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O que é NEXO TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO (NTP)?

No último artigo da série de artigos sobre “Contribuições Previdenciárias e seus impactos pela Gestão
de SST: GIIL-RAT, FAE, FAP e NTP”, falaremos sobre o Nexo Técnico Previdenciário (NTP),
enfatizando os objetivos, tipos, monitoramento, contestação, recursos dos benefícios acidentários,
documentações, prazos e muitas outras informações importantes relacionadas ao NTP. Caso tenha
perdido os artigos anteriores, acesse nos links os assuntos relacionados ao FAP, FAE, e o SAT

O que é o NEXO TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO


(NTP)
Nexo Técnico Previdenciário (NTP) pode ser definido como uma metodologia da Previdência Social
para avaliar a existência de relação do adoecimento ou lesão do trabalhador com o seu trabalho,
situação esta caracterizada exclusivamente pelo Perito Médico Federal, independente da emissão do
Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT).

E o NTP foi implementado pela Previdência Social em 2007, com o objetivo de coibir as
subnotificações dos acidentes de trabalho, uma vez que com esta metodologia a Perícia Médica do
INSS caracteriza o acidente de trabalho, mediante o reconhecimento do nexo entre a doença/lesão e
o trabalho exercido pelo trabalhador

OBJETIVOS

Além de coibir a inexistência da notificação dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho, o


objetivo da Previdência Social com o NTP era:
Estabelecer um novo mecanismo para a notificação do adoecimento do trabalhador
relacionado ao seu ambiente de trabalho;
Estabelecer critérios e uniformizar procedimentos para a caracterização de acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho pela perícia médica do INSS;
Estabelecer um parâmetro epidemiológico como um dos instrumentos para a caracterização da
doença/lesão do trabalhador com o trabalho por ele exercido.

TIPOS DE NTP
Os 3 Tipos de Nexo Técnico Previdenciário são:

Profissional ou do Trabalho
Individual
Epidemiológico

1. Nexo Técnico Profissional ou do Trabalho:

É caracterizado quando há relação entre a exposição do trabalhador – fatores de riscos com as


doenças/lesões desenvolvidas, sendo estas constantes nas Listas A e B do anexo II do Regulamento
da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99).

Sendo que o Nexo Técnico Profissional é aquele produzido ou desencadeado pelo exercício do
trabalho, peculiar a determinada atividade cujos trabalhadores tenham sido expostos.

Ex.: trabalhador de uma indústria cerâmica que desenvolve a silicose, em decorrência da existência e
exposição a poeira de sílica.

Enquanto o Nexo Técnico do Trabalho é aquele adquirido em função das condições especiais em que
o trabalho é realizado.

Ex.: trabalhador de uma metalúrgica que perde a audição (surdez), em virtude da exposição ao ruído
excessivo em sua jornada de trabalho.

Lista A do Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99)

Ex: trabalhador de uma oficina mecânica que teve dermatose, uma vez que utilizava óleo mineral
diariamente em seu trabalho.

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Lista B do Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99)

Ex.: trabalhador de uma empresa de congelados e resfriados que trabalhava dentro de uma câmara
fria diariamente desenvolveu a Síndrome de Raynaud (Espasmo das artérias que causaram episódios
de diminuição da corrente sanguínea).

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1. Nexo Técnico Individual:

É aquele que decorre de acidentes do trabalho típicos ou de trajeto, bem como de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele relacionado diretamente.

E engloba três situações:

Acidente típico: caracteriza-se quando o sinistro causa dano à integridade física ou saúde do
trabalhador e ocorreu durante o desempenho das suas atividades profissionais ou que ocorra
por circunstâncias a ela ligadas.
Acidente de trajeto: é o sinistro que ocorre no percurso de deslocamento do empregado de
sua residência para o trabalho ou vice-versa.
Doença equiparada a acidente do trabalho: é o agravo decorrente das condições especiais
em que o trabalho é realizado e que não esteja previsto nas listas A e B do Regulamento da
Previdência Social (Decreto 3.048/99).

1. Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP):

É caracterizado quando houver associação estatística entre a atividade econômica da empresa


(CNAE) em que o trabalhador desenvolve as suas atividades com a sua doença/lesão (CID),
conforme dispõe a Lista C do Decreto 3.048/1999.

Exemplo: trabalhador de um banco (CNAE 6422) que desenvolveu fobia social (CID F401).

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MONITORAMENTO DOS AFASTAMENTOS


PREVIDENCIÁRIOS
A consulta/monitoramento da espécie dos benefícios concedidos aos empregados da empresa ou
vinculados a ela podem ocorrer por meio dos seguintes canais de comunicação da Previdência
Social:

Consulta Benefícios por Incapacidade por Empresa


Comunicação de Decisão do Requerimento (CRER)

E é imprescindível que a empresa consulte/monitore a espécie dos benefícios concedidos aos seus
empregados, já que durante a realização da perícia médica o Perito Médico Federal pode relacionar a
lesão/adoecimento do trabalhador com a sua atividade exercida.

Por que a empresa deve monitorar a espécie dos


benefícios concedidos aos seus empregados ou
vinculados ao seu CNPJ?
Porque muitas vezes há equívocos no enquadramento da espécie de benefício, ou seja, concedidos
como auxílio doença acidentário (B91) sendo que não há relação da lesão ou doença com o trabalho.

E como acontece este equívoco?

Pelos relatos e subsídios apresentados pelo empregado durante a perícia.


Pela inexistência de subsídios para que o Perito possa fundamentar em sua decisão a
inexistência do NTP.

Quais impactos quando ocorre um B91?


E ocorrendo a caracterização do benefício como espécie acidentária (B91) a empresa terá os
seguintes impactos:

Recolher o FGTS mensal do colaborador, mesmo enquanto estiver afastado;


Garantir o emprego ao trabalhador até 12 meses após o seu retorno ao trabalho;
Influência deste benefício na variação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), refletindo
assim, em uma contribuição maior do Seguro contra Acidentes de Trabalho.
Possibilidade de responsabilidade civil;
Possibilidade de ajuizamento de ação regressiva.

E a importância deste monitoramento deve-se ao fato de que se a empresa constatar o equívoco,


deve recorrer/contestar a caracterização indevida.
Neste sentido, há embasamento legal, uma vez que:

A empresa poderá, conforme o tipo de nexo, interpor recurso ao Conselho de Recursos da


Previdência Social (CRPS) ou requerer ao INSS a não aplicação do Nexo Técnico, quando
apresentar evidências que comprovem não haver relação entre a doença/lesão com o trabalho
exercido pelo trabalhador.

CONTESTAÇÃO/RECURSO DOS
BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP):
Havendo a discordância quanto ao Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) entre o trabalho e o
agravo, a empresa poderá requerer a não aplicação do mesmo, no caso concreto, junto à APS de
manutenção do benefício, devendo o mesmo ser protocolizado no Sistema Integrado de Protocolo da
Previdência Social-SIPPS, segundo os prazos:

15 dias após a data para a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço e Informações à Previdência Social-GFIP;
E quando comprovada a impossibilidade de cumprimento do prazo pelo não conhecimento
tempestivo da natureza acidentária do benefício, 15 dias da data para entrega da GFIP do mês
de competência da realização da perícia que estabeleceu o nexo entre o trabalho e o agravo.

Se o reconhecimento do direito do interessado ocorrer na fase de instrução do recurso por ele


interposto contra decisão de Junta de Recursos, ainda que de alçada, ou de Câmara de Julgamento,
o processo, acompanhado das razões do novo entendimento, será encaminhado:

À Junta de Recursos, no caso de decisão dela emanada, para fins de reexame da questão;
À Câmara de Julgamento, se por ela proferida a decisão, para revisão do acórdão, na forma
que dispuser o seu Regimento Interno.

E a propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual
versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e
desistência do recurso interposto.

A informação quanto à natureza previdenciária (B31) ou acidentária (B91) do benefício será


disponibilizada para consulta pela empresa no Site da Previdência Social (Consulta Benefícios por
Incapacidade por Empresa) ou, subsidiariamente, pela Comunicação de Decisão (Comunicação de
Decisão do Requerimento (CRER)) entregue ao trabalhador, da qual consta a espécie do nexo
técnico aplicada ao benefício e as possibilidades de manifestação do segurado e do empregador
quanto ao nexo.

Nexo Técnico Individual, Profissional ou do


Trabalho:
E nós casos de Nexo técnico individual, profissional ou do trabalho é de 30 dias o prazo para
interposição de recursos e para o oferecimento de contra razões, contados da ciência da decisão e
da interposição do recurso, respectivamente.

O prazo para contestação começa a contar na data de ciência de que a concessão do benefício se
deu em espécie acidentária. E o descumprimento do prazo ensejará o não conhecimento da
contestação em instância administrativa e não caberá recurso ao Conselho de Recursos da
Previdência Social (CRPS).

E se tratando de Nexo Profissional ou do Trabalho e Nexo Técnico Individual, caso a empresa não
concordo com a caracterização, poderá entrar com recurso ao CRPS sem efeito suspensivo.
Portanto, há diferença entre contestação e recurso: a contestação se aplica nos casos em que a
empresa não concorda com a caracterização do NTEP e é direcionado à Agência da Previdência
Social (APS) que concedeu o benefício ao trabalhador. Já o recurso se aplica nos casos de Nexo
Profissional ou do Trabalho e Nexo Individual e é direcionado ao CRPS, bem como no indeferimento
da contestação apresentada à APS nos casos de NTEP.

A empresa, no ato do requerimento da não aplicação do nexo técnico, deverá apresentar


documentação probatória, em duas vias, que demonstre que os agravos não possuem nexo com o
trabalho exercido pelo segurado.

Quais documentações probatórias podem ser usadas?


Serão considerados como documentação probatória as seguintes Demonstrações Ambientais, entre
outras:

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);


Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
Programa de Controle do Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT);
Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional (PCMSO);
Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT);
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP);
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT),
Relatórios e documentos médico-ocupacionais, exceto dados do prontuário médico do
colaborador.

A documentação deverá obrigatoriamente ser contemporânea à época do agravo, devendo constar a


assinatura do profissional responsável por cada período, devidamente registrado, e comprovada sua
regularidade em seu órgão de classe: número de registro, anotação técnica, ou equivalente.

O processo referente à contestação ao nexo epidemiológico ou recurso aos nexos profissional/do


trabalho e individual, deverá ser encaminhado à Perícia Médica com a documentação probatória das
alegações da empresa para análise formal e, cabendo, a análise preliminar, sendo:

Identificação da espécie de nexo técnico aplicado;


Em caso de nexo técnico profissional/do trabalho ou individual, o processo deverá ser instruído
como recurso à Junta de Recursos do
Em caso de nexo técnico epidemiológico, o perito médico deverá observar as demonstrações
ambientais apresentadas pela empresa para a contestação, bem como, a documentação de
habilitação dos responsáveis técnicos na elaboração desses documentos. Estando a forma de
acordo, procederá à análise preliminar do mérito;
Se da análise preliminar se concluir pelo indeferimento da contestação, o parecer técnico
fundamentado emitido pelo perito médico deverá ser relatado em formulário específico, que
deverá ser anexado do processo e encaminhado ao Setor Administrativo da APS, que
comunicará à empresa a decisão;
Se da análise preliminar resultar tendência de deferimento da contestação, o perito médico
deverá consignar no processo a necessidade de comunicação ao segurado quanto à
contestação. A comunicação ao segurado será efetuada por meio de Carta, informando-o
sobre a possibilidade de retirada de uma das vias da documentação apresentada pela
empresa para, a seu critério, apresentar contra razões no prazo de quinze dias;
Sendo apresentadas as contra razões, o segurado deverá anexar ao processo a
documentação probatória, bem como apresentar alegações com o objetivo de demonstrar a
existência do nexo entre o trabalho e o agravo;
Após o cumprimento dos prazos, o Setor Administrativo da APS encaminhará o processo à
Perícia Médica para análise e emissão de parecer técnico fundamentado;
O parecer técnico fundamentado emitido pelo perito médico deverá ser relatado em formulário
específico, que deverá ser anexado ao processo e encaminhado ao Setor Administrativo da
APS, o qual comunicará a decisão, por meio de Carta Registrada com AR, à empresa.

Não há impedimento da realização da análise preliminar pelo mesmo profissional que aplicou o nexo
técnico quando do exame pericial inicial.

Das decisões proferidas na análise de contestações ao nexo técnico epidemiológico caberá


interposição de recurso, com efeito suspensivo, ao Conselho de Recursos da Previdência Social
(CRPS), por parte da empresa ou pelo segurado, conforme os seguintes procedimentos:

O prazo para interposição de recurso contra a decisão exarada em contestação do nexo


epidemiológico será de trinta dias contados da ciência da decisão proferida;
Quando da interposição do recurso, caberá à APS de manutenção do benefício, por intermédio
do Setor Administrativo.

O benefício ficará sob efeito suspensivo, deixando-se para alterar a espécie após o julgamento do
recurso pelo CRPS, quando for o caso.

O recurso da empresa fará com que o benefício acidentário gere efeitos de benefício previdenciário,
isentando-a do recolhimento para o (FGTS) e com respeito à estabilidade após retorno ao trabalho,
em caso de cessação da incapacidade. E o recurso do segurado fará com que o benefício
previdenciário gere efeitos de benefício acidentário, obrigando a empresa ao recolhimento para o
FGTS e com respeito à estabilidade após retorno ao trabalho, em caso de cessação da incapacidade.

Dos acórdãos das JR/CRPS referentes ao NTEP caberá interposição de recurso às Câmaras de
Julgamento-CaJ do CRPS por parte dos segurados, dos empregadores e do INSS. E dos acórdãos
das JR/CRPS referentes aos nexos técnicos profissional/do trabalho e individual, não caberá
interposição de recurso às CaJ do CRPS por se tratar de matéria de alçada.

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