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7.2 Vigília. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7.3 Oração como suporte aos ministérios da Igreja. . . . . . . . . . . . . 64
8. Ministérios por Faixa etária e gênero. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
8.1. Ministério de Mulheres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
8.2 Ministério de Homens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
8.3 Ministério da Terceira Idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
8.4 Ministério de Jovens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
8.5 Ministério de adolescentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
8.6 Ministério Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
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11.4 Formação de Líderes Multiplicadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
11. 4 Compaixão e Graça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
12. Organizações e Departamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
13. Rede Ministerial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
13.1. Feira Ministerial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
13.2. Inventário de Dons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
13.3. O Tripé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
14. Igreja com Propósito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
14. 1. Adoração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
14.2. Ministério. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
14.3. Evangelismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
14.4 Comunhão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
14.5 Discipulado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
15. Desenvolvimento Natural da Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
15.1 Liderança capacitadora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
15.2 Ministérios orientados pelos dons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
15.3 Espiritualidade contagiante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
15.4 Estruturas Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
15.5 Culto inspirador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
15.6 Grupos familiares ou células . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
15.7 Evangelização orientada para as necessidades. . . . . . . . . . . 150
15.8. Relacionamentos marcados pelo amor fraternal. . . . . . . . . 151
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Prefácio
Ser Igreja sempre foi um desafio em todos os períodos da história.
Na Antiguidade, os Pais da Igreja (líderes de então) e toda o Corpo de
Cristo foram confrontados de várias maneiras. Em todas as questões,
sejam teológicas ou não, o grande objetivo em superar qualquer em-
bate era viver de forma bíblica o que é ser Igreja de verdade. Os gran-
des escritos dessa época, por meio de seus comentários, pregações e
tratados teológicos, deixaram um rico legado à posteridade de uma
busca pela verdadeira excelência no discipulado e na obediência ao
Deus Triúno. De diferentes modos, acorde ao momento, não foi dife-
rente com a Igreja e sua liderança na Idade Média, Moderna e os dias
atuais.
A liderança da Igreja sempre buscou, por meio de uma reflexão te-
ológica fundamentada na Palavra de Deus e na prática dessas verda-
des, a maneira autêntica de ser Igreja, de formar líderes, discípulos e
evangelizar. Todo contexto histórico e cultural tem um desafio emi-
nente que o caracteriza. No Brasil, não é diferente. Muitos esforços
têm surgido visando a superação da inautenticidade, inércia e da me-
diocridade no ser Igreja. O autor desse livro, tem o mesmo objetivo
em seu horizonte: buscar a excelência e o equilíbrio para a adminis-
tração da Igreja para que ela evangelize o mundo e o nome de Deus
seja glorificado. Ressaltando e repetindo, três princípios norteiam
esse livro: a excelência, o equilíbrio e a Glória de Deus.
Por meio de um estudo objetivo e profundo, o autor brinda o leitor
com uma rica catalogação dos ministérios cristãos, exemplos: minis-
tério pastoral, ministério diaconal, ministério de música sacra, den-
tre outros. O contexto mais direta da aplicação prática desse livro é
a denominação batista, visto que, desse arraial cristão elas surgiram
e buscam ajudar. Porém um detalhe fascinante se deve salientar, a
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abordagem feita dos ministérios e dos modelos de Igreja, podem ser
utilizados por qualquer líder cristão que queira atingir um nível bási-
co de formação excelente, seja ele batista ou não, pastor ou não. Por
meio de uma descrição clara o autor mostra como cada ministério é
composto, basicamente organizado e o seu papel na Igreja.
Na segunda parte, são apresentados os modelos de Igreja mais
utilizados pela realidade evangélica brasileira. Nessa parte, como na
primeira, observa-se que um dos princípios ministeriais é o investi-
mento que deve ser dado em uma ótima formação de liderança. Cada
modelo de Igreja é apresentado de forma magistral. Detalhe que cha-
ma atenção é a lucidez do autor ao defender a ideia de que o modelo
por si só não importa, mas a essência que nele subjaz: a busca autên-
tica em ser Igreja e Glorificar a Deus.
Sem dúvidas de que esse livro será benção na vida do leitor, bem
como uma rica experiência de aprendizado, assim como o foi para
esse que vos escreve o prefácio, desafio-o a buscar a excelência, o
equilíbrio e viver uma vida de liderança cristã que obedeça e Glori-
fique o nome do Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo, horizonte
maior que permeou todo esse escrito.
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Introdução
Este livro foi escrito para honrar a Deus e ser uma ferramenta para
o fortalecimento e preparação de ministros cristãos comprometidos
em servir com excelência. A cultura da mediocridade não pode existir
nas comunidades eclesiais. Para Deus, é necessário fazer sempre o
melhor, mesmo custando a própria vida.
Ao escrever esse livro, percebeu-se que ainda existem muitas la-
cunas a serem preenchidas nessa temática, para tanto, talvez um
compêndio sobre o ministério cristão seria um excelente ponto de
partida. Porém, o presente escrito pretende ser um impulso inicial,
necessitando de continuidade. Além disso, deseja-se que ele seja um
estímulo na busca do desenvolvimento de uma teologia prática, bem
como uma teologia pastoral responda as perguntas da atualidade.
Este livro está divido em duas partes. A primeira foca nos minis-
térios/departamentos com presença notória na Igreja Brasileira. É
nítido como os ministros cristãos crescem quando servem a Deus,
servindo às pessoas. Tudo flui quando a igreja cumpre a sua missão
para a qual foi criada, e cada membro assume o seu papel no corpo
de cristo. Tais ministérios são uma forma de cumprir tal desígnio de
Jesus Cristo.
O primeiro ministério apresentado é o pastoral. Na Igreja Batista
existem dois ministérios oficiais ordenados: pastores e diáconos. O
pastor também foi chamado por Deus para capacitar os membros a
exercerem os seus ministérios. Sendo assim, o pastor tem a função de
cuidar e de equipar os santos. Algumas figuras representam o pastor
e foram discutidas neste texto como: Despenseiro, Arauto, Testemu-
nha, Pai e Servo. Estude com atenção e você será edificado.
O ministério diaconal foi o segundo discutido. Não por ser menos
importante – todos são de igual forma. A conclusão a que se chegou
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analisando os textos bíblicos é que os diáconos ajudam o pastor a
cuidar das ovelhas do Senhor Jesus o Cristo. Três são as formas das
igrejas organizarem o diaconato, são eles: corpo diaconal, igreja dia-
conal e ministério diaconal. Essas três formas são muito utilizadas
nas igrejas Brasileiras. Leia, analise e aplique em seu contexto.
Outro ministério de extrema importância é o de Educação Cristã,
que deve andar lado a lado com o ministério pastoral. Junto ao pas-
tor, é responsável por toda formação cristã dos membros. Aqui, o púl-
pito, palestras e EBD caminham juntos, englobando o que é o ensino
cristão. O ministério de Educação Cristã procura estar atendo a tudo
que está acontecendo, procurando responder as demandas da con-
temporaneidade.
O ministério de louvor e adoração é responsável por conduzir a
igreja em adoração ao Senhor Jesus Cristo no templo e fora dele. Para
muitos, este é o ministério em que mais problemas ocorrem, por ser
público e estruturar-se em posições de destaque, seus membros mui-
tas vezes se tornam celebridades, não se colocando em seu devido
lugar. Três questões são necessárias para não cair em tentação nes-
se ministério: o primeiro é vida com Deus, o segundo é compromisso
com a igreja local e o terceiro é a busca por excelência sempre.
O ministério de evangelismo e missões é responsável por conduzir
a igreja no cumprimento da sua missão de fazer de discípulos de Je-
sus no poder do Espírito Santo para a glória de Deus pai. A igreja de
pregar o evangelho à toda a criatura, seja na sua cidade, estado, país
ou mundo.
O ministério de casais e famílias é de extrema importância para a
igreja. Quase sempre funcionam como um único ministério, porém,
neste livro, a proposta é de separá-los, tendo em vista a especificida-
de de ambos no que concerne ao objetivo. Dessa forma, é possível
acreditar que não ocorra a possiblidade dos casais ou das famílias
deixarem de ser assistidos por um longo tempo.
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O ministério de oração sustenta a igreja de diversas formas. Pri-
meiro uma igreja que não ora, não possui relacionamento íntimo com
Deus. Os estudos bíblicos mais atuais, confirmam cada vez mais uma
verdade bíblica, um dos pilares da vida de Jesus foi a oração. Esse mi-
nistério procura levar a igreja a ter uma vida de relacionamento com
Deus. A igreja usa alguns métodos para tal finalidade, como: sala de
oração e vigília.
Alguns ministérios se organizam por faixa etária ou gênero. Isso
contribui para que haja processos homogêneos e heterogêneos na
igreja. Por meio dos ministérios de mulheres, homens, terceira ida-
de, jovens, adolescentes e infantil. Esses ministérios contribuem para
desenvolver o que é comumente chamado de métodos 5X2. Resumi-
damente, tal expressão quer dizer que devem existir cinco ministérios
por faixa etária e dois indicadores a serem desenvolvidos, sendo eles
os processos homogêneos e os processos heterogêneos. Isso contri-
buirá para o crescimento numérico e a comunhão dentro de cada gru-
po.
A segunda parte desse livro apresenta os modelos eclesiológicos
mais utilizados na igreja brasileira para que o ministério cristão se de-
senvolva e cresça.
O primeiro modelo apresentado é o “Pequeno Grupo Multiplica-
dor” (PGM). Esse modelo está sendo usado pela Junta de Missões
Mundiais, através da Igreja Multiplicadora. É semelhante ao MIC (mi-
nistério Igreja em Células). O PGM tem como pilares a: oração, evan-
gelização, plantação de igreja, formação de líderes multiplicadores,
compaixão e graça. É um modelo equilibrado que tem conseguido
excelentes frutos nas igrejas Batistas Brasileiras.
Talvez, o modelo mais antigo é aquele sistematizado em organiza-
ções e departamentos. Organizada principalmente pela União Femi-
nina Batista Brasileira, é um método empregado por diversas igrejas e
se estrutura com diversas uniões, como a dos homens e mulheres. No
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contexto Batista, os embaixadores e mensageiras são um bom exem-
plo. Essas organizações costumam atrair um número expressivo de
adolescentes que são preparados para assumir a igreja futuramente.
A Rede Ministerial é um método que busca organizar a igreja em
ministérios específicos. O foco é o serviço, o ministério cristão é am-
plamente desenvolvido. Esse livro, apresentará como funciona a feira
ministerial, o inventário de dons e o tripé, necessários para que o mi-
nistro cristão esteja no lugar certo, fazendo a coisa certa.
A Igreja com Propósito é organizada através de cinco propósitos,
são eles: adoração, ministério, evangelismo, comunhão e discipula-
do. Esses, propósitos devem nortear todos os programas e atividades
da igreja que adota tal modelo. Nesse livro, você conhecerá um pouco
mais sobre esse método americano.
O último modelo é o Desenvolvimento Natural da Igreja (DNI). Para
muitos, esse método não chega ser um modelo, mas sim, uma forma
de verificar o que tem contribuído para o crescimento da igreja ou di-
ficultado. Serão apresentadas cada uma das marcas que contribuem
para o crescimento da igreja no mundo, como: liderança capacitado-
ra, ministérios orientados pelos dons, espiritualidade contagiante,
estruturas funcionais, culto inspirador, grupos familiares ou células,
evangelização orientada para as necessidades e relacionamentos
marcados pelo amor fraternal.
Munidos de tais conhecimentos, espera-se que esse livro possa
contribuir para a formação de obreiros comprometidos com o Reino,
servos que busquem a excelência em tudo que fazem, lembrando
sempre que é um privilégio servir à Deus e que a formação de lide-
rança é um dos segredo para o crescimento da igreja, do reino e do
ministério cristão.
12
Primeira Parte
Ministérios
A Igreja1 é o corpo de Cristo2, nela cada um tem a sua função. Seus
membros procuram servir a Deus, por meio das pessoas utilizando os
dons3 e talentos dados pelo Senhor. Essa seção introdutória da pri-
meira parte tem o objetivo de apresentar os fundamentos e as linhas
gerais do que a Bíblia afirma ser o ministério cristão.
Um ótimo modelo para o ministério cristão é a Trindade, supremo
modelo no qual a igreja deveria se espelhar. Ele foi revelado e está
registrado nas Escrituras Sagradas. Dessa forma, o estudo bíblico da
Trindade proporciona implicações sobre os papeis e expectativas
para o ministério cristão. Além de ser o modelo perfeito, ajuda como
indicador para o cumprimento e verificação da autenticidade da mis-
são da Igreja. A Trindade convida a buscar uma teologia robusta, já
que em geral as igrejas locais enfraquecem por ausência de uma teo-
logia sólida e bíblica.4 Portanto, necessita-se de uma teologia maior
que os problemas sociais, mais significativa que o consumismo, ne-
cessidades psicológicas e emocionais da atualidade5.
1
Nesse livro todas as vezes que ocorrer a palavra Igreja com o “I” maiúsculo, está-
se referindo à Igreja Universal, a Igreja Espiritual, toda Igreja espalhada na face do
Planeta Terra. E toda vez que estivermos falando da igreja local usaremos “i” minús-
culo.
2
Confira os textos bíblicos: Romanos 12.4-5; 1 Coríntios 12.12, 27; Efésios 4.4, 16,
5.29-30, 6.15; Colossenses 1.18, 1.24, 3.15.
3
Dons são presentes de Deus dado aos cristãos, isso é, quem aceitou a Jesus e rece-
beu o Espírito Santo. O Espírito Santo é quem distribui dons a fim de edificar a igreja,
servir a igreja. O talento é a capacidade que Deus dar a todas a pessoas independen-
te de ter aceitado Jesus.
4
MUZIO, Rubens. O DNA da Igreja: Comunidades cristãs transformando a nação.
Curitiba: Editora Esperança, 2010, p.25.
5
MUZIO, 2010, p.27.
13
A expectativa é que a Igreja cumpra a sua missão e reflita o Deus
que a redimiu. Mas, qual seria a missão da Igreja? De uma forma su-
cinta, pode-se afirmar que, biblicamente, estaria presente na Grande
Comissão (Mt 28.19,20)6 e de um modo mais extenso:
6
Bíblia de Estudo Almeida, RA São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
7
C.F. DEYOUNG, Kevin; GILBERT, Greg. Qual a missão da Igreja – Entendendo a Jus-
tiça Social e a Grande Comissão. São José dos Campos – SP: Fiel Editora, 2012, p. 323.
8
WAGNER, Peter. Estratégias para o Crescimento da Igreja: Princípios bíblicos e
métodos práticos para uma evangelização eficaz. São Paulo: Editora Sepal, 1991, p.
55. “A palavra “discípulo” (mathetes em grego) é equivalente a “cristão”. O que é en-
tão um discípulo? É um cristão. Discípulos são pessoas que nasceram de novo pelo
Espírito de Deus. Eles confessaram com suas bocas o Senhor Jesus e creram em seus
corações que Deus o ressuscitou dos mortos (Rm 10.9-10). Discípulos são novas cria-
turas em Cristo Jesus. Eles podem ter seus altos e baixos, mas são parte da família
de Deus. De modo geral, a vida de um discípulo é caracterizada pela permanência
“perseverança na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações (At 2.42)”.
9
WRIGHT, Christopher J. H. A Missão de Deus: Desvendando a grande narrativa da
Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 29-30.
14
Logo, entende-se que a missão da Igreja é um mandato de Deus
alicerçado no amor que ele tem pelo mundo. Ao obedecer a este man-
dato, a Igreja é responsável pelo discernimento necessário para uma
verdadeira comunicação com o mundo ao qual ministra10. O evange-
lista Mateus escreveu com este propósito, de oferecer orientação a
uma comunidade em crise, em relação à maneira que deveria enten-
der sua vocação e missão11. Sendo assim, a igreja12 precisa cumprir a
sua missão, e manter um olhar cuidadoso para seu Deus, é de grande
valia. Como já foi afirmado, o Deus Triuno revela-se, mostrando indi-
cadores que são expectativas e papeis da Igreja.
A igreja e o ministério cristão têm a sua unidade, assim, como o
Deus Triuno é Um. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, regis-
tra que os membros de uma igreja recebem um só Espírito, formando
um só corpo, chamado de o corpo de Cristo (1Co 12.12-31).
John Stott13 afirma que o corpo da igreja é animado, possui vida
por causa do Espírito Santo, o responsável por também unificar esse
corpo. É ele que dá consistência à unidade da igreja. Uma vez que al-
guém se tornou membro desse corpo, tem uma contribuição a fazer.
Na medida em que cada membro trabalha naquilo que Deus lhe deu
para fazer, todo o corpo funciona como foi planejado14.
10
STEUERNAGEL, Valdir R. A missão da Igreja: Uma visão panorâmica sobre os de-
safios e propostas de missão para a Igreja na antevéspera do terceiro milênio. Belo
Horizonte: Missão Editora, 1994, p.341.
11
BOCH, David J. Missão Transformadora: Mudanças de Paradigma na Teologia da
Missão. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2014, p. 83. “O primeiro evangelho é essencial-
mente um texto missionário. Foi primordialmente por causa de sua visão missio-
nária que Mateus se pôs a escrever seu evangelho, não para compor uma “vida de
Jesus”, mas para oferecer orientação a uma comunidade em crise quanto à maneira
como deveria entender sua vocação e missão”.
12
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. Volumes um e dois. São Paulo: Hag-
nos, 2003, p. 433. “Sobre a nomenclatura ‘igreja’ nesta pesquisa se fará uma dife-
renciação. Quando iniciar com letra minúscula estará falando da igreja local (igreja
visível), organização e quando iniciar com letra maiúscula estará falando da Igreja
universal (Igreja invisível), organismo”.
13
STOTT, John. Cristianismo Básico. Viçosa: Ultimato, 2007, p.141.
14
STEDMAN, RAY C. A Igreja Corpo Vivo de Cristo: A igreja no século vinte recupe-
15
Este corpo só tem uma cabeça, Cristo. Sendo assim, é necessário
que Jesus esteja à frente da igreja se manifestando por meio do Espí-
rito Santo, que ele mesmo enviou (Jo 20.22; At 2.33). Cada indivíduo
pertencente, não somente foi batizado num corpo, mas a cada um foi
dado beber de um só Espírito (1Co 12.13). A figura da cabeça serve
para indicar fatos essenciais a respeito da Igreja, a saber: que a Igreja
é um corpo que se autodesenvolve, que os membros são designados
para serviços específicos, com a finalidade de cooperação mútua15.
A afirmação de que o Salvador que ascendeu ao céu é o Cabeça so-
bre a Igreja, e que a Igreja é a plenitude, é encontrada nas Escrituras:
“[...] e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça
sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemen-
to daquele que cumpre tudo em todas as coisas” (Ef 1.22-23).
O principal texto das Escrituras Sagradas que trata sobre a Igreja
e o corpo que autodesenvolvem é Efésios 4.11-16. Nesta passagem
são apresentados os dons, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres. O apóstolo Paulo, escrevendo a igreja de Éfeso,
declara que o ministério desses homens dotados, especialmente o
de pastor e mestre, é para o aperfeiçoamento dos santos e o desem-
penho do seu serviço. Dessa forma, é visto que a igreja, semelhante
ao corpo humano, se autodesenvolve. Seus membros são agentes
evangelizadores, designados para dar segurança a outros membros.
Fundamentada pelo Espírito Santo, por meio de seus dons, é Igreja
é capaz de uma espécie de sustentação. Um membro de sustentar o
outro, na medida do seu dom.
Do Novo Testamento surge uma expectativa e um convite: todos os
cristãos devem prestar um serviço inteligente de fazer discípulos de
Jesus, o Cristo, ensinando as Escrituras e batizando-os (Mt 28. 19,20).
Assim, os membros são designados para um serviço específico, asse-
rando toda a força do cristianismo primitivo. São Paulo: Mundo Cristão, 1984, p.70.
15
CHAFER, 2003, p. 433.
16
melhando o cristão a um membro no corpo humano e com uma fun-
ção a ser apresentada, como se viu em 1Coríntios 12, e, como essas
funções representam o exercício dos dons espirituais. O contexto te-
mático continua nos capítulos 13 e 14. Outra passagem semelhante,
a respeito do tema dos membros do corpo e do seu serviço, é encon-
trada em Romanos 12.3-8.
Todavia, o que contribui de forma vital para a doutrina geral dos
dons que os membros do Corpo apresentam é o texto de 1Pedro 4.7-
11. Esta passagem apresenta, de maneira descritiva, o recebimento
do Espírito Santo e as coisas que ele realiza. Essas estão muito rela-
cionadas com a figura em questão, visto que é por esse intermédio
que cada indivíduo se torna um membro do Corpo de Cristo e, assim,
é unido a Cristo (1Co 6.17)16.
Este tema da unidade da igreja mostra que o corpo é um só, e deve
ser visto no fato de que ele forma a própria estrutura sobre a qual
está elaborada a mais alta revelação a respeito da Igreja, registrada
na epístola aos Efésios (1.23; 2.15, 16; 3.6; 4.12-16; 5.30). Sobre isso,
Chafer reforça:
17
As cerimônias da igreja: batismo18 e a ceia19 do Senhor também
servem para manter esta unidade. Enquanto o primeiro permite que
o convertido ao cristianismo faça parte da unidade da igreja local,
o segundo com exceções20 faz parte da preservação desta unidade.
Estas ordenanças de manutenção da unidade da igreja, também são
enxergadas como ritos de incorporação (batismo) e rito de continui-
dade21 (ceia do Senhor).
18
FERREIRA, Ebenézer Soares. Comentários à Declaração Doutrinária da Conven-
ção Batista Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Tempo de Colheita, 2009, p.123. “O
batismo é uma ordenança da igreja estabelecida pelo próprio Jesus Cristo. Sendo
de natureza simbólica. O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua
pública profissão de fé em Jesus Cristo, como Salvador único, suficiente e pessoal.
Simboliza a morte e o sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma
nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor
Jesus Cristo e também prenuncio da ressurreição dos remidos. O batismo, que é
condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
19
GUERREIRO, Jaziel Martins. Manual do Pastor e da Igreja. Curitiba: Ad Santos,
2017, p.85. “A Ceia do Senhor: A palavra portuguesa “eucaristia” vem do grego eu-
charistia, que quer dizer “agradecimento”, nas páginas neotestamentárias, a palavra
é usada para indicar orações em geral, impelidas pelo senso de ação de graças. A ex-
piação pelo sangue de Cristo dá-nos razões para sermos gratos, o que explica a apli-
cação da palavra à Ceia do Senhor. Jesus agradeceu ao partir do pão (1Co11.24), e
assim referiu-se ao seu sacrifício iminente. O termo eucharistia era usado para indicar
as ações de graças antes das refeições, tanto no caso das refeições informais quanto
no caso daquela associada à Ceia do Senhor. Não demorou muito para que a palavra
se tornasse o termo regularmente usado para designar a cerimônia da Ceia do Senhor.
Entre a maioria dos evangélicos os termos preferidos para a cerimônia são “Ceia do
Senhor” e “Santa Ceia”, enquanto que “Eucaristia” é um termo usado mais pelos cató-
licos e alguns grupos protestantes. Parece que os evangélicos não usam o termo mais
por causa da tradição e do misticismo que se formou em torno da palavra eucharistia,
e não porque haja alguma razão teológica pelo qual o nome não deva ser usado”.
20
GUERREIRO, 2017, p. 88 -90. “Quatro são os modos de celebrar a Ceia do Senhor:
Ceia livre universal; Ceia livre restrita; Ceia restrita; Ceia ultra restrita. A “Ceia livre
universal” é aquela que é distribuída para todas as pessoas presentes na reunião,
independentemente de credo religioso. De acordo com esse ponto de vista, podem
participar da Ceia, além dos membros da igreja local, os membros de outras igrejas
evangélicas, católicas, espíritas, muçulmanos, budistas e assim por diante. Obvia-
mente, esse ponto de vista carece de base bíblica sólida, pois os nãos crentes devem
ser excluídos da participação na Ceia, pois não pertencem à Igreja de Cristo”.
21
ERICKSON, 2015, p. 1076. “A ceia do Senhor é vital para todos os grupos cristãos.
18
Pensando a igreja como um organismo vivo, ela sempre está unida
com Cristo, por meio do Espírito para a glória do Pai. Mas ela também
precisa ter os membros unidos em prol da missão, para que esteja
coesa e consiga alcançar os seus objetivos. A unidade dos membros
testifica a união espiritual. Não se alcança o Espírito por ela, mas ela
é alcançada por meio do Espírito.
A igreja possui unidade, é um só corpo, na pluralidade (diversida-
de) dos dons e de pessoas. Jesus afirma que ele e o Pai são um só
(Jo 10.30). A igreja é um só corpo, formado por muitos membros que
possuem muitos dons22 para a edificação da mesma (Ef 4.12). Paulo
diz que a diversidade de dons na igreja é para o aperfeiçoamento dos
santos, o serviço e a unidade do corpo de Cristo (Ef 4.12).
O cristão recebe o primeiro dom, ou seja, o batismo do Espírito,
no começo da sua nova vida, e depois deve procurar apropriar-se de
maneira contínua e crescente, buscando a plenitude, resultando na
manifestação e no amadurecimento do fruto do Espírito em sua vida.
Os dons também são concedidos individualmente aos crentes, mas
sua finalidade é o crescimento sadio da igreja (Ef 4.12,13)23.
É interessante notar que os dons não têm relação com a maturida-
de cristã, o Espírito Santo concede a todos os membros como pode
se lê, abaixo:
19
Os dons são ferramentas para o ministério e não se relacionam neces-
sariamente com a maturidade cristã. São dados a todo crente (1Co 12.7,
11; 1Pe4.10). Mesmos os cristãos imaturos recebem dons espirituais do
Senhor. É possível ter dons espirituais notáveis em uma área, mas mes-
mo assim ser bem imaturo no entendimento doutrinário ou na conduta
cristã. Os dons são dados para a obra do ministério e constituem sim-
plesmente ferramentas a serem usadas na igreja24.
[...] o Novo Testamento refere-se a ela em dois sentidos: como Igreja uni-
versal e igreja local. O significado universal de igreja refere-se à totali-
dade dos crentes salvos em todos os tempos e lugares (Ef 1.22). É nessa
acepção que a declaração doutrinária Batista apresenta Igreja como”a
reunião universal dos remidos de todos os tempos, estabelecida por Je-
sus Cristo e sobre ela edificada, constituindo-se o corpo espiritual do Se-
nhor, do qual ele mesmo é a cabeça” (Mt 16.18; Ef 1.22,23; 3.8-11; 4.1-16;
5.25; Cl 1.18).
24
GRUDEM, 2009, p. 872, 873.
25
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática – uma análise histórica,
bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo - SP: Vida Nova, 2007, p. 961.
26
SILVA, Roberto do Amaral. Princípios e doutrinas batistas: Os marcos de nossa
fé. Rio de Janeiro: Juerp, 2007, p. 137. “Igreja vem do grego Ekklesia que significa
reunião, ajuntamento, assembleia ou congregação. Apesar dos significados precisos
de ekklesia, igreja tem sido associada a prédio ou a uma denominação, o que não
confere com os dados bíblicos. No Novo Testamento, ekklesia aparece 109 vezes,
sendo que 14 vezes refere-se à igreja no sentido universal. Nas 96 vezes, é usada
como um grupo de crentes numa congregação local”.
27
SILVA, 2007, p. 138.
20
Concluindo esse capítulo introdutório, fica clara a pluralidade de
pessoas na formação do ministério cristão na igreja. Da mesma for-
ma que o Deus Triuno é composto por três pessoas, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo, a igreja também é composta por diferentes pessoas.
Da mesma forma que a Trindade é uma família, a igreja também for-
ma uma grande família. Sendo assim, a igreja é composta de várias
pessoas, que recebem diversos dons, para a edificação do corpo de
Cristo.
21
1. MINISTÉRIO PASTORAL
Em seu décimo primeiro artigo, a declaração doutrinária da Con-
venção Batista Brasileira apresenta em seu texto semelhanças entre o
ministério pastoral e o ministério da palavra28, como pode-se ler:
XI – Ministério da Palavra
Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o ser-
viço cristão, para testemunhar de Jesus Cristo e promover o seu reino, na
medida dos talentos e dos dons concedidos pelo Espírito Santo. 1 Entre-
tanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira espe-
cial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da sua pa-
lavra. 2 O pregador da palavra é um porta-voz de Deus entre os homens.
3
Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Velho
Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio
Jesus como exemplo e padrão supremo. 4 A obra do porta-voz de Deus
tem finalidade dupla: a de proclamar as boas novas aos perdidos e a de
apascentar os salvos. 5 Quando um homem convertido dá evidências de
ter sido chamado e separado por Deus para esse ministério, e de possuir
as qualificações estipuladas nas Escrituras para o seu exercício, cabe à
igreja local a responsabilidade de separá-lo, formal e publicamente, em
reconhecimento da vocação divina já existente e verificada em sua expe-
XI – Ministério da Palavra
28
1. Mat. 28:19,20; At. 1:8; Rom. 1:6,7; 8:28-30; Ef. 4:1,4; II Tim. 1:9; Heb. 9:15; I Ped. 1:15;
Apoc. 17:14 10
2. Mar. 3:13,14; Luc. 1:2; At. 6:1-4; 13:2,3; 26:16-18; Rom. 1:1; I Cor. 12:28; II Cor. 2:17;
Gál. 1:15-17
3. Êx. 4:11,12; Is. 6:5-9; Jer. 1:5-10; At. 20:24-28
4. At. 26:19,20; João. 13:12-15; Ef. 4:11-17
5. Mat. 28:19,20; João. 21:15-17; At. 20:24-28; I Cor. 1:21; Ef. 4:12-16
6. At. 13:1-3; I Tim. 3:1-7
7. At. 13:3; I Tim. 4:14
8. At. 6:1-4; I Tim. 4:11-16; II Tim. 2:3,4; 4:2,5; I Ped. 5:1-3
9. Mat. 10:9,10; Luc. 10:7; I Cor. 9:13,14; I Tim. 5:17,18
10. II Cor. 8:1-7; Gál. 6:6; Fil. 4:14-18
22
riência cristã. 6 Esse ato solene de consagração é consumado quando os
membros de um presbitério ou concílio de pastores, convocados pela
igreja, impõe as mãos sobre o vocacionado. 7 O ministro da Palavra deve
dedicar-se totalmente à obra para a qual foi chamado, dependendo em
tudo do próprio Deus. 8 O pregador do evangelho deve viver do evange-
lho. 9 Às igrejas cabe a responsabilidade de cuidar e sustentar adequada-
mente e dignamente seus pastores.10
23
ao serviço, o pastor trabalha muito mais do que oito horas por dia,
atendendo os membros do corpo de Cristo e da comunidade.
O ministério pastoral pode ser de tempo parcial ou integral (dedica-
ção exclusiva). O ministério de tempo parcial é para o pastor que pos-
sui um emprego, se dedicando à igreja nas horas vagas. Já o ministério
pastoral de tempo integral, o pastor não divide o seu tempo com um
emprego. Ambas as formas de ministério têm as suas vantagens. No
ministério de tempo parcial o pastor não é totalmente dependente do
sustento29 ministerial, porém, no ministério de tempo integral se tem
mais tempo para servir a Deus, por intermédio das pessoas.
Independente do ministério pastoral ser de tempo parcial ou inte-
gral, o pastor se dedica ao ministério e a igreja busca honrar o pastor,
reconhecendo que o mesmo foi chamado por Deus, e escolhido para
conduzir aquele rebanho/igreja.
O ministério pastoral é árduo, mas recompensador. Acompanhar
toda a vida espiritual de um filho de Deus desde o nascimento é um
privilégio. O pastor acompanha tanto os momentos bons como os
momentos ruins, estando sempre pronto para trazer uma palavra Bí-
blica de consolo, fortalecimento e até mesmo de repreensão quando
necessário.
A Bíblia apresenta três cartas pastorais, duas foram escritas para o
jovem pastor Timóteo e uma para o pastor Tito. Essas cartas trazem
importantes esclarecimentos para toda igreja, em especial sobre o
ministério pastoral.
Em I Timóteo, Paulo escreve para o pastor que estava Éfeso com o
objetivo de orientá-lo sobre toda a liderança ministerial, pastores, diá-
conos, dentre outros. A ênfase nessa carta está no cuidado que a igreja
/ pastor deveriam ter para com os falsos mestres e as falsas doutrinas.
O sustento pastoral não é chamado de salário, pois, o pastor não tem vínculo
29
24
Em II Timóteo, o apóstolo Paulo encoraja o mesmo pastor ao qual
dirigiu a primeira epístola a permanecer firme na doutrina cristã e se
manter apaixonado por Cristo. Essas duas características são neces-
sárias para o ministério pastoral hoje, onde os desvios doutrinários
são diversos. Além disso, o ministério foi transformado por muitos em
profissão, o que perverte o seu caráter bíblico e sua natureza intrinse-
camente vocacional.
Na carta a Tito, que pastoreava a igreja em Creta, Paulo procura
ensiná-lo e estimulá-lo a investir na formação de liderança, tema
também recorrente nas outras duas epístolas pastorais. A ênfase em
liderança e ministério é nítida nessa carta, como pode-se ler no co-
mentário de Valtair Miranda:
1.1 Despenseiro
O despenseiro é a figura do Novo Testamento que apresenta a ne-
cessidade de o pastor conhecer a Bíblia, guardá-la e protegê-la das
intepretações erradas, isto é, as heresias. Essa figura salienta o cará-
ter pedagógico da função pastoral. O despenseiro é uma metáfora da
30
MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da teologia bíblica. São Paulo: Mundo Cristão,
2011, p. 105.
31
STOTT, John. O Perfil do pregador. São Paulo: Vida Nova, 2008, p.9.
25
vida doméstica, ele não é o dono da dispensa, mas cuida da mesma,
e serve aqueles que precisam do alimento espiritual. O dono da dis-
pensa, o Senhor Deus já providenciou toda a alimentação necessária.
São sessenta e seis32 tipos de alimentos, com porções intermináveis.
Sendo assim, o despenseiro recebe de Deus o alimento, guarda e
de acordo com a necessidade, vai alimentando as ovelhas. O minis-
tério pastoral tem a função de alimentar os cristãos, os membros da
igreja com alimento sólido33, a Palavra de Deus.
32
O alimento da dispensa é a Bíblia que contém 66 livros, compostos de 39 no An-
tigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Toda a Bíblia é a Palavra de Deus, dessa
forma, todos os livros são alimento necessário para o crescimento sadio do cristão.
33
Hebreus 5.13,14.
34
STOTT, John. 2008, p. 16,17.
35
Três são as disciplinas na igreja, formativa, corretiva e cirúrgica. Elas são aplica-
das quase sempre nessa ordem. A formativa tem como objetivo formar o cristão,
ela ocorre através das mensagens de púlpito, palestras, EBD, PGM, enfim através
do ensino da Bíblia. A Corretiva se dar através da repreensão bíblica em particular,
uma conversar para pontuar algum comportamento que não condiz com um cristão
e afastamento de algum cargo e ministério durante um período. E a cirúrgica, quan-
26
portância para a igreja e seus membros, sem ela, os membros ficam
desnutridos, fracos e sem conhecimento da verdade. Quanto mais o
membro guardar e praticar a Palavra de Deus, melhor êxito ele terá
nessa vida. Sendo assim, o despenseiro cuida do manual e o ensina,
a fim de que todos possam viver bem nesse mundo, conhecendo e
aplicando na vida diária as verdades bíblicas que moldam o cristão, o
seu caráter e a sua prática.
Devido a todos os argumentos descritos sobre o despenseiro, o
pastor tem grande responsabilidade no cuidado da Palavra, no ma-
nuseio do alimento e nas refeições espirituais servidas à igreja. Para
isso, o pastor deve ter íntimo relacionamento com Deus, relação cul-
tivada diariamente pela oração fervorosa e de leitura bíblica atenta e
aprofundada.
A vida de oração é muito importante para o pastor, se ele não ora,
não tem relacionamento com Deus, logo, fala daquilo que ele não
vive. O pastor também ora pelas ovelhas que Deus colocou aos seus
cuidados, pedindo a ajuda do Pai para pastoreio de suas ovelhas.
O pastor deve se esmerar no estudo da Bíblia. Para entregar o ali-
mento da dispensa se faz necessário prepará-la. Estudar para prepa-
rar um sermão, para responder aos questionamentos dos membros,
para preparar um estudo, uma palestra, estudar a Bíblia para que as
respostas sejam de Deus e não segunda a vontade humana. Além dos
pastores, os membros também são despenseiros:
27
desperdiçar os bens que seu mestre lhe confiou. Ele deve administrar sua
distribuição aos membros da família.36
1.2 Arauto
O arauto é a figura bíblica que anuncia as boas novas. É uma metá-
fora política. O arauto anuncia à todas às pessoas, em todos os luga-
res, com toque de advertência da trombeta, uma determinada men-
sagem. O arauto é um representante de uma figura política de grande
importância, como um imperador da antiga Roma. Sua figura possui
um caráter também de antecipação. Ele é aquele que é enviado a fren-
te de seu líder. Possui autoridade representativa e é portador de uma
mensagem, autorizada por aquele que o envia. O ministério pastoral,
assim como o arauto, deve anunciar uma mensagem, o Evangelho e
a volta de Cristo. O pastor prega a palavra de Deus e tem como centro
da sua pregação a Palavra escrita na Bíblia e a Palavra encarnada, Je-
sus o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade.
28
O pastor não somente é despenseiro da Palavra de Deus ele tam-
bém é quem anuncia a mesma. Sobre isso, John Stott fez importantes
esclarecimentos:
29
vra de Deus. Sendo assim, o papel do pastor é também o de analisar
a realidade e anunciar as respostas bíblicas para as perguntas atuais.
Para isso, é necessário que o pastor conheça profundamente a Bíblia
e a estude sempre. Ao mesmo tempo, deve acompanhar as mudanças
na sociedade e na sua comunidade, para que o conteúdo extraído da
Bíblia, seja mais facilmente aplicado na realidade onde está inserido.
1.3 Testemunha
O pastor também é uma testemunha daquilo que Deus fez e faz na
sua vida. Por isso, a necessidade de o pastor pregar aquilo que vive.
Quando o pastor não dá exemplo para a sua comunidade de fé, perde
a sua autoridade, além de anular sua própria credibilidade com os
domésticos da fé.
A vida do pastor serve como um exemplo para os membros da sua
igreja, eles acreditam que ele conheça a Palavra de Deus, se alimenta
espiritualmente todos os dias através da oração e da leitura da Bíblia.
Dessa forma, o ministério pastoral se torna relevante e verdadeiro.
Relevante no sentido de que os membros podem ver no seu testemu-
nho o agir de Deus de forma sobrenatural e verdadeiro, pelo fato do
testemunho e vivência daquilo que prega.
Ser testemunha de Jesus Cristo deve ser uma realidade presente
na vida do pastor. A testemunha é uma metáfora jurídica. Sobre isso,
John Stott nos lembra:
30
povo e, em nome do rei, faz uma urgente proclamação de boas notícias.
Mas ‘testemunha’ é uma metáfora jurídica: leva-nos ao tribunal. Vemos o
juiz e também o prisioneiro sendo julgado. Podemos ouvir como o caso
se desenvolve, e como a promotoria e o advogado de defesa fazem os
seus pronunciamentos, sempre chamando as testemunhas para con-
substanciá-los.38
1.4 Pai
O pastor é como um pai para a igreja, pois cuida de cada membro
do corpo de Cristo. A função dele é de alimentar, ensinar e proteger.
Essa função do ministério pastoral é melhor entendida quando se as-
socia o amor do pai para com os seus filhos, assim como o amor de
31
Deus Pai para com as outras Divinas Pessoas da Trindade e a criação,
como diz John Stott:
I Tessalonicenses 5.17
40
32
Outra forma do pastor cuidar da igreja, como pai, é através da dis-
ciplina corretiva. Por meio de conversas pessoais, o pastor procura
com amor e biblicamente corrigir comportamentos errados do mem-
bro. A condução é para que o membro se assemelhe a cada dia mais
com Jesus Cristo, funcionando também como uma busca constante
dos discípulos com o seu mestre.
O pastor é um tipo de pai que por meio da sua chamada/vocação
procura cuidar dos filhos de Deus como se fossem seus. Por isso, o
pastor deve se lembrar todos os dias da sua grande responsabilidade
diante de Deus e diante dos homens.
1.5 Servo
O ministério pastoral também é voltado para o serviço. A figura do
pastor bíblico é a de alguém que cuida das ovelhas. Logo, ele cuida
servindo a Deus que é o dono das ovelhas.
O serviço do pastor é um trabalho árduo, devendo estar disponível
24h para toda necessidade da igreja. O pastor é amigo, conselheiro e
pregador.
Como amigo, ele está presente nos momentos mais felizes, como
no batismo noivado, casamento, nascimento do filho, aniversário e
outras datas especiais. Mas, também se faz presente nos dias difíceis
como doenças, cirurgias e morte. Em um mesmo dia o pastor pode
servir a Deus, servindo às pessoas tanto em uma celebração de festa,
como em um acontecimento muito triste.
Como conselheiro o pastor participa do curso de noivos41, aconse-
lhamento pré-nupcial, decisões importantes e até mesmo em caso de
dificuldades no casamento ele é procurado. O pastor é um conselheiro
não segundo as suas experiencias, ele procura orientar sempre segun-
do a Bíblia. O pastor foca nos princípios bíblicos que fornecem as luzes
Se a igreja não tiver algum ministério responsável.
41
33
para a resolução dos problemas vividos pelas ovelhas. Em muitos ca-
sos, esse suporte dado pelo pastor também é adicionado às famílias
dos membros e às pessoas da comunidade local onde a Igreja está in-
serida. Quanto mais a função pastoral se explana para a localidade, a
maior a relevância e mais possibilidades da pregação do Evangelho.
Devido a disponibilidade do pastor de estar presente em todos os
momentos, ele também precisa separar um tempo para cuidar dele
mesmo e de sua família. Nos dias de hoje, infelizmente é muito co-
mum alguns pastores doentes emocionalmente, ou fisicamente, por
falta do auto cuidado. São tantas horas preocupado em servir o pró-
ximo que não tem tempo paro o seu próprio cuidado. Sendo assim,
faz-se necessário que o pastor separe um tempo diário para a ativi-
dade física, para o descanso e para cuidar da sua família que é a sua
primeira responsabilidade diante de Deus42. Fundamental também é
o tempo dedicado ao lazer, todo pastor precisa de alguma espécie de
distração e divertimento.
Dessa forma, o pastor deve servir a igreja buscando a excelência
em tudo o que faz, servindo como se fizesse a Deus e não aos ho-
mens. Essa busca por excelência não se limita a cursos, pós gradu-
ações, mestrado e doutorado, também é conquista paulatinamente
por meio do cultivo da vida com Deus (relacionamento íntimo) e com
os homens, dando bom testemunho.
O pastor precisa separar tempo para a sua família, a colocando
como prioridade em sua vida. A igreja precisa entender que o pastor
investirá tempo em seu lar. Dessa forma, o pastor precisar ter tempo
de qualidade com os da sua casa para que tenha uma família sadia e
seja um exemplo. Como diz 1 Timóteo 5, 8: “Se alguém não tem cui-
dado dos seus, especialmente os de sua casa, negou a fé e é pior que
um descrente”
34
2. MINISTÉRIO DIACONAL
Os oficiais da Igreja Batista são os pastores e os diáconos. Os di-
áconos foram instituídos em Atos 6, 1-6. Segundo essa perícope43, a
função dos diáconos é a de ajudar os pastores no cuidado dos mem-
bros da igreja. Observe que enquanto os apóstolos se consagrariam
à oração e ao ministério da palavra44, os diáconos serviriam às mesas
das viúvas. Dessa forma, se entende que a função dos diáconos é de
servir aos membros ajudando o pastor para que ele possa se dedicar
a oração e a pregação da palavra. Todas as funções da e na Igreja são
exercidas estruturalmente em equilíbrio. A instituição dos diáconos
demonstra essa preocupação do Senhor Jesus. Os diáconos são a re-
presentação do equilíbrio funcional da Igreja, por isso, precisam ser
discípulos de Jesus equilibrados e sujeitos à Deus.
Algumas das características apresentadas no texto citado de Atos fo-
ram instituídas como necessárias para a eleição dos diáconos, são elas:
boa reputação, cheios do Espírito e cheios de sabedoria e cheios de fé.
A boa reputação mostra como o diácono é visto e deve ser pelos de
fora da igreja. É interessante a preocupação com o bom testemunho
para a sociedade. Isso é dever de todos os cristãos. A igreja sempre se
preocupou em não escandalizar as pessoas para que isso não fosse
motivo de resistência ao evangelho. O diácono deveria ser bem visto
pelos vizinhos, pela comunidade e pelos membros da igreja.
Outra característica que o diaconato precisa é ser cheio do Espírito
Santo, estar na plenitude do Espírito. Dessa forma o diácono demonstra
que possui as nove qualidades do fruto do Espírito descritas por Paulo
em Gálatas 5.22-23 que são necessárias para que ele seja um exemplo
para a igreja e a sociedade, são elas: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Atos 6.4.
44
35
A terceira característica apresentada na instituição do diácono é
que o mesmo deve ser cheio de Sabedoria. Sabemos que a sabedoria
vem de Deus, e que só a recebemos se tivermos em relacionamento
íntimo com Deus. Assim, fica claro que quem está em relacionamento
íntimo com Deus, possui tanto o fruto do Espírito como a sabedoria.
Dessa forma, os diáconos precisam ter uma vida de oração, de devo-
ção e de estudo da Palavra de Deus.
Interessante que Estevão aparece em Atos 6.5 com mais uma qua-
lidade, homem cheio de fé. Qualidade necessária a todo cristão, pois
sem fé é impossível agradar à Deus. Os diáconos precisam crer no Se-
nhor Jesus e viver crendo que o Senhor tem controle sobre todas as
coisas e tudo ficará bem.
Como é possível também observar no nascimento do diaconato,
encontra-se a função de servir a mesa das viúvas gentias, mas tal
obrigação isso não significa que é a única função dos diáconos. Os
diáconos sempre procuram ajudar o pastor no cuidado das ovelhas.
Sendo assim, os eles devem sempre procurar servir na necessidade
que houver, sempre com a orientação do pastor.
Tradicionalmente vemos os diáconos servindo a Ceia do Senhor,
uma das duas ordenanças instituídos por Jesus. Lembrando que a
outra ordenança é o Batismo. Na Ceia os diáconos preparam a mesa e
os elementos. Durante a celebração da Ceia os diáconos entregam os
elementos pão e vinho aos membros que participaram do memorial.
Esse ato é o símbolo do seu serviço, uma realidade que deve fazer
parte do mais íntimo da essência do seu ministério e vida cristã.
É válido ressaltar que no Brasil as igrejas consagram mulheres ao
diaconato. As diaconisas devem possuir as mesmas características
apresentadas para os diáconos do sexo masculino. As irmãs diaconi-
sas têm se mostrado necessárias na cultura brasileira no que tange os
cuidados com as outras irmãs da igreja, enquanto os diáconos acom-
panham e procuram orientar os homens.
36
Nesse capítulo são apresentadas as linhas gerias das três formas
que o ministério ordenado diaconal é organizado para servir a igreja
batista no Brasil, são elas: corpo diaconal, igreja diaconal e ministério
diaconal. Vejamos as diferenças.
37
nato o cuidado com o pastor e a sua família. Sempre buscando formas
de suprir as necessidades pastorais para que o ministro da palavra so-
mente se preocupe com as questões do Reino de Deus e das funções
que lhe cabem, já apresentadas no capítulo anterior.
38
mo exacerbado, ou até mesmo uma busca cega e mal fundamentada
por inovação, apesar da autonomia da comunidade local, o equilíbrio
deve sempre ser um dos seus objetivos.
2.3 Ministério Diaconal
No ministério diaconal, os diáconos são escolhidos para ficarem
temporariamente servindo. Isto é, o ministério diaconal normalmen-
te serve por dois ou três anos. Durante esses períodos os diáconos
são responsáveis por atividades como servir a ceia, introdução nos
cultos, limpeza do patrimônio, discipulado etc.
Nesse formato, os diáconos costumam ser mais jovens. Como
ocorre a renovação do ministério diaconal de tempos em tempos, é
sempre colocada como prerrogativa a disposição do membro para
servir. É válido ressaltar que biblicamente não se encontra ministério
bíblico na forma apresentada, parece que o diácono instituído não
tinha um tempo de validade ministerial.
O ministério diaconal deve possuir sempre homens e mulheres fi-
éis que querem servir com toda a energia, sabendo que o seu traba-
lho não é vão no Senhor, assim como as outras formas. Porém nesse,
terá tempo de validade.
Algumas críticas são feitas a esse modelo. Muitas vezes, os diáco-
nos não precisam ser cristãos maduros, até porque o foco está no ser-
viço e não em uma vida cristã experiente. Também há críticas ao tem-
po de validade do diaconato por não existir uma sólida base bíblica.
Assim, entende-se que os diáconos são oficiais da igreja, instituí-
dos em Atos 6, com alguns requisitos próprios apresentados na carta
pastoral de I Timóteo.
Em I Timóteo 3.8-13 vemos algumas características necessárias
aos diáconos:
39
Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitá-
veis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de
sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência lim-
pa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mos-
trarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto
a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes,
temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e
governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem
bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita
intrepidez na fé em Cristo Jesus.
40
3. MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
O ministério de Educação Cristã é o responsável pela formação do
cristão. Todo ensino da igreja passa pela educação cristã.
A declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira apresen-
ta em seu decimo quarto artigo a amplitude da educação cristã, aqui
chamada de educação religiosa45:
41
nitária que busca desenvolver os indicadores do Deus Triuno na igre-
ja. Para que a Igreja reflita a imagem perfeita da Trindade, exalando
amor, comunhão e a plenitude da missão. Também é muito utilizado
os pilares fé, esperança e amor como fundamentos da Educação Cris-
tã.
A Educação Cristã procura desenvolver atividades homogêneas,
onde é nítido o crescimento numérico e atividades heterogêneas
onde se vê o desenvolvimento de comunhão entre as faixas etárias
e gêneros.
A educação cristã trabalha lado a lado com o pastor, o púlpito faz
parte da formação do discípulo de Cristo. A educação cristã englo-
ba qualquer atividade relacionada ao ensino na Igreja. Não existe o
elemento mais importante, apesar de muitas vezes, na atualidade, a
pregação de púlpito ser componente mais valorizado. Esse fato de-
monstra uma certa deficiência na educação cristã de uma igreja local.
Tudo o que é ensino na igreja é essencial para uma educação cristã de
qualidade, à maneira como a Bíblia conclama.
A disciplina na igreja é muito importante para o desenvolvimento
do Cristão, logo, a presença do pastor no desenvolvimento da Edu-
cação Cristã é fundamental. Existem igrejas que possuem a figura do
educador religiosos, exercida por uma pessoa formada em educação
religiosa ou alguma área similar. Tem sido comum, essa responsabi-
lidade ser confiada a algum pastor. Mas, mesmo sendo dessa forma,
a pedagogia cristã deve andar passo a passo com o pastor presidente
da igreja, para que haja sintonia total no que é pregado no púlpito e
no planejamento de determinado período de formação para a Igreja.
A disciplina formativa por meio do ensino ocorre através das pre-
gações, palestras, aulas etc. A disciplina corretiva é efetivada através
de encontros com o membro que está sendo tratado em alguma área.
Essa se dá por etapas e graus, geralmente aplicada pelo pastor res-
ponsável pela igreja ou por exemplo, pelo pastor de jovens, em se
42
tratando de algum jovem. Primeiro, o cristão deve ser ensinado, exor-
tado e aconselhado. Dependendo da gravidade ou situação em ques-
tão, a disciplina cirúrgica é necessária. Essa consiste no afastamento
do membro, em decorrência do seu comportamento não estar alinha-
do com o que se espera de um cristão. Caso não haja arrependimento
e não aceitação das disciplinas anteriores. Esse recurso deve ser evi-
tado ao máximo, por isso os patamares crescentes na disciplina. Mui-
tas vezes, quando um membro é excluído, o impacto na comunidade
local e na localidade pode ser negativo, tendo em vista que a pessoa
que não se arrependeu tende a defender-se e acusar a igreja e sua
liderança. Quando necessária, essa disciplina deve ser exercida com
muita sabedoria e com a direção do senhor.
3.1. EBD
Por ser uma das áreas de maior evidência e destaque da educação
cristã, esse capítulo dedicará atenção especial à EBD. Como foi salien-
tado acerca da pregação pastoral, a EBD também não é o elemento
mais importante, mas um dos fundamentos principais da educação
cristã. É um modelo antigo e consensual, ainda muito utilizado pelas
igrejas batistas. Porém como é possível observar, algumas igrejas lo-
cais, não só batistas, têm negligenciado esse modelo de ensino aben-
çoador. Uma EBD de excelência é um resultado de um trabalho árduo
da igreja. Fruto do investimento financeiro, intelectual e espiritual de
determinados membros vocacionados para tanto.
Quando é afirmado ela que é fruto de um investimento financeiro,
tem-se em vista que para uma boa EBD é necessário, muitas vezes,
dependendo do número de membros da igreja, de um espaço am-
plo, com variedade de salas, para que todas as faixas etárias possam
ser contempladas. Graças aos estudos pedagógicos, as igrejas já pos-
suem a noção inata de que cada idade deve possuir um perfil peda-
gógico específico, pois as demandas são diferentes. Isso demanda
43
um investimento financeiro grande, prioridade da igreja. Também é
um alto investimento intelectual, pois para preparar membros capa-
citados para lecionar com qualidade, muitas vezes é necessário que a
igreja envie os professores vocacionados para um curso preparatório.
Isso demanda, além de dinheiro, tempo para a formação, visto que
um curso de qualidade não é feito em período curto. Além disso, es-
tudar a Bíblia é uma tarefa humanamente infinita. Demanda energia
espiritual, como se tem afirmado nesse livro, não basta saber sobre,
é necessário viver, encarnar o que se sabe na teoria, muitos professo-
res, pastores e líderes possuem essa deficiência.
A Escola Bíblica Dominical ou Escola Bíblica Discipuladora (EBD) é
o espaço que visa ao ensino bíblico dos membros da igreja. Toda edu-
cação cristã é para que os membros se tornem parecidos com Jesus
Cristo. Para isso, da mesma forma que Jesus conhecia e vivia o Antigo
Testamento, os membros da igreja precisam conhecer e viver toda a
Bíblia. Toda a educação cristã é baseada na Bíblia, porém, na EBD as
Sagradas Escrituras devem ser ensinadas de maneira mais aprofun-
dada.
A EBD na maioria das vezes é dividida por faixas etárias, possuindo
diversas classes como: Crianças (pode ser dividida de dois em dois
anos), Adolescentes, Jovens e Adultos e Terceira Idade. Algumas igre-
jas dividem por gênero como: Homens e mulheres. Outras igrejas
preferem se organizar por temas, como: Classe de primeiros passos,
de Antigo Testamento, Novo Testamento, homilética, hermenêutica
entre outros. Outras igrejas, preferem mesclar essas e outras formas
para atender a necessidade da igreja local.
A EBD não se resume apenas ao ensino dos membros. Ensino feito
pelos professores e dirigidos a todos os discípulos de Jesus que con-
gregam e são membros da comunidade local. A EBD evoca a noção de
planejamento. Planejamento temático e por períodos. Em decorrên-
cia do número alto de membros em determinadas Igrejas, essa tarefa
44
é pesada e conclama a uma pessoa que seja responsável por ela. Para
que haja excelência no programa de ensino.
É necessário investimento em material didático de apoio de qua-
lidade para os membros. A denominação batista oferece uma vasta
gama de variedade em material de apoio para o ensino. Prova disso
é a Revista Palavra e Vida. Até mesmo, investimento em literatura te-
ológica específica para os professores e líderes. Sabe-se que um bom
ensino da Bíblia é feito quando o expositor está bem introduzido na
mentalidade contemporânea, pois além de saber o aspecto históri-
co do texto, ele precisa traduzir o significado para as demandas dos
cristãos de seu tempo. Por isso, a importância da hermenêutica e da
exegese. Além disso, todas as disciplinas teológicas são de funda-
mental importância para os educadores. Nem todos os cristãos preci-
sam saber teologia em nível básico, mas precisam saber o suficiente
para que tenham autonomia de leitura devocional para o seu dia a
dia. O professor, munido de uma boa teologia, é capaz de presentear
os seus alunos com isso.
Bons professores servem de exemplo no amor à palavra e ao es-
tudo. Isso é capaz de contagiar os alunos e fazer despertar na igreja
novos vocacionados ao ensino.
Quando o pastor é um verdadeiro servo de Deus, ele desperta o
amor nos vocacionados ao ministério pastoral. Isso faz com que sur-
jam seminaristas nas igrejas. O acompanhamento pastoral a esses
que irão ser os futuros pastores também é parte da educação cristã,
pois o pastor precisa estar atento à formação que suas ovelhas rece-
bem nos seminários. Precisam estar atualizados no currículo teológi-
co do seminário, acompanhar o curso, saber o andamento e estimular
ao aprofundamento. Além disso, observar o desempenho que esses
demonstram ao ensinar e pregar, sendo capaz de colaborar com con-
selhos visando ao aperfeiçoamento dos seminaristas.
45
3.2. Educação cristã: seus desafios com a juventude. Novas
propostas
Antes de abordar essa questão, é preciso antes de tudo esclarecer
alguns detalhes que são de suma importância para a compreensão da
ideia central que permeia os novos desafios da educação cristã e seus
entraves para com a juventude.
46
cumprido o seu papel de formar os cristãos para serem realmente re-
conhecidos como cristãos em meio a massa social. Por isso a falta de
relevância e impacto.
“Mas irmãos, na igreja as coisas não têm sido diferentes. Nós também
convivemos com estruturas precárias de ensino, não se priorizando a
educação, não se oferecendo melhores condições para lecionar. Eu fico
aqui temendo que, no fundo, os nosso líderes [...] preferindo um povo
sem instrução para ser melhor dominado.” (JUNIOR: 1995, p.10)
47
Justamente por isso são necessárias novas propostas, visto que as
coisas precisam ser modificadas, fazendo surgir um novo modelo de
educação que realmente seja eficaz e gere os resultados esperados.
Como deixamos bem claro com citações acima e com o que foi dito,
tanto os modelos educacionais seculares e eclesiásticos, não tem
cumprido o seu papel, frente aos seus objetivos traçados48.
Então urge a necessidade de renovação, isso é algo que pode ser
verificado a olho nu. Porém um outro esclarecimento se faz questio-
nar. O porquê de relacionar esse desafio a juventude cristã de nosso
país. Por inúmeros motivos, mas serão descritos apenas os que consi-
deramos de maior importância para o presente.
É possível enxergar no seio das igrejas, inúmeros jovens que de-
sanimam, se afastam e muitos não retornam. Este fato ocorre por
inúmeros motivos. Mas um fator que influencia muito é a educação
deficitária. Muitos jovens ao ingressarem na vida adulta, no mercado
de trabalho e no ensino superior são extremamente confrontados em
seus valores cristãos. Muitos por terem sido mal-educados nas suas
comunidades não conseguem resistir aos ataques, confrontos e nem
mesmo dialogar, perdendo muitas vezes a fé ao serem confrontados.
Mas se o jovem foi vítima de uma educação ruim, talvez nunca tenha
compreendido o verdadeiro evangelho de Cristo. A pessoa apenas
se converte quando compreende o evangelho em sua essência assim
tendo um real confronto em seu ser e tem uma experiência com Cris-
to. Muitos casos as pessoas não se converteram ao verdadeiro Evan-
gelho de Cristo, ele liberta. O liberto não quer retornar ao cativeiro. “E
conhecereis a verdade e a verdade vos libertara” (JOAO 8: 32). Atesta
o que afirmamos.
48
Possuímos em nossa literatura referente a educação cristã e secular dois livros
produzidos por nossos pesquisadores que são de extrema relevância para o trato
deste problema, os dois trazem na sua essência a mesma ideia, a ideia de reformu-
lar os modelos, pois já estão caducos. São eles: Educação Religiosa Relevante do
Ângelo Gagliardi Junior e A crise dos paradigmas e a educação, Organizadora Zaia
Brandão. Valendo a sua conferência.
48
Então educar os jovens de maneira satisfatória é uma tarefa pers-
picaz e fundamental para a vida da igreja. Quando dizemos jovens
nos referimos a faixa que compreende a adolescência à fase adulta.
Pois é nesta fase que o caráter e a personalidade estão em formação,
nela existe uma maior capacidade de compreensão. Na fase ante-
rior, desde o nascimento até a pré-adolescência o caráter também se
forma, mais o ser não possui a mesma capacidade de maturidade e
compreensão. Isso na maioria dos casos, sempre existindo exceções.
Por isso a mensagem cristã e seu ensino devem ser priorizados nesta
fase, por se tratar de uma fase de definição.
Não apenas para que o jovem não perca a fé, mas para além disso,
fazer diferença e ser capaz de dialogar de forma autenticamente cris-
tã com o mundo a sua volta, em todas as suas esferas. Na família, tra-
balho, escola, faculdade, amigos e onde quer que ele esteja inserido.
Hoje sabemos que o ser humano transita nas mais variadas classes e
grupos. Exigindo do homem atual uma capacidade maior de sociali-
zação.
É a mesma e única salvação que Deus nos oferece em Jesus Cristo, que
tem sido proclamada e vivida pelos cristãos através dos séculos. Contudo
os homens que a professam, e através dela estruturam a sua existência,
acolhem-na sempre a partir da situação concreta em que s encontram.
Está implica uma multiplicidade de dados, desde os mais gerais como
horizonte cultural, organização da sociedade, desafios econômicos, situ-
ação política, liberdade de expressão, valores vigentes, até os mais pes-
soais como classe social, educação familiar, formação escolar, estrutura
psicológica, sexo, passado, atividade profissional, para só citar alguns.
É sempre deste quadro concreto, que a mensagem salvífica é entendida
aceita e traduzida em práticas. Poderíamos demonstrar nossa afirmação
simplesmente percorrendo a história do cristianismo, e apontando no
curso dos séculos e na multiplicidade dos lugares, as diferentes expres-
49
sões e práticas que só enriquecem a compreensão e vivência da salvação
cristã. Alguns já foram realizados nesse sentido. Outros seriam t ambém
de se desejar, para que as intuições e práticas pastorais relativas a sal-
vação da mulher, dos pobres, dos intelectuais, dos jovens e dos velhos,
dos camponeses e dos citadinos, em fim dos diversos grupos sociais, pu-
dessem passar pelo crivo da reflexão teológica, que as fundamentariam
e eventualmente corrigiriam49.
MIRANDA: 1989, p. 9
49
50
pode ser visto na história. Que se repete. E que essa consciência de
que as coisas passam e novas precisam ser trazidas à tona deve ser a
meta. Pois sempre vivemos momentos históricos diferentes que exi-
gem de nós outras respostas.
Acreditamos que um dos principais motivos de haver a necessida-
de de reformular o modelo de educação cristã e seu conteúdo para os
jovens se dá justamente pela configuração do que chamamos de pós
modernidade. Apenas uma breve citação para nos introduzir nessa
questão ampla. Apenas uma noção do que a nossa juventude tem que
encarar e ao mesmo tempo as nossas responsabilidades e desafios.
51
4. MINISTÉRIO DE LOUVOR E ADORAÇÃO
O ministério de louvor e adoração compreende todas as atividades
litúrgicas da igreja, bem como uma vida diária de adoração à Deus.
Limitar o louvor apenas ao momento de culto é um reducionismo.
Mas a Igreja precisa ter sempre em mente que o momento de louvor e
adoração no culto é fundamental para vida da igreja e seus membros
individualmente.
Diversas são as atividades desse ministério, como, preparar e en-
saiar a equipe de louvor, bandas, coros, grupos musicais, quartetos,
trios, duetos e solos. Algumas igrejas, formam uma escola de música
preparando suas crianças, jovens e adultos para servirem com excelên-
cia na área da música. É importante notarmos como o ministério de
música tem a capacidade de integração das faixas etárias e gêneros.
O líder para esse ministério deve ser uma pessoa temente à Deus
principalmente, e possuir duas capacidades básicas, a de orientação
vocal e a de orientação instrumental (essa costuma ser mais desa-
fiadora). O líder também precisa ser um servo de Deus, uma pessoa
cheia do Espírito Santo (Gálatas 6.22-23). O líder desse ministério,
muitas vezes é chamado de ministro de música. Esse cristão precisa
ter uma vida que realmente seja um culto integral a Deus no seu dia a
dia, pois ele é o responsável pela condução do culto na Igreja.
Em decorrência da visibilidade que esse ministério possui na Igre-
ja, os participantes que nele atuam, dirigindo o culto, cantando ou
tocando algum instrumento musical, precisam estar sempre em pos-
tura de vigilância e humildade, pois a tentação de auto glorificação é
sempre presente. A função desses não é mostrar seu talento ou apa-
recer em público, mas conduzir a igreja na adoração, o foco da ado-
ração é Cristo.
Algumas igrejas investem no vocacionado de música enviando-o
para um seminário de música sacra (o que é ideal), outras igrejas en-
52
viam para uma escola de música secular. O importante é que as igrejas
identifiquem os vocacionados e enviem para a formação do obreiro
para melhor servi no reino de Deus através da igreja local e missões.
Muitas Igrejas optam por enviar a um seminário de música sacra da
própria denominação, pois lá os alunos vocacionados aprenderão
os elementos da música e da liturgia diretamente ligados à tradição
denominacional. Uma faculdade ou conservatório de música secular,
apesar de sua profundidade e qualidade, não fornecerão ao ministro
alguns aparatos necessários para a liturgia cristã. O ideal seria que o
ministro após formado e atuante, continue a aprofundar-se no estu-
do da música visando a excelência.
O ministro de louvor e adoração em muitas igrejas fica como res-
ponsável por tudo que envolve o culto, liturgia e homenagens. Algu-
mas igrejas têm incorporado mais itens a esse ministério, mudando
inclusive o nome para ministério de artes. Dessa forma, o teatro e
coreografia (dança) se juntam com o a música formando um único
ministério.
Outra atividade que esse ministério tem promovido são classes de
escola bíblica específica para os seus membros. Na experiência de di-
versas igrejas, o ministério de louvor, muitas vezes, teve dificuldade
de ter os membros participando da escola bíblica pelo motivo de es-
tarem ensaiando para os cultos ou pelo desinteresse deles.
O ministério de louvor e adoração tem a responsabilidade de levar
pessoas a adoração à Deus. Para isso, precisam ser exemplos, dando
bom testemunho, tanto na sede da igreja como na sociedade. Tanto o
ministro de louvor, como os membros do ministério precisam ter vida
com Deus, para que testemunhem o que cantam e ministram.
53
5. MINISTÉRIO DE EVANGELISMO E MISSÕES
O ministério de evangelismo e missões tem como proposito servir
à Deus buscando estratégias para que todos possam conhecer a Cris-
to. A denominação batista sempre foi caracterizada pelo seu dedica-
do empenho em evangelismo e missões em seu país e no mundo. Em
decorrência disso, a denominação criou duas juntas dedicadas a tal
propósito, a Junta de Missões Nacionais e a Junta de Missões Mun-
diais. Essas, são as mais conhecidas. Também existem algumas asso-
ciações estaduais batistas que possuem juntas de missões estaduais,
porém com atuação mais tímida.
A declaração doutrinária da CBB apresenta em seu decimo tercei-
ro artigo importantes considerações para o ministério de evangelis-
mo e missões51 como pode ser ler:
51
Observe os textos bíblicos que os Batistas usam como base para o evangelismo
52
e missões. XIII – Evangelização e Missões Mat. 28:19,20; João. 17:30; At. 1:8; 13:2,3
Mat. 28:18-20; Luc. 24:46-49; João. 17:20; Mat. 28:19; At. 1:8; Rom. 10:13-15
54
nhecerem a Jesus Cristo. O evangelismo consiste em atividades locais
de pregação do evangelho. Missões são as atividades mais complexas
e estruturas, voltadas para o anúncio do evangelho em outras regiões
da cidade, estado, país ou outras nações e culturas. As igrejas Batista
possuem campanhas de missões de estaduais (julho), nacionais (se-
tembro) e mundiais (março) onde todas as igrejas batistas são convi-
dadas a servirem a Deus através da oração, do envio de vocacionados
e do levantamento de recursos. Algumas igrejas, possuem um sistema
diferente de campanha de missões, onde em todos os meses é enfati-
zado a contribuição, a oração e o envio. Os missionários são sustenta-
dos no campo através do sustento das igrejas, seja pela contribuição
mensal através do PAN e pelos valores depositados para as juntas atra-
vés das campanhas. Além disso, as igrejas também contribuem com o
plano cooperativo. Muitas são as atividades que o ministério organiza
durante o mês de missões mundiais em março, estaduais em julho e
nacionais em setembro, como feiras missionárias, lava jato, gincanas
entre outras, além de destinarem as ofertas para esse fim.
Para que o trabalho de evangelismo e missões nas igrejas batistas
possa estar em sintonia com a denominação, o pastor da igreja lo-
cal ou a igreja escolhe um membro que ama esse trabalho. O nome
dado a tal líder é: promotor de missões. Em todas as aberturas de
campanha, ele é enviado ou encarregado de coletar as informações
do período e compartilhar na sua igreja. Geralmente, nos cultos são
dedicados alguns minutos à campanha de missões do mês, o mo-
mento missionário. Algumas igrejas realizam cultos de abertura, en-
cerramento, convidam alguns missionários ou líderes de juntas para
testemunhar os resultados do trabalho feito. Tudo isso é feito visando
estimular a igreja e mostrar a ela o valor de todas as suas formas de
contribuições.
Em primeiro lugar o povo de Deus tem como missão a evangeliza-
ção do mundo, para que conheçam o evangelho, se arrependam dos
55
maus caminhos e aceitem Jesus, como Cristo, Senhor e Salvador de
suas vidas. O papel do evangelismo é reconciliar o homem com Deus.
Essa tarefa é muito árdua, pois a introdução do evangelho em outras
culturas é um desafio imenso. O cristianismo sempre esteve frente a
esse desafio53. Preparar missionários que adentrarão outras culturas
demanda investimentos de todas as espécies. A maior barreira é a lin-
guística. Até que o missionário aprenda o idioma do país ao qual será
enviado, grande tempo se passa. Além disso as juntas e as igrejas en-
volvidas no envio precisam sustentar a família em oração e financei-
ramente para que o servo possa se dedicar inteiramente à pregação
do evangelho àquela cultura. É preciso que ele se adapte e consiga
transmitir a mensagem cristã integramente, descubra, ajudada pelo
Espírito do Senhor, formas de pregar. Isso vale para o missionário na-
cional. Muitas vezes famílias são enviadas para tribos indígenas. Nes-
se contexto ele experimenta algo parecido ao missionário enviado a
outro país. Muitas vezes, a igreja local possui dificuldades de evange-
lizar as tribos urbanas e os grupos culturais do seu contexto mais dire-
to. É necessário que a igreja aprenda constantemente a estar em saí-
da para o mundo sem negociar seus valores e verdades. Mas, também
deve reconhecer que seu linguajar, em algumas situações precisa ser
modificado, para que a Verdade de Deus seja transmitida a todos.
Em segundo, é válido ressaltar a responsabilidade de todo discí-
pulo de Cristo e de todas as igrejas de pregarem com palavras e tes-
temunhos, a fim de que, todos conheçam a Cristo e também se tor-
nem seus discípulos. Com a igreja também fica a responsabilidade
de batizar e ensinar para que o novo convertido cresça em comunhão
com Deus e com as pessoas. Esse discípulo deve tornar-se um novo
canal de evangelização, todo cristão é um evangelista. Mas, algo se-
melhante ocorre nesse ministério, assim como nos outros já apresen-
tados. Deus, em sua soberania, vocaciona com o dom específico para
53
OLSON. Roger. História da Teologia cristã. 2000 anos de controvérsias. São Pau-
lo: Vida, 2005.
56
o evangelismo. Dessa forma, a igreja identifica o chamado para tanto
e o responsabiliza na liderança desse ministério. Atualmente, muitos
pastores têm assumido essa responsabilidade. Isso ocorre, pois a
igreja entende que o preparo que obteve no seminário é uma ferra-
menta forte, pois ele está munido de um estudo mais aprofundado
sobre as questões ligadas a evangelização. Não que outros membros
não formados possam assumir tal responsabilidade, muitas vezes
uma pessoa sem curso exerce um ministério frutífero para Reino de
Deus. Ter o dom é primordial, a preparação é conquistada e requerida
visando uma excelência cada vez maior.
Existem muitas outras ferramentas de evangelismo. No meio batis-
ta o Evangelismo Explosivo foi muito utilizado e estimulado pelas li-
deranças. Sabe-se cada vez mais que evangelizar não é panfletar, mas
manter um relacionamento com o alvo da evangelização. O evange-
lismo por meio da amizade e relacionamento. Esse modelo estimula
a amizade do cristão para com os que ainda não se converteram a
Cristo.
Existem outras atividades evangelística que a igreja pode promo-
ver. Na verdade, tudo que é feito na igreja é com o objetivo de evange-
lizar, por isso, esse ministério deve estar completamente entrelaçado
com os outros. A igreja pode promover cultos ao ar livre, ações sociais
etc.
Conclui-se que o ministério de evangelismo e missões não pode
parar até a volta de Jesus, para que se cumpra um dos sinais necessá-
rios de que todos tenham ouvido falar do Salvador (Marcos 13.9-10).
57
6. MINISTÉRIO DE CASAIS E FAMÍLIAS
O ministério de casais e famílias procura cuidar da base da socie-
dade, a família. A declaração doutrinária apresenta no seu decimo sé-
timo artigo o entendimento doutrinário acerca da família:
54
XVII - Família
A família, criada por Deus para o bem do homem, é a primeira instituição da socie-
dade. Sua base é o casamento monogâmico e duradouro, por toda a vida, só po-
dendo se desfeito pela morte ou pela infidelidade conjugal.1 O propósito imediato
da família é glorificar a Deus e prover a satisfação das necessidades humanas de
comunhão, educação, companheirismo, segurança, preservação da espécie e bem
assim o perfeito ajustamento da pessoa humana em todas as suas dimensões.2 Ca-
ída em virtude do pecado, Deus provê para ela, mediante a fé em Cristo, a benção
da salvação temporal e eterna, e quando salva poderá cumprir seus fins temporais e
promover a glória de Deus.3
1. Gên. 1:7; Jos. 24:15; I Reis. 2:1-3; Mal. 2:1
2. Gên. 1:28; Sal. 127:1-5; Ecl. 4:9-13
3. At. 16:31,34
58
questão tornou-se controversa, o presente livro não tem por objetivo
aprofundar nessa questão, pois demandaria um espaço grande.
Para o melhor funcionamento desse ministério, mesmo tendo a fi-
gura de um pastor quando possível para os dois grupos, é interessan-
te separar atividades para os dois grupos, formando dois ministérios,
para que sejam trabalhados individualmente. Apesar de os casais se-
rem parte fundamental da família, existem questões específicas que
precisam ser trabalhadas apenas com eles. A família engloba todos os
integrantes, inclusive os filhos. Existem programações e ferramentas
desse ministério nas quais os filhos que compõem uma família po-
dem participar, como congressos.
6.1 Casais
O Ministério de casais procura desenvolver atividades que venham
a edificar o casamento. É importante trabalhar os valores bíblicos do
matrimonio para que o casamento seja segundo a vontade de Deus.
O ministério com casais também possuí um aspecto pedagógico, pois
visa ao aperfeiçoamento do casamento, mediante atividades educa-
tivas como cursos e palestras. Em algumas igrejas, os cursos de noi-
vos são responsabilidade do trabalho com casais.
No ministério de casais procura-se desenvolver diversas temáticas
como, união, companheirismo, sexo, lazer e família. Existem palestras
específicas apenas para casais, principalmente aquelas que tratam
de questões sexuais e financeiras.
Uma atividade que se revela muito frutífera são os retiros de ca-
sais. Neles, o casal pode desfrutar de um tempo a sós e com outros
casais. Essa atividade favorece um ambiente descontraído, onde é
possível abordar temas delicados. Além disso, os casais podem trocar
experiências. Os casais mais novos podem aprender com os casais
mais experientes, devido ao tempo de casamento.
59
O casamento é a primeira instituição criada por Deus à sua ima-
gem e semelhança, sendo assim, deve-se parecer com o Deus Triuno.
O líder do ministério precisa ser um exemplo. Tem sido muito comum
nas igrejas entregar a liderança desse ministério nas mãos de um
casal. Essa forma de estruturação pode ser frutífera, mas pode com-
portar alguns problemas, caso o casal não seja escolhido segundo a
vontade de Deus e, além disso, não possua plena sintonia de visão
ministerial.
6.2 Famílias
O ministério com famílias procura desenvolver atividades para
toda a família, focando a comunhão familiar e os papeis de cada com-
ponente da família.
A família passa por muitas dificuldades devido às mudanças que
estão ocorrendo nos tempos atuais, onde o indivíduo é mais impor-
tante que um grupo de pessoas, ou seja, a comunidade, sociedade ou
a família. Sendo assim, os princípios e valores bíblicos são importan-
tes para que as famílias não sofram com os divórcios, que ocasiona a
divisão, e a inversões de valores. Toda separação de um casal afeta
de forma direta nos filhos. Por isso é necessário que as famílias sejam
literalmente blindadas com o que a fé cristã tem a oferecer a primeira
instituição da sociedade.
O ministério com famílias tem o poder de, ajudado pelo Espírito,
contribuir positivamente com a sociedade. Famílias fortificadas e só-
lidas ajudam a sociedade como um todo a ser também fortificada e
solidifica. No Brasil, esse ministério, se bem conduzido e der frutos,
pode ser uma ferramenta poderosa da ação e do cuidado de Deus.
As famílias refletem a imagem e semelhança de Deus como vemos
em Gênesis Assim, da mesma forma que Deus é uma pluralidade de
pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, a família também é formada por
60
duas ou mais pessoas. A Trindade apesar de ser diversificada é tam-
bém uma unidade, assim como a família também forma uma unida-
de, uma única família. Com isso, a família deve aprender com Deus os
princípios de diversidade e de unidade. A família foi criada parecida
com Deus, e mesmo depois da corrupção humana pode voltar cada
vez mais a se parecer com Deus. Na verdade, esse deve ser o principal
objetivo da família cristã.
As famílias precisam saber qual o papel de cada membro para que
sejam respeitadas as diferenças, papeis e funções e, da mesma for-
ma, deve buscar a harmonia. Sem essa qualidade, nenhuma família,
subsiste.
A Igreja deve entender que a família não é apenas uma das princi-
pais bases da sociedade. A família é também uma das principais ba-
ses da Igreja de Cristo. Se uma Igreja possuí família adoecidas e não
tratadas, isso refletirá mais cedo ou mais tarde na espiritualidade e
no desempenho da missão da Igreja.
61
7. MINISTÉRIO DE ORAÇÃO
O ministério de oração sustenta todos os outros ministérios da
igreja através do clamor a Deus. Todo o ministério terreno e a vida
Jesus foram pautados na oração. A oração de Jesus representou sua
entre total ao Pai em comunhão. Não é possível compreender como
os Evangelhos apresentam Jesus sem compreender o papel que a
oração tinha em sua vida. Os evangelistas fizeram questão de regis-
trar esse fato em suas narrações da vida e obra de Cristo55.
55
RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré. Do batismo no Jordão à transfiguração.
São Paulo: Planeta, 2006, p. 14.
56
PFEIFFEX, Charles F., VOS, Howard F., REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio
de Janeiro: CPAD, 2010, p.1419.
62
membro a orar para que ele faça todos os dias em sua casa e onde es-
tiverem. A cultura de oração é de extrema importância para o desen-
volvimento de membros conscientes da sua dependência de Deus.
Jesus em todas as ações principais de seu ministério orou a Deus
a sós no monte Se Jesus que era o Deus encarnado orou, o cristão
que é um pecador humano falho, precisa orar. Esse fato demonstra a
dependência de Deus e uma vida repleta de humildade.
A oração tem o poder de aumentar a comunhão dos membros da
Igreja. Por meio dela, os cristãos podem compartilhar entre si seus
anseios, problemas pessoais e objetivos. A epistola a Tiago ensina tal
verdade57.
7.2 Vigília
Jesus passava, habitualmente a noite inteira no monte em ora-
ção. Isso não quer significar literalmente que o cristão deva fazer o
mesmo. O que importa é a intenção de tal ato. Caso exista uma igreja
que esteja em uma cidade sem monte, onde os cristãos possam orar
durante a noite, ela desobedecerá a Deus. De forma nenhuma, pois o
que importa nessas expressões de oração a Deus é a entrega total, si-
lêncio e isolamento. Isolar-se de tudo, muitas vezes é necessário para
uma oração verdadeira. Orar não é apenas pedir, mas escutar a voz de
Deus. Orar é conversar. Diálogo se fala e escuta. Para escutar a Deus
é necessário estar atento. O monte representa a proximidade com a
altura de Deus tranquilidade e silêncio. As vigílias devem possuir esse
mesmo espírito, essa mesma intenção. Não basta apenas o ato reli-
gioso de passar uma madrugada ou parte dela no santuário.
A vigília ou mini vigília são práticas para o desenvolvimento de
uma cultura de oração. A vigília costuma durar uma noite inteira en-
quanto a mini vigília costuma ser em torno de duas ou três horas.
Tiago 5, 14-16.
57
63
A noite da vigília costuma ser de muita oração, louvores e comu-
nhão. É interessante ser feita sempre em véspera de feriado para que
os membros tenham o dia seguinte para descansar.
Tanto a vigília como a sala de oração têm se mantido eficazes no
desenvolvimento de uma cultura de oração na igreja, onde membros
aprendem a orar sem cessar.58
I Tessalonicenses 5.17.
58
64
8. MINISTÉRIOS POR FAIXA ETÁRIA E GÊNERO
Para iniciar este capítulo, é importante esclarecer o que são os mi-
nistérios por faixa etária e gênero. A igreja que adota esse ministério
não exclui os outros, pois esse, está relacionado às questões especí-
ficas referente às faixas etárias e aos gêneros. Uma pessoa casada ou
solteira, um pastor ou diácono, pode participar ativamente de alguns
deles.
Em primeiro lugar, a faixa etária é fator importante para decisão de
onde o cristão membro será inserido. Essa medida é tomada devido
ao contexto de conteúdo e atividades que serão ensinados e prati-
cados. Uma criança de 0-3 anos, possivelmente não acompanharia
uma atividade de outra entre 4 a 7 anos e assim. Da mesma forma
acontece entre juniores (8-12 anos), adolescentes (12-17 anos), jo-
vens (18-36) anos e adultos (37 anos em diante), até mesmo os idosos
são contemplados nessa divisão ministerial, são inseridos no minis-
tério da terceira idade. Observe o que diz Mendes59 sobre este ponto:
“atende às necessidades psicológicas do aluno. A atenção da criança
é de pouca duração. Já o adulto tem a capacidade de atenção. Cada
atividade precisa ser de acordo com a faixa etária”. Essa divisão, como
já foi afirmado no capítulo sobre o ministério de ensino, é muito uti-
lizada na EBD. Na verdade, muitos ministérios precisam dividir uma
quantidade considerável de suas atividades por faixa etária.
Quando se fala de gênero, existem organizações dentro da deno-
minação batista que tornam possível uma melhor funcionalidade. Já
citados anteriormente, grande exemplo são os Embaixadores do Rei
e as Mensageiras do Rei, divididos por faixa etária e gênero. É impor-
tante classificarmos a palavra gênero antes de continuar. De acordo
com o dicionário significa um:
MENDES, Wohglaides Lobão. EBD: Uma Nova Realidade. Rio de Janeiro: JUERP,
59
2009, p.105.
65
“Conceito que engloba todas as características básicas que possuem um
determinado grupo ou classe de seres ou coisas. Conjunto de seres ou
coisas que têm a mesma origem ou que se encontram ligados pela seme-
lhança de suas principais características (...)”60.
23/10/2020
66
Com a preocupação de ter um ministério que possa alcançar de
forma eficaz e que busque a integração de outras mulheres em di-
ferentes faixas etárias, muitas igrejas batistas têm dando início ao
Ministério de Mulheres, Rede de Mulheres, dentre outros. Estes tor-
nam-se responsáveis pelos cuidados direcionados às mulheres da
igreja em parceria com o pastor presidente que orienta a sua lideran-
ça. Relevante destacar que se torna indispensável uma líder geral –
alguém que tenha liderança desenvolvida – que será a responsável
para formar e capacitar uma liderança forte para que o trabalho possa
ser realizado. É importante informar que essa liderança não é subdivi-
da em cargos como presidente, vice-presidente e semelhantes. Essa
liderança trabalha em unidade. As funções são divididas igualmente,
para que não sobrecarregue uma ou outra. A criação de Ministério de
Mulheres não é apenas um nome e sim o comprometimento de inte-
grar as mulheres com o funcionamento da igreja e da denominação.
Para que isto ocorra é necessário ter um objetivo bem delineado para
que se prossiga de forma ordenada e consistente. Promover eventos
uma ou duas vezes ao ano e não trabalhar unidade, compromisso
com Deus e a igreja, serviços e outros, não corresponde à essência do
que se entende por ministério de mulheres.
Cabe aqui uma explicação melhor da palavra ministério:
PFEIFFEX, Charles F., VOS, Howard F., REA, John. 2010, p.1287.
61
67
8.2 Ministério de Homens
O ministério de homens é desafiador, ele visa ao trabalhado do re-
lacionamento do homem cristão com Deus e com o próximo. Diversos
temas são estudados nesse ministério, como, o sacerdócio do lar, o
suprimento através do suor do trabalho, o cuidado com o seu corpo,
a responsabilidade com a esposa e filhos, entre outros.
O ministério é para o serviço, logo, os homens se reúnem para
evangelismo, lazer, mutirão, entre outras atividades.
Assim como o ministério com mulheres, esse é fundamental.
68
mas é necessário que os mais velhos sejam escutados, tendo em vista
a sua experiência cristã e de vida. Não se trata simplesmente de man-
ter uma liturgia ou um modelo de igreja antigo, mas em conservar a
essência cristã que esses irmãos representam com seus testemunhos
de vida. É comum, em algumas igrejas, os idosos sentirem-se à vonta-
de nas programações e cultos de estilo mais atual. O grande desafio
da igreja local está em conseguir manter o equilíbrio entre os mais
jovens e os mais idosos.
Esse ministério utiliza atividades lúdicas e de lazer em seus encon-
tros e costumam ser marcados com muita alegria.
69
8.5 Ministério de adolescentes
O ministério com adolescentes compreende as idades entre 11 e
17 anos. É um ministério alegre e com muitas atividades. Esse minis-
tério trabalha para conscientizar os adolescentes de quem eles são. É
um ministério muito importante, pois justamente nesse momento de
sua vida, estão formando a sua identidade. Na vida cristã a identida-
de é um elemento fundamental. A faixa etária responsável por uma
grande parcela no êxodo das igrejas está nos adolescentes, por isso,
é necessário que a igreja dedique atenção especial a eles. Durante a
infância, a dependência e a sujeição aos pais são maiores. Na adoles-
cência, a fase das descobertas, escolhas e independência, é comum
que os adolescentes se afastem ou abandonem o evangelho.
Em alguns casos, a culpa desse abandono é da Igreja, que não as-
sumiu a responsabilidade para com esses irmãos frágeis. A culpa não
é apenas das igrejas, mas também do próprio sujeito que exerce a
sua liberdade de escolha. Além disso, a culpa também pode ser da
família, por uma gama vasta de motivos. Mas se a igreja acompanha,
trabalha em prol desses, esse processo ruim tem sua possibilidade de
ocorrer diminuída.
Os adolescentes possuem muito energia e curiosidade, devido a
isso, tem a necessidade de diversas atividades criativas que os levem
os adolescentes a pensar sobre seu papel na família, na igreja e no
mundo. Aqui eles são preparados para quando chegar na faculdade
e no mercado de trabalho não sofram por falta de discernimento do
que é de Deus e o que é do mundo.
A identidade e o fortalecimento na fé deve ser os objetivos prin-
cipais desse ministério. Um adolescente solidificado na fé, com uma
identidade cristã autêntica, é capaz de suportar aos desafios que a
vida lhe trará.
70
8.6 Ministério Infantil
O ministério infantil cuida das crianças entre 0 e 11 anos. São di-
versas as divisões por idade.
O ministério infantil procura desenvolver as capacidades psicomo-
toras, relacionais, de linguagem, memória e espirituais. É o ministério
que visa o desenvolvimento do ser humano como um todo, é a fase
onde mais se aprende e se desenvolve.
Assim como os outros ministérios, esse é de fundamental impor-
tância para a vida da Igreja. Geralmente esse ministério funciona em
momentos específicos. A maior parte de suas atividades é realizada
nos cultos durante a semana e aos domingos. Além disso, a EBD deve
ser uma das atividades principais desse ministério.
Durante os cultos, é comum no momento da pregação, ocorrer a
separação das crianças. Isso é feito pois a igreja entende que a manei-
ra das crianças receberem o conteúdo de uma pregação é diferente
da dos adolescentes em diante. Um equivoco geralmente pode acon-
tecer. Os pais pensarem que as crianças estão indo para que possam
desfrutar de silencio e atenção. Não é esse o motivo. As crianças pre-
cisam de uma didática própria.
O preparo para os que irão atuar no ministério infantil também é
trabalhoso, pois cada divisão de faixa etária interna desse ministério,
exige ferramentas diferentes e pessoas com habilidades diferentes.
Até seis anos de idade a maioria das crianças não sabe ler, por isso, é
necessário que exista ferramentas próprias e eficazes, além de com-
por docente preparado.
Caso uma semente seja plantada errada, além do desperdício, a
futura vida pode ser interrompida. O ministério infantil é como que
um alicerce na vida cristã. Dele depende grande parte da recepção da
mensagem cristã futura.
Após aprender a ler e escrever, as crianças já podem usufruir de li-
71
teratura, porém essa precisa ser escolhida sabiamente. Além disso, os
professores precisam estar preparados para lecionar com material de
apoio específico, pois as crianças não dominam livros e textos como
os adultos já formados. As crianças de hoje tendem a estar mais li-
gadas à meios eletrônicos de comunicação, como smartphones, isso
pode ser explorado positivamente. Mas também é necessário que a
igreja estimule a leitura de livros físicos, pois eles são imprescindí-
veis, apesar da evolução técnica.
O ministério infantil precisa ser como uma propedêutica à leitura
da bíblia. Ensinar fundamentos que possam facilitar a leitura da bí-
blia em fases da vida futura.
A modo de conclusão, pode afirmar que o líder desse ministério
precisa ser uma pessoa altamente capacitada, com uma vocação re-
conhecida explicitamente, além disso, deve trabalhar em sintonia to-
tal com os pais dessas crianças e com a liderança da igreja.
72
Segunda Parte
Modelos Eclesiológicos
A segunda parte desse livro tem o objetivo de mostrar como al-
guns modelos eclesiológicos têm contribuído para o crescimento do
ministério cristão nas igrejas pelo mundo. Mas, antes de apresentar
as linhas gerais de cada modelo, a questão da centralidade da lide-
rança será discutida.
73
9.1 Fundamentos para o desenvolvimento de líderes
Estamos na época propicia para influenciar pessoas e ganhar al-
mas. O pesquisador George Barna, no seu livro, A rã na chaleira, es-
creve:
62
BARNA, George. A Rã na Chaleira: O que as pessoas precisam saber sobre a vida do
início do milênio, ABBA Press, São Paulo – SP, 2000, p.21.
63
COMISKEY, Joel. Multiplicando a Liderança: Preparando Líderes para fazer a Co-
74
No livro Transformando membros em líderes, Dave Earley, mostra
como ajudar os membros de seu grupo pequeno a liderar novos gru-
pos. Aqui fica claro que a preocupação é formar líderes para assumir
os pequenos grupos.
Earley diz que a principal contribuição para o crescimento da Igre-
ja é formação de liderança:
Eu era muito jovem quando implantei uma igreja. Ainda penso que sou
jovem, mas ninguém mais pensa assim. Implantamos a igreja com uma
equipe de jovens casais que tinham empregos de tempo integral na co-
munidade. Depois de um ano de trabalho duro e ver nossa igreja crescer
de 12 para 150 membros, cheguei ao fim das minhas forças. Então uma
ideia começou a se tornar clara para mim. A chave para o futuro dessa
igreja não era o ministério que eu ou mesmo nós como equipe que im-
plantou a igreja poderíamos fazer. A chave para o futuro de nossa igreja
era o ministério que outros, que nós poderíamos treinar, iriam fazer. Des-
cobri que o desenvolvimento de liderança é o fator determinante para o
máximo impacto64.
75
É necessário mencionar que nem todo cristão tem a obrigação
de ser líder. Serão líderes os chamados. Cabe ao cristão ser servo de
Deus. Sobre isso, Benjamin Wong, escreve,
66
WONG, Benjamin. Fazendo toda a diferença: investindo sua vida em outras. Curi-
tiba: MIC, 2010, p. 128.
67
EARLEY, 2010, p. 11.
76
»» Desenvolver: Desenvolva os líderes em potencial.
»» Mobilizar: mobilize-os para a liderança.
77
moldar os métodos corretos e mostrar a outros como usá-los. Ambos são
necessários69.
78
nada o que é, a fim de que ninguém se vanglorie diante dele (1 Coríntios
1.26-29).
Ser ministro de Deus é ser escolhido por ele, é ser sustentado por
ele, é ser guiado por ele. Deus designou alguns para treinarem ou-
tros a fim de formarem outros líderes para ser líderes. Esse modelo é
focado na formação prática e ativa de uma liderança formadora. Um
modelo ousado e avançado. Exige energia e engajamento pleno de
toda a igreja. Todos são parte disso, por isso, o estímulo a permanên-
cia. É comum, em muitas igrejas, os membros não serem estimulados
a tornarem-se líderes, e quando o são acumulam essa tarefa para si,
não possuem a visão de passar a diante a liderança formativa. Assim
vemos em Efésios 4.11,12:
E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os
santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja crucifi-
cado.” (Efésios 4.11,12)
79
pronta, mas são necessários trabalhadores para que ela seja recolhida.
Quando Jesus viu a grande multidão se apinhando ao redor dele, disse a
seus discípulos: ‘Vocês não dizem: Daqui a quatro meses haverá colhei-
ta? Eu lhes digo: abram os olhos e vejam os campos! Eles estão madu-
ros para a colheita’ (Jo 4.35). Jesus deu a ordem de fazer discípulos, não
de juntar multidões. Se a igreja quer fazer a colheita hoje, precisa fazer
discípulos que desejam liderar outros e que desejam influenciar outros
para a causa de Cristo. Eles devem arriscar-se a liderar aqueles que estão
buscando Jesus71.
Todos nós sabemos que as pessoas não se importam com o quanto você
sabe, até que elas saibam o quanto você se importa. Desenvolver e apro-
fundar um relacionamento não é algo tão complicado. Começa simples-
mente quando você se importa com alguém. Importar-se é dar as pesso-
as alimento emocional72.
71
COMINSKEY, 2000, p. 11-12.
72
EARLEY, 2010, p. 54-55.
73
EARLEY, 2010, p. 57.
80
Precisam se sentir aceitos, precisam receber atenção, precisam ser
elogiados. Para que ocorra aprofundamento de relacionamento.
O quinto passo é descrever a visão para os líderes em potencial.
Não é possível obter bons líderes até que eles compreendam a visão
do ministério proposto. Sobre a importância da visão George Barna
escreve:
A maioria das pessoas deseja ser liderada, mas não seguirá voluntaria-
mente alguém que considera não merecer seu apoio. Em essência, as
pessoas irão se recusar a depositar sua confiança e seu futuro nas mãos
de um suposto líder que não possui visão74.
81
É necessário determinar as metas as serem cumpridas. Além disso,
é preciso falar da expectativa que se tem da liderança e do compro-
misso do compromisso que deve ser assumido. É necessário trans-
parência. Como escreve Earley: “Expectativas e compromissos clara-
mente determinados e sobre os quais há acordo dão direção ao líder
em potencial e ao líder mentor.”76.
Isso é importante para que o serviço que está sendo entregue ao
candidato a líder ocorra da melhor forma, Dave Earley, diz:
76
EARLEY, 2010, p. 62.
77
EARLEY, 2010, p. 84.
78
EARLEY, 2010, p. 93.
82
Alguns recursos podem ser usados para o desenvolvimento do
líder como: treinamento prático, mentoreamento pessoal e orienta-
ção, treinamento em sala de aula, grupos de treinamento de lideran-
ça, eventos de treinamento, investir tempo juntos e propor leituras de
livros, gravações e revistas. Como é possível observar os recursos são
muitos, basta ao pastor da igreja e os líderes lançar mão dos investi-
mentos necessários.
Dave Earley descreve quatro passos para o desenvolvimento da
liderança. São eles: sirva de modelo, seja um mentor, seja um motiva-
dor, seja um multiplicador.
Devemos servir de modelo para os líderes em potencial. Ele deve
olhar e enxergar um tipo a ser seguido e imitado. Sobre isso Dave Ear-
ley, escreve:
79
EARLEY, 2010, p. 100.
83
fazer a atividade e permite que o líder em potencial a faça enquanto ob-
serva. Mais adiante, o líder multiplicador dá ao líder em potencial o en-
corajamento necessário e seu proveitoso feedback. Isso pode envolver
exercícios práticos ou role playing. Permita que pratiquem o quebra-gelo
primeiro com você. Deixe os praticar a edificação e discussão bíblica com
você primeiro. Deixem que encenem um telefonema a um membro do
grupo que não esteve presente. Então, deixe que o façam “ao vivo”. Ge-
ralmente, costumo começar delegando aos meus auxiliares o período de
oração. Eu os oriento a pedir à pessoa que está à sua esquerda que com-
partilhe uma necessidade presente, então o líder em potencial deve orar
por aquela necessidade imediatamente. Em seguida, a pessoa seguinte
compartilha uma necessidade, continuando até que todos no grupo te-
nham compartilhando e orado uns pelos outros80.
84
É valido ressaltar que sem líderes multiplicadores a formação de li-
derança estagna e consequentemente o crescimento da Igreja. Sobre
líder multiplicador Dave Earley escreve:
83
COMINSKEY, 2000, p. 21.
85
Nossos líderes estão cansados’, disse-me um pastor. ‘Eles já estão lide-
rando grupos pequenos há algum tempo e querem um descanso. O que
devo dizer a eles?’ Sem esperar minha resposta, ele me testou com suas
próprias respostas: “Talvez eu tenha de deixá-los descansar por algum
tempo; talvez tenha de abrir e fechar os grupos a cada semestre. O que
podemos fazer além disso?”84.
Percebi que a igreja dele estava repleta de atividades e que novos pro-
gramas iriam ser acrescentados em breve ao calendário. Esperando uma
resposta milagrosa, ele participou de meu seminário sobre células, onde
enfoquei a quebra da barreira da liderança. Ensinei para aquelas pessoas
como desenvolver novos trabalhadores e como manter sua atual lideran-
ça saudável. Ele agradeceu-me profundamente depois do seminário, que
havia tocado uma veia vital de sua vida e ministério. Esse pastor, como
milhares antes dele, estava frente a frente com a barreira da liderança.
Igrejas crescem ou minguam segundo a disponibilidade da liderança.
Uma das razões para que a frequência da igreja esteja constantemente
em baixa é a falta de liderança. A menos que você tenha um plano claro
para transformar os frequentadores da igreja em líderes, os altos e baixos
na frequência da igreja continuarão85.
86
Joel Comiskey escreve sobre a falta de tempo no mundo e a difi-
culdade de formar livros por isso:
87
um líder de célula. Enquanto isso, um de nossos líderes de jovens come-
çou a fazer sua célula na casa de Pedro. Nós não víamos Pedro como um
frequentador da nossa igreja. Em vez disso, o vimos como um líder em
potencial para a colheita e até mesmo um futuro líder de líderes87.
Muitas igrejas sabem como formar professores, mas não líderes. Educa-
ção, e não liderança é o controla o calendário. A primeira posição a ser
preenchida por voluntário é a de professor de escola dominical. Quando
as vagas da escola dominical estão preenchidas, o pastor passa a pro-
curar pessoas comprometidas para liderar outros programas da igreja.
Porém, os criativos e com mais energia já estão ocupados. E, uma vez
que existem poucas posições de liderança, aqueles que têm desejo de
liderar sentem-se frustrados. Liderança é mais que ser voluntário para
realizar uma tarefa na igreja. Líderes lideram pessoas. Um líder que não
é seguido por ninguém está apenas fazendo uma caminhada. Um pro-
fessor pode passar informações e um líder de departamento pode dirigir
um programa, mas líderes ministram a outras pessoas e influenciam suas
vidas. Eles estão envolvidos com os detalhes da vida de outras pessoas.
Isso necessita de uma mudança do treinamento de liderança88.
88
rança é que líderes se desenvolvam por si mesmos. Esta barreira é fre-
quentemente imperceptível. ‘Além do mais’, muitos pastores argumen-
tam, ‘eu tenho muitos líderes em minha igreja’. Quando você olhar mais
de perto, frequentemente descobrirá líderes que se formaram por conta
própria fora da igreja. As palavras ‘educação geral’ caracterizam o treina-
mento em muitas igrejas. O objetivo usual é preparar uma pessoa para
viver a vida cristã e não para liderar um grupo de pessoas. De maneira
alguma estou criticando a educação geral. Meu amor pelo aprendizado
me levou a concluir meu Ph.D. O aprendizado ao longo da vida é, de fato,
uma característica de liderança altamente valorizada. As igrejas, no en-
tanto, estão apenas em posição de ajudar a exercitar os músculos das
pessoas que aprendem a vida toda a transferir o conhecimento da cabe-
ça para os pés. Líderes eficientes descem das majestosas torres e traba-
lham nas trincheiras, onde a batalha pelas almas é ganha ou perdida89.
89
de uma vasta variedade de recursos. Felizmente, algumas pessoas têm
conseguido achar o caminho para dentro do meu casulo, ajudando a me
mentorear. Eu fui especialmente privilegiado por ter trabalhado sob a li-
derança do pastor Henry Alexander, um pastor-mentor. Ele colocou-me
debaixo de suas asas e dividiu anos de experiência comigo. Enquanto eu
olhava para o Henry no seu funeral, eu agradecia a Deus os recursos que
ele derramou em minha vida. Falei para a multidão que estava na igreja
naquela manhã:“ O pastor Henry foi um pai espiritual para mim”. Mais do
que qualquer outra coisa, ele estava disponível para mim90.
90
ideia do sacerdócio universal do crente. A bíblia afirma: “Vós, porém,
sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (I Pedro 2.9) A mudan-
ça de paradigma é importante para a formação de liderança. Entre os
paradigmas estão alguns fatores que iremos destacar abaixo.
91
tas da célula inteira. Assim, todos verão de que maneira você capacita as
pessoas, e poderão seguir o seu exemplo ao servirem de discipuladores.
Ainda que o conteúdo daquilo que você fizer com o auxiliar seja diferente
daquilo que eles farão no seu discipulado, o seu exemplo terá um impac-
to muito grande93.
NEIGHBOUR, 2011, p. 49
93
92
nhecer um pouco da sua vida. Jesus foi criado pelo seu pai (adotivo)
José e foi gerado no ventre da sua mãe Maria. Procurava está sempre
em contexto de comunidade como assim escreve William A. Beckhan.
Paulus, 2007.
95
BECKHAN, William A. A segunda reforma. Curitiba: MIC, 2007, p. 157.
96
ROOPS, Henri Daniel. A vida diária nos tempos de Jesus. São Paulo: Vida Nova,
2008, p. 120.
93
seu ministério mentoreando e formando vários líderes. Sobre a sua
história Ed René Kivitz escreve,
94
não era um novo conceito de céu, mas uma nova presença do céu. Jesus
mostrou ao seu povo escolhido 33 anos de céu. Pois o céu está onde Deus
está. Deus define o céu, não é o céu que define Deus98.
Jesus foi capaz de modelar uma cosmovisão bíblica porque ele é Deus
e, assim, conhece e corporifica a verdade e a justiça. No entanto, o fato
de Jesus ser humano, enquanto esteve fisicamente na terra, sugere que
ele também devia trabalhar para manter uma visão divina de tudo com o
que se deparava. Seu processo não foi acidental nem oculto: sua exorta-
ção aos discípulos foi: ‘Aprendei de mim’. O que podemos aprender com
sua forma de tomar decisões? A narrativa da vida de Jesus transmite a
ideia de que havia quatro elementos que, juntos, facilitavam sua cosmo-
visão. Primeiro Jesus tinha um fundamento claro, confiável e acessível.
Segundo o Mestre mantinha o foco direcionado exclusivamente para a
vontade de Deus. Terceiro, ele avaliava todas as informações e experi-
ências através de um filtro que produzia escolhas apropriadas. Quarto
Jesus agia pela fé99.
98
KREFT, Peter. Jesus, o maior filósofo que já existiu. Rio de Janeiro: Thomas Nel-
son, 2007, p. 27.
99
BARNA, George. Pense como Jesus. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 27.
95
lidade, do seu espírito de servir, de sua confiança no ensino, do seu co-
nhecimento das Escrituras e da humanidade, do domínio dos métodos
e processos de ensino, concluímos que Ele foi o melhor mestre, o mais
qualificado que o mundo já conheceu. Ele foi de fato ‘o mestre dos mes-
tres’, ou ‘o Mestre Magistral’, como caracterizou Horne. Ou, como bem
disse J.L. Corzine: ‘Jesus é mais do que o Mestre Mor. Ele é o Mestre In-
comparável100. (Price, pag. 27)
PRICE, John Milburn. A pedagogia de Jesus. O mestre por excelência. Rio de Ja-
100
96
estar ele entre os companheiros de viagem, foram caminho de um dia
e, não passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos; e, não
o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias de-
pois, o acharam no templo assentado no meio dos doutores, ouvindo-os
e interrogando-os. E todos os que ouviam muito se admiravam da sua
inteligência e das suas respostas (Lucas 2.39-47).
Podemos observar que Jesus passou pelos dois estágios o Beit Se-
fer e o Beit Talmud como lemos no versículo supra citado. Jesus en-
tão foi discípulo, cresceu aprendendo, ouvindo, caminhando junto.
Isso contribuiu para a formação de sua identidade como líder como
podemos ver no seu ministério chamando os discípulos para estarem
aprendendo com ele. Joel Comiskey sobre isso escreve,
Os princípios que Jesus usou para treinar seus discípulos aplicam-se di-
retamente ao treinamento de liderança dos nossos dias. Jesus pegou um
grupo de homens comuns e impopulares e os transformou em líderes
97
altamente motivados. Precisamos fazer o mesmo e seguir seu exemplo
no treinamento de liderança102.
Jesus demonstrou verdades vitais. Ele ensinou como orar até a re-
solução de questões mais complexas como, perdoar o inimigo, por
exemplo. Ensinou todo o antigo testamento embasado pela sua expe-
riência como discípulo formado nas etapas Beit Sefer e o Beit Talmud.
Sobre isso Joel Comiskey escreve,
98
discípulos e os instruía depois da experiência. Ele tirou vantagem das si-
tuações reais da vida para explicar cuidadosamente complexas questões
doutrinárias (por exemplo, a questão do jovem rico em Mateus 19.23)104.
99
ponsabilidade e não delegar tarefas aos outros. Isso demonstra falta
de confiança nos subordinados. Mesmo sabendo das limitações hu-
manas, do pecado e das imperfeições, Jesus confiou o prosseguimen-
to de sua obra à humanidade que se converteria. Joel Comiskey nos
fala sobre a estratégia de Jesus. Assim, ele escreve,
100
para deixar tudo para seguirem Jesus (Lc 5.11), e este foi o ingrediente
chave que Jesus requisitou. O que caracteriza a eficiência dos líderes de
hoje é a obediência107.
107
COMINSKEY, 2000, p. 83.
108
NEIGHBOUR, 2011, p. 232.
109
WARREN, 2011, p. 83.
101
obedientes ao seu imperativo de ir e fazer discípulos como está no
texto de Mateus 28.18-20, abaixo:
9.5 Conclusão
Diversos fatores contribuem para o crescimento da Igreja. A pes-
quisa de Christian A. Schwarz nos mostra as marcar que a Igreja pre-
cisa se fortalecer estruturalmente para que ocorra o seu desenvolvi-
mento natural e, consequentemente, o seu crescimento qualitativo e
quantitativo seja uma realidade explicita. Existem áreas que são fun-
damentais, são elas: liderança capacitadora, ministérios orientados
pelos dons, espiritualidade contagiante, estruturas funcionais, culto
inspirador, grupos familiares, evangelização orientada para as neces-
sidades e relacionamentos marcados pelo amor fraternal. Ao analisar
102
as marcas o Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja che-
gou à conclusão que a marca mais importante para o crescimento da
Igreja era a multiplicação dos “grupos familiares ou células”110.
Após este capítulo, se chega à conclusão de que, para ter vida e
reproduzir, um grupo precisa de uma liderança capacitada e capaci-
tadora. Um líder que prepare outros líderes para que possam multi-
plicar os grupos familiares. Joel Comiskey apresenta a formação de
liderança como o pilar central para os “grupos familiares”.
Com isso concluímos que todas as marcas necessárias para o cres-
cimento da Igreja podem ser desenvolvidas em um grupo de líderes
que irão transmiti-las aos liderados, que transmitirão a outros e assim
sucessivamente. Construindo na igreja os valores necessários para o
crescimento qualitativo e quantitativo.
Formar líderes multiplicadores dentro da visão da igreja é o fator
primário para o crescimento da igreja.
103
10. IGREJAS EM CÉLULAS
O que é exatamente uma igreja em células? Na terminologia do dia
a dia, é simplesmente uma igreja que colocou seus grupos pequenos,
como uma extensão do departamento ou do ministério de evangelis-
mo. As células não são mais um programa da igreja, a célula é o cora-
ção da igreja. Joel Comiskey em seu livro: “Crescimento Explosivo da
Igreja em células” cita Lawrence Khong, pastor da igreja Comunidade
da Fé em Cingapura que diz:
Há uma grande diferença entre uma igreja com células e uma igreja em
células... Nós não fazemos nada fora da célula. Tudo aquilo que a igreja
precisa fazer: treinamento, preparo, discipulado, evangelismo, oração,
adoração, é feito por meio da célula. Nosso culto dominical, é apenas
uma celebração coletiva111;
111
COMINSKEY, 197, p.17
112
Esta ideia pode ser vista no livro: HENDERSON, Michael D. Um modelo para fazer
discípulos: A reunião de classe de John Wesley.
113
COMINSKEY, 1997 , p.17.
104
edifiquem uns aos outros como membros do Corpo de Cristo, e para
anunciar o evangelho àqueles que ainda não conhecem Jesus. Co-
miskey também diz que: “O objetivo final da célula é multiplicar-se à
medida que cresce a célula, através do evangelismo, dessa maneira
as pessoas são acrescentadas ao povo de Deus”114.
Células não devem ser confundidas com grupos de estudos bí-
blicos ou grupos de oração, pois estes grupos, geralmente, não têm
como objetivo o evangelismo, são grupos fechados e que não cres-
cem.
Mas por que usar esse nome, célula? Para uma melhor compreen-
são veja esta definição:
105
Palavra de Deus aborda a expressão “coro”, entendemos que é uma com-
paração ao corpo humano, essa comparação é muito mais do que um
simples exemplo, pois a Palavra de Deus sempre tem algo mais a nos
dizer do que apenas o significado das palavras, um exemplo na Bíblia
sempre tem um sentido maior do que muitos entendem. Nós percebe-
mos que quando a Bíblia compara a Igreja do Senhor ao corpo humano,
ela está dizendo que o corpo deve ser observado de maneira profunda
para compreendermos melhor o funcionamento e vida da Igreja na face
da terra. O corpo é o melhor exemplo para explicar a Igreja, um corpo é
formado por células, cada sistema do corpo humano (sistema nervoso,
sistema ósseo...), assim também deve ser a Igreja, se ela quer atingir o
propósito do Senhor precisa entender qual é a sua essência e forma de
expressão na terra115.
106
»» A consolidação é a ponte entre a decisão e o discipulado.
Com isso fica claro, que a célula é muito mais do que um peque-
no grupo que se reúne para ler a Bíblia e orar, a célula é a própria
Igreja, pois tudo funciona através dela, nada compete com ela. Temos
aprendido que se você quer saber se sua Igreja, é uma Igreja em célu-
las, é só ver o orçamento e o calendário desta Igreja, então você sabe-
rá, que em uma Igreja em célula o foco do orçamento é o treinamento
de novos líderes, e o foco do calendário são as células e os programas
de treinamento. Esta é uma Igreja genuinamente celular.
107
muito profundo. Limitam-se a falar de suas respectivas famílias, e a
dar testemunho de sua experiência pessoal, entre outro. Nessas pri-
meiras reuniões, à medida que o grupo vai se desenvolvendo, tudo
é “divertimento”. Durante esse estágio da célula dá-se mais ênfase a
comunhão e descontração, isto é, o período dos refrigerantes e salga-
dinhos e descontração. À medida que os membros da célula passam
a se conhecerem melhor, essa fase inicial deve ser reduzida a uns 15
minutos no máximo.
A segunda fase que as células atravessam, é a que chamamos de a
fase do “amor”. Em uma célula humana, depois que os cromossomos
estão emparelhados, eles se concentram ao longo de um eixo vertical
imaginário, ficando bem próximos uns dos outros. Em vez de circu-
lar livremente pelo citoplasma, eles se agrupam ordenadamente. Em
uma célula espiritual, o senso de “novidade” que havia no início di-
minuiu um pouco e os membros começam a entrar em certo “confli-
to”. Só teremos noção exata da dimensão do nosso amor por alguém
depois de aprofundarmos nosso relacionamento com esse alguém.
O grupo enfrenta uma certa crise de identidade e os participantes se
veem obrigados a responder sinceramente a pergunta: Por que faço
parte desse grupo”.
Nesse terceiro período, o grupo se torna mais forte e disposto a
alcançar o objetivo de multiplicar-se. As pessoas começam a definir a
sua participação, seus objetivos e suas expectativas. Podem ocorrer
algumas desavenças, mas havendo um diálogo aberto a respeito da
participação e dos objetivos de cada um é possível resolver cada ima
delas, como se dá em uma família. O s membros passam a assumir
responsabilidade definidas para que a reunião se desenrole de ma-
neira apropriada. Em uma célula humana, os cromossomos, que se
encontram em posição vertical, ficam quase na horizontal. Agora se
encontram na condição em que estarão quando a célula se dividir.
Cada participante do deve desenvolver um senso de responsabilida-
108
de individual, sendo capaz de dizer sinceramente: Esse é o grupo ao
qual pertenço. “Para que obtenhamos sucesso eu preciso fazer a mi-
nha parte”. Agora os membros têm tarefas especificas. Uns lideram o
louvor, outros são responsáveis pela hospitalidade. E há ainda outros
que demonstram mais interesse em interceder pelo grupo. Contudo,
todos têm seu papel.
Em seguida, temos esse maravilhoso estágio que é “liderar”. Numa
célula humana, nessa etapa, os dois extremos começam a se distender
horizontalmente, um para a esquerda e outro para a direita, esse mo-
vimento faz com que a célula acabe se dividindo em duas. Finalmente,
após três ou quatro meses de aprendizado, amor e definição da parti-
cipação de cada um, a célula alcança seu período mais produtivo. Os
membros agora se amam mais e confiam uns nos outros, isso os esti-
mulam a convidar seus parentes e amigos para vir e experimentar esse
sentimento de comunidade que prevalece no grupo. Embora o cresci-
mento já tenha, teoricamente, se iniciado nos três primeiros meses,
ele se torna mais evidente quando o enfoque da reunião é evangelis-
mo. Então os membros organizam eventos evangelísticos, churrascos
e projetos de apoio à comunidade obtendo interessantes resultados.
Durante o quarto e quinto mês o grupo cresce gradualmente. Nas reu-
niões em que elaboramos as estratégias para o evangelismo, damos
mais ênfase à oração, intercessão e ao planejamento. O grupo sente
que está chegando a hora de se multiplicar ao perceber que os alvos se
tornam planos concretos e estes, por sua vez, são postos em prática.
Durante o quarto estágio, um dos participantes do grupo ou “Ti-
móteo”, como o chamamos em nossa Igreja, está se preparando para
cuidar da nova célula a ser formada. Essa pessoa já deve ter dirigi-
do, no mínimo, quatro reuniões. Além disso precisa ter uma família
bem estruturada, ter anseio de ver nascer um novo grupo e ter feito
o curso de treinamento de líderes. A ideia de liderar uma célula, que
antes poderia intimidar os participantes do grupo, agora constitui
109
uma excelente oportunidade de trabalho. À medida que se aproxima
a hora da célula se multiplicar, alguns membros já começam a se reu-
nir separadamente com o novo líder, em outro cômodo da casa, para
o estudo bíblico. Esse encontro preliminar faz com que o grupo expe-
rimente, ainda dentro do grupo mãe, a dinâmica das futuras reuniões
com uma célula distinta.
A experiência da multiplicação da célula pode ser em si muito in-
teressante e prazerosa. Muitos grupos oficializam a criação do novo
grupo com uma celebração, a “festa da multiplicação”. Desse evento,
participam o Pastor de área, outros membros
Da Igreja que não são membros de nenhuma célula e até mesmo
não crentes. É preciso muito cuidado na multiplicação, pois a criação
de um novo grupo pode gerar problemas. Isso ocorre quando algu-
mas pessoas desenvolvem relacionamentos mais chegados durante
este ciclo de seis meses. Portanto, para não romper essas amizades,
os líderes precisam estudar bem todo o projeto com antecedência.
Este capítulo deixa claro que o fato de muitas Igrejas estarem com
ministérios de pequenos grupos, grupos familiares, grupos de estudo
bíblico e entre outros, não quer dizer que estas Igrejas estejam em
células. Se qualquer Igreja respeitar todos os estágios do desenvolvi-
mento da célula, certamente terá êxito em sua empreitada. Uma Igre-
ja em células é muito diferente de uma Igreja que tem células, numa
Igreja em célula, a Igreja é a célula.
110
é uma mensagem de urgência. Deus chama a sua Igreja para ganhar
almas para Cristo, e parece que a Igreja não se incomoda com as pa-
lavras do Apóstolo Paulo; ele está dizendo: “E como poderão ouvir se
não há quem pregue?”. Nós estamos em plena guerra contra o maligno
pela salvação das almas, e parece, que a luta está sendo travada so-
mente por alguns. A Igreja é chamada para lutar com todas as forças.
Cremos que cada célula é uma arma poderosa de guerra, porque ela
é “leve” e “ágil” na batalha, como diz Robert Lay. 118 “A célula, devido
o seu proposito maior, que é a multiplicação, cada crente tem como
missão ganhar almas para Cristo. Um dos maiores conceitos da Igreja
em células é: Cada casa, uma Igreja, cada membro um ministro.”.
Como filhos da reforma, acreditamos que cada crente é um minis-
tro, mas não quer dizer que vivamos isto. Acreditamos também que
isto se deva a relutância de que os Pastores liderem seu povo, (por
que não dizer os leigos) para se tornarem ministros de fato e não me-
ramente membros de Igreja, “aliais não encontrei na Bíblia nenhuma
chamada para sermos membros de Igreja” que pagam a alguns para
fazerem o trabalho”. Verifique nas palavras de Joel Comiskey, o que
eu quero dizer:
Paulo escreve em Efésios 4:11-12 que Deus deu dons a liderança da Igreja
com o propósito de treinar os leigos para fazerem o serviço cristão. “O
alvo da liderança, portanto é, preparar o povo de Deus para o serviço
cristão, a fim de construir o corpo de Cristo” Apocalipse 1:6 João faz ecoar
essa verdade quando diz que Cristo fez de nós um reino de sacerdotes.119
118
LAY, Roberto, faculdade Maria Tereza, Niterói. Congresso – transicionando Igre-
jas em Células. Ano 2002
119
COMINSKEY, 1997, p. 54.
111
deração, que os membros que antigamente, eram passivos, se torna-
ram ativos, e passaram a desempenhar verdadeiramente o seu papel
no corpo de Cristo. Cho ao ser perguntado, a respeito da baixa adesão
do modelo celular nos Estados Unidos em comparação com a Coréia,
ele foi categórico ao afirmar, como apresenta Comiskey.
Muitos nos Estados Unidos questionam, por que a Igreja em células, não
proliferou nos EUA como na Coréia? Larry Kreider, fundados da Comu-
nidade Cristã DOVE fez a David Cho a mesma pergunta. Cho não hesitou:
“O problema aqui na América é que os Pastores, não estão liberando
o povo leigo para ministrar”. Cho está se referindo a relutância da lide-
rança pastoral nos EUA em delegar autoridade aos líderes de célula e
auxiliares120.
Essa maneira de ver o assunto, no entanto contém dois erros fatais. Pri-
meira falha, reconhecer que o melhor aprendizado, é captado na práti-
ca, não ensinando o aprendizado da liderança, por isso líderes em po-
tencial não podem ser “aperfeiçoado” antes de serem enviados para o
ministério. Os líderes recebem experiência vital quando cometem erros,
refletem sobre eles e fazem correções no meio do trajeto. A célula é de
fato, o laboratório perfeito. A segunda falha refere-se à ação do Espírito
Santo [...] Paulo, durante o primeiro século fundou Igrejas em todas as
partes do Mediterrâneo e deixou-as nas mãos de cristãos relativamente
novos. Ele confiou no Espírito Santo, que agiria por meio desses jovens
líderes121;
112
Pode-se observar, que a liderança é fundamental no modelo celu-
lar, então como fazer esses líderes? Como prepará-los? A Igreja Luz
para os Povos nos monstra como isso se dá.
É impressionante, como fica óbvio que a missão de ganhar as na-
ções, não foi dada somente para um grupo de pessoas preparadas
em escolas teológicas, essas escolas deveriam estar formando líderes
que deveriam formar outros líderes. Observemos a afirmação de Co-
miskey.
113
um grande paradigma á ser quebrado, o trabalho seria bem mais leve
para o pastor titular. Queremos comentar cinco características que
um pastor leigo deve ter segundo a pesquisa feita por Comiskey. (De-
ve-se lembrar de que quando falamos de pastores leigos, falamos de
líderes de células).
Cuidar das ovelhas (At 20. 28-29). Sabemos que o pastor, deve
proteger suas ovelhas dos “lobos” que querem arrebatá-las, mas
também sabemos que esta tarefa fica impossível de ser realizada,
tendo em vista toda demanda do ministério pastoral. Uma Igreja rela-
tivamente pequena fica mais fácil, porem em uma Igreja que está em
franco crescimento, ou que já é grande, é impossível.
Conhecer as ovelhas. Este é um dos grandes benefícios que se tem
em trabalhar com pastores leigos, eles ficam mais próximos das pes-
soas da célula proporcionando intimidade. Conhecer as pessoas pelo
nome significa sobretudo conhecê-las na intimidade, tarefa que fica di-
fícil para alguém fazer sozinho e sem um estreito relacionamento.
Alimentar as ovelhas. (Sl 23. 1-3). Na Igreja tradicional, a tarefa
de alimentar o rebanho é somente do pastor, mas na Igreja em célula
esta tarefa é do pastor e de todos os líderes de células diariamente.
Na reunião da célula o líder fica sabendo exatamente como está cada
uma de suas ovelhas. A ideia de alimentar o rebanho somente uma
vez por semana, através do sermão, não existe na Igreja em células.
Proteger as ovelhas. (Jo. 10.10, Ef. 6.12). Como um pastor, conse-
gue proteger suas ovelhas do “ladrão de ovelhas” sem nenhuma aju-
da? Cremos que chegou a hora de treinarmos os leigos (os pastores
leigos) para a Igreja cumprir seu papel, tanto para com os perdidos
como para com os crentes.
114
evangelismo. Notamos com muito pesar que às vezes, uma Igreja
empreende muito esforço em construção, aquisições de proprieda-
de, programas de “entretenimento” para os membros, mas, não se
vê um esforço maior para o evangelismo, para ganhar almas. A obra
de evangelização é urgente na agenda de Deus, e para isso se faz ne-
cessário à participação maciça de todo o povo de Deus. Não se pode
ver em todo o Novo Testamento, maior exortação do que essa. “Ide e
pregai o evangelho a toda criatura”122A evangelização além, de ser ur-
gente, exige uma coisa chamada “movimento”. Como podemos fazer
essa obra somente pregando?.Faz-se necessário, “movimento e pre-
gação”. A Igreja Primitiva sabia fazer muito bem isso, ela no primeiro
século foi uma Igreja de “mochila nas costas” por onde passavam, as
boas novas eram anunciadas. Notamos que a Igreja era sobretudo
uma Igreja que se relacionava com toda a comunidade onde vivia, ela
caia na graça do povo. O que notamos hoje, é uma Igreja estática, uma
Igreja que não se move, fica esperando os perdidos entrarem por suas
portas, como se fossem consumidores à procura de alguma merca-
doria necessária. O efeito Constantino pode ser observado até hoje,
Igrejas que antes estavam nas casas e nas comunidades de base, hoje
estão, como “depósito de pessoas” em (templos).
Muitos gostam de pensar na Igreja em células, como se ela fosse
“odres novos” isto é, uma Igreja com uma estrutura nova, que suporta
o “vinho novo”, ou seja, novos paradigmas. A obra de evangelização
na Igreja em célula faz um caminho de volta ao passado, até o primei-
ro século. A Igreja Primitiva continua sendo, até hoje uma Igreja de
odres novos. Stockstill, pastor de uma das maiores Igrejas em células
dos Estados Unidos, faz uma observação muito interessante sobre
esse assunto; Ele diz que:
BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. 2. ed. São
122
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Edição revista e atualiza no Brasil. Marcos
16.15.
115
Se fizermos uma pesquisa nas células sobre a forma de conversão dos
membros, veremos que 75% deles se decidiram por Jesus não em culto,
mas em consequência De terem desenvolvido uma amizade com outro
cristão. A pergunta a se fazer, então, é por que estamos empregando a
maior parte do tempo em eventos evangelísticos quando as conversões
acontecem mais com resultado de um contato individual? A essência do
evangelismo na célula está contida na resposta a essa pergunta.123
116
recionamos nossa estratégia evangelística básica para os pequenos
grupos, visando alcançar, com isso, toda a cidade”.
Stockstill, fala de direcionar estratégias para os pequenos grupos,
isto, quer dizer que agora a obra de evangelização é feita pela célula,
não mais por alguns.
Quando saímos do lugar comum, nós nos expomos e as pessoas
buscam em nós crentes uma solução para os seus problemas.
O evangelismo na célula tem todo um gerenciamento, não é feito
de qualquer maneira, veja o que a Igreja Paz em Cristo desenvolve
com os membros da célula, sobre o gerenciamento do evangelismo e
como funciona:
“Gerenciando o evangelismo na célula:
a) Promovendo o “CONTATO” com os perdidos, elaborando eventos
onde se possa fazer novas amizades, procurando entrosar os visitantes
no Grupo e na igreja, “quebrando” o gelo da distância, da desconfiança
que um perdido pode ter em relação aos crentes.
b) Fazendo Novas Amizades. Lembre-se do curso de evangelismo, as
pessoas precisam nos conhecer, confiar em nós para nos relacionarmos
realmente. Podemos trabalhar por novas amizades tomando o cuidado
com o testemunho que precisamos sempre dar. Ao circular pelos lares
não percam a oportunidade de fazer amizades com os visitantes ali pre-
sentes.
c) Criando encontros específicos de evangelismo. O grupo pode subdivi-
dir em equipes de estudos bíblicos fazendo os 4 passos da salvação em
lares específicos, onde a presença de perdidos é maior. Pode oferecer
aos vizinhos, aos familiares não crentes do grupo, aos visitantes etc. No
futuro teremos um curso especial para evangelizar pessoas mais resis-
tentes.
d) Preparando as pessoas para o culto da colheita. Algumas vezes ao ano
teremos o “Culto da “Colheita” onde apresentaremos os novos decididos
117
dos PGs e apelaremos aqueles que tem sido atingido pelo trabalho evan-
gelizador dos irmãos.
e) Batalhando pelas almas. (Lembre-se do curso de evangelismo).
f) Criando cartões/painéis/quadros de orações. Onde serão colocados os
nomes dos perdidos que o grupo está batalhando semanalmente visan-
do a salvação deles.
g) “Cadeira Vazia”. É um símbolo visual mostrando que há alguém a ser
alcançado. Participando de campanhas pela Igreja.
h) Nunca deixando de ter a visão da multiplicação. Tal alvo deve ser “per-
seguido” com a convicção de que estamos realizando a vontade de Deus.
ITm2:4 Ele quer que todos sejam salvos e venham a conhecer a verdade.
118
Aprenda a admitir os seus erros na presença do grupo e de des-
culpar-se sinceramente quando as coisas saem erradas ou não acon-
tecem como você esperava. Admitir o fracasso no meio do sucesso é
a chave para a boa liderança. Aprenda a ser aberto e honesto diante
dos outros.
Precisamos aprender a ouvir. Somos treinados a ouvir para res-
ponder e não para compreender. Quando a pessoa está falando já
estamos elaborando uma resposta. Isso pode afetar a participação
das pessoas se perceberem que não estão sendo ouvidas (compre-
endidas).
Evitar criticar quando alguém compartilha coisas pessoais, in-
timas. Outros podem ficar inibidos quando há uma reação crítica a
uma confissão. Logicamente que não concordamos com o pecado,
mas precisamos trabalhar os erros de modo positivo, ajudando as
pessoas. Abaixo listamos ideias d como evangelizar em grupo:
Evangelizar e o discipulado baseado no modelo de Jesus, promo-
vendo a participação de todos, promove um crescimento quantita-
tivo na evangelização. Que o sentido de urgência para evangelizar,
inunde os nossos corações.
119
11. PEQUENO GRUPO MULTIPLICADOR (PGM)
O pequeno grupo multiplicador é a estratégia utilizada pela Junta
de Missões Nacionais para as igrejas Batistas multiplicarem discípu-
los e igrejas.
120
as casas e até grutas, se tornaram o local de encontro da igreja. Até o
século IV a igreja se reuniu às escondidas, quando ocorreu a “conver-
são” de Constantino e posterior proclamação do cristianismo como
a religião do estado. Dessa forma, cessam as perseguições e ocorre
a institucionalização do cristianismo, a volta ao templo, consequen-
temente, o abandono dos encontros nas casas. A reunião no templo
não é compreendida como uma perversão, a questão está na perda
do espírito que a igreja tinha anteriormente. A valorização do elemen-
to casa quer trazer de volta ao cristianismo atual os elementos positi-
vos que foram esquecidos.
O esforço com os pequenos grupos multiplicadores é de viver o
cristianismo primitivo, onde a igreja se reunia para uma grande cele-
bração no templo e desenvolviam o relacionamento entre os irmãos
nas casas.
A igreja nas casas é uma estratégia bíblica e contribui muito para
o crescimento numérico e qualitativo da igreja. Muitas pesquisas têm
sido feitas sobre crescimento numérico e sobre comunhão na igreja
e têm apontado as igrejas nos lares como fator importante para esse
desenvolvimento.
A igreja que se organiza em PGMs tem a oportunidade de experi-
mentar laços de relacionamentos profundos entre os membros o que
desenvolve a comunhão dentro da igreja.
Cinco são os princípios bíblicos para o crescimento, são eles: ora-
ção, evangelização discipuladora, plantação de igrejas, formação de
líderes multiplicadores e compaixão e graça. Procuraremos desenvol-
ver cada um.
11.1 Oração
O primeiro princípio para o êxito do pequeno grupo multiplicador
é a oração. Na verdade, a oração é o primeiro princípio do cristão que
121
busca crescimento espiritual e consequentemente maturidade cristã.
O tema da oração já foi abordado no capítulo sobre o ministério da
oração. Nessa parte apenas será abordado o papel dela no PGM. Os
alimentos espirituais são a leitura e meditação da Palavra e a oração.
O cristão alimentado fica cheio, pleno do Espírito.
I Tessalonicenses 5.17.
129
122
cristãos do primeiro século. É notório como naturalmente eles evan-
gelizavam, pregavam com a vida e com palavras.
Jesus Cristo com toda a sua autoridade, ordena aos seus discípu-
los que vão e façam discípulos, batizando e ensinando tudo o que
tinha aprendido com ele. Dessa forma, o evangelismo discipulador
sempre esteve presente entre os seguidores de Cristo que posterior-
mente foram chamados de cristãos. O modelo PGM busca desenvol-
ver isso nos cristãos de maneira mais natural e informal, semelhante
ao evangelismo explosivo. Por meio dos relacionamentos, nas casas,
locais de intimidade pessoal. Só se convida para sua casa, alguém de
confiança ou quem você quer bem, ser convidado para uma casa é
uma experiência ótima. O convidado sente-se valorizado e amado.
Tudo isso precisa fluir naturalmente na igreja.
130
BRANDÃO, Fernando. 2014, p.22.
131
Mateus 28.18-20.
123
11.3 Plantação de Igrejas
A plantação de Igrejas é um dos pilares dos PGMs e um dos seus
objetivos. Crescer em qualidade e número não é o suficiente. O cres-
cimento deve visar a expansão por meio de novas comunidades. O
crescimento é natural. Se em alguma localidade o número de PGMs
cresce a ponto de não mais ser possível administrá-los em sua igreja
de origem, a implantação de uma nova igreja se faz necessária. Essa
implantação é efetuada de acordo com a tradição batista. Estuda-se
o lugar, o ponto de pregação é estrategicamente implantado, após,
devido ao sucesso da missão inicial cria-se uma congregação que ao
ganhar autonomia torna-se uma igreja.
124
resgatar esse carisma batista. O crescimento numérico de uma igreja,
não deve ser sinônimo de acúmulo de membros em uma igreja, para
que ela seja considerada uma grande igreja de sucesso. O sucesso de
uma igreja está em expandir-se pelos arredores, impactando todo o
bairro e cidade com o amor ensinado por Jesus sem e evangelho.
125
líderes para o andamento da obra. Isso só será possível se houver na
estrutura o fundamento constante da formação de líderes. De novos
líderes formados, surgem pastores vocacionados, músicos, educado-
res, evangelistas etc. Liderança cristã não é status de sucesso, mas
sinônimo de que Deus levanta pessoas para que possam continuar o
que outras iniciaram.
Ideal é que o líder do PGM seja o chefe da casa onde o trabalho
é realizado. Pode acontecer de um grupo multiplicador ser realizado
na igreja fora de alguma casa de membro, sendo assim, o líder desse
grupo deve ser um cristão maduro, um líder formado e experimenta-
do, assim como todos os outros devem ser.
126
Os cristãos procuram dar testemunho de Cristo na terra e o Peque-
no Grupo Multiplicador é uma estratégia que permite que os mem-
bros que o compõem possam exercer compaixão e graça. Essa com-
paixão e graça pode ser exercida por meio do serviço à comunidade.
Diversas são as maneiras de servir, cabe ao PGM discernir a maneira
adequada para a situação em questão.
127
12. ORGANIZAÇÕES E DEPARTAMENTOS
Existe uma diferença entre organizações e departamentos. As or-
ganizações são denominacionais. Os Embaixadores do Rei é uma
organização que possui uma liderança denominacional, apesar de
possuir uma liderança local da igreja. Mas existem atividades que
são realizadas por distrito. Cada embaixada instalada em uma igreja
possui certa autonomia, mas deve interagir estruturalmente com as
outras embaixadas de sua região. Isso estimula a identidade denomi-
nacional e o intercâmbio entre as igrejas batistas. Muitas vezes as or-
ganizações podem ser uma ferramenta de estímulo a união da deno-
minação. Em decorrência da autonomia de decisões administrativas
da comunidade local, se não houver o equilíbrio e a correta compre-
ensão desse princípio, cada igreja local tende a isolar-se da demais.
Isso é ruim para a denominação como um todo. Outro exemplo de
organização, porém comporta diversas denominações é o Ministério
Desperta Débora.
Os departamentos já foram inicialmente abordados na primeira
parte desse livro. OS departamentos são os ministérios específicos
que compõem toda a igreja. Exemplo: departamento infantil, é onde
o ministério infantil é exercido. Departamento de ensino, onde o mi-
nistério de ensino é efetuado. Assim com quase todos os ministérios
e departamentos. Alguns como o ministério pastoral e de louvor na
maioria das vezes não possuem departamento.
128
13. REDE MINISTERIAL
A rede ministerial foi idealiza pelo pastor Bill Habels afim de inserir
cada membro no seu devido lugar para servir a Deus. Sendo assim,
todas as atividades da igreja são organizadas e promovidas pelos
membros voluntários.
13.3. O Tripé
A rede ministerial organiza os seus membros através de três pila-
res, são eles, dom, perfil e paixão. O dom é levantado através do in-
129
ventario de dons, alguns chamam de molde de servo. O dom é uma
capacidade dada por Deus através do Espírito Santo para servir no
corpo de Cristo, a igreja. O dom pode caracterizar o ministério especí-
fico para o qual o cristão individual fora chamado.
O perfil aponta para qual faixa etária o membro deve trabalhar. O
ministro cristão pode ter o dom do ensino, mas o seu perfil pode ser
específico para trabalhar com crianças, adolescentes, jovens, adultos
ou terceira idade. Sendo assim, seria o dom de ensino para uma das
faixas etárias. O ministério cristão deve ser feito com excelência, logo,
precisamos saber qual o nosso perfil.
Por último, a paixão apresenta onde está o prazer do membro para
servir ao Senhor. Não adianta ter o dom e o perfil e não ter a paixão.
Sem prazer é muito difícil servir bem ao Senhor na igreja. O membro
precisa ter paixão pelo ministério que exerce para que ele tenha êxito.
O ideal é que o dom, a paixão e o perfil, estejam presentes no líder
que vai exercer o ministério cristão. Dessa forma, o líder estará no lu-
gar certo, fazendo o serviço certo, na hora certa.
É nítido o sucesso, quando se tem a união desses três fatores. A
igreja precisa saber o dom dos seus membros. Quantos membros
são frustrados por não conhecer os seus dons, por não se sentir útil.
Quantos membros estão servindo no lugar errado e por isso, não pos-
suem alegria no serviço cristão.
Se bem utilizado, esse modelo de igreja é capaz de integrar a qua-
se totalidade de seus membros. Muitas igrejas possuem uma rota-
tividade e não permanência de membros, muito grande. Isso pode
demonstrar um aspecto negativo dessa comunidade. A má adminis-
tração pessoal dos membros e seus dons. Esse modelo pode ser uma
ferramenta para que a liderança compreenda o valor específico do
dom de um membro e o integra no corpo.
130
14. IGREJA COM PROPÓSITO
A igreja com propósito foi idealizada pelo pastor Rick Warren. É
apresentada no livro “Uma igreja com Propósitos”. Essa igreja deve
possuir uma média de vinte e cinco mil pessoas participando em cada
culto.
Para Rick Warren para que a igreja tenha uma vida saudável são
necessários alicerces fortes, pois, os alicerces determinam o tamanho
e a força da construção. Você não pode construir mais do que eles
podem aguentar.
135
WARREN, Rick. 2011, p. 78.
136
WARREN, Rick. 2011, p.79.
137
WARREN, Rick. 2011, p. 87.
131
Estudando a Bíblia há necessidade de buscar respostas para qua-
tro perguntas, as respostas vão nortear a natureza e a missão da igre-
ja, são elas:
1. Por que a igreja existe?
2. O que devemos ser como igreja? (Quem e o que somos?)
3. O que devemos fazer como igreja? (O que Deus quer que façamos
no mundo?)
4. Como fazer isso?138
132
sa forma, a igreja busca cumprir as cinco tarefas que segundo eles,
Cristo ordenou à igreja.
Cada propósito é trabalhado em um bimestre, trimestre ou até
mesmo semestre, desta forma, procuram desenvolver o ensino e a
prática de cada propósito na igreja.
Dois elementos são necessários. Primeiro, a igreja precisa enxergar
tudo a partir dos cinco propósitos do Novo Testamento, descobrindo
como Deus quer que ocorra a busca pelo equilíbrio entre eles. Segun-
do, é o processo para que os propósitos sejam conhecidos, aplicados
e vividos no ceio da igreja.139 Os propósitos conduzem todas as deci-
sões e práticas da igreja.
14. 1. Adoração
O primeiro propósito é amar a Deus de todo o coração, a palavra
que descreve esse propósito é adoração140. Não importa o tamanho
do grupo, todas as atividades devem ter adoração como manifesta-
ção de amor à Deus. A adoração vem antes de servir, sobre isso War-
ren escreve,
A Bíblia diz: “Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele sirva” (Mt 4.10, The
Message). Observe que o verbo “adorar” vem antes de servir. Adorar a
Deus é o primeiro propósito da igreja. Às vezes, trabalhamos tanto para
Deus não temos tempo de adorá-lo. Em toda Palavra, recebemos ordem
de celebrar a presença de Deus por meio da glorificação e da exaltação
de seu nome. Em Salmos 34.3, temos esta orientação: “Proclamem a
grandeza do Senhor comigo; juntos exaltemos o seu nome.” Não pode-
mos adorar a deus como se fosse uma obrigação. Expressar nosso amor
a Deus deve ser uma alegria141.
139
WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósitos. São Paulo: Vida, 2011, p.74.
140
WARREN, Rick. 2011, p.92.
141
WARREN, Rick. 2011, p. 92.
133
Nos cultos, a adoração tem importância fundamental. Os cânticos
são escolhidos cuidadosamente, com o objetivo de levar os presentes
a adorarem o único que é digno de ser adorado. Porém, a vida de ado-
ração é o que deve nortear a vida de um cristão, sobre isso, Carlitos
Paes, escreve:
134
14.2. Ministério
O segundo propósito é amar ao próximo como a si mesmo, a pala-
vra que Rick Warren usa para descrever esse amor é ministério. Servir
a Deus, servindo às pessoas é um privilégio. Vejamos o que Warren
pensa sobre isso:
135
22.39). O que está base visa gerar no seio da igreja é o coração de servo.
Isso quer dizer que cada membro deve estar disposto a servir a qualquer
pessoa, em qualquer lugar e a qualquer tempo, amando sem parar. É pre-
ciso estarmos atentos às necessidades das pessoas ao nosso redor, identi-
ficando onde e como podemos agir para compartilhar o amor de Deus144.
14.3. Evangelismo
O terceiro propósito é ir e fazer discípulos, esse propósito é cha-
mado de evangelismo. O resultado direto da evangelização é o surgi-
mento de novos discípulos. A igreja foi criada para a missão de evan-
gelizar todo o mundo. Quando a igreja prioriza outras coisas, ela está
se afastando do propósito para qual ela foi criada.
136
Fora da igreja todo membro é um missionário.146 O propósito de
todo cristão é testemunhar sobre Jesus, o Cristo. A pregação do evan-
gelho é necessária para que todos ouçam sobre o Salvador. A fé vem
pelo ouvir a voz de Deus e o testemunho é fundamental para que as
pessoas conheçam o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).
O evangelho chegou até nós por meio dos testemunhos de cristãos
fiéis que deram suas vidas quando necessário para pregar o evange-
lho. Que belo testemunho, dar a vida pelo evangelho, e que responsa-
bilidade a dos cristãos atuais. A igreja com propósito tem nesse pilar
o objetivo central.
O evangelismo deve ocorrer tanto na cidade, no país e no mundo
(At 1.8), dessa forma, a igreja investe em missões locais e transcultu-
rais. Os batistas têm em seu calendário três meses de dedicação para
missões. Em março, missões mundiais, em julho, missões estaduais
e em setembro, missões nacionais. Durante essas campanhas men-
sais, são desenvolvidas ações voltadas para a oração, ofertas e para
que os vocacionados se apresentem e sejam enviados para o campo
missionário.
14.4 Comunhão
O quarto propósito é de batizar, aqui apresentando como fazer
discípulos. O discipulado é um propósito muito importante para que
a os novos membros cresçam em conhecimento, graça e intimidade
com Deus e com o próximo. Como salientou Dietrich Bonhoeffer, a
comunhão é uma das principais características do ser (essência da
Igreja)147.
137
que de a Grande Comissão atribuir a mesma importância ao simples ato
do batismo, ao evangelismo e a edificação. Jesus não mencionou o ba-
tismo por acidente. Mas por que ele é tão importante para ser incluído
na grande comissão? Creio que é por simbolizar um dos propósitos da
igreja, a comunhão – identificação com o corpo de Cristo. Como cristãos,
somos chamados para pertencer, não apenas para crer. Não somos feitos
para viver como cavaleiros solitários. Ao contrário, somos feitos para per-
tencer à família de Cristo e sermos membros de seu corpo. O batismo não
é somente símbolo de salvação, é símbolo de comunhão. Não significa
apenas a vida em jesus: evidencia também a integração da pessoa ao
corpo de Cristo148.
14.5 Discipulado
O quinto propósito apresentado por Rick Warren é ensinar a obe-
diência. A palavra que ele usa para esse propósito é o discipulado. O
teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer coloca a obediência como uma
das principais características do discipulado cristão. Ele chega a afir-
148
WARREN, 2011, p. 93-94
MCGRATH, Alister, Teologia sistemática, histórica e filosófica. Uma introdução à
149
138
mar que é necessário pagar um preço para tanto. Não que as obras
justifiquem ou sejam o motivo, mas o verdadeiro discípulo é aquele
que expressa a obediência e o sacrifício de forma natural, como uma
fonte que jorra água por natureza150. Sobre o discipulado Rick, escreve:
150
BONHOEFFER, Dietrich, Discipulado. São Leopoldo: Sinodal, 2004, p. 20-44.
WARREN, 2011, p. 94.
151
139
O apóstolo tardio, chamado no capítulo 9 de Atos, Saulo depois
chamado de Paulo, também viveu e ensinou o discipulado. Em suas
treze cartas/epistola152 é nítido as orientações para a vida através do
discipulado. Por exemplo em II Timóteo 2.1,2: “Tu, pois, filho meu,
fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte
ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a ho-
mens fiéis e também idôneos para instruir a outros”.
O ministério de Jesus foi pautado nesses cinco propósitos (Jo 17).
Pode se observar que o apóstolo Paulo cumpriu esses propósitos em
seu ministério e explicou os (Ef 4.1-16). Outro exemplo da aplicação
dos cinco propósitos é o da igreja de Jerusalém, conforme Atos 2.1-
47. Eles ensinavam uns aos outros, tinham comunhão, adoravam,
ministravam e evangelizavam153. Para Warren, os propósitos que as
igrejas devem ter são os mesmos, o que muda é a aplicação por causa
do contexto diferente.
É importante ressaltar que carta é enviado para uma pessoa ou igreja e epistola é
152
como se fosse uma circular, isso é para muitas pessoas ou para muitas igrejas.
153 WARREN, 2011, p. 95.
140
15. DESENVOLVIMENTO NATURAL DA IGREJA
A formação de liderança no desenvolvimento natural da igreja
(DNI) é uma importante contribuição para entendermos a singulari-
dade do ministério cristão. A igreja que foca na formação de lideran-
ça oportuniza aos seus membros o desenvolvimento de seus dons e
talentos, dessa forma, se tentem úteis na igreja que é edificada e a
glória de Deus é manifestada através do ministério cristão.
Os escritos do alemão Christian A. Schwarz154 do Instituto para o
Desenvolvimento Natural da Igreja, que fez pesquisas, no mundo, em
mais de 1000 igrejas, em 32 países, nos cinco continentes, procuran-
do descobrir as causas do crescimento das igrejas em todo o mundo
nos traz luz ao tema proposto.
Após minucioso trabalho, chegou a oito marcas de qualidade das
igrejas que crescem e que, caso sejam aplicadas à prática diária da
igreja, se consolidarão em sucesso.
O objetivo é de refletir sobre estas marcas para o crescimento do
ministério cristão e consequentemente da igreja, além de verificar se
alguma marca pode contribuir mais que as outras.
141
formador de liderança. É ser um servo que se capacita cada vez mais
visando ser exemplo de capacitação para os outros.
Para Schwarz, o princípio de formação de liderança, por si mesmo
está presente:
142
nham juntos, por ser um ambiente propicio para a transmissão de
valores e exercícios teóricos e práticos de aprendizado para liderar.
Conhecer as pessoas é elemento fundamental e necessário para
investir nelas. Para John Maxwell157 a principal fonte da liderança está
na capacidade de entender as pessoas.
143
Os ministérios devem ser criados segundo os dons disponíveis na
Igreja. Modelos prontos devem então ser encarados com cuidado,
pelo fato de que nem sempre se tem o material humano com dom
para o exercício do ministério estabelecido. A verdade é que todo
modelo de igreja, ao passo que pode ser benção, comporta um de-
terminado risco. Não é simplesmente adotar a forma, mas captar a
essência. A visão muito romântica da volta às fontes, de imitar a igreja
primitiva de maneira objetiva, quase como uma cópia, pode compor-
tar um equívoco. O que está em questão é aplicar e viver a essência
que guiava a igreja apostólica. Por isso a necessidade de oração e de-
pendência de Deus. Todo modelo de igreja deve ter a oração como
fundamento. Como já se falou abundantemente nesse livro, a oração
era um dos fundamentos da vida de Jesus. Qualquer igreja espalha-
da pelo mundo deve seguir seu exemplo. A formação de liderança foi
confirmada no ministério de Jesus por meio da oração. Antes de esco-
lher os Doze, ele passou a noite a sós no monte orando.
O aspecto que de fato diferencia igrejas que crescem de igrejas que não
crescem, igrejas cuja qualidade está acima da média de igrejas cuja qua-
lidade está abaixo da média, é outro. O fator determinante cuja qualida-
de está abaixo da média, é outro. O fator determinante é se os crentes
144
de uma determinada igreja vivem a sua fé com dedicação, paixão, fogo
e com entusiasmo. Já que nesse ponto, passando por todas os tipos de
igrejas que crescem, denominamos essa marca de qualidade de ‘espiri-
tualidade contagiante’. O conceito da paixão espiritual está em contrapo-
sição às concepções tão difundidas da fé como ‘cumprir as obrigações’.
Em geral podemos observar que nas igrejas em que as “tendências le-
galistas” estão presentes em maior ou menor grau, (em que ser cristão
significa concordar com uma doutrina moral ou pertencer a uma igreja)
a paixão espiritual está abaixo da média.159
159
SCHWARZ, 2003, p 26.
160
WARREN, 2011, p 18.
145
cia negativa muito forte sobre o crescimento e sobre a qualidade de
uma igreja. Um verdadeiro modelo é aquele que cresce e se atualiza
normalmente. Em sua obra Método em Teologia, Bernard Lonergan
afirmou que o princípio fundamental de todo método é seu desen-
volvimento criativo. O método deve ser capaz de criar resultados, ao
passo que esses resultados também possam fazer o método evoluir.
O método não deve ser compreendido como uma estrutura funcio-
nal rígida, que deve ser seguida cegamente, como uma receita, mas o
contrário disso, os que usam o método devem ser capazes de modifi-
cá-lo em melhorias constantes. Quanto melhor o método, melhor os
resultados161.
Assim, a Igreja se torna dinâmica e funcional contribuindo para o
crescimento dos ministérios e departamentos, tendo importante fun-
ção de integração pelo serviço.
As estruturas precisam ter novas formas como diz Schwarz:
146
nas igrejas em que Deus derrama o seu Espírito; ele concede forma para
essas igrejas.162
147
que os cultos para os visitantes não sejam uma ótima forma de evange-
lização. Até merece ser imitada. O que isso quer dizer é que por trás de
um culto evangelístico não existe um princípio de crescimento de igreja.
Podemos direcionar os nossos cultos totalmente para cristãos; podemos
realizá-los na língua de “Canaã” ou em língua “secular”, podemos cele-
brá-los de forma litúrgica ou de forma livre, mas, tudo isso não é essen-
cial para o desenvolvimento da igreja.164
148
15. 6 Grupos familiares ou células
Há um sistema de grupos pequenos: grupos familiares ou células,
nos quais cada cristão pode encontrar apoio e abrigo para o seu cres-
cimento espiritual. É neste contexto que os cristãos, com seus dons,
aprendem naturalmente a servir aos outros participantes do grupo.
Os grupos podem planejar a multiplicação, devido à produção cons-
tante de novos líderes. Vejamos o que nos escreve Schwarz:
Grupos familiares são o lugar natural em que cristãos, com os seus dons,
aprendem a servir os outros participantes – membros ou não – do grupo.
A multiplicação planejada desses pequenos grupos é facilitada pelo fato
desses grupos produzirem constantemente novos líderes. No contexto
dos grupos familiares acontece aquilo que está por trás do conceito “dis-
cipulado”: transferência de vida em vem de estudo.167
149
15.7 Evangelização orientada para as necessidades
Na igreja o evangelho é pregado de uma forma relacionada às per-
guntas e às necessidades das pessoas. É valido ressaltar que evange-
lismo e programa não são a mesma coisa. Assim nos escreve Schwarz:
A nossa pesquisa provou que está errada a tese, defendida com a maior
naturalidade nas igrejas evangelisticamente ativas, de que “cada cris-
tão é um evangelista”. O verdadeiro cerne (comprovado empiricamente)
desse lema é, sem dúvida, que a tarefa de cada cristão é investir os seus
dons específicos para o cumprimento da grande comissão. Mais isso, de
forma alguma, faz de cada cristão um “evangelista”. Evangelista é aquele
150
a quem Deus deu o dom espiritual correspondente. Em um de nossos es-
tudos anteriores comprovamos com exatidão a tese de C. Peter Wagner
que dizia que apenas 10% dos cristãos tem o dom de evangelista.169
151
relacionamentos marcados pelo amor fraternal limitando o cresci-
mento da igreja.
Após análise das oito marcas, sobre o Desenvolvimento Natural da
Igreja percebemos que, uma em especial, pode corrigir as outras. Esta
é a “Liderança Capacitadora”.
Para efeito de melhor compreensão sobre as oito marcas citadas,
observemos o quadro que segue:
Quadro I – As Oito Marcas do Desenvolvimento da Igreja
Características Essenciais dos Líde-
N Marcas
res
Os líderes de igrejas que crescem con-
centram os seus esforços em capacitar
outras pessoas para o ministério. (SCH-
Liderança WARZ: 2003, p.22)
1
Capacitadora
Líderes altruístas que buscam servir a
Deus preparando o próximo para o cres-
cimento do Reino.
As Igrejas que mais crescem têm como
característica reconhecer os dons dos
Ministérios Orien-
membros e oportunizar a liderança ou
2 tados
serviço cristão de um ou mais ministério
pelos Dons
de acordo com o dom recebido pelo Es-
pírito Santo.
Entre as Igrejas que mais crescem é no-
tória a “espiritualidade contagiante”.
Espiritualidade Os membros da Igreja vivem o que pre-
3
Contagiante gam. Este processo chamamos de cor-
porificação. Que nada mais é do que vi-
ver o que prega neste caso a Bíblia.
As estruturas precisam ter funcionalida-
Estruturas de. Isto é, se alguma estrutura não fun-
4 ciona precisa ser substituída por alguma
Funcionais estrutura que venha agregar ao cresci-
mento do reino.
152
As Igrejas que mais crescem têm como
Culto característica um “culto inspirador”. Isto
5 é, um culto que as pessoas sentem Deus
Inspirador falando poderosamente aos seus cora-
ções!
Uma das características das Igrejas que
mais crescem são os grupos familia-
Grupos res, pequenos grupos ou células, como
6 queiram. É um encontro onde ocorre o
Familiares discipulado, a prestação de contas e o
desenvolvimento de dons e relaciona-
mentos íntimos.
A evangelização orientada pelas neces-
Evangelização sidades é outra característica das igrejas
7 Orientada para as que mais crescem. Aqui procuram aten-
Necessidades der o homem todo através do evangelho
todo.
Relacionamentos As Igrejas que mais crescem no mundo
Marcados pelo possuem relacionamentos marcados
8
Amor pelo amor fraternal. Vivem como irmãos.
Fraternal Possuem relacionamentos íntimos.
MAXWEEL, 2011, p. 9.
171
153
Pode-se constatar a formação de “Liderança Capacitadora”, com
o mesmo sonho e objetivo, como fator primário para o crescimento
da Igreja. Esses líderes quando treinados, serão capazes de desenvol-
ver as outras “marcas” e podem desenvolver no seu pequeno grupo.
O que pode resultar em multiplicação dos novos crentes e contagiar
toda a Igreja. Assim se cumpre os conselhos dados pelo apostolo
Paulo à Timóteo quando diz: “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça
que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e idôneos
para instruir outros.” (II Timóteo 2.1-2)172
John Maxweel ainda mostra que, a eficácia pessoal e da organiza-
ção é proporcional à força da liderança173.
Com isso entende-se que a formação de líderes é o ponto funda-
mental para alcançar as marcas para o desenvolvimento natural da
igreja e consequentemente para o crescimento da Igreja e do reino de
Deus. Sobre isso diz Joel Comiskey:
Paulo escreve em Efésios 4.11-12 que Deus deu dons à liderança da igreja
com o propósito de treinar os leigos para fazerem o serviço cristão. O alvo
da liderança portanto é “preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a
fim de construir o corpo de Cristo.” João ecoa essa verdade em Apocalip-
se 1.6 quando diz que Cristo fez de nós um reino de sacerdotes.174
172
BIBLIA SAGRADA, 2007, p 319.
173
MAXWEELL, 2011, p. 151.
174
COMISKEY, 2011, p.72.
154
Considerações Finais
A igreja deve ser o local onde as pessoas tenham a oportunidade
de desenvolver os dons para o ministério cristão, para que possam
exercer diariamente de forma autêntica, natural e excelente. É de fun-
damental importância para o testemunho da igreja e o cumprimento
da missão para qual foi criada.
Uma das funções do Espírito é a capacitação175. A igreja é ensinada
pelo Espírito Santo a desenvolver o ministério cristão dos seus mem-
bros. Ela também deve se preocupar com um mínimo de estrutura
para desenvolvê-los. Cultos regulares, escola bíblica, grupos de disci-
pulado são básicos para o amadurecimento. Assim como, uma ótima
estrutura de departamentos e ministérios para que os membros da
igreja possam aprender através do serviço.
A igreja enxerga no Espírito Santo, o capacitador, para a perseve-
rança no meio das lutas. Uma teologia que nega as lutas não tem a
Bíblia como base. O Evangelista João (16. 33) registra as palavras de
Jesus: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Os da igreja
terão que perseverar até o final, assim como Cristo perseverou; para
isso, o Espírito Santo foi enviado, para capacitar a igreja a passar por
dias de aflições.
Os cristãos devem estar em constante desenvolvimento, rece-
bendo dons para a edificação da igreja e buscando cada vez mais a
plenitude do Espírito, ficando cheios do fruto. As qualidades do fruto
do Espírito atestam o desenvolvimento dos cristãos e podem ser di-
vididos em três grupos. O primeiro vem do relacionamento para com
Deus: amor, alegria e paz. O segundo aponta para o relacionamento
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 834.
175
155
com o próximo: paciência, ternura, bondade. E o terceiro, o relacio-
namento introspectivo, relacionamento consigo mesmo: fidelidade,
mansidão e domínio próprio.176
O retrato de Cristo, em termos ideais, é que o ministério cristão
seja equilibrado, parecido com o ministério de Jesus, cheio do Espíri-
to para que assim, seja reconhecido como um discípulo. Os japoneses
têm uma palavra, Kaizen, exclusiva para esse estilo de vida de mu-
dança. Significa “mudança que leva ao aperfeiçoamento constante”.
Excelência não é algo que se atinge uma vez, é uma necessidade de
desenvolvimento permanente177.
Em uma comunidade que funciona de acordo com a intenção divina
revelada nas Escrituras, o ensino tem por finalidade a transformação
do homem. As mensagens vão ao encontro dos corações e o Espírito
Santo opera tanto no pregador como no ouvinte, ocorrendo mudan-
ça de vida178. Como resultado, os membros se tornam proativos no seu
próprio desenvolvimento espiritual179. O crescimento do cristão contri-
bui para o crescimento de sua igreja. A multiplicação de igrejas firmes
na Palavra sem a qual, não se alcança os propósitos de Deus.180
Os cristãos devem crescer também em santidade. Os escritores
do Novo Testamento ensinam que para o desenvolvimento da fé em
Deus e em amor pelo semelhante, é necessário para se tornarem se-
melhantes a Cristo. Os filhos de Deus desejam se tornar cada vez mais
parecidos com o Filho de Deus, em caráter e comportamento.181
176
STOTT, John. O discípulo radical. Viçosa: Ultimato, 2011, p. 80.
177
CORDEIRO, Wayne. A Igreja irresistível. Características de uma igreja que arran-
ca aplausos dos céus. São Paulo: Editora Vida, 2012, p. 20.
178
HYBELS, Bill, LYNNE. Redescobrindo a Igreja: a história e a visão da Willow Creek
Community Church. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 216.
179
RAINER Thom S, GEIGER Eric. Igreja Simples: Retornando ao processo de Deus
para fazer discípulos. Brasília: Editora Palavra, 2012, p. 103.
180
MCGAVRAN. Compreendendo o Crescimento da Igreja. São Paulo: Editora Se-
pal, 2001, p.30.
181
STOTT, 2007, p. 190.
Stott182 relata que muitos são os segredos para a santidade nas pá-
ginas das Escrituras Sagradas. E que um dos maiores propósitos das
Escrituras é mostrar ao povo de Deus como viver de forma digna e
agradável ao Senhor. Porém, um dos aspectos mais negligenciados
na questão da santidade é o papel da mente, mesmo que Jesus tenha
esclarecido a questão, quando prometeu que “conhecerão a verdade,
e a verdade os libertará” (Jo 8.32).
O Espírito Santo trabalha na santificação dos ministros. Erickson
faz uma análise sobre a santificação e a obra do Espírito no capítulo
oito do livro de Romanos:
184 AZEVEDO, Israel. Gente cansada de Igreja. São Paulo: Hagnos, 2010, p. 61.
157
O ministro cristão precisa também ser uma testemunha do que
Deus tem feito na vida dele. Para que haja autoridade do ministro é
necessário ter vida com Deus.
As palavras de Jesus (At 1.4), para que os seus discípulos aguar-
dem em Jerusalém o Paracleto (Espírito Santo) é para que, poste-
riormente, pudessem sair para testemunhar as obras que viram e
ouviram. Assim, o Espírito Santo veio, e hoje a igreja deve testemu-
nhar tudo o que Cristo fez e faz por ela.
A missão da igreja será cumprida com o testemunho dos discí-
pulos de Cristo, que são a igreja. Testemunhar aqui é cumprir em
parte a missão da Igreja, fazendo a sua parte e dando continuidade a
uma parte da missão do Deus Triuno. A igreja aprende com o Espírito
Santo a necessidade de testemunhar as obras de Jesus no mundo.
Lucas escrevendo o livro de Atos, relata a promessa de Jesus: “Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Sama-
ria, e até os confins da terra.” Atos 1.8
O ponto central das instruções de Jesus Cristo aos seus discípu-
los foi a convocação para testemunhar (Mt 28.18-20; At 1.8). A pa-
lavra testemunhar, martyria, significa, no contexto legal, fazer uma
defesa; consequentemente, o testemunho verbal é a essência de seu
significado. A igreja precisa, portanto, contar o que Cristo realizou e
ensinou aqui na terra para salvar o homem.
O labor do amor apresentado na seção anterior é uma necessi-
dade atual, devendo ser praticado no viver da igreja. Tudo o que se
vê acerca dos dons, ministérios e das operações do Espírito tem por
finalidade levar os membros à prática do amor;185 isto é viver e teste-
munhar o evangelho.
185
LAN, Dong Yu. A Vida da Igreja. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 2012, p. 63.
A adoração é um poderoso testemunho para os não cristãos.
Quando a presença de Deus é sentida, o indivíduo experiencia a ne-
cessidade de adorá-lo. Assim, também quando a mensagem pregada
é compreensível, como se vê nas Escrituras em Atos 2186.
A comunhão também é um testemunho da família da Trindade.
O Espírito Santo é o responsável pela comunhão entre os irmãos da
igreja. É através dele também, que se pode amar uns aos outros. O
primeiro fruto do Espírito é o amor. Amar faz parte de sua própria na-
tureza, e esse amor é repartido entre aqueles em quem ele habita.187
Sem o testemunho do cristão não se tem como cumprir a missão
da igreja de fazer discípulos de Jesus. Os cristãos revelam o que Deus
fez em suas vidas, quando se tornam discípulos de Cristo, impactan-
do os incrédulos.
Pode-se considerar que a missão do povo de Deus é a de fazer dis-
cípulos de Jesus, no poder do Espírito Santo, para a glória de Deus o
Pai. Logo, a igreja não cumprirá a sua missão, se não enfatizar em ser
discípulo e fazer discípulos de Jesus o Cristo.
O evangelista João escreve que após ressuscitar, Jesus vai ao en-
contro dos discípulos que estavam reunidos com as portas fechadas
e diz: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio, e havendo
dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo
20.21, 22).
Os indicadores que o Pai mostra são a importância da santidade e da
ética, para que a igreja possa ser vista como uma representante de Deus
na sociedade, além de se ter o propósito (missão) claro de fazer discípu-
los de Jesus, no poder do Espírito Santo para glória de Deus Pai. Desta
forma, a presença da igreja será notada como uma instituição diferente
de outras por seguir parâmetros divinos (bíblicos) e não humanos.
159
O Filho ensina a igreja que a missão é vivida e desempenhada
com amor a Deus e ao próximo, sendo obediente à missão e se ne-
cessário for sofrer em prol de ambos. Aprende ainda com o Filho a
intercessão, orar a Deus em favor de todos os que estão precisando,
fisicamente, emocionalmente e espiritualmente.
O Espírito Santo capacita a igreja a testemunhar a Cristo e a Pa-
lavra. Além disso, ele ensina a igreja a contribuir para o crescimen-
to cristão daqueles que fazem parte dela. A igreja é capacitada por
Deus, através do Espírito a perseverar na missão, independente das
circunstâncias vividas.
Imitadores de Deus, toda a igreja deve possuir as características
e os atributos que Deus comunicou. Pois nem todos os seus atribu-
tos, Deus, em sua soberana vontade, decidiu comunicar aos seres
humanos e aos cristãos, seus filhos188. Dessa maneira será possível
o cumprimento da missão.
p. 27-38.
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