Você está na página 1de 3

Direito Real

Poder directo e imediato sobre uma coisa que a ordem jurídica atribui a uma pessoa para satisfazer
interesses jurídico-privados, nos termos legais fixados;

Poder de domínio ou de soberania que o seu titular exerce direta ou imediatamente sobre uma coisa
certa e determinada, sem interferência de qualquer pessoa, a quem corresponde uma obrigação de
Non Facere.

Tem eficácia absoluta – ao poder direto e imediato que o titular de um direito real tem sobre a coisa
objecto do seu direito, corresponde a obrigação de todas as pessoas o respeitarem, nada devendo
fazer que possa impedir ou dificultar o seu exercício.

São, portanto, direitos de exclusão e a sua eficácia é Erga Omnes

Direito de Sequela, perseguição ou seguimento – O direito segue a coisa; o direito acompanha a


coisa seu objecto.

Ação de revindicação art.º 1311

Nas coisas móveis, o direito de sequela não tem qualquer excepção (1301CC)

Direito de prevalência ou preferência

Princípios dominantes na constituição dos direitos reais, são princípios fundamentais determinados
por ideias de carácter ideológico, político, histórico, económico, etc, que servem de apoio a qualquer
ordenamento jurídico. O tipo de propriedade é disso exemplo.

Princípio da Transmissibilidade

Os Direitos Reais podem mudar de titular quer intervivos ou mortis causa (art.º 62, n.º 1 CPRED);

Usufruto não é transmitido mortis causa, uma vez que não pode exceder a vida do usufrutuário;

Direito de Uso e Habitação também é intransmissível.

Princípio da Consensualidade

A constituição ou transferência de direitos reais sobre determinada coisa dá-se por mero efeito do
contrato, salvo exceções previstas na lei.

Portanto, não é necessária a tradição da coisa para que se transfira um direito real sobre imóveis,
nem se exige outro ato para os imóveis: basta o contrato, que traduz o consenso das partes.

Princípio da Tipicidade

Não é possível constituir direitos reais diferentes dos tipificados pela lei, nem modificar ou modelar
o respetivo conteúdo, salvo nos casos em que a lei excecionalmente o permite, como sucede na
propriedade horizontal, no usufruto e nas servidões (1419; 1421, n.º 3; 1424, n.º2; 1426, n.º 1).
Direitos Reais de Gozo

Conferem ao seu titular o poder ou faculdade de utilizar, total ou parcialmente, a coisa que têm por
objecto e, por vezes, também se apropriar (total ou parcialmente) dos frutos produzidos. Ex:
Usucapião.

Direitos Reais de Garantia

Conferem ao credor o poder ou faculdade de se pagar pelo valor (ou rendimento) de certos bens,
com preferência sobre os demais credores do devedor;

Visam assegurar os direitos de crédito, colocando os seus titulares numa posição preferencial em
relação aos restantes credores do mesmo devedor.

Princípio da Coisificação

Versa sobre as coisas e não sobre as pessoas ou bens não coisificáveis, coisas corpóreas ou
incorpóreas, igualmente passíveis de verdadeira propriedade e de outros direitos reais.

Princípio da Especialidade ou Individualização

O objecto de direitos reais deve ser uma coisa certa e determinada, portanto, ter existência atual;

Em consequência, o direito real que incide sobre uma coisa, não é o mesmo que tem por objecto
outra, porventura igual;

Se a transferência do direito real respeitar a coisa futura ou indeterminada, o direito só se transfere


quando for adquirida pelo alienante ou determinada com conhecimento das partes.

Princípio da Totalidade da Coisa

Em regra, o objecto de um direito real é uma coisa na sua totalidade (há, no entanto, direitos que
podem incidir sobre uma parte da coisa (Hipoteca – 688.º, n.º 22 CC);

Elementos componentes ou integrantes duma coisa: São coisas móveis, ligadas materialmente a um
prédio com carácter de permanência (Art.º 204 CC);

Por isso, não se podem separar sem a destruição da coisa a que pertencem, ou sem que esta se
torne incompleta ou imprópria para o uso a que se destina.

Princípio da Compatibilidade ou da Exclusão

Só pode existir um direito real sobre determinada coisa, na medida em que seja compatível com
outro direito real que a tenha por objecto.
Princípio da Elasticidade

O direito sobre uma coisa, tende a abranger o máximo de utilidades que proporciona, ou seja, a
expandir-se (ou reexpandir-se) até ao máximo das faculdades que abstratamente contém. Por isso,
se um direito real consente o gravame de um direito mais restrito, quando este direito se extingue,
aquele direito reexpande-se automaticamente até ao seu limite. Exemplo: direito real de gozo
(usufruição).

Você também pode gostar