de 5 dias úteis ANTES da data da realização da assembleia geral de credores
para apresentação do termo de adesão, comprovando a aprovação dos credores ao
plano, tudo conforme o art. 56-A da Lei 11.101/2005.
Ainda, apenas para ressaltar que o quórum do art. 45 foi totalmente cumprido no termo
de adesão.
_______________________________________________________________________
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

78. Lei do Estado Alfa de julho de 2021 estabeleceu que o Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) incide sobre operação de circulação de petróleo ou gás
natural desde os poços de sua extração para a empresa concessionária, determinando
que o fato gerador ocorre imediatamente após a extração do petróleo ou gás natural,
quando estes, provenientes da jazida, passarem pelos Pontos de Medição da Produção
instalados pela empresa concessionária. A lei também estatuiu que a base de cálculo
desse ICMS seria o preço de referência do petróleo ou do gás natural conforme média
de preços de venda praticados pelo concessionário em condições normais de mercado,
ou preço mínimo estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

À luz da legislação nacional de regência do ICMS e do entendimento dominante dos


Tribunais Superiores, acerca da operação acima descrita, é CORRETO afirmar que:

(A) para fins de delimitação da base de cálculo de incidência de ICMS, não é admissível
a utilização do mecanismo tributário de preços de referência;

(B) a União, como titular da jazida de petróleo e gás natural explorada comercialmente,
deve recolher o ICMS incidente sobre tal operação de circulação de petróleo ou gás
natural;

(C) a empresa concessionária, como titular do petróleo e gás natural produzido, deve
recolher o ICMS incidente sobre tal operação de circulação de petróleo ou gás natural;

(D) tal operação de circulação de petróleo ou gás natural não constitui circulação de
mercadoria para fins de incidência de ICMS; 115
(E) o gás natural, para fins de incidência de ICMS, não é reputado bem essencial.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

Questão que encontra fundamento na jurisprudência do STF firmada no julgamento da


ADI 5.481. Em síntese, o STF entendeu que operação de circulação de petróleo ou gás
natural não configura negócio jurídico que transfira a titularidade de uma mercadoria,
assim não há incidência de ICMS.
_______________________________________________________________________

79. No curso da execução do orçamento anual do Estado Alfa, constata-se que haverá
necessidade de reforço de dotação orçamentária em relação a uma despesa prevista na
Lei Orçamentária Anual (LOA), uma vez que a dotação inicialmente consignada se
mostrou insuficiente.

Diante desse cenário e nos termos da Lei nº 4.320/1964, é CORRETO afirmar que:
(A) por razão de segurança jurídica e para fins de controle das contas públicas, não é
permitida a retificação do orçamento no curso de sua execução, devendo o reforço de
dotação ser consignado no projeto de LOA do ano subsequente;

(B) é possível, para tal reforço de dotação, a abertura de crédito adicional extraordinário
por decreto executivo, que é o instrumento retificador do orçamento cabível para
despesas imprevistas, mas sem a possibilidade de edição de Medida Provisória para esse
fim;

(C) em se tratando de despesa inicialmente prevista na LOA, cuja dotação se mostre


insuficiente no curso de sua execução, a única forma de custeio do valor excedente será
a abertura de crédito por antecipação de receita orçamentária, que deverá ser quitado
até o término do exercício financeiro;

(D) é cabível a abertura de crédito adicional suplementar por decreto executivo, desde
que autorizado em lei, sendo necessária a indicação da fonte de recursos para fazer
frente ao referido reforço de dotação;

(E) o reforço de dotação orçamentária para despesa inicialmente prevista na LOA deve
ser realizado através da abertura de crédito adicional especial por meio de Medida
Provisória, desde que indique a fonte de custeio para o respectivo reforço de dotação.

_______________________________________________________________________ 116
GABARITO: D

COMENTÁRIOS

Questão fundamentada na Constituição Federal (art. 165, §8º e art. 167, inciso V) e na
Lei 4.320/1964 (art. 42).
O item correto é o “D”, uma vez que é permitida a abertura de crédito adicional
suplementar por decreto executivo.
_______________________________________________________________________

80. O governador do Estado Alfa pretende conceder uma isenção de ICMS para
beneficiar os adquirentes de automóveis no território estadual que sejam
comprovadamente pessoas com deficiência (PcD). Para tanto, envia projeto de lei à
Assembleia Legislativa, requerendo aprovação de tal benefício fiscal.

A partir desse cenário, tal isenção:

(A) poderia ser concedida também mediante decreto;

(B) dispensa a autorização do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz);

(C) necessita de estimativa de impacto orçamentário e financeiro;


(D) não pode ser concedida, pois a atividade administrativa de lançamento é vinculada
e obrigatória;

(E) configura uma modalidade de extinção do crédito tributário.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

A questão exige conhecimento da Constituição Federal e da jurisprudência do STF.


Conforme o julgamento da ADI 6.474/RR, aprende-se que “a ausência de prévia
instrução da proposta legislativa com a estimativa do impacto financeiro e
orçamentário, nos termos do art. 113 do ADCT, aplicável a todos os entes federativos,
implica inconstitucionalidade formal.”
Logo, a única alternativa correta é o item “C”.
_______________________________________________________________________

81. Maria, cidadã norte-americana residente e domiciliada em Miami (EUA), em julho


de 2022, doou para sua prima Marta, cidadã brasileira residente e domiciliada no Estado
Alfa (Brasil), por escritura pública lavrada nos EUA, uma série de ações de uma empresa
117
norte-americana com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (EUA).

Diante desse cenário e à luz do entendimento dominante dos Tribunais Superiores sobre
a tributação com o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD) a ser
cobrado no Brasil, é CORRETO afirmar que:

(A) Maria será contribuinte do ITCMD nessa doação;

(B) Marta será contribuinte do ITCMD nessa doação;

(C) Maria e Marta não serão contribuintes do ITCMD nessa doação;

(D) Maria e Marta serão ambas contribuintes do ITCMD e solidariamente responsáveis


nessa doação;

(E) Marta será contribuinte do ITCMD nessa doação, figurando Maria como responsável
tributária.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS
Conforme o Tema 825 do STF (RE 851.108/SP), ficou decidido que “os Estados não
podem criar leis para tributar as doações e heranças de bens no exterior, sob pena de
violação do artigo 155, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, que exige lei
complementar para regular esta cobrança.”.

Assim, a alternativa correta é o item C.

_______________________________________________________________________

82. Lucas, deputado federal, apresenta uma emenda ao projeto de lei do orçamento
anual para ampliar certa dotação orçamentária que reputa ter sido contemplada com
alocação insuficiente de recursos.

Para tanto, tal emenda de Lucas deverá indicar os recursos necessários, que poderão
provir de anulação de despesas que incidam sobre:

(A) serviço da dívida;

(B) dotações para pessoal civil;

(C) dotações para encargos com pessoal militar;

(D) restos a pagar não processados de material de consumo;

(E) transferências tributárias constitucionais para os Estados, Municípios e Distrito


Federal.
118
_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

A questão exigia o conhecimento do art. 166, §3º, da CF/88.


“Art. 166. [...]
§3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem
somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito
Federal;”
Logo, a única alternativa correta é o item “D”.
_______________________________________________________________________

83. O Município Alfa, em 2021, pretende celebrar com o Estado Beta um convênio para
transferência voluntária de recursos estaduais ao Município para fins de execução de
políticas públicas municipais.

Acerca desse cenário, é CORRETO afirmar que o Município Alfa:

(A) somente pode ser beneficiado com a transferência voluntária se houver previsto e
efetivamente arrecadado, ao menos, 90% dos tributos de sua competência
constitucional;

(B) pode utilizar os recursos obtidos por meio da transferência voluntária em finalidade
diversa da originalmente pactuada, desde que aplicados nas áreas de saúde, educação
ou assistência social;

(C) não pode ser impedido de receber transferências voluntárias relativas a ações de
educação, saúde e assistência social, ainda que viole regras de responsabilidade fiscal
previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal;

(D) ao receber tal transferência voluntária de recursos, pode utilizá-los com a finalidade
de pagamento de despesas com seu pessoal ativo, inativo e pensionista;
119
(E) ficará proibido de receber qualquer transferência voluntária se o Legislativo
municipal ultrapassar a despesa total com pessoal e não eliminar o excedente no prazo
de dois quadrimestres.

_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Questão exigia o conhecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.


Conforme o art. 25, §3º, da LRF (LC 101/2000), “para fins da aplicação das sanções de
suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-
se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.”. Logo, a única
alternativa correta é o item “C”.
_______________________________________________________________________

84. Mário desejava adquirir um apartamento de José, tendo sido pactuado o preço em
R$ 300.000,00, pois o imóvel necessitava de ampla reforma, ainda que um imóvel
naquela região custasse em torno de R$ 400.000,00. Para poder efetuar o registro do
negócio jurídico, Mário foi informado pelo registrador de que deveria recolher o
Imposto de Transmissão Inter Vivos (ITBI).

Mário declarou ao Fisco municipal o mesmo valor que constaria da escritura pública (R$
300.000,00), mas o Fisco não aceitou tal valor, arbitrando-o unilateralmente em R$
400.000,00.

À luz do Código Tributário Nacional e do entendimento dominante dos Tribunais


Superiores, é CORRETO afirmar que:

(A) o registrador não poderia ser responsabilizado tributariamente pelo não


recolhimento do ITBI;

(B) o valor de R$ 300.000,00 declarado por Mário goza da presunção de ser condizente
com o valor de mercado;

(C) a apuração do valor venal do imóvel ocorre da mesma forma no ITBI e no IPTU;

(D) o Fisco está correto em arbitrar unilateralmente o valor do imóvel em R$ 400.000,00,


por ser este efetivamente o valor médio de mercado de um imóvel similar naquela
região;

(E) o Fisco pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI deste imóvel com
respaldo em valor de referência por ele estabelecido unilateralmente em pauta genérica 120
de valores venais aplicável a todos os imóveis do Município.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS

Questão exigia o conhecimento do Tema 1.113 da jurisprudência do STJ.


O STJ firmou o seguinte entendimento:
“a) a base de cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em condições normais de
mercado, não estando vinculada à base de cálculo do IPTU, que nem sequer pode ser
utilizada como piso de tributação; b) o valor da transação declarado pelo contribuinte
goza da presunção de que é condizente com o valor de mercado, que somente pode
ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo administrativo
próprio (art. 148 do CTN); c) o Município não pode arbitrar previamente a base de
cálculo do ITBI com respaldo em valor de referência por ele estabelecido
unilateralmente.”
A alternativa correta é o item “B”, que se enquadra perfeitamente ao item “b” do tema
1.113 do STJ.
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85. Sociedade de economia mista estadual responsável pelo saneamento básico no


Estado Alfa, que possui ações negociadas em bolsa de valores, requereu ao Município
Beta, quanto a seu edifício sede situado em território municipal:

a) reconhecimento de imunidade tributária de Imposto Predial e Territorial


Urbano (IPTU);

b) concessão de isenção de Contribuição de Iluminação Pública (Cosip) prevista


em lei específica municipal em favor da União, Estados, Distrito Federal,
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público.

Diante desse cenário e à luz da Constituição da República de 1988 e do entendimento


dominante dos Tribunais Superiores, tal empresa estatal:

(A) faz jus à imunidade tributária de IPTU e à isenção de Cosip;

(B) faz jus à imunidade tributária de IPTU, mas não à isenção de Cosip;

(C) faz jus à imunidade tributária de IPTU e à isenção de Cosip proporcionalmente às


ações detidas pelo Poder Público;

(D) não faz jus à imunidade tributária de IPTU, mas sim à isenção de Cosip; 121
(E) não faz jus à imunidade tributária de IPTU nem à isenção de Cosip.

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GABARITO: E

COMENTÁRIOS

A questão exigia conhecimento do Tema 1140 do STF e do CTN.


Julgando o Tema 1140, o STF decidiu que “as empresas públicas e as sociedades de
economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam lucros
a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias
da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal,
independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do serviço.”
Logo, não cabe imunidade do IPTU à SEM Estadual.
Com relação à isenção, o art. 111, inciso II, do CTN fala que interpreta-se literalmente a
legislação tributária que disponha sobre a outorga de isenção. Assim, se a Lei que isenta
a COSIP não fala de SEM, não é possível ampliar o rol, sem violar o CTN.
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DIREITO AMBIENTAL

86. João, de forma culposa, usou produto com substância tóxica, nociva ao meio
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis e nos seus
regulamentos.

Em matéria criminal, de acordo com a Lei nº 9.605/1998, em tese, João:

(A) não praticou crime ambiental, pois não existe previsão legal para a modalidade
culposa do crime narrado;

(B) não praticou crime ambiental, mas cometeu contravenção penal ambiental, que não
enseja possibilidade de transação penal, diante da natureza do ilícito;

(C) praticou crime ambiental e é incabível a transação penal, diante da pena máxima
abstratamente prevista, que é superior a dois anos;

(D) praticou crime ambiental de menor potencial ofensivo, e é cabível proposta de


transação penal, desde que haja prévia concordância do órgão ambiental competente
do Sisnama;

(E) praticou crime ambiental de menor potencial ofensivo, mas a proposta de transação
penal somente é viável mediante composição de eventual dano ambiental, salvo em
caso de comprovada impossibilidade.
122
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GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Art. 56 da Lei 9.605/1998 - Produzir, processar, embalar, importar, exportar,


comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar
produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente,
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena
- reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 27 da Lei 9.605/1998 - Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a
proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art.
76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde
que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da
mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Art. 61 da Lei 9.099/95 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo,
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

______________________________________________________________________

87. José integra a terceira geração da família Silva que trabalha com pesca artesanal
profissional no rio Alfa, vivendo dessa atividade. No ano de 2018, após sagrar-se
vencedora em licitação e mediante prévia e regular licença ambiental, a sociedade
empresária concessionária Beta instalou e iniciou a operação de usina hidrelétrica no
citado rio. Naquele mesmo ano, José constatou significativa redução na quantidade de
alguns peixes, em razão do funcionamento das turbinas da usina hidrelétrica,
inviabilizando por completo o exercício de sua profissão.

Em meados de 2022, José procurou a Defensoria Pública e ajuizou ação indenizatória


em face da concessionária Beta, sustentando e comprovando, de forma inequívoca, que
a construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, uma
vez que ele não pôde mais pescar no local.

Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a pretensão de José:

(A) merece prosperar, pois as demandas indenizatórias que têm como causa de pedir a
ocorrência de dano ambiental, ainda que de natureza individual, são imprescritíveis, 123
pois se aplica a tese de dano ambiental contínuo;

(B) merece prosperar, pois se aplica o prazo quinquenal de prescrição para demandas
de natureza individual e patrimonial, ainda que a causa de pedir próxima seja a violação
a direito ambiental;

(C) não merece prosperar, pois, apesar de a pretensão de José ser imprescritível em
razão da tese de dano ambiental contínuo, o autor não tem direito subjetivo a
permanecer pescando em rio, que é bem público;

(D) não merece prosperar, pois as demandas indenizatórias ajuizadas com vistas à
reparação de interesses de cunho individual e patrimonial sujeitam-se ao prazo
prescricional trienal, previsto no Código Civil;

(E) não merece prosperar, pois está ausente um dos elementos da responsabilidade civil
ambiental, que é a existência de um ato ilícito, haja vista que a operação da hidrelétrica,
que causou a morte dos peixes, foi regularmente precedida de licença ambiental.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS
O STJ tem entendido que, tratando-se AÇÃO INDENIZATÓRIA INDIVIDUAL, ainda que
pautada em dano ambiental, com fundamento no artigo 206, parágrafo 3º, inciso V, do
Código Civil de 2002, a pretensão prescreve em três anos. (Resp. 1.641.167/RS e Resp.
1.346.489/RS.
Destaca-se que, em sua dimensão coletiva o STF e. STJ entendem que a pretensão de
reparação do dano ambiental é imprescritível. (RE 654833, Relator(a): ALEXANDRE DE
MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 20/04/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157
DIVULG 23-06-2020 PUBLIC 24-06-2020)

______________________________________________________________________

88. Com o escopo de fomentar a atividade econômica com melhor aproveitamento de


suas riquezas naturais minerais, o Estado Alfa editou lei estadual, flexibilizando exigência
legal para o desenvolvimento de atividade potencialmente poluidora, na medida em que
criou modalidade mais simplificada e célere de licenciamento ambiental único que
denominou “Licença de Operação Direta”, para atividade de lavra garimpeira, inclusive
instituindo dispensa para alguns casos de lavra a céu aberto. A referida lei estadual
regulamentou aspectos da atividade garimpeira, nomeadamente, ao estabelecer
conceitos a ela relacionados, delimitou áreas para seu exercício e autorizou o uso de
azougue (mercúrio) em determinadas condições, tudo de forma menos restritiva do que
a legislação da União. 124
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a lei estadual editada é:

(A) constitucional, haja vista que a competência da União para legislar sobre normas
gerais sobre meio ambiente não exclui a competência suplementar dos Estados;

(B) inconstitucional materialmente, porque viola o princípio do desenvolvimento


sustentável, e formalmente, pois é competência privativa da União proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

(C) inconstitucional materialmente, porque viola os princípios da prevenção e da


precaução, mas é formalmente constitucional, uma vez que a matéria tratada na lei é
de competência legislativa comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;

(D) constitucional, haja vista que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

(E) inconstitucional, uma vez que é competência privativa da União legislar sobre jazidas,
minas, outros recursos minerais e metalurgia, bem como porque a lei tornou menos
eficiente a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Art. 22 da CF - Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XII - jazidas, minas,
outros recursos minerais e metalurgia;
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AMBIENTAL. §§ 1º, 2º E 3º DO
ART. 29 DA LEI N. 14.675, DE 13.4.2009, ALTERADA PELA LEI N. 17.893, DE 23.1.2020, DE
SANTA CATARINA. DISPENSA E SIMPLIFICAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA
ATIVIDADES DE LAVRA A CÉU ABERTO. OFENSA À COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA
EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. DESOBEDIÊNCIA AO
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E DO DEVER DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO (ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA). AÇÃO
JULGADA PROCEDENTE. 1. Instruído o feito nos termos do art. 10 da Lei n. 9.868/1999,
é de cumprir o imperativo constitucional de conferir-se celeridade processual, com o
conhecimento e julgamento definitivo de mérito da ação direta por este Supremo
Tribunal, ausente a necessidade de novas informações. Precedentes. 2. É formalmente
inconstitucional a subversão da lógica sistêmica das normas gerais nacionais pela
Assembleia Legislativa de Santa Catarina ao instituir dispensa e licenciamento
simplificado ambiental para atividades de lavra a céu aberto. 3. A dispensa e 125
simplificação de licenciamento ambiental às atividades de mineração pelo legislador
estadual esvaziou o procedimento de licenciamento ambiental estabelecido na
legislação nacional, em ofensa ao art. 24 da Constituição da República. 4. O
estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que torne
menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de
mineração afronta o caput do art. 225 da Constituição da República por inobservar o
princípio da prevenção. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para
declarar inconstitucionais os §§ 1º, 2º e 3º do art. 29 da Lei n. 14.675/2009 de Santa
Catarina. (ADI 6650, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2021,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-085 DIVULG 04-05-2021 PUBLIC 05-05-2021)
_______________________________________________________________________

DIREITO ADMINISTRATIVO

89. Em janeiro de 2022, o Estado Alfa, após ampla participação da sociedade civil,
inclusive mediante a realização de audiências públicas pelo Poder Legislativo, editou lei
estadual dispondo sobre Política Estadual de Prevenção, Enfrentamento das Violências,
Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em um de seus artigos, constou
da citada lei que o chefe do Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da
Administração Pública estadual no prazo de noventa dias. Já se passaram mais de oito
meses e até o momento o governador do Estado Alfa não regulamentou a lei.

Em matéria de poderes administrativos, consoante a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal, a citada norma que estabelece o prazo de noventa dias para o chefe
do Executivo atuar é:

(A) constitucional, pois a Carta Magna determina prioridade absoluta no exercício do


poder normativo para a tutela de crianças e adolescentes;

(B) constitucional, pois se aplica o princípio da razoabilidade, de maneira que noventa


dias são suficientes para a edição do ato normativo;

(C) inconstitucional, pois compete ao chefe do Poder Executivo examinar a conveniência


e a oportunidade para o exercício do poder regulamentar, em respeito ao princípio da
separação dos poderes;

(D) inconstitucional, pois é vedado ao chefe do Poder Executivo o exercício do poder


normativo, que compete ao Legislativo, em respeito ao princípio da separação dos
poderes;

(E) objeto de interpretação conforme a Constituição da República de 1988, de maneira


que seja observado prazo razoável, que é de cento e oitenta dias, findo o qual será
declarada a mora do governador, que fica sujeito a medidas coercitivas atípicas. 126
_______________________________________________________________________

GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Como sabido, o poder normativo ou regulamentar consiste no poder de editar normas


(administrativas) gerais e abstratas complementares à lei, para sua fiel execução, com
efeitos erga omnes. Sem destinatários específicos e determinados, os atos normativos
incidem sobre todos os fatos e situações previstos abstratamente na norma.
O poder normativo não se confunde com o poder de legislar, os atos normativos ou
regulamentares não são editados pelo Poder Legislativo, mas pela Administração
Pública (não são lei em sentido formal), e no exercício da função administrativa, não
podendo, assim, inovar a ordem jurídica, limitando-se a regulamentar, de forma
subalterna, a lei, subordinando-se às suas prescrições. Trata-se, com efeito, de “atos
normativos derivados”, devendo respeitar os limites e contornos da lei (ato normativo
originário), possuindo, assim, natureza secundum legem. Essa impossibilidade de
inovação da ordem jurídica é decorrência imediata do princípio fundamental da
separação de poderes (art. 2º, da CF/88) e da garantia constitucional da legalidade (art.
5º, II, da CF/88).
No julgamento da ADI nº 4.728/DF, em 12/11/2021, o Plenário do STF julgou
inconstitucional a Lei Amapaense nº 1.601/2011, que, ao instituir a Política Estadual de
Prevenção e Enfrentamento das Violências, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, fixou o prazo de 90 dias para que o Chefe do Poder Executivo
regulamentasse a matéria no âmbito da Administração Pública Estadual.
De acordo com o STF, o Legislativo não pode estabelecer prazo para o Chefe do
Executivo exerça o poder regulamentar, sob pena de violação dos arts. 2º (princípio da
separação dos poderes) e 84, II (competência privativa do Chefe do Executivo de exercer
a direção superior da Administração Pública), da CF/88.
______________________________________________________________________

90. O Tribunal de Contas do Estado Beta condenou Carla, prefeita do Município Alfa, ao
ressarcimento ao erário, mediante acórdão com imputação de débito do valor de
duzentos mil reais, diante de ilegalidade de despesa consistente em superfaturamento
em contrato para aquisição de uniformes escolares. Ocorre que Carla não cumpriu a
decisão e não pagou o valor indicado. Dessa forma, o Tribunal de Contas ajuizou ação
de execução do título executivo extrajudicial cobrando a quantia.

No caso em tela, consoante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de


Contas do Estado Beta:

(A) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é prescritível a pretensão de
127
execução do ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas;

(B) possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, por meio de sua Procuradoria, e é
imprescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao erário fundada em decisão
de Tribunal de Contas;

(C) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é imprescritível a pretensão
de execução do ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas;

(D) possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, por meio do Ministério Público de
Contas, e é imprescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao erário fundada
em decisão de Tribunal de Contas, desde que o ato ilícito que deu azo à condenação
pelo TCE também seja tipificado como ato doloso de improbidade administrativa;

(E) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é imprescritível a pretensão
de execução do ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas,
desde que o ato ilícito que deu azo à condenação pelo TCE também seja tipificado como
ato doloso de improbidade administrativa.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS
Segundo o STF, o art. 71, § 3º, da CF/88, não outorgou ao Tribunal de Contas
legitimidade para executar suas decisões das quais resulte imputação de débito ou
multa, cabendo ao titular do crédito constituído a partir da decisão, vale dizer, ao ente
público prejudicado, promover a pertinente ação executiva (STF. 2ª Turma. AI 826676
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 08/02/2011).
Sobre a prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário, rememore-se que o
STF entende ser imprescritível apenas aquela fundada na prática de ato doloso tipificado
na Lei de Improbidade Administrativa (STF, Plenário, RE 852475/SP, Rel. orig. Min.
Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 –
Repercussão Geral – Tema 897 – Info 910).
Nessa ordem de ideias, o STF considerou ser prescritível a pretensão de ressarcimento
ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas, pois este não tem como considerar
que o ato lesivo apurado caracterizou ato doloso de improbidade administrativa, uma
vez que, no processo de tomada de contas, a Corte de Contas procede a uma análise
técnica de contas a fim de apurar a ocorrência de lesão ao patrimônio público,
imputando ao responsável, se o caso, débito. Explica o Pretório Excelso que o Tribunal
de Contas não analisa a existência ou não de ato doloso de improbidade administrativa,
além de não proferir decisão judicial, já que não há contraditório e ampla defesa plenos,
pois não é possível, por exemplo, que o imputado defenda-se afirmando a ausência de
128
elemento subjetivo (STF, Plenário, RE 636886, Rel. Alexandre de Moraes, j. em
20/04/2020 – Repercussão Geral – Tema 899 – Info 983).
Nada impede, contudo, que, com base nas decisões do Tribunal de Contas, além da
execução do acórdão, o ente prejudicado ou o Ministério Público proponham ação de
improbidade administrativa para que, com as garantias do contraditório e da ampla
defesa, seja o imputado condenado, inclusive ao ressarcimento ao erário, caso em que
a pretensão de reparação ao erário será imprescritível (ato doloso de improbidade
administrativa).
______________________________________________________________________

91. O Município Alfa editou lei municipal criando cargos em comissão no âmbito da
Administração Pública municipal. Em determinado processo judicial, a citada legislação
foi objeto de questionamento no que tange à sua constitucionalidade.

Sabe-se que a criação de cargos em comissão somente se justifica quando presentes os


pressupostos constitucionais para sua instituição.

Dessa forma, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao analisar a


constitucionalidade da citada legislação do Município Alfa, o julgador deve observar
que:
(A) a criação e o preenchimento de cargos em comissão não pressupõem necessária
relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado;

(B) as atribuições dos cargos em comissão devem estar elencadas em ato normativo
infralegal, não havendo necessidade de descrição, de forma clara e objetiva, na própria
lei que os instituir;

(C) a criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de


direção, chefia e assessoramento, ou o desempenho de atividades técnicas ou
operacionais de estratégica relevância;

(D) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a


necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos
efetivos no ente federativo que os criar;

(E) os cargos em comissão são preenchidos exclusivamente por servidores ocupantes de


cargo efetivo de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, e
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS 129
Nos termos do art. 37, V, da CF/88, “as funções de confiança, exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento”.
Note-se que a tanto a função de confiança quanto o cargo em comissão se destinam
exclusivamente ao desempenho das funções de direção, chefia e assessoramento e são
de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente.
A diferença reside no fato de que as funções de confiança são exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, enquanto os cargos em comissão podem ser
preenchidos por pessoas sem qualquer vínculo com a Administração, apenas se exigindo
que a lei fixe um percentual mínimo que deve ser ocupado por ocupantes de cargos
efetivos de carreira.
O STF ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em comissão é exceção
à regra de ingresso no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e
títulos e somente se justifica quando presentes os pressupostos constitucionais para sua
instituição. Na oportunidade, foram fixadas as seguintes teses:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o
exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, não se
prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas
ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança
entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar
proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e
com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no
ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas,
de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir.
STF. Plenário. RE 1041210 RG, Rel. Dias Toffoli, julgado em
27/09/2018 (Repercussão Geral – Tema 1010).
______________________________________________________________________

92. O Tribunal de Justiça do Estado Delta, após sugestão de seu comitê de integridade,
criou um departamento específico para tratar de suas licitações e contratos.

Nesse sentido, o novo departamento está atento para o fato de que, de acordo com a 130
Lei nº 14.133/2021, o planejamento de compras deverá considerar a expectativa de
consumo:

(A) anual e observar as condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor


privado;

(B) anual e observar o atendimento ao princípio da responsabilidade fiscal, mas vedada


a comparação da despesa estimada com a prevista no orçamento;

(C) semestral e observar o atendimento ao princípio da padronização, considerada a


compatibilidade de especificações técnicas, mas não de especificações estéticas;

(D) plurianual para os próximos quatro anos e observar o atendimento ao princípio da


aglutinação de compras, proibida a fragmentação de licitação, ainda que o
parcelamento seja tecnicamente viável e economicamente vantajoso;

(E) plurianual para os próximos quatro anos, e observar a determinação de unidades e


quantidades a serem adquiridas em função de consumo e utilização prováveis, cuja
estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas
quantitativas, vedado o fornecimento contínuo.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A
COMENTÁRIOS

O art. 40 da Lei Federal nº 14.133/2021 (Nova Lei Geral de Licitações e Contratações


Públicas) assim disciplina o planejamento de compras, in verbis:
Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a
expectativa de consumo anual e observar o seguinte:
I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do
setor privado;
II - processamento por meio de sistema de registro de
preços, quando pertinente;
III - determinação de unidades e quantidades a serem
adquiridas em função de consumo e utilização prováveis, cuja
estimativa será obtida, sempre que possível, mediante
adequadas técnicas quantitativas, admitido o fornecimento
contínuo;
IV - condições de guarda e armazenamento que não
permitam a deterioração do material;
V - atendimento aos princípios: 131
a) da padronização, considerada a compatibilidade de
especificações estéticas, técnicas ou de desempenho;
b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável e
economicamente vantajoso;
c) da responsabilidade fiscal, mediante a comparação da
despesa estimada com a prevista no orçamento.

______________________________________________________________________

93. João, ex-secretário de Fazenda do Estado Ômega, foi condenado pela prática de ato
de improbidade administrativa por ter, dolosamente, na época em que exercia a função
pública, recebido vantagem econômica, consistente em propina no valor de duzentos
mil reais, para omitir ato de ofício a que estava obrigado. A sentença judicial já transitada
em julgado condenou João à perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e
ao pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial.

Atualmente, o processo está em fase de cumprimento de sentença, mas João


demonstrou incapacidade financeira de saldar imediatamente o débito resultante da
condenação pela prática de improbidade administrativa.

No caso em tela, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa, o juiz poderá:


(A) autorizar o parcelamento do débito, em até quarenta e oito parcelas mensais
corrigidas monetariamente;

(B) suspender a exigibilidade do débito, por até trinta e seis meses, com a prévia e
indispensável oitiva da pessoa jurídica lesada;

(C) autorizar o parcelamento do débito, em até três parcelas, com a prévia e


indispensável oitiva do Ministério Público e do Tribunal de Contas;

(D) converter a obrigação de pagar em outras sanções, como a perda de eventual função
pública atual e a suspensão dos direitos políticos por até doze anos;

(E) converter a obrigação de pagar em proibição de contratar com o poder público ou


de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo prazo não superior a doze
anos.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS

De acordo com o § 4º do art. 18 da Lei Federal nº 8.429/1992 (com redação dada pela
Lei Federal n 14.230/2021), “O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48
132
(quarenta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débito resultante de
condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu demonstrar
incapacidade financeira de saldá-lo de imediato”.
______________________________________________________________________

94. O Município Ômega realizou queima de fogos de artifício na noite de réveillon do


último ano. No dia primeiro de janeiro seguinte, os irmãos João e Maria, de 7 e 8 anos
de idade, brincavam na praça da cidade, quando resolveram manusear restos de
explosivos deixados na noite anterior por agentes municipais sem qualquer tipo de
alerta, proteção ou elemento indicativo de que era proibido o acesso ao local, ocasião
em que alguns fogos dispararam e o acidente resultou em sérias lesões no corpo de
ambas as crianças.

João e Maria, patrocinados por seu tio que é advogado, ajuizaram ação indenizatória em
face do Município, que se defendeu alegando culpa exclusiva dos pais dos autores, que
não os vigiaram adequadamente.

Ao proferir sentença, adotando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o


magistrado deve aplicar a responsabilidade civil:

(A) objetiva, orientada pela teoria do risco administrativo, não havendo que se falar em
culpa exclusiva ou concorrente dos pais pelos danos causados aos seus filhos;
(B) objetiva, não havendo que se falar em culpa exclusiva dos pais pelos danos causados
aos seus filhos, mas reduzindo-se o valor da indenização pela culpa concorrente dos
genitores;

(C) objetiva, não havendo que se falar em culpa exclusiva ou concorrente dos pais pelos
danos causados aos seus filhos, mas afastando-se a pretensão autoral pela excludente
de responsabilidade do caso fortuito ou força maior;

(D) subjetiva, por se tratar de conduta omissiva do poder público, de maneira que é
necessária a comprovação da conduta culposa dos agentes municipais consistente na
negligência ou má prestação do serviço;

(E) subjetiva, por se tratar de conduta omissiva do poder público, mas persiste o dever
de indenizar em razão da teoria do risco integral, que não admite excludente de
responsabilidade por caso fortuito ou força maior.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A

COMENTÁRIOS

Tradicionalmente, o STJ entendia que a responsabilidade civil do Estado por omissão era 133
de natureza subjetiva, com base na chamada “culpa anônima do serviço”, que reclamava
a demonstração de que o serviço público não funcionou, funcionou mal ou não
funcionou, disso decorrendo o dano ao particular (STJ, AgRg no Resp 1345620/RS, j. em
24/11/2015).
Ocorre, contudo, que, desde 2020, a Corte Cidadã vem temperando seu entendimento,
reconhecendo o caráter objetivo da responsabilidade por omissão quando se tratar de
atividade estatal naturalmente perigosa. Vejamos:
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO
ESTADO. FALECIMENTO DE ADVOGADO NAS DEPENDÊNCIAS
DO FÓRUM. MORTE CAUSADA POR DISPAROS DE ARMA DE
FOGO EFETUADOS POR RÉU EM AÇÃO CRIMINAL. OMISSÃO
ESTATAL EM ATIVIDADE DE RISCO ANORMAL. ART. 927,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. NEXO DE CAUSALIDADE
CONFIGURADO. HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Cuida-se, na
origem, de "ação de indenização" em que se buscam o
reconhecimento da responsabilidade civil e a condenação da
Fazenda do Estado de São Paulo ao pagamento de danos
materiais e morais em virtude do falecimento de advogado
dentro do Fórum de São José dos Campos, decorrente de
disparo de arma de fogo efetuado por réu em processo
criminal, no qual a vítima figurava como patrono da parte
autora. A sentença julgou parcialmente procedentes os
pedidos. O Tribunal de origem, por sua vez, reformou o
decisum por entender que "não restou evidenciado (art. 333, I
do CPC), à luz dos elementos trazidos aos autos, o nexo de
causalidade a gerar a responsabilidade civil do Estado." NÃO
INCIDÊNCIA DO ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ 2. Os fatos foram
devidamente descritos no acórdão impugnado, razão pela qual
não incide o óbice da Súmula 7/STJ no conhecimento do
recurso. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO POR
OMISSÃO: HIPÓTESE EXCEPCIONAL QUANDO CARACTERIZADO
RISCO ANORMAL DA ATIVIDADE 3. A regra geral do
ordenamento brasileiro é de responsabilidade civil objetiva por
ato comissivo do Estado e de responsabilidade subjetiva por
comportamento omissivo. Contudo, em situações excepcionais
de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a
responsabilização estatal na omissão também se faz
independentemente de culpa. 4. Aplica-se igualmente ao
Estado a prescrição do art. 927, parágrafo único, do Código
Civil, de responsabilidade civil objetiva por atividade
naturalmente perigosa, irrelevante seja a conduta comissiva ou
134
omissiva. O vocábulo "atividade" deve ser interpretado de
modo a incluir o comportamento em si e bens associados ou
nele envolvidos. Tanto o Estado como os fornecedores privados
devem cumprir com o dever de segurança, ínsito a qualquer
produto ou serviço prestado. Entre as atividades de risco "por
sua natureza" incluem-se as desenvolvidas em edifícios
públicos, estatais ou não (p. ex., instituição prisional,
manicômio, delegacia de polícia e fórum), com circulação de
pessoas notoriamente investigadas ou condenadas por crimes,
e aquelas outras em que o risco anormal se evidencia por
contar o local com vigilância especial ou, ainda, com sistema de
controle de entrada e de detecção de metal por meio de revista
eletrônica ou pessoal. 5. A Resolução 104, de 6 de abril de 2010,
do Conselho Nacional de Justiça determinou o controle de
acesso das pessoas aos Tribunais, bem como a instalação de
aparelhos de detecção de metal nas áreas de ingresso nos
prédios dos fóruns. É incontestável nos autos que a porta do
Fórum com detector de metal encontrava-se avariada e que
não havia seguranças na entrada do estabelecimento público
que pudessem inspecionar os que adentrassem o local. 6.
Ademais, também presente o nexo causal, apto a determinar a
responsabilização do Poder Público no caso concreto. Se não
fosse por sua conduta omissiva, tendo deixado de agir com
providências necessárias a garantir a segurança dos
magistrados, autoridades, servidores e usuários da Justiça no
Fórum Estadual, o evento danoso não teria ocorrido. É certo
ainda que a exigência de atuação nesse sentido - de forma a
impedir ou, pelo menos, dificultar que réu em Ação Penal
comparecesse à audiência portando arma de fogo - não está,
de forma alguma, acima do razoável. CONCLUSÃO 7. Recurso
Especial provido.
(STJ - REsp: 1869046 SP 2017/0098413-5, Relator: Ministro
HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 09/06/2020, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/06/2020)
Mais recentemente, o STJ passou a seguir o entendimento do STF, segundo o qual a
responsabilidade civil do Estado por omissão é essencialmente objetiva, dependente da
demonstração de uma “omissão específica” do Estado, elemento de caráter objetivo,
devendo-se perquirir, nessa linha, se o Poder Público deixou de cumprir determinado
dever jurídico e essa omissão foi a causa do prejuízo gerado. É por isso que se diz que,
em caso de omissão, a responsabilidade do Estado reclama a existência de um ilícito 135
estatal, qual seja, a omissão de determinado dever jurídico (omissão específica) (ARE nº
655.277 ED/MG, j. em 24/04/2012). Confira-se, in litteris, recente julgado do STJ:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. MORTE EM DECORRÊNCIA DE
DISPARO DE ARMA DE FOGO NO INTERIOR DE HOSPITAL
PÚBLICO. AUSÊNCIA DE VIGILÂNCIA. FALHA ESPECÍFICA NO
DEVER DE AGIR. EXCLUDENTE DE ILICITUDE. NÃO OCORRÊNCIA.
1. A responsabilidade civil estatal é, em regra, objetiva, uma vez
que decorre do risco administrativo, em que não se exige
perquirir sobre existência de culpa, conf orme disciplinado
pelos arts. 14 do Código de Defesa do Consumidor; 186, 192 e
927 do Código Civil; e 37, § 6º, da Constituição Federal. 2. O
Superior Tribunal de Justiça, alinhando-se ao entendimento do
Excelso Pretório, firmou compreensão de que o Poder Público,
inclusive por atos omissivos, responde de forma objetiva
quando constatada a precariedade/vício no serviço decorrente
da falha no dever legal e específico de agir. 3. A atividade
exercida pelos hospitais, por sua natureza, inclui, além do
serviço técnico-médico, o serviço auxiliar de estadia e, por tal
razão, está o ente público obrigado a disponibilizar
equipe/pessoal e equipamentos necessários e eficazes para o
alcance dessa finalidade. 4. A análise da responsabilidade civil,
no contexto desafiador dos tempos modernos, em que se
colocam a julgamento as consequências impactantes das
omissões estatais, impõe ao julgador o ônus preponderante de
examinar os dispositivos civis referidos, sob o olhar dos direitos
e garantias fundamentais do cidadão. 5. Logo, é de se concluir
que a conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo
serviço de segurança e, por conseguinte, despreza o dever de
zelar pela incolumidade física dos pacientes, contribuiu de
forma determinante e específica para o homicídio praticado em
suas dependências, afastando-se a alegação da excludente de
ilicitude, qual seja, fato de terceiro. 6 . Recurso especial provido
para restabelecer a indenização, pelos danos morais e
materiais, fixada na sentença.
(STJ - REsp: 1708325 RS 2015/0273254-9, Data de Julgamento:
24/05/2022, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
24/06/2022)
No caso do enunciado, tratando-se de atividade demasiadamente perigosa, de um risco
anormal, bem como estando claro se tratar de uma omissão específica do Poder Público, 136
que não tomou cuidados mínimos para proteger a área, a responsabilidade civil do
Estado é de natureza objetiva, caso em que não se discute o elemento volitivo, não
havendo que se falar em culpa exclusiva ou concorrente da vítima ou de seus pais.

______________________________________________________________________

95. A sociedade empresária Gama, após regular processo licitatório, celebrou contrato
de concessão com o Município Beta, para prestação do serviço público de transporte
coletivo de passageiros intramunicipal.

Com o escopo de aumentar o preço da passagem dos usuários e justificar


descumprimento de diversas cláusulas contratuais, a concessionária Gama manipulou e
fraudou o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão.

No caso em tela, considerando o disposto na Lei nº 12.846/2013, por ter praticado ato
lesivo à Administração Pública, observadas as formalidades legais, a sociedade
empresária Gama pode ser responsabilizada:

(A) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à perda dos valores acrescidos


ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, e à proibição de contratar
com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo
prazo não superior a cinco anos;
(B) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa equivalente ao valor
do dano e à proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a oito anos;

(C) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa, no valor de 10% a 30%


do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo
administrativo, e à proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo prazo não superior a cinco anos;

(D) objetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa equivalente ao valor do


dobro do dano e à proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a oito anos;

(E) objetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa, no valor de 0,1% a 20%


do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo
administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida,
quando for possível sua estimação, e à publicação extraordinária da decisão
condenatória.

_______________________________________________________________________
137
GABARITO: E

COMENTÁRIOS

A Lei Federal nº 12.846/2013 dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e


civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
ou estrangeira.
O art. 6º da Lei disciplina a responsabilização da pessoa jurídica na esfera administrativa,
estabelecendo, textualmente:
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas
jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos
nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20%
(vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício
anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos
os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida,
quando for possível sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente,
isolada ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades
do caso concreto e com a gravidade e natureza das infrações.
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será
precedida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia
Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do
ente público.
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não
exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral
do dano causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja
possível utilizar o critério do valor do faturamento bruto da
pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
______________________________________________________________________

96. O Município Beta, pretendendo construir uma escola no imóvel de Maria, editou
decreto que declarou o imóvel como de utilidade pública. Em seguida, o Município
ajuizou ação de desapropriação, sem requerer a imissão provisória na posse do imóvel.
No curso do processo judicial, o Município decidiu construir a escola em outro imóvel 138
que já era de sua propriedade, de maneira que revogou o decreto de utilidade pública e
requereu a extinção do processo de desapropriação, pela desistência.

No caso em tela, adotando a jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça, o


magistrado deve extinguir o feito, homologando a desistência:

(A) sem condenação do Município Beta em honorários advocatícios sucumbenciais,


diante da ausência de prejuízo a Maria, uma vez que não houve imissão na posse;

(B) sem condenação do Município Beta em honorários advocatícios sucumbenciais,


diante da ausência de má-fé e do atendimento ao interesse público na extinção do
processo;

(C) com condenação do Município Beta em honorários advocatícios sucumbenciais, com


valor calculado com base nos parâmetros do Código de Processo Civil entre o mínimo
de 10% e o máximo de 20% sobre o valor atualizado da causa;

(D) com condenação do Município Beta em honorários advocatícios sucumbenciais, com


valor calculado levando em consideração os limites da Lei das Desapropriações entre
0,5% e 5% incidentes sobre o valor atualizado da causa;

(E) com condenação do Município Beta em honorários advocatícios sucumbenciais, com


valor calculado com base no princípio da proporcionalidade e observado o limite
máximo de vinte salários mínimos, para evitar o enriquecimento ilícito de Maria.
_______________________________________________________________________

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

Em 07/06/2022, no julgamento do REsp nº 1.834.024/MG, a Segunda Turma do STJ


concluiu que, em caso de desistência da ação de desapropriação por utilidade pública,
em razão da inexistência de condenação e de proveito econômico, os honorários
advocatícios serão calculados com base no valor atualizado da causa (aplicação
subsidiária do CPC), mas observados os limites de 0,5% e 5% da Lei de Desapropriações
(Decreto-Lei n. 3.365/1941). Observe-se, in verbis:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO 3/STJ. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA
PROPRIEDADE. DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA.
DESISTÊNCIA DA AÇÃO. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA
SUCUMBÊNCIA. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. OBSERVÂNCIA DO DECRETO-
LEI 3.365/1941. APLICABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO CPC/2015.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. RAZÕES GENÉRICAS.
SÚMULA 284/STF. 1. A alegação de violação aos arts. 489 e
139
1.022 do CPC/2015 exige do recorrente a indicação de qual o
texto legal, as normas jurídicas e as teses recursais não foram
objeto de análise nem de emissão de juízo de valor pelo
Tribunal da origem, pena de a preliminar carecer de
fundamentação pertinente. Inteligência da Súmula 284/STF. 2.
Na hipótese de desistência da ação de desapropriação por
utilidade pública o ente desapropriante é o responsável pelo
pagamento do ônus financeiro do processo, com o
ressarcimento de despesas eventualmente pagas pelo réu, a
serem apuradas em momento próprio de liquidação ou de
cumprimento de sentença. Inteligência do art. 90, "caput", do
CPC/2015 e do art. 30 do Decreto-Lei 3.365/1941. 3. De igual
modo, face a inexistência de condenação e de proveito
econômico, os honorários advocatícios sucumbenciais
observam o valor atualizado da causa, assim como os limites da
Lei das Desapropriações. Inteligência do art. 85, § 2.º, do
CPC/2015, e do art. 27, § 1.º, do Decreto-Lei 3.365/1941. 4.
Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa extensão,
parcialmente provido.
(STJ - REsp: 1834024 MG 2019/0252610-5, Data de Julgamento:
07/06/2022, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
17/06/2022)
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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

97. É significativo o debate no meio jurídico acerca dos limites e das possibilidades da
utilização de argumentos consequencialistas para fundamentar uma decisão. O
pragmatismo jurídico é uma corrente jusfilosófica que, em linhas gerais, sustenta que
uma decisão deve ponderar as consequências, seja para buscar efeitos desejados, seja
para evitar efeitos indesejados. Como correlatos do consequencialismo, o pragmatismo
jurídico apresenta outras duas características: o antifundacionalismo e o
contextualismo. Essas duas últimas características podem ser respectivamente
entendidas como:

(A) a abertura do raciocínio jurídico para outros campos do saber, especialmente para
poder dimensionar a ação desejada; a busca das características pessoais de cada um dos
sujeitos envolvidos no conflito sob julgamento;

(B) a negação das fontes formais do direito e de sua estatalidade como dogma jurídico; 140
a ideia de que se deve privilegiar o impacto instrumental das decisões jurídicas, pois o
fim da jurisdição é a pacificação social;

(C) a afirmação da natureza prático-dogmática da doutrina jurídica que em nada se


confunde com uma ciência do direito; a utilização instrumental do processo, sendo
orientado pelo princípio da economia processual;

(D) a adoção do conceito de pluralismo jurídico como inversão fundacional do monismo


jurídico; o enquadramento do caso no contexto jurisdicional, tendo em vista o livre
convencimento do juiz para a tomada da melhor decisão no caso concreto;

(E) a recusa em admitir verdades preconcebidas, afirmando que todo princípio é apenas
uma hipótese a ser testada; a crença de que somente as circunstâncias dimensionam
corretamente o problema e é a partir dele (problema) que se deve buscar uma solução
jurídica.

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GABARITO: E

COMENTÁRIOS
Anti-Fundacionalismo (ou Anti-Idealismo): é a rejeição de fundamentos últimos para as
teorias e argumentos do Direito, ou seja, é a contraposição a argumentos metafísicos
como suportes teóricos de decisões judiciais. O pragmatismo nega a possibilidade de que
respostas às questões jurídicas possam ser deduzidas de ideias fundamentais de toda
uma teoria. Rejeita assim um dedutivismo, em que existiriam princípios estruturais às
teorias, funcionando como arquétipos dos quais poderiam ir sendo extraídas as soluções
para todos os problemas jurídicos. (Manual de Humanísticas – Filippe Augusto dos
Santos Nascimento)

Contextualismo: enfatiza a importância do contexto histórico e das experiências


humanas de cada sujeito nas investigações científicas ou discussões teóricas de justiça.
Se todo o conhecimento é contextual, não faria sentido se pensar em conceitos
abstratos, absolutos e válidos a qualquer tempo e em qualquer tipo de realidade. Posner
chega a afirmar: "não apenas nosso conhecimento é local, como também é perspectivo,
sendo moldado pelas condições históricas e outras condições nas quais é produzido".
(Manual de Humanísticas – Filippe Augusto dos Santos Nascimento)

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98. Inácio, servidor do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, foi instado, por seu
superior hierárquico, a analisar a forma de substituição do juiz de direito titular do órgão
jurisdicional localizado em Fernando de Noronha, nas situações de impedimento e 141
suspeição.

Após analisar o Código de Organização Judiciária, Inácio concluiu, corretamente, que a


referida:

(A) Vara Única Seccional não integra a Tabela de Substituição Automática do Estado,
devendo a designação ser realizada pelo presidente do Tribunal de Justiça;

(B) Vara Única Distrital não integra a Tabela de Substituição Automática do Estado,
devendo a designação ser realizada pelo presidente do Tribunal de Justiça;

(C) Vara Única Seccional integra a Tabela de Substituição Automática do Estado, na qual
há prévia indicação do juízo substituto;

(D) Vara Única Distrital integra o Código de Tabelamento Automático, no qual há prévia
indicação do juízo substituto;

(E) Vara Regional integra o Código de Tabelamento Automático, no qual há prévia


indicação do juízo substituto.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS
Art. 8º, LC 100/2007 (Código de Organização Judiciária do Estado de Pernambuco): A
Vara Única Distrital de Fernando de Noronha, de 1ª entrância, integra a 3ª circunscrição
Judiciária, sendo provida por cargo de Juiz de Direito de 1ª Entrância, que terá jurisdição
plena sobre a área territorial do Distrito Estadual de Fernando de Noronha. (Redação
alterada pelo art. 1º da Lei Complementar nº 452, de 26 de maio de 2021.)

§1º A Vara Única Distrital de Fernando de Noronha, em virtude de sua situação


geográfica, não integra a Tabela de Substituição Automática do Estado. (Acrescido pelo
art. 1º da Lei Complementar nº 452, de 26 de maio de 2021.)

§2º Nas férias, licenças, afastamentos, impedimentos e suspeição do Juiz, a


substituição dar-se-á por designação do Presidente do Tribunal de Justiça dentre os
integrantes da 3ª Circunscrição Judiciária, bem como pelos juízos da 11ª Região do
Estado. (Acrescido pelo art. 1º da Lei Complementar nº 452, de 26 de maio de 2021.)

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99. João, juiz de direito, endereçou ao órgão competente do Tribunal de Justiça do


Estado de Pernambuco requerimento para que pudesse residir fora da Comarca em que
atuava regularmente. Além disso, recebeu a informação de que fora solicitado o seu
comparecimento ao órgão com competência para organizar e supervisionar o Núcleo de
142
Gerenciamento de Precedentes do Tribunal.

Os órgãos descritos na narrativa são, respectivamente:

(A) o presidente do Tribunal e o corregedor-geral da justiça;

(B) o corregedor-geral da justiça e o Conselho da Magistratura;

(C) o Conselho da Magistratura e o 2º vice-presidente do Tribunal;

(D) o presidente do Tribunal e o Conselho de Administração da Justiça Estadual;

(E) o 1º vice-presidente do Tribunal e o Conselho de Administração da Justiça Estadual.

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GABARITO: C

COMENTÁRIOS

Art. 37, Resolução 395/2017 (Regimento Interno do Tribunal de Justiça de


Pernambuco): Compete ao Conselho da Magistratura:

(...)
VIII - autorizar juízes a residirem fora da comarca;

(...).

Art. 32, Resolução 395/2017 (Regimento Interno do Tribunal de Justiça de


Pernambuco): Compete ao 2º Vice-Presidente:

(...)

VI - organizar e supervisionar o Núcleo de Gerenciamento de Precedentes (NUGEP) do


Tribunal;

(...).

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100. O Brasil é signatário de diferentes convenções de direitos humanos que vedam


várias formas de discriminação direta. Você, contudo, se depara com uma situação que
caracteriza discriminação indireta ou disparate impact.

Tal situação se caracteriza quando:

(A) ocorre alguma distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha o propósito
ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de
igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais em qualquer campo da vida
humana;
143
(B) um ato deliberado e intencional do administrador público limita o acesso de um
grupo vulnerável específico a determinados direitos fundamentais, sejam eles de
natureza civil, política, econômica, social ou cultural;

(C) certas políticas, práticas e normas, com natureza universal e neutras em relação aos
seus destinatários, produzem consequências menos gravosas para um grupo e mais
gravosas para outro grupo, sem que haja uma justificação razoável para isso;

(D) existe a violação ou restrição de direitos humanos ou liberdades públicas das


gerações futuras, como consequência de medidas adotadas pelas autoridades da
geração presente, caracterizando, assim, uma situação de preferência geracional;

(E) determinadas ações ou omissões praticadas por indivíduos ou grupos privados


produzem como resultado indireto a restrição ou privação de direitos próprios da esfera
pública, contribuindo para um cenário de maior precarização das camadas
hipossuficientes da sociedade.

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GABARITO: C

COMENTÁRIOS
“A discriminação indireta também é conhecida como Teoria do Impacto
Desproporcional. A Teoria do Impacto Desproporcional está atrelada aos conceitos de
discriminação de fato e discriminação por ações neutras:

i) Discriminação de Fato: ocorre quando a realidade é desigual e os atores envolvidos


poderiam agir para encerrar a desigualdade, mas, por omissão, mantém a desigualdade
de fato.

ii) Discriminação por Ações Neutras: acontece quando há uma norma aparentemente
neutra, que, na sua aplicação, efetivamente irá discriminar uma pessoa ou grupo, ou
seja, a mera aplicação da norma leva à discriminação.” (Manual de Humanísticas –
Filippe Augusto dos Santos Nascimento)

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