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MANUAL DE FORMAÇÃO

UFCD 3909 - Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho -


construção civil

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INDICE

Frase de Abertura ………………………………………………………………………………………………………. 4


Objetivos e Conteúdos ………………………………………………………………………………………………. 5
1-Introdução …………………………………………………………………………………………………….……….. 8
2-Conceitos …………………………………………………………………….…………………………..…………… 10
o Segurança no trabalho …………………………………………………….……………….. 10
o Higiene e saúde no trabalho ……………………………………………………………… 10
o Perigo ……………………………………………………………………………………….……… 10
o Risco ………………………………………………………………………………………….…….. 11
o Prevenção ………………………………………………………………………………………... 11
3-Enquadramento legal da segurança, higiene e saúde no trabalho ………………………… 13
o Diretiva Comunitária ……………………………………………………………………..…. 13
o Regime Jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho …….. 15
o Legislação complementar …………………………………………………………….…… 15
4-Acidentes de trabalho ………………………………………………………………………………………….. 21
o Regime jurídico dos acidentes de trabalho ……………………………………….. 21
o Causas e consequências dos acidentes de trabalho ……………………….…. 22
o Análises de acidentes de trabalho …………………………………………………….. 26
o Estatísticas de acidentes de trabalho ………………………………..……………… 27
o Formação …………………………………………………………………………..…………….. 33
5-Segurança nos estaleiros temporários ou móveis …………………………………………………. 37
o Enquadramento legal ………………………………………………………………….……. 37

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o Prescrições mínimas de segurança nos estaleiros temporários ou


móveis: legislação em vigor ………………………………………………………………. 38
o Riscos presentes nos estaleiros temporários ou móveis …………..………. 39
o Instrumentos ……………………………………………………………………………………. 41
 - Plano de segurança e saúde ………………………………………………… 41
 - Compilação técnica …………………………………………………………….. 42
 - Comunicação prévia ……………………………………………………………. 42
o Atores …………………………………………………………………………………..………….. 44
o Responsabilidades ………………………………………………………………..………….. 45
6-Plano de segurança e saúde …………………………………………………..…………………………….. 52
o No projeto ………………………………………………………………………………….…….. 52
 - Âmbito de aplicação do Plano ……………………………………..……… 52
 - Memória Descritiva e Ações para prevenção de riscos .......... 53
o Na execução ……………………………………………………………………………….……. 54
 - Implementação do Plano de Segurança e Saúde ……………..….. 54
 - Alterações …………………………………………………………………….…….. 54
7-Protecção do trabalhador ……………………………………………………………………………..……… 55
o Enquadramento legal ……………………………………………………………………….. 55
o Proteção individual ……………………………………………………………….………….. 55
o Proteção coletiva …………………………………………………………………….……….. 60

Bibliografia ………………………………………………………………………………………………………….…… 61
Termos de Utilização ……………………………………………………………………………………………….. 62

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Frase de Abertura

“Perder Amigos é muito,


Perder Saúde é mais,
Perder a vida,
é perca tal que não se acha jamais…”
(desconhecido)

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Objetivos e Conteúdos

Objetivos

 Interpretar os principais diplomas legais sobre Segurança, Higiene e Saúde no


Trabalho, bem como normas de legislação complementar e específica.
 Identificar as causas de acidentes de trabalho, suas consequências e custos
associados.
 Identificar os riscos inerentes à execução de obras em estaleiro, assim como as
respetivas medidas para a sua eliminação ou redução.
 Reconhecer a importância do Manual de Segurança do Estaleiro e do Plano de
Sinalização.
 Caracterizar o Plano de Segurança e Saúde (PPS) e os processos da sua
implementação.

Conteúdos

 Conceitos
o Segurança no trabalho
o Higiene e saúde no trabalho
o Perigo
o Risco
o Prevenção
 Enquadramento legal da segurança, higiene e saúde no trabalho
o Diretiva Comunitária
o Regime Jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho
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o Legislação complementar
 Acidentes de trabalho
o Regime jurídico dos acidentes de trabalho
o Causas e consequências dos acidentes de trabalho
o Análises de acidentes de trabalho
o Estatísticas de acidentes de trabalho
o Formação
 Segurança nos estaleiros temporários ou móveis
o Enquadramento legal
o Prescrições mínimas de segurança nos estaleiros temporários ou
móveis: legislação em vigor
o Riscos presentes nos estaleiros temporários ou móveis
o Instrumentos
 - Plano de segurança e saúde
 - Compilação técnica
 - Comunicação prévia
o Atores
o Responsabilidades
 Plano de segurança e saúde
o No projeto
 - Âmbito de aplicação do Plano
 - Memória Descritiva
 - Ações para prevenção de riscos
o Na execução
 - Implementação do Plano de Segurança e Saúde
 - Alterações
 Proteção do trabalhador

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o Enquadramento legal
o Proteção individual
o Proteção coletiva

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1-Introdução

A influência das condições de trabalho na vida dos trabalhadores e na capacidade


competitiva das empresas foi sempre reconhecida como importante no quadro da
produção em massa que caracterizou, durante quase um século, a sociedade
industrial. Em tal contexto, foram-se desenvolvendo, quer na Europa, quer nos EUA,
diversas abordagens centradas, num primeiro momento, em grupos de trabalhadores
expostos a trabalhos de maior penosidade e insalubridade, para, num momento
posterior e já no pós guerra, se passar a equacionar a problemática dos riscos
profissionais ao nível dos fatores produtivos, devido ao reconhecimento da influência
dos agentes físicos, químicos e biológicos na segurança e saúde.

A Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho não se configura como um mero conjunto


de atividades de natureza técnica e organizativa em torno da prevenção dos acidentes
de trabalho e das doenças profissionais. Com efeito, trata-se de uma área cuja gestão
influencia decisivamente a vida das organizações e que é determinante no
desenvolvimento da sua principal fonte de energia: As pessoas. Prevenir os riscos
profissionais é uma questão que nos interessa a todos, independentemente do
trabalho desempenhado por cada um.

A colaboração de todos os trabalhadores nas atividades de Prevenção é fundamental


para se conseguirem boas condições de trabalho. Os acidentes não são obra do acaso
nem um preço a pagar necessariamente pelo progresso, podem ser evitados se todos
os atores desempenharem corretamente o seu papel. A maior parte das doenças
profissionais poderiam ser evitadas se os processos produtivos fossem modificados a
tempo, se fossem tomadas medidas oportunas para controlar os riscos (fenómenos

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perigosos) que as originam. Para evitar estas situações nas empresas portuguesas, na
medida do possível, é necessário, planear adequadamente as ações de Prevenção e
organizar uma infraestrutura que permitisse responder a estes casos com a maior
eficácia possível.

Deverão por conseguinte ser efetuadas auditorias periódicas e realizadas análises de


riscos por posto de trabalho, conforme decorre da metodologia estabelecida nos
princípios gerais de prevenção, o direito da Segurança e Saúde do Trabalho confere à
avaliação de riscos um lugar central nas abordagens preventivas.

Esta centralidade é evidenciada em todos os diplomas legais relativos à segurança e


saúde do trabalho, sejam os diplomas que respeitam à gestão da segurança e saúde
nas empresas, sejam os diplomas que respeitam a riscos específicos.

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2-Conceitos

o Segurança no trabalho

Conjunto de metodologias adequadas à prevenção de acidentes de trabalho, tendo


como principal campo de ação o reconhecimento e o controlo dos riscos associados
aos componentes materiais do trabalho.

o Higiene e saúde no trabalho

Conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção das doenças


profissionais, tendo como principal campo de ação o controlo da exposição aos
agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do
trabalho. Esta abordagem assenta fundamentalmente em técnicas e medidas que
incidem sobre o ambiente de trabalho.

Abordagem que integra, além da vigilância médica, o controlo dos elementos físicos,
sociais e mentais que possam afetar a saúde dos trabalhadores, representando uma
considerável evolução face às metodologias tradicionais da medicina do trabalho.

o Perigo

Propriedade intrínseca de um componente do trabalho potencialmente causador de


dano para o trabalhador ou para o ambiente ou local de trabalho ou uma combinação
destes.
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o Risco

O Risco é a possibilidade de um trabalhador sofrer um determinado dano provocado


pelo trabalho. Combinação da probabilidade de ocorrência do dano e da sua
gravidade.

Existem um conjunto de meios e técnicas para controlar os riscos mediante:

 A adaptação de sistemas de segurança (dispositivos e resguardos);


 Equipamentos de proteção individual;
 Normas de segurança e sinalização de riscos;
 Disciplina e incentivos.

A avaliação de riscos constitui a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde e é


fundamental para reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Se for
bem realizada, esta avaliação pode melhorar a segurança e a saúde, bem como, de um
modo geral, o desempenho das empresas.

o Prevenção

Prevenção é o conjunto de políticas e programas públicos, bem como disposições ou


medidas tomadas ou previstas no licenciamento e em todas as fases de atividade da
empresa, do estabelecimento ou do serviço, que visem eliminar ou diminuir os riscos
profissionais a que estão potencialmente expostos os trabalhadores.

Na prevenção e no controlo dos riscos, importa ter em conta os seguintes princípios


gerais de prevenção:

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Evitar os riscos;

Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

Combater os riscos na origem;

Conferir às medidas de proteção coletiva prioridade em relação às medidas de


proteção individual (por exemplo, controlar a exposição a vapores através de
ventilação do local em vez de recorrer a máscaras respiratórias);

Adaptar-se ao progresso técnico e às mudanças na informação;

Procurar melhorar o nível de proteção.

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3-Enquadramento legal da segurança, higiene e saúde no trabalho

o Diretiva Comunitária

A diretiva-quadro europeia relativa à saúde e segurança no trabalho (Diretiva


89/391/CEE), adotada em 1989, marcou uma importante etapa na melhoria da saúde
e segurança no trabalho. Garante preceitos mínimos de saúde e segurança em toda a
Europa, embora os Estados-Membros tenham a opção de manter ou estabelecer
medidas mais exigentes.

Em 1989, algumas disposições da diretiva-quadro revelaram-se muito inovadoras,


nomeadamente:

 O termo «condições de trabalho» foi definido em conformidade com a convenção n.º


155 da Organização Internacional do Trabalho (ILO) e estabelece uma abordagem
moderna, que tem em conta a segurança técnica e a prevenção geral dos problemas
de saúde.
 A diretiva visa estabelecer um nível de segurança e saúde igual, que beneficie todos os
trabalhadores (com exceção dos empregados domésticos e determinados serviços
públicos ou militares).
 A diretiva obriga as entidades patronais a tomarem medidas de prevenção adequadas
que melhorem a saúde e a segurança no trabalho.
 Uma das principais inovações que a diretiva introduz é o princípio da avaliação dos
riscos e define os seus principais elementos (por exemplo, identificação dos perigos,
participação dos trabalhadores, introdução de medidas adequadas com a prioridade
de eliminar os riscos na origem, documentação e reavaliação periódica dos perigos
existentes no local de trabalho).
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 A nova obrigação de colocar em prática medidas de prevenção constitui uma forma


implícita de realçar a importância das novas formas de gestão da saúde e da segurança
no quadro dos processos gerais de gestão.

O prazo para a transposição da diretiva-quadro para o direito interno dos Estados-


Membros terminou em 1992. As repercussões da transposição para os ordenamentos
jurídicos nacionais variaram de Estado-Membro para Estado-Membro. Nalguns
Estados-Membros, a diretiva-quadro teve importantes consequências jurídicas devido
à inadequação das respetivas legislações nacionais, ao passo que noutros Estados-
Membros não foram necessários grandes ajustamentos.

Em 2004, a Comissão Europeia publicou uma Comunicação (COM [2004] 62) sobre a
aplicação prática das disposições das Diretivas 89/391/CEE (diretiva-quadro),
89/654/CEE (locais de trabalho), 89/655/CEE (equipamentos de trabalho), 89/656/CEE
(equipamentos de proteção individual), 90/269/CEE (movimentação manual de cargas)
e 90/270/CEE (equipamentos dotados de visor). Nessa comunicação, a Comissão
referiu que estava demonstrada a influência positiva da legislação da UE nas normas
nacionais em matéria de saúde e segurança no trabalho, tanto no que diz respeito à
legislação nacional de execução e como à aplicação prática nas empresas e nas
instituições do sector público.

Em geral, o relatório concluía que a legislação da UE contribuiu para incutir uma


cultura de prevenção em toda a União Europeia, bem como para racionalizar e
simplificar os sistemas legislativos nacionais. Ao mesmo tempo, no entanto, o relatório
assinalou várias falhas na aplicação da legislação, impedindo a exploração do seu pleno
potencial. Além disso, era feita referência à instauração de processos por infração.

o Regime Jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho

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o Legislação complementar

Obrigações gerais do empregador

O empregador deve assegurar ao trabalhador condições de segurança e de saúde em


todos os aspetos do seu trabalho.

O empregador deve zelar, de forma continuada e permanente, pelo exercício da


atividade em condições de segurança e de saúde para o trabalhador, tendo em conta
os seguintes princípios gerais de prevenção:

a) Identificação dos riscos previsíveis em todas as atividades da empresa,


estabelecimento ou serviço, na conceção ou construção de instalações, de locais e

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processos de trabalho, assim como na seleção de equipamentos, substâncias e


produtos, com vista à eliminação dos mesmos ou, quando esta seja inviável, à redução
dos seus efeitos;

b) Integração da avaliação dos riscos para a segurança e a saúde do trabalhador no


conjunto das atividades da empresa, estabelecimento ou serviço, devendo adotar as
medidas adequadas de proteção;

c) Combate aos riscos na origem, por forma a eliminar ou reduzir a exposição e


aumentar os níveis de proteção;

d) Assegurar, nos locais de trabalho, que as exposições aos agentes químicos, físicos e
biológicos e aos fatores de risco psicossociais não constituem risco para a segurança e
saúde do trabalhador;

e) Adaptação do trabalho ao homem, especialmente no que se refere à conceção dos


postos de trabalho, à escolha de equipamentos de trabalho e aos métodos de trabalho
e produção, com vista a, nomeadamente, atenuar o trabalho monótono e o trabalho
repetitivo e reduzir os riscos psicossociais;

f) Adaptação ao estado de evolução da técnica, bem como a novas formas de


organização do trabalho;

g) Substituição do que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

h) Priorização das medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção


individual;

i) Elaboração e divulgação de instruções compreensíveis e adequadas à atividade


desenvolvida pelo trabalhador.

Sem prejuízo das demais obrigações do empregador, as medidas de prevenção


implementadas devem ser antecedidas e corresponder ao resultado das avaliações dos

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riscos associados às várias fases do processo produtivo, incluindo as atividades


preparatórias, de manutenção e reparação, de modo a obter como resultado níveis
eficazes de proteção da segurança e saúde do trabalhador.

Sempre que confiadas tarefas a um trabalhador, devem ser considerados os seus


conhecimentos e as suas aptidões em matéria de segurança e de saúde no trabalho,
cabendo ao empregador fornecer as informações e a formação necessárias ao
desenvolvimento da atividade em condições de segurança e de saúde.

Sempre que seja necessário aceder a zonas de risco elevado, o empregador deve
permitir o acesso apenas ao trabalhador com aptidão e formação adequadas, pelo
tempo mínimo necessário.

O empregador deve adotar medidas e dar instruções que permitam ao trabalhador,


em caso de perigo grave e iminente que não possa ser tecnicamente evitado, a sua
atividade ou afastar -se imediatamente do local de trabalho, sem que possa retomar a
atividade enquanto persistir esse perigo, salvo em casos excecionais e desde que
assegurada a proteção adequada.

O empregador deve ter em conta, na organização dos meios de prevenção, não só o


trabalhador como também terceiros suscetíveis de serem abrangidos pelos riscos da
realização dos trabalhos, quer nas instalações quer no exterior.

O empregador deve assegurar a vigilância da saúde do trabalhador em função dos


riscos a que estiver potencialmente exposto no local de trabalho.

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O empregador deve estabelecer em matéria de primeiros socorros, de combate a


incêndios e de evacuação as medidas que devem ser adotadas e a identificação dos
trabalhadores responsáveis pela sua aplicação, bem como assegurar os contactos
necessários com as entidades externas competentes para realizar aquelas operações e
as de emergência médica.

Na aplicação das medidas de prevenção, o empregador deve organizar os serviços


adequados, internos ou externos à empresa, estabelecimento ou serviço, mobilizando
os meios necessários, nomeadamente nos domínios das atividades técnicas de
prevenção, da formação e da informação, bem como o equipamento de proteção que
se torne necessário utilizar.

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As prescrições legais ou convencionais de segurança e de saúde no trabalho


estabelecidas para serem aplicadas na empresa, estabelecimento ou serviço devem ser
observadas pelo próprio empregador.

O empregador suporta os encargos com a organização e o funcionamento do serviço


de segurança e de saúde no trabalho e demais medidas de prevenção, incluindo
exames, avaliações de exposições, testes e outras ações dos riscos profissionais e
vigilância da saúde, sem impor aos trabalhadores quaisquer encargos financeiros.

Para efeitos do disposto no presente artigo, e salvaguardando as devidas adaptações,


o trabalhador independente é equiparado a empregador.

Obrigações do trabalhador

Constituem obrigações do trabalhador:

a) Cumprir as prescrições de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas nas


disposições legais e em instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho, bem
como as instruções determinadas com esse fim pelo empregador;

b) Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde
das outras pessoas que possam ser afetadas pelas suas ações ou omissões no trabalho,
sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços
sob o seu enquadramento hierárquico e técnico;

c) Utilizar corretamente e de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador,


máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e
meios postos à sua disposição, designadamente os equipamentos de proteção coletiva
e individual, bem como cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos;

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d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no serviço para a


melhoria do sistema de segurança e de saúde no trabalho, tomando conhecimento da
informação prestada pelo empregador e comparecendo às consultas e aos exames
determinados pelo médico do trabalho;

e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico ou, não sendo possível, ao


trabalhador designado para o desempenho de funções específicas nos domínios da
segurança e saúde no local de trabalho as avarias e deficiências por si detetadas que se
lhe afigurem suscetíveis de originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer
defeito verificado nos sistemas de proteção;

f) Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente


estabelecidas para tal situação, sem prejuízo do dever de contactar, logo que possível,
com o superior hierárquico ou com os trabalhadores que desempenham funções
específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho.

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4-Acidentes de trabalho

o Regime jurídico dos acidentes de trabalho

É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e


produza direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de
que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.

Um acidente de trabalho não é um acontecimento fortuito, cuja responsabilidade se


possa imputar a um acaso, a uma “fatalidade”. Um acidente de trabalho tem sempre
origem em uma ou mais causas.

Devemos no entanto distinguir entre:


 Incidente - Acontecimento não intencional que em circunstâncias ligeiramente
diferentes poderia provocar danos corporais, danos materiais ou perdas de
produção.
 Acidente - Acontecimento não intencional que provoca danos corporais, danos
materiais ou perdas de produção.

Sempre que um dano corporal necessitar de cuidados médicos ou de enfermagem é


um acidente, mesmo que o acidentado, por razões diversas, não tenha procurado
esses cuidados.

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o Causas e consequências dos acidentes de trabalho

As causas dos acidentes de trabalho devem ser investigadas. Elas devem ser
corretamente identificadas e prontamente eliminadas ou minimizadas de forma a
evitar a ocorrência de novos acidentes de trabalho.

Fator humano
A causa pessoal está relacionada com o conjunto de conhecimentos e habilidades que
cada um possui para desempenhar uma tarefa num dado momento.

Existem diversas características no indivíduo que o tornam mais ou menos propenso


para o acidente:
 Sexo;
 Idade;
 Características genéticas;
 Maior ou menor aptidão para o trabalho que realiza;
 Ignorância dos riscos, dos perigos inerentes ao trabalho;
 Determinados tipos de personalidade e de inteligência;
 Demasiada segurança em si próprio;
 Estado de saúde;
 Maior ou menor experiência;
 Maior ou menor tendência para a fadiga;
 Falta de proteção individual eficaz – acha que não é necessário;
 Maior ou menor motivação para o trabalho;
 Outros.

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Fator material
A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de trabalho,
como por exemplo:
 Materiais defeituosos
 Equipamentos em más condições
 Ambiente físicos ou químico não adequado
 Localização imprópria das máquinas
 Roupa e calçados não apropriados
 Instalações elétricas impróprias ou com defeito

Fator organizacional
Os fatores organizacionais relacionam-se com a estrutura e organização do trabalho da
própria entidade, como sendo por exemplo:
 Conflito de metas (pressões que possam ser exercidas para atingir uma
determinada meta, sem considerar os potenciais conflitos)
 Má distribuição de horários e tarefas.

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Fator ambiental
As causas dos acidentes de trabalho podem existir no ambiente de trabalho,
entendendo-se por ambiente de trabalho um todo que rodeia o trabalhador e no qual
se integram, também, as características individuais do próprio trabalhador.

Exemplos:
 Ambientes de trabalho pouco saudáveis
 Iluminação pouco adequada
 Elevado nível de ruído
 Ventilação não adequada
 Stress térmico.

Atualmente, em plena época da globalização, embora algumas empresas tenham


implantado e implementado com sucesso as normas de segurança e medicina do
trabalho, o índice de acidentes é ainda altíssimo e aviltante.

As consequências podem ser categorizadas em:


 Simples assistência médica - o segurado recebe atendimento médico e retorna
imediatamente às suas atividades profissionais;
 Incapacidade temporária - o segurado fica afastado do trabalho por um
período, até que esteja apto para retomar sua atividade profissional. Para a
Segurança Social é importante participar esse período seja inferior a 15 dias ou
superior, uma vez que, no segundo caso, é gerado um benefício pecuniário, o
auxílio-doença por acidente do trabalho;

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 Incapacidade permanente - o segurado fica incapacitado de exercer a atividade


profissional que exercia à época do acidente. Essa incapacidade permanente
pode ser total ou parcial. No primeiro caso o segurado fica impossibilitado de
exercer qualquer tipo de trabalho e passa a receber uma aposentadoria por
invalidez. No segundo caso o segurado recebe uma indemnização pela
incapacidade sofrida (auxílio-acidente), mas é considerado apto para o
desenvolvimento de outra atividade profissional;
 Morte - o segurado falece em consequência do acidente de trabalho.

A atribuição de indemnizações ou pensões de invalidez, além de diferenciada, é, em


alguns casos, incompleta. A situação é ainda mais crítica para as ocorrências de lesões
múltiplas e para os acidentados com lesões pré-existentes.

Danos humanos e materiais com custos para as empresas:


 Custos diretos: custos de seguros e respetivos agravamentos, vencimento e
subsídios referentes ao dia do acidente, diferença de vencimentos.
 Custos indiretos: danos materiais e patrimoniais, diminuição da produtividade,
indemnização a clientes por não cumprimento de prazos, imagem da empresa,
substituição do sinistrado, formação do trabalhador substituto, tempos de
paragem de outros trabalhadores, tempos de deslocação de terceiros a
estabelecimentos hospitalares, tempos de investigação dos acidentes pela
hierarquia e outros, mau ambiente de trabalho

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o Análises de acidentes de trabalho

Todos os anos na União Europeia cerca de 5 milhões de pessoas são vítimas de


acidentes de trabalho que ocasionam ausências superiores a 3 dias, num total de
aproximadamente 146 milhões de dias de trabalho perdidos:
 Ocorre 1 acidente de trabalho em cada 5 segundos, na EU;
 Morre 1 trabalhador a cada 2 horas, vítima de acidente de trabalho, na EU;
 Dois terços das 30 000 substâncias químicas mais utilizadas na EU, não foram
submetidas a testes toxicológicos completos e sistemáticos;
 Um quinto dos trabalhadores da UE - 32 milhões de pessoas – estão expostos a
agentes cancerígenos;

Estes riscos são agravados por uma informação e cumprimento inadequados das
normas de segurança. Um estudo, determinou que apenas 12% das empresas
conheciam os seus deveres legais.

Além disso, um estudo separado revelou que 20% das Fichas de Dados de Segurança
fornecidas pelos fabricantes de substâncias perigosas continham erros. Apenas as
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substâncias químicas notificadas desde 1981 são obrigatoriamente submetidas a esses


testes, embora a EU esteja a desenvolver uma estratégia para a avaliação sistemática
das chamadas substâncias químicas existentes.

Em todo o mundo ocorrem por ano cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e
são registadas mais de 160 milhões de doenças profissionais.

Algumas consequências desses acidentes são permanentes e afetam a capacidade de


trabalho das vítimas e a sua vida extralaboral. Os acidentes de trabalho ocorrem em
todas as indústrias e incluem escorregões, tropeções, quedas de pessoas ou de
objetos, objetos cortantes e quentes, e acidentes que envolvem veículos e máquinas.

o Estatísticas de acidentes de trabalho

Em Portugal

Dados relativos a 2011


No decurso de 2011 a ACT a ACT realizou 161 inquéritos de acidentes de trabalho
mortais, sendo que 149 desses inquéritos foram relativos a acidentes ocorridos em
2011, enquanto 12 inquéritos foram referentes a acidentes ocorridos em 2010 mas
comunicados à ACT apenas em 2011.

Salienta-se, ainda, que em 2011 a metodologia utilizada na realização dos inquéritos


de acidente de trabalho foi alterada, tendo os inquéritos sido alargados aos acidentes
de viagem, de transporte ou de circulação e aos acidentes in itinere.

Nos anos anteriores apenas foram realizados inquéritos aos acidentes mortais
ocorridos nas instalações do empregador. No quadro seguinte apresenta-se o número
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de inquéritos realizados no ano de 2011 a acidentes de trabalho mortais, por tipo de


acidente.

No quadro seguinte apresenta-se por atividade económica, a incidência dos inquéritos


Realizados em 2011 a acidentes de trabalho mortais.

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Quanto à dimensão das empresas onde ocorreram acidentes de trabalho mortais,


verifica-se que 29,2% da totalidade desses acidentes ocorreu em micro empresas. Em
termos de género, dos inquéritos realizados em 2011, 57 dos sinistrados eram do sexo
feminino e 1568 do sexo masculino.

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No número total de acidentes de trabalho mortais 15 sinistrados eram cidadãos


estrangeiros.

Destaca-se que 6 destes 15 acidentes, ocorreram no sector da construção, o que


equivale a 9,3% do total de acidentes e a 13,6% no sector da construção.

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Os 12 acidentes de trabalho mortais comunicados em 2011, mas ocorridos em 2010,


verificaram-se nos distritos de Santarém (2), de Lisboa (2), de Castelo Branco (1), de
Aveiro (2) e de Braga (5). Os acidentes que tiveram lugar no distrito de Braga incluem 2
acidentes no sector da construção.

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o Formação

De acordo com um estudo do Instituto para a Inovação na Formação, a atividade


económica que designamos por construção civil, é uma atividade industrial, e inclui as
obras novas, nomeadamente os edifícios, as vias de comunicação, engenharia
hidráulica ou redes de distribuição, bem como a sua demolição, reabilitação e
conservação.

Características do sector da construção civil:

• Cada projeto é único, constituindo, no fundo, e em termos industriais, um protótipo;

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• o produto final do sector não pode ser “exportado”, ao contrário da maior parte dos
produtos de outros sectores, tendo por isso que se exportar ou importar mão-de-obra.
Por este motivo, o sector apresenta, na União Europeia, a mais elevada taxa de
emprego de população estrangeira;

• a separação entre a atividade de projeto e a execução da obra é muito grande, não


existindo, normalmente, preocupação por parte dos projetistas no acompanhamento
da execução. Por outro lado, os projetos versam, normalmente, aspetos técnicos, não
se debruçando devidamente sobre os processos construtivos, que são remetidos,
habitualmente, para o responsável pela execução;

• a construção envolve uma série de atividades muito diversificadas entre si,


condicionando o produto final, e com uma grande componente de trabalho
independente e artesanal;

• a grande variedade de profissões envolvidas origina uma multiplicidade de estatutos


laborais, agravada pelo concurso à subcontratação, por vezes em cadeia, e ao trabalho
temporário, à peça ou à hora;

• o nível de formação dos trabalhadores é, geralmente, muito baixo, e a percentagem


de quadros médios e superiores é das mais baixas no contexto das atividades
industriais. Recorre-se com frequência à contratação de trabalhadores indiferenciados,
ou serventes, sem qualquer formação ou função específica;

• o local do exercício da atividade está também sujeito a constantes alterações e as


instalações de alojamento são provisórias, daí resultando níveis de conforto quase
sempre muito baixos;

• as profissões ligadas ao sector são socialmente pouco prestigiadas. Muitos dos


trabalhadores que vão trabalhar para as obras, fazem-no porque não conseguem
arranjar outro emprego.

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Assim, cabe ao departamento da Gestão de Recursos Humanos o seguinte:


• Promover um processo de valorização social dos empregos da construção civil, em
especial dos empregos da execução, através de uma política de recrutamento mais
exigente em formação de base específica ao sector e através da oferta de condições
contratuais mais atrativas;

• Investir na formação profissional contínua da mão-de-obra, através do


desenvolvimento de módulos de formação, quer recorrendo aos técnicos da empresa,
quer recorrendo à oferta de formação disponível no mercado. O investimento e a
organização da formação neste sector têm, no entanto, contrariedades: a reduzida
dimensão das empresas e as suas limitações financeiras e organizativas no acesso à
formação estruturada; a elevada taxa de ocupação dos profissionais da construção civil
(peso excessivo de horas extraordinárias); a fraca motivação destes profissionais para
investimentos em formação ao longo da vida; a política de recrutamento e de
contratação muito assente na baixa qualificação, baixa escolaridade e precariedade.

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O investimento na formação contínua por parte das empresas e dos trabalhadores


do sector deverá resultar:

• da capacidade das empresas em oferecerem formação integrada no próprio contexto


de trabalho – enriquecimento dos conteúdos de trabalho, desenvolvimento da
mobilidade funcional e profissional e de formas organizacionais como “equipas
polivalentes” e “unidades de projeto”, aproveitando do núcleo de saberes tácitos e
empíricos, extremamente importante neste sector, e, normalmente, concentrado na
figura do encarregado, no sentido de desenvolver formas de aprendizagem no posto
de trabalho, pedagogicamente estruturadas e apoiadas num modelo de tutória;

• possibilitar a frequência de ações de formação pós-laboral;

• da oferta de contrapartidas contratuais aos profissionais que invistam na sua


formação;

• do desenvolvimento de parcerias com entidades formadoras, associações


empresariais e sindicatos, e outras empresas (nomeadamente, aproveitando a
complexa rede de subcontratação típica deste sector) por forma a facilitar o acesso das
micro e pequenas empresas à oferta de formação disponível bem como o investimento
em formação interna.

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5-Segurança nos estaleiros temporários ou móveis

o Enquadramento legal

As atividades de construção civil em estaleiros envolvem vários riscos, podendo


resultar em acidentes quando não são tomadas as medidas de segurança necessárias.
As quedas em alturas, os esmagamentos e os soterramentos são os principais
acidentes no trabalho. No entanto, a aplicação de medidas preventivas pode garantir a
segurança de todos nos estaleiros.

Implementar as medidas de segurança é uma obrigação de todos, não só das


entidades empregadoras ou dos trabalhadores.

As questões relacionadas com a Prevenção, Segurança e Higiene no trabalho


apresentam aspetos de diversa natureza:

- Social, uma vez que a segurança se reflete não só no plano individual mas também
na vida social do ser humano;

- Jurídica, consubstanciados na legislação reguladora da proteção do trabalhador e de


terceiros contra os riscos decorrentes da instalação e funcionamento dos
estabelecimentos industriais;

- Económica, dada a disparidade existente entre as verbas necessárias à


implementação de medidas de Segurança e Higiene no trabalho e os custos de um
acidente - indemnizações, salários, assistência médica, seguros, etc., para além da
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inatividade do trabalhador - que inevitavelmente nos levam a concluir pelas reais


vantagens daquelas medidas, quer para a entidade empregadora, quer para o
Estado.

o Prescrições mínimas de segurança nos estaleiros temporários ou


móveis: legislação em vigor

Ajustar o projeto a implantar às condições que se verificam no espaço reservado para


a sua instalação é uma medida fundamental para que não se verifiquem surpresas à
“posteriori” e para a prevenção de acidentes ao longo de toda a fase de execução da
obra. Um reconhecimento pormenorizado do local vai permitir confirmar os
condicionalismos já levantados e eventualmente identificar outros que interfiram com
a execução dos trabalhos impedindo a sua concretização ou criando condições de risco
que detetadas antecipadamente poderão ser corretamente prevenidas.

O levantamento de condicionalismos vai permitir registar todos os elementos que vão


interferir com o empreendimento e analisar as situações caso a caso de modo a ser
adotada a melhor solução para cada uma.

Deverá ser dada especial atenção aos trabalhos com interferência com a via pública,
nomeadamente com eventuais serviços afetados. Os riscos envolvidos com a
existência destas infraestruturas técnicas obrigarão a que o empreiteiro proceda ao
levantamento cadastral, à verificação da implantação através de sondagens pontuais e
ao registo de todos os elementos que possam interferir com a execução da obra e do
próprio estaleiro.

A implantação dessas infraestruturas será anexa a este P.S.S., devendo por cada uma
delas ser elaborado um plano de ação que, só depois de submetido à aprovação da
respetiva concessionária, será executado.

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o Riscos presentes nos estaleiros temporários ou móveis

Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, a avaliação de


riscos constitui a base da abordagem comunitária para prevenir acidentes e problemas
de saúde profissionais, sendo o fator-chave para um local de trabalho saudável. A
avaliação de riscos é um processo dinâmico que permite às empresas e organizações
implementarem uma política pró-ativa de gestão dos riscos no local de trabalho.

Desta forma as avaliações de riscos tomem as medidas necessárias para proteger a


segurança e a saúde dos trabalhadores, nomeadamente:

✓ Prevenção dos riscos profissionais;

✓ Prestação de informação e formação dos trabalhadores;


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✓ Adequação da organização e implementação das medidas necessárias.

A avaliação de riscos deve ser estruturada e aplicada de forma a auxiliar os


empregadores a:

✓ Identificar os perigos existentes no local de trabalho e avaliar os riscos que lhes


estão associados, de forma a determinar as medidas a aplicar para a proteção da
saúde e segurança dos trabalhadores, tendo em conta os requisitos legais;

✓ Avaliar os riscos de forma a poder fazer a seleção mais adequada de equipamentos


de trabalho, substâncias químicas ou preparações utilizadas, da organização do espaço
do espaço de trabalho e do próprio trabalho;

✓ Verificar se as medidas aplicadas são adequadas;

✓ Dar prioridade à ação se se mostrar necessário adotar medidas adicionais na


sequência da avaliação;

✓ Demonstrar a si próprios, às autoridades competentes, aos trabalhadores e aos seus


representantes que todos os fatores pertinentes para o trabalho foram considerados e
que foi feito um juízo válido e informado sobre os riscos e as medidas necessárias para
salvaguardar a higiene e a segurança;

✓ Garantir que as medidas preventivas e os métodos de trabalho e de produção


considerados necessários e implementados na sequência de uma avaliação de riscos
proporcionam uma melhoria do nível de proteção da higiene e segurança dos
trabalhadores.

Assim, são descritas as situações observadas pelo técnico de SHST, identificados os


riscos associados a essas mesmas situações, valorados (tendo em conta a
probabilidade e a gravidade), classificados (como aceitáveis ou não aceitáveis para a
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segurança e saúde dos trabalhadores) e propostas medidas para eliminar a situação


(ou torná-la tolerável do ponto de vista da segurança). Nas atividades inerentes à
construção são utilizados vários equipamentos diferentes nas diversas tarefas
realizadas por uma pessoa ou uma equipa.

Os materiais utilizados na obra e as atividades envolvidas estão muito bem definidos e


estas podem ser divididas em tarefas específicas. Por exemplo na atividade de
movimentação de terra encontram-se as tarefas escavações, aterro e terraplanagem,
que são auxiliados por trabalhos de topografia e ensaios geotécnicos.

o Instrumentos

 - Plano de segurança e saúde

O processo produtivo, como qualquer atividade humana, envolve inúmeros riscos, não
só para as pessoas, mas também para o património. As preocupações com as
condições de segurança, higiene e saúde no trabalho centram-se, fundamentalmente,
nos riscos suscetíveis de provocar danos nas pessoas, vulgarmente designados por
riscos profissionais, que podem dar origem quer aos acidentes de trabalho, quer às
doenças profissionais.

É consensualmente reconhecido que a organização de serviços de Segurança, Higiene


e Saúde no Trabalho nas empresas e, em geral, em todos os locais onde os
trabalhadores desenvolvem a sua atividade, constitui um eixo fundamental na
promoção da saúde dos trabalhadores, na prevenção de riscos profissionais e,
consequentemente, no combate à sinistralidade laboral. Centrando-se nas situações
passíveis de conduzirem a acidentes de trabalho, ou doenças profissionais, as

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preocupações com Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho deram origem a dois


ramos de Prevenção, sendo o primeiro a Segurança do Trabalho que corresponde às
técnicas que permitem diminuir a probabilidade de ocorrência de acidentes e o
segundo, a Higiene do Trabalho que se dedica ao controlo do ambiente no sentido de
reduzir o aparecimento e o desenvolvimento das doenças profissionais.

A Prevenção e a Proteção ainda que prosseguindo finalidades diferentes, são, no


entanto, complementares. As técnicas de Prevenção/Proteção devem basear-se numa
correta e exaustiva análise dos riscos do trabalho, traduzindo-se no estabelecimento
formal de regras de atuação, sempre acompanhadas de informação e formação.

 - Compilação técnica

É de realçar, que decorre do próprio cumprimento de imposições legais que impõem


nomeadamente, na área dos riscos profissionais, que mais diretamente têm a ver com
o ambiente de trabalho, a formação e informação atualizadas dos trabalhadores e a
formação e a qualificação de responsáveis ou técnicos de áreas de segurança ou
higiene no trabalho.

 - Comunicação prévia

O Dono da obra deve comunicar previamente a abertura do estaleiro à Inspeção


Geral do Trabalho quando for previsível que a execução da obra envolva uma das
seguintes situações:

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a) Um prazo total superior a 30 dias e , em qualquer momento, a utilização simultânea


de mais de 20 trabalhadores.

b) Um total de mais 500 dias de trabalho, correspondente ao somatório dos dias de


trabalho prestado por cada um dos trabalhadores.

A comunicação prévia referida no número anterior deve ser datada, assinada e


indicar:

a)O endereço completo do estaleiro;

b)A natureza e a utilização previstas para a obra;

c) O dono da obra, o autor ou autores do projeto e a entidade executante, bem como


os respetivos domicílios ou sedes;

d) O fiscal ou fiscais da obra, o coordenador de segurança em projeto e o coordenador


de segurança em obra, bem como os respetivos domicílios;

e) O diretor técnico da empreitada e o representante da entidade executante, se for


nomeado para permanecer no estaleiro durante a execução da obra, bem como os
respetivos domicílios, no caso de empreitada de obra pública;

f)O responsável pela direção técnica da obra e respetivo domicílio, no caso de obra
particular;

g)As datas previstas para o início e termo dos trabalhos no Estaleiro;

h) A estimativa do número máximo de trabalhadores por conta de outrem e


independentes que estarão presentes em simultâneo no estaleiro, ou do somatório
dos dias de trabalho prestado por cada um dos trabalhadores, consoante a
comunicação prévia seja baseada nas alíneas a) ou b) do n.º 1;

i)A estimativa do número de empresas e de trabalhadores independentes a operar no


Estaleiro;
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j)A identificação dos subempreiteiros já selecionados.

A comunicação prévia deve ser acompanhada de :

a) Declaração do autor ou autores do projeto e do coordenador de segurança em


projeto, identificando a obra;

b) Declarações da entidade executante, do coordenador de segurança em obra, do


fiscal ou fiscais da obra, do diretor técnico da empreitada, do representante da
entidade executante e do responsável pela direção técnica da obra, identificando o
estaleiro e as datas previstas para o início e termo dos trabalhos.

o Atores

A segurança e a saúde no trabalho são, antes de mais, da responsabilidade do


empregador. Isto é, do responsável da empresa:

 Ele decide o que vai produzir e como essa produção se desenvolverá;


 Ele decide sobre a aquisição de novas máquinas de trabalho e sobre a
introdução

de novos métodos de trabalho;

 Ele é igualmente responsável pela organização na empresa e, portanto, o


empregador é o principal responsável pela proteção no trabalho. Contudo, a
segurança e a saúde no local de trabalho não são unicamente deveres do
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empregador. Não podem ser garantidas sem o responsável da empresa e as


chefias em conjunto com todos os trabalhadores. Todos devem reunir esforços
para garantir a segurança e a saúde no trabalho.

Os trabalhadores têm igualmente obrigações; em particular eles devem:

- Respeitar as instruções do seu empregador no que diz respeito à prevenção dos

acidentes;

- Apoiar as medidas para a segurança no trabalho;

- Utilizar os equipamentos de proteção colocados à sua disposição;

- Utilizar as instalações para os fins destinados pelo empregador ou com fins de uso
corrente e não as utilizar sem autorização;

- Eliminar ou sinalizar imediatamente os defeitos constatados. É evidente que os


trabalhadores não devem obedecer às ordens da chefia que sejam contrárias às
exigências da segurança. Uma mão amputada, a perda dum olho, a boa saúde e
capacidade de trabalho diminuídas, não podem mais ser substituídas.

o Responsabilidades

Dono da obra:

O dono da obra designará os técnicos necessários que, em seu nome, farão a


coordenação da segurança e a fiscalização, procurando assegurar que:

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a) Seja integrada a aplicação dos princípios gerais de prevenção nas opções


arquitetónicas, técnicas e organizacionais de planificação dos diferentes trabalhos,
fases e tempos de realização dos mesmos;

b) Sejam feitas as eventuais adaptações do presente Plano de Segurança e Saúde, em


função da evolução dos trabalhos;

c) Seja desenvolvida a cooperação e coordenação das atividades em matéria de


segurança, higiene e saúde, com vista à prevenção de acidentes e, em geral, dos riscos
profissionais;

d) Seja prestada informação necessária à cooperação e coordenação referidas na


alínea anterior;

e) Seja fiscalizada a correta aplicação das normas e dos métodos de trabalho;

f) Seja elaborada a Comunicação Prévia com elementos de informação úteis em


matéria de segurança, higiene e saúde, tendo em vista as intervenções e
trabalhos posteriores à conclusão da obra.

Coordenador em matéria de segurança e saúde da obra

O coordenador em matéria de segurança e saúde da obra terá como funções:


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a) Coordenar a atividade dos intervenientes no estaleiro, tendo em vista a integração


dos princípios gerais de prevenção nos processos construtivos e na organização do
trabalho;

b) Garantir a boa organização geral do estaleiro;

c) Garantir o bom cumprimento da programação dos trabalhos, no sentido de ser


evitada a sobreposição de tarefas incompatíveis e ser garantida a boa gestão dos
trabalhos simultâneos e sucessivos;

d) Promover a implementação das medidas previstas no Plano de Segurança e Saúde;

e) Assegurar o cumprimento da programação relativa a trabalhos que impliquem


riscos especiais;

f) Garantir a adaptação do Plano de Segurança e Saúde em face dos desvios ao


projecto a consagrar em obra, bem como da utilização de métodos e processos de
trabalho propostos pelos intervenientes e não previstos naquele documento;

g) Aferir a adequabilidade geral do Plano de Segurança e Saúde à obra e garantir a sua


adaptação, sempre que necessário;

h) Garantir a observância da programação estabelecida para a utilização comum de


equipamento;

i) Garantir o bom funcionamento da cadeia de responsabilidades, de acordo com as


tarefas e papéis estabelecidos;

j) Promover a divulgação mútua de informação sobre riscos profissionais entre os


intervenientes no estaleiro;

k) Definir as condições de acesso ao estaleiro;

l) Salvaguardar que a atividade do estaleiro não constitua risco para terceiros;

m) Organizar inspeções ao estaleiro;

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n) Promover reuniões de coordenação com os intervenientes no estaleiro;

o) Promover a adaptação da Compilação Técnica face aos desvios ao projeto


consagrados em obra;

p) Zelar pela correta integração do dono da obra no sistema de relacionamento


estabelecido com os diversos intervenientes no estaleiro;

q) Assegurar os registos previstos no Plano de Segurança e Saúde;

r) Realizar inquéritos de acidente de trabalho;

s) Assegurar o relacionamento com entidades públicas, em especial a inspeção do


Trabalho.

Diretor da obra

O diretor da obra deve, dentro das suas normais funções:

a) Criar procedimentos que garantam uma cuidada planificação da obra e, efetuando


a análise de riscos de cada função e operação, incluir as necessárias medidas de
prevenção e de controlo;

b) Ser responsabilizado e responsabilizar a estrutura hierárquica da obra, para os


assuntos de segurança, higiene e saúde no trabalho;

c) Responsabilizar os diversos encarregados pelas frentes de trabalho pelo


empenhamento na execução dos trabalhos de uma forma organizada, seguindo a
planificação, preparando cada operação e incorporando as medidas preventivas
necessárias;

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d) Assegurar o acompanhamento e verificação de que as respetivas medidas de


prevenção são integralmente recebidas, compreendidas e aplicadas pelos
trabalhadores em trabalhos com interferência no trânsito, com o público, trabalhos
em altura e em zonas onde exista o risco de desmoronamento ou soterramento,
trabalhos com produtos tóxicos, inflamáveis ou corrosivos;

e) Reunir os elementos de informação indispensáveis à execução de análise de


acidentes, estatísticas técnicas, documentação técnica e regulamentar e
estabelecimento de um programa de prevenção;

f) Visitar os locais de trabalho regularmente, detetando todas as situações e


comportamentos contrários às regras de segurança e formular alternativas a este
respeito;

g) Animar e eventualmente organizar campanhas de segurança;

h) Participar na formação continua do pessoal.

Apontador(es)

As suas funções consistirão na manutenção, controlo e atualização de diversos


ficheiros (fichas de aptidão de todos os trabalhadores, seguros de acidentes de
trabalho de todos os empregadores e trabalhadores independentes, fichas de
distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e de controlo de
equipamentos, horários de trabalho e comprovativo da legalização de
trabalhadores estrangeiros).

Preparador(es)

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As suas funções consistirão na execução do detalhe do processo de execução tendo


em consideração o preconizado no Plano de proteções coletivas do Plano de
Segurança e Saúde.

Encarregado geral

Tem a função de apoiar diretamente os encarregados da frente no sentido da


implementação das medidas propostas neste documento.

Entre outras, tem as seguintes atribuições:

a) Apresentar recomendações à Direção da Obra destinadas a evitar acidentes de


trabalho e a melhorar as condições de segurança e higiene no trabalho;

b) Auxiliar na análise dos acidentes ocorridos;

c) Ser porta-voz das reivindicações dos trabalhadores sobre as condições de segurança


e higiene no trabalho;

d) Verificar o cumprimento das normas de segurança internas e oficiais;

e) Efetuar inspeções periódicas nos locais de trabalho e tomar medidas imediatas com
vista à eliminação das anomalias verificadas, quando estas ponham em risco a
integridade física dos trabalhadores;

f) Garantir a aplicação de listas de verificação internas aos equipamentos, materiais e


operações consideradas fundamentais no sistema de prevenção de riscos.

Encarregados de frente

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São responsáveis por:

a) Verificar que o pessoal da sua equipa conhece e está familiarizado com os


equipamentos, os processos e os riscos das suas atividades;

b) Zelar pela implementação das medidas de proteção coletiva;

c) Verificar e exigir o uso efetivo e coerente dos equipamentos de proteção e


sinalização individuais, de acordo com cada trabalho;

d) Garantir o trabalho seguro em zonas com risco de queda em altura, de abatimento


ou soterramento, ou outros riscos especiais;

e) Verificar as operações/sub-operações consideradas fundamentais no sistema de


prevenção de riscos - Procedimentos de Inspeção/Prevenção;

f) Garantir o uso de equipamentos e ferramentas elétricas em bom estado, verificando


os cabos elétricos e as ligações e substituindo-os sempre que necessário;

g) Garantir a verificação diária do estado das máquinas, evitando um mau


funcionamento ou funcionamento com sistemas de proteção bloqueados;

h) Reportar de imediato qualquer situação de risco, tomando por iniciativa as


primeiras medidas preventivas;

i) Garantir a arrumação e limpeza das zonas de trabalho sob a sua responsabilidade.

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6-Plano de segurança e saúde

o No projeto

 - Âmbito de aplicação do Plano

O empreiteiro deverá submeter à aprovação do dono da obra o projeto do estaleiro a


implementar. Entende-se como estaleiro todo o espaço físico necessário à implantação
das instalações de apoio à execução da obra (escritórios, dormitórios, refeitórios,
Carpintaria, montagem de ferro, laboratório, armazéns, garagens, etc.), e dos
equipamentos de apoio (gruas, centrais de betão e de misturas betuminosas, etc.).

No projeto do estaleiro, para além da planta de localização e de pormenor do


estaleiro com a respetiva legenda, deverá ser feita referência aos seguintes aspetos:

• Local e tipo de portaria;

• Tipo de acessos ao estaleiro;

• Tipo de vedações;

• Existência de obstáculos externos;

• Abastecimento de água (onde está disponível e quem fornece);

• Abastecimento de energia elétrica (onde está disponível e quem fornece);

• Rede telefónica (onde está disponível e quem fornece);

• Tipo de mão-de-obra (residente ou não);

• Local de vazadouro de entulho e frequência de remoção de lixo;

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• Tipos de equipamentos de apoio à obra fixos;

• Localização dos depósitos de materiais.

 - Memória descritiva e ações para prevenção de riscos

Em função dos métodos e processos construtivos que vier a propor adotar na


execução dos trabalhos e que mereçam a aceitação por parte do dono da obra, deverá
o adjudicatário elaborar a lista de trabalhos com riscos especiais.

Segundo a Diretiva Estaleiros deverá ser elaborada uma lista de trabalhos com riscos
especiais para a segurança e saúde dos trabalhadores, dentro daqueles que figurem
na lista seguinte:

a) Trabalhos que exponham os trabalhadores a riscos de soterramento, de


afundamento ou de queda em altura, particularmente agravados pela natureza da
atividade ou dos meios utilizados, ou do meio envolvente do posto, ou da situação de
trabalho ou do estaleiro;

b) Trabalhos que exponham os trabalhadores a substâncias químicas ou biológicas que


representem riscos específicos para a segurança e saúde ou relativamente às quais
exista uma obrigação legal de vigilância médica;

c) Trabalhos com radiações ionizantes, em relação aos quais seja obrigatória a


designação de zonas controladas ou vigiadas como as definidas na legislação em vigor;

d) Trabalhos na proximidade de linhas elétricas de alta tensão;

e) Trabalhos que impliquem riscos de afogamento;

f) Trabalhos em poços, túneis ou galerias;

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g) Trabalhos de mergulho com aparelhagem;

h) Trabalhos em caixotões de ar comprimido;

i) Trabalhos que impliquem a utilização de explosivos;

j) Trabalhos de montagem e desmontagem de elementos pré-fabricados ou outros,


cuja forma, dimensão ou peso exponham os trabalhadores a riscos graves;

k) Quaisquer outros trabalhos que o dono de obra ou o autor do projeto


fundamentalmente considerem suscetíveis de construir risco grave para a segurança e
saúde dos trabalhadores.

o Na execução

 - Implementação do Plano de Segurança e Saúde

Deverão ser realizados exames médicos e complementares de diagnóstico de saúde


(admissão, periódicos e ocasionais), com a seguinte periodicidade:

• Admissão: Todos os trabalhadores admitidos até 20 dias após o início de atividade;

• Periódicos: Anual para os trabalhadores com menos de 18 e mais de 50 anos; anual


para os trabalhadores com maior risco de acidente ou doença profissional;

• Ocasionais: Por ausência superior a 30 dias devido a acidente ou doença


profissional; sempre que o médico de trabalho considere haver repercussão nociva na
saúde do trabalhador.

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7-Protecção do trabalhador

o Enquadramento legal

A Lei n.º 79/2019 – Diário da República n.º 167/2019, Série I de 2019-09-02 estabelece
as formas de aplicação do regime da segurança e saúde no trabalho previsto no Código
do Trabalho e legislação complementar, aos órgãos e serviços da Administração
Pública, alterando a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.

o Proteção individual

Quando não for possível adotar medidas de segurança de ordem geral, para garantir a
proteção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, devem-se utilizar os
equipamentos de proteção individual, conhecidos pela sigla EPI.

São considerados equipamentos de proteção individual todos os dispositivos de uso


pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador.

Os EPIs não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz com a proteção
coletiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem decorrer de acidentes.

A lei determina que os EPIs sejam aprovados pelo Ministério do Trabalho, mediante
certificados de aprovação (CA). As empresas devem fornecer os EPIs gratuitamente aos
trabalhadores que deles necessitarem.

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A lei estabelece também que é obrigação dos empregados usar os equipamentos de


proteção individual onde houver risco, assim como os demais meios destinados a sua
segurança.

Sinalização do Uso Obrigatório de Equipamento de Proteção Individual

Obrigatório usar Obrigatório usar Obrigatório usar


óculos de proteção capacete de proteção protetor de ouvidos

Obrigatório usar Obrigatório usar Obrigatório usar


máscara de proteção calçado de proteção luvas de proteção

Obrigatório usar Obrigatório usar Obrigatório usar proteção


roupa de proteção viseira de proteção individual contra quedas

Tipos de equipamentos de proteção

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Existem EPIs para proteção de praticamente todas as partes do corpo. Veja alguns
exemplos:

CABEÇA E CRÂNIO  Capacete de segurança


contra impactos,
perfurações, ação dos
agentes meteorológicos
etc.
OLHOS  Óculos contra impactos, que
evita a cegueira total ou parcial
e a conjuntivite.
 É utilizado em trabalhos onde
existe o risco de impacto de
estilhaços e limalhas.

VIAS  Protetor respiratório, que


RESPIRATÓRIAS
previne problemas pulmonares
e das vias respiratórias, e deve
ser utilizado em ambientes com
poeiras, gases, vapores ou
fumos nocivos.

FACE  Máscara de solda, que protege


contra impactos de partículas,
respingos de produtos
químicos, radiação
(infravermelha e ultravioleta) e
ofuscamento.

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OUVIDOS  Auriculares, que previne a


surdez, o cansaço, a irritação e
outros problemas psicológicos.
 Deve ser usada sempre que o
ambiente apresentar níveis de
ruído superiores aos aceitáveis,
de acordo com a norma
regulamentadora.

MÃOS E BRAÇOS  Luvas, que evitam problemas de


pele, choque elétrico,
queimaduras, cortes e raspões
e devem ser usadas em
trabalhos com solda elétrica,
produtos químicos, materiais
cortantes, ásperos, pesados e
quentes.

PERNAS E PÉS  Botas de borracha, que


proporcionam isolamento
contra eletricidade e humidade.
 Devem ser utilizadas em
ambientes húmidos e em
trabalhos que exigem contacto
com produtos químicos.

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TRONCO  Aventais de couro, que


protegem de impactos, gotas
de produtos químicos, choque
elétrico, queimaduras e cortes.
 Devem ser usados em trabalhos
de soldagem elétrica,
oxiacetilénica, corte a quente.

Cada tipo de Equipamento de Proteção Individual apresenta um conjunto de regras


relativas à sua utilização e manutenção. De seguida apresenta-se um conjunto de
cuidados, de carácter geral:
 Antes de utilizar o EPI, o trabalhador deverá verificar sempre o seu estado de
conservação e limpeza e respetivos prazos de validade;
 Se o EPI apresentar alguma deficiência que altere as suas características
protetoras, deverá a sua utilização ser evitada e a chefia direta informada de tal
cato, por escrito;
 Os EPI’s são de uso individual, a fim de se adaptarem às medidas do utilizador e
também por razões higiénicas;
 O trabalhador deverá limpar cuidadosamente os EPI’s após cada utilização.
 Após a utilização dos EPI’s em presença de produtos tóxicos, deverão os
mesmos ser desinfetados com materiais adequados que não alterem as suas
características;
 Os EPI’s deverão ser guardados em recipiente ou armário próprio, isento de
poeiras, produtos tóxicos ou abrasivos, utilizando embalagem própria e nas
melhore condições de higiene;
 Os EPI’s não deverão nunca estar em contacto direto com ferramentas e outros
materiais ou equipamentos.

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o Proteção coletiva

As medidas de proteção coletiva, através dos equipamentos de proteção coletiva


(EPC), devem ter prioridade, conforme determina a legislação, uma vez que beneficiam
todos os trabalhadores, indistintamente.

Os EPCs devem ser mantidos nas condições que os especialistas em segurança


estabelecerem, devendo ser reparados sempre que apresentarem qualquer
deficiência.

Vejamos alguns exemplos de aplicação de EPCs:


 Sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes do
local de trabalho;
 Enclausuramento de máquina ruidosa para livrar o ambiente do ruído
excessivo;
 Comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora da zona de perigo,
durante o ciclo de uma máquina;
 Cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforços,
caso venham a se desprender.

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Bibliografia

AA VV., Compilação de dados estatísticos sobre sinistralidade laboral e doenças


profissionais em Portugal, Ed. UGT, 2012

AA VV., Manual de segurança, higiene e saúde no trabalho, Edição Compenditur: Dep.


recursos didáticos

AA VV., Manual de higiene e segurança no trabalho, Programa de formação PME, AEP

AA VV., Manual de boas práticas ambientais e de responsabilidade social, UERN –


União das Empresas da Região Norte

AA VV. Plano Nacional de Gestão de Resíduos, Ed. APA – Agência Portuguesa do


Ambiente, 2011

Webgrafia

Autoridade para as Condições de Trabalho


http://www.act.gov.pt/

Agência Europeia de Higiene e Segurança no Trabalho


https://osha.europa.eu/pt

Agência Portuguesa do Ambiente


http://www.apambiente.pt

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Termos de Utilização

Este manual é protegido pelo Direito de Autor enquanto criação intelectual do domínio
literário e científico. Todos os direitos são do Manuais da Formação Profissional.

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com o de novidade e pode ser definido, sinteticamente, como individualidade própria
ou criatividade. Uma obra que se caracterize pela originalidade encontra-se protegida
ainda que o tema utilizado pelo autor já tenha sido objeto de outra obra do mesmo
género ou de género diverso.

As ideias, os processos, os sistemas, os métodos operacionais, os conceitos, os


princípios ou as descobertas não são, por si só e enquanto tais, protegidos pelo direito
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Não poderá ser reproduzida ou utilizada sem o prévio consentimento de quem detém
os direitos de autores.

Disposição legal relevante: 1º do CDADC

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