Você está na página 1de 5

REPÚBLICA DE ANGOLA

TRIBUNAL DA COMARCA DE VIANA

SALA DE FAMÍLIA 3ª SECÇÃO

Cópia do Douto Despacho


proferido a fls. 97 nos autos
de Divórcio Litigioso em
que são Requerentes
Marcelino António dos
Santos e Mónica Serafim
dos Santos

Processo n.º 642/13-B

========== DESPACHO SANEADOR=========

I- Saneamento

O Tribunal é competente em razão da matéria, hierarquia e território.

O processo é o próprio e as partes são legítimas, dotadas de capacidade e


personalidade judiciárias.

Inexistem nulidades, questões prévias ou quaisquer outras excepções que


possam invalidar a presente acção.

II-Do Pedido Reconvencional

Na sua contestação, a Requerida veio formular um pedido reconvencional e por


via dele, ser o Reconvindo condenado a pagar uma pensão alimentícia a
Requerida para que essa possa prover o seu sustento a par a pensão alimentícia
devida aos menores filhos de ambos.

A Requerida, formula esse pedido reconvencional alegando:


Que a deterioração da vida conjugal de que resulta a separação decorreu de
actos sucessivos do próprio Requerente tais como constantes faltas ao dever de
assistência a mulher e aos filhos, preferindo à sua mãe deixando-os com fome.

As constantes faltas ao dever de respeito e solidariedade, tentando fazer a


Requerida sua emprega, não a deixando estudar nem trabalhar, e as constantes
faltas ao dever de fidelidade.

A reconvenção é uma modalidade de defesa, enxertada na contestação, cuja


diferença específica reside, fundamentalmente no efeito reactivo do seu objecto
sobre o primitivo objecto da acção, operando-se, desse modo, uma alteração do
próprio conteúdo da relação processual, modificando objectivamente a
instância.

Configura uma forma de defesa contra-ataque.

A admissibilidade de o Recorrido deduzir reconvenção contra o Requerente é


inspirada no princípio da economia processual, tendo em vista tirar partido das
vantagens de uma apreciação e julgamento conjuntos sobre matérias
interligadas, que de outra forma, teriam de correr processos separados.

Nesta sequência, a lei condiciona a admissibilidade da reconvenção à


verificação de determinados requisitos, sendo que, o pedido reconvencional
funciona como um novo conflito, como um novo litígio, em que há uma
inversão da posição das partes.

Entretanto, os factos trazidos aos autos pela Reconvinte como causa de pedir,
são factos que carecem de serem provados, visto que, a Reconvinte não juntou
aos autos quaisquer elementos de prova, pelo que, a reconvenção não é
admissível.

III- Especificação

Considero provado por documento os seguintes factos:

O Requerente, Sr. Marcelino António dos Santos, de nacionalidade angolana,


nascido aos 12 de Novembro de 1983, casado, e residente nesta cidade de
Luanda, Bairro Benfica, Rua das Acácias Kinanga, Município de Talatona, Casa
S/N, contraiu matrimónio com a Requerida, Sra. Mónica Serafim dos Santos, em
Luanda, na Delegação do Registo Civil de Luanda, no pretérito dia 14 de
Novembro de 2008, conforme atesta a Certidão Narrativa Completa do Registo
de Casamento, constante a fls. 9 dos autos.
B
O casal durante a constância do matrimónio, gerou 2 filhos, a quem deram o
nome de Joel Eliandro Ferreira dos Santos, nascido nesta cidade de Luanda, no
dia 31 de Janeiro de 2010, e Joana Lúcia Ferreira dos Santos, nascida nesta
cidade de Luanda, no dia 20 de Fevereiro de 2012.

Ficou provado que a vida do casal, estava longe de ser normal, relativamente a
convivência, entendimento, Harmonia, Amor e cumplicidade em questões
positivas da vida quotidiana.

IV- Questionário

1) Ficou provado que a Requerida evidenciou comportamentos


indecorosos, sendo uma pessoa bastante conflituosa?

2) Ficou provado que problemas relacionados com a existência de


constantes contendas face a falta de consenso, amor, fidelidade, e
harmonia entre o casal estiveram na base da separação dos mesmos?

3) Ficou provado ter sido o Requerida a abandonar o lar, onde sempre


viveu com a família, nomeadamente, esposo e filhos, deixando estes
últimos para trás, e a responsabilidade do tratamento destes e de casa, da
alimentação e outras tarefas sob responsabilidade de outro menos de 12
anos devido as ausências contantes em casa?

4) Ficou provado que, todas as despesas inerentes aos encargos relativos às


filhas menores do casal, nomeadamente alimentação, vestuário, bem-
estar, saúde e educação, recaem única e exclusivamente sob o Pai, pessoa
com quem as mesmas vivem nesta cidade de Luanda?

5) Ficou provado que o casal enfrentou vários problemas, pelo facto de que
diversas vezes, a Requerida abandonou os filhos menores e entregou aos
cuidados de pessoas estranhas pela vontade inconstante de ir a festas em
lugares diversos incluídos discotecas, o que a levou a dormir fora de casa
vezes de conta?

6) Ficou provado que a residência aonde o casal sempre viveu, serve como
um local de encontros entre a Requerida e amigos de conduta duvidosa
onde há música e o uso destemido de bebidas alcoólicas?

7) Ficou provado que na verdade a deterioração da vida conjugal resulta


das constantes faltas ao dever de assistência à Requerente e os filhos por
parte do Requerido?

8) Ficou provado que existiram faltas ao dever de respeito, solidariedade,


fidelidade por parte do Requerente, o que levou impossível a
convivência entre pai e filhos?

Registe e notifique as partes do presente despacho para, querendo, dele


reclamarem, no prazo legal de 5 dias, nos termos do n.º 2 do artigo 511.º do
CPC, impondo-se desde já a Requerida, a junção aos autos do rol de
Testemunhas, Bilhetes de Identidade dos mesmos, e Certidão do Assento de
Casamento.

Emitam-se guias para pagamento de Preparos Subsequentes, fixados em 40%


do Valor da Taxa de Justiça.

Cumpra-se.

Luanda, 17 de Junho de 2022

Os Juízes de Direito

Mariana Lemiquioza da Silva

_____________________________

Jackson João

______________________________

Você também pode gostar