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Mercado de
Capitais (4 créditos – 80 horas)
Autor:
Ricardo Alexandre Martins Garcia
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu
curso.
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Objetivo Geral
Proporcionar, ao acadêmico, conhecimentos essenciais para a compreensão do
mercado de capitais e suas especificidades.
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................ 60
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Avaliação
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FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:
Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefa Online
Atividade 2.1
Ferramenta: Tarefas Online
Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefa Online
Atividade 4.1
Ferramenta: Tarefa Online
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte
o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS VINDAS
Prezado(a) acadêmico(a),
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Pré-teste
Antes de iniciarmos os trabalhos da disciplina faremos um pré-teste, cujo objetivo é
estabelecer um diagnóstico do que você conhece sobre os assuntos que aqui serão abordados.
Não se preocupe com o quesito nota, pois este não é o propósito desta atividade, que busca
apenas identificar o que você sabe sobre o tema.
1. Descreva o que você entende por intermediação financeira e apresente um exemplo que
possa representar uma situação de intermediação financeira.
2. Para você, o que é o Sistema Financeiro Nacional?
3. O que você entende por mercado de capitais?
4. O que é a Bolsa de valores para você?
5. Você já ouviu falar de mercado de derivativos? Descreva o que conhece sobre o tema.
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UNIDADE 1
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
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nos referindo não apenas a questões ambientais ou sociais, mas também a questões
econômicas, pois estamos tratando de recursos que estão cada vez mais escassos,
principalmente em consequência do mau uso que deles foram e ainda continuam sendo feitos.
Historicamente, muitos debates foram e ainda são realizados em torno das questões
econômicas. Compreender e explicar as relações de troca e consumo entre os indivíduos,
assim como apresentar contribuições para melhorias nesse processo sempre foi objeto dos
economistas, que desenvolveram ampla quantidade de conceitos, muitos em sintonia outros
completamente divergentes.
O problema fundamental da sociedade econômica, entretanto, é o mesmo e é a base
para praticamente todas as discussões conceituais. Assaf Neto (2005), diz que
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Isso mesmo, esta é a razão pela qual esses produtos podem tornar-se mais baratos
ou mais caros, o que na economia dizemos que está diretamente relacionado com a oferta e
a demanda, ou seja, a quantidade oferecida de um bem e a quantidade desejada deste
mesmo bem num determinado período de tempo.
Explicando melhor. Numa economia de mercado, o preço adequado de um
determinado bem é especificado exatamente no ponto em que se encontram as curvas de
demanda e de oferta. A curva de demanda, conforme figura abaixo, acompanha a evolução
da quantidade demandada, ou desejada, por um determinado produto ou serviço, em função
da alteração no valor do preço deste produto ou serviço, ou seja, quanto menor o preço,
maior a quantidade demandada e vice-versa. Já a curva de oferta desenvolve um
procedimento contrário, ou seja, conforme aumenta o preço deste produto ou serviço, a
quantidade ofertada também aumenta e vice-versa. O ponto onde se encontram as duas
curvas é o ponto de equilíbrio do mercado, ou seja, é aquele considerado como de preço
ideal, onde se equilibram a quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir com
a quantidade que os produtores ou prestadores de serviços estão dispostos a ofertar.
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quase sempre os melhores preços por eles, muitas vezes, inclusive, esperando o momento
ideal para fazer a compra, ou seja, de redução no valor do seu preço.
Milhares de pessoas estão inseridas ativamente na economia, ora exercendo o papel
de consumo, ora exercendo o papel de produtor ou prestador de serviços, ou seja, ora elas
estão comprando algo, ora estão vendendo. As pessoas que de alguma forma participam do
processo produtivo, exercendo o papel de produtor ou prestador de serviços, recebem uma
remuneração por isso, ou seja, elas possuem uma renda em função da contribuição que
apresentam para o processo.
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Mas por que estamos falando sobre isso também?
Estamos falando para contextualizar outro conceito de renda que é de grande
relevância para um país, que é o de renda líquida do exterior, o que, segundo Assaf Neto
(2005), é a diferença existente entre o valor enviado ao exterior e o valor recebido por um
país. Quando negativa, a renda indica que foi mais enviado do que recebido e quando positiva,
reflete o contrário, ou seja, o país mais recebeu receitas do exterior do que enviou. Assaf
Neto (2005), destaca que em países em desenvolvimento essa renda líquida costuma ser
negativa, pois estes costumam depender de capital estrangeiro e tecnologias para fomentar
seu desenvolvimento, o que costumeiramente leva ao envio de rendas do exterior.
Já as pessoas possuem uma renda pessoal que, segundo Assaf Neto (2005, p. 29),
“[...] é a renda efetivamente transferida às pessoas, e é calculada deduzindo-se da renda
nacional os lucros retidos pelas empresas, contribuições e benefícios previdenciários, imposto
de renda sobre as pessoas jurídicas, etc.”, ou seja, somente a renda, de fato, que fica às
pessoas físicas, decorrentes do processo produtivo.
O conceito de renda e de suas diferentes tipologias é de grande importância para a
compreensão da relevância de outros dois conceitos fundamentais à nossa conversa, que são
os conceitos de investimento e poupança. Investimento, segundo Assaf Neto (2005, p. 29),
“[...] representa a ampliação de capital em alternativas que promovem o aumento efetivo da
capacidade produtiva de um país, determinando maior capacidade futura de gerar riqueza
(rendas). [...]”. Para o autor, investimento está relacionado à criação de riqueza e não apenas
à transferência de valores, ou seja, somente há investimento quando ocorre criação de
riqueza, caso contrário tem-se apenas criação de valores.
Os investimentos são importantes para o crescimento e desenvolvimento dos países,
sendo fundamental que aconteçam continuamente. Posteriormente, ao falarmos de
intermediação financeira, a relevância de investimentos ficará mais evidente ainda.
A poupança, por sua vez, é definida por Oliveira e Pacheco (2005), como o ato de
deixar de consumir no presente para poder consumir mais numa ocasião futura, o que,
segundo eles, exige um incentivo para que o poupador não gaste no presente e mantenha
seu recurso investido na poupança. Esse incentivo é a taxa de juros, que, grosso modo, é
uma espécie de remuneração pelo dinheiro investido. Assaf Neto (2005, p. 29), diz que “A
poupança é a parcela da renda economizada pelos agentes econômicos, que não foi
consumida na aquisição de bens e serviços. [...]”.
A poupança, que pode ser considerada como a forma de investimento mais popular
entre os brasileiros, é importante alimento do processo produtivo, pois ela é um dos principais
recursos para a realização de intermediação financeira e garantia de contínuos processos de
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investimentos. Tamanha é a relevância da poupança que um país com baixa capacidade de
poupar pode ter seu crescimento limitado, em função da falta de recursos para investir.
Segundo Assaf Neto (2005, p. 30), “A poupança deve originar-se de estímulos à redução do
consumo e encaminhada, por meio de intermediários financeiros, para lastrear os
investimentos da economia. [...]”.
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os indivíduos era o escambo, ou seja, uma determinada mercadoria era trocada por outra,
conforme a necessidade dos envolvidos nas transações.
Com o decorrer do tempo e a gradativa substituição do nomadismo pelo sedentarismo,
ou seja, com as pessoas deixando de mudar de um local para outro com tanta frequência, as
relações econômicas entre os agentes também foram se modificando e nisso uma nova forma
de pagamento foi se constituindo. A aceitação comum de determinadas mercadorias passou
a estabelecer um novo padrão de pagamento, originando aí uma primeira concepção de
moeda, a mercadoria moeda.
A evolução da mercadoria moeda para a moeda metálica passou a acontecer com o
processo de cunhagem dessas moedas em metal e com formatos circulares, já próximo dos
apresentados pelas que hoje conhecemos. Segundo Pinheiro (2001), em função das
vantagens oferecidas para o comércio, as moedas metálicas acabaram por difundir-se em
todo o mundo. Os metais, segundo o autor, foram escolhidos por apresentarem características
como valor intrínseco, dureza, raridade relativa, facilidade de reconhecimento e propriedades
industriais, entre outros.
Trabalhar com o metal no comércio, entretanto, gerava certas dificuldades aos
comerciantes, que muitas vezes precisavam pesar o material e verificar o teor do metal em
que eram utilizados. Em função disso, buscando facilitar o processo, os ourives passaram a
depositar uma quantia em bancos, recebendo certificados de depósitos que asseguravam a
devolução do valor ao portador desses certificados. Dessa maneira, conforme Pinheiro (2001),
surge a moeda de papel, com mesmo peso comercial que as moedas metálicas, constituindo,
portanto, a era da moeda papel.
Em consequência do processo evolutivo, a era da moeda papel é substituída pela era
da moeda escritural, que passa a acrescentar no mercado a moeda escritural, que segundo
Pinheiro (2001), constitui-se em depósitos à vista em instituições financeiras. Esses depósitos
possuem liquidez próxima ao da moeda papel e da moeda metálica, estando, entretanto, este
nas instituições financeiras, enquanto os demais com as pessoas em geral.
Para Pinheiro (2001, p. 24), “A tendência global para a moeda é que se torne um
produto virtual e eletrônico, substituindo a atual moeda física. Outra tendência é a unificação
da moeda com a criação de blocos econômicos [...]”. Tais tendências, apontadas pelo autor,
já estão, na verdade, em pleno processo de consolidação, pois hoje se vê uso intensivo de
cartões de crédito ou débito e, também, a unificação de algumas unidades monetárias, como
é o caso do Euro, na Europa.
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Mas afinal, se estamos falando de moeda e sobre sua origem e evolução, como ela
pode ser definida? O que ela representa para a sociedade? Quais são os benefícios que de
fato traz?
Bom, conforme você já deve ter percebido no breve contexto histórico da origem e
evolução da moeda, a sua definição não está vinculada ao sentido estrito da palavra ou objeto
que a representa, ou seja, a moeda metálica e circular que estamos acostumados, e que
muitas vezes nem damos muito valor e atenção. A moeda, na verdade, tem sua definição
relacionada a meio de pagamento por algum produto ou serviço que é adquirido.
Assaf Neto (2005, p.34-35), por exemplo, diz que a moeda é “[...] meio de pagamento
legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços. É um instrumento previsto
em lei e, por isso, apresenta curso legal forçado [...] e poder liberatório [...]”. Ou seja, é
reconhecida legalmente perante as sociedades, deve obrigatoriamente ser aceita como meio
de pagamento e liberta do compromisso com o credor aquele que dela faz uso para realizar
um pagamento, ou seja, o libera da dívida.
Outra definição de moeda é apresentada por Pinheiro (2001, p. 17), que diz:
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M1 = moeda manual + moeda escritural
M2 = M1 + títulos públicos
M3 = M2 + depósitos de poupança
Outro aspecto de relevância quanto à moeda são os papéis por ela exercidos na
sociedade econômica. Pinheiro (2001), destaca que a moeda exerce papéis de meio de
pagamento, estoque de valor, unidade-padrão de conta e intermediária de trocas entre os
agentes. Nesta mesma linha, Assaf Neto (2005), diz que a moeda representa meio de troca,
medida de valor e reserva de valor.
A partir dos aspectos apresentados pelos dois autores e considerações que eles fazem
a respeito desses papéis, é possível fazer uma junção entre eles e apresentar um panorama
mais abrangente. Enquanto meio de pagamento ou meio de troca, ou ainda, intermediária de
troca entre os agentes, ela é considerada como um ativo financeiro de liquidez imediata, que
possibilita a troca de serviços e de bens por outros e, ainda, que apresenta a capacidade de
diminuir dívidas. Enquanto estoque de valor ou reserva de valor, ela permite que os agentes
econômicos possam guardá-las, de forma a acumular para posterior utilização. E, por fim,
enquanto unidade-padrão de conta ou medida de valor, ela serve para apuração de preços,
possibilitando divulgação, possíveis comparações e, até mesmo, registros de débitos.
Utilizada para realização das transações, a moeda assegura liquidez aos agentes e
ainda possibilita especulações face o contexto de mercado, como alterações em taxas de juros
e demais fatores que possam gerar instabilidade na economia. Sua emissão não pode
acontecer aleatoriamente, conforme a vontade ou necessidade, sendo necessário das
autoridades econômicas centrais um lastro para tal, que funciona como uma reserva, uma
garantia dessa moeda emitida. Pinheiro (2001, p. 25), diz que “[...] o lastro da moeda é
resultante de um conjunto de marco variáveis como, por exemplo, as reservas cambiais que
determinam o real poder aquisitivo de uma moeda”.
Embora seja fundamental para a economia e seu crescimento e desenvolvimento, a
moeda é mais ou menos procurada conforme mudanças vão acontecendo no cenário
econômico. Se a capacidade produtiva está em alta, por exemplo, gerando mais renda,
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agregando riqueza, a demanda pela moeda se eleva, mas se taxas de juros crescem, dentre
outros fatores negativos, essa demanda recua, reduzindo-se.
Quando ocorre maior volume de demanda por moeda no mercado, os bancos
financeiros, na condição de intermediários, possuem condições de atender a essa demanda,
em função da capacidade que apresentam de geração de moeda, a partir dos depósitos de
seus próprios correntistas. Mais detalhes sobre esse procedimento serão trabalhados na
subseção seguinte, que trata do mercado e intermediação financeira. Enquanto isso, aqui é
importante ter essa consciência da potencialidade das instituições financeiras e do que isso
pode representar no cenário econômico.
Imagine comigo a seguinte situação. Logo pela manhã você foi até à geladeira, com
o propósito de pegar leite, mamão, queijo, suco de laranja e margarina para preparar o café
da manhã. Em função de uma semana corrida, não percebeu que havia acabado o leite, o
queijo e o mamão, ficando, portanto o planejamento do seu café comprometido.
Diante disso, qual atitude você toma?
Provavelmente fará um café com o que tem e assim que possível, irá a um
supermercado, hipermercado, quitanda ou padaria para comprar os itens que estão faltando
e não mais ter comprometido o seu café da manhã, já que esta é a principal refeição do dia.
Ou seja, podemos dizer que você, literalmente, vai ao mercado buscar aquilo que você precisa
para dar continuidade à sua atividade, neste caso, preparar o café da manhã.
Bem, quando falamos de mercado financeiro, essa mesma lógica também prevalece,
ou seja, quando algum agente econômico necessita de uma quantia de dinheiro além daquela
que ele possui no momento, ele recorre ao mercado financeiro para comprar o dinheiro que
está precisando.
Vamos entender isso melhor. Toda sociedade econômica necessita continuamente de
crescimento e desenvolvimento, pois é dessa forma que ela pode assegurar aos seus
membros melhor qualidade de vida, ou pelo menos, apresentar condições adequadas para
que isso aconteça. Entretanto, para que o crescimento e o desenvolvimento ocorram, essa
sociedade necessita de investimentos contínuos na sua capacidade de produção, ou seja,
precisa investir em qualificação de pessoas, em desenvolvimento de novos processos
produtivos e na implementação de novas tecnologias, entre outros, o que, na verdade, nem
sempre é um processo tranquilo e que acontece com facilidade, pois, conforme Oliveira e
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Pacheco (2005, p. 7), “[...] As empresas, de maneira geral, não possuem recursos próprios
suficientes para financiar todo o investimento necessário à sua atividade produtiva. [...]”.
Isso quer dizer que, se as empresas não possuem recursos financeiros próprios e nem
podem ficar esperando para juntar esse valor com calma, por meio de uma poupança
gradativa, elas precisarão buscar esses recursos de outra forma, caso queiram continuar com
seu processo de crescimento e desenvolvimento. E, uma alternativa para essa questão é a
busca de dinheiro no mercado financeiro, ou seja, a compra ou empréstimo do dinheiro de
alguém que tenha recursos excedentes e que esteja disposto a vendê-lo ou emprestá-lo.
Assim, diante desse contexto, temos a definição de três elementos essenciais, quando
se fala em mercado financeiro, que são: agente deficitário, agente superavitário e
intermediário financeiro.
O agente deficitário é aquele que necessita buscar em terceiros um complemento aos
seus recursos próprios, ou seja, é aquele que precisa buscar no mercado mais recursos
financeiros para as suas atividades, visto que seus recursos próprios não são suficientes.
Segundo Oliveira e Pacheco (2005, p. 8) “[...] Essa característica qualifica as empresas como
os agentes deficitários da economia ou tomadores de recursos”.
O agente superavitário, por sua vez, é aquele que possui recursos disponíveis em
quantidade superior ao que precisa para satisfazer suas necessidades e, cujo excesso pode
ser utilizado para atender a demanda de recursos do agente deficitário.
Neste contexto, segundo Oliveira e Pacheco (2005), enquadram-se as famílias que,
muitas vezes, possuem excesso de recursos e que podem, além de agentes superavitários,
serem também denominadas como poupadores.
E o intermediário financeiro é o sujeito que vai proporcionar a relação entre os outros
dois agentes, ou seja, a intermediação entre eles, mesmo que estes sequer se conheçam.
O que estou querendo dizer com isso?
Veja bem, dificilmente as relações entre agentes superavitários e deficitários
acontecem de forma direta. Você já viu alguma vez uma empresa bater à porta de uma família
para pedir dinheiro emprestado? Provavelmente não.
Normalmente como isso acontece? As empresas e qualquer outro agente que se
encontram na posição de deficitário irão procurar uma instituição financeira em busca de um
financiamento ou qualquer outra coisa parecida que proporcione captação de recursos.
E no caso inverso? Você já viu alguma família ou outro tipo de agente superavitário
indo de empresa em empresa oferecendo seus recursos? Provavelmente também não, pois o
procedimento comum é o de que aqueles que possuem recursos financeiros excedentes e
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que não os estão investindo em bens e serviços, procurem uma instituição financeira e lá
invistam o seu capital, em busca de uma determinada remuneração por isso.
As instituições financeiras, neste caso, assumem o papel de intermediação entre
agentes superavitários e deficitários. Segundo Pinheiro (2001, p. 33), intermediários
financeiros “[...] têm como função a aproximação de agentes superavitários, que têm excesso
de recursos, mas não têm oportunidade de investi-los em atividades produtivas, e os agentes
deficitários, que estão em situação inversa [...]”.
A intermediação financeira, para Pinheiro (2001), é
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assim como Oliveira e Pacheco (2005). Na intermediação por repasse, a instituição financeira
assume a responsabilidade pelos riscos, enquanto na intermediação simples isso não ocorre.
Para que a intermediação financeira possa acontecer, segundo Pinheiro (2001), é
necessário que as sociedades econômicas tenham superado a fase do escambo e que
possuam moeda, excedente financeiro, bases institucionais para o mercado de intermediação
e agentes dispostos a trocar ativos monetários por ativos financeiros. Caso faltem garantias,
volume satisfatório de necessidades de capital e prazo adequado para tal, o mercado de
intermediação financeira fica inviabilizado.
O mercado financeiro, conforme Oliveira e Pacheco (2005), é que exerce o papel de
intermediário na relação entre os agentes, sendo fundamental a sua eficiência para o
crescimento da economia. “Quando o mercado financeiro não opera de forma eficiente,
dificulta-se o investimento, o principal ‘combustível’ do crescimento econômico [...]”.
(OLIVEIRA e PACHECO, 2005, p. 10).
Composto por instituições especializadas em equilibrar os interesses dos agentes
superavitários e dos agentes deficitários, o mercado financeiro é apontado por Pinheiro
(2001), como o meio mais eficiente para associar poupança ao investimento, que é
fundamental para o desenvolvimento econômico.
As principais funções do mercado financeiro, segundo Oliveira e Pacheco (2005), são:
intermediação financeira, redução do risco de não pagamento, redução do risco por meio da
especialização e definição mais clara do preço do dinheiro.
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UNIDADE 2
Na unidade anterior refletimos sobre alguns conceitos de economia, assim como sobre
a origem e a evolução da moeda e, também, sobre mercado e intermediação financeira. Tal
reflexão nos proporcionou conhecimentos que permitem perceber e compreender a existência
de um ambiente em que há agentes econômicos que precisam de mais recursos financeiros
do que a renda que possui, assim como há agentes que apresentam excesso de renda em
relação ao seu consumo e que estão dispostos a investirem essa renda em troca de benefícios
posteriores. E, também em relação a esse mesmo ambiente, vimos a existência de instituições
que se posicionam entre os dois tipos de agentes econômicos citados e que se constituem
como intermediárias financeiras, proporcionando relações entre eles e conciliando os
interesses individuais que cada um apresenta.
Esse ambiente de intermediação, e cada um dos elementos que o compõem, constitui-
se no sistema financeiro, no caso do Brasil, no Sistema Financeiro Nacional (SFN), que é o
objeto de estudo desta unidade, que agora iniciamos. Com característica predominante de
apresentação, o objetivo aqui é refletir sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e os
elementos que compõem a sua estrutura, buscando, de certa forma, proporcionar
informações que possibilitem sua compreensão e relação com o cotidiano, assim como
condições para que estudos mais aprofundados possam acontecer posteriormente.
Nesse sentido, esta unidade é dividida em quatro subseções, que são: estrutura do
sistema financeiro nacional; órgãos normativos; entidades supervisoras; e operadores.
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2.1 Conceito e estrutura do Sistema Financeiro Nacional
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Oliveira e Pacheco (2005, p. 14), dizem que o SFN é o “[...] conjunto de instituições
que atuam no processo de conciliar interesses de agentes deficitários e superavitários e de
converter poupança em investimento [...]”, ou seja, ele envolve todas as instituições que, de
alguma maneira, atuam como intermediários financeiros entre aqueles que necessitam de
recursos financeiros adicionais e os que possuem para oferecer e, ainda, que buscam
assegurar a conversão da poupança em investimentos. Assaf Neto (2005, p. 80), proporciona
compreensão da amplitude do SFN ao dizer que ele é “[...] constituído por todas as instituições
financeiras, públicas e privadas, existentes no país”, ou seja, numa linguagem bastante
simples e objetiva, compreende o todo em relação aos aspectos financeiros de uma sociedade.
As instituições financeiras, segundo Assaf Neto (2005), podem ser classificadas em
bancárias ou monetárias e não bancárias ou não monetárias. As instituições bancárias ou
monetárias são aquelas que possuem capacidade, e legalidade, para a criação de moeda por
meio dos depósitos à vista que recebem em seus caixas, como é o caso dos bancos comerciais
e múltiplos. As não bancárias ou não monetárias, por sua vez, são as instituições que,
impedidas legalmente de receber depósitos à vista, não possuem faculdade de criação de
moeda e trabalham com ativos não monetários, como ações, letras de câmbio e debêntures,
entre outros. As não bancárias são representadas por praticamente todas as organizações
que atuam no mercado financeiro, com exceção dos bancos comerciais e múltiplos, que são
instituições bancárias ou monetárias.
Ao se falar no SFN, ou seja, no conjunto de instituições que o compõem, existe uma
série de expectativas da própria sociedade em relação a esse sistema e ao seu desempenho
na economia. Pinheiro (2001), por exemplo, diz que o sistema financeiro tem por função
Assaf Neto (2005, p. 79), por sua vez, comenta que as “[...] instituições devem
permitir, dentro das melhores condições possíveis, a realização dos fluxos de fundos entre
tomadores e poupadores de recursos na economia”, ou seja, elas devem proporcionar, da
melhor forma possível, a intermediação entre eles.
A essas expectativas Rudge (1993), acrescenta a necessidade do SFN não se
concentrar apenas no mercado interno e no atendimento das necessidades desse mercado,
mas também em atentar-se ao que acontece internacionalmente para que possa acompanhar
e estar em sintonia com o processo evolutivo do mercado financeiro internacional. Segundo
Rudge (1993, p. 58), as instituições que compõem o SFN devem “[...] Além de atender às
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necessidades de financiamentos internos, engendradas pelo crescimento econômico, [...]
estar em consonância com o estágio mais avançado do desenvolvimento financeiro no plano
internacional”. Para Pinheiro (2001, p. 53), se o SFN não acompanhar modificações exigidas
pela economia ou até mesmo trabalhar de forma contrária a ela, “[...] tenderá a constituir-se
em grave obstáculo às atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade, que
verá frustrados seus justos anseios de progresso”.
Como se vê, as expectativas em relação ao SFN são muitas e estão associadas a
diversos aspectos econômicos e sociais, cujos impactos são significativos para o crescimento
e desenvolvimento de uma sociedade. O atendimento de tais expectativas, entretanto, é um
processo complexo e exige do SFN uma estrutura que assegure a realização de atividades
operacionais e, ao mesmo tempo, de normatização e fiscalização.
“Institucionalmente o sistema financeiro nacional é constituído por um subsistema
normativo e por outro operativo” diz Rudge (1993, p. 59), destacando, portanto, a existência
de dois grandes grupos institucionais que proporcionam a estrutura e as condições
necessárias para o desenvolvimento das atividades operacionais, normativas e fiscalizadoras
do SFN. O Banco Central do Brasil (BACEN), por sua vez, apresenta uma composição para o
SFN em que ele se subdivide em três grandes grupos, denominados: órgãos normativos,
entidades supervisoras e operadores, ampliando, portanto, a divisão apresentada por Rudge
(1993), que se constituía apenas em dois grupos.
Didaticamente falando, a definição apresentada pelo BACEN proporciona uma visão
mais clara das instituições que compõem o SFN e suas respectivas funções dentro desse
sistema, sendo, portanto, adotada aqui como referência.
O quadro abaixo apresenta o SFN e sua composição, conforme o BACEN.
Órgãos Entidades
Operadores
normativos supervisoras
Demais
Instituições
instituições
financeiras
Banco Central do financeiras
captadoras de
Conselho Brasil (Bacen)
depósitos à Outros intermediários
Monetário Bancos de
vista financeiros e administradores
Nacional câmbio
de recursos de terceiros
(CMN) Comissão de
Bolsas de
Valores Bolsas de
mercadorias e
Mobiliários valores
futuros
(CVM)
Conselho Sociedades Entidades
Superintendênci Resseguradore Sociedades
Nacional de Seguradora abertas de
a de Seguros s de
Seguros s previdência
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Privados Privados Capitalizaçã complementa
(CNSP) (SUSEP) o r
Conselho
Nacional de Secretaria de
Previdência Previdência
Entidades fechadas de previdência complementar
Complementa Complementar
r (SPC)
(CNPC)
Criado em 1964, pela lei n.º 4.595, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tem por
objetivo formular as políticas da moeda e crédito brasileiro, ou seja, as diretrizes do SFN,
buscando assegurar e estimular o progresso do país, tanto o econômico quanto o social.
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Segundo Assaf Neto (2005, p. 82), ele “[...] é um órgão eminentemente normativo, não
desempenhando nenhuma atividade executiva. [...]”.
Integrados pelo Ministro da Fazenda, que é seu presidente, pelo Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo Presidente do Banco Central do Brasil, o CMN tem
por funções:
Informações mais detalhadas sobre o CMN e suas atividades podem ser obtidas no
site http://www.bacen.gov.br/?CMN.
O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) foi criado em 1966, pelo Decreto-
Lei nº 73, que também institucionalizou o Sistema Nacional de Seguros, do qual o Conselho
é um órgão de cúpula, com caráter de colegiado.
Tendo como responsabilidade a fixação de diretrizes e normas da política de seguros
privados no país, o CNSP é composto pelo Ministro da Fazenda, que é o seu presidente, e por
representantes do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência Social, do Banco Central
do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, além, é claro, do Superintendente da
Superintendência de Seguros Privados.
São funções do CNSP:
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Para saber mais sobre o CNSP e suas atividades, você pode também acessar
informações disponíveis nos sites:
http://www.fazenda.gov.br/portugues/orgaos/cnsp/cnsp.asp e
http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/cnsp.asp, dentre outras opções.
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Constituem-se em entidades supervisoras o Banco Central do Brasil (BACEN), a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a
Secretaria de Previdência Complementar (SPC).
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Quadro 2 – Atribuições e características do BACEN
Atribuições Instrumentos/características
Informações mais detalhadas sobre o BACEN, sua estrutura e atividades podem ser
obtidas no site http://www.bcb.gov.br/.
Mas afinal, o que é o mercado de valores mobiliários que se está falando e é objeto
de atenção da CVM? Esse mercado, conforme Assaf Neto (2005), é representado por ações,
debêntures, commercial papers e demais títulos emitidos pelas sociedades anônimas e
autorizados pelo CMN.
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As funções da CVM, segundo BACEN, são:
Em função de sua natureza, conforme Pinheiro (2001, p. 60), a CVM “[...] recebe,
processa e coloca à disposição do mercado uma enorme massa de informações que exige
constante atualização para permitir rapidez de acesso [...]”.
Mais informações sobre a CVM podem ser encontradas no site www.cvm.gov.br.
Informações mais detalhadas sobre a SUSEP e suas atividades podem ser encontradas
no site www.susep.gov.br.
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2.3.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar
2.4 Operadores
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2.4.1 Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista
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natureza jurídica própria, não sujeitas à falência e que buscam atendimento exclusivo aos
seus associados, conforme aponta Pinheiro (2001). Assaf Neto (2005, p. 93), diz que elas
“[...] são instituições voltadas a viabilizar créditos a seus associados, além de prestar
determinados serviços”.
2.4.3 Resseguradores
Resseguradores são instituições que realizam o seguro das seguradoras, ou seja, eles
realizam o seguro do seguro, fazendo, portanto, um resseguro. Prática comum no mundo, o
resseguro é uma “[...] forma de mitigar o risco, preservar a estabilidade das companhias
seguradoras e garantir a liquidação do sinistro ao segurado” (IRB-BRASIL RE).
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O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-BRASIL RE) é uma empresa vinculada ao
Ministério da Fazenda e se constitui na maior resseguradora da América Latina.
Mais informações sobre resseguradores e sobre o IRB-BRASIL RE podem ser obtidas
nos sites www.susep.gov.br e www.irb-brasilre.com.br.
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As sociedades de capitalização são as instituições que negociam títulos de
capitalização, ou seja, contratos em que um contratante realiza depósitos pecuniários
periódicos e que, depois de decorrido um determinado prazo, fixado nesse contrato, ele
resgata esses valores corrigidos por uma determinada taxa de juros, também previamente
fixada. Ao contratante, ainda quando previsto, confere “[...] o direito de concorrer a sorteios
de prêmios em dinheiro” (BACEN, 2012)
Mais informações sobre as sociedades de capitalização também podem ser obtidas no
site www.susep.gov.br.
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ao microempreendedor, as sociedades de arrendamento mercantil, as sociedades corretoras
de câmbio, as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e as sociedades
distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
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UNIDADE 3
MERCADO DE CAPITAIS
As bolsas de valores, que na próxima unidade olharemos com mais detalhes, são
essenciais para a existência e para o funcionamento do mercado de capitais, sendo elas e
suas formas de organização também influentes e determinantes da estrutura deste. O acordo
de integração assinado entre as bolsas de valores brasileiras, por exemplo, fez com que o
nosso mercado de capitais passasse a estar e a atuar de forma integrada em todo o território
nacional, ampliando assim o acesso a ele e passando a ter participação de sociedades
corretoras de todas as regiões brasileiras. Segundo Pinheiro (2001), essa unificação
representa uma tendência internacional e a ruptura de um modelo que se mantinha com nove
bolsas dispersas por várias regiões do país.
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Ao falarmos sobre a estrutura do mercado de capitais você percebeu que ele é de
grande relevância para a economia por possibilitar recursos necessários ao crescimento e
desenvolvimento desta, por meio da negociação de títulos e valores mobiliários entre agentes
vendedores e compradores desse mercado.
Os intermediários financeiros assumem grande importância no mercado de capitais,
mas um elemento fundamental para a existência desse mercado são os investidores, ou seja,
os agentes que, em determinado momento, vão adquirir os títulos e valores mobiliários que
são colocados à venda e em outro estarão vendendo tais títulos e valores. A não existência
dos investidores é como você querer fazer um delicioso almoço sem os ingredientes ou ainda
como promover a realização de uma partida esportiva sem ter os jogadores que a irão jogar,
ou seja, simplesmente não dá. Se não houver os investidores, o próprio mercado de capitais
deixa de existir.
Mas e aí, quem são esses investidores? Quais são as suas características? Como esses
investidores se relacionam e operam no mercado de capitais?
Vamos conversar um pouco sobre isso e encontrar algumas respostas.
Os investidores do mercado de capitais são classificados em individuais ou
institucionais, conforme a característica de participação deles no mercado. Os individuais são,
conforme Pinheiro (2001, p. 90), “[...] pessoas físicas ou jurídicas que participam diretamente
no mercado, seja comprando ou vendendo ações, por si próprios, assumindo sozinhos o
risco”, ou seja, são pessoas como eu e você ou ainda empresas ou pessoas jurídicas que
participem de maneira individual, sem um caráter de investimento coletivo. Os institucionais,
também segundo Pinheiro (2001, p. 90), são “[...] pessoas jurídicas que, por determinações
governamentais, são obrigadas a investir parte de seus capitais no mercado de ações,
constituindo uma carteira de investimento”. Essa concepção também é apresentada por Assaf
Neto (2005, p. 421), que diz que “[...] Toda pessoa jurídica que tem por obrigação legal
investir parte de seu patrimônio no mercado financeiro é conhecida por investidor institucional
[...]”.
Os investidores institucionais são agrupados, conforme Pinheiro (2001), em
sociedades seguradoras, entidades de previdência privada, clubes de investimento,
sociedades de capitalização, fundos externos de investimento e fundos mútuos de
investimento. Para Yazbek (2007, p. 169), entre esses “[...] merecem destaque os fundos de
pensão, os fundos de investimento em suas diversas modalidades e as sociedades
seguradoras”.
Responsáveis pela movimentação de volumes expressivos no mercado financeiro como
um todo, com uma carteira de investimentos bastante expressiva, os investidores
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institucionais são considerados como um dos mais importantes participantes do mercado de
capitais, operando com visão de longo prazo e aceitando maiores riscos, desde que
recompensados mais adequadamente por isso. Em relação aos investidores individuais, Elder
(2004, p. 56) destaca que investidores institucionais possuem vantagens, pois pagam
comissões institucionais mais baixas e conseguem “[...] contratar os melhores pesquisadores,
corretores e operadores [...]”.
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E o mercado secundário, o que é ele? Qual a sua importância para a sociedade, já que
é o mercado primário que possibilita a canalização direta de recursos monetários para as
empresas? O que você pensa sobre isso?
Vamos acrescentar mais algumas informações para a nossa reflexão. O mercado
secundário é uma consequência do mercado primário, pois no secundário ocorre a
renegociação das ações e títulos que foram emitidos e negociados no mercado primário, ou
seja, ações e títulos que foram adquiridos diretamente das empresas que os lançaram,
conforme Assaf Neto (2005). Uma melhor visualização acontece a partir do seguinte exemplo:
você, enquanto investidor, comprou no mercado primário as ações emitidas por uma
determinada empresa, como a Petrobrás, e após isso achou que seria interessante vender
essas ações para ficar com o dinheiro correspondente ao valor delas. Para vender tais ações,
você precisa colocá-las novamente no mercado e esse mercado é o secundário, pois o emissor
originário dessas ações não é você, mas sim a empresa de quem você as comprou. Assim,
quem comprar as ações de você estará comprando de um segundo, o que caracteriza a
definição de secundário.
O mercado secundário, segundo Assaf Neto (2005) e Pinheiro (2001), busca assegurar
liquidez aos investimentos do mercado primário, ou seja, assegurar que as ações e títulos
adquiridos no mercado primário possam ser vendidas novamente, de tal forma a criar um
contexto favorável ao contínuo processo de investimento que também beneficia o mercado
primário. O mercado secundário não representa transferência direta para as empresas, pois
na verdade ele viabiliza a relação de compra e venda entre investidores, havendo, portanto,
transferência de recursos monetários entre eles, fluindo apenas de uma mão para a outra,
sem haver novos volumes de investimento nas empresas, como acontece quando são
lançadas novas ações e títulos. Ao propiciar que um investidor venda um título ou ação e
receba benefícios monetários por isso, o mercado secundário está favorecendo o mercado
primário, por incentivar os investidores a comprarem no primário para vender no secundário
e receberem benefícios por isso. Conforme Pinheiro (2001),
Pinheiro (2001, p. 126), também diz que a diferença entre mercado primário e
secundário, entretanto, “[...] é que enquanto o primeiro caracteriza-se pelo encaixe de
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recursos na empresa, o segundo, pela mera transação entre compradores e vendedores de
ações, não ocorrendo assim alteração financeira na empresa”.
O mercado secundário tem as Bolsas de Valores como seu principal ambiente e “[...]
registra unicamente a transferência de propriedade dos títulos e valores mobiliários, não
determinando variações diretas sobre os fluxos de recursos das sociedades emitentes. [...]”
(ASSAF NETO, 2005, p. 272).
A figura a seguir ilustra as fases de negociação e os mercados em que elas acontecem.
Na subseção anterior você viu que no mercado primário as empresas lançam novas
ações e títulos para conseguirem novos recursos financeiros que serão investidos em diversos
projetos, como modernização e ampliação de capacidade produtiva, entre outros. Pois bem,
essa emissão está relacionada a um termo que provavelmente não é novidade para você, que
já deve tê-lo ouvido em vários lugares e nos mais diversos contextos, que é o termo abertura
de capital.
Não é raridade você ler um jornal ou revista, seja ele impresso ou eletrônico, e ver
notícias que falam de empresas que abriram o seu capital, principalmente se as notícias que
você estiver lendo forem sobre economia ou mercado financeiro. Agora o interessante é
entender as razões pelas quais as empresas abrem seu capital e como elas fazem isso.
O mercado de capitais tem a abertura de capital das empresas como um procedimento
comum, principalmente quando as empresas buscam ampliar sua plataforma de
investimentos. Abrir o capital, conforme Pinheiro (2001, p. 105), é “[...] emitir ações para o
público em geral, que poderão ser transacionadas em bolsas de valores ou nos mercados de
balcão [...]” e essa abertura acontece quando elas precisam fortalecer sua base de capital
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própria e os acionistas atuais não possuem condição de subscrever novas emissões de ações,
ou seja, eles mesmos não possuem condições de exercerem o direito de compra dessas ações,
pagando por elas.
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consequência das alterações estruturais, necessidade de divulgação de informações aos
diversos públicos e necessidade da distribuição de dividendos, entre outros.
Para inserir as novas ações no mercado primário, onde poderão ser adquiridas pelos
investidores, a empresa que está abrindo seu capital necessita dos serviços de instituições
especializadas, visto que, conforme já dito anteriormente, ela não pode fazer isso de maneira
direta, ou seja, por ela mesma. Entre as instituições que podem ser contratadas para tal estão
os “[...] bancos de investimento, sociedades corretoras e sociedades distribuidoras, que
formarão um pool de instituições financeiras para a realização de uma operação de
underwriting [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 106-107).
A empresa que for lançar ações no mercado de capitais deve considerar alguns fatores
e adotar alguns procedimentos, como forma de buscar obter os melhores resultados possíveis
no processo.
Uma das primeiras etapas nessa caminhada é a negociação com a instituição
financeira intermediária de fatores como porte de lançamento, custos e serviços gerais que
serão desenvolvidos. O contrato underwriter a ser firmado também deve ser definido, sendo
ele efetivado posteriormente e podendo ser firme, residual ou melhor esforço, conforme
apresenta Pinheiro (2001). O contrato firme é aquele em que a instituição financeira
intermediária subscreve integralmente as ações emitidas pela empresa, para posteriormente
revendê-las, assumindo o risco de aceitação ou não pelo mercado. O residual é o que o
intermediário assume o compromisso de “[...] colocar as sobras de ações para o público em
determinado espaço de tempo, após o qual ele próprio subscreve o total de ações não
colocadas. [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 109). E o melhor esforço, por sua vez, é aquele contrato
em que o intermediário assume o compromisso de esforçar-se da melhor forma no
lançamento dos títulos ao público, não assumindo, entretanto, nenhum compromisso no
sentido de comprar, ele mesmo, os que não foram vendidos.
A instituição líder do pool de instituições contratadas para realização da operação de
underwriting deve, inicialmente, “[...] fazer uma análise da empresa com vistas em medir o
porte, oportunidades de investimento, rentabilidade, liquidez, imagem e conceito no mercado
[...]” (PINHEIRO, 2001, p. 109). O próximo passo são as negociações para definir quantidade
e tipo de ações que serão emitidas, assim como as estratégias de inserção dessas ações e o
cronograma de assembleias.
A efetivação do contrato formal de underwriting somente ocorre após as etapas
anteriores terem se concretizado. Nesta efetivação é que se define o preço das ações e dá-
se início ao processo de atendimento das exigências para distribuição de títulos. Segundo
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Pinheiro (2001, p. 110), “[...] Monta-se também uma estratégia para garantir a liquidez dos
títulos que é imediatamente posta em funcionamento [...]”.
Após essas definições entra em ação o marketing, com prospectos e material
publicitário destinado a demonstrar ao investidor resultados futuros que podem ser obtidos
com a empresa e dá-se início ao contato com os clientes preferenciais, por meio dos membros
do pool, que oferecem a emissão ou guardam as reservas, realizando a colocação dos títulos.
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UNIDADE 4
BOLSA DE VALORES
Iniciamos agora a última unidade deste nosso material didático e ela tem um propósito
bastante específico. Enquanto na unidade anterior refletimos sobre o mercado de capitais
como um todo e sobre as suas principais características, agora focamos nossa atenção para
aquela que é provavelmente a mais conhecida das instituições do mercado de capitais e cuja
estrutura e características refletem a maior ou menor maturidade de um determinado
mercado financeiro. Falaremos sobre a Bolsa de Valores, suas principais características e
principais operações.
Para reflexão e fins didáticos, esta unidade divide-se, estruturalmente, em quatro
subseções, que são: Mercados de balcão e de bolsa, Bolsas de valores, ações e índices da
bolsa.
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O mercado de balcão, embora tenha um nome bastante sugestivo, pode ser
considerado, na verdade, como um mercado virtual, pois não existe concretamente, como um
local físico onde se vai para negociar ações e títulos. Nele “[...] as negociações são feitas
pessoalmente ou por telefone pelos corretores”, conforme aponta Toledo Filho (2006, p. 46).
Os corretores, que podem atuar tanto em seu nome como no nome de seus clientes,
negociam diversos tipos de papéis no mercado de balcão, entre os quais, ações de empresas
que não possuem registro em bolsa, reduzindo assim o controle e as garantias dessas ações.
Para regulamentar o funcionamento do mercado de balcão e torná-lo acessível a empresas
de menores portes, a CVM criou em 1996 a Sociedade Operadora do Mercado de Acesso
(SOMA), administrada pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, que foi em 2002 adquirida
pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
Segundo Pinheiro (2001, p. 128), as principais características do mercado de balcão
são:
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4.2 Bolsas de valores
As bolsas de valores têm origem num passado bastante distante e suas atividades
iniciais não estavam especificamente vinculadas à negociação de valores mobiliários, como
acontece atualmente.
O termo bolsa surge, segundo Toledo Filho (2006), em Brujas, uma cidade da Bélgica,
na qual comerciantes realizavam assembleias em frente à casa de um barão chamado Van
der Burse, cujo escudo era composto por três bolsas. Este símbolo com as três bolsas deu
origem ao termo que hoje é adotado internacionalmente para denominar o local onde se
negociam os valores mobiliários.
Quanto ao surgimento enquanto estrutura, a primeira bolsa internacional foi
constituída em 1531, em Amberes, na Bélgica, acompanhada posteriormente do surgimento
das bolsas de Londres, na Inglaterra, em 1554; de Paris, na França, em 1724; e de New York,
nos Estados Unidos, em 1792.
No Brasil a primeira bolsa de valores foi criada em 1877, com a regulamentação do
pregão da Bolsa do Rio de Janeiro. A Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) foi criada em
1890 e em 2008 realizou fusão com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), tornando-se a
BM&F Bovespa, uma das principais bolsas de valores do mundo. Em 2017, numa nova
operação de fusão, a BM&F Bovespa uniu-se à Central de Custódia e Liquidação Financeira
de Títulos (CETIP) e constituiu a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), que se tornou uma instituição
completa em termos de operações no mercado de capitais e tornou-se, já de início, na quinta
maior operadora de bolsas do mundo, em valor de mercado.
Em relação às suas funções, as bolsas resumiam-se, no século XVII, à realização das
operações de compra e venda de moedas, de letras de câmbio e de metais preciosos. No
século XVIII elas conquistaram um grande desenvolvimento em decorrência das exigências
de fé pública que passaram a ser cobradas, assumindo, a partir disso, importante papel na
relação de oferta e demanda de capitais. Do século XIX em diante elas passaram a restringir
suas atuações aos mercados de capitais, e à medida que os mercados de títulos
representativos de mercadorias foram surgindo, locais específicos para a negociação desses
títulos foram sendo criados. Segundo Pinheiro (2001),
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Com tais funções, as bolsas são associações sem fins lucrativos e, segundo Toledo
Filho (2006), assemelham-se aos clubes, pois o patrimônio delas são representados por títulos
patrimoniais pertencentes às corretoras e os que delas desejarem ser membros deverão
providenciar a aquisição de seus respectivos títulos. Os objetivos das bolsas, também segundo
Toledo Filho (2006), são os de: manter local adequado ao encontro de seus membros e à
realização de compra e venda de títulos e valores monetários; organizar o pregão e os
sistemas de negociação e registro das operações; fiscalizar seus membros e as sociedades
emissoras de valores mobiliários em relação ao cumprimento do regulamento e demais
dispositivos normatizadores; e assegurar, aos investidores, total garantia em relação aos
títulos e valores que são negociados.
As negociações na bolsa são realizadas somente por meio das corretoras e todos os
negócios acontecem em nome do cliente final, que, segundo Pinheiro (2001), pode assumir
as posturas de especuladores, investidores e gestores financeiros perante as operações. Os
especuladores são aqueles que não se preocupam exatamente com as ações que estão
comprando no mercado, mas sim com a variação de suas cotações, pois eles utilizam o
mercado de capitais para obterem lucros de curto prazo. Os investidores, por sua vez, são
aqueles que operam nesses mercados de uma maneira mais estável, pois pensam no
rendimento a longo prazo, numa postura oposta à dos especuladores. E os gestores
financeiros, por sua vez, são aqueles que precisam do mercado para administrar as suas
empresas, pois neles buscam captar recursos, a baixo custo, e investirem recursos sem riscos
e com prazos adequados.
As ações, que são objeto de estudo da próxima subseção desta unidade, representam
os principais títulos negociados nas bolsas de valores e suas negociações podem acontecer
pelo sistema de pregão viva-voz ou eletrônico, entretanto “Com o desenvolvimento dos
sistemas de comunicação de dados, as bolsas de todo o mundo estão desativando o pregão
viva-voz” (TOLEDO FILHO, 2006, p. 45). Já o sistema eletrônico, que tem evoluído
exatamente em função do desenvolvimento dos sistemas de comunicação de dados, são
sistemas que possibilitam às corretoras o cumprimento das ordens de seus clientes sem
saírem de seus escritórios, por meio de terminais que estejam conectados à bolsa.
No sistema eletrônico, segundo Toledo Filho (2006, p. 45), “[...] Os computadores
registram as ofertas de compra e venda e quando há o ‘casamento’, o negócio é fechado
eletronicamente [...]”. Podemos incluir no sistema eletrônico o home broker, o Meta, e o after-
market. O home broker é um sistema que permite ao pequeno investidor a negociação via
internet; o Meta é utilizado para estabelecer um preço base de negociação aos promotores
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de negócios; e o after-market possibilita a realização de negócios até às 22 horas, horário
posterior ao encerramento normal do pregão.
Os mercados nas bolsas de valores podem ser à vista, a termo ou futuro, sendo tal
classificação relacionada ao período de tempo com que as operações são liquidadas, ou seja,
no qual os títulos são entregues pelo vendedor e pagos pelo comprador. À vista quer dizer
que a operação é liquidada em até cinco dias; a termo, em prazos maiores, preestabelecidos
em contratos e que podem chegar a 180 dias; e futuro, que é um mercado a termo
diferenciado, com características próprias, como datas fixas de vencimento e lotes-padrão,
não podendo haver negociações em quantias quebradas ou qualquer data de vencimento.
As ordens de negociação dadas pelos clientes às corretoras podem ser, segundo
Toledo Filho (2006), limitada, a mercado e casada. A ordem limitada é aquela em que são
fixados preço mínimo para venda ou preço máximo para compra; a ordem a mercado, por
sua vez, significa que a compra ou venda de um papel deve acontecer ao preço que o mercado
estabelecer; e a ordem casada é aquela em que o cliente condiciona a realização de operações
em conjunto, ou seja, só se faz uma operação se outra for feita, como, por exemplo, comprar
uma ação se somente conseguir vender outra.
As bolsas de valores prestam serviços de custódia, que consistem na guarda de títulos
de investidores, corretoras e até mesmo bancos e seguradoras, entre outros. Quando criado,
conforme Toledo Filho (2006), estes serviços demandavam espaço e muita mão-de-obra para
controle e transferências, mas atualmente, em função dos avanços tecnológicos e das ações
serem escriturais, a custódia prestada pelas bolsas é eletrônica.
E, para finalizar esta subseção, quando se fala em bolsa, fala-se também das caixas
de liquidação, previstas na Resolução nº 39 do Banco Central que disciplina as bolsas de
valores. Essas caixas, cujo capital normalmente pertence às bolsas, tem como função básica
“[...] registrar, liquidar e compensar operações à vista e a termo de responsabilidade das
sociedades corretoras ou de seus comitentes. Além disso, são também responsáveis pelos
depósitos e margem de garantia das operações realizadas” (TOLEDO FILHO, 2006, p. 47).
4.3 Ações
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Uma primeira questão que naturalmente se faz quando se fala em ações é a indagação
do que elas realmente são, ou seja, de qual é o conceito que é atribuído a elas e o que elas
representam. Rudge (1993, p. 77), diz que a ação é “[...] a menor fração do capital social da
sociedade anônima, ou companhia [...]”, o que nos permite dizer que se você pegar todo o
capital de uma empresa de sociedade anônima e o dividir em pequenos pedaços iguais, a
ação é uma unidade entre os milhares, ou centenas, ou dezenas, de pedaços que você dividiu.
Tal definição, portanto, atribui o título de proprietário de uma determinada empresa a
quem possuir ações dela, sendo esta propriedade em nível e importância proporcional à
quantidade de ações que esse acionista possui em relação ao volume total de ações que
representam o capital da organização. Outra definição, mais ampla, é apresentada por
Pinheiro (2001), e acrescenta ao conceito o direito de participação nos resultados que ela
assegura ao seu proprietário.
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que emitir, no mínimo, 1/3 do seu capital social em ações do tipo Ordinária e no máximo 2/3
em ações do tipo Preferencial [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 111).
Uma outra classificação das ações acontece em função das suas características de
circulação no mercado, podendo elas serem denominadas como nominativas, ao portador e
escriturais.
As nominativas “[...] são emitidas na forma de títulos de propriedade, unitárias ou
múltiplas, denominadas cautelas [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 117), e podem ser emitidas em
nome do comprador ou serem nominativas endossáveis. As emitidas em nome do comprador
são transferíveis a outros por meio da assinatura de termos de transferência entre quem está
comprando e quem está vendendo e as nominativas endossáveis são transferíveis por meio
de endosso, mas não dispensando também a utilização do termo de transferência na
companhia.
As ações ao portador são aquelas que são emitidas sem identificar o nome do
comprador e são transferíveis de uma pessoa para outra, de forma manual, sem necessidade
de termo de transferência. Tais ações, segundo Pinheiro (2001), gozam da preferência de
muitos investidores, entretanto sua circulação está proibida no Brasil.
E, por fim, as ações escriturais são aquelas ações que dispensam a “[...] emissão de
título de propriedade, funcionando como conta corrente [...] não ocorre a movimentação física
dos documentos sendo sua transferência realizada por meio da empresa custodiante”
(PINHEIRO, 2001, p. 118).
Na emissão de novas ações, por aumento de capital, os acionistas possuem
assegurado o direito de adquirir tais ações, tendo para isso prazo e preços determinados.
Esse direito recebe o nome de subscrição e deve ter a sua preferência exercida pelo acionista
num período de tempo fixado por estatuto ou assembleia e que, em geral, não é inferior a 30
dias. “[...] Em qualquer aumento do capital de uma sociedade anônima os acionistas têm o
direito de subscrever ações na proporção do capital que possuíam” (PINHEIRO, 2001, p. 122).
Se a emissão das ações é subscrita totalmente pelos acionistas da empresa, ou seja,
se eles exercem a sua preferência e compram todas as ações que lhes são de direito, diz-se
que foi realizada uma subscrição particular, cuja negociação deve ser realizada diretamente
na empresa ou na Bolsa de valores. Entretanto, quando ainda há ações a serem lançadas no
mercado e que não são restritas aos acionistas atuais, chama-se essa operação de lançamento
público de ações, ou ainda, de operações de underwriting, sobre a qual já falamos
anteriormente. Apenas para relembrar, “[...] underwriting é um esquema de lançamento de
uma emissão de ações para subscrição pública, no qual a empresa encarrega a um
intermediário financeiro a colocação desses títulos no mercado” (PINHEIRO, 2001, p. 98).
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Além da aquisição de ações, os acionistas podem ter suas ações aumentadas
proporcionalmente através de bonificações que recebem gratuitamente “[...] quando a
empresa realiza um aumento de capital via emissão e distribuição de ações aos atuais
acionistas por incorporação de reservas [...]” (OLIVEIRA e PACHECO, 2005, p. 137), o que
quer dizer que os acionistas terão mais ações, mas a empresa como um todo também terá,
não representando, portanto modificações no quadro acionário e nem no patrimônio da
empresa, pois o aumento neste caso nada mais é do que a transferência de valores de uma
conta para outra. A bonificação é
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Conforme Toledo Filho (2006), toda bolsa calcula um índice que traduz sua movimentação,
como o Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, o Nikkei da Bolsa de Tóquio e o
Ibovespa, da BM&FBovespa.
Indicativo do mercado, apontando se este está em alta, estável ou em baixa, os índices
dão uma visão do mercado como um todo e são calculados através de uma carteira teórica
que reúne as ações mais negociadas na bolsa, estabelecendo-se uma média das cotações
dessas ações. Conforme o contexto de mercado os índices oscilarão o seu comportamento,
podendo ocorrer valorização ou desvalorização. Para Pinheiro (2001, p. 147), eles são “[...]
considerados um poderoso instrumento para avaliação comparada de performance de
desempenho para gestores e investidores do mercado de capitais”.
Após a fusão da BM&F BOVESPA e CETIP, um novo ticker para os papéis negociados
é adotado, mas a transição acontece gradualmente, para adaptação do mercado. Já o
Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, se mantém, por ser um índice amplamente
disseminado e consolidado no mercado de capitais.
Os índices de ações do mercado brasileiro são: Índice Bovespa (Ibovespa), Índice
Brasil 50 (IBrX-50), Índice Brasil (IBrX), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice
Setorial de Telecomunicações (ITEL), Índice de Energia Elétrica (IEE), Índice do Setor
Industrial (INDX), Índice de Consumo (ICON), Índice Imobiliário (IMOB), Índice de Ações com
Governança Corporativa Diferenciada (IGC), Índice de Ações com Tag Along Diferenciado
(ITAG), Índice Mid-Large Cap (MLCX), Índice Small Cap (SMLL), Índice Valor Bovespa (IVBX-
2) e Índice Financeiro (IFNC).
Informações mais detalhadas sobre cada um dos índices podem ser obtidas no site
http://www.bmfbovespa.com.br/indices/BuscarIndices.aspx?idioma=pt-br.
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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
BACEN. Banco Central do Brasil. Sistema Financeiro Nacional. Disponível em:
http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP. Acesso em: out. 2018.
ELDER, Alexander. Como se transformar em um operador e investidor de sucesso:
entenda a psicologia do mercado financeiro, técnicas poderosas de negociação, gestão
lucrativa de investimentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
IRB-BRASIL RE. Instituto de Resseguros do Brasil. Quem somos e o que fazemos.
Disponível em: http://www2.irb-brasilre.com.br/site/. Acesso em: jan. 2018.
MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Secretaria de Previdência Complementar.
Disponível em:
http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/previdencia_complementar_12.asp. Acesso
em: jan. 2018.
OLIVEIRA, Gilson Alves de; PACHECO, Marcelo Marques. Mercado financeiro. São Paulo:
Fundamento Educacional, 2005.
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas,
2001.
RUDGE, Luiz Fernando. Mercado de capitais. Belo Horizonte: CNBV, 1993.
TOLEDO FILHO, Jorge Ribeiro de. Mercado de capitais brasileiro: uma introdução. São
Paulo: Thomson Learning, 2006.
YAZBEK, Otavio. Regulação do mercado financeiro e de capitais. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007.
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EXERCÍCIO E ATIVIDADES
EXERCÍCIO 1
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ATIVIDADE 1.1
1. O mercado financeiro é apontado por Pinheiro (2001) como meio mais eficiente
para associar poupança e investimento, sendo fundamental para o desenvolvimento
econômico. Você concorda com o pensamento desses autores?
Justifique sua resposta.
2. Considerando os papéis exercidos pela moeda na sociedade econômica, cite qual
deles você considera mais importante. Justifique sua resposta.
EXERCÍCIO 2
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3. Analise os enunciados e assinale a alternativa correta:
I. O SFN é constituído por agentes superavitários, agentes deficitários e
intermediários financeiros.
II. Além de conciliar interesses de agentes superavitários e deficitários, os
intermediários financeiros, de certa forma, buscam assegurar a conversão da
poupança em investimentos.
III. Instituições financeiras não bancárias são representadas por praticamente
todas as organizações que atuam no mercado financeiro, com exceção de bancos
comerciais e múltiplos.
IV. Os operadores são os órgãos responsáveis para assegurar o funcionamento do
SFN, estabelecendo as diretrizes para tal.
a) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
b) Apenas o enunciado II está correto.
c) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
d) Apenas os enunciados II e IV estão corretos.
e) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
ATIVIDADE 2.1
1. Faça uma análise e descreva como o sistema financeiro influencia sua vida.
Responda em um texto de 5 linhas.
2. Das instituições que constituem o Sistema Financeiro Nacional (SFN), cite a que
você considera como mais importante. Justifique sua resposta, em um texto de 5
linhas.
EXERCÍCIO 3
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IV. O mercado de capitais é considerado especulativo e por isso prejudicial à saúde
econômica de um país.
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
b) Apenas os enunciados III e IV estão corretos.
c) Apenas os enunciados I e IV estão corretos.
d) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
ATIVIDADE 3.1
1. O mercado de capitais é para você uma realidade distante da que você vive?
Justifique sua resposta, em um texto de 5 linhas.
2. Tendo a internet como referência, pesquise o site de uma instituição que atue
como intermediária entre agentes vendedores e agentes compradores no mercado
de capitais e especifique os tipos de serviços que essas instituições oferecem.
Na sua resposta você deve apresentar o link do site, ou seja, o endereço da página
em que ele se encontra disponível na internet, a identificação da instituição
intermediária e a descrição dos serviços que ela presta.
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EXERCÍCIO 4
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ATIVIDADE 4.1
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