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Os princípios dos direitos reais

1. O princípio da tipicidade
Art.º 1306/1 CC
Aos particulares não é admitida a criação de figuras com natureza real que lhes
aprouver.
Autonomia privada restringida à possibilidade prevista na lei.
Art.º 1361:

 Desatualizada: utiliza a doutrina do desmembramento: vê e cada direito real


menor uma parte do domínio:
o Fala em figuras parcelares do direito de propriedade.
 Limita a violação à criação de restrições a um direito real: esta violação também
pode ser um aumento do aproveitamento.
Vertentes do princípio da tipicidade:

 Escolha do tipo: proibição de criar um direito real diferente dos que constam do
catálogo legal;
 Modificação do tipo: não podem compor o conteúdo do direito real a seu belo
prazer:
o Proibição de modificar o conteúdo injuntivo típico do direito real
previsto na lei;
o Para saber qual é este é necessário interpretar o regime jurídico que o
institui;
o Relevam as normas imperativas: distinguem o conteúdo injuntivo do
direito real do conteúdo supletivo:
 Os particulares podem mover-se livremente dentro do conteúdo
das normas supletivas;
 Estas normas imperativas moldam o tipo legal do direito real
 Direito que confere o aproveitamento de uma coisa
corpórea
 O facto de existirem normas supletivas não quer dizer que
estejamos perante um tipo aberto de direito real
Os direitos reais são tipos porque representam algumas formas de aproveitamento
possível das utilidades das coisas corpóreas, sem as esgotarem

 Na prática os direitos reais são regulados como conceitos ou classes


 As normas de cada classe compreendem regras e poderes, podendo abranger
restrições ou formas de deveres
Existem, portanto, um conteúdo injuntivo típico de cada direito real
Exceção do art.º 1544:
 Pode ser objeto de servidão quaisquer utilidades
 Não concretizam o gozo específico objeto do direito
 Possibilita a convenção privada de um conteúdo de aproveitamento
Esta tipicidade traz:

 Estabilidade: os operados ficam habituados a trabalhar com uma série de


figuras
 Segurança: o número concreto de figuras possibilita o reconhecimento dos
direitos reais e a sua publicidade
2. O princípio da inerência
Os direitos reais têm por objeto coisas corpóreas.
Se o direito real constitui-se sobre uma coisa, ele só pode ter por objeto essa coisa
Doutrina clássica portuguesa, distinguia:

 Lado interno: destaca a ideia de inseparabilidade do direito e da coisa


 Lado externo: a sequela
o Tradicionalmente: a sequela é uma consequência dinâmica da
inerência
 O titular do direito pode ir buscar a coisa ainda que esta passe
pelas mãos de várias pessoas e onde quer que ela se encontre
 JAV: a sequela, no fundo, está relacionada cm o carácter
absoluto do direito real, não tendo nada a ver com a inerência
o Atualmente: o direito real pode não ter oponibilidade em alguns casos
que nem por isso deixa de ser inerente a uma coisa
 A posse não é oponível a terceiro de boa fé (art.º 1281/2, parte
final)
Se a coisa à qual o direito real está inerente perecer, este extingue-se:

 Usufruto (art.º 1476/1/d)


 Uso e habitação (art.º 1485)
 Superfície (art.º 1536/e)
 Hipoteca (art.º 730/c)
 Servidões prediais:
o Art.º 1545/1 e 1546: inseparabilidade e indivisibilidade das servidões
o Art.º 1545/2: inseparabilidade do direito e da coisa
o Art.º 1568/1: casos de mudança de servidão
 O direito passa-se a exercer noutro prédio  extinção da
servidão existente e a constituição de uma nova servidão
Sub-rogação real especial:

 Com o perecimento da coisa, é atribuída ao titular do direito uma outra coisa


em substituição da primeira
 Existe a subsistência do direito relativo à coisa de pereceu?
o Art.º 692: se a coisa perecer e o titular do direito real que constituiu a
hipoteca tiver direito a ser indemnizado, o credor hipotecário conserva
sobre a indemnização a prioridade que tinha em relação à coisa
hipotecada
 Pode constituir-se um penhor de crédito a favor do credor
hipotecário, mas a hipoteca extinguiu-se com a destruição da
coisa hipotecada
o Art.º 1479: a coisa objeto de usufruto pereceu, pelo que o proprietário
passa a desfrutar o solo e os materiais restantes
 O usufruto para a incidir sobre a indemnização (art.º 1480) ou
transfere-se para a indemnização devida pelo segurador (art.º
1481)
o Ou seja, extingue-se o direito real anterior, criando-se um novo

3. Princípio da especialidade
Art.º 1302: limita o direito real às coisas corpóreas
O direito real incide sobre uma coisa certa e determinada.
MC: existência atual e determinação da coisa como mera decorrência do conceito de
direito real (JAV discorda)
Art.º 408/2:

 Uma coisa que não existe não pode ser objeto de direito real
 A coisa pode existir sem que o direito real esteja na titularidade do disponente
 negócio jurídico é válido se a coisa for tomada como futura  a eficácia real
do negócio vem a ser deferida para o momento em que o disponente adquire o
direito
Coisas genéricas:

 O direito real apenas se constitui ou transmite quando a terminação ocorra com


conhecimento de ambas as partes
Coisas compostas:

 Art.º 206
o Transmite a ideia de que a coisa composta integra um multiplicidade de
coisas móveis
o Nº 1:
o Nº 2: o conjunto de coisas não afeta a autonomia jurídica de cada coisa
que o compõe
4. Princípio da absolutidade
5. Princípio da consensualidade
6. Princípio da causalidade e o Princípio da unidade
7. Princípio da territorialidade
8. Princípio da publicidade

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