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FACULDADE DE DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO SUL

PÓS-GRADUAÇÃO - FADERGS
DISCIPLINA DE METODOLOGIA CIENTÍFICA – EAD
Proa. Dra. Magaly Ferrari

Nome completo do aluno: IVANA CRISTINA BULEGON


Nº de Matrícula:01020238
Curso: PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

1. TEMA E SUA DELIMITAÇÃO:

CONVENÇÃO 158 DA OIT e LEI 13.467/2017.


COMPATIBILIDADE ENTRE A NOVA LEI E A CONVENÇÃO INTERNACIONAL
OU COLISÃO DE NORMAS.

Se a nova legislação celetista tem compatibilidade com a convenção 158 da OIT que
fala de temas como a despedida arbitraria, entre outros. Considerando que a lei anterior era
considerara uma das mais protetivas nos países em desenvolvimento, hoje com a reforma
trabalhista, como chamam a nova legislação, se questiona se ainda existe compatibilidade
com as normas internacionais de proteção ao empregado frente ao empregador.

Visando melhor compreensão do tema trazido, se questionará se os legisladores de


alguma forma buscavam recepcionar a convenção, se dependia de lei para ter eficácia integral
no ordenamento jurídico brasileiro, e em não havendo a receptividade da lei, isso significaria
em suma que seria necessária adequação legislativa ou se haveria colisão de normas.

2. PROBLEMA:
Existiria a compatibilidade da nova legislação celetista com a Convenção 158 da OIT
ou haveria colisão de normas?

3. OBJETIVOS
O presente projeto tem como objetivo central analisar a legislação celetista a luz da
Convenção 158 da OIT para concluir se há aplicabilidade possível da convenção na atualidade
ou haveria uma grave colisão normativa.

Caso conclua-se que é possível aplicar a convenção, será analisado quais artigos são
coaduno, e desta forma teríamos a tão esperada lei que é necessária para eficácia da norma
internacional. Uma vez que a própria constituição brasileira traz a necessidade de lei
complementar para o assunto de que trata a convenção 158.

Na impossibilidade de ser aplicada a convenção, quais artigos da Convenção não se


aplicam e quais estariam em conflito de normas, além de da análise do possível impacto na
vida do trabalhador brasileiro, uma vez até hoje não havia a legislação adequada para suprir a
necessidade existente sobre o tema – Despedida Arbitraria – e ainda, se isso significa um
projeto de denúncia da referida Convenção à OIT, do qual o pais é membro fundador e
signatário.

4. JUSTIFICATIVA:
O presente estudo se dará pois a legislação trabalhista brasileira era considerada pela
OIT ao nível de países em desenvolvimento uma das mais protetivas ao trabalhador. Com a
nova legislação vigente, há o interesse de analisar se as radicais mudanças que ocorreram na
legislação celetista permanecem ainda compatíveis com as normas de proteção dos
trabalhadores, trazidos na convenção tema ou se geraria um conflito de normas.

Doutrinadores e juristas tem tratado da convenção como se ela apenas abordasse a


proibição da despedida sem justa causa, ou a vedação da despensa arbitraria. A convenção
trata de despedida coletiva, o que até pouquíssimo tempo, não havia no ordenamento jurídico
brasileiro, apenas citado na jurisprudência. A despedida por motivos econômicos,
tecnológicos estruturais ou análogos, merece também considerações, ainda a despedia coletiva
que é um direito constitucional fundamental também; além de tratar de outros institutos, como
fundo de garantia e aviso prévio, tal qual trouxe o saudoso mestre Sussekind1. Assim poderia

1
SUSSEKIND, Arnado. Direito Constitucional do Trabalho/ Arnado Susseking 2ed.(ampl. E atual.) – Rio de
janeiro: Renovar, 2001. 521p.
haver uma visão do direito trabalho, visando maiores proteções, que não necessariamente
seriam contra os interesses patronais, como parece trata-se a nossa nova legislação celetista.

Dessa forma, não mais se falaria em flexibilização de garantias ou extinção de direitos,


mas em novas formas de garantir os direitos que já existem e com isso poder trazer novas
garantias, existentes em países mais desenvolvidos economicamente, será que este era o
intuito dos nossos legisladores ao escrever a Lei 13.467/2017.

5. POSSÍVEIS SUPORTES TEÓRICOS/CONCEITUAIS


A Organização Internacional do Trabalho (OIT), fundada em 1919 através do Tratado
de Versailles2, em 23 de novembro de 1985 em Genebra aprovou a Convenção N.º158 que foi
aprovada no Brasil por Decreto Legislativo N.º683 no dia 17 de setembro de 1992. Estado de
acordo com a Constituição da República do Brasil (CRBF/1988) para ser ratificada pelo então
presidente da república Fernando Henrique Cardoso.

Apesar da Convenção 158 ter sido ratificada pelo Brasil, ela sofreu inúmeros
atentados, como ADI 1480 e a possível denuncia com o Decreto N.º 2.100/1997, nos
seguintes termos, conforme Sussekind:

Com o Decreto n. 2.100, de 20 de dezembro do mesmo ano, o Presidente de


República promulgou a denúncia, anunciando que a mencionada convenção deixaria
de vigorar no Brasil a partir de 20 de novembro de 1997.4

Assim, a convenção tema passou vários outros momentos, estando agora no que
podemos chamar de limbo jurídico, aguardando o legislativo, pois até o momento não foi
aprovada qualquer lei complementar para surtir a eficácia necessária. Conforme recente
decisão do TST onde o Ministro Bresciani explica a inaplicabilidade da convenção 158 da
OIT.

[...]Constituição Federal estabelece que a lei complementar seria a via para se


estabelecer a proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, e que a
própria Convenção 158 exige a edição de lei para que produza efeitos. “Como,

2
SUSSEKIND,, Arnado. Direito Constitucional do Trabalho/ Arnado Susseking 2ed.(ampl. E atual.) – Rio
de janeiro: Renovar, 2001.p119-120.
3
BRASIL, Decreto Legislativo N.º 68 de 17 setembro de 1992.
4
SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. 2ªed. São Paulo: LTr, 1998, p. 56
nunca, nenhuma norma regulamentadora tenha sido editada, nenhum ‘efeito’ foi
possível”, afirmou. “A inobservância da forma exigível conduzirá à ineficácia
qualquer preceito pertinente à matéria reservada. Se a proteção contra o
despedimento arbitrário ou sem justa causa é matéria limitada à Lei Complementar,
somente a Lei Complementar gerará obrigações legítimas[...]5”.

Contudo, uma vez que o princípio norteador da CLT é o Principio Protetor ou da


Proteção conforme definição de Mestre Américo Plá Rodriguez:

O princípio de proteção se refere ao critério fundamental que orienta o Direito do


Trabalho, pois este, ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade, responde ao
objetivo de estabelecer um amparo preferencial a uma das partes: o trabalhador.
Enquanto no direito comum uma constante preocupação parece assegurar a
igualdade jurídica entre os contratantes, no Direito do Trabalho a preocupação
central parece ser a de proteger uma das partes com o objetivo de, mediante essa
proteção, alcançar-se uma igualdade substancial e verdadeira entre as parte.6

Da mesma forma, em uma análise rápida na convenção 158 se verifica que ela é até
mesmo mais favorável que o art. 7º, I da CRBF, que deve ser lida pela regra “in dubio, pro
operário”. Portanto tanto a Convenção quanto a legislação celetista que estava em vigor até
novembro de 2017, eram coadunas, ambas tendo como princípio principal a Proteção do
Empregado.

Contudo, a nova legislação que vem sendo alvo de inúmeras manifestações, inclusive
com ADIs, pois à o entendimento de diversos jurista, inclusive Godinho de que ela teria
deixado de ser uma legislação pró trabalhador, vindo a ser pró empregador, como exemplo o
artigo 484-A7 que prevê que o contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre
empregado e empregador8, uma nova modalidade que em tese seria totalmente contraria ao
contido na Convecção 158 da OIT.

5
TST – Sobre Turma afasta aplicação da Convenção 158 da OIT em dispensa de auxiliar de produção da
Garoto. Disponível em http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/turma-afasta-aplicacao-da-
convencao-158-da-oit-em-dispensa-imotivada-de-auxiliar-de-producao-da-garoto?inheritRedirect=false&red
Acesso em: 09 jun.2018.
6
RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3ªed. Atualizada. São Paulo, LTr, 2000,p.
28. Documento eletrônico
7
BRASIL, LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm > Acesso em: 09jun.2018.
8
DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO.Gabriela Neves. A reforma trabalhista no Brasil:com os
comentários à Lein.º13.467/2017 / -São Paulo:LTR,2017 . p.190
Este é apenas um dos novos artigos da CLT, o deve ser analisado neste trabalho é se os
demais artigos estão no mesmo sentido e se de fato o mero fato de haver legislação no sentido
de permitir acordos na rescisão contratual, é de fato deixar o princípio protetor ser o norteador
da nossa nova legislação.

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para alcançar os objetivos, serão utilizados os seguintes procedimentos
metodológicos: procurar-se-á com uma leitura de base hermenêutico-analítica a busca por
uma aproximação e interpretação das lei e convenção temas, de modo a satisfazer os objetivos
propostos no presente, realizando-se uma análise crítica voltada à proposição de modelos
dogmáticos, sempre analisando as profundas relações entre os Direitos fundamentais,
princípio da proteção e o equilíbrio capital-trabalho.

Para a exploração do tema proposto, será utilizado o método interpretação


hermenêutico. Quanto a técnica de pesquisa, será dominante no presente trabalho o estudo de
revisão bibliográfica sobre os temas a serem abordados, assim como por meio de uma
pesquisa documental a fim de obter o máximo de informações jurídicas que sirvam ao
fundamento teórico deste trabalho.

7. REFERÊNCIAS
 BRASIL, Decreto Legislativo N.º 68 de 17 setembro de 1992.
 _______, LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm > Acesso em: 09
jun.2018.
 DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO.Gabriela Neves. A reforma trabalhista no
Brasil: com os comentários à Lein.º13.467/2017 / -São Paulo:LTR,2017 . p.190
 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3ªed. Atualizada. São
Paulo, LTr, 2000,p. 28. Documento eletrônico
 SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. 2ªed. São Paulo: LTr, 1998, p. 56
 ___________________, Direito Constitucional do Trabalho, , Arnado. Direito
Constitucional do Trabalho/ Arnado Susseking 2ed.(ampl. E atual.) – Rio de janeiro: Renovar,
2001.p119-120 e 521.
 TST – Sobre Turma afasta aplicação da Convenção 158 da OIT em dispensa de
auxiliar de produção da Garoto. Disponível em http://www.tst.jus.br/noticias/-
/asset_publisher/89Dk/content/turma-afasta-aplicacao-da-convencao-158-da-oit-em-dispensa-
imotivada-de-auxiliar-de-producao-da-garoto?inheritRedirect=false&red

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