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31-10-2022 e 02-11-2022

31 de outubro de 2022 20:23

Resolução do exercício n.º 4


1.º parágrafo, factos relevantes:
2 sujeitos, 1 localizado em Portugal e outro localizado no
Exercício 4 Luxemburgo
A sociedade de direito luxemburguês, Lux Co, é proprietária a 80%, desde 2012, da sociedade de direito Eng. José Manuel é sócio-gerente
português, Beta Lda que exerce a sua atividade na área da comercialização dos brinquedos. Os restantes 20%
pertencem ao Eng. José Manuel, que é sócio-gerente, conforme registo na Conservatória do Registo Comercial.
O filho de José Manuel – Mário Rui – licenciado em Gestão pela UAL, tem ajudado, desde 2013, o pai na 2.º parágrafo, factos relevantes:
gestão da Beta devido aos problemas de saúde do pai, tendo efetuado a contratação de 1 funcionário para a área Existência de um mútuo empréstimo com duração de 3 anos, com
comercial e ido a reuniões com a banca substituindo o pai, sendo conhecido no meio bancário como o “filho do início em 1/1/2014
Eng. José Manuel”. Desde 2014, a correspondência para a Beta vinha endereçada ao Mário Rui, embora todos Em 2014 a Luxco debitou Beta num montante de 120.000€
os atos vinculativos (contratos) de Beta para com terceiros sejam assinados pelo pai. Os juros vencem-se anualmente
Houve reembolso do pagamento em 30-4-2015
Em 31/12/2014, LuxCo debitou Beta num montante de 120.000€ a título de juros relativo a um contrato de Instruções dadas pelo Mário Rui
mútuo (vulgo empréstimo) num montante de 2.000.000€ cuja duração é de 3 anos com início em 1/1/2014.Está
previsto o vencimento anual de juros a uma taxa de 6%. Em 30/4/2015, Beta reembolsou a totalidade dos juros 3.º parágrafo, factos relevantes:
debitados (120.000€) em 31/12/2014, conforme instruções dadas pelo Mário Rui – ao tesoureiro e contabilista Notificação em 27/4/2019 cujo pagamento se deu em 22-5-2019.
certificado -João Mário-, constantes de um email datado de 30/4/2015. Liquidação, notificação da liquidação
Existência de uma inspeção externa que decorreu entre 6/3/2018 e
A sociedade Beta foi notificada, em 27/4/2019, da liquidação adicional em sede de IRC (30.000€) relativo aos 6/8/2018.
juros referidos acima, com data de pagamento voluntário em 22/5/2019, resultante de uma inspeção fiscal Não foi pago o imposto quando era devido.
externa ao exercício de 2014, que decorreu entre 6/3/2018 e 6/8/2018. A Beta estava com dificuldades Beta não tinha bens penhoráveis.
financeiras desde 31/5/ 2017, tendo-lhe sido cortado o financiamento bancário, não tendo sido pago o imposto
devido em 22/5/2019. Beta não tinha bens penhoráveis. 4.º parágrafo, factos relevantes:
Fundamentação da notificação feita pela AT relativamente ao sócio-
Em 24/6/2019, a Autoridade Tributária (AT) notificou José Manuel ao abrigo da alínea b) do n.º1 do artigo 24.º gerente com fundamento na al.b do n.º 1 do art.º 24 e ao filho com
da LGT para o pagamento de IRC em falta no montante de 30.000€ (25%@120.000€) assim como o Mário Rui fundamento na al.a) do n.º 1 do art.º 24.º
ao abrigo da alínea a) do n.º1 do artigo 24.º da LGT no mesmo montante.
Questões:

1) A LuxCO é sujeito passivo de imposto em Portugal? Fundamente!

A LuxCo é uma pessoa coletiva. Temos de verificar na parte da incidência do imposto. Deveríamos ir à convenção.
De acordo com a Convenção entre Portugal e Luxemburgo é aplicável à LuxCo a convenção, por força do artigo 1.º
Depois deveríamos passar ao critério da residência - se uma pessoa for residente fiscal em Portugal é tributada pelo
rendimento mundial. O critério da residência indica-nos a forma como um determinado sujeito é tributado em Portugal.
Por força do artigo 4.º da Convenção, as pessoas coletivas são residentes se tiverem sede ou determinação efetiva num
determinado país.
De acordo com a Convenção a LuxCo não é residente em Portugal, porque não tem direção ou sede efetiva em
Portugal. Será aplicável a Convenção se ela tiver rendimentos em Portugal.
Devemos verificar no Código do IRC, na incidência e verificar se a LuxCo é sujeito passivo - artigo 2.º n.º 1 al. c).
Ao abrigo do artigo 2.º n.º 1 al. c) a LuxCo é sujeito passivo português se esses rendimentos não estiverem sujeitos a
IRS. Se a sociedade LuxCo tiver rendimentos em Portugal esses rendimento senão estão sujeitos a IRS, mas a IRC
porque se trata de uma pessoa coletiva.
"Sociedade de direito luxemburguês" = entidade com personalidade jurídica = tem direitos e deveres
A sociedade LuxCo por força de um empréstimo obtém juros em Portugal. Credor LuxCo, devedor a Beta.
De acordo com o indicado na hipótese a LuxCo detém juros em Portugal no montante de 2.000.000€.
A LuxCo como entidade não residente, tendo obtido rendimentos em Portugal, por força do n.º 2 do art.º 4.º do IRC é
tributada cá em Portugal relativamente a esses rendimentos.

2) Se respondeu sim, como é que irá pagar o imposto devido em Portugal?


Se respondemos que a LuxCo é sujeito passivo, como é que a LuxCo vai pagar o imposto em Portugal. Caso em que vamos utilizar a Convenção:
Se há imposto a pagar em Portugal há rendimento obtido em Portugal. Temos de saber de que tipo de rendimento se - Se um dos sujeitos for não residente em Portugal aplicara
trata. Na hipótese temos a informação de que são juros. convenção - quanto ao sujeito
O juro é um facto tributário plurilocalizado porque é obtido em dois países, Portugal e Luxemburgo e será tributado em - Se é não residente a lei interna do outro país vai definir os
dois países. O mesmo rendimento no mesmo sujeito é tributado em 2 Estados. critérios de residência - quanto à residência
Aqui aplicaríamos a Convecção para nos dizer se Portugal pode tributar ou não e qual a taxa. Portugal pode tributar de - Definido o tipo de rendimento, como é que é tributado,
acordo com o art.º 11.º da Convenção. se pela lei interna se pela lei internacional - pelo tratado -
O rendimento obtido pela LuxCo assume a forma de juros, conforme a hipóteses. Esse rendimento de acordo com a quanto à forma como esse rendimento é tributado
resposta dada anteriormente vai ser tributado em Portugal pelo facto da LuxCo ser um sujeito passivo português e no - Como atenuar a dupla tributação (ainda não vamos
Luxemburgo pelo facto da LuxCo ser residente fiscal no Luxemburgo. Ao abrigo do artigo 8.º da CRP, como temos um analisar esta)
facto plurilocalizado, aplicar-se-á a Convenção relativamente a esse facto.
De acordo com o n.º 2 do artigo 11.º da Convenção os juros podem ser tributados em Portugal se a legislação interna
prever e a taxa aplicável será de 15% porque o credor não é uma instituição financeira, de acordo com a al. b) do
mesmo número.
Para responder à pergunta de como vai pagar? Não sabendo se existe legislação interna ou não:
A entidade empregadora é o substituto, o trabalhador é o substituído. A entidade empregadora é o devedor do
rendimento e o credor do rendimento é o substituído. Art.º 20.º LGT.
Nesta situação temos credor a LuxCo, é ela que tem de receber os juros, é o substituído. O devedor dos juros é a
empresa portuguesa, a Beta, substituto. Definição de estabelecimento estável, art.º 5.º CIRC
A Beta tem de calcular o IRC que é devido pela sociedade Luxemburguesa - liquidação - aplicar a taxa à matéria
tributável. A Beta vai ter de calcular sob uma base que são os 120.000€, os juros.
O mecanismo que permite que a Beta aplique os 15% sob os 120.000.al
Os juros indicados na hipótese são rendimentos de capitais de acordo com o artigo 94.º n.º 1 al. c) CIRC e artigo 5.º n.º
1 e n.º 2 al. a) do CIRS.
Quando é que do ponto de vista tributário Beta tem de fazer a retenção na fonte?
Art.º 7.º do CIRS.
Beta tem de fazer retenção na fonte relativamente aos juros a 31/12/2014, porque de acordo com a hipótese é a data
de vencimento.
Conjugando o 94.º n.º 1 al. c) CIRC e artigo 5.º n.º 1 e n.º 2 al. a) do CIRS e art.º 7.º n.º 1 e 3.º al. a) do CIRS, Beta devia
reter na fonte na data de vencimento dos juros, isto é, no dia 31/12/2014.

Verificar no CIRC art.º 94.º - se a retenção é feita por conta ou a título definitivo? Nota: No artigo 94.º n.º 6 CIRC encontra-se
A retenção é feita a título definitivo nos termos do Art.º 94.º n.º 3 al. b) CIRC. uma questão ligada ao pagamento.
Ao abrigo do Art.º 94.º n.º 3 al. b) CIRC, Beta deveria fazer a retenção a título definitivo. Beta deveria ter retido 15%, de acordo com a
Convenção.

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Verificar no CIRC art.º 94.º - se a retenção é feita por conta ou a título definitivo? Nota: No artigo 94.º n.º 6 CIRC encontra-se
A retenção é feita a título definitivo nos termos do Art.º 94.º n.º 3 al. b) CIRC. uma questão ligada ao pagamento.
Ao abrigo do Art.º 94.º n.º 3 al. b) CIRC, Beta deveria fazer a retenção a título definitivo. Beta deveria ter retido 15%, de acordo com a
Convenção.
3) A AT podia notificar a sociedade Beta da liquidação adicional resultante da inspeção externa realizada? Caso não houvesse Convenção aplicar-se-ia o
artigo 87.º n.º 4 do CIRC - a taxa seria de 25%
Existe caducidade quanto à liquidação quando foi ultrapassado o prazo de caducidade, os quatro anos. Artigo
45.º n.º 1 da LGT.

A notificação efetuada em 27/04/2019 é legal, uma vez que a inspeção durou 5 meses, de acordo com o Imposto periódico - cujo facto gerador se repete
artigo 46.º n.º 1 da LGT a notificação foi feita em prazo. Facto gerador no IRC - termo do ano - 31 de dezembro de cada ano.
A não ser no caso de haver empresas subsidiárias em que o ano
4) A AT poderia notificar o José Manuel e o Mário Rui? fiscal da empresa americana difere do nosso. Permitimos uma
empresa que seja subsidiária de uma empresa americana essa
subsidiária. O ano fiscal é de abril a março
Imposto de obrigação única - exemplo do IMT. O imposto só nasce
pela compra desse bem. A compra desse bem não se repete todos
os anos.

Ver aspetos relevantes no Regime Complementar do Procedimento de Inspeção Tributária e


Aduaneira

Inspeção interna - a administração tributária através do inspetor envia um email a colocar


questões respeitantes à declaração.

Inspeção externa - equipa que vai à morada do sujeito passivo, trata-se de um procedimento
mais formal.

Carta aviso - informar que vai haver uma inspeção externa.


Ordem de serviço - vão identificados os inspetores
O início da inspeção começa na data da assinatura da ordem de serviço. Os 6 meses.
Se o representante legal se recusar a assinar a equipa faz constar isso em relatório.
Havendo recusa da assinatura a data da inspeção é a aquela que a administração tributária
colocar no relatório.
Após isso elabora o projeto de relatório em que indica as correções aritméticas - situações em
que a auditoria indica que o sujeito passivo não está de acordo com a lei. Identifica as normas e
quantifica o valor do imposto em falta.
Havendo essas correções a serem feitas é enviado o relatório ao sujeito passivo para audiência
prévia.
O sujeito passivo tem um prazo entre 15 a 25 dias corridos para responder ou não.
O terminus da inspeção externa termina com a notificação do relatório de inspeção - 6 meses.
O início dos 6 meses dá-se com a assinatura da ordem de serviço e o fim dá-se com a
notificação do terminus da inspeção através do relatório.
É a partir do relatório de inspeção que é feita a liquidação adicional de imposto.

Ficámos no artigo 15.º do RCPITA

Preparar a resposta à pergunta n.º 4 - tem que ver com o art.º 24.º LGT

Exercício 1, 2

Direito Fiscal Página 2

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