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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

ÍNDICE

Palavra da Coordenação da UMADESL.....................................................................03


COMO VENCER A GUERRA CULTURAL ?...............................................................04
O PENTECOSTALISMO COMO RESPOSTA A MODERNIDADE...............................16
GUERRA CULTURAL - A REVOLUCÇÃO SEXUAL.....................................................20

Diagramação: Michel Milesy

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

PALAVRA DA COORDENAÇÃO

Olá, Juventude Pentecostal! É como muita alegria que nós recebemos vocês nesse
2º Encontro de Jovens Cristãos Universitários realizado pela UMADESL com um tema
extremamente relevante para o cenário que vivemos: Guerra Cultural – Defendendo a
Fé em um mundo de Ideologias.

Sabemos que com a virada do novo milênio houve diversas transformações sociais e
culturais que trouxeram impactos positivos e negativos de maneira geral. Entre esses
aspectos negativos, vimos a grande mudança moral da sociedade ocidental colidindo
com a Ética Cristã.

Nessa nova ocasião, passaram a existir diversos movimentos de contracultura que vi-
savam subverter a fé em todos os aspectos. Diversas ideologias passaram a confrontar
a Igreja, a Fé e os jovens nas escolas, universidades e em diversas áreas da sociedade
de maneira geral. Desde então, passamos a enfrentar um guerra no aspecto cultural
em todos os sentidos.

Diante deste cenário que vivemos, é que preparamos para vocês o nosso Segundo En-
contros de Jovens Cristãos Universitários para ajudá-los a fortalecer a fé e refutar as Ideo-
logias que querem nos escravizar segundo os princípios deste mundo (2 Co 10.4-5).

A palavra de Deus diz que “nós devemos apresentar a razão da esperança que há
em nós” (1 Pe 3.15) e isso deve ser feita de maneira diligente, clara e objetiva a fim de
anunciarmos Cristo no Campus Universitário.

A minha oração é que vocês façam bom uso deste material, levante boas perguntas
aos palestrantes e cresçam cada vez mais enraizados em Cristo Jesus sem se deixar
serem enganar pelas vãs filosofias de nossa era (Cl 2.6-8).

Em Cristo,

Pr. José Chagas


Coordenador da UMADESL

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COMO VENCER A
GUERRA CULTURAL?

Por Pr. Moisses Bacelar Campelo

1.Conheça a Doutrina para não ser dentro do livro especifico da Bíblia. O


doutrinado. (Epistemologia) que deve definir quem somos, como vi-
vermos, como entendemos e história e
Converta-se intelectualmente...
para onde iremos é a Bíblia.
A doutrinação começa no Ensino Fun-
1.1.1. Doutrina de Deus: Quem é Deus
damental. Desenvolve-se no Ensino
no Pentateuco?
Médio. Consolida-se na Universidade.
1.1.2. Doutrina do Homem: Qual con-
Claro que ninguém vai dizer que existe.
ceito de Humanidade no Antigo e
Vão dizer que invenção de teoria da cons-
Novo Testamento.
piração da direita. Vão dizer que isso é
uma invenção maluca de gente que tem 1.1.3. Ética Cristã: O que é Ética no
preconceito e que não sabe que a uni- Antigo e Novo Testamento?
versidade é um lugar de pluralidade de
1.1.4. Doutrina da Criação: O que o An-
ideias e pensamentos. Mas só pra fazer
tigo e Novo Testamento falam so-
um teste...Tente escrever uma disserta-
bre a Criação?
ção ou monografia que critica Marx ou
alguns da lista dos autores Canônicos Objetivo: Entender o que a bíblia diz pra
da Universidade pra ver se consegue ser poder aplicar a sua realidade. O homem
aprovado...Me engana que gosto poderia moderno está em guerra com a realida-
resumir essa tentativa de negar o que es- de. A bíblia mostra a realidade.
tar mais na cara que o nariz.
Constatação: Muitos jovens não sabem
1.1. Estude teologia bíblica profun- o mínimo de doutrina bíblica.
damente. Mergulhe na Bíblia.
Teste: Qual o conceito bíblico de imagem
O foco da teologia bíblica é a mensagem de Deus no livro de Genesis e como isso

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afeta as afirmações ideologia de Gêne- 1.2. Estude apologética em suas vá-


ro? O que é ser homem e mulher a luz rias vertentes:( formação da defesa)
da Bíblia e como isso afeta os conceitos
1.2.1. Apologistas:
de machismo e feminismo presente nos
debates públicos? William Lane Craig (Filosofia e Cos-
movisão cristã): Tudo o que ele escreve
Frase de vários jovens: Mas tudo isso é
é brilhante. Craig é uma prova que você
muito difícil e eu não consigo entender
não precisa cometer suicídio intelectual
a Bíblia.
para ser cristão na universidade. Para
“Mas na faculdade estuda Marx, Fou- ver William Lane Craig em ação basta
cault, Judith Butler, Nietzsche e outros acessar o youtube e colocar o nome dele
teóricos. Faz artigo (na marra), escre- para assistir um debate ou aula desse
ve monografia (no desespero) e ainda gigante da teologia e filosofia.
faz mestrado e doutorado com temas
G.K. Chesterton (Ortodoxia e O Ho-
de alta complexidade. Lê páginas e
mem Eterno): Chesterton é um dos
páginas xerocadas de livros do auto-
maiores defensores da fé do século 20.
res antigos com palavras técnicas in-
Ele é um apostolo do bom senso e o rei
compreensíveis e ainda persevera para
dos paradoxos. Suas obras dialogam
entende-las. Mas quando é a Bíblia,
com a mentalidade ateísta e relativis-
desiste logo. Então estudar o que o ho-
ta do início do século 20. Ele descobriu
mem diz é mais importante que mergu-
que é possível transmitir verdades e en-
lhar no que Deus diz? Acorde, jovem!
sinamentos morais em forma de contos
Deus quer usar você como usou Daniel
e romance detetive. Por amor a inteli-
na Babilônia.
gência leia Ortodoxia e O Homem Eter-
Precisamos resignificar nosso vocabu- no. Lewis se converteu depois da leitura
lário à luz do que a Bíblia diz. Nosso dessa última obra.
problema é que estamos construindo os
Roger Scruton: O gigante Scruton pos-
significado do nosso mundo conceitual
sui uma mente brilhante com estilo de
a luz da cultura.
escrita elegante. Ninguém escapa da
Dica 1: Faça discipulado (imitação de sua crítica profunda e argumentação
Cristo). Não sobreviva só de músicas e bem ambasada. Seus livros são verda-
atividades. DESENVOLVA UMA VISÃO deiros guias para o jovem universitário
CRISTÃ DA VIDA. preso em um ciclo de uma ideia só ou
um pensador só. Ele tem versatilidade
Dica 2: Forme sua biblioteca e seja um
para falar de teologia, politica, filoso-
pesquisador de temas relevantes liga-
fia, estética...Mesmo que não concorde
dos a sua área de atividade acadêmica.
com ele em alguma ideia, pode aprovei-
Mergulhe nos Livros. Estude mais que
tar pra despertar o desejo de aprender
outros. Estudar pra glorificar a Deus
mais lendo este gênio do século 20.
também é um ministério cristão.
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C.S.Lewis(Cristianismo Puro e Simples): 1.3.Sinais de perigos:

A dificuldade de entender os textos de 1.3.1. Dúvidas que atormentam e in-


Lewis desaparece quando você começa quietam: quando você entra na Uni-
a mergulhar no Universo de temas da versidade e começa a perceber toda
academia. Em Cristianismo Puro Lewis cachoeira de conceitos que confrontam
consegue falar com clareza moral, ateís- sua fé e sente toda bagagem de alguns
mo, virtudes cristãs e outros temas que professores claramente críticos da fé
ajudam a combater ideias e pensamen- em aula e com perguntas difíceis de
tos que servem de obstáculo a fé. Quem responder, é como se uma avalanche
gosta de ficção cristã não pode ficar sem de duvidas invadisse sua alma e você
ler Crônicas de Narnia. Leia tudo o que voltasse pra casa no ônibus lotado ator-
Lewis escreveu e sentirá que a fé cristã mentado com pequena estrutura de sig-
é mais que aprender frases, participar nificado que você pensou que era segu-
de eventos e ouvir Worship.” ra o suficiente para aguentar as golpes
teóricos do novo mundo que agora você
Lee Strobel:( Em defesa da Fé e em
entrou. Muitos nessa fase ou desistem
Defesa de Cristo): Strobel era um ateu
do curso com medo de não aguentar ou
e jornalista bem-sucedido que resolve
então naufragam na fé.
investigar temas difíceis com perguntas
ácidas aos maiores especialistas em di- 1.3.2. Desanimo na Igreja: Quando o
ferentes temas ligados a fé cristã. O livro que você acredita sobre Deus, Bíblia,
é uma apresentação magistral de bons Igreja, Moral e vida em geral é questio-
argumentos como respostas a questio- nado toda semana e dogmaticamente
namentos que parecem um beco sem pregado na sala de aula onde supos-
saída. Cada entrevista é uma aula sobre tamente existe neutralidade cientifica,
arqueologia, logica, história, teologia e fé. você vai para igreja com os óculos do
ceticismo ou lentes ideológicas. Sen-
Norman Geisler: (Enciclopédia de
ta no culto desmotivado porque o seu
apologética e Não tenho fé suficien-
professor disse que “a Religião é o ópio
te pra ser ateu): Geisler passou a vida
do povo”; “Deus é apenas um delírio”;
inteira na frente batalha escrevendo e
“A Igreja oprime e engana,” servindo
dando palestras em universidade. Seus
apenas para fortalecer a moral Judai-
livros dialogam com teorias cientificas e
co-cristã. “Paulo era machista” e “a Bí-
oferecem respostas cristãs embasadas
blia está cheia de lendas e mitos” que
em uma boa argumentação filosófica
você não precisa mais acreditar porque
e exegese bíblica. Se pelo menos cada
agora você está na era da “ciência e da
estudante lesse o livro Não tenho fé su-
tecnologia. O pior de tudo é que mui-
ficiente pra ser ateu antes de entrar na
tos entram na faculdade sem nenhum
faculdade já seria um bom começo para
preparo intelectual e teológico e depois
estar atento ao combate que tem ferido
ainda viram militantes políticos e ateus
milhares de jovens.

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agressivos. Desenvolvem uma soberba acaba aceitando uma teoria cavalo de


intelectual que sentem que pastor, pai, troia que vai ter várias ideias contrarias
mãe, coordenador de mocidade ou mes- ao que a bíblia diz sobre Deus, sobre
mo professor da EBD não chegam ao o homem, sobre a ética e sobre a vida
nível que agora ele está. Como ele acha que vão solidificar suas crenças e fazer
que já experimentou a religião, então parte agora da sua Realidade. Isso tudo
pode realmente comprovar que tudo o acontecer de forma sutil e bem imper-
que seu professor disse é verdade e que ceptível. Você se torna como um peixe
ele agora está livre da opressão. dentro de uma agua que nem estranha
1.3.3. Medo de afirmação da fé no se ela está limpa ou suja. No final da
ambiente de estudos: Quando o cris- aula vão dizer que tudo o que estão fa-
tão entra na universidade para que ele lando na sala de aula não é baseado em
põe seu credo no bolso. Tudo o que ele opinião ou dogmas religiosos, mas em
sabe é que na verdade agora não sabe pesquisas cientificamente comprovadas
mais de nada. O silencio vem do medo e em fatos irrefutáveis.
de sobre retaliações, zombarias e crí-
ticas. Até mesmo na sala de aula ele 1.3.5. Parar de se congregar:
fica com medo de parecer fanático ou A universidade se torna a nova igreja
religioso demais ao dialogar ou afir-
de quem perde a fé em Deus. Na igreja
mar algo ligado a sua fé. Dizem que
existe pregação, na universidade exis-
o ambiente da universidade é plural e
te proselitismo religioso cientificista
cheio de tolerância, até alguém perce-
(a ciência é a fonte de toda verdade) e
ber que você acredita no que livro de
ideológico. Na igreja afirmamos dogmas
capa preta diz.
baseados na bíblia, na universidade
1.3.4. Acriticidade: aceitar tudo o que prega-se dogmas baseados em Pensa-
ouve sem criticar é uma das práticas dores do Século 18. Nós temos nosso
mais comuns na Universidade. As teo- cânon bíblico com a lista dos livros au-
rias são apresentadas como dogmas re- torizados. Na Universidade a infabilida-
ligiosos que esperam que os estudantes de de Marx e outros autores são é pro-
acreditam sem verificar e nem questio- clamados em sala de aula abertamente
nar. As escolas de pensamentos podem como fonte de inerrante conhecimento
se contradizer a vontade, mas ainda as- sobre o mundo. Na verdade a bíblia re-
sim são confessionalmente defendidas vela quem Deus é, e os livre pensadores
e se tiverem ligadas a tese de doutorado revelam como o mundo realmente é e
do professor podem acreditar que mui- como ele deve funcionar. Quem precisa
tos serão convertidos a aquele pensador da “antiga igreja atrasada e retrógrada”
que o professor já segue religiosamen- se “a nova fé” tem todos os elementos
te. Quando o cristão aceita tudo sem de uma religião polida e epistemologica-
ver as premissas ou pressuposições ele mente superior?

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1.3.6. Começar a valorizar mais a turma 1.4.2. Falta de conhecimento sobre


da faculdade que os amigos da igreja. os teóricos e escolas de pensamento.

Incrivelmente a sede de aprovação so- A maioria dos autores que estudamos na


cial na faculdade pode ser tão grande Universidade já morreram ou são estu-
ao ponto de começarmos a receber mais dados a décadas. Mas nós só temos con-
influência dos amigos de turma que dos tato quando estamos em sala de aula.
irmãos da igreja. A primeira coisa que Não conhecemos os livros, as teorias, os
faz logo é mudar as roupas, deixar a autores ou escolas de pensamentos que
barbar crescer, colocar uma tatuagem tiveram influência sobre eles. O nível de
estilosa, mudar o modo de falar ado- complexidade das suas ideias assusta
tando novo vocabulário dentro politica- nossa precária preparação doutrinaria.
mente correto. A tentação de participar Sentimos que não temos respostas para
de eventos e festas, com música e be- toda aquelas sofisticas teoria e perde-
bida cresce à medida que agora condi- mos por WO. Engano nosso por que
ciona sua presença no grupo a atitudes muitas teorias afirmadas na universi-
iguais aos antigos participantes. Afinal dade dogmaticamente já tem escolas de
de contas, calouro tem que ser aprova- pensamentos que criticam ou que con-
do pela galera pra poder fazer parte da trariam e até autores cristãos que já es-
nova comunidade. creveram respostas aquelas teorias que
pareciam infalíveis. O certo era termos
1.4. O que nos deixa vulneráveis ao
aula sobre alguns livros e autores antes
entrar na Universidade?
de entrarmos na Universidade para as-
1.4.1. Fé Cristã sem profundidade bí- sim podermos ter embasamento teóri-
blica e teológica. co para analisar ideias e poder oferecer
o contraponto. Mas quem tem fome de
Ninguém vai aguentar vencer a guerra conhecimento e coragem de mergulhar
cultural lendo pouco, sabendo o bási- em livros e formar grupos de estudos
co ou apenas indo uma vez por semana para analisar esses teóricos em nosso
pra igreja e ainda chegando atrasado. mundo apressado, superficial e cheio
Temos que ser teólogos públicos que de preguiça intelectual?
façam exegese da Bíblia e exegese da
cultura. Ignorância não é uma benção. 1.4.3. Muitos ativismo e pouca for-
Anti-intelectualismo não pode ser algo mação intelectual.
normal em nossa juventude. Inercia in-
Igreja não pode sobreviver só de even-
telectual não era pra ser algo comum
tos. Jovens não podem ser movidos só
no meio daqueles que acreditam que
por movimentos. Precisamos de forma-
devem amar a Deus com todo entendi-
ção cristã. Temos que está com muni-
mento. Temos que despertar para mer-
ção bíblica suficiente para confrontar
gulhar na Palavra de Deus e assim ser-
as trevas. Nós não estamos em passeio
mos profetas na Universidade hoje.
na terra pra vivermos de qualquer jei-

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to. Somos soldados de Deus. Temos que aprovação divina é mais importante que
frear o nosso ritmo de vida e pensamos a aceitação humana.
realmente sobre os grandes temas que
1.4.5. Coragem para representar a
hoje estão sendo debatido. Detalhe:
Cristo.
se você não pesquisar vai falar boba-
gem sobre o que realmente nunca leu. Um dos lugares mais difíceis de pregar
Se não pensar profundamente vai ser o evangelho é na Universidade.
guiado por quem pensou erradamente.
1.4.6. Muita música e pouca teologia
Se não for a fonte, vai depender de in-
e livros.
terpretações tendenciosas e reducionis-
tas. Precisamos pensar em temas como Hoje nossos jovens gostam mais de mú-
aborto, ideologia de gênero, sexualida-
sica que de teologia. Prova real da afir-
de, inteligência artificial, liberdade re-
mação: Pergunte para os jovens quem
ligiosa, racismo, epistemologias social,
desconstrucionismo, poder, linguagem, são os cantores mais conhecidos ou
cultural. Não apenas ler os teóricos, coloque as músicas mais conhecidas e
mas dialogar dentro de um arcabouço peça pra dizerem quem canta...Depois
teórico cristão ao ponto de sabermos pegue uma doutrina da bíblia e peça 5
como ter uma fé que também pensa e referencias que fundamentem a doutri-
sabe responder a questões difíceis. na ou então pergunte o que é Justifi-
1.4.4. Desejo de aceitação social: cação pela fé...O analfabetismo bíblico
Qual a sensação que você tem quando hoje é uma realidade em nossa juventu-
seu amigo da faculdade descobre que de... Eis uma das principais razões por
você é crente, fala em línguas e acredi- que muitos se desviam na Universidade.
ta nos relatos da bíblia sobre a criação, Eles não tem raiz na Palavra. Seria um
na história de Adão e Eva e no relato
bom começa se a mocidade começasse
de Jonas sendo engolido por uma ba-
a ir para escola dominical e mergulhas-
leia (essa é a expressão que eles usam
se na revista como quem estuda para
ao zombar do que chamam de mitos).
Quando você ouve seu professor dizen- escrever um artigo na universidade.
do que não existe verdade, apenas in-
Para finalizar é só perguntar: O que en-
terpretações e que na verdade tudo é re-
che mais? Um show ou uma tarde de
sultado de uma luta de classe, inclusive
estudo da bíblia?
sua religião é um instrumento de poder
para engano das massas oprimidas pe- 2.Estude as formas de expressões das
los poderosos. Quando o desejo de acei-
ideologias.
tação social vira uma obrigação moral
esquecemos o que cremos por que ser A mais perigosas de todas as ideologias
parte do grupo se torna mais importan- hoje na faculdade: A Cosmovisão Mar-
te que se apegar ao que a bíblia diz. A xista.
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História segundo o marxismo: Relações de classe. Isso significa que


a comunidade mais importante à qual
A popularidade do marxismo é devida
pertencemos é a classe econômica, de
em parte ao ponto principal que ele tem
modo que a lealdade a ela deve supe-
em comum com as outras formas de so-
rar inevitavelmente o apoio à nação, ao
cialismo, a saber, a promessa de erra-
Estado, à família, à igreja e assim por
dicar a pobreza e a opressão de classe.
diante. Marx é obviamente um filósofo
No entanto, Marx fez algo que os outros
progressista. Ele acredita que a história
tipos de ideologia socialista não fize-
avança de acordo com um certo propó-
ram: formulou uma filosofia ostensiva-
sito, em uma direção específica, liber-
mente científica da história, que se afir-
tando cada vez mais o ser humano das
mava capaz de fazer uma interpretação
diversas formas de opressão.
abrangente de uma enorme variedade
de fenômenos políticos e sociais. Como Soteriologia Marxista:
se sabe muito bem, Marx combinou a
Entre as ideologias aqui estudadas, o
dialética de Hegel, o materialismo ateu
marxismo talvez seja a que tem a so-
de Feuerbach e o socialismo utópico
teriologia mais explícita, propondo a
francês para desenvolver sua aborda-
possibilidade de salvação mediante a
gem teórica própria, conhecida como
atividade histórica do proletariado pelo
materialismo histórico ou, de modo me-
mundo afora. A história, impelida pela
nos exato, como materialismo dialético.
luta de classes, avança em uma só di-
Escatologia marxista: reção. Seu destino é transcender essa
luta quando ocorrer a consumação
É este o grande atrativo da visão
escatológica, isto é, a revolução. Além
marxiana: assim como a Escritura nos
disso, fora da América Latina o método
dá a certeza da vitória final de Jesus
marxista de análise
Cristo sobre seus inimigos e de que os
justos brilharão como o Sol sobre a nova Histórica e social está vivo e operante
terra no reino de Deus, assim também em outras formas menos obviamente
o marxismo promete uma consumação devidas a Marx. Um exemplo: embora
escatológica da história humana. as várias formas de feminismo sejam
baseadas nas diversas visões ideológi-
Antropologia Marxista:
cas discutidas aqui, uma forma radi-
Segundo Marx e Engels, nós somos cal específica bebeu bastante na fonte
o que nós produzimos. O ser humano do pensamento marxista típico. Assim
é fundamentalmente um homo como Marx reduz a sociedade em toda
economicus, sendo motivado em sua complexidade à luta de classes, o
todas as suas atividades por fatores feminismo radical a reduz à luta entre
econômicos baseados na sua relação homens e mulheres, onde um sexo (ou
com os meios de produção, ou seja, nas gênero, o termo preferido) desempenha
o papel de opressor e o outro, de opri-

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

mido. Assim como Marx vê o capitalis- O marxismo cultural designa, basica-


mo como um sistema completamente mente, uma estratégia para que uma
sociedade saia do capitalismo e chegue
abrangente, que deixa sua marca na ao comunismo, ou seja, um plano para
sociedade inteira, o feminismo radical a dominação da ideologia marxista. Isso
tende a caracterizar a sociedade em não aconteceria pelo uso da força e da
revolução armada, já que os seguidores
toda a sua complexidade como patriar-
do marxismo teriam percebido que tal
cal e nada mais. Do mesmo modo que o método fracassara. A revolução cultu-
capitalismo seria algo a ser transcendi- ral, como essas pessoas chamam, se
daria através de mudanças gradativas
do de uma vez por todas, por se tratar
na cultura da nação e pela implemen-
da fonte única de opressão no mundo, o tação dos dogmas da esquerda nos in-
feminismo radical se vê na obrigação de divíduos. Dessa forma, o comportamen-
lutar pela superação do patriarcado e to e a mentalidade – incluindo a visão
política – da população seria alterada,
pelo estabelecimento de uma sociedade abrindo portas para que o comunismo
não patriarcal, sobre cujos detalhes as fosse instaurado.
feministas, é claro, não estão em com-
pleto acordo. Se o marxismo atribui a
O caminho para o poder preconizado
origem do mal à divisão do trabalho, o pelos marxistas culturais é por meio da
feminismo radical localiza o corrupção moral das pessoas. Segundo
Gramsci, para alcançar isso, a grande
mal na divisão sexual do trabalho; há mídia convencional, o sistema educa-
quem vá mais longe, a ponto de reivindi- cional e as instituições culturais devem
car a abolição dessa divisão até mesmo ser infiltrados por agentes ideológicos
e continuamente transformados e mol-
no processo biológico de reprodução.
dados de acordo com essa ideologia. A
função destas três instituições não é
Religião no marxismo:
esclarecer e iluminar, mas sim confun-
dir e enganar.
“Para ele e para Marx, a religião, exceto
como fenômeno histórico e social, não era A mídia, o sistema educacional e todo
o aparato cultural devem ser utilizados
muito mais do que uma história da caro-
para jogar uma parte da sociedade con-
chinha. A posição agnóstica de conservar tra a outra. Enquanto as identidades de
o espírito aberto em relação ao assunto cada grupo (opressor e oprimido) vão se
ou de admitir Deus como uma possibi- tornando mais específicas, a varieda-
de dos grupos vitimológicos, bem como
lidade não provada não era de tipo a ser
todo o histórico de “opressão” sobre es-
levada muito a sério por eles.” p.18 tes grupos, vai se tornando mais deta-
Guerra cultural: A revolução lenta e pa- lhada.
cífica é feita por meio da guerra cultu- Os crentes deste neo-marxismo são
ral. Sem que seja derramado sangue ou majoritariamente intelectuais. Os tra-
sem que as pessoas sequer percebam, a balhadores, afinal, fazem parte da rea-
revolução vai tomando as instituições, lidade econômica dos processos de
símbolos da cultura e modificando am- produção e sabem que as promessas
bos para consolidar seu projeto de po-
socialistas são completamente insa-
der. A estratégia foi desenhada por An-
nas e insensatas. Em nenhum lugar do
tônio Gramsci
mundo o socialismo foi implantado em

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

decorrência de algum movimento traba- Letras: Desconstruicionismo e Marxismo.


lhista. Os trabalhadores nunca foram a
vanguarda do socialismo, mas sim suas Pedagogia: Marxismo e Socioconstruti-
principais vítimas. vismo.
Os líderes das revoluções sempre foram
intelectuais, membros da classe polí- 3. Forme elos de amizade para resis-
tica, e militares. Cabia aos artistas e tir à pressão dos grupos.
escritores ocultarem a brutalidade dos
regimes socialistas por meio de artigos, 3.1. O grupo quer torna-lo igual: O pro-
livros, filmes e pinturas, e dar ao so- blema da imitação. Seja diferente.
cialismo uma aparência estética moral,
científica e intelectual. Na propaganda 3.2 O grupo quer moldar suas crenças:
socialista, o novo sistema sempre pare- aceite o novo conhecimento como sua
ce ser justo e produtivo.
nova verdade ou narrativa. Firme-se na
Os marxistas culturais acreditam que, verdade Biblica.
futuramente, eles serão os únicos de-
tentores do poder, capazes de ditar às 3.3. O grupo quer distorcer suas defi-
massas como viver, como pensar, como
nições: Tudo o que você na vida precisa
se comportar e até o que comer. No en-
tanto, uma grande surpresa os espera: revisão.
se o socialismo de fato vier, a “ditadura
dos intelectuais” será tudo, menos be- 3.4. O grupo quer silencia-lo: se você
nigna -- e nada muito diferente do que acredita diferente se cale. O que você
ocorreu após os soviéticos tomarem o defende é intolerante, homofobico, fun-
poder. Os intelectuais estarão entre as damentalista e anticientífico. Seja pro-
primeiras vítimas. Foi isso, afinal, o que
ocorreu na Revolução Francesa, a qual feta na Universidade.
foi a primeira tentativa de revolução pe-
Faça como Sadraque, Mesaque e Abe-
los intelectuais. Várias das vítimas da
guilhotina eram proeminentes intelec- denego: Estudante de todas faculdades,
tuais que haviam inicialmente apoiado uni-vos em prol do evangelho.
a revolução -- Robespierre entre eles. As
revoluções sempre matam seus ideali- 4.Fortaleça sua vida espiritual e in-
zadores. telectual.

4.1. Fortaleça sua vida espiritual: A


2.1. Disciplinas: guerra cultural é também uma guer-
ra espiritual. Não é só uma questão de
História: Marxismo e Ceticismo.
quem conhece mais, mas de quem está
Filosofia: Perspectivismo e Existencia- do lado Daquele que tem todo poder.
lismo ateu. Você precisar está preparado para en-
frentar o exército das trevas. Este mun-
Biologia: Evolucionismo e Naturalismo. do não só um lugar de lazer, mas tam-
Direito: Situacionismo e pragmatismo. bém é um campo de batalha. Ninguém
vence a guerra sem oração. Ore em es-
Sociologia: Marxismos e Coletivismos. pirito sempre. Tenha tempo com Deus e

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vencerá as batalhas com Ele. Anexo

4.2. Desfrute da presença de Deus Livro Cartas do Inferno.


onde você estiver: Ande com Deus.
Lançamento em Breve.
Fale com Deus. Sinta Deus. Ore em lín-
guas. Experimente os dons espirituais. Querido Verminoso.
Não seja um pentecostal apenas teóri-
Promovemos ditaduras em nome do Ini-
co. Seja um vivenciador das realidades
migo e da liberdade em países onde te-
bíblicas. Viva o sobrenatural de Deus.
mos o prazer de ver cristãos presos e
4.2. Fortaleça sua vida intelectual: decapitados. Conseguimos o controle
Leia sempre. Leia onde estiver. Leia da fábrica das ideias (universidade), dos
mais que os ateus e céticos. Leia sem produtores das falácias (vários profes-
medo de ser influenciado. Leia de for- sores), de vários Livros famosos e até de
ma crítica. Leia como quem tem fome catedrais (lembre-se que eu tive a ideia
e sede de aprender para melhor repre- da teologia da libertação e até fui premia-
sentar o Rei Jesus. Leia por que é uma do como tentador do ano). Mas fique sa-
questão de vitória ou derrota na guerra bendo que esse velho demônio aqui não
cultural. Leia os clássicos do século 18. tem memória curta. Por isso não pense
Leia além do canon da Universidade. que ficará sem castigo por perder a alma
Apenas leia sempre e você vai perceber daquele jovem nos últimos segundos de
que Deus vai usar você na Universida- vida, quando as bombas caíam naquele
de. maravilhoso ambiente criado pela guerra
do Vietnã. Eu já havia lhe dito para se
5.Produza cultura em vez de absolver
livrar daquele velho livro perigoso cha-
cultura.
mado de Novo Testamento que ele cos-
5.1. Escreva um livro. tumava ler nas trincheiras com a velha
lanterna, nas noites em que saboreáva-
5.2. Escreva músicas.
mos milhares de homens no ápice da dor
5.3. Faça um projeto social relevan- e desespero...
te.
Mas espero que tenha aprendido que
5.4. Não copie apenas. Peça graça pra a guerra continua, mas agora em ou-
criar. tro ambiente. O mundo agora é virtual.
Nós criamos termos. Descobrimos o
poder do logos (palavra). Fizemos uma
revolução na linguagem. As coisas não
dependem mais desse horror que está
sempre diante de nós: a criação. Inven-
tamos as palavras mágicas que tudo
mudam em um segundo: pós-moderni-
dade, identidade de gênero, relativismo,
13
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

cultura pop, misticismo oriental, nova palavra que eu inventei?), onde tudo
era, justiça social... Agora as palavras se resume a sentir certas emoções em
significam o que nós queremos porque cultos vazios das mensagens do nosso
a verdade não vem mais do Livro, nem Inimigo. As cerimônias serão anima-
da relação com a realidade. das e vibrantes, mas sem nenhuma
transformação. Sem aquele vocabulá-
Sorria, Verminoso. Pela primeira vez na
rio perigoso que me causa nojo só de
história, nossas propagandas criativas
lembrar daqueles pregadorezinhos do
estão estampadas em todos os lugares.
século falando de pecado, redenção, ar-
Viraram máximas em camisas, assun-
rependimento e ira. Você deve levar os
tos em livros e até teses de doutorados
líderes do seu paciente a falar mais de
que ganham prêmios em dinheiro. Mas
motivação, vitória financeira, sucesso e
não esqueça: a batalha continua. Um
prosperidade. Enfatize o amor ao pró-
movimento silencioso e perigoso come-
ximo sem a fidelidade ao Inimigo. Faça
çou de forma despretensiosa. Eles cha-
do “Não julgueis” o lema público dele ao
mam de Apologética, e nós chamamos
criar a liberdade social de todos viverem
de “A Grande Mentira”. O grande perigo
de qualquer jeito, sem qualquer possi-
é seu paciente ter acesso à literatura
bilidade de correção ou disciplina. Você
que pode prepará-lo para batalha no lu-
não imagina o efeito de heresias sabo-
gar mais diabólico que existe nesse “ad-
rosas em levar pobres almas místicas e
mirável mundo novo”: a universidade.
materialistas (gosto da combinação de
Você deve levar nosso paciente a vi- termos!) a irem para o abismo comum
ver um cristianismo light (gostou da livro do nosso Inimigo bem debaixo do
braço...

14
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

O PENTECOSTALISMO COMO
RESPOSTA A MODERNIDADE.

Por Pr. Moisses Bacelar Campelo

O objetivo desse artigo é entender o O Pentecostalismo Moderno geralmente


Pentecostalismo como uma resposta é associado aos eventos que ocorreram
a modernidade, através de análises na Rua Azuza, quando cristãos de vá-
e comparações sobre como os dois rios lugares do mundo relataram terem
fenômenos expressam sua ontologia e experimentado o Batismo no Espírito
epistemologia. Santo conforme Atos 2. (Synan,2009).
Uma de suas marcas está na afirma-
As origens da Modernidade e do Pen-
ção da validade da promessa bíblica do
tecostalismo:
falar em línguas evidenciado pelo falar
A modernidade é uma cosmovisão se- em línguas para hoje. Mas o que movi-
cular baseada na supremacia da razão mento pentecostal que surgiu 3 séculos
humano e na primazia da experien- depois tem haver como modernidade
cia sobre toda a realidade (ontologia). dentro da história das ideias? Qual a
O grande representante das raízes da relação possível, dentro da teoria do co-
modernidade é o iluminista Emanuel nhecimento (epistemologia)e da ontolo-
Kant. Sintetizadamente, no “período gia, desses dois movimentos que deixa-
moderno o centro da gravidade mudou ram um impacto na história humana?
de Deus para o homem, da Escritura
A Ontologia Moderna e a Ontologia
para a ciência, da revelação para a ra-
Pentecostal.
zão na confiança de que os seres huma-
nos, partindo de si mesmos e dos seus A ontologia moderna é uma reação de
próprios métodos de conhecimento, fé ao dogmatismo católico romano, fre-
pudessem obter uma compreensão do quentemente baseado na filosofia aris-
mundo, pelo menos dos seus fatos, se totélica. A concepção de realidade a
não dos seus valores” (NAUGLE, David. modernidade não aceita mais o que é
2017, p.229). anímica(renascimento), nem sobrena-

15
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

tural (idade média) ou mesmo mítico tende a realidade como sujeita a razão
(Grécia). O mundo antes visto como e limitada a experiência, o pentecosta-
geocêntrico agora é ressignificado como lismo ultrapassa o misticismo religioso
heliocêntrico, o acaso agora ocupa o católico, submetendo o experiencial ao
lugar da providencia e a práxis ocupa escrituristico dentro da esfera da inte-
o lugar da contemplação. A existência rioridade e da vida.
está atrelada a ideia do “ que é racional
O Pentecostalismo não nega a razão,
é real e o que é real é racional”(Hegel).
mas reafirma seus limites. Entende que
O ser agora é o que é material, físico,
este mundo não é só o que o observa-
racional, quantificável. Toda a forma
mos, ou mesmo o que conseguimos me-
de conceber o mundo agora passa pelo
dir ou calcular. Existe algo ou Alguém
tribunal da razão. O que sai da esfera
que escapa nos últimos segundos, como
do entendimento humano é visto como
se fugisse, como se Sua realidade não
fantasioso, místico e irreal. Dentro da
pudesse ser controlada, manipulada
esfera do que vai além da compreen-
em nossos frios laboratórios ou revela-
são e experiência (empirismo) huma-
da no escrutínio das nossas análises. O
na, está Deus, os anjos, céu, inferno e
Pentecostalismo não é escravo do senso
a própria alma humana. A Moderni-
comum e nem do sobrenaturalismo das
dade fundou a religião irreligiosa (ou
religiões orientais. Ele depende da expe-
seria anticristã?) onde a recriação a
riência do texto unida a experiência do
partir do próprio homem é a única for-
Espírito Santo na vida. Não é resultado
ma de interpretação da realidade acei-
de meditação, não se apoia em energia
ta como sendo dentro dos limites da
cósmica. A pessoalidade do Pneuma
razão. O mundo encolhe-se até onde o
Hagios (Espirito Santo) é reafirmada do
Estado pode tocar, a ciência pode me-
início ao fim. Sua voz é suprema. Seu
dir e progresso pode determinar. Seria
toque é poderoso. Sua direção é inter-
a modernidade um projeto incrédulo
na. Mas tudo é real. Tudo é vivido. Não
de destruição do significado da reli-
dá pra contar, medir, provar(cientifica-
gião através da fundação da irreligiosi-
mente), mas quem disse que é preciso
dade baseada na imanência obscura? A
ter prova de tudo? A prova do contato
ontologia moderna é um mundo mecâ-
real não cede ao tribunal de quem nun-
nico dominado pelas ideias de Galileu
ca conseguiu provar que tudo tem que
e Newton, em que as de leis imutáveis
ter uma prova.
e a uniformidade da natureza seguem
curso de forma inflexível. A Epistemologia Moderna e a Episte-
mologia Pentecostal.
A ontologia pentecostal escapa dos gri-
lhões do reducionismo matematizante A epistemologia moderna é fundamen-
da modernidade que reduzia o homem o talmente verificacionista e matemati-
mundo ao biológico, químico, histórico zante. Apenas o que pode ser verifica-
e social. Enquanto a modernidade en- do ou comprovado matematicamente

16
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

é aceito como verdadeiro. Mas como de Comte faz parte da infância do ser
Deus, a ética e valores estéticos ficam humano (Comte,1978, p. 38). O Pente-
diante dessa navalha reducionista? costalismo não foi uma invenção tardia,
mas foi uma ressurreição da cosmovi-
O espírito antimetafisico tornou apenas
são bíblica e pneumatologica, esquecida
o que é material e perceptível como sen-
dentro de um mundo asfixiado pela não
do o único possível de ser conhecido. O
possibilidade da religião. Talvez o que
que conhecemos é agora limitado por
o Pentecostalismo tenha sido, o suspiro
que não podemos mais conhecer o que
de um mundo, sufocado, a procura de
não podemos experimentar. Estamos
Deus, e que agora pôde ser encontra-
dentro de um sistema que conhecemos
do igreja estranha e barulhenta de um
que não podemos conhecer. A certeza
homem negro cego de um olho (William
de que só duvidando podemos chegar
Seymour).
a algumas certezas e até essas certezas
ainda são incertas. Literalmente O Pentecostalismo coloca no lugar que
criamos o dogma de que os dogmas não a modernidade dá para as luzes da
devem ser a base do conhecimento e que razão, a Voz do Espírito na Palavra.
na verdade conhecimento é resultado No lugar das predições do «científico”,
apenas de ciência. o Pentecostalismo reafirma o profético.
No espaço da pregação do progresso
A epistemologia pentecostal é baseada
moderno, o Pentecostalismo coloca
profundamente na crença revelacional
o progresso moral do movimento da
do Espírito tanto na Escritura (norma-
Santidade. Enquanto a modernidade
tivamente) quando nos carismas (pro-
se apega a matemática e física, o
feticamente). Enquanto na Modernida-
Pentecostalismo se alia a metafísico e
de o conhecimento é resultado de um
espiritual. No lugar de espírito da épo-
método rigoroso de observação, experi-
ca, o Pentecostalismo prega a época do
mentação e teorização, no Pentecosta-
Espírito. A modernidade profetizou a
lismo o espiritual não é descartado por
morte da religião e o Pentecostalismo é
causa da guerra contra o metafísico. O
a prova que o tiro saiu pela culatra...
mundo não é um sistema matemático
de causa e efeito fechado, mas um lugar O Pentecostalismo é a volta da
exótico, incontrolável, onde a ditadura centralidade da metafísica ao espaço
do naturalismo não tem espaço e nem público. Deus volta aos becos e vielas,
as invasões do historicismo brechas. O falando outras línguas, manifestando
Pentecostalismo nunca foi contra o co- seus sinais ao mundo. O mundo frio
nhecer, ou mesmo, contra o progresso. do conceitual não foi suficiente para
Mas contra as premissas não discutidas satisfazer a fome do transcendental
do que agora era dito como única forma que só uma visão bíblica, completa
de conhecimento aceitável, crível, real. e contextualizada de Deus poderia
O conhecimento religioso na concepção fornecer. Quem disse que a metafísica

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

foi morta a séculos atrás? Ela está viva gião e da fé apenas ao campo do intelec-
e passa bem sentada no banco de uma to ou do ético, reconduzido a expressão
igreja pentecostal... do cristianismo a uma modalidade de
existência em que Deus não está ligado
A epistemologia moderna é fundamen-
a uma revelação no passado ou mesmo
talmente verificacionista e matemati-
poderia ser reduzido a símbolo das cul-
zante. Apenas o que pode ser verifica-
turas de povos antigos e pré-científico.
do ou comprovado matematicamente
Deus existe aqui e agora. Ele continua
é aceito como verdadeiro. Mas como
operando sinais, apesar das críticas de
Deus, a ética e valores estéticos ficam
Hume. As leis da natureza não são obs-
diante dessa navalha reducionista?
táculos para o Pai da natureza. Deus
O Pentecostalismo pode ter tido no pas- está vivo, é real e se revelou em Seu Fi-
sado problema com o Anti-intelectualis- lho que agora é ontológica e epistemo-
mo do fundamentalismo, mas com nun- logicamente vivo no Espírito Santo que
ca foi escravo do cientificismo e nem do mora em cada crente.
ceticismo. Ele sempre fugiu das garras
Referencias:
do racionalismo. A resposta do Pente-
costalismo a epistemologia moderna foi COMTE, Augusto. Curso de filo-
a volta da Presença do Real, foi o retorno sofia positiva; Discurso sobre o
do numinoso, foi o reconhecimento dos espírito positivo; Discurso pre-
limites do intelecto. O Pentecostalismo liminar sobre o conjunto do
não caiu no irracionalismo, mas procla- positivismo; Catecismo positivis-
mou junto com a pós-modernidade a ta. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
aceitação do sobrenatural como real. A (Os pensadores)
supremacia do modernismo na sua ex-
NAUGLE, David. Cosmovisão: a histó-
pressão epistemológica, caiu por terra
ria de um conceito. Ed. Monergismo.
quando as loucuras da irracionalidade
Brasília- DF, 2017.
brotaram da dita “razão”. Que estranho
racional é esse que gera guerras e ca- SYNAN, Vinsan. O Século do Espirito
sos em nome do progresso e com a ban- Santo. Ed. Vida. São Paulo, 2009.
deira do tecnológico. O Pentecostalismo
sempre reafirmou a imperfeição hu-
mana e a necessidade de regeneração.
Mas o mal foi jogado debaixo do tapete
das Filosofia otimistas do iluminismo.
Algumas décadas depois as previsões
otimistas morreram nas praias das de-
cepções sociais e históricas.

O Pentecostalismo, herdeiro do pietis-


mo, resistiu a aprisionamento da reli-

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

GUERRA CULTURAL -
A REVOLUÇÃO SEXUAL

Por Matheus L. Sales1

Introdução A Revolução Sexual pregava a liber-


dade das “amarras morais” ensinadas
As bases da civilização tem sido balan- através da Religião e da Família. Diante
çadas em nome de uma Revolução Cul- disso, houve uma maior aceitação das
tural que supostamente visa o progres- relações heterossexuais fora do casa-
so da civilização em nome de uma falsa mento como a fornicação e o adultério, o
liberdade. A pós- modernidade trouxe sexo recreativo entre jovens e a ruptura
consigo a falsa concepção de que o ho- direta com a monogamia também. Em
mem está em constante evolução, no resumo, a revolução sexual veio para
entanto , à parte de Deus. Não é de se moldar a identidade da civilização.
esperar que essa falsa concepção tem
contrastado de maneira direta com tudo Os Aspectos Históricos que impulsio-
aquilo que à ameaça, como é o caso da naram a Revolução Sexual
ética sexual cristã.
Os primórdios
Tudo aquilo que tornou a civilização
ocidental possível como a filosofia gre- Na história ocorreram diversas revolu-
ga, o direito romano e a fé judaico-cris- ções como nós geralmente aprendemos
tã tem sido reduzido à cinzas por um nas escolas. No entanto, apesar de mui-
exército que visa a destruição daquilo tas dessas revoluções serem grandes,
que é mais sagrado – a ordem divina nada se compara a Revolução Francesa
mediada pelas Escrituras que levanta a e a Revolução Sexual, pois elas não so-
igreja como sal e luz deste mundo. mente formaram a base da atual civili-
zação cultural como também edificaram
O que é a Revolução Sexual? as correntes ideológicas presentes nos
tempos pós-modernos.2
O termo Revolução Sexual foi criado
para falar das mudanças sociais, cul-
turas e políticas que ocorreram a partir
de 1960 que atingiram países como os
Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e 1 Amante da Teologia Bíblica, Hermenêutica,
Brasil. O principal objetivo desse movi- Exegese e Pregação Expositiva. Além do mais,
mento era estremecer as bases da mo- estuda Aconselhamento Bíblico, Eclesiologia
ral que até então prevaleceu por muito Aplicada, Hermenêutica Cultural e Grego do
no tempo na civilização ocidental. Novo Testamento.

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

cepção em relação à queda. O homem


A Revolução Francesa que veio advogan-
não é corrompida. Por isso Rousseau
do para si liberdade, igualdade e frater-
afirmou que “o homem nasce bom, po-
nidade trazia em seu íntimo consequên-
rém a sociedade o corrompe.”
cias desastrosas para a sociedade, pois
tivemos a transição do humanismo filo- Nesse caso, os desejos são naturais e
sófico onde o homem é colocado como livres de amarras, por isso Sade ale-
o princípio de interpretação da realidade gava que “os desejos são a expressão
para o humanismo sexual onde ele pas- da natureza. Devem ser satisfeitos e
sa a interpretar as coisas sexualmen- não condenados”; “Em nenhum ho-
te. Não é à toa que diversos estudiosos mem pode ser excluído de obter qual-
chegaram a alegar que a Revolução quer mulher, uma vez que ela pertence
Francesa se deu a partir de conversas atodos.” Além do mais, o prazer de Sade
em bordéis o que era muito comum na era quebrar a lei de Deus E confrontar a
França antiga. moral cristã de seu tempo. Ele já tinha
afirmado que a inexistência de Deus era
Não há dúvidas que uma grande e
o que lhe angustiava pois queria que
icônica figura desse tempo fora Mar-
Ele existisse apenas para insulta-lo.
quês de Sade (1740-1814) que foi um
político, filósofo e escritor de romances Como afirmou a Ana Carolina Campag-
pornográficos3. Ele era ateu e negava a nolo “na Revolução Francesa, a fé e a
ordem e a moralidade sexual cristã. Na Igreja são consideradas cânceres da
perspectiva de Sade era um completo humanidade. A Revolução Sexual surge
consenso a pessoa se dizer ateu e ain- e cresce na França, principalmente.” 6
da permanecer numa ética cristã. Por As ideias de Marques de Sade são seme-
isso ele incentiva e pregava de maneira lhantes demais as ideias defendidas nos
constante a libertinagem sexual. dias de hoje.
Os escritos dele “combinavam discurso
A primeira etapa da Revolução Sexual
filosófico com pornografia, retratando
fantasias sexuais com ênfase na vio- teve Marquês de Sade como uma figura
lência, sofrimento, sexo anal (que ele icônica, no entanto, havia outras figu-
chama de sodomia), crime e blasfêmia ras importantes que deram a sua con-
(contra o Cristianismo). Ele era um de- tribuição de destruição da moral sexual
fensor da liberdade absoluta, sem res-
cristã neste mesmo período como Gil-
trições de moralidade, religião ou lei.”4
bert Imlay que escreveu “Os Emigran-
Em uma de suas obras Sade fala “que tes” fazendo apologia ao divórcio e a
nada nem ninguém é mais importante libertinagem. Mary Wollstonecraft que
do que nós próprios. E não devemos ne- afirmou que “o relacionamento promís-
gar-nos nenhum prazer, nenhuma ex- cuo entre os sexos será uma das gran-
periência, nenhuma satisfação, descul- des melhorias que resultarão da justi-
pando-nos com a moral, a religião ou os ça política” e Percy Bysshe Shelley que
costumes.” também foi contra a moral cristã e a fa-
vor do que conhecemos como ménage.7
Para ele, a frase de Dostoiévski caia
muito bem, pois “se Deus não existe Em seu âmago, todas as ideias que vi-
então tudo é permitido.”5 Logo, roubar savam a desordem e o caos sexual de-
é algo natural já que o desejo é natural fendidas por esses autores tornaram-se
e correto, uma vez que não há uma con- as bases para o feminismo e o desenvol-

2 https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/revolucao-sexual
3 Marshall, Peter H., 1946- (2010). Demanding the impossible: A History of Anarchism. Oakland,
CA: PM Press. 144 páginas.
4 Gorer, Geoffrey, 1905-1985. (2011). The Life and ideas of the Marquis de Sade.
5 Dostoiévski, Fiodor. Os irmãos Karamazov, p. 109. Ed: 34.

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

vimento da revolução cultural da déca- tura formando assim o Marxismo Cultu-


da de 60 a 70, e mantém os edifícios da ral. A pergunta básica do Marxismo é: O
perversão cultural crescendo cada vez que nos salvará da Cultura Cristã?
mais no século XXI.
Um dos pensadores, George Lukas,
O Marxismo Cultural afirmou que isso deveria começar pela
Ética social cristã a fim de destruir a
A Revolução Sexual se desenvolve de próprio fé cristã. Freud disse que “se
maneira mais clara ainda a partir do liberássemos todas as nossas paixões,
Marxismo Cultural. Ao retornarmos aos isso resultaria em barbárie, pois como
ensinamentos de Karl Marx vemos de disse Dostoiévski “se Deus não existe
maneira muito nítida em seus escritos tudo é permitido.” Herbert Marcuse9,
que “a matéria é tudo o que existe. Uma por outro lado, acreditava que numa so-
vez que Deus não é tido como meramen- ciedade evoluída, se liberássemos todas
te uma matéria, então, na perspectiva as nossas paixões não iríamos destruir
de Marx, a ideia de Deus defendido pela as forças de trabalho, mas criar novas.
religião não passava de uma grande Em síntese, o paraíso chegará. Até mes-
droga. Daí vem a sua famosa frase que mo o incesto não será algo ruim nessa
diz que “a religião é o ópio do povo.”8 nova sociedade.
Marx estabeleceu a luta de classes em Não é de se admirar que nesse movi-
seus escritos de maneira contundente,
mento de contracultura, presente na
no entanto, diante da guerra, vendo o
proletariado se aliando a quem ele odia- década de 60, expressões como “faca
va e pregava contra, quebrou “as suas amor, não faça guerra” avançou através
pernas” e a sua filosofia não subsistiu do movimento Hippie que repudiava a
diante dos intempéries da guerra. religião, a família, a propriedade priva-
da e o capitalismo. Lutando continua-
Enquanto Marx partia do pressuposto
mente pela liberação sexual. As moti-
de que para moldar a sociedade era ne-
vações por trás dessa famosa frase de
cessário começar pela economia e che-
Herbert Marcuse era justamente para
gar a cultura, os sucessores de Marx
que os Estados Unidos parassem de en-
passaram a entender que era necessá-
frentar as forças armadas comunistas
rio partir para a cultura a fim de que
do Vietnã.
pudessem chegar a economia. Por isso
Antonio Gramsci vendo a dificuldade A luta de classes de Karl Marx agora é
de estabelecer as ideias de Marx, notou transferida para “a luta dos sexos”, pois
que em seu íntimo a grande dificuldade a liberação sexual será a destruição da
era a religião que estava impregnada na moral sexual cristã dando frutos no di-
cultura que possuía as suas bases na vórcio, fim da família, ideologia de gêne-
religião tornando-se a grande inimiga ro, aborto, pedofilia, homossexualidade
da revolução. e lesbianismo, etc., Nessa nova
Ao observar a dificuldade de penetrarem sociedade a Religião e a Família são os
as bases dessa civilização que vinha com grandes inimigos ao “progresso” desse
os seus preceitos e valores judaico-cristã, pensamento.
é que eles resolveram lutar contra a cul-
6 https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/revolucao-sexual
7 Idem.
8 Marx, Karl. Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel.
Porém, os sucessores de Marx não ficaram parados. Revisaram e moldaram a forma como eles iam instituir as
suas crenças na sociedade.
9 Vasconcelos, Vitor Vieira. A interpretação da teoria psicanalítica Freudiana por Herbert Marcuse – Um estudo
do Eros e Civilização. UFMG, 2003.”

21
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

Feminismo - A Consumação da Libera- ções havia crianças de dois meses até


ção Sexual os quinze anos que Kinsey observava
os seus orgasmos. Isso não tem outra
Após a consolidação das ideias de con- palavra senão estupro de menores que
tracultura advindas do Marxismo Cul- é acobertado desde então pela grande
tural e da Escolar de Frankfurt, o femi- mídia.
nismo passa a consolidar a Revolução
Sexual entre a década de 60 a 80 por Além do mais, neste mesmo período Si-
meio de diversas pensadoras do sécu- mone de Beauvoair pública a sua obra
lo XX. Isso ficou conhecida como a se- que também será uma enorme base
gunda onda do feminismo e a foi a mais para o movimento feminista chamada
marcante entre as demais ondas. “O segundo Sexo” onde elaafirmava que
não havia o sexo feminino pois a femi-
Foi nessa época que foram iniciadas nilidade era algo criado pela cultura pa-
uma série de estudos focados na con- triarcal para aprisionar as pessoas. Em
dição da mulher, onde começou-se a suas palavras a respeito do “que é ser
construir uma teoria-base, uma teoria mulher”, ela disse:
raiz sobre a opressão feminina. É nesse
período também que começa a distinção “Não acredito que existam qualidades,
entre sexo e gênero, passando de uma valores, modos de vida especificamen-
te femininos: seria admitir a existência
característica biológica para uma cons- de uma natureza feminina, quer dizer,
trução social, um conjunto de caracte- aderir a um mito inventado pelos ho-
rísticas e de papéis impostos à pessoa mens para prender as mulheres na sua
dependendo do seu sexo. condição de oprimidas.
Não se trata para a mulher de se afir-
Essa segunda onda do Feminismo foi mar como mulher, mas de tornar-se
um ser humano na sua integridade”10
encabeçada por um homem chamado
Alfred Kinsey através de suas obras pu-
blicadas a partir de 1945. Kinsey era Para Simone de Beauvoair, a moral não
um biólogo com intenções promíscuas e passava de uma estrutura de poder fei-
a favor de todo tipo de perversão sexual ta para dominar as mulheres, logo, elas
desde crianças a adultos. Ele fundou o poderiam ser o que quisessem ser. Além
Instituto de Pesquisa sobre Sexo, Gêne- do mais, ela queria que as mulheres não
ro e Reprodução. cuidassem de seus filhos e esposos. Em
uma de suas conversas com outra femi-
Alfred Kinsey fingiu utilizar a ciência nista Betty Friedan, ela disse:
para afirmar que a espera sexual para o
“Enquanto a família, o mito da família, o
casamentoera algo prejudicial psicologi- mito da maternidade e o instinto mater-
camente. As pesquisas dele saiu da teo- nal não forem destruídos, as mulheres
ria para a observação da prática de suas continuarão a viver sob pressão[...]. Ne-
teses alegando que os entrevistadores nhuma mulher deveria ter autorização
para ficar em casa e cuidar de crianças.
só seriam capazes de entender os seus
A sociedade deveria ser totalmente dife-
entrevistados se eles mesmos tivessem
rente.”11
vivido as experiências. Nesse período,
as pessoas com quem trabalhavam com Aqui nós vemos de maneira contunden-
Kinsey passaram a ser observadas se- te e explícita que a intenção do movi-
xualmente. Para Theodore Darylmple, mento feminista sempre foi a extinção
Kinsey era apenas impulsionado pelos da família, pois realizando eles pode-
seus desejos sexuais. riam moldar a civilização por completo.
Em 1956 quando passou pela alfânde- No entanto, o que poucos autores falam
ga nos Estados Unidos, notou-se que é que Simone de Beauvoair era casada
Kinsey tinha diversas gravações de com Jean Paul Sartre e viviam um rela-
práticas sexuais. Entre essas grava- cionamento aberto onde ambos abusa-
22
2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

vam sexualmente de menores e viviam “vadia” vem à tona novamente. Frases


a vida em libertinagem sexual. Ela acre- como “se ser vadia é ser livre então so-
ditava que para libertar a mulher das mos todas vadias” passam a ser canta-
amarras construídas pela sociedade, das e incentivadas entre as mulheres,
deveria começar pelas crianças relacio- especialmente as jovens universitá-
nando-se fora da heteronormatividade. rias. Não é de se estranhar muitas de-
Não é à toa que ambos de maneira di- las fazendo topless, utilizando símbolos
reta e indireta lutaram para estabelecer cristãos para blasfemarem da fé, ce-
leis que pudessem permitir a relação nas grotescas demonstrando que estão
sexual entre adultos e crianças. Em ou- abortando, etc.
tras palavras, a legalização da pedofilia.
Não é de se admirar que hoje os esquer- Quem encabeça a terceira do feminis-
distas sempre visavam as crianças ale- mo é a Judith Butler que em sua tese
gando que o Estado que é responsável de doutorado intitulada “Problemas de
por elas, não os pais. Dessa forma, a Gênero” que há o rompimento entre o
segunda onda do Feminismo passou a natural e o social, sexo e gênero. Nes-
permear de maneira mais consistente a se caso, passamos a ver que há uma
sociedade e a mente de diversos jovens. desconstrução das identidades pela
ideologia de gênero, negando o sexo e
A terceira onda, por sua vez, que ocor- passando a comportamentos que não
reu na década de 90, passou a defen- nos define nem masculino ou femini-
der de maneira mais clara a rebeldia no (gênero). É uma compulsão sexual
das mulheres feministas. Não é à toa onde o gênero constrói tudo. Em sín-
que receberam o título de “Riot Grrrl” tese, no âmago da revolução sexual
que significa garota rebelde. Nesse pro- existe a formação da identidade do
cesso da terceira onda houve um apro- ser. Sexualidade e identidade estão
fundamento dos temas como estupro, intimamente ligadas, pois mudando-
patriarcado, sexualidade e empodera- -se um altera o outro.
mento feminino. A diferença essencial
entre a segunda e a terceira onda é o As Consequências da Revolução Sexual
fato de que a terceira onda fortalece de
maneira mais clara e contínua a forma- Como toda ação gera uma consequên-
ção identidária.12 cia, não poderia ser diferente com a
Revolução Sexual. As consequências
A terceira é pós-estruturalista, não acre- negativas que eles intitulam como
dita em significados fixos ou intrísicos
“marcos” trouxe sérios prejuízos à civi-
às palavras, símbolos ou instituições.
“Tanto gênero quanto categorias bioló- lização ocidental e um embate ferrenho
gicas, portanto, por exemplo, são cons- contra a fé Cristã. Enquanto a Igreja de
truções sociais, pois frutos de ciências maneira geral dormia negligenciando,
invejadas pelo olhar masculino.” Em re- satanás trabalhava de maneira furtiva
sumo, elas utilizaram os sutiãs, os bas- e escancaradamente para implementar
tões e os saltos que seus antecessores o seu plano diabólico de uma sociedade
haviam abandonado e os colocaram de
mais libertina que caminha rumo ao in-
volta, em defesa da liberdade individual
de cada mulher. ferno. Dentre as consequências trágicas
tempos o:
É nesse contexto que palavras como

10 Beauvoir, Simone de. São Paulo. O segundo sexo. Ed: Difusão Européia do Livro, 1970.

11 https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/segunda-onda-feminista.

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

Divórcio no ventre. Segundo a OMS, Organiza-


ção Mundial da Saúde, “aproximada-
O número de divórcios no último sé- mente 55 milhões de abortos ocorreram
culo aumentou de maneira significati- entre 2010 e 2014 no mundo.”
va em relação a época anterior a Revo-
lução Sexual perpetrada na década de Esses dados mostram que o número
60. Os países que encabeçam o divórcio de crianças assassinadas no ventre é
são sempre os que foram as primícias muito maior do que o número de judeus
da Revolução. O Brasil, disse um jor- assassinados no holocausto perpetrada
nalista, “vive um boom” do divórcio in- por Adolf Hitler. Não é à toa que John
centivado pela mídia onde as mulheres Powell denominou o aborto de “holo-
são a grandes protagonistas. Segundo causto silencioso.” A Revolução Sexual
os dados das pesquisas feitas em Julho trouxe consigo a falsa sensação de liber-
de 2022: “A exposição a estilos de vida dade sexual sem assumir as consequên-
modernos mostrados na TV, a funções cias de criar uma criança, buscando as-
desempenhadas por mulheres emanci- sim meios legais para assassina-las.
padas e a uma crítica aos valores tra-
dicionais mostrou estar associada aos Pornografia
aumentos nas frações de um.”13 Em
Além da trágica morte de crianças, te-
uma outra pesquisa publicada recente-
mos a pandemia da pornografia que
mente, o número de divórcios aumen-
avassalou a sociedade partir da década
tou absurdamente: “o número de divór-
de 90, período da terceira onda feminis-
cios no Brasil atingiu recorde de 386,8
ta. Nesse período, grandes empresários
mil em 2021, mostram as Estatísticas do
passaram a investir pesado em produ-
Registro Civil 2021, divulgadas nesta quin-
ção de filmes pornográficos na internet.
ta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geogra-
Dos dez site mais acessados no mundo,
fia e Estatística (IBGE).” 14 A s motivações
dois deles são sites pornográficos. De
são inúmeras para o divórcio, mas em sua
todas as pesquisas realizadas no Google,
essência geralmente possui as ideias revo-
25% está relacionado com pornografia.
lucionárias.
Em 2018 os brasileiros que consumiam
Aborto pornografia chegaram a larga escala de
22 milhões.
O aborto teve a sua primeira lei per-
missiva nos Estados Unidos, Colorado A Xvideos que possui acessos regulares
, 1967. Seis anos mais tarde, diante da de 3,7 bilhões de pessoas mensais che-
Suprema Corte Americana, houve a pe- ga a ser maior que a CNN, Dropbox e
tição de que todos os Estados do país New York Times. A Pornohub tem mais
pudesse legalizar o aborto até os 9 me- acessos do que a Netflix, Amazon e Twi-
ses da gestação. As feministas sempre tter juntos. A partir da pandemia, logo
alegaram que isso “era um direito das no primeiro semestre de 2020, o con-
mulheres”, no entanto, nunca se tratou sumo de pornografia aumentou mais
de um direito real que possuíam, mas de 600%.15 O lucro anual da indústria
de um desejo de manter a vida promís- pornográfica é de $13,00 bilhões de dó-
cua enquanto não se importavam para lares. Isso é mais do que a NFL, MLB e
as consequências. “O aborto”, dizem a NBA arrecada anualmente. O lucro
elas, “é uma questão de saúde pública.” líquido da indústria pornográfica es-
Porém, a saúde pública deve visar o di- tima-se na casa dos $100 bilhões de
reito a vida e não a matança de crianças dólares.16
12 https://medium.com/qg-feminista/o-que-s%C3%A3o-as-ondas-do-feminismo-eeed092dae3a
13 https://super.abril.com.br/comportamento/a-nova-era-do-divorcio
14 https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2023/02/16/divrcios-vol-
tam-a- bater-recorde-no-pas-diz-ibge.ghtml

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

Em uma pesquisa realizada por John Como enfrentar a Guerra Cultural?


Milward, dos 20 papéis femininos utili-
zados em conteúdo pornográfico, temas Essa é sem sombra de dúvidas alguma,
como “filha” e “irmã” estão em sexto e um dos maiores questionamentos dos
décimo lugar. Em uma busca no Goo- jovens que desejam andar com Deus em
gle relacionadas a pornografia, existem um mundo totalmente caído, pervertido
mais de 128 milhões de vídeos relacio- e que visa a contínua destruição de tudo
nadas a incesto em menos de 0,19 se- aquilo que cremos. Nas Palavras de Isa-
gundos. Quando se faz a pesquisa re- bel Luz:
lacionada a adolescentes, existem mais “A guerra cultural é a conquista total e
de 413.575 vídeos pornográficos em um absoluta do campo psicológico, imagi-
desses megasites. Quando é entre mãe nativo, intelectual e espiritual e somen-
e filho, a pesquisa nos mostra mais de te por meio de uma elevada estrutura
simbólica e artística que seja capaz de
229.016 mil vídeos. Se falarmos brutal,
permear e preencher a alma humana
vamos encontrar mais de 2.500 vídeos nos seus mais profundos recônditos é
com milhares de visualizações. que uma cultura se sobrepõe e absorve
uma outra de menor valor simbólico.”18
As consequências trágicas da pornogra-
fia que teve o seu ápice nessa cultura de A guerra atinge todas as esferas do ser
Revolução Sexual são grandes. O nú- humano e é por isso que nenhuma pes-
mero de tráfico de crianças, estupros, soa deveria ir à guerra como uma bola
pedófilos e assédio sexual17 aumenta- de papel e uma espada de plástico, pois
ram de maneira exponencial. Segundo estará plenamente perdido em meio ao
Pamela Paul, estamos vivemos numa conflito. Existem armas que são nos da-
“Culltura Pornificada.” das para que possamos nos equipar e
lutar de maneira diligente a guerra es-
Em síntese, a Revolução Sexual parece piritual. Precisamos saber o que vamos
estar atingido a cada seu ápice e o cum- não somente enfrentar mas como en-
primento canal das ideias marxistas que frentar também.
permearam a mente de diversos estu-
diosos da Universidade de Frankfurt. A 1. Reconhecendo que possuímos as
sociedade se tornou cada mais liberti- Armas de Deus
na e a igreja se tem pela graça de
Toda grande batalha começa pelas
Deus. No entanto, até mesmo a igreja ideias que permeiam e formam a men-
sucumbe às vezes as investidas da Re- talidade de nossa era contra a menta-
volução Sexual e diversos jovens caiem lidade cristã revelada nas Escrituras.
diante da promiscuidade no ambiente Paulo era muito ciente disso até mesmo
universitário onde o sexo é puramente diante dos falsos mestres quando falou
recreativo, sem a finalidade de consti- a igreja de Corinto que eles tinham uma
tuir uma família e lutar por eles. “viva o missão de guerrear pela verdade num
momento “, dizem eles. “Para que ca- mundo de mentiras que visavam a sua
sar cedo se você pode se permitir ex- própria destruição:
perimentar a vida?.” A pergunta, como
os cristãos devem enfrentar e batalhar “Porque as armas da nossa milícia não
nessa Guerra Cultural que possui em são carnais, e sim poderosas em Deus,
seu íntimo uma blasfêmia contra Deus para destruir fortalezas, anulando nós
e contra tudo aquilo que Ele criou? sofismas e toda altivez que se levante

15https://www.google.com/amp/s/www.techtudo.com.br/google/amp/noticias/2020/08/acesso-a-sites-
pornos-cresce-600percent-em-periodo-de-home-office-diz-pesquisa.ghtml
16 https://www.gazetadopovo.com.br/instituto-politeia/pesquisadores-custos-sociais- pornografia/#:~:text=-
Segundo%20estimativas%20da%20professora%20de,cerca%2014%20milh%C3%B5 es%20de%20lares).
17 https://www.familia.com.br/porque-ver-pornografia-faz-de-voce-cumplice-da-exploracao-infantil-e- escra-
vidao-sexual/

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

contra o conhecimento de Deus, e le- lavra meios pelos quais ele possa ser “po-
vando cativo todo pensamento à obe- deroso” em palavras argumentando com
diência de Cristo.” (2 Co 10.4-5). precisão, diligência e reduzindo à cinzas
as ideias que são contra tudo aquilo que
Paulo entende a vida cristã como uma acreditamos. Além do mais, Paulo con-
milícia, algo muito comum no Novo tinua dizendo que essas armas servem
Testamento (2 Co 6.7; Ef 6.10-18; 1 Tm também para anularmos “os sofismas”
1.18; 2 Tm 2.3-4; 4.7). Mas ao contrário que são ideias, especulações, raciocínios
da guerra que nós estamos costumados falaciosos, filosofias e falsas religiões que
a estudar, as nossas armas não são são como fortalezas ideológicas que se
carnais, isto é, humanas. Não temos opõem ao Deus verdadeiro.
tanques de guerras, nenhum aparato
cibernético e não carregamos revólve- Paulo fez isso no Areópago quando de
res, pois as nossas armas são espiri- maneira muito sábia analisou de ma-
tuais porque a luta em si é espiritual. neira consistente aquilo que os filósofos
gregos acreditavam. Paulo não chegou
Paulo emprega a ideia de “fortalezas” de de maneira aleatória, sem estratégia
maneira metafórica para a igreja de Co- para refutar e apresentar a verdade. Ele
rinto, porque eles entendiam isso muito simplesmente disse que “andou obser-
bem. Corinto possuía uma fortaleza na vando que eles eram muito religiosos”
parte sul da cidade no topo na qual os (Atos 17.22-23). Se queremos refutar
seus habitantes poderiam se refugiar
em momentos de guerra. Essas forta- o erro, precisamos observar de maneira
lezas são difíceis de serem penetradas diligente no que e em que ou em quem
pelos exércitos adversários, mas eles eles acreditam, a fim de que possamos
conseguiam muitas vezes penetrar, ba- refuta-los com a verdade de Deus e anun-
talhar, vencer a guerra e subjugar. ciar o Evangelho de Cristo, a fim de que
as mentes deles sejam libertas da menti-
Paulo está falando que as fortalezas es- ra e encontrem a plena verdade.
pirituais da maldade de fato são fortes
e difíceis de serem penetradas. Isso é 2. Lutando pela Renovação da Mente
extremamente visível quando você
Em Romanos 12.2 Paulo diz que deve-
confronta a crença de uma pessoa que
mos “nos transformar pela renovação
abraçou totalmente a Revolução Se-
do nosso entendimento.” A transforma-
xual. A razão parece não fazer senti-
ção do entendimento é necessária à me-
do para a sua mente e o que importa
dida que usufruímos da comunhão com
são apenas os seus sentimentos. No
Deus em meio a um mundo corrompi-
entanto, Paulo diz que “Em Deus” as
do pela revolução sexual. Quando nós
nossas armas são “poderosas.” Essa é
voltamos ao início do livro de Romanos
uma expressão usada por Lucas para
1.18-32 nós passamos a ver de manei-
falar de como Moisés era “poderoso
ra clara como a mente da humanidade
em obras e palavras “ (At 7.22).
fora afetada “...porquanto, tendo co-
Moisés era um homem equipado não so- nhecimento de Deus, não o glorifica-
mente pelo poder de Deus que se mani- ram como Deus, nem lhe deram graças;
festava de maneira extraordinária, mas antes, se tornaram nulos em seus pró-
também na capacidade de argumentar prios raciocínios, obscurecendo-se-lhes
com diligência em prol da vida em um o coração insensato. Inculcando-se por
tempo de profundo engano e mentira. O sábios, tornaram-se loucos..”. Aqui ve-
Cristão tem que buscar em Deuse na pa- mos de maneira muito clara que a cor-

18 https://www.burkeinstituto.com/blog/guerra-cultural/o-que-e-guerra-cultural/

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

rupção moral da sociedade ocorreu por emprega em Romanos 12.2 é “meta-


causa da mente caída que projetou em morfose”. Essa expressão geralmente é
seus pensamentos um estilo de vida acompanhada da ilustração do lagarto
que negava de maneira consciente a e a borboleta. Ao entrar num casulo, o
Deus apesar de terem visto a sua mani- lagarto possui a sua natureza totalmen-
festação na criação. te transformada em uma outra nature-
za. Paulo está utilizando essa metáfora
O propósito principal de nossa criação e para falar que aquele que foi justificado
do sexo que Deus criou é a Sua própria por Cristo tem agora a sua natureza to-
glória. Mas os homens, a partir da men- talmente transformada pelo Senhor.
te obscurecida, passaram a racionalizar
aqueles afronta a Deus e a seguirem os A sua mentalidade em relação aos ho-
seus próprios caminhos. Note que é exa- mens e ao sexo passa a ser restaurada
tamente nesse discurso de seguirem os àquilo que Deus instituiu e é essa nova
seus próprios desejos que eles alteram mentalidade que a pessoa que a faz ser
o curso de sua própria natureza (vv.26- alva do inimigo que diuturnamente ba-
28). Toda perversão sexual começa com talha para conduzi-la à velha vida. Eis
o (1) abandono de Deus; (2) rejeição à aí a necessidade da contínua renovação
Sua ética e (3) por uma mudança de sua da mente e de uma vida de santificação
própria natureza. A Revolução Sexual diante do Senhor.
desde o princípio visa a quebra desses
três princípios demonstrados por Paulo 3. Oferecendo o corpo a Deus
aos Romanos.
É perceptível que a maneira como você
Entretanto, muitos dos que vieram dessa crê dita a forma como você vive. Paulo
cultura permissiva, libertina e contrário descreve que o corpo e a mente estão em
a Deus, reconheceram a Cristo como o estreita comunhão porque um comanda
Senhor de suas vidas e agora precisava o outro nessa nova vida em Cristo Jesus.
viver à luz de uma nova ética sexual ins- A mentalidade renovada demonstra que
tituída por Deus desde o princípio e re- o nosso corpo deve ser oferecido como
velada no Evangelho. Mas para isso era um culto agradável ao Senhor.
necessário a renovação do entendimento
Note que a grande ideia da mentalida-
para que houvesse continuamente uma
de revolução sexual é ter o seus desejos
transformação dos corações deles.
mais promíscuos satisfeitos através do
A renovação é necessário porque todo o corpo. Não é à toa que eles bradam aos
estudo de vida que viviam eram molda- quatro cantos “meu corpo minhas re-
das tantopelos seus desejos (Ef 4.17-19) gras.” Mas Paulo fala que diante de uma
quanto por Satanás que rege o princípio mentalidade transformada e renovada,
de crenças e valores deste mundo caído a consequência óbvia é de que esses
(Ef 2.1-3; 2 Co 4.4). Por isso que Albert corpos devem ser oferecidos a Deus e
Malik, ao falar no centro Billy Graham não à prostituição.
em Illinois, disse: “não basta salvar a
Os irmãos de Roma vieram de uma cul-
alma das pessoas necessário
tura hipersexualizada onde eles tinham
salvar a mente delas também.”19 Em as festa da Vinalalia e Bonadeia. A cul-
outras palavras, é necessário haver um tura greco-romana tinha o sexo em mais
resgate da verdade que transforme a alta estima – digo o sexo libertino. Desde
maneira como as pessoas regeneradas os filósofos aos mais rejeitados pela so-
vivem. A cosmovisão que elas tinham ciedade, o sexo recreativo era algo que
agora passam a ser substituídas pela ocorria livremente nessa civilização. Por
cosmovisão cristã. isso Paulo fala que os corpos deles devem
mais servir ao pecado (Rm 6.1-14), mas a
A palavra “transformação” que Paulo Cristo Jesus em santificação.

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2º ENCONTRO DE CRISTÃOS UNIVERSITÁRIOS DA UMADESL

Quando olhamos as cartas aos corín- pagãos e aos bordéis se prostituírem, é


tios, Paulo descreve que um enteado por essa razão que Paulo é tão assertivo
está tendo mantendo relações sexuais e contundente em relação santificação
com a sua própria madrasta, o que não do corpo. O corpo é o meio pelo qual
era muito comum até mesmo nessa so- “Cristo é engrandecido” (Fp 1.20,21). É
ciedade (1 Co 5.1). Isso demonstra como por meio do corpo que “oferecemos sa-
a ética sexual pagã permeou a menta- crifícios” a Deus.” Paulo afirma que nós
lidade de alguns que se denominavam somos o templo de Deus onde Ele habi-
cristãos. Por outro lado, Paulo diz que a ta de maneira gloriosa (1 Co 6.19) e por
graçade Deus alcançou muitos ali de tal essa razão deveríamos glorificar a Deus
forma que eles não vivem mais de acor- em nossos corpos (1 Co 6.20).
do com a ética pagã, mas a ética cristã:
Devemos trazer às nossas mentes o fato
1 Coríntios 6:9 “Ou não sabeis que os de que sexualidade tem a ver com iden-
injustos não herdarão o reino de Deus? tidade. Não existe uma sem a outra. Nós
Não vos enganeis: nem impuros, nem
idólatras, nem adúlteros, nem efemina- não passamos a nos identificar com os
dos, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nossos sentimentos e sensações, mas a
nem avarentos, nem bêbados, nem nos identificar como homens e mulhe-
maldizentes, nem roubadores herdarão res criados segundo a imagem de Deus,
o reino de Deus. 11 Tais fostes alguns restaurados segundo a obra de Cristo,
de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em para vivermos segundo a Sua vontade.
o nome do Senhor Jesus Cristo e no Es-
Ao fazer isso, estamos dizendo que exis-
pírito do nosso Deus.”
tem padrões éticos e morais que regem
Paulo reconhece que a graça não so- as nossas mentes e as nossas condutas
mente alcançou a vida dessas pessoas de uma maneira que agrada a Deus. O
trazendo a salvação, mas também as esforço de satanás é que nós não viva-
alcançou trazendo a santificação do mos para Deus a fim de deixarmos de
corpo porque foram “lavados, santifi- proclamar a sua glória através do corpo
cados e justificados” em Cristo Jesus. e do sexo que Ele criou para o nosso
E é nessa perspectiva que Paulo fala próprio bem.
da santificação do corpo. Alguns ainda
Conclusão
com a mentalidade pagã em seus cora-
ções, alegavam que assim como existem A Guerra Cultural existe. Ela é real. Ela
o estômago e os alimentos e ambos fo- visa a perda de nossa identidade para
ram feitos um para outro, assim tam- afrontar diretamente o criador de nos-
bém o corpo e a imoralidade sexual (1 sas almas e extirpar a primeira forma de
Co 6.13-14). No entanto, Paulo fala que sociedade do qual veio o nosso Messias
Deus destruirá tanto um quanto o ou- – a família; O plano de satanás é imple-
tro. Ora, não é porque temos estômago e mentar ordem e caos social e cultural.
diversos alimentos que a glutonaria será Entretanto, a igreja é colocada como
aceitável para Deus. Da mesma forma é “sal e luz” para preservar a verdade e
o sexo, ele não é aceito para Deus fora iluminar o mundo caído. Para que ela
daquilo que Ele mesmo estabeleceu. cumpre o seu papel, é necessário que
ela batalhe com as armas que vem de
O corpo do cristão agora e membro de
Deus para destruir toda e qualquer de
Cristo (1 Co 6.15) e por isso não deve
tipo de sofismas que se levanta contra o
estar unido ao mesmo tempo a Cristo
conhecimento de Cristo Jesus.
e a imoralidade sexual. Alguns dos ir-
mãos de Corinto ainda iam aos templos

19 Craig, William L. Apologética para as questões difíceis da vida, p. 14, 2010.

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