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ENTENDA O EVENTO S-2241 DO ESOCIAL E CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO

FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL

A partir da competência abril/99, há o acréscimo da alíquota de contribuição destinada ao


financiamento da aposentadoria especial, prevista nos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/91, concedida
ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais, decorrente de riscos ambientais do
trabalho, que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

GFIP – OCORRÊNCIA

O preenchimento do campo ocorrência é destinado somente para as empresas cujas atividades


exponham seus empregados a agentes nocivos. Segundo o manual do SEFIP, o campo ocorrência
tem duas funções na prestação de informações a Previdência Social:

1. A exposição ou não do trabalhador, de modo permanente, a agentes nocivos prejudiciais à


sua saúde ou à sua integridade física, e que enseje a concessão de aposentadoria especial;
2. Se o trabalhador tem um ou mais vínculos empregatícios (ou fontes pagadoras), ou ainda, se
o trabalhador consta de mais de uma GFIP/SEFIP do mesmo empregador/contribuinte,
geradas em movimentos diferentes, com a remuneração desmembrada em cada uma delas
(GFIP/SEFIP de chaves diferentes).

A exposição a agentes nocivos é um assunto ainda relativamente desconhecido em empresas e


escritórios contábeis, principalmente no tocante à necessidade de laudos técnicos adequados que
esclareçam se há presença ou não de agentes nocivos relacionados com a “aposentadoria especial”
ou com alguma doença profissional no ambiente de trabalho.
Com a implantação do eSocial o evento S-2241 tem a finalidade de informar os fatores de
risco descritos na Tabela 23 – Fatores de Risco Ambientais, que criam condições
de insalubridade ou periculosidade no ambiente de trabalho, bem como a sujeição aos fatores
de risco que ensejam a concessão da aposentadoria especial e o dever do respectivo custeio.
O evento também é usado para comunicar mudança nas condições e nos
ambientes sujeitos a fatores de risco e para comunicar o encerramento de exercício das
atividades do trabalhador nestes ambientes.

Cabe ao empregador a apresentação de laudos técnicos periciais conforme exigências da Previdência


Social, assim como na aquisição de EPI (Equipamento de Proteção Individual). Basicamente, um
laudo técnico deve conter:

1. Descrição das atividades físicas, mentais e das condições do ambiente de trabalho nos quais
estão envolvidos os trabalhadores.
2. Identificação e intensidade do(s) agente(s) nocivo(s) com a devida mensuração dos riscos
ora ocasionados. Em caso de não haver possibilidade de mensuração exata, isto deve estar
expresso.
3. Em caso de uso de EPI adotado pelos empregados mediante parecer de técnico de
segurança do trabalho, na análise do perito, deve haver a consideração se houve ou não
neutralização ou atenuação dos efeitos provenientes do(s) agente(s) mediante a aplicação
do EPI.
Estas informações devem fundamentar o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), que é o
principal documento exigido em processos de concessão de aposentadoria especial ou de benefícios
relacionados a doenças profissionais. Também é com base nos dados levantados e analisados pelo
perito médico que se dará o correto enquadramento da situação do trabalhador, do grau de
exposição a(os) agente(s) nocivo(s) tendo em vista a correta definição da ocorrência a ser informada
na GFIP.

No eSocial essas informações subsidiarão o preenchimento do EVENTO S-2241 que deve ser
enviado até o dia 7 do mês subsequente ao da sua ocorrência ou antes do envio dos
eventos mensais de remuneração, relacionados ao trabalhador que fizer jus ao pagamento de
adicional pelo exercício de trabalho insalubre ou perigoso, e/ou que esteja sujeito a condições
especiais para fins de aposentadoria especial, ou quando houver alteração ou cessação das
atividades realizada nestes ambientes. Esse evento só pode ser comunicado após o envio dos
eventos “S-2200 – Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador”, “S-2300 –
Trabalhadores Sem Vínculo Emprego/Estatutário – Início” e “S- 1060 – Tabela de Ambientes de
Trabalho”.

A concessão da aposentadoria especial depende das informações prestadas pelas empresas por
meio de Laudo Técnico Pericial, informando as condições de trabalho do segurado, tais como a
concentração ou intensidade e o tempo de exposição que ultrapasse os limites de tolerância. O
documento atesta se o trabalhador está exposto a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos e
deve ser assinado pelo médico ou engenheiro de segurança do trabalho da empresa.

Para classificação da ocorrência, deve ser consultada a tabela de Classificação dos Agentes Nocivos
(Anexo IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99 e alterações).
Para a comprovação de que o trabalhador está exposto a agentes nocivos é necessário que a
empresa mantenha perfil profissiográfico previdenciário, conforme disposto no art. 58, § 1º, da Lei
nº 8.213/91.

No SEFIP, para os trabalhadores com apenas um vínculo empregatício (ou uma fonte pagadora), o
campo ocorrência é preenchido como se segue:

Em Branco - Não exposição a agente nocivo;

Código 01 - Não exposição a agente nocivo. Trabalhador já esteve exposto;

Código 02 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 15 anos de trabalho);

Código 03 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial 20 anos de trabalho);

Código 04 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial 25 anos de trabalho);

Atenção: Não devem preencher informações neste campo as empresas cujas atividades não
exponham seus trabalhadores a agentes nocivos. O código 01 somente é utilizado para o
trabalhador que esteve e deixou de estar exposto a agente nocivo, como ocorre nos casos de
transferência do trabalhador de um departamento (com exposição) para outro (sem exposição).
Para os trabalhadores com mais de um vínculo empregatício (ou mais de uma fonte pagadora),
informar os códigos a seguir:

Código 05 - Não exposto a agente nocivo;

Código 06 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 15 anos de trabalho);

Código 07 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 20 anos de trabalho);

Código 08 - Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho).

Exemplo: José da Silva é empregado das empresas refinarias “A” e comercial “B”. Na empresa “A”,
está exposto a agente nocivo que lhe propicia aposentadoria especial após 15 anos de trabalho,
enquanto que na empresa “B”, não há exposição a agentes nocivos. Na GFIP/SEFIP da empresa “A”,
o empregado deve ser informado com código de ocorrência 06, ao passo que na empresa “B”, o
código de ocorrência deve ser o 05.

Cabe salientar que o campo ocorrência pode ser preenchido em branco. Isso se dá quando o
trabalhador nunca foi exposto a agente nocivo.

Considerando a tabela acima, caso ocorra a informação de ocorrência 02, haverá um acréscimo de
12% (doze por cento) no valor devido ao INSS, assim como se o código for 03, o percentual sobre
para 9%, e se for 04, 6%. O cálculo é feito pelo SEFIP e é direcionado para o campo 6 da GPS (valor
do INSS). Esse acréscimo incide exclusivamente sobre o total das remunerações pagas ou creditadas,
no decorrer do mês, do segurado sujeito às condições especiais.

Havendo negligência do empregador a estas questões e se ficar comprovada, posteriormente, a


exposição dos trabalhadores a agente(s) nocivo(s), o INSS pode cobrar o RAT nocivo de todo o
período abrangente da ação fiscal. Para que o INSS se depare com uma irregularidade neste caso,
basta que ocorra algum pedido de aposentadoria especial de algum empregado da empresa ou que
ocorra um pré-diagnóstico de doença adquirida no trabalho que culmine na solicitação de um PPP.
Se a empresa não apresentar o PPP, já estará em situação irregular, e se o PPP indicar exposição à
agente nocivo, o recolhimento de RAT nocivo será exigido pelo INSS no caso.

O projeto eSocial tornará a fiscalização mais rígida, já que as informações estarão


disponíveis em ambiente digital. Lembrando que, uma vez identificada irregularidades nos
procedimentos das empresas, todos os orgãos envolvidos poderão verificar estas falhas
referentes aos últimos cinco anos calendários. Ou seja, as autuações podem ser
retroativas ao início do eSocial, caso haja dados inconsistentes.

Quais as repercussões que as informações incorretas na GFIP poderão ensejar?

Representações Administrativas – RA e Representações Fiscais para Fins Penais – RFFP contra a


empresa, o médico e/ou engenheiro de segurança do trabalho responsáveis pelo LTCAT e PCMSO e
o responsável pelas informações prestadas na GFIP. Cassação de registro profissional; ações de
ordem criminal na justiça por falsificação de documento público, sonegação fiscal, exposição ao
risco; lesão corporal; homicídio culposo; e ressarcimento aos cofres da Previdência relativos aos
benefícios por incapacidade concedidos em razão da negligência do gerenciamento dos riscos, entre
outros.

Como um escritório de contabilidade não tem a prerrogativa de conceder laudos técnicos, nem pode
ser cobrado pela elaboração de PPP, o papel dos contabilistas é alertar e orientar seus clientes
quanto às exigências que cabem ao assunto. Por exemplo, empresas que manipulam e/ou
comercializam produtos químicos (combustíveis, baterias, produtos de limpeza, tintas, etc.) e
hospitais, devem estar atentas a um possível enquadramento de RAT nocivo sobre seus empregados
sob a consequente necessidade de apresentação de laudos técnicos.

Mesmo na condição de optante pelo SIMPLES NACIONAL, a pessoa jurídica deve estar atenta a
necessidade de laudos quanto à exposição de agentes nocivos, tendo em vista que as informações
corretamente compiladas em PPP, poderão beneficiar segurados (empregados) vinculados a pessoa
jurídica, principalmente em possíveis pedidos de aposentadoria especial, assim como na tomada de
decisões em relação aos demais benefícios da Previdência Social; quanto ao pagamento do RAT
Nocivo, na maioria dos casos, o SIMPLES NACIONAL apenas substitui a tributação do INSS, a cargo da
pessoa jurídica, pela alíquota prevista na partilha dos impostos, o que pode ser verificado na tabela
aplicável a cada contribuinte (conforme o caso).
Evento S-2241

O evento somente será informado caso a exposição aos fatores de risco descritos na tabela
S-2240 seja fato gerador dos adicionais de insalubridade ou periculosidade ou se for condição
especial que enseje o pagamento do adicional do SAT para o financiamento da aposentadoria
especial.

As informações desse evento deverão ser prestadas somente a partir da obrigatoriedade


dos eventos de SST no eSocial, sendo que para o período anterior serão utilizados os
procedimentos vigentes à época.

Deve ser informada a data a partir da qual o trabalhador passa a exercer atividade em
condições insalubres ou perigosas, assim como em ambientes com exposição a fatores de risco
que possam ensejar a concessão de aposentadoria especial, conforme ambientes descritos no
evento “S-1060 – Tabela de Ambientes de Trabalho”. Entretanto, esta data não pode ser
anterior ao início da obrigatoriedade deste evento no eSocial.

Quando se tratar de ambientes insalubres ou perigosos, o empregador deve informar, no campo


{CodFatRis}, do grupo [insalPeric], o código do fator de risco ao qual o trabalhador está
submetido, conforme descrito na Tabela 23.

Na ocorrência de fatores de risco que acarretem o dever de recolher o adicional para o


financiamento da aposentadoria especial o campo {CodFatRis}, do grupo [aposentadoria], deve
ser preenchido com o código da ocorrência.

A existência concomitante das condições de insalubridade e periculosidade deve ser informada.


Essa condição não implica incidência de mais de um adicional sobre a remuneração do
empregado.

Em caso de registros de ambientes de trabalho localizados no exterior, os campos do grupo


{respReg} deverão ser preenchidos com as informações do responsável pelo LTCAT no Brasil.
Fonte: Leonardo Amorim - llConsult

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