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UNIAMÉRICA

Contratações emergenciais e dispensa de licitação em uma crise pandémica

Fellipe Eduardo Braga Vieira1

Professor - Orientador

03/2021

RESUMO
As dúvidas referentes as contratações emergenciais em meio a uma crise
pandémica é algo a se ter uma análise mais conceitual e transparente, sobre
as ações dos estados e do governo na manutenção da lei, para poder dirimir os
problemas criados por conta de problemas no âmbito da saúde. O objetivo
principal deste artigo é trazer clareza sobre as contratações emergenciais em
meio a uma pandemia, não obstante trata-se sobre as leis e medidas
provisórias expedidas durante o ano de 2020, objetivando a clareza para sanar
os problemas das leis consolidadas que abrangem os procedimentos legais
para a contratação emergencial, licitações e afins. Comentários sobre a lei n°
14.065/2020 e lei n°13.979/2020, expondo pontos positivos e pontos negativos
na abordagem estatal para dirimir os anseios da população brasileira. Neste
sentido o objetivo geral é a análise das leis demonstrando o que é positivo e o
que é negativo para a sociedade e para o próprio governo. Ressaltando que
foram criadas medidas provisórias e leis no decorrer da pandemia. Análise dos
resultados expostos durante as alterações legais referentes as leis licitatórias,
demonstrando o lado positivo e negativo dessas alterações. Trazendo consigo
uma perspectiva de mudança para favorecer a sociedade.

Palavras-chave: Contratações Emergenciais - Lei N° 14.065/2020 - Direito


Administrativo - Licitações.

1
Graduado em Direito, pela Universidade Católica de Brasília (2014.2).
I. O que são contratações emergenciais? Quais são suas características e
funções?

No Brasil a constituição federal de 1988 traz consigo alguns artigos


basilares para o direito administrativo, e no que tange a administração pública é
importante tratar sobre o artigo 37. Adentrando ao tema é possível identificar
que A Contratação de pessoal em caráter emergencial pela Administração
Pública deve obedecer ao requisito do art. 37, IX, da Constituição Federal, que:
“ IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público” 2  

Na busca do conhecimento acerca das contratações emergenciais, é


necessário se frisar o momento atual do mundo, em meio a uma pandemia
mundial. No âmbito do direito administrativo importante arguir a sua
necessidade social e a forma de auxílio para ajudar no combate a tal
pandemia. Sendo a celeridade um fator exponencial para se combater os
efeitos retrógrados da doença em vertente.

Ademais as contratações emergenciais são de extrema necessidade


para o país ser organizado em meio ao caos, entretanto, a utilização da mesma
de forma inadequada pode causar muitos danos a sociedade brasileira.

O direito em si, não consegue acompanhar de forma exímia a velocidade


do avanço da sociedade, o que traz consigo problemas temporais, para sanar
tais problemas existe ritos emergenciais, em outras palavras uma forma de
remendo do problema.

As contratações emergenciais, possuem um rito célere para que possa


ser utilizado sem a burocracia estatal, que em busca da publicidade,
moralidade, legalidade, impessoalidade e eficiência, se vê em processos
licitatórios demasiadamente extensos para a sua conclusão.

2
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 2021. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>.
Conforme a lei 14.065 de setembro de 2020, lei essa que fora convertida
de uma medida provisória, sendo esta n° 961 de 2020. Tratando de forma
célere sobre as dispensas de licitações e antecipações de licitações.

No decorrer do ano de 2020 encontraram-se pontos positivos e pontos


negativos acerca das contratações emergenciais de forma mais célere. Um dos
pontos positivos foi a celeridade para com todos os estados podendo lidar com
o problema da pandemia, em contrapartida houveram diversas incongruências
acerca da fiscalização dessas contratações rápidas, o que gera insegurança
jurídica e ineficiência estatal.

Atualmente é disposto no art. 24 da lei 8.666/93 em seu inciso IV, sobre


a dispensa de licitação.

“Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando


caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
serviços, equipamentos e outros bens públicos ou particulares, e
somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial(...)”. 3

Mesmo havendo a dispensa de licitação a constituição federal de 1988


exige em diversos casos a necessidade da licitação, conforme artigo 37. Inciso
XXI4. O que é a regra geral, mas em casos extraordinários vai se haver a
possibilidade de se utilizar a exceção que é a contratação emergencial de
forma simples. Ressaltando que durante as licitações se perfaz necessário
alguns princípios e requisitos para uma melhor competição, em regra sendo
melhor técnica, menor preço. Não obstante o tipo da modalidade também é
relevante.

O direito administrativo anda lado a lado com o direito constitucional,


sempre almejando a melhor opção para o estado e para o povo. E o maior

3
BRASIL. Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Brasília, DF. Jun. 1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 02 fev de 2021.
4
“XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. ”
objetivo dentro do direito é reger a sociedade de forma ideal sempre passando
pelas adversidades, mas em busca de um caminho justo.

II. Alteração da lei de licitações para uma melhor desenvoltura


durante uma pandemia mundial

Breve introdução sobre a lei n° 14.065/2020, está lei em vertente é a lei


que trata sobre regime diferenciado de contratações públicas, na antecipação
de autorização de pagamentos antecipados nas licitações e nos contratos
realizados no âmbito da administração pública, durante o estado de calamidade
pública reconhecido pelo Decreto Legislativo n° 6, de 20 de março de 2020.

Importante ressaltar que esta lei trouxe alterações diretas, que podem
ser vistas como flexibilizações do art. 24 da lei 8.666/93, que na busca de
celeridade possibilitou a dispensa do limite de valores conforme o demonstrado
agora:

I - Dispensar a licitação de que tratam os incisos I e II


do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, até
o limite de [...]...5

A intenção dessas alterações foi para que os estados pudessem fazer


contratações rápidas para o seu território em meio ao “caos” causado pela
pandemia. Seguindo fluxos de tempo mais curtos e mais eficientes, não se
importando tanto com os valores pré-estabelecidos de mercado, haja vista que
a sociedade está em caráter excepcional.

Ademais, o regime diferenciado de contratações públicas passou a ser


utilizado em todos os tipos de contratações, conforme a lei n° 13.979/2020:

Art. 1° [...]...
5
BRASIL. Lei 14.065, de 30 de setembro de 2020. Autoriza pagamentos antecipados nas
licitações e nos contratos realizados no âmbito da administração pública; adequa os
limites de dispensa de licitação; amplia o uso do Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC) durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto
Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de
2020. Brasília, DF. Set 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/lei/L14065.htm> Acesso em: 02 fev de 2021.
III - aplicar o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), de que trata a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
2011, para licitações e contratações de quaisquer obras,
serviços, compras, alienações e locações.6

Ainda seguindo esse contexto e o entendimento da referida lei, ficou


previsto algumas medidas de cautela para que não se utilizassem dessa
facilitação nas contratações para outros fins inadequados. Conforme art. 1º, §
2º sem prejuízo do disposto no § 1º deste artigo, a Administração deverá prever
cautelas aptas a reduzir o risco de inadimplemento contratual, tais como:

I - a comprovação da execução de parte ou de etapa


inicial do objeto pelo contratado, para a antecipação do valor
remanescente;

II - a prestação de garantia nas modalidades de que trata


o art. 56 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, de até 30%
(trinta por cento) do valor do objeto;

III - a emissão de título de crédito pelo contratado;

IV - o acompanhamento da mercadoria, em qualquer


momento do transporte, por representante da Administração;
ou

V - a exigência de certificação do produto ou do


fornecedor.7

Sendo esses requisitos com fins assecuratórios de cumprimento das


demandas citadas no Art. 1° da referida lei, que de certa forma traz consigo um
procedimento.

Ainda possuindo uma vedação expressa sobre: O pagamento antecipado


na hipótese de prestação de serviços de dedicação exclusiva, que consta no §
3° do art. 1° desta lei.

6
Ibidem
7
Ibidem.
Sendo assim a lei criada no intuito de trazer celeridade, trouxe consigo a
celeridade necessária para o poder público agir de forma adequada em meio a
essa crise. Mas toda ação do estado tem seus efeitos positivos e negativos,
vamos falar sobre os efeitos das contratações emergenciais neste momento.

III. Efeitos das contratações emergenciais

Em consonância com o estado democrático de direito, todo ato público


traz consigo um tipo de efeito, logo as contratações emergências não são
exceção, e Segundo Mestre em direito, Sidney Bittencourt:

Sobre a matéria, sempre com o intuito da agilização, o


legislador fez constar dispositivo que flexibiliza o processo,
indicando que os preços obtidos a partir de estimativa não
impedem a contratação por valores superiores decorrentes de
oscilações ocasionadas pela variação de preços, desde que
haja justificativa nos autos.8

Chegamos em um momento no qual houve uma flexibilização tão


grande, podendo até se ultrapassar os valores limites estipulados tanto na Lei
de licitações como na própria lei de alteração da lei de licitações. O que se
torna algo preocupante, pois os efeitos podem vir de formas negativas. Mestre
Bittencourt ressalta ainda que:

(...)por tratar-se de contratação num período anormal, de


mercado volátil e com comportamento econômico
desequilibrado, é certo, caso a contratada justifique e
comprove que não tem condições de satisfazer a alteração
quantitativa pretendida pela Administração, que a situação não
demandará sancionamento.9
8
BITTENCOURT, Sidney. A contratação emergencial por dispensa de licitação em função
da pandemia provocada pelo novo corona vírus. Disponível em:
<https://www.olicitante.com.br/emergencial-coronavirus/> Acesso em: 09 de fev de 2021.
9
Ibidem
Em alguns casos, o estado pede pela renovação automática das
demandas, de certa forma em um caráter obrigatório, e o Mestre ressalta esse
problema. Que ainda que seja um período de excepcionalidades é importante
sempre resguardar o mundo jurídico de uma forma sólida, entretanto a lei N°
13.979, de 6 de fevereiro de 2020, traz exceções as regras gerais, sendo elas:

a) os contratos terão prazo de duração de até seis meses,


podendo ser prorrogados por períodos sucessivos, enquanto
perdurar a necessidade de enfrentamento dos efeitos da
situação emergencial (art. 4º-H); e

b) o Poder Público poderá prever que os contratados fiquem


obrigados a aceitar, nas mesmas condições contratuais,
acréscimos ou supressões ao objeto contratado, em até
cinquenta por cento do valor inicial atualizado do contrato (art.
4º-I).10

Visível que este tipo de exceção possa causar um efeito negativo nas
finanças do país, preocupação demonstrada pelo Ministro da Fazenda Paulo
Guedes:

“O teto sem as paredes, com o piso subindo, é uma questão de


tempo. Então vai ter um momento em que nós vamos ter que
superar isso e travar o piso, recuperando o espaço para os
investimentos públicos e para as decisões corretas. Enquanto
isso não houver, o teto é indispensável. É como se fosse uma
promessa de seriedade na condução dos orçamentos
públicos”, declarou o ministro.11

10
BRASIL. Lei n° 13.979, de 6 de fevereiro 2020. Dispõe sobre as medidas para
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente
do coronavírus responsável pelo surto de 2019. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l13979.htm> Acesso em: 09 de fev
de 2021.
11
AGÊNCIA BRASIL. Teto de gastos não sobrevive sem paredes. Disponível em:
<https://www.dinheirorural.com.br/teto-de-gastos-nao-sobrevive-sem-paredes-diz-guedes/>
Acesso em: 09 de fev de 2021.
O mundo jurídico está passando por adaptações para essa nova
pandemia, e ainda que haja preocupações econômicas do nosso país é
importante sempre se defender os princípios fundamentais de direito, sendo
ele, o direito à vida. Adentrando a outros princípios o direito à dignidade da
pessoa humana também está sendo testado na sua raiz, em meio a essa
pandemia.

Quando nos referimos aos procedimentos da licitação, é por conta da


legalidade que se utiliza tantas formas, para que esteja sempre em
consonância com as leis, entretanto a burocracia é imensa, pois nossa
constituição federal é rígida. Segundo Airton Gabriel:

“A legalidade, por sua vez, é o resultado e causa da


burocracia, é o fator condicionante que todo o
procedimento seguiu rigorosamente os preceitos legais e
que o objeto pretendido alcançado está prestes a atender o
seu principal objetivo, o interesse público. Em razão dessa
morosidade o legislador dispôs sobre a dispensa de
licitação, voltada para situações em que a licitação seria
possível, porém diante da excepcionalidade, torna-se
inviável a concorrência dos licitantes e/ou do objeto”. 12

E na excepcionalidade que conseguimos ter uma visão mais concreta


dos defeitos e acertos da nossa legislação vigente. Tornando-se notório, que a
falta de celeridade causa problemas, e a falta de fiscalização também, é um
tema complexo e de difícil entendimento assertório.

A administração pública tenta sempre ir em busca da melhor técnica e


do melhor preço, mas como ir em busca dessas propostas em meio ao caos

12
GABRIEL. AIRTON. Legalidade da dispensa de licitação nas contratações públicas para
enfrentamento da pandemia COVID-19. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/legalidade-da-dispensa-de-
licitacao-nas-contratacoes-publicas-para-enfrentamento-da-pandemia-do-covid-19/#_ftn1>
Acesso em: 12 de fev. 2021.
pandêmico? Um questionamento difícil de se lidar, entretanto são muitos
requisitos a seguir, e conforme Airton Gabriel:

“(...)...ao mesmo passo que se procura gerir da melhor forma


os recursos e sua correta destinação, também se busca o mais
alto desempenho do agente público, traduzido em resultado
positivo para a administração. Com efeito, acarreta otimização
do serviço público do órgão, concretizando-se no resultado
almejado e obtido pela licitação, haja vista, a constante busca
pela proposta mais vantajosa diante do burocrático
procedimento licitatório”. 13

O burocrático procedimento licitatório, com o advento dessas novas leis


14.065/2020 e 13.965/2020, houve uma tentativa de “burlar” essa burocracia
demasiada. O problema que a burocracia é grande para evitar corrupção dos
agentes públicos.

Entendendo que o efeito positivo é a possibilidade de manejo para


adimplir com a necessidade do âmbito da saúde, e o efeito negativo é a falta de
clareza, desvio de finalidade, contratações exorbitantes e etc.

Em suma o atual cenário demonstra com exatidão a total falta de


celeridade nos procedimentos licitatórios, que ao mesmo tempo que tenta
proteger o dinheiro público, causa um problema para a sociedade, que
necessita de leis eficazes para um melhor aferimento e trabalho por parte dos
órgãos da saúde.

IV. Visibilidade das ações executadas durante as alterações legais

A lei n° 13.979/2020, possui medidas para enfrentar a pandemia, de


forma emergencial e segundo Cristiana Fortini: “A pandemia revela o excesso
de formalidades e pode ser considerada uma oportunidade para um revisitar
13
Ibidem.
profundo da licitação, com vistas a expurgar os excessos desnecessários ainda
presentes”14.

Fica visível esse problema jurídico do nosso país, pois parece que o
nosso ordenamento jurídico não está apto a lidar com problemas a nível
nacional referente ao âmbito da saúde. Quando nos debruçamos sobre o
direito administrativo e tratamos sobre licitações, é bem rígido e formal as
modalidades de compras. Trazendo visibilidade dos atos, mas ao mesmo
tempo uma demora para solucionar a necessidade daquela licitação.

Dentro da gama das ações executadas no âmbito jurídico referente “ a


luta” contra o COVID-19, sempre haverá um risco para as contratações
emergenciais com esses novos ritos “pandêmicos” e na visão de Cristina
Fortini “ Evidentemente há sempre um risco a envolver a contratação
emergencial, diante do olhar mais rigoroso dos órgãos de controle” 15. Contudo
é complexo a execução de um controle adequado para a fiscalização dessas
contratações emergenciais.

Ainda neste sentido, Eloy Risso demonstra o mesmo questionamento “


[...]... dispõe que, excepcionalmente, será possível contratar empresas
inidôneas, suspensas ou impedidas de contratar com o Poder Público, quando
se tratar, comprovadamente, de única fornecedora do bem ou serviço
adquirido.”16

Contratar empresas sem a devida aferição da idoneidade delas, é um


ato de desespero jurídico, mas o Brasil passar por medidas drásticas, ainda
assim durante o primeiro ano de pandemia, as coisas não melhoraram, mesmo
com o advento de algumas vacinas, ainda é visível a falta de preparo do estado
em poder licitar pelas vacinas, ou pelos próprios equipamentos necessários
para o combate dessa doença. E de quem é a culpa? Se não do próprio estado
com leis morosos e burocráticas.

14
FORTINI, CRISTIANA. Impacto da covid-19 nas contratações públicas. Editora Fórum.
Ano 2020.
15
Ibidem
16
RISSO, ELOY. O combate a fraudes e atos de corrupção em tempos de pandemia.
Disponível em: <https://br.lexlatin.com/opiniao/o-combate-fraudes-e-atos-de-corrupcao-em-
tempos-de-pandemia> Acesso em: 09 de fev de 2020.
O princípio a publicidade é efetivado na sua integra nos dias de hoje,
pois se tornou tão visível a verificação dos problemas estatais, que muitas
vezes é inacreditável tamanha visibilidade e segundo Eloy Risso:

“A publicidade incorre como condição para eficácia do


procedimento licitatório e do contrato em si. Sendo assim, a
garantia de transparência à população acerca dos atos
originários da conduta legal oportunizando mecanismos de
controle e fiscalização no acompanhamento e prestação de
contas à sociedade”17

E por conta da publicidade os mecanismos adequados para a efetivação


da lei se torna mais coerente.

Os dispositivos de veiculação de informação fazem um papel importante


nessa efetivação da publicidade elencada na constituição federal, pois a
informação contida em uma notícia ou em uma investigação jornalística pode
aferir indícios para que o estado posso ir atrás. Conforme notícia da uol:

"A pandemia permitiu que os governos gastassem


recursos significativos muito rapidamente enquanto os
controles internos eram flexibilizados devido à
emergência", disse Guilherme France, diretor de
pesquisas da Transparência Internacional no Brasil.
"Acabou criando uma tempestade perfeita para a
corrupção.18

Trazendo uma crítica aos gastos, pois por conta do advento dessas leis
e medidas provisórias os estados ficaram com uma maior autonomia para
flexibilizar as leis administrativas, que por conta disso, ocorreu diversas
17
Ibidem.
18
SLATTERY. GRAM. & BRITO . RICARDO. Respiradores que nunca chegaram: como
corrupção dificultou combate à covid no país. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/reuters/2020/09/25/respiradores-que-nunca-
chegaram-como-corrupcao-dificultou-combate-a-covid-no-pais.htm> Acesso em: 14 de fev.
2021.
denúncias sobre corrupção durante os processos licitatórios. Alguns
concorrentes únicos que quando fiscalizados nunca tinha mexido ou construído
respiradores de fato, e sendo uma crítica a própria lei.

O direito em si é difícil de se igualar, pois quando se tenta torná-lo rígido,


em casos excepcionais a falta de velocidade acaba atrapalhando a forma de
dirimir com as lides, e quando é muito flexibilizado ocorre o oposto, é uma briga
constante para tentar contornar os problemas.

V. Comentários positivos e negativos sobre: o decorrer do ano acerca da


pandemia e a forma como o direito administrativo lidou com suas
diversas situações

Após um ano exaustivo de altos e baixos dentro dos poderes do Brasil, o


tema mais falado do ano foi a gestão sobre a pandemia. E mesmo com todas
as manobras jurídicas e legislativas, o dano causado pelas contratações
emergenciais será notório a curto e longo prazo.

Em uma perspectiva otimista, caso não haja corrupção durante o estado


de emergência, no qual colocou o Brasil em cheque diversas vezes durante a
duração da pandemia de 2020, e tudo ocorra bem, é um pensamento dito pela
Cristiana Fortini:

“Ocorre que ainda que o contágio deixe de existir e o


número de doentes esmaeça, parece razoável imaginar
que o pós-pandemia também demandará soluções
rápidas. Daí ser possível conceber que o rastro da
pandemia poderá justificar contratações emergenciais. Os
requisitos devem estar demonstrados, claro”.19

19
Fortini, Cristiana. Impacto da covid-19 nas contratações públicas. Editora Fórum. Ano
2020. Disponível em: https://www.tcmgo.tc.br/site/wp-content/uploads/2017/06/Impactos-da-
COVID-19-nas-Contratações-Públicas-Perguntas-e-Respostas-Fórum-On-line.pdf
Ainda que tudo seja muito rápido e necessário, sempre se perfaz a
necessidade de uma justificativa da argumentação sobre todo o problema e
porquê de contratar, com base em princípios administrativos elencados na
Constituição Federal (1988) do Brasil, sem mais delongas, o entendimento
dado neste comentário que antecede a explicação, nada mais é que uma visão
positiva para com todo o processo administrativo que está ocorrendo durante a
pandemia do COVID-19 no Brasil.

O Brasil passar por dificuldades administrativas no quesito


governamental, pelo despreparo ou simplesmente, pela falta de visão referente
as manobras de contenção e ação das contenções necessárias para a busca
da melhor forma em combater os problemas pandêmicos. Adentrando ao
pensamento que já existe legislação vigente para tecer uma linha de condução
estatal, é importante frisar as leis de contratações emergenciais e contratações
normais em casos de urgência e segundo Gabriel Machado “Um dos caminhos
promissores para enfrentar os desafios impostos pela pandemia para a saúde
pública e a economia tem sido o recurso a mecanismos consensuais de
solução de problemas”. 20
Em outras palavras precisamos caminhas lado a
lado, direito, educação, saúde e economia, até porque caso haja maiores
problemas, todos eles serão afetados.

Alguns questionamentos são feitos por parte de Gabriel Machado:

Quais obras serão contratadas, quais continuarão, quais serão


suspensas? Como regular as relações contratuais com os
Administrados? Como e em que medida manter a
arrecadação? Quais serviços públicos suspender ou reduzir,
quais manter? Que servidores afastar, conceder férias ou
manter trabalhando? Como evitar que este grande evento de
força maior seja fonte da ampliação de gastos públicos por
força da suspensão ou cancelamento de contratos,
prorrogação de prazos, etc.? Combater o vírus não é a única
frente de batalha e a já complexa administração da coisa
pública tornou-se uma empresa ainda mais difícil.21

20
Machado, Gabriel. Os desafios da consensualidade na administração em tempos de
covid-19. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mai-17/direito-pos-graduacao-
desafios-consensualidade-administracao-tempos-covid> Acesso em: 02 de mar. 2021
21
Ibidem.
Diga-se de passagem, não são questionamentos feitos durante o
período pandêmico, que em algum momento será necessário se ter discussões
sobre todos eles. Vão ser dias difíceis, mas necessários. O direito está em
constante mudança e combater a pandemia não é a única frente de batalha do
direito, afetando todos os ramos do direito público e privado. São tantos
questionamentos que o próprio questionador responde muitas dessas
questões. Gabriel Machado diz “Há serviços públicos, porém, que, mesmo
afetados, não podem parar, como fornecimento de água e saneamento,
iluminação pública, SAMU, vigilância sanitária, transportes públicos, coleta e
destinação de resíduos, etc.22 Existem contratos que não podem parar e o
direito tem ciência disso, e a economia também.
Muitas são as oportunidades para o Direito,
especialmente o Administrativo, demonstrar seu valor e
sua utilidade no papel essencial de regulação das
relações interpessoais para fomentar a complexa
cooperação característica da raça humana, mantendo a
mais eficaz vantagem evolutiva da espécie, para tanto
precisando demonstrar sua capacidade de adaptação a
novos e desafiadores tempos e circunstâncias, permitindo
que a pandemia da COVID-19 encerre histórica.23

VI. Conclusão

A pesquisa girou em torno de trazer uma singela clareza sobre as


últimas leis editada para as contratações emergenciais e antecipação de
pagamentos. Pois o mundo jurídico se perfaz necessário esse tipo de clareza e
debate.

A pandemia em si trouxe diversas causas ruins para o Brasil, e a


economia junto do direito público tiveram diversas alterações de forma célere,
que não necessariamente seja a forma mais benéfica para lidar com as
situações.

22
Ibidem.
23
Ibidem.
E o entendimento sobre essas contratações emergenciais, antecipação
de pagamentos, modificações nos limites pagos em sede de licitação, são
importantes para o operador do direito, e também para a população
interessada. O país vive um momento difícil, a sociedade vive um momento
aterrorizante, e nesse momento a melhor forma de se combater essas aflições
é trazendo soluções para os problemas.

Em um primeiro momento se debatendo o problema, ou os efeitos de tal


problema, e posteriormente pensando em uma forma aceitável de reparação
destas chagas.

Como solução viável para uma maior solidez, a contratação emergencial


deve ocorrer apenas em situações ligadas ao covid-19, não sendo tão amplo.
Necessitando de uma comprovação da mesma.

Todos os atos precisam ser revestidos de motivação, como é ensinado


como princípio basilar do direito administrativo.

O orçamento do estado deve estar apto para se poder fazer tais gastos,
pois a falta dele no momento pode incidir diversas dívidas a posteriori do
estado, elevando impostos para pagar tais dívidas, o que não ajuda a
sociedade em um momento de fragilidade.

Sendo assim, apenas algumas possibilidades de melhora no momento


atual ligado ao tema licitações e contratos, que é sem sombra de dúvida um
pilar dentro da sociedade, pois rege diversos tipos de relação.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

____________. AGÊNCIA BRASIL. Teto de gastos não sobrevive sem paredes.


Disponível em: <https://www.dinheirorural.com.br/teto-de-gastos-nao-sobrevive-sem-
paredes-diz-guedes/>.

ANACLETO, José. Pandemia e erro grosseiro nas contratações


emergenciais. 25/06/2020. Disponível em:
https://www.zenite.blog.br/pandemia-e-erro-grosseiro-nas-contratacoes-
emergenciais/

BITTENCOURT, Sidney. A contratação emergencial por dispensa de licitação em


função da pandemia provocada pelo novo corona vírus. Disponível em:
<https://www.olicitante.com.br/emergencial-coronavirus/>
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>.

BRASIL. Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22/06/1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. >

BRASIL. Lei 14.065, de 30 de setembro de 2020. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 01/10/2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14065.htm>

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