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Caderno digitado - Juliana Moreno da Silva Sales

Legislação Social, prof. Adriana Wyzykowski - 2022.1 - Unidade I

O MUNDO DO TRABALHO PÓS REFORMA TRABALHISTA


Crise econômica de 2016: O estopim?
● 2016 ➝ Grave índice de desemprego (treze milhões de desocupados)
● Projeto de lei 6.787/2016
➝ Alteração de 7 artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)
➝ Revogação parcial ou integral de 6 artigos da CLT
➝ Alteração de 8 artigos na Lei 6.019/1974 (dispõe sobre o trabalho temporário nas
empresas urbanas) ➝ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6019.htm
➝ Revogação de 2 artigos na Lei 6.019/1974
* Relator do projeto: Rogério Marinho

Justificativas do relator para a urgência da tramitação


● Necessidade de diminuir o número de desempregados
● Modernizar a legislação trabalhista brasileira
● Rigidez e excesso de normas ➝ Flexibilização dos direitos trabalhistas?

Reforma aprovada - Lei 13.467/2017


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm
● Em 7 meses
● Déficit de debate social ➝ Ausência de participação de empregados,
empregadores e governo.
● Alterou em torno de 100 itens da legislação

O pós-reforma
● 2021 ➝ Em torno de treze milhões de desocupados
● Aumento da informalidade ➝ 40,7% da população ocupa postos sem garantias
trabalhistas
● Perda do poder aquisitivo da população

Flexibilização da legislação após a reforma trabalhista


● Contraria a lógica de proteção da seara laboral
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● Forma de diminuir direitos do trabalhador ➝ Benéfico ao empregador ➝ Se


mantém competitivo no mercado econômico
● Favorecimento de negociações individuais ou coletivas com redução do padrão de
direitos trazidos pelo Estado
● Desregulamentação: Retirada de direitos trabalhistas

Perigo de se relativizar a regulação estatal


● Opressão da classe trabalhadora
● Piora nas condições de trabalho
● Criação de postos de trabalho que violam a noção de trabalho decente
● Insegurança, controle dos corpos e consciências dos trabalhadores* ➝ Foucault
● Exploração

HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO


O trabalho e a formação histórica do direito do trabalho
● Submissão e trabalho
➝ O trabalho enquanto pena:
⭐ Origem: Tripaliare ➝ Tripalium ➝ Nome de um instrumento de tortura
⭐ A antiguidade clássica e o trabalho escravo
⭐ Romanos: Além de escravos, autônomos: locatio operis (realizar uma obra
para outrem) e locatio operarum (prestar um serviço a outrem)
⭐ Idade Média: Período feudal e escravidão
* História extremamente marcada por trabalho escravo

Ressignificação da palavra trabalho e à subordinação


● Revolução protestante: Trabalho dignificando o homem
● Trabalho livre como preponderante
● A revolução industrial e o início do direito do trabalho
➝ Perspectiva protetiva e a conscientização coletiva
➝ Conflito: Capital x Trabalho
➝ Questão social

Fases históricas do direito do trabalho


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● Manifestações incipientes ou esparsas


➝ Início desta fase: Peel’s Act ➝ Proibição da jornada noturna de menores e
fixação de jornada diurna de 12 horas.
➝ 1833 ➝ Inglaterra ➝ Proibição do trabalho dos menores de 9 anos e redução da
jornada dos menores de 13 anos para 9 horas diárias.
➝ Características dessa fase:
⭐ Leis assistemáticas: Voltadas para a tutela do trabalho do menor e das
mulheres
⭐ Inexistência de um conjunto sistemático de normas
● Sistematização e consolidação
➝ 1848 ➝ Movimento Cartista e Movimento Comunista
➝ 1848 ➝ França ➝ Redução da jornada (10 horas) e reconhecimento do direito de
associação e greve
➝ 1849 ➝ Inglaterra ➝ 10 horas ➝ Jornada máxima
➝ 1890 ➝ 1ª Conferência Internacional do Trabalho: 13 países
➝ Fase: Dura até 1919
➝ Características:
⭐ Maior grau de consciência coletiva
⭐ Direito do trabalho como parte das reivindicações sociais
⭐ Grande quantitativo de normas trabalhistas
● Institucionalização do direito do trabalho
➝ Criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) ➝ Influência das
constituições Mexicana e de Weimar (Alemã).
➝ Valorização do trabalho humano e universalização do direito do trabalho
⭐ Descarte de interpretações que não tragam a valorização do trabalho
⭐ Impedimento do labor desinteressado (sem retribuição), do trabalho escravo e
isonomia salarial
⭐ Descarte de exegeses (interpretações) que fomentem desigualdades
⭐ Busca do pleno emprego
Histórico do direito do trabalho no Brasil
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● 1º Período
➝ Até XIX ➝ Escravidão ➝ Não se fala em direito do trabalho
➝ Lei Áurea ➝ Possibilita o início do direito do trabalho
➝ Movimento operário sem organização e pressão
➝ Pouca legislação ➝ Código civil de 1916 no que tange a locação de serviços
➝ 1923 ➝ Estabilidade decenal aos ferroviários
➝ 1923 ➝ Criação do Conselho Nacional do Trabalho

● 2º Período
➝ 1930 a Constituição Federal 1988
➝ 26 de novembro de 1930 ➝ Criação do ministério do trabalho, indústria e
comércio
➝ Constituição de 1934 ➝ Liberdade e autonomia sindical, salário mínimo, jornada,
férias, repouso semanal etc.
➝ Até 1943 ➝ Intensa atividade legislativa ➝ Decreto-Lei 5.452/1943 - Compilação
da CLT http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
➝ Constituição de 1946 ➝ Manutenção dos direitos trabalhistas e criação de novos,
como por exemplo: direito de greve.
➝ Constituição de 1946 ➝ Justiça do trabalho passa a ser órgão do judiciário
➝ 1967 a 1988 ➝ Criação das leis do doméstico, rural e do trabalho temporário

● 3º Período
➝ Art 7º da Constituição Federal ➝ Avanço democrático e direitos trabalhistas
específicos.

● Período atual
➝ Nova fase? ➝ Reforma trabalhista (Lei 13.467/2017)

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO


● É o que sustenta o direito do trabalho
● Canotilho ➝ Princípios não proíbem, permitem ou exigem algo em termos de tudo
ou nada, mas impõem uma otimização de um direito ou de um bem jurídico
(mandado de otimização).
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● Princípios Justrabalhistas: Ratio dos direitos sociais ➝ Art. 7°, Constituição


Federal de 1988
➝ Pilares de uma área jurídica, demonstrando seus valores

Princípio da proteção
● Proteger o hipossuficiente da relação de emprego ➝ O empregado
➝ Equilibrar a relação de emprego, que é desigual
➥ EMPREGADOR X Empregado
✱ Vulnerabilidade econômica: Maioria dos empregados encontram no emprego a
sua fonte de sustento.
✱ Vulnerabilidade que advém da subordinação jurídica: Estar sujeito do poder de
comando, fiscalização e dispensa por parte do empregador.
↪ Empregado não tem grande poder de negociação e resistência aos abusos
do empregador.
✱ Vulnerabilidade técnica: Alienação do trabalho (Marx)
✱ Vulnerabilidade informacional: Nem sempre o empregado tem conhecimento
jurídico para se proteger ou a informação correta não é passada.

● Críticas ao princípio da proteção: Teorias flexibilizatórias


➝ Riscos: Precarizar; piorar as condições de trabalho; retrocessos.

● Subdivisão (Plá Rodrigues)


➝ Princípio da norma mais favorável
➥ Em um conflito de normas, a norma mais favorável ao empregado é a que
prevalece.
➥ Mitigações do princípio após a reforma trabalhista
Mas antes:
➤ Sindicatos: Possuem o poder de criar uma
norma específica para uma categoria específica
➞ Através de uma negociação coletiva:
⏩ A Negociação Coletiva pode gerar um:
a) Acordo Coletivo: Sindicato dos
empregados ⇄ A empresa
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b) Convenção Coletiva: Sindicato dos empregados ⇄ Sindicato dos


empregadores

Sabendo disso, vamos às mitigações do princípio:


🔹 Prevalência do negociado sobre o legislado
Art. 611-A da CLT - A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho
têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
II - banco de horas anual;
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas
superiores a seis horas;
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de
19 de novembro de 2015;
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do
empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções
de confiança;
VI - regulamento empresarial;
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo
empregado, e remuneração por desempenho individual;
X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI - troca do dia de feriado;
XII - enquadramento do grau de insalubridade;
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das
autoridades competentes do Ministério do Trabalho;
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em
programas de incentivo;
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.

🔹 Prevalência do Acordo Coletivo sobre a Convenção Coletiva


Art. 620 da CLT - As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho
sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
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🔹 Prevalência da negociação individual sobre a coletiva


Art. 444 da CLT - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se
às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia
legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado
portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou
superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.


Empregado hipersuficiente

🔹 Execução do critério hierárquico:


➤ Teoria da acumulação ou atomista

“Segundo o ensinamento de Mauricio Godinho, "a teoria da acumulação (ou da


atomização) propõe como procedimento de seleção, análise e classificação das
normas cotejadas, o fracionamento do conteúdo dos textos normativos, retirando-se
os preceitos e institutos singulares de cada um que se destaquem por seu sentido
mais favorável ao trabalhador. À luz dessa teoria acumulam-se, portanto, preceitos
favoráveis ao obreiro, cindindo-se diplomas normativos postos em equiparação".
(DELGADO, 2017, p. 1587)

Ou seja, com esse tipo de interpretação o aplicador da norma somente usará os


pontos favoráveis ao trabalhador da forma que ele bem entender, acumulando
inúmeros direitos e ignorando as obrigações/deveres.”

➤ Teoria do conglobamento
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“Diferente da teoria da acumulação, a teoria do conglobamento não fraciona a


norma, mas a analisa como um todo. Segundo Godinho (2017, p. 1588), com essa
teoria busca-se "a norma mais favorável a partir da totalidade dos sistemas ou
diplomas jurídicos comparados".

"... cada conjunto normativo é apreendido globalmente, considerado o mesmo


universo temático; respeitada essa seleção, é o referido conjunto comparado aos
demais, também globalmente apreendidos, encaminhando-se, então, pelo cotejo
analítico, à determinação do conjunto normativo mais favorável." (DELGADO, 2017,
p. 1588).

Essa é a teoria mais aceita pelos doutrinadores, vez que é a que mais harmoniza as
normas com a noção de sistema. Segundo decisão do C. TST "no confronto entre
dois instrumentos normativos, aparentemente discrepantes, prevalece a Teoria do
Conglobamento, segundo a qual não se interpretam as cláusulas de forma atomista
e isolada, mas em seu conjunto; assim, não é dado aos interessados, ao seu
bel-prazer, extrair de instrumentos normativos díspares, de forma pontual, apenas
as normas mais vantajosas" (TST, 1ª Turma, RR 70940-09.2002.5.21.0002, Min.
Rel. João OresteDalazen, j. 14/02/2007, p. DJ 27/04/2007)

Ou seja, se uma norma que é favorável ao empregado possuir alguma parte que
não seja tão interessante assim, não se pode simplesmente ignorá-la, mas analisar
a norma como um todo.”

https://henriquelaragnoit.jusbrasil.com.br/artigos/1184631287/a-relativizacao-do-prin
cipio-da-norma-mais-favoravel-ao-empregado-no-direito-do-trabalho

↪ Art. 3°, II, da Lei 7064/1982

Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado


transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do
local da execução dos serviços:

II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for


incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação
territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria.
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➞ Princípio da condição mais benéfica

➥ Aplicação do direito do trabalho no tempo

➥ Garantia de preservação ao longo do contrato da cláusula contratual ou


regulamentar mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito
adquirido.

➥ Súmula 51, I, TST

NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO


REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº
163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente,


só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
(ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)

➞ In dubio pro operario


➥ Dúvidas sobre a interpretação do direito ➞ Decisão pró empregado
➥ Crítica: Redundância
🔹 Rebatendo essa crítica: Princípio importante quando se trata de aplicação
processual.

Princípio da imperatividade da norma trabalhista


● São normas obrigatórias ➞ Não podem, em regra, serem afastadas por mero ato
de vontade das partes.
● Restrição à autonomia privada

Princípio da indisponibilidade de direitos ou irrenunciabilidade de direitos


● Não é possível renunciar direitos trabalhistas
● Extensão:
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a) Indisponibilidade absoluta: Não cabe renúncia, nem transação ➞ Patamar


civilizatório mínimo: Normas de contexto abstrato
Exemplos: Normas de segurança e saúde do trabalho, direitos fundamentais.
b) Indisponibilidade relativa: Transação ➞ Ambos cedem (comporta transação,
mas nunca renúncia)
Art. 444 da CLT - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de
livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. ✅
Art. 507-A da CLT - Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração
seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios
do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou
mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no
9.307, de 23 de setembro de 1996.

Princípio da inalterabilidade contratual lesiva


● Origem: Pacta sunt servanda ➞ “os pactos devem ser cumpridos”
● Alterações contratuais benéficas ✅
● Exceção: Jus variandi ➞ Consiste no poder de direção do empregador, pelo qual
este pode alterar unilateralmente, dentro dos limites da lei, as condições de trabalho
de seus empregados

Art. 468 da CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração


das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
cláusula infringente desta garantia.

Art. 469 da CLT - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua


anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .
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§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados


que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como
condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real
necessidade de serviço. (Redação dada pela Lei nº 6.203, de 17.4.1975)

§ 2º - É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento


em que trabalhar o empregado.

Princípio da intangibilidade salarial

● Salário é intocável ➞ Diversas proteções que assegurem seu montante, valor e


disponibilidade em benefício do empregado.

● Natureza alimentar ➞ Mínimo de dignidade

● Irredutibilidade salarial - Art. 7° da Constituição, Inciso VI.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

● Exceção e que precisa ser interpretada em conjunto com a Constituição:

Art. 503 - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a


redução geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos
salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por
cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo da região.

Parágrafo único - Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é


garantido o restabelecimento dos salários reduzidos.

Princípio da primazia da realidade sobre a forma ou contrato-realidade

● Realidade deve prevalecer em detrimento dos documentos

Princípio da continuidade da relação de empregos

● Contratos indeterminados e sucessão trabalhista


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RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO

Um emprego é um trabalho, mas nem todo trabalho é um emprego.

A relação de trabalho corresponde a todas as relações jurídicas caracterizadas por


terem a prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer por uma pessoa.
A prestação de trabalho pode ser realizada de várias formas por uma pessoa física
em favor de outra.

Caracterização da relação de emprego


Art. 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.
Art. 3º da CLT - Considera-se
empregado toda pessoa física que
prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante
salário.

Trabalho prestado por pessoa


física
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● A figura do trabalhador é sempre uma pessoa física/natural.


● O empregador pode ser pessoa física ou jurídica.
● Os bens tutelados pelo Direito do Trabalho são relativos a pessoas físicas: vida,
saúde, integridade física e psíquica, segurança, igualdade, lazer, dentre outros.
● Em caso de utilização da pessoa jurídica (empresa) como forma de esconder uma
relação de emprego, o Judiciário deve declarar a fraude e determinar que o
empregador reconheça vínculo e pague as verbas devidas (princípio da primazia da
realidade) ➞ Pejotização

Requisitos da relação de emprego


● Pessoalidade
➞ Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário.
➞ No contrato de emprego, a relação jurídica é firmada por conta das
características pessoais do empregado (contrato com pessoa certa e determinada).
➞ Substituições autorizadas pelo empregador 🗙 Substituições legais
🔹 Súmula nº 159 do TST
SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 112 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ
20, 22 e 25.04.2005
I - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual,
inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do
substituído. (ex-Súmula nº 159 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a
salário igual ao do antecessor. (ex-OJ nº 112 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)

● Não-eventualidade
➞ Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
➞ A relação empregatícia envolve um trabalho que é prestado em caráter
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permanente, e não de forma esporádica ➞ Habitualidade

● Onerosidade
➞ Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
➞ O contrato de emprego não é um contrato gratuito ➞ O contrato de trabalho
envolve obrigações recíprocas. Ambas as partes recebem e doam.
➞ Dimensões:
🔹 Objetiva: a onerosidade manifesta-se pelo pagamento;
🔹 Subjetiva: a onerosidade manifesta-se pela intenção das partes de constituir um
contrato contraprestativo.

● Subordinação jurídica
➞ Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
➞ “Por subordinação jurídica entende-se um estado de dependência real criado por
um direito, o direito do empregador de comandar, dar ordens, donde nasce a
obrigação correspondente para o empregado de se submeter a essas ordens. Eis a
razão pela qual se chamou de subordinação jurídica, para opô-la à subordinação
econômica e à subordinação técnica que comporta também uma direção nos
trabalhos do empregado, mas direção que emanaria apenas de um especialista.”

As relações de trabalho lato sensu (sentido amplo)


● Vinculação administrativa
➞ Servidor público estatutário
🔹 Aquele que realiza concurso público (garantindo moralidade e impessoalidade na
contratação) para adentrar em um cargo público
🔹 Está vinculado administrativamente
🔹 Regime jurídico ➞ Estatutário ➞ Regras do serviço público dispostas em um
estatuto público que irá reger aquela carreira.
🔹 Após adentrar, passará por um período chamado estágio probatório ➞ 3 anos
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⏩ Se for aprovado, ele se tornará estável


➞ Servidor público celetista e a figura do empregado público
🔹 O empregado público é aquele que trabalha em empresa pública ou sociedade
de economia mista.
🔹 Também faz concurso público, mas como o regime é CLT, não tem estabilidade
➞ REDA (Regime Especial de Direito Administrativo)
🔹 Criado para situações de urgência e necessidade de contratação pela
administração pública
🔹 Seleção pública
🔹 Não tem estabilidade, não tem FGTS.
● A relação de estágio
➞ Lei nº 11.788/2008
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm

➞ Objetivo: Aprendizado

➞ Partes do estágio: 3 partes


🔹 O estagiário
🔹 A unidade concedente de estágio
🔹 A instituição de ensino
⏩ Em determinadas situações: A entidade que faz a intermediação do estágio é
uma quarta parte.

➞ Quem pode ser estagiário?


🔹 Aqueles que estão nos anos finais da educação na EJA (Educação de Jovens
Adultos)
🔹 Nível médio
🔹 Nível técnico
🔹 Nível superior
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➞ O termo de compromisso do estágio e o desvirtuamento dos objetivos do estágio


🔹 Art. 15 da lei de estágio - A manutenção de estagiários em desconformidade
com esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente
do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.

§ 1o A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este


artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da
decisão definitiva do processo administrativo correspondente.

§ 2o A penalidade de que trata o § 1o deste artigo limita-se à filial ou agência em


que for cometida a irregularidade.
🔹 Jornada excessiva; nível de responsabilidade elevado; nível de ordens.
⏩ Reconhecimento do vínculo empregatício ➞ Princípio da primazia de
realidade sobre a forma

➞ Limites temporais:
🔹 Art. 10 da lei de estágio - A jornada de atividade em estágio será definida de
comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário
ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser
compatível com as atividades escolares e não ultrapassar:

I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes


de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional de educação de jovens e adultos;

II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes


do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino
médio regular.

§ 1o O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em


que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40
(quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico
do curso e da instituição de ensino.
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§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou


finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo
menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o
bom desempenho do estudante.

Art. 11 da lei de estágio - A duração do estágio, na mesma parte concedente, não


poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador
de deficiência.

➞ Dias de prova: §2º do art. 10


🔹 § 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas
ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo
menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o
bom desempenho do estudante.

➞ Bolsa:
🔹 Art. 12 da lei de estágio - O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de
contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão,
bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório.

§ 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e


saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício.

§ 2o Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do


Regime Geral de Previdência Social.
🔹 Obrigatória só nos estágios extracurriculares ➞ Não obrigatórios
🔹 Não tem valor mínimo previsto.
➞ Recesso:
🔹 Art. 13 da lei de estágio - É assegurado ao estagiário, sempre que o
estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de
30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares.
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§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o


estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação.

§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira


proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano.
🔹 30 dias após 1 ano de estágio ou 15 dias a cada 6 meses.
🔹 Auxílio transporte não é pago no recesso.
➞ Seguro contra acidentes pessoais:
🔹 Art. 9° da lei de estágio - As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos
da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como
profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos
conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as
seguintes obrigações:
IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja
apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido
no termo de compromisso;

● Cooperativas
➞ Lei 12.690/12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12690.htm

➞ Conceito: União de trabalhadores, que visando eliminar a figura do empregador,


se reapropriam dos meios de produção.
🔹 Lei exclui as cooperativas financeiras e de saúde, pois possuem legislação
própria.

➞ Princípios:
🔹 Dupla qualidade ➞ Trabalhador cooperado é ao mesmo tempo um prestador de
serviços e sócio dessa cooperativa
🔹 Retribuição pessoal diferenciada ➞ Cooperado deve receber uma retribuição
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mais alta do que se ele fosse um empregado exercendo aquela função


⏩ Por que? Porque se exclui a figura do empregador, ou seja, menos custo.
➞ Tipos:
🔹 Cooperativas de serviços ➞ Prestar um serviço. Exemplo: Cooperativa de Taxi
🔹 Cooperativas de produção ➞ Produzir um produto. Exemplo: Cooperativa de
produção agrícola.
➞ As fraudes em cooperativas
🔹 Usar a cooperativa para fins de intermediação de mão de obra
🔹 Empresa que se veste de cooperativa ➞ Relação de subordinação jurídica =
Emprego

➞ Presença de direitos sociais:


Art. 7º da lei 12.690/2012 - A Cooperativa de Trabalho deve garantir aos sócios os
seguintes direitos, além de outros que a Assembleia Geral venha a instituir:

I - retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e, na ausência deste,


não inferiores ao salário mínimo, calculadas de forma proporcional às horas
trabalhadas ou às atividades desenvolvidas;

II - duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e


quatro) horas semanais, exceto quando a atividade, por sua natureza, demandar a
prestação de trabalho por meio de plantões ou escalas, facultada a compensação
de horários;

III - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

IV - repouso anual remunerado;

V - retirada para o trabalho noturno superior à do diurno;

VI - adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou perigosas;


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VII - seguro de acidente de trabalho.

§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos III e IV do caput deste artigo nos casos em
que as operações entre o sócio e a cooperativa sejam eventuais, salvo decisão
assemblear em contrário.

§ 2º A Cooperativa de Trabalho buscará meios, inclusive mediante provisionamento


de recursos, com base em critérios que devem ser aprovados em Assembleia Geral,
para assegurar os direitos previstos nos incisos I, III, IV, V, VI e VII do caput deste
artigo e outros que a Assembleia Geral venha a instituir.

§ 3º A Cooperativa de Trabalho, além dos fundos obrigatórios previstos em lei,


poderá criar, em Assembleia Geral, outros fundos, inclusive rotativos, com recursos
destinados a fins específicos, fixando o modo de formação, custeio, aplicação e
liquidação.

§ 4º (VETADO).

§ 5º A Cooperativa de Trabalho constituída nos termos do inciso I do caput do art. 4º


desta Lei poderá, em Assembleia Geral Extraordinária, estabelecer carência na
fruição dos direitos previstos nos incisos I e VII do caput deste artigo.

§ 6º As atividades identificadas com o objeto social da Cooperativa de Trabalho


prevista no inciso II do caput do art. 4º desta Lei, quando prestadas fora do
estabelecimento da cooperativa, deverão ser submetidas a uma coordenação com
mandato nunca superior a 1 (um) ano ou ao prazo estipulado para a realização
dessas atividades, eleita em reunião específica pelos sócios que se disponham a
realizá-las, em que serão expostos os requisitos para sua consecução, os valores
contratados e a retribuição pecuniária de cada sócio partícipe.

● Trabalhador autônomo
➞ Trabalhador que decide os rumos da prestação de serviços ➞ Gera sua atividade
por conta própria
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➞ Características
🔹 Apropriação dos frutos do próprio trabalho
🔹 Acesso direto ao mercado econômico
🔹 Definição das regras do negócio
🔹 Proprietário da estrutura produtiva
🔹 Estabelecimento do preço relacionado ao trabalho
🔹 O autônomo irá portar os dados do cliente
➞ Cláusula de exclusividade e trabalho autônomo
🔹 É possível que no contrato autônomo haja cláusula de exclusividade, desde que
esse trabalho seja remunerado para tanto, todavia se a cláusula trouxer consigo
subordinação jurídica, deverá ocorrer o reconhecimento do vínculo.
empregatício ➞ Presença de subordinação jurídica = reconhecimento do vínculo
empregatício

➞ Recusa ao serviço possível

Subordinação jurídica e o fenômeno da uberização: Afinal, existe autonomia?


R: Indícios que não
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Trabalho Avulso
➞ Isonomia de direitos: art. 7º, XXXIV, CF/88
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.

➞ Tipos:
🔹 Avulso portuário ➞ Prestará serviço no porto organizado (Porto público)
⏩ OGMO: Orgão Gestor de Mão de Obra (quem cadastra, treina, analisa e
organiza a lista de convocação)
⏩ Relação triangular
⏩ OGMO e responsabilidade solidária pelo pagamento das verbas:
➥ Tomador de serviços tem até 72h para pagar
➥ OGMO também tem até 72h para passar esse pagamento ➞ Caso o
tomador não pague no tempo estipulado, é responsabilidade da OGMO pagar o
trabalhador avulso
🔹 Avulso não portuário ➞ Em âmbito terrestre
⏩ Relação triangular
⏩ Presença dos sindicatos ➞ Sua contratação deve ser intermediada pelo
sindicato trabalhista. No entanto, vale lembrar que não há necessidade de ser
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sindicalizado ➞ Problema: Alguns desses trabalhadores acabam "trabalhando" em


condição análoga à escrava.

Relação triangular
● Trabalho voluntário
➞ Lei 9608/1998
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não
remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à
pessoa.
(Redação dada pela Lei nº 13.297, de 2016)

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem


obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de


adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário,
dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas


que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
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Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente


autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.

Art. 3o-A. (Revogado pela Lei nº 11.692, de 2008)

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário

O EMPREGADO

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de


natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Os altos empregados
● Cargo de confiança: Regra geral
➞ Art. 62 da CLT: gerentes, exercentes de cargo de gestão, aos quais se equiparam
os diretores e chefes de departamento

➞ Gratificação: salário efetivo acrescido de, pelo menos, 40%

➞ Perda da gratificação e reversão ao posto anterior: art. 468, §2º, CLT


🔹 Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
cláusula infringente desta garantia.
§ 1° Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que
o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando
o exercício de função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
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§ 2° A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não
assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de
exercício da respectiva função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

➞ Reversão: Quando o empregado deixa de ocupar a função de confiança,


voltando para a função que ocupava antes ➞ Não é possível o rebaixamento
(colocar o empregado numa posição inferior, após ele ter sido promovido).

➞ Impossibilidade de controle de jornada (não bate ponto) = impossibilidade de


horas extras.

➞ Transferência: art. 469, §1º da CLT


🔹 Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,
para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que
exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição,
implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de
serviço.

● Cargo ou função de confiança: Setor bancário


➞ Art. 224, §2º da CLT: função de direção, gerência, fiscalização, chefia e
equivalentes

➞ Gratificação de, pelo menos, 1/3 do salário do cargo efetivo

➞ Não prevê jornada de seis horas, própria dos bancários. Jornada de 8 horas
(súmula 102, IV do TST)
Súmula nº 102 do TST
BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA (mantida) - Res. 174/2011, DEJT divulgado
em 27, 30 e 31.05.2011
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IV - O bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho
de 8 (oito) horas, sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava. (ex-Súmula
nº 232- RA 14/1985, DJ 19.09.1985)

➞ Transferência e reversão: Segue a regra geral

● Diretores (CEO)
➞ Diretores recrutados externamente ➞ Contratados externamente
🔹 Corrente clássica: Relação Cível, pois há autonomia do diretor
🔹 Corrente moderna: Relação trabalhista, pois o diretor estaria subordinado aos
sócios ou ao conselho da empresa

➞ Empregado eleito diretor


🔹 Correntes:
a) Mozart Russomano: Extinção do contrato de emprego por incompatibiidade
b) Délio Maranhão: Suspensão do contrato. Súmula 269 do TST ➞ A que
prevalece

Súmula nº 269 do TST


DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO
(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho
suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a
subordinação jurídica inerente à relação de emprego.

c) Interrupção do contrato de trabalho


d) Octavio Bueno Magano: compatibilidade

● Socioempregados
➞ Compatibilidade nas sociedades que possuem responsabilidade limitada do
sócio: S/A, limitadas ou comandita por ações. Questão da alteridade (alteridade
resguardada) ➞ É possível ser sócio e empregado.
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➞ Incompatibilidade nas sociedades que possuem responsabilidade ilimitada


do sócio: prevalência da affectio societatis em detrimento da subordinação.
Sociedade em nome coletivo, sociedades informais, sociedade em comandita
simples em relação ao sócio comanditado.
🔹 Não será possível ser sócio e empregado ao mesmo tempo ➞ O empregado não
pode assumir os riscos da atividade econômica. Prevalecerá a condição de sócio.
Exemplos: Comandita simples; sociedade irregulates.

Empregado doméstico
● Lei Complementar 150/15: Ao empregado doméstico, assim considerado aquele
que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por
mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.
● Elementos caracterizadores especiais:
➞ Finalidade não lucrativa dos serviços
➞ Prestação laboral à pessoa ou família
➞ Âmbito residencial da prestação laboral

● Evolução jurídica
➞ Fase de exclusão jurídica
🔹 Exclusão CLT:
Art. 7º da CLT - Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando
fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam :
a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que
prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito
residencial destas;

➞ Fase de inclusão jurídica


🔹 Lei 5859/72 ➞ Revogada pela Lei Complementar 150/2015
🔹 Década de 70: Férias anuais remuneradas de 20 dias úteis; anotação CTPS e
inscrição como segurado obrigatório
🔹 Decreto 95247/87 (Revogado pelo decreto 10854/2021): Vale transporte
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🔹 CF/88, antes da EC 72/13: Salário mínimo, irredutibilidade salarial, 13º salário,


RSR, férias mais 1/3, licença gestante, licença paternidade e aviso prévio
🔹 Lei 10208/01: Extensão do FGTS ao doméstico. Ato voluntário
🔹 Lei 11.324/06: Descanso remunerado em feriados, 30 dias corridos de férias,
garantia de emprego gestante e vedação a descontos por fornecimento de
alimentação, vestuário, higiene ou moradia.
🔹 2013: EC 72
Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para
estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e
os demais trabalhadores urbanos e rurais.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do


art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto
constitucional:

Artigo único. O parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal passa a vigorar


com a seguinte redação:

"Art. 7º
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os
direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
social."

🔹 2015: LC 150/15 - regulamentação


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm

➞ Empregado doméstico e os direitos garantidos na Lei Complementar 150/15


🔹 Idade mínima para trabalhar: 18 anos
🔹Jornada 8 horas diárias e 44 semanais
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🔹 Hora extra: mínimo 50%


🔹 Compensação de jornada: §5º, Art. 2°:
Art. 2o A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito) horas
diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, observado o disposto nesta Lei.

§ 4o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário e instituído regime de


compensação de horas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado,
se o excesso de horas de um dia for compensado em outro dia.

§ 5o No regime de compensação previsto no § 4o:

🔹 Regime 12x36
🔹 Pagamento em dobro feriados e RSR
🔹 Controle de jornada
Art. 12. É obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado doméstico
por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo.
🔹 Intervalo intrajornada e interjornada:
Art. 13. É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo
período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se,
mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 30
(trinta) minutos.

§ 1o Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá


ser desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que cada um deles tenha, no
mínimo, 1 (uma) hora, até o limite de 4 (quatro) horas ao dia.

§ 2o Em caso de modificação do intervalo, na forma do § 1o, é obrigatória a sua


anotação no registro diário de horário, vedada sua prenotação.

🔹 Trabalho noturno
🔹 Férias:
Art. 17. O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30
(trinta) dias, salvo o disposto no § 3o do art. 3o, com acréscimo de, pelo menos, um
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terço do salário normal, após cada período de 12 (doze) meses de trabalho prestado
à mesma pessoa ou família.

§ 1o Na cessação do contrato de trabalho, o empregado, desde que não tenha sido


demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto
de férias, na proporção de um doze avos por mês de serviço ou fração superior a 14
(quatorze) dias.

§ 2o O período de férias poderá, a critério do empregador, ser fracionado em até 2


(dois) períodos, sendo 1 (um) deles de, no mínimo, 14 (quatorze) dias corridos.

§ 3o É facultado ao empregado doméstico converter um terço do período de férias


a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria
devida nos dias correspondentes.

§ 4o O abono de férias deverá ser requerido até 30 (trinta) dias antes do término do
período aquisitivo.

§ 5o É lícito ao empregado que reside no local de trabalho nele permanecer


durante as férias.

§ 6o As férias serão concedidas pelo empregador nos 12 (doze) meses


subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito.

🔹 Contrato por prazo determinado:


Art. 4o É facultada a contratação, por prazo determinado, do empregado
doméstico:

I - mediante contrato de experiência;

II - para atender necessidades familiares de natureza transitória e para substituição


temporária de empregado doméstico com contrato de trabalho interrompido ou
suspenso.
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Parágrafo único. No caso do inciso II deste artigo, a duração do contrato de


trabalho é limitada ao término do evento que motivou a contratação, obedecido o
limite máximo de 2 (dois) anos.

🔹 Vale transporte: Possibilidade de pagamento em dinheiro


🔹 Justa causa:
Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei:

I - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou de


criança sob cuidado direto ou indireto do empregado;

II - prática de ato de improbidade;

III - incontinência de conduta ou mau procedimento;

IV - condenação criminal do empregado transitada em julgado, caso não tenha


havido suspensão da execução da pena;

V - desídia no desempenho das respectivas funções;

VI - embriaguez habitual ou em serviço;

VII - (VETADO);

VIII - ato de indisciplina ou de insubordinação;

IX - abandono de emprego, assim considerada a ausência injustificada ao serviço


por, pelo menos, 30 (trinta) dias corridos;

X - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas em serviço contra
qualquer pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
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XI - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o


empregador doméstico ou sua família, salvo em caso de legítima defesa, própria ou
de outrem;

XII - prática constante de jogos de azar.

🔹 FGTS:
Art. 21. É devida a inclusão do empregado doméstico no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), na forma do regulamento a ser editado pelo Conselho
Curador e pelo agente operador do FGTS, no âmbito de suas competências,
conforme disposto nos arts. 5o e 7o da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990,
inclusive no que tange aos aspectos técnicos de depósitos, saques, devolução de
valores e emissão de extratos, entre outros determinados na forma da lei.

Parágrafo único. O empregador doméstico somente passará a ter obrigação de


promover a inscrição e de efetuar os recolhimentos referentes a seu empregado
após a entrada em vigor do regulamento referido no caput.

Art. 22. O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% (três inteiros e


dois décimos por cento) sobre a remuneração devida, no mês anterior, a cada
empregado, destinada ao pagamento da indenização compensatória da perda do
emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se aplicando ao
empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990.

§ 1o Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do


contrato de trabalho por prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do
empregado doméstico, os valores previstos no caput serão movimentados pelo
empregador.

§ 2o Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos no caput será


movimentada pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo
empregador.
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§ 3o Os valores previstos no caput serão depositados na conta vinculada do


empregado, em variação distinta daquela em que se encontrarem os valores
oriundos dos depósitos de que trata o inciso IV do art. 34 desta Lei, e somente
poderão ser movimentados por ocasião da rescisão contratual.

§ 4o À importância monetária de que trata o caput, aplicam-se as disposições da


Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, e da Lei no 8.844, de 20 de janeiro de 1994,
inclusive quanto a sujeição passiva e equiparações, prazo de recolhimento,
administração, fiscalização, lançamento, consulta, cobrança, garantias, processo
administrativo de determinação e exigência de créditos tributários federais.

🔹 Seguro desemprego:
Art. 26. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao
benefício do seguro-desemprego, na forma da Lei no 7.998, de 11 de janeiro de
1990, no valor de 1 (um) salário-mínimo, por período máximo de 3 (três) meses, de
forma contínua ou alternada.

§ 1o O benefício de que trata o caput será concedido ao empregado nos termos do


regulamento do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(Codefat).

§ 2o O benefício do seguro-desemprego será cancelado, sem prejuízo das demais


sanções cíveis e penais cabíveis:

I - pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro emprego


condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração
anterior;

II - por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à


habilitação;
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III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do


seguro-desemprego; ou

IV - por morte do segurado.

🔹 Simples doméstico:
Art. 31. É instituído o regime unificado de pagamento de tributos, de
contribuições e dos demais encargos do empregador doméstico (Simples
Doméstico), que deverá ser regulamentado no prazo de 120 (cento e vinte) dias a
contar da data de entrada em vigor desta Lei.

Art. 32. A inscrição do empregador e a entrada única de dados cadastrais e de


informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais no âmbito do Simples Doméstico
dar-se-ão mediante registro em sistema eletrônico a ser disponibilizado em portal na
internet, conforme regulamento.

Parágrafo único. A impossibilidade de utilização do sistema eletrônico será objeto


de regulamento, a ser editado pelo Ministério da Fazenda e pelo agente operador do
FGTS.

Trabalhador rural
● Lei 5889/1973
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5889.htm

● Histórico
➞ 1942 – Edição da CLT: O empregado rural foi expressamente excluído de sua
incidência, ou seja, deixou de ser regulado por este código.

➞ 1973 – Lei nº 5.889: Disposições sobre o empregado rural.

➞ 1988 – Constituição Federal: Equiparação dos direitos do empregado urbano ao


empregado rural (art. 7º, caput).
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➞ 2017 – Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467): Não alterou a Lei do Empregado


Rural, apenas a CLT e a Lei nº 6.019, que trata do empregado temporário e
terceirizado.

● Requisitos para a caracterização do empregado rural


➞ Requisitos básicos da relação de emprego ➞ Pessoalidade, não-eventualidade,
onerosidade e subordinação jurídica
➞ Requisitos específicos:
🔹 Ligação a empregador rural
🔹 Labor em imóvel rural ou prédio rústico
Art. 3º da lei do empregado rural - Considera-se empregador, rural, para os
efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore
atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou
através de prepostos e com auxílio de empregados.
§ 1o Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, além da
exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
1o de maio de 1943, a exploração do turismo rural ancilar à exploração
agroeconômica.

➞ Obs: Enquadramento do bóia fria


🔹 Bóia fria: costuma ser o nome utilizado para designar o trabalhador rural
informal, como diarista, safrista etc.
🔹 Geralmente, o bóia-fria não possui vínculo empregatício anotado em sua carteira
e presta serviços rurais para mais de uma pessoa.
🔹 Boia-fria tem direito à aposentadoria por idade rural. Isso porque a jurisprudência
entende que ele é equiparado do segurado especial (REsp 1762211/PR, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª T. DJe 07.12.2018).
🔹 Assim, são requisitos para a aposentadoria desse trabalhador:
⏩ 60 anos de idade, se homem, e 55 anos, se mulher;
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Legislação Social, prof. Adriana Wyzykowski - 2022.1 - Unidade I

⏩ Comprovação do efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma


descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por
tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do
benefício pretendido (180 meses).

● Regramentos diferenciados:
➞ Intervalo intrajornada
🔹 A lei estabelece que deverá atender aos usos e costumes da região.
🔹 Para o empregado urbano com jornada superior a 6 horas, o intervalo deverá ser
de no mínimo 1 hora e no máximo 2 horas. Essa regra também poderá ser aplicada
ao trabalhador rural:
🔹 Súmula 437, IV, TST
Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do
intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o
período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.
🔹 No caso do empregado hipersuficiente, o art. 611-A da CLT permite a
negociação para a redução do intervalo intrajornada para 30 minutos, tanto para o
empregado urbano quanto para o rural.
🔹 Serviços intermitentes – Permite-se um intervalo intrajornada de até 5 horas
(art.91, parágrafo único, Decreto nº10.854/21).

Aqueles no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua,


ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do
empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação
própria.

➞ Horário noturno
🔹 21h às 5 horas: Lavoura
🔹 20h às 4 horas: Pecuária
➞ Duração hora noturna: 60 minutos
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➞ Adicional: 25% da remuneração do empregado

➞ Faltas para compras: precedente n. 68, da SDC


🔹 Nº 68 EMPREGADO RURAL. FALTAS AO SERVIÇO. COMPRAS (positivo)
Autoriza-se o chefe de família, se empregado rural, a faltar ao serviço um dia por
mês ou meio dia por quinzena, para efetuar compras, sem remuneração ou
mediante compensação de horário, mas sem prejuízo do repouso remunerado,
desde que não tenha falta injustificada durante o mês.

Empregados que laboram à distância


MP 1108/2022:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Mpv/mpv1108.htm

● Gênero que engloba empregados que laboram em domicílio e teletrabalho


(Convenção 177 da OIT)
● Art. 6º da CLT, Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica,
aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.
● Teletrabalho
➞ Conceito:
🔹 Art. 75-B, CLT, antes da MP 1.108/22: "Considera-se teletrabalho a prestação de
serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a
utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza,
não se constituam trabalho externo".
🔹 Redação da MP 1.108/22: “Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a
prestação de serviços fora das dependências do empregador, de maneira
preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de
comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho externo.

➞ Contrato: modalidade deve ter disposição contratual (art. 75-C)


🔹 Alteração do regime presencial para teletrabalho: mútuo consentimento
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🔹 Alteração do regime de teletrabalho para presencial: determinação do


empregador
🔹 MP 1.108/22: O empregador não será responsável pelas despesas resultantes
do retorno ao trabalho presencial, na hipótese do empregado optar pela realização
do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade prevista no contrato (§3º do
art. 75-C)

➞ Tipos de teletrabalho previstos na MP 1.108/22


🔹 Teletrabalho por jornada
🔹 Teletrabalho por produção ou tarefa
⏩ Não se aplica, neste caso, o controle de jornada
⏩ Constitucionalidade deste dispositivo?
⏩ Teletrabalho não se confunde com a ocupação de telemarketing
➞ Equipamentos
🔹 Aquisição, manutenção, fornecimento de equipamentos + infraestrutura +
reembolsos = previsão contratual (art. 75-D)
🔹 MP 1108/22: O tempo de uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutura
necessária e de softwares ou internet, fora da jornada de trabalho normal, não
constitui tempo a disposição, prontidão ou sobreaviso, salvo acordo individual ou
acordo/convenção coletiva
🔹 MP 1108/22: acordo individual poderá dispor sobre os horários e meios de
comunicação entre empregado e empregador, desde que assegurados os repousos
legais.

➞ Meio ambiente de trabalho


🔹 Obrigação de instrução pelo empregador a fim de evitar doenças e acidentes de
trabalho
🔹 Termo de responsabilidade do empregado se comprometendo a seguir
instruções (art. 75-E)
🔹 Prioridade no teletrabalho aos trabalhadores com deficiência e aos empregados
(as) que tenham filhos ou criança sob guarda judicial até 4 anos de idade (art. 75-F,
MP 1108/22)
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O EMPREGADOR
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de


emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.

● Despersonalização
● Alteridade
➞ Divergência doutrinária
🔹 Octavio Magano: apenas empregadores que exerçam atividade econômica;
🔹 Godinho
● Atenuação do risco empresarial: redução salarial.
➞ Art. 7, VI, CF/88 e art. 503 da CLT

Grupo econômico para fins trabalhistas


● Conceito: art. 2º, §2º da CLT
§ 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem
grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes
da relação de emprego.

● Objetivo da figura:
➞ Ampliar possibilidades de garantia do crédito trabalhista
➞ Extensão da responsabilidade a todos que se valem do mesmo contratado, sem
necessidade de novos contratos de emprego
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● Caracterização
➞ Abrangência objetiva
🔹 Apenas trabalhista
🔹 Não se estende a outras áreas
➞ Abrangência subjetiva
🔹 Apenas empregadores com dinâmica e fins econômicos
🔹 Estado: em regra não pode fazer parte do grupo econômico, a não ser que
pratique atividade notoriamente econômica. Se as entidades estatais se organizam
em moldes privados, pode haver grupo econômico
🔹 Novo parágrafo 3º do art. 2, CLT:
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo
necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado,
a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele
integrantes.
🔹 Críticas ao dispositivo: dificuldade para o empregado demonstrar comunhão de
interesses

➞ Nexo relacional interempresas


🔹 Octavio Magano: subordinação
🔹 Amauri Mascaro: coordenação
🔹 Art. 2, §2º da CLT, modificado pela lei 13.467/17
● Solidariedade resultante do grupo econômico
➞ Solidariedade exclusivamente passiva: obrigações trabalhistas
🔹 Orlando Gomes, Cesarino Jr., Amauri Mascaro: texto literal da CLT (§2º, art. 2º,
modificado pela lei 13.467/17)

➞ Solidariedade passiva e ativa - empregador único


🔹 Obrigações trabalhistas (solidariedade passiva) + direitos e prerrogativas
laborativas que lhes favorecem em função desses mesmos contratos (solidariedade
ativa)
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🔹 Octavio Magano, Arnaldo Sussekind, Victor Russomano, José Martins Catharino


e Délio Maranhão
🔹 Jurisprudência TST: súmula 129
CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003,
DJ 19, 20 e 21.11.2003A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo
grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a
coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

Sucessão trabalhista
● Conceito: a sucessão se consuma, comumente, pela transferência de propriedade
do estabelecimento.
● Dispositivos legais: art. 10 e art. 448 da CLT
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os
direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não
afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.
● Requisitos
➞ Transferência de unidade econômico-jurídica: transferência de controle da
sociedade no todo ou parte.
➞ Continuidade do ramo do negócio? Continuidade dos vínculos de qualquer
natureza?
🔹 Corrente tradicional: Sucessão trabalhista só ocorreria se o sucessor mantivesse
o mesmo ramo do negócio
🔹 Corrente moderna: Sucessão ocorreria independentemente da atividade
desenvolvida pelo sucessor.

➞ Situações novas: qualquer mudança que afeta sensivelmente os contratos


geraria sucessão. Não haveria necessidade de continuidade. Tese do ativo
saudável.

● Abrangência da sucessão trabalhista


➞ Domésticos
🔹 Não incidência
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🔹 Art. 7, a, da CLT ➞ Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação


salvo quando fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se
aplicam: a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os
que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito
residencial destas;
🔹 Art. 10 e 448 da CLT falam em empresa
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os
direitos adquiridos por seus empregados
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não
afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.
🔹 Pessoalidade da figura do empregador doméstico
➞ Morte do empregador constituído em empresa individual (MEI)
🔹 Vontade do empregado. art. 483, §2º da CLT ➞ § 2º - No caso de morte do
empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir
o contrato de trabalho.

➞ Falência
🔹 Lei 11.101/05
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
🔹 Decisão STF ➞ Não há sucessão de dívidas trabalhistas nos casos de compra
de ativos de empresas em recuperação judicial ou em processo de falência.

● Efeitos da sucessão trabalhista


➞ Posição jurídica do sucessor empresarial
🔹 Transferência automática de direitos e obrigações
🔹 Novo art. 448-A, inserido pela lei 13.467/17:
Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10
e 448 desta Consolidação, às obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à
época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de
responsabilidade do sucessor.
🔹 Cláusula de não responsabilização. Jurisprudência ➞ Inválida
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➞ Posição jurídica do empregador sucedido


🔹 Empregador sucedido: vendeu patrimônio. Não responsabilização
🔹 Exceção: fraude. Parágrafo único do novo art. 448-A, CLT:
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora
quando ficar comprovada fraude na transferência.

Consórcio de empregadores
Lei 8212/91
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm

● Art. 25-A. Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado


de produtores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que
outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para
prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento
registrado em cartório de títulos e documentos.

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