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8 - Encerramento .................................................................................................... 19
Para conhecê-la na íntegra, você deve acessar o site www.mte.gov.br, no link inspeção
do trabalho – segurança e saúde - (normas regulamentadoras). Tenho certeza de que,
durante o curso, você precisará recorrer a ela diversas vezes.
Será um aprendizado tranqüilo e você poderá contar comigo sempre que precisar. Mas
não se esqueça: é mesmo um grande desafio e dos mais difíceis, pois a construção civil
está fortemente envolvida com acidentes do trabalho no Brasil. É um setor que apresen-
ta uma série de características produtivas e peculiares, que o torna um dos líderes em
acidentes do trabalho, tanto aqui como em diversos países.
Primeiro, devemos definir alguns conceitos básicos. Nesse item, são apresentados e
discutidos os conceitos básicos e definições utilizadas, que serão adotadas ao longo
deste trabalho e cujo conhecimento é de fundamental importância para a organização do
canteiro de obras.
a) Acidentes e Quase-acidentes
O primeiro termo a ser definido e discutido é “acidente”, visto que nosso principal objetivo
é eliminar sua ocorrência na obra. O termo “acidente” naturalmente sugere a visão de um
evento repentino, que ocorre por acaso e que resulta em danos pessoais. No entanto,
essa visão é inadequada e acaba por gerar dificuldades no campo da prevenção dos
acidentes, pois favorece a concepção das seguintes idéias incorretas:
O dicionário define acidente como: “acontecimento infeliz, casual ou não, e de que resul-
ta ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína, etc.; desastre” (Ferreira, 1988).
Deve-se notar que essa definição evidencia que um acidente pode ser casual ou não,
ou seja, um acidente pode não ocorrer necessariamente por acaso. Ele pode ter causas
bem conhecidas, como se observa no seguinte exemplo apresentado pelo dicionário: “A
sabotagem praticada no avião resultou em um terrível acidente”.
Muitas vezes, os acidentes são vistos como eventos que provocam danos pessoais. Po-
rém, quem deve assumir as enormes perdas materiais, os transtornos e os custos que
estes geram? A própria empresa. Esta é a definição legal de acidente de trabalho dada
pela Lei 8.213, de 24 de julho de 1991: “o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capa-
cidade para o trabalho permanente ou temporária”. Essa lei não será satisfatória e sufi-
ciente para você realizar este trabalho, visto que o legislador se interessou basicamente,
e com muita propriedade, em definir acidente com a finalidade de proteger o trabalhador
acidentado, por meio de uma compensação financeira, garantindo-lhe o sustento en-
quanto estiver impossibilitado de trabalhar.
Dessa forma, você deverá adotar uma visão prevencionista dos acidentes na obra que
propomos. Não se deve esperar, portanto, que haja uma lesão corporal ou até mesmo
uma morte para que seja identificada a existência de um problema no ambiente do can-
teiro de obras.
Segundo Zocchio (1996), os atos inseguros são os fatores pessoais dependentes das
ações dos homens, que são fontes causadoras de acidentes. São exemplos de atos in-
seguros: permanecer sobre cargas suspensas, operar máquinas sem estar habilitado ou
autorizado, deixar de usar os equipamentos de proteção individual, remover proteções
de máquinas, entrar em áreas não permitidas, etc. Já as condições inseguras estão li-
gadas às condições do ambiente de trabalho, que são fontes causadoras de acidentes.
São exemplos de condições inseguras: máquinas sem proteções adequadas, iluminação
e ventilação inadequadas, ferramentas em mau estado de conservação, piso escorrega-
dio, temperatura elevada, etc.
c) Perigo e Risco
O termo “risco” terá também a definição adotada pela norma BSI-OHSAS-18001 e pela
norma BS-8800: “combinação da probabilidade e das conseqüências de ocorrer um
evento perigoso”. Assim, o termo “risco” está intrinsecamente relacionado a perigos, ou
seja, um perigo pode ter um risco alto ou baixo.
O termo “segurança” deve ser entendido como sendo: “o estado de estar livre de riscos
inaceitáveis de danos”, definição convergente com as definições de Brauer (1994) e com
as normas BSI-OHSAS-18001 e pela norma BS-8800.
Antes de iniciar qualquer obra, é preciso fazer uma comunicação à Delegacia Regional
do Trabalho, na qual constarão várias informações sobre a obra a ser executada.
Porém, quando essa comunicação for feita, você já deve ter em mãos o Programa de
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, o PCMAT, no qual
deverá conter:
Como você pode ver, a eficácia do controle de acidentes está diretamente ligada à qua-
lidade do PCMAT, que se baseia em um planejamento adequado e na implementação
efetiva deste programa.
Neste PCMAT que você irá realizar com a minha ajuda, vamos priorizar o projeto de
execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra
e a especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas com o
cronograma de implantação das medidas preventivas definidas.
Considerando que, no lote onde será construído o prédio, existe uma pequena edifi-
cação em ruínas e que ele não é fechado, a primeira providência a ser tomada será o
fechamento do mesmo e, em seguida, a demolição da edificação. Para isso, você deve
recorrer às Normas:
Você deverá recorrer também à NR 6, e isto vale para todas as etapas da construção,
pois esta norma regulamentar dispõe sobre o uso de Equipamentos de Proteção Indivi-
dual - http://www.mte.gov.br/empregador/SegSau/legislacao/NormasRegulamentadoras/
Conteudo/2434.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
Todas essas recomendações devem constar da 1ª fase do seu PCMAT. Com isso, você
propõe medidas de controle e sistemas preventivos de segurança já na etapa de prepa-
ração para a montagem do canteiro de obras.
Entenda que o seu objetivo é a elaboração de uma política de gestão, que defina um
direcionamento geral para o canteiro de obras do Ed. Vale dos Coqueiros, bem como
Lembre-se dos passos necessários para controlar os perigos, passos estes que são di-
vididos em quatro partes: levantamento das origens, identificação dos perigos, avaliação
dos riscos e análise de tolerância.
Você já deve ter notado que a identificação de perigos não deve ocorrer apenas na fase
operacional. Deve-se concentrar esforços nessa fase, mas também nas fases que a
antecedem, como na concepção dos ambientes do trabalho, nas atividades de projeto e
na definição de métodos construtivos e dos materiais que serão empregados. É isso que
propomos a você fazer.
Para fins deste trabalho, a técnica de Análise Preliminar de Riscos (APR) pode ser
considerada adequada às particularidades existentes no canteiro de obras do Ed. Vale
dos Coqueiros, por possuir as seguintes características:
A elaboração do APR é feita por meio de um processo indutivo, que se baseia na realiza-
ção de predições com base em dados observáveis, permitindo indicar o que pode ocorrer
em uma determinada origem. Nessa técnica, o uso da intuição não deve ser considera-
do, visto que tem como base os pressentimentos do observador, os quais não permitem
uma tomada de decisão de maneira adequada, considerando a possibilidade de erro e
os conseqüentes acidentes.
Para a avaliação dos riscos, você deverá identificar o maior número de informações per-
tinentes às origens em estudo e informações relevantes. Seguem os exemplos:
Cabe destacar que os dados obtidos pelo gerenciamento de riscos lhe permitirão propor
medidas e podem ser utilizados para outros propósitos relevantes, como:
Dessa forma, você deverá estabelecer objetivos levando em consideração, entre outros,
os seguintes itens:
Para que seja possível mensurar se os objetivos definidos serão alcançados, será ne-
cessário definir metas e indicadores de acompanhamento como mostrado abaixo:
Para atingir seu objetivo, você deverá fornecer um conjunto de previsibilidade de ações
às pessoas de dentro e de fora do canteiro (sindicatos, clientes, fornecedores, etc.) e
deve motivar todos os envolvidos a pensar com maior profundidade sobre os problemas
de segurança e saúde do trabalho.
Espero que essas informações sejam úteis a você quando propuser medidas de prote-
ção e controle da saúde e segurança do trabalhador no canteiro de obras do Ed. Vale
dos Coqueiros.
Nesta etapa, por ser a área de vivência geralmente construída utilizando madeira como
matéria-prima, você deverá recorrer também à NR 18.7 - que aborda sobre os procedi-
mentos de segurança ao se executar trabalhos de carpintaria.
Consulte o site: http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/
conteudo/nr18/conteudo/nr18g.asp (Acesso em: 17 outubro 2006),
É preciso estar atento também àquelas recomendações comuns a todas as etapas tais
como:
a NR 18.22 que aborda a utilização de máquinas, equipamentos e ferramentas diver-
sas;
14 Saúde e Segurança no Trabalho
a NR 6 que trata dos equipamentos de proteção individual citada na NR 18.23;
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/Download/NR-05atuali-
zada-site.pdf (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18c1.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18b1.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18z.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18x.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/empregador/SegSau/legislacao/NormasRegulamentadoras/Con-
teudo/2434.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18v.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18u.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18f.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
Você deve considerar que o nosso terreno encontra-se situado numa área já bastante
habitada, com construção em todo o seu entorno sem qualquer talude. Sendo assim se-
rão necessárias medidas para preservar a integridade das áreas vizinhas.
Haverá execução de tubulões a céu aberto e você deverá aplicar as disposições cons-
tantes no item 18.20 - trabalhos em locais confinados - e não haverá necessidade de
serviços de detonações.
Veja o site:
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18t.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
6 - Supra-Estrutura - 4ª Fase
Dando seqüência ao nosso projeto, vamos então para a próxima etapa da construção,
que é a supra-estrutura. Nesta etapa, são constantes os riscos de acidentes causados
por queda de materiais e/ou do trabalhador, cortes, perfurações causadas por máquinas
ou materiais como pregos, vergalhões, etc. e prensagem ou esmagamento. Os trabalhos
mais comuns realizados são de carpintaria, armação de aço, concretagem, alvenaria,
etc.
Você já viu pelo projeto que a obra proposta possui 4 (quatro) lajes a partir do piso de
nível 0,00 e um pavimento abaixo desse nível. Ela contém ainda caixa d’água. Você deve
ter notado que é esta a fase em que se concentram os maiores riscos de acidente.
Nesta etapa teremos como base os itens: 18.7 - que dispõe sobre a segurança nas ope-
rações de carpintaria; 18.8 - sobre armações de aço; 18.9 - sobre estruturas de concreto
e 18.17 - que trata da alvenaria:
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18g.asp (Acesso em: 17 outubro 2006),
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18h.asp (Acesso em: 17 outubro 2006),
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18i.asp (Acesso em: 17 outubro 2006),
http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/
conteudo/nr18q.asp (Acesso em: 17 outubro 2006),
Não custa nada falar novamente que você será o responsável pela saúde e segurança
do trabalho durante a execução da obra do Ed. Vale dos Coqueiros e que sua meta
deverá ser: fazer um programa de implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos de segurança, que permita realizar a obra sem nenhum acidente com afas-
tamento do trabalho.
Você deve levar em conta que um bom planejamento para a SST dependerá da manu-
tenção dos locais de trabalho seguros e em condições favoráveis à saúde e à integridade
física de seus trabalhadores.
Essa obra deverá possuir fachada externa em cerâmica, e escadas e piso do hall externo
em mármore. O piso dos quartos será revestido de parquete, que exige as operações
de raspagem e sintecagem no canteiro de obras e impermeabilização do último piso
(cobertura).
• 18.9 - dispõe sobre as fôrmas para concretagem; as armações, que devem estar
ancoradas; caçambas transportadoras de concreto, etc.: http://www.mte.gov.br/
Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/nr18i.asp
(Acesso em: 17 outubro 2006).
• 18.17 - que dispõe, entre outras recomendações, sobre utilização de técnicas que
garantam a estabilidade das paredes de alvenaria da periferia: http://www.mte.
gov.br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/
nr18q.asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
7 - Construção do PCMAT
Nesta última fase do PCMAT, outros itens da Norma Regulamentadora serão muito im-
portantes para a Saúde e Segurança do Trabalho no canteiro de obras do Ed. Vale dos
Coqueiros. Dentre elas destacamos:
• O item 18.12 – que determina, dentre outras medidas, que as escadas de uso
coletivo, rampas e passarelas para a circulação de pessoas e materiais devem
ser de construção sólida e dotadas de corrimão e rodapé: http://www.mte.gov.
br/Empregador/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/nr18l.
asp (Acesso em: 17 outubro 2006).
• O item 18.13 - que trata das medidas de proteção contra quedas de altura, ob-
rigando a instalação de proteção coletiva onde houver riscos de queda de trab-
alhadores ou de projeção de materiais: http://www.mte.gov.br/Empregador/seg-
sau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/nr18m.asp (Acesso em: 17
outubro 2006).
• Outro item importantíssimo, 18.15, que trata dos andaimes, dispõe sobre o dimen-
sionamento dos mesmos e sua estrutura de fixação. Dispõe sobre os andaimes
simplesmente apoiados, os andaimes fachadeiros, que utilizaremos para o reves-
timento externo na obra proposta, etc.:http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/
ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/nr18o.asp (Acesso em: 17 outubro
2006).
• 18.18: esse é um item ao qual você deverá recorrer, pois, como você deve ter no-
tado no projeto do Ed. Vale dos Coqueiros , existe um telhado e este item relata as
normas de segurança para telhado e cobertura: http://www.mte.gov.br/Emprega-
dor/segsau/ComissoesTri/ctpp/oquee/conteudo/nr18/conteudo/nr18r.asp (Acesso
em: 17 outubro 2006).
• Por fim, todos os itens da norma os quais, de uma maneira ou de outra, con-
tribuirão para o estabelecimento de diretrizes de planejamento que objetivam a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho relativo ao canteiro de
obras do Ed. Vale dos Coqueiros.
8 - Encerramento
Finalmente, penso que você está pronto para realizar o trabalho. De antemão, não espe-
ro um trabalho acadêmico de SST, pois o curso proposto não é para técnicos ou enge-
nheiros do trabalho, mas gostaria que você percebesse e orientasse no trabalho o maior
número de recomendações e procedimentos possíveis visando à eliminação do acidente
de trabalho com afastamento no canteiro de obras.
Para que você atinja esse objetivo, após identificar os perigos e avaliar os riscos, você
deve:
BRAUER, R.L. Safety and Health for engineers. New York: Van Nonstrand Reinhold,
1994.
(Benite, 2004)