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Esquema de Formação da convenção coletiva

1. Qual é o tipo de IRCT que está em causa?


→ Art. 1º - as CC são fontes de direito do trabalho. Trata-se de um fenómeno de
autorregulação de interesses, negociada pelos trabalhadores e empregadores.
● Art. 496º CT – princípio da filiação
● Art. 2º/3 CT – identifica qual é a convenção coletiva.
o Mencionar que têm o conteúdo do art. 492º/2, podem dispor de forma
diversa pelo 476º CT
▪ Sujeito às regras de boa-fé e da formação dos contratos (227º
CC)

2. Formação da convenção coletiva: a negociação coletiva


→ Pressupostos:
● Legitimidade – sindicatos (56º/3 CRP)
o Não tendo legitimidade – recusa do depósito da convenção (art.
494º/4)
● Personalidade jurídica das associações – depende do registo nos estatutos
(447º/1)
o Senão não é CC em sentido próprio

→ Fase da proposta:
● Art. 486º - proposta – pode ser:
o Ex nuovo
o De revisão
▪ Revisão global – aceita denúncia (500º/1)
▪ Parcial - aqui não há uma denúncia (500º/2)
● Requisitos formais – 486º/2
● Prazo de vigência – 1 ano (499º/2), exceto se determinarem outra coisa (art.
499º/1
● Art. 490º/2 – envio da proposta e da fundação aos serviços do Ministério
responsável pela área laboral em 15 dias

→ Resposta à proposta – máximo 30 dias (art. 487º/1), a não ser que seja
convencionado outro
● Proposta de revisão – o destinatário pode recusar-se a cumprir se a anterior
não tiver durado 6 meses (art. 487º/2)
o Prazo de 10 dias para informar a recusa
● Requisitos formais – art. 487º/1 e 3
● Art. 487º/4 – a falta de resposta cria na esfera do proponente o direito de
requerer a conciliação (523º/1)
o Nº5 – contraordenação grave
● E se a proposta não estiver fundamentada?
o Rosarinho – a resposta encontra-se nos princípios gerais. A proposta
não fundamentada não pode considerar-se como tendo condições de
ser recebida. É ineficaz nos termos do 224º/3 CC.

→ Fase da negociação em sentido estrito – 488º e 489º


● Há um dever de negociar + princípio da celeridade
● Art. 488º/1 – as partes devem dar prioridade à negociação das matérias de
retribuição, de tempo de trabalho e da segurança e saúde com vista à
celebração de um acordo inicial quanto a essas matérias.
● Art. 489º/1 – impõe às partes brevidade e que se façam representar nas
reuniões
● Art. 489º/2 – previne eventuais efeitos dilatórios das negociações
● Art. 489º/3 e 4 – dever de lealdade na formação dos contratos e deveres de
informação mútua das partes
● Art. 489º/5 – falta a reunião é contraordenação grave

→ Fase da outorga da convenção – art. 491º


● Culpa in contrahendo – se tiver havido quebra grave dos deveres de lealdade
e de informação no processo de formação da Convenção, causando danos à
outra parte, aplicam-se os princípios gerais da tutela da confiança (art. 227º
CC).
● Art. 491º/2 – no caso de as partes chegarem a acordo, a Convenção é reduzida
a escrito e assinada pelos representantes das partes.
o Art. 495º - todavia, podem alterar o conteúdo até ao momento do
depósito
● Requisitos formais:
o 491º - forma escrita
o 492º/1 CT – deve mencionar o que está prescrito aqui
o Consequências de vícios de forma:
▪ Falta de forma escrita – nulidade (477º)
▪ Falta das menções do 492º - fundamento de recusa do depósito
(494º/4)
▪ Falta de assinatura – nulidade por vício de forma nos termos
gerais (220º CC).
→ Depósito – 494º
→ Publicação – vacatio legis.
● Inclui o dever de publicitar dentro da empresa (480º CT)
o Senão – contraordenação leve

3. Conteúdo da convenção
→ Delimitação do conteúdo
● 478º/1 – delimitação negativa
● 492º e 493º - delimitação positiva
→ Conteúdo obrigacional:
● Geral – arts. 492º/1 e 2 als. a) a g), 499º/1 e 482º/5
● Específicas:
o Cláusula de paz social – art. 542º - é a possibilidade da CC limitar o
recurso dos trabalhadores à greve durante a vigência da Convenção.
o Pode haver duas possibilidades:
▪ O dever de paz social absoluto que veda o recurso à greve na
vigência da CC, independentemente do motivo da mesma.
o Rosarinho – é uma renúncia ao direito dos
trabalhadores - direito fundamenta – vedado por lei
(530º)
▪ O dever de paz social relativo que veda ao recurso à greve na
vigência da CC pelas associações sindicais que a
subscreveram e nas matérias objeto dessa mesma Convenção.
o Aqui não há uma renúncia, mas apenas uma
autolimitação no plano do exercício e circunscrita às
matérias objeto de acordo com a CC.
o Art. 542º/1 parte final e nº2 – a cláusula tem como destinatário o
sindicato, outras associações sindicais e os trabalhadores diretamente
em Assembleia (531º) podem realizar greves.
▪ 542º/2 – não impedem o sindicato em caso de alteração
anormal das circunstâncias (437º CC) ou perante
incumprimento pelo próprio empregador.
o Efeitos:
▪ Instituem um dever para as partes, havendo violação há
responsabilização – 541º/3
● Cláusula sobre os serviços mínimos em caso de greve (492º/2 g) e 538º/1 e
537) – exigem-se serviços mínimos aos trabalhadores:
o Serviços necessários à segurança e manutenção de instalações e
equipamentos da empresa (537º/3)
o Serviços mínimos indispensáveis à satisfação de necessidades sociais
e vitais (537º/1)
o Conteúdo – 492º/2 g)
● Cláusula sobre a resolução de conflitos decorrentes da aplicação da revisão da
CC – 492º/2 a)
o Conteúdo normativo – 492º/2 e)
▪ Vícios – nulidade (280º e 286º CC) – 183º CPT
o Limites negativos – 478º - não pode contrariar normas imperativas

4. Âmbitos
A. Temporal
→ Início de vigência dos IRCTs
● Depende do IRCT:
o IRCT convencionais – depende apenas de vacatio legis;
o IRCT heterónomos – dupla condição temporal: 1) publicação no
boletim do trabalho e emprego; e 2) vacatio legis
● Art. 478º CT – IRCT apenas dispõem para o futuro
● Prazos de vigência – 499º:
o Convencionais – estabelecidos na convenção
▪ Há um prazo mínimo? Atualmente não e pode ser denunciada
a qualquer momento
● Limites – 487º/2 – mínimo de 6 meses
● Limite do 501º/2 – a denúncia determina a entrada da
CC no regime da sobrevivência no termo do prazo de
vigência convencional ou legal da Convenção em curso
no momento da denúncia
▪ Tem de haver sempre renovação? Não.
● Se as partes nada disserem, vai-se para o regime da
sobrevivência no final do prazo (501º/2)
▪ Podem afastar a caducidade com uma cláusula que mantenha
em vigor até à realização de outra CC? Sim porque há
autonomia coletiva (501º/1)
o Legal supletivo – se as partes não fixarem, vale por um ano,
renovando automaticamente (nº2)
● Sobrevigência – 501º
● Formas de cessação – art. 502º, 501º/5, 6, 7 e 9 e 503º:
o Caducidade - 502º/1 b), 501º/5, 6, 7 e 9
o Acordo revogatório – 502º/1 al. a) e nº2 e 3
▪ Nestes dois, que efeitos são salvos?
● 502º/5 e 492º/2 al. h) – efeitos determinados na CC
caducada ou por acordo ad hoc pelas partes
● Caso não seja estabelecido – 501º/7
o Sucessão de convenções coletivas e direitos adquiridos – 503º CT
▪ Nº1 e 4 – a convenção posterior revoga a anterior
▪ A posterior não pode ser desfavorável em relação ao regime
estabelecido pela anterior
● Exceto quando ressalvado pela nova Convenção (nº4)
● Resolução de conflitos – art. 523º/1, 526º/1, 506º e 508º/2 CT

B. Âmbito pessoal
→ Princípio da dupla filiação – 496º/1 e 2 – a quem é que se aplica – sendo a
negociação coletiva protagonizada pelas associações sindicais e pelos empregadores ou
associações de empregadores, o nexo de representação voluntária que liga aquelas
associações aos respetivos membros justifica que se aplique só na sua esfera.
→ Desvios:
● Extensão dos efeitos a trabalhadores e/ou empregadores não filiados na
associação sindical ou ou porque se filiaram nessa associação já depois da outorga
da convenção ou porque se desfiliaram da associação depois de iniciado o processo
negocial (art.º 496 nº3 e 4).
o Que CC lhes é aplicável?
▪ Trabalhador / empregador abandona a associação para se filiar
noutra para o mm setor de profissão – aplica-se a 1ª Convenção
(prevalece o 497º/3 1ª parte)
● Extensão dos efeitos da convenção a empregador que a não outorgou, por
efeito da transmissão de empresa ou estabelecimento (art.º 498).
o Claro desvio ao princípio da filiação – aplica-se a nova, nos exatos termos
em que o primeiro empregador estaria obrigado
o Relativamente aos limites temporais da vinculação do empregador
transmissário e à convenção coletiva de trabalho do transmitente, o nº1
impõe limites
o Exceção: em caso de sobrevigência da CC antiga, não se aplica (501º/2 e 4)
● Extensão dos efeitos da convenção coletiva a trabalhador não sindicalizado, por
escolha desse mesmo trabalhador (art.º 497).
o Apenas se aplica a trabalhadores não sindicalizados.
o A norma tem de ser interpretada restritivamente só relativamente a IRCTs
que lhe podem ser potencialmente aplicáveis, em função da profissão,
categoria ou área de atividade
● A extensão dos efeitos da Convenção coletiva a trabalhadores inicialmente não
abrangidos, através da portaria de extensão (art.º 514)

→ A concorrência entre CC :
● Art. 444º/5 CT – a regra geral é a da liberdade de inscrição, não podendo o
trabalhador estar simultaneamente filiado em sindicatos diferentes.
● Regras:
o Entre convencionais e administrativos para o mesmo setor
profissional e de atividade – os 1ºs prevalecem (484º e 497º)
o Entre conflitos administrativos – 483º
o Entre meios convencionais – 481º

C. Âmbito geográfico
→ Análise da aplicação do art. 492º/1 al. c)

5. Greve – noção
→ É a recusa voluntária da prestação de trabalho por um conjunto de trabalhadores
com um objetivo comum, no âmbito de uma situação conflitual.

Esquema de Formação de Acordo de Adesão


1. O que é
→ A convenção coletiva pode ser estendida por via convencional. Segundo o
Romano Martinez é um contrato celebrado por uma entidade que não foi outorgante na
convenção coletiva e que pretende que esta se lhe aplique.
→ Proposta formulada por quem tem competência, a contraparte aceita ou não
2. Requisitos:
a. Art. 486º forma escrita e elementos aqui presentes
b. 487º, 488º e 489º
c. Processo igual ao das CC
i. Art. 504º/3 – não pode haver modificação do conteúdo da CC,
mas pode haver adesão parcial
3. Efeitos:
a. total submissão dos aderentes à convenção coletiva visada
b. Os prazos da CC não são alterados

Esquema decisão arbitral


1. O que é
→ As partes laborais, em vez de negociarem e aprovarem uma regulação para as
situações de trabalho em que estejam envolvidas, encarregam uma terceira entidade,
delas independente, de o fazer – art. 506º CT
→ Tem os mesmos efeitos que uma convenção coletiva
2. Modalidades
● Obrigatória – impostas pela lei
● Facultativas – as partes com interesses contrapostos confiam aos árbitros a
decisão.

3. Funcionamento
→ Art. 507º - RM diz que substitui a vontade das partes, o tribunal substitui-se à
negociação e à celebração de uma convenção coletiva
4. Efeitos – é equiparada à convenção coletiva – 505º/3

Esquema para negócios coletivos atípicos


1. Noção – são os convénios laborais que não se podem reconduzir a algum dos
instrumentos, porque um dos elementos-chave não foi seguido (processo de
negociação, conteúdo ou forma).
Exemplo base: autoeuropa
→ São admissíveis?
● Palma Ramalho – sim, mas apenas enquanto contratos
→ São atípicos pelo que só podem ser definidos pela negativa.

Esquema para portaria de extensão


1. O que é?
→ A convenção coletiva pode ser estendida por via administrativa. Segundo a Palma
Ramalho é um instrumento de regulamentação coletiva emanado do Governo que
alarga o âmbito de incidência subjetiva de uma convenção coletiva de trabalho ou de
uma deliberação arbitral em vigor a um universo de trabalhadores e/ou empregadores
não originariamente coberto por essa convenção ou deliberação.
→ Só vale no que respeita à parte regulativa da convenção coletiva e não à parte
obrigacional.
→ Motiva-se pela conveniência de promover a uniformização das condições de
trabalho dos trabalhadores da mesma categoria ou área

2. Modalidade
→ Portaria interna – a CC é alargada a trabalhadores ou a entidades patronais da
mesma profissão ou setor económico. Visa abranger os não filiados.
→ Portaria Externa – a CC é alargada a empregadores e trabalhadores do setor
económico regulado, mas que exerçam a sua atividade em área diversa.

3. Condições de admissibilidade – art. 514º CT (não há âmbito geográfico)

4. Modos de cessação
● Revogação
● Caducidade
● Caducidade em virtude da caducidade da fonte objeto
o RM diz que isto acontece
o LGS diz que são fontes autónomas e sem comunicabilidade e/ou
dependência, cujos objetivos podem sempre ser mantidos
o Jurisprudência divide-se (TRG 17/11/16 diz que sim; TRL de
20/04/16 diz que não)

Esquema de portaria de condições de trabalho


1. Definição: Exprime um conjunto de normas, criadas pela Administração, para a
regulamentação heterónoma ex nuovo das situações jurídicas laborais
2. Condições de admissibilidade – art. 517º
3. Procedimento – 518º e 519º

Arbitragem (obrigatória e necessária)


1. O CT tem 3 situações de arbitragem não voluntária:
a. Obrigatória – 508º e 509º - conflitos resultantes da celebração de uma
convenção coletiva
b. Necessária – art. 510º e 511º - vem no âmbito da OIT e depende das
circunstâncias que se encontram no art.
c. De serviços mínimos em caso de greve no setor empresarial do Estado –
art. 538º/4 b)

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