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Ideia de que o Laissez-faire é um mito – Estado liberal: ideia de uma economia que se
desenvolveu sem a participação do Estado.
Direito comercial: regulação garantiu as condições para que o comércio se
desenvolvesse, por exemplo.
No âmbito individual também: importância de uma regulação jurídica para
que se possa garantir esses desenvolvimento.
Necessidade de se estruturar uma regulação após essas revoluções (códigos como
instrumentos perfeitos de regulação social) – 1804 = Código Civil de Napoleão,
código comercial, etc.
Código de Napoleão seria tão perfeito que não precisaria ser mudado, não
precisaria ser interpretado, só aplicado.
A falha está em achar que o processo se acaba nessa estruturação da
regulamentação – França, por exemplo, considerava essa codificação como a última
etapa do projeto jusnaturalista, conteria todas as soluções.
Pretensão, do ponto de vista da racionalidade, de ser universal.
Excesso de racionalismo – jusnaturalismo do séc. XVII e XVIII
Direito privado individualista e formalista, influenciado pelo racionalismo
(razão é libertadora e através dela se constroem sistemas perfeitos de leis que
garantem a harmonia social).
ALEMANHA:
Vai tentar primeiramente entender o direito a partir da história (Escola Histórica
Alemã) – reação ao racionalismo.
Grande problema da escola histórica alemã: método histórico sempre foi
extremamente formalista; alemães queriam recompor a história pra compreender o
que é o direito – através das fontes romanas (pandectas romanas), para então
definir o que é propriedade, por exemplo, e aí resolver os problemas jurídicos.
Isso traçou um caminho para a Escola das Pandectas – onde os professores iriam
procurar nas pandectas romanas todas as soluções para os problemas jurídicos.
Jhering: em sua primeira fase era formalista; jurista como um químico, pois
um químico trabalha reunindo elementos – conceitos menores se unem a conceitos
maiores, se desdobram, aglutinamento de conceitos... o que formaria uma grande
pirâmide conceitual.
Ir às fontes romanas e depurar conceitos através da razão e refinamento
conceitual, formalização.
Ao longo do século XIX, apesar de eles começarem sendo contrários a um código
(embates famosos entre juristas franceses, que defendiam a necessidade de um
código, e juristas alemães, sustentando o contrário), acabou levando a Alemanha à
construção de um pensamento jurídico tão formalista que, no final das contas, a
existência de um código civil acabou sendo um passo bem natural diante daquele
contexto.
Peculiaridade do código alemão: código alemão inovou e passou a ter uma parte
geral (o que não havia no código francês nem nos outros códigos europeus,
influenciados pelo código francês) (isso passou pro Brasil também) – essa parte geral
era a positivação da teoria geral do direito privado = alemães trouxeram aquele
arcabouço conceitual com o qual eles já trabalhavam para dentro da própria lei.
nosso primeiro código civil também trouxe essa parte geral, o que demonstra
uma preocupação conceitual, mais analítica, preocupação essa que os franceses não
tiveram.
Preciosismo, preocupação com os conceitos era tão grande que o formalismo foi
pouco a pouco cedendo.
Por caminhos distintos Alemanha e França chegaram a resultados muitos
próximos (direito privado individualista, formalista, patrimonialista;
individualismo e formalismo andam juntos no século XIX).
Ideia de direito subjetivo como zona de imunidade que o legislador atribui a
aquele titular -> Abuso de direito como uma contradição em termos, pois se
alguém está no exercício de um direito, ele pode usá-lo em toda a sua extensão, pode
exercer o direito inclusive com o objetivo de causar mal a uma outra pessoa, e mesmo
assim esse tipo de conduta é considera admissível.
Um dos principais legados das revoluções liberais é o direito subjetivo que era
direito vinculado ao sujeito, que tinha como razão de ser o próprio valor da pessoa
humana – aspecto moral que vem do jusnaturalismo.
Direito subjetivo como poder da vontade Savigny (primeira metade do
séc. XIX): direitos subjetivos procuram propiciar aos seus titulares um certo domínio
da sua vontade Direito subjetivo alicerçado à vontade – trabalha-se com esse
potencial moral do direito; falar em vontade é, de certa forma, valorizar o indivíduo.
Ao longo do século XIX, outras visões de direito subjetivo vão sendo propostas até
que, no final do século XIX, chega-se a visão da Pandectística.
Pandectística (final do século XIX): visão de direito subjetivo, proposta por
Windscheid direito subjetivo como o poder jurídico do querer = soldar o direito
subjetivo a lei – a partir dessa definição o direito subjetivo passa a ter sua razão de
ser, seu fundamento de legitimidade não mais no valor do homem, não mais no poder
da vontade, mas sim no fato de ter sido autorizado pelo legislador; direito subjetivo
como poderes conferidos pela ordem jurídica; como se o direito subjetivo tivesse sido
soldado ao direito objetivo; retira-se desses direitos qualquer reflexão mais profunda
acerca de quais são seus fundamentos, suas finalidades, em que medida aquele direito
precisa atender a alguma exigência social ou de intersubjetivade; concepção
extremamente formalista; se o direito subjetivo é uma mera forma dada pelo
legislador, é tão somente uma mera zona de autonomia dada ao cidadão pelo
legislador, então o cidadão poderia fazer o que ele bem entendesse com essa zona de
autonomia, sem que haja qualquer tipo de limite (exemplo das galinhas nas
propriedades onde os aviões cruzavam, proprietários vieram exigir seu direito de
propriedade – como que esses direitos subjetivos no século XIX eram vistos de forma
extremamente individualista e absoluta – direito subjetivos como poderes absolutos
dados ao titular por meio de um direito objetivo, naquilo que a lei lhe dá uma zona de
autonomia ele é soberano e pode fazer o que ele quiser sem que alguém possa
questioná-lo ou limitá-lo).
Noção incompatível com a convivência social!!!! Direito de vizinhança é
uma prova concreta disso (se cada proprietário for exercer seus direitos como bem
entender, então ele acaba limitando o seu vizinho de exercer seu respectivo direito).
DIREITO EXTREMAMENTE INDIVIDUALISTA E FORMALISTA!!!!
A regra geral desse direito privado é ser extremamente individualista e formalista
Por diferentes caminhos, estabeleceu-se um direito privado muito semelhante no
ocidente (Dunkan Kennedy – primeira fase da globalização do direito).
BRASIL
Quando acontecem essas revoluções liberais, o Brasil ainda era colônia de Portugal;
Portugal já tinha tradição de trabalhar com leis escritas, com ordenações = leis
escritas, mas sem nenhuma pretensão de sistematicidade ou de ser um sistema perfeito
e acabado de leis, como era na França, mas elas já davam uma primeira configuração
ao direito português e que depois passou a ser incorporado na colônia.
1822: Brasil conquista sua independência – há que se manter a legislação vigente,
para não cair no caos social ou em vácuo legislativo, que basicamente eram as
ordenações Filipinas (do começo do século 17, já estavam defasadas).
A partir do momento que França e outros países começam a ter seus códigos (civil,
comercial), era natural que os juristas daqui tivessem essas legislações como uma
referência.
Esforços desde a independência para que se tenha um código no Brasil.
Uma primeira dificuldade: separar o direito civil do comercial.
Deu certo na França, mas no Brasil havia um grande debate. Muitos juristas
diziam que não havia uma autonomia do direito comercial que justificasse essa
separação, achavam que os comerciantes queriam uma legislação de privilégio e que,
portanto, não deveria se admitir essa separação.
Se havia uma necessidade de uma legislação civil para regular as relações entre os
cidadãos, no âmbito comercial essa necessidade era ainda maior.
Isso que explica a união dos comerciantes para que, já que o código civil
estava demorando a sair, pelo menos houvesse um código comercial.
1850 – Código Comercial do Brasil (saiu bem antes do código civil, de
1916), que, assim como os códigos europeus, permitiam uma série de situações aos
comerciantes que não eram estendidas aos cidadãos comuns (jurisdição e processo
especiais para comerciantes) reflete as tendências de até então: patrimonialismo,
individualismo e formalismo; retira o Estado de qualquer tipo de controle sobre a
atividade privada e é estruturado para que os comerciantes tenham a maior liberdade
possível.
Na ausência de um código civil (só veio em 1916), então, o próprio código comercial
acabou ocupando um grande protagonismo nas relações civis a referência
legislativa que havia no Brasil, então, para regular as relações civis era o código
comercial, que era marcado pelo espírito de lucro, pelo profissionalismo, por
características específicas das relações comerciais = mercantilização das relações
privadas no Brasil (mesmo as relações civis eram tratadas como se fossem relações
comerciais).
Isso só muda, de certa forma, a partir do Código Civil (1916, vigor em 1917) além
dos livros específicos, há uma parte geral que é positivação da teoria geral
(influência alemã); Clóvis Bevilaqua – responsável pela produção do projeto desse
código; jurista a frente do seu tempo; formação alemã; proposta semelhante à alemã =
além dos livros específicos, há uma parte geral (quem pode ocupar os polos de uma
relação, quais são os bens...) para positivar uma teoria geral do direito privado, base
conceitual principiológica.
Conceito principal da parte geral: relação jurídica (visto como a
relação intersubjetiva que une uma ou mais pessoas em dois polos, atribuindo a cada
um direitos, deveres, ou ambos); assim, buscou disciplinar a parte geral as pessoas
que poderiam figurar como sujeitos ativos e passivos nessa relação; objeto da relação
jurídica, vínculo jurídico que une as pessoas ao objeto; causa do vínculo.
Código Brasileiro, apesar de se distanciar do código francês em mais de
um século, e embora tenha herdado dos alemães a forma, estrutura, preocupação
analítica e conceitual, do ponto de vista do conteúdo, dos princípios, ele é muito
próximo do código francês (acolhe o mesmo individualismo e formalismo do código
napoleônico).
ROTEIRO 2
Relação jurídica tal como ela era no século XIX
Relação jurídica
RELAÇÃO SOCIAL? SIM! – nesse primeiro momento, até por uma grande
influência kantiana (só faz sentido pensar em direitos se pensarmos em homens) =
relação jurídica era, antes de tudo, uma relação entre homens; a partir daí, desdobra-se
esse conceito, mas é sempre uma relação interpessoal (sujeitos dotados de vontade,
capazes de exercer direitos e cumprir deveres; normalmente há uma correspondência
entre direitos e deveres); é sempre uma relação intersubjetiva.
Visão excessivamente antropocêntrica: mas por que não pensarmos que outras
realidades, como animais e meio ambiente, não podem fazer parte dessas relações
jurídicas?
O que é ser sujeito de uma relação jurídica? Ser sujeito traz uma série de
consequências.
SIMULAÇÃO 1:
Saber se uma relação jurídica pode ser composta sem ser por humanos.
Fins socialmente justificáveis
- Direito dos animais hoje: animais são considerados bens, não pessoas. Isso quer
dizer que bem não é considerado passível de tutela jurídica? NÃO!
Se eles são bens, o raciocínio utilizado para defender esses testes são para
defender os humanos. Se considera como pessoas, há uma situação de uma colisão de
direito.
Tratamento homogêneo: animais tem direitos compatíveis com sua escala evolutiva.
Se esses animais passarem a ser considerados titulares de direitos, qual tratamento de
dará? Há alguma gradação entre os animais?
Representação: animais não conseguem se expressar, isso não quer dizer que eles não
possam ser sujeitos de direitos (crianças, por exemplo, apresentam limitações muito
parecidas com as de um animal).
Defesa: não há outros métodos alternativos que substituam eficazmente os testes em
animais; discussão bioética em utilizar seres humanos como cobaias ou disponibilizar
medicamentos sem esses testes padrão; impossibilidade da continuidade da atividade
comercial da empresa; declaração universal dos animais não faz parte do ordenamento
brasileiro (não há crime sem lei anterior que o defina, nem há pena sem prévia
cominação legal – princípio da legalidade); laboratório se usa de anestesias sempre
que o procedimento possa causar sofrimento nos animais.
SIMULAÇÃO 2
Como que relações de fato se tornam relações jurídicas?
Definição de relação jurídica = relação social da qual decorrem consequências
jurídicas; se torna jurídica em razão da sua relevância e da sua possibilidade de
integração social no âmbito do direito; relevante para o direito.
Formal
De fato
O fato de não ser um relação jurídica formal não significa que não sejam
relações jurídicas (união estável é uma relação jurídica disciplinada no código civil
da qual decorrem consequências jurídicas)
União estável normalmente é considerada união de fato porque ela não foi
formalizada, as pessoas não foram no cartório, não necessariamente se utilizaram de
um contrato escrito. Mas o fato de você não formalizar e essa situação ficar tão
somente no mundo fáctico nao quer dizer que ela não seja jurídica, porque desde que
estejam presentes aqueles requisitos que a lei prevê para a configuração, ela vai ser
considerada união estável e ter aplicadas todas aquelas consequências jurídicas.
As relações de fato são relações jurídicas? Depende, se o direito atribuir
consequências jurídicas a essas relações de fato, ela certamente será relação jurídica.
Muitos autores consideram relação de fato como aquela que não foi formalizada, mas
que nem por isso deixa de ser jurídica, dependendo das características dela.
Qualquer relação da qual decorram consequências jurídicas é uma relação jurídica.
Constituição federal.
Eventuais “choques” – se há várias relações jurídicas, algumas formalizadas e outras
não.
Relações jurídicas simples: apenas uma das partes tem direito e a outra o dever
(propriedade).
Relações jurídicas complexas: ambos os polos teriam direitos e deveres (contrato –
vendedor e comprador ter reciprocamente direito e deveres; ao direito de um
corresponde um dever por parte do outro).
Hoje, praticamente não há mais as relações jurídicas simples – a partir da ideia
de função social dos direitos, há a ideia de que o titular de um direito sempre também
terá deveres positivos diante da sociedade ou do polo passivo (de forma que mesmo a
propriedade pode ser analisada como sendo uma relação jurídica complexa).
A diferença é que esses deveres serão de uma natureza distinta
daqueles das relações pessoais ou obrigacionais.
Verificar e analisar o fenômeno jurídico tentando abstrair os sujeitos que ocupam os
polos dessa relação jurídica (ter acesso a uma realidade mais ampla que a realidade
dos sujeitos me possibilita analisar isso podendo, em alguns casos, até mesmo abstrair
os sujeitos) – daí falarmos de uma relação jurídica de propriedade independente dos
polos que ocupem essa relação jurídica de propriedade.
Essa abstração nos ajuda a entender também a evolução do fenômeno jurídico
(relação jurídica, fato jurídico e aquisição de direitos).
Embora haja muitas controvérsias em torno na relação jurídica, a relação jurídica é
uma forma de entender o fenômeno jurídico a partir da sua totalidade.
analisa-se os polos da relação, o objetos dessa relação (bem) e os vínculos que
unem os dois polos em torno desse objeto.
Como as relações jurídicas são criadas, extintas e modificadas pelos fatos jurídicos.
Modos originário e derivado de aquisição de direitos.
Dentre os vínculos que surgem entre partes da relação jurídica, o direito subjetivo é
provavelmente o mais importante, aquele sobre o qual se dá uma maior atenção por
parte dos juristas
Não confundir relação jurídica com direito subjetivo!!!!!!!! Existem outros
vínculos na relação jurídica além do direito subjetivo, mas certamente o direito
subjetivo tem uma importância fundamental para o direito como um todo.
Direitos subjetivos
Teoria do Savigny: o poder da vontade
Conceito importante, que reflete muito do direito subjetivo mas que, sozinho,
não consegue dar conta de toda a complexidade das relações jurídicas por uma série
de motivos: essa vontade, ainda que pudesse ser vista como algo soberano e absoluto
durante o século XIX, hoje já se sabe que essa compreensão é incompatível com o
convívio social.
Por outro lado, há pessoas (bebês, por exemplo) que terão direitos que não
necessariamente são fruto da vontade (discussão que envolve o conceito de
capacidade; nem sempre a autonomia está presente nas relações que envolvem
direitos subjetivos).
Jhering: tentativa de romper com o formalismo de caracterizava o direito privado no
século XIX; direito subjetivo como interesse juridicamente protegido
Conceito amplo e que dá margem a controvérsias, mas há a preocupação dele
de trazer o direito subjetivo para os conflitos no mundo real (ideia de que direitos
subjetivo não podia ser visto apenas como uma forma legal, como uma zona de
autonomia absoluta que seria concedida ao indivíduo, mas que deveria ser pensada
sob a perspectiva dos reais interesses que estão em jogo, partindo da premissa que
existem conflitos e o direito subjetivo é exatamente aquele interesse, dentro dos
interesses que estão em conflito, que foi escolhido para prevalecer em determinados
casos.
Conceito que avança um pouco mais, introduzindo a questão da
intersubjetividade (não posso pensar em direito subjetivo olhando só pro titular, tem
que olhar pro titular dentro do contexto social onde ele se encontra).
Teorias mistas: direitos subjetivos como direitos que necessariamente são associados
a um poder da vontade mas também a um interesse juridicamente protegido; vontade
e interesse juridicamente protegidos como um norte para essa primeira reflexão sobre
esses direitos.
A todo direito subjetivo corresponde um dever!!!!!
Na distinção entre relações obrigacionais/pessoais e relacionais reais: ambas
estão diante de deveres, o que diferenciava uma da outra era o tipo de dever.
Se se fala de direito subjetivo como uma propriedade (direito real, erga
omnes), a ele corresponde um dever geral de abstenção no polo passivo.
Se se fala de direitos obrigacionais, como aqueles que decorrem de um
contrato (uma relação jurídica entre pessoas determinadas ou determináveis), a ele
corresponde um dever por parte do polo passivo que são as chamadas prestações
(deveres específicos traduzidos em comportamentos específicos como os de dar, o de
fazer e o de nao fazer).
SIMULAÇÃO 3
Acusação: responsabilidade civil (quando eles resolvem namorar, ambos são
responsáveis por essa decisão; quando eles resolver noivar também); quando ele
decidir romper, não é de ambos, mas só dele. Não há produção de provas de que ele o
traiu, pode-se considerar abandono, não só rompimento. Vergonha social por qual ela
passou, tanto pelo rompimento quanto pelo boato da traição.
Defesa (réu): na traição, quem pode alegar humilhação é o réu. Quanto ao
rompimento, ele avisou previamente, não houve constrangimentos. Liberdade
individual
Se a mera ruptura geraria essa indenização, se reconheceria que ela tem um direito
violado. Mas qual direito? O direito de casar? Então assim que noiva tem a obrigação
da casar? Não. A questão é o modo como se cobra. Não há direito a casar, então quem
rompe não está violando dever jurídico de alguém (não tem dever de casar nem tem
que indenizar quem rompe). Se não há direito de casar, então a ruptura é legitima
(mesmo que, por exemplo, com a ruptura ela entre em depressão, não se pode alegar
danos morais/materiais, porque é um risco da vida – aqui não considerando a questão
da humilhação).
O problema não é a ruptura, mas como se rompe, quando a ruptura é desproporcional,
se expõe muito o outro. Violar a honra, a imagem, a reputação da pessoa – não é o
direito de casar, é o direito a honra, a reputação, a imagem (direitos de personalidade
que também geram um dever geral de abstenção no polo passivo).
O ponto delicado desse caso é a questão do, quando houve rompimento, o acusado
comentou a traição com amigos próximos. Liberdade de expressão dele x direito à
honra, à privacidade, à imagem dela.
Tanto poderia ter uma reação favorável (noivo agiu sem nenhuma ilicitude, riscos da
vida, dentro da liberdade dele), como desfavorável (ele reagiu de forma abusiva,
violou a honra, a imagem dela).
Contraposição entre direito e dever: não há um dever de casar, mas talvez a forma
como isso se dá é que viole um direito de respeito, imagem, reputação.
Normalmente, tem se decidido pelo: se o noivo que rompe não tiver concorrido pelas
despesas do casamento, ele tem que ressarcir pelo menos metade das despesas. Já em
relação ao dano moral é que os tribunais tem entendido que simplesmente romper um
noivado não gera nenhum
SIMULAÇÃO 4
Acusação (autor): Importância do núcleo familiar no desenvolvimento do ser humano
(aquisição de valores, formação de caráter, obrigação não só para com a criança, mas
para com toda a sociedade para que aquela criança se desenvolva bem). Pai omisso
que se apoiou no suporte material. Amor não pode ser uma obrigação jurídica –
descumprimento da obrigação legal de cuidar (amar é uma faculdade, mas cuidar é
um dever). Arts. 227 e 229. Deveres compartilhados da mãe E do pai no cuidado com
a criança.
Defesa (réu): diferença entre obrigação moral e obrigação civil (moral não tem sanção
civil já no ordenamento, enquanto a civil tem). Art. 186 do CC – situação de ilícito
civil para poder ter indenização pecuniária em caso de danos morais. A negativa do
pai de conviver com o filho não leva uma consequência no âmbito jurídico porque
não existe obrigação de amar e dar afeto. A única conduta reprovável seria no âmbito
moral, porque ele proveu auxilio material e pagamento de pensão alimentícia, como
pede a lei.
Savigny: algumas relações sociais ficam fora do direito porque o direito não fornece
um código para regular (ex.: amizade)
Traz uma conduta pro âmbito do direito quando se entende que o direito tem o
instrumental para resolver.
Durante muito tempo disse que era uma questão moral, sentimental.
Dever de amor – em situações como esse não se exige o amor, mas o dever de cuidar
(que se pode identificar e até mensurar de modo mais objetivo que o amor).
A dificuldade é que, mesmo o dever de cuidado, nem sempre é fácil.
Quais os instrumentos que o direito tem para lidar com essas situações: via de
compensação (indenização por danos morais).
Se o pai de fato não cuidou do filho, porque indenização? Poderia até piorar,
afastar os dois.
Questão do amparo paterno – contexto de expansão de direitos
Se o amor não pode ser comprado pelo auxílio material, ele também não pode ser
indenizado.
Poder/Potestas
Poder familiar: poder que os pais exercem em relação aos filhos: muitos
consideram essa uma categoria própria, pois não se propicia ao titular nenhuma zona
de autonomia/vantagem, mas sim de propiciar melhor atendimento ao interesse da
criança; embora se chama poder, a natureza jurídica desse poder é de um dever; algo
que envolve um comprometimento com interesses outros que não o do próprio titular;
competência.
Por mais que hoje a gente possa imaginar esses direitos subjetivos sujeitos a limites,
sempre a gente vai ter que preservar alguma zona de vantagem individual para o
titular, alguma zona de autonomia privada pra ele. E isso já não acontece em relação
aos potestas: aqui é como se o titular estivesse exercendo uma competência, i.e., um
poder que é estabelecido nao para satisfação do seu próprio interesse, mas para a
satisfação de interesses de outros (no caso do poder familiar, o interesse da criança)
SIMULAÇÃO 4: Compromisso que os pais estabelecem com os filhos tem uma
natureza mais de dever que de direito subjetivo.
Às vezes, também, há situações em que já se entende que o titular tem algum tipo de
tutela jurídica, mas essa tutela não chega ao ponto de constituir um direito.
No caso de direito intertemporal, há expectativas de direito (por exemplo,
pessoa começa a trabalhar na expectativa de, findo aquele prazo e cumprindo todos os
pré-requisitos, ele possa se aposentar) – efetivamente nao há direito subjetivo (ele
ainda não foi adquirido), mas já há uma posição jurídica considerada digna de tutela.
Essas expectativas de direito recebem algum tipo de proteção, ainda que uma
proteção mais fraca que aquela proteção dada aos direitos são interesses legítimos.
ROTEIRO 3
Transição do Estado Liberal para o Estado Social e a discussão do próprio abuso de
direito
Habermas: transição do Estado Liberal pro Social se inicia muito antes das primeiras
constituição sociais, que só acontecem no século XX (México – 1917; Weimar –
1919) – muitos antes, no bojo das relações privadas, pouco a pouco já vai acontecer
uma transformação gradativa nas relações jurídicas de direito privado, a fim de que
essas relações pudessem contemplar vários aspectos que eram ausentes ou
negligenciados ao longo do Estado Liberal.
Individualismo, excesso liberal já começa a ser questionado ao longo de todo o século
XIX (movimento operário da década de 30 do século XIX, marxismo, sociologia,
teorias socialistas, movimentos que queriam mostrar que aquela compreensão de
sociedade era incompatível com a coexistência social).
Jhering: começa sua trajetória usando todos aqueles pressupostos da Pandectística
(direito como sistema perfeito de conceitos, abstração, pretensão racionalista) mas, a
partir de certo momento, percebe que não era suficiente para resolver os conflitos
sociais; ele começa a dizer que o jurista não pode mais ficar enclausurado, tem que
responder às necessidades daqueles que precisam; ele, então, muda sua teoria,
propondo um novo conceito de direito subjetivo:
Direito subjetivo como interesse juridicamente protegido: tentativa de
trazer essa discussão pro mundo real; pensar no direito de acordo com as
consequências reais que ele projeta da sociedade, de acordo com os conflitos que
existem em torno desse direito; muitos reclamam que essa expressão era muito
genérica e que o Jhering não propôs uma solução, mas na verdade o papel dele foi
muito mais o de criticar que o de propor uma resposta clara. Ainda sim, ele já dava
diretrizes para uma nova compreensão do direito e das relações privadas
A luta contra o individualismo foi uma luta também contra o formalismo – pois
era o formalismo que dava base para as compreensões individualistas (era uma
compreensão formalista de direito subjetivo que possibilitava aquela ideia de direito
absoluto, de poderes que iam do céu ao inferno quando se falava em propriedade, por
exemplo).
Preocupação constante do Jhering e de diversos autores contra o formalismo.
Final do século XIX e início do século XX: surgem várias teorias antiformalistas –
teorias diversas, mas que tinham um pressuposto comum: direito não podia ser
considerado somente uma lei fria ou somente um conceito; existe um algo mais,
direito pode até ser forma, mas não apenas forma; precisa de um conteúdo, de
finalidades, contextualizar esse direito no mundo real; trazer novos aspectos, “sujar” o
fenômeno jurídico.
Formalismo tinha a ideia de um direito higiênico, limpo; direito era a forma
legal/conceitual. Já essas teorias antiformalistas falavam que não, que o direito era a
prática social, tem a ver com valores, com interesses, com a luta de poder, que o
direito estava sujeito a metodologias que não aquelas tão rígidas do formalismo.
Elemento comum de todos: abrir a reflexão jurídica, introduzir uma série de
outros aspectos; não se pode mais pensar o direito como mero conjunto de
leis/conceitos (o arcabouço conceitual construído no século XIX tinha esse
compromisso com a segurança jurídica).
Abrir o direito envolve um processo arriscado, no que tange à segurança
jurídica; aqui começa a deparar com aquela tensão justiça x segurança.
ROTEIRO 4
Com abuso de direito basicamente estamos discutindo limites: quando que os
particulares vão poder exercer os seus direitos para buscar vantagens, mas respeitando
minimante os interesses dos outros cidadãos.
Mas a FUNÇÃO SOCIAL sempre teve uma pretensão maior do que esta. O termo
foi supostamente cunhado por Comte, que procurava na verdade fazer uma crítica à
sociedade liberal, mas em nenhum momento chegava a ser contra a propriedade
privada, por exemplo.
A própria etimologia da palavra função: competência que é dada a uma pessoa para a
ser exercida no interesse de outrem.
A ideia de função social sempre foi dar um passo além em relação à compreensão dos
direito subjetivos: não basta só impor limites a esses direitos, há casos em que há de
se impor deveres positivos ao titular desse direito em favor de outrem.
No caso de abuso de direito, se o titular não exerce o seu direito, em tese ele não tem
como abusar desse direito. Mas, como a função social impõe deveres, não
necessariamente ele se satisfará apenas com a ? do titular. Poderão, claro, exercer os
seus direitos, mas terão também que cumprir alguns deveres em função da sociedade.
Não é uma faculdade do proprietário rural não usar sua propriedade (Art. 186
da CF/88) – ele tem que usar e tem que usar de forma produtiva, sob pena de
desapropriação para fins de reforma agrária.
A partir da função social da propriedade surgem inúmeras discussões, como a de que
não deveria se pensar somente em um direito de propriedade, mas também em um
direito à propriedade.
Compatibilizar o direito daqueles que têm com o direito daqueles que não têm.
Direito de propriedade x direito à propriedade acesso a propriedade passa a
ser também colocado em discussão.
A grande dificuldade da função social da propriedade é encontrar um equilíbrio entre
o aspecto funcional (de dever) e o não funcional (de vantagem, de autonomia
para o titular), pois não se pode em nenhum momento transformar o particular em
um funcionário público, que somente tenha deveres e compromissos com o interesse
público introduz-se deveres, em prol da coletividade, mas precisa-se encontrar
algum balanço para que prevaleça também para o titular uma zona de autonomia
privada.
Daí dizer que têm uma função social, mas não são apenas uma função social,
pois eles sempre precisam contemplar essa zona de vantagem, de benefício, de
autonomia privada do particular.
Função social e o conteúdo mínimo da propriedade que teria que ser
estabelecido para assegurar a autonomia privada do titular passam a ser componentes
e indissociáveis da propriedade, e componentes que precisam ser equilibrados, a fim
de evitar que o proprietário se transforme em um funcionário público, mas a fim
também de evitar também que ele seja aquele proprietário do século XIX, somente
preocupado com os seus próprios interesses.
Como não é fácil encontrar esse equilíbrio, normalmente essas obrigações positivas
são previamente previstas pela lei ou pela constituição.
Uma coisa é certa: a função social, até do ponto de vista etimológico, tem essa ideia
de compromisso com deveres positivos.
Constituição de Weimar: “a propriedade obriga”; propriedade gera também
obrigações, não é só uma fonte de faculdades ou benefícios para o particular.
Essa discussão começa com a propriedade, depois se extende para os contratos, e
depois se extende gradativamente para todos os direitos e posições jurídicas privadas:
ideia de que de alguma maneira as posições jurídicas de direito privado têm que estar
abertas também à existência de alguns deveres, em prol da coletividade, mas sempre
com o cuidado para se haver esse equilíbrio.
Para muitos, a função social alterou até mesmo a natureza jurídica da propriedade,
não mais sendo um direito subjetivo, mas sim uma situação jurídica complexa, pois
junto com faculdades, o titular teria também deveres positivos para com a
coletividade.
Duguit (1912) sustenta isso: propõe, mesmo antes das primeiras constituições
sociais, o fim dos direitos subjetivos pois, em razão da função social, só se poderia
cogitar a partir dali de situações jurídicas. Assim como Comte, ele também não era
contra a propriedade privada mas, mesmo assim, ele entendia que aquela zona de
autonomia do particular precisava ser minimamente contrabalançada com deveres
positivos em prol da sociedade.
Hoje: situação jurídica possibilita a ideia de uma pessoa que titulariza ao mesmo
tempo faculdades e também deveres.
Após a função social, é possível pensar em direitos subjetivos que em seu bojo
admitam também deveres. Por isso, não precisa abandonar a expressão direito
subjetivo para acomodar a função social mesmo que eu use a expressão direito
subjetivo, eu já estou usando-a de uma maneira muito distinta da utilizada no séc.
XIX.
Seja com abuso de direito, seja com a função social, não se está mais diante
daquele conceito formalista, individualista e absoluto de direito subjetivo.
Para muitos, a vedação ao abuso de direito é a chamada dimensão negativa
(passiva) da função social – função social tem esse compromisso de evitar excessos,
de impor limites.
Mas ao lado dessa dimensão negativa, existe também a dimensão ativa (impulsiva) –
dimensão relativa aos deveres positivos.
Função social, embora tenha um elemento em comum com a vedação ao abuso
de direito (as duas se preocupam com a vedação aos excessos, com imposição de
limites ao exercício do direito), a função social tem uma preocupação adicional –
além da vedação ao excesso, há a preocupação de se impor deveres positivos ao
titular, de impor esses deveres em um contexto que traz essa discussão da
intersubjetividade.
Daí surgir a discussão que não há somente um direito de propriedade, mas
também um direito à propriedade.
24/08 (quarta-feira)
SIMULAÇÃO 5
Liberdade de expressão
É muito sutil os limites da liberdade de expressão; é uma solução que tem de ser feita
caso a caso, olhando para as peculiaridades de cada caso.
Mais conciliar os dois princípios/direito fundamental, e menos sopesamentos, onde
um se sobrepõe ao outro.
Acusação: Dados de mortes de LGBTI, perigo social, violência verbal, física,
psicológica; discussão sobre criminalização da homofobia e união civil igualitária são
pequenos avanços; combater não a diferença de opinião, mas o discurso de ódio; esse
discurso cria um senso comum de que a orientação sexual é uma simples faculdade,
escolha da pessoa, como a gula, a inveja e outros pecados; trechos da bíblia
desconexo sem senso de responsabilidade não pode ser feito, como os que incitam
violência contra a mulher e homossexuais, e a escravidão. Descumprimento da
igualdade entre os indivíduos e violação do direito à honra e à imagem de LGBTI.
Violação de direitos fundamentais, arts. 1, 3 e 5 da CF.
Defesa: Pastor não teve a intenção de ser preconceituosa ou de estimular o
preconceito entre os ouvintes, estava só dizendo o que está na bíblia.
“Homossexualidade é pecado” é só uma norma de conduta para aqueles que seguem
aquele estilo de vida. Essa frase não incita ódio porque a bíblia também diz que todos
são pecadores. O que pode ter acontecido é o pastor ter sido mal interpretado. O réu
não pode ser considerado culpado por agravantes externos a ele; pecado é um código
desse grupo, que se reúne em torno de uma concepção do que é uma vida boa.
Se se proíbe um pastor de dizer que determinada conduta do texto sagrado dele é
pecado/errado, talvez você esteja tolhindo toda a liberdade dele.
Haveria outras possibilidades de aquele direito ser exercido de forma que não esta que
está sendo considerada abusiva/excessiva?
Pergunta sobre como o homem médio agiria/como outros pastores na sociedade estão
agindo sobre esse assunto.
SIMULAÇÃO 6
Acusação: Ferir a imagem e a honra do deputado; art. 5˚ inciso X; direito de
personalidade do deputado foi violado; abuso de direito da liberdade de expressão,
porque foi usado tão somente pra prejudicar o deputado; não houve retratação por
parte do acusado; presunção de inocência - o deputado não pode ser acusado culpado
até que se declare trânsito em julgado da sentença.
Defesa: Foram outras pessoas dentro do restaurante que causaria dano moral; direito a
manifestação política e liberdade de expressão; deputado é uma pessoa pública –
liberdade de expressão prevalece à privacidade; exceção da verdade; pra haver dano
moral tem que ter distorção da verdade e o cara não distorceu a verdade, só
reproduziu o que está sendo afirmado pela mídia.
Cuidado com a forma como se expressa. Liberdade de expressão pode ser expressada
em qualquer lugar/momento?
O problema nesse caso é o ambiente. O deputado estava ali fora de horário de
trabalho, estava num ambiente no âmbito pessoal dele, viola a privacidade.
Estamos falando de pessoas públicas que, em princípio, estão sob maior escrutínio
que pessoas privadas.
Fato relacionado à conduta pública daquela pessoa, mencionou algo que diz respeito à
conduta dele como parlamentar.
Jurisprudência: quando aquele que está prestando sua opinião se prende à fatos e não
à característica da pessoa (animus narrandi) tem maior chance de não se considerar
como abusivo (dizer que praticou corrupção x dizer que é corrupto).
O tipo de espaço que a situação ocorreu: apesar de ser um espaço público, ele não
estava no exercício da profissão dele, estava na sua intimidade.
O exercício regular da manifestação de pensamento.
SIMULAÇÃO 7
Acusação: professora se manifestou em sala de casa com assuntos inadequados para
esse ambiente; são crianças que internalizam e aceitam, não tem capacidade de
argumentar caso sejam contrários; politização da função – violência simbólica; dentro
da sala de aula o professor não exerce liberdade de expressão, mas um ofício; esse
espaço de manifestação valeria pra todos então?; professor precisa ser neutro em suas
posições política.
Defesa: A neutralidade em sala de aula é inviável, precisa ser aberto ao debate
sempre; art. 205 da CF/88 (menciona pluralismo de ideias na educação); a criança não
absorve tudo acriticamente, ela tem um senso crítico, que deve ser estimulado e
aprimorado.
Em que medida o Estado pode/deve proteger os indivíduos de si mesmos?
ROTEIRO 5
Ideia de ciência: Direito muito tempo tentou se afirmar como ciência.
Mas o que é ciência? Não é aquela ideia de ciência como algo relacionado a
verdades absolutas, método como capaz de chegar a essas verdades. Mas sim, a ideia
de que a ciência serve a um momento, é datada e contextualizada. Assuntos humanos
raramente vão ter uma resposta única e objetiva.
Ideia de método também é revista: jurista do século XIX tinha uma grande
preocupação com método. Hoje já se sabe que o método não assegura a verdade, já se
tem a ideia de Gadamer que método assegura no máximo a repetição.
Jurista do séc. XIX: quais os melhores métodos de interpretação –
método literal, sistemático, finalístico, histórico. Hoje: sociedade muito fragmentada e
complexa, legislador não consegue acompanhar o ritmo e a velocidade dos
acontecimentos; juiz parceiro do legislador criando a regra para o caso concreto.
Modificações abruptas da técnica legislativa: a necessidade de se usar de
normas abertas, como princípios e cláusulas gerais, para que o juiz crie a regra
para o caso concreto.
Equilíbrio entre o juiz boca da lei da exegese com o juiz que faz o que bem
quer porque ele não está restrito pelas leis.
Constituição democrática como a nossa – o que ela se diferencia de uma constituição
social? CIDADANIA, não quer mais clientes, nem dependentes do Estado, mas
cidadãos autônomos.
Tensão entre liberdade e igualdade: no Estado Liberal, em favor da liberdade (direitos
formais, zonas de imunidade diante do Estado). No Estado Social, da igualdade (na
ânsia de uma igualdade material, muitas vezes o Estado Social se agiganta e passa a
intervir excessivamente na esfera privada de seus cidadãos). EDD quer readequar
isso, liberdade e igualdade são conceitos, princípios que se interpenetram; não se
pensa em igualdade sem liberdade e vice-versa; tensão produtiva.
Ideia kantiana: direito como coexistência de liberdades entre iguais; exercer
meu projeto de vida enquanto esse direito é compatível com o igual direito dos outros
membros da sociedade.
Dignidade da pessoas humana: reforça a importância do homem; homem
como fim em si mesmo; uma resposta às coisas que aconteceram no século XX,
principalmente as duas guerras mundiais e regimes totalitárias, valorizando o homem
e mostrando que liberdade e igualdade necessariamente precisam estar juntas.
São indisponíveis: não está no juízo de autonomia da vontade do sujeito.
Ex.: caso do arremeço de anão, regulamentação da prostituição, cirurgia para crescer,
automutilação, cinto de segurança, vacinação obrigatória – até onde o Estado pode
proteger a pessoa do que ela quer?
Constitucionalização do direito privado: ideia de que hoje é impossível tratarmos
qualquer questão de direito privado sem uma referência direta ou indireta à
Constituição.
Questões ligadas à dignidade da pessoa humana permeiam as relações
privadas; constituição trata diretamente de várias questões de direito privado;
expansão qualitativa e quantitativa dos textos constitucionais.
Constituição do século XIX era mais enxuta (se restringia a organizar o
Estado e disciplinar os direitos fundamentais de primeira geração).
Além de questões principiológicas mais gerais, mas da incidência imediata de
diversas normas constitucionais ao direito privado. O que exige daquele que atua
com direito privado um conhecimento de direito constitucional.
Importância dos princípios e das cláusulas gerais são normas abertas (alguns
entendem que os dois são sinônimos; outros entendem que os princípios seriam
normas abertas ainda mais abertas que as cláusulas.
Ex.: Princípio da solidariedade, cláusula geral da boa fé objetiva.
São normas que não indicam ao intérprete a solução do caso concreto;
juiz/intérprete quem cria a regra para o caso concreto; são normas que dão parâmetros
para a decisão, dão diretrizes para orientar o intérprete e o aplicador da lei, mas essas
diretrizes são sempre gerais e terão que ser densificadas no caso concreto.
Usa-se, pois não há outra alternativa – em uma sociedade plural, complexa e que
muda muito rápido, o legislador não consegue dar conta da complexidade dos fatos;
se ele for tentar regular tudo, ele não vai conseguir reger nada.
Casos difíceis: simplesmente não há regras, no sentido de normas com soluções
definidas; há normas abertas que dão algumas diretrizes ao aplicador.
Isso aumenta e muito os riscos de arbitrariedade do juiz/intérprete.
O jurista, principalmente o jurista do direito privado, era ensinado que não tinha
nenhuma responsabilidade pela a desigualdade social, quase como se o direito civil
fosse uma área meramente técnica, e não propriamente uma área transformadora.
Hoje já não se acredita nisso. O jurista de direito civil tem sim uma
responsabilidade.
SIMULAÇÃO 8
Acusação (autor): Todos tem direito à propriedade; nao existem direitos absolutos,
certamente a propriedade não o é, mas também não é a função social; a propriedade
sofreu esbulho; a função social não pode ser usada para violar o procedimento;
nenhum dos procedimentos legítimos foi usado; ocupação foi clandestina, ilegal e
recente; não foram respeitados os dispositivos constitucionais;
Defesa: Função social da propriedade – se o exercício da propriedade não percebe o
fim da utilidade coletiva então esse direito está contra a constituição; art. 5˚, XII e
XIII – garante o direito à propriedade dos cidadãos; essa propriedade ociosa não
responde a interesses coletivos; pode proporcionar moradia e a possibilidade de vida
digna a esses sem teto; a terra era ociosa; prática comum do acusado de manter terras
ociosas;
Lei de terras legitimou grandes posses de terras;
Locke: “direito de acumular terras encontraria limites no direito de outras pessoas”.
Propriedade desocupada x direito de moradia: a partir da perspectiva existencial,
coloca-se do lado dos trabalhadores; mas tem que respeitar o processo;
Esse compromisso maior é do Estado (não que o particular vai se furtar disso), mas
essa responsabilidade nunca poderá ser exigida do cidadão na mesma proporção que é
exigida do Estado
SIMULAÇÃO 9:
Acusação: comercial se usa de mulheres seminuas em situações indignas, o que viola
o direito de personalidade, mesmo que as modelos tenham concordado e gostado; a
frase de o homem sabe quando o não quer dizer sim não é humorística, promove a
cultura do estupro – apologia ao crime; o próprio nome da marca é ofensivo; viola a
honra coletiva das mulheres em geral; esse não é o único jeito de se fazer propaganda
de cerveja; a empresa não está buscando exaltar a beleza feminina, pois coloca
mulheres em posições humilhantes e degradantes; sobre o nu feminino fazer parte do
cotidiano – o nu só é permitido quando está degradando as mulheres e agradando aos
homens, já que a prática de topless é proibida e andar sem camisa também,
diferentemente do que é pra homens.
Defesa: característica dos direitos de personalidade é a indisponibilidade, mas não é
absoluta; porque impedir essas mulheres de ir atrás dos seus projetos de vida como
bem entendessem?; sobre violar a honra coletiva das mulheres, é um argumento muito
amplo; sobre a frase do “homem sabe quando o não quer dizer sim” não pode ser
deslocada do seu contexto.
Não haveria outra forma de se fazer isso? Dificuldade de usar esse critério para se
referir à manifestação artística
SIMULAÇÃO 10:
Defesa: eficácia vertical – nao se questiona que os direitos fundamentais possam ser
aplicados a essas relações, mas deve ser mediada (as relações extraestatais estariam
fora da aplicação do Estado); não há que se falar em violação dos direitos
fundamentais, pois a autonomia privada pressupõe que os particulares abram mão de
alguns de seus direitos; não há se falar em desproporção de direito fundamental, a
relação é de coordenação, pois é um clube de recreação; clube Vip é uma instituição
privada que pode gozar de sua autonomia privada; é dotada de capacidade de direito
que permite que ela adquira direitos e deveres, assim o clube pode impedir ou
restringir a entrada de novos associados; razoabilidade e proporcionalidade – os
direitos podem sofrer restrições para a convivência humana; associação recreativa: é
direito de os associados querer se associar somente com algumas pessoas.
Antes se entendiam que as associações tinham completa autonomia para redigir seus
estatutos.
Direito do Trabalho: O empregador pode até demitir sem ter justa causa, mas ele não
pode demitir se maneira discriminatória. Mas como se comprova? Proximidade
temporal...
Os critérios em tese são lícitos se há proporcionalidade e razoabilidade
ROTEIRO 6
Séc. XIX: direito privado patrimonialista e individualista espaço para se falar em
direitos de personalidade era muito pequeno.
França: equiparar atributos da personalidade à propriedade para se dar a
esses atributos a mesma proteção que se dava à propriedade (homem seria
proprietário do seu corpo, da sua imagem, da sua honra..., para que ele pudesse
exercer poderes semelhantes àqueles que ele exercia sobre sua posse).
Alemães: nunca entenderem propriedade sobre os bens incorpóreos, como
seriam os aspectos da personalidade.
Por que o direito privado não tratava desses direitos de personalidade? Diante do
reconhecimento da importância desses direito, o direito privado não teria instrumental
suficiente para tutelar esses direitos e por isso eram tutelados pelo direito penal.
Proteção à vida, integridade física, integridade psíquica, integridade sexual
imagem, são aspectos da personalidade que ensejariam uma proteção punitiva e
preventiva por parte do Estado e, por isso, estaria protegidos pelo âmbito penal.
Como trazer esses direitos para o âmbito do direito privado? Direito privado trabalha
sob uma ótica de compensações/indenizações.
Dano moral: indenização por violação aos direitos de personalidade, que
se coloca de maneira extrapatrimonial. Mas qual esse tipo de indenização? Em
dinheiro? (caso do abandono afetivo).
Discussão sobre direitos de personalidade no direito privado sempre trouxe esse tipo
de impasse: se a lógica do direito privado é uma lógica compensatória, como que eu
vou trazer esses direitos para serem tutelados pelo direito privado? Não teria o direito
penal, com seu caráter punitivo/preventivo, um instrumental mais adequado para lidar
com esses direitos?
Caráter patrimonialista do direito privado nessa época – ainda que elementos
de personalidade sejam importantes, não é na seara do direito privado que eles
deverão ser tutelados; direito penal se coloca em princípio como um instrumento mais
adequado para esse tipo de tutela.
Na França, logo começaram a surgir discussões sobre os direitos de personalidade e
os juristas tiveram que encontrar alguns recursos para lidar com essas discussões, e o
principal foi o de se utilizar da analogia com a propriedade – o homem é proprietário
das dimensões da sua personalidade. Em relação aos alemães, como eles sempre
foram refratários a essa ideia, havia a formação de uma teoria consistente com esses
direitos.
Gierke (1895): já propõe uma teorização consistente sobre o direito de personalidade
– há um direito geral de personalidade que confere ao titular domínio sobre uma
parte de sua própria esfera de personalidade, não é patrimonial, ainda que possa ser
desdobrado em conteúdos patrimoniais, é personalíssimo, é inalienável, embora possa
haver sua transmissão parcial ou total em alguns casos.
Reconhecimento da insuficiência do direito penal para proteger direitos de
personalidade – direito penal tem seus limites, e é importante que o direito civil
assuma também seu papel na proteção desses direitos.
12/09 (segunda-feira)
SIMULAÇÃO 11
SIMULAÇÃO 12
SIMULAÇÃO 13.
14/09 (quarta-feira) – CONTINUAÇÃO ROTEIRO 6
Art. 12, CC: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei”.
Cláusula geral de proteção ampla aos direitos de personalidade.
Objetivo desse artigo é dizer que, quando estamos falando em direitos de
personalidade, a primeira preocupação é se evitar a lesão (cessar a ameaça); todas as
providências devem ser tomadas para se evitar lesão, pois se parte da premissa de que
são direitos irreparáveis ou de difícil reparação.
uma vez havendo a lesão, o juiz deve adotar uma série de medidas que não
apenas a chamada indenização por danos morais ou materiais.
tutela in natura: proteção que procura ser dada a um direito de
personalidade e que lhe assegura uma efetividade, o que não acontece com a
mera compensação.
daí porque em violações contra a honra, tem se visto a utilização de
alguns recursos como pedidos de desculpas, retratação, direito de respostas,
publicação de sentenças possibilidade de se assegurar efetiva tutela desses direitos
próprio código não tipifica que formas de tutela seriam essas, ele
simplesmente diz ao juiz que ele deve encontrar a forma mais adequada para tutelar
aquele direito de personalidade.
tutela in natura jamais afasta a indenização por danos morais (ou
materiais, se for o caso – não necessariamente haverá danos materiais na violação de
direitos de personalidade, mas danos morais sempre há) – comprovado a violação de
personalidade, já se tem esse dano moral como certo.
Cabe ao juiz, diante da violação dos direitos de personalidade,
verificar os danos morais, pois já parte-se da premissa de que eles sempre existirão;
verificar se há também danos materiais (porque eles não necessariamente
ocorrerão) e verificar se cabe algum tipo de tutela específica, para assegurar a
efetividade daquele direito, já que é um instrumento mais adequado que a
indenização.
Exemplo da honra: às vezes, faz muito mais diferença uma
retratação que uma simples indenização (satisfação moral + repercussão social).
Violação de direito personalidade, questão de sofrimento, ou violação à cláusula geral
de proteção à personalidade?
Como é difícil lidar com a questão do dano moral como uma questão de dor e
sofrimento (Ex.: Caso Maitê Proença – contrato com a playboy e um determinado
jornal pegou essas fotos e publicou sem a autorização dela – além da discussão sobre
danos materiais (publicação das fotos sem remunerá-la), discussão sobre dano moral
(a imagem dela foi publicada sem a sua autorização); juiz disse que mulheres bonitas
não sofrem ao ver sua imagem publicada, logo ela não poderia levar nada) – se se
trabalha a partir da perspectiva de violação de direito de personalidade, não há dúvida
de que veicular imagem nua de mulher sem sua autorização é violação de direito de
imagem, pouco importando o sentimento pessoal da pessoa diante dessa publicação.
Acórdão da lata de leite condensado – pessoa abriu um pouco da lata e viu
uma barata – será que cabe dano moral (partindo da premissa que tem que ter violação
de um direito de personalidade ou de uma situação existencial relevante).
Aborrecimentos acontecem a todo momento, a questão é comprometer um
direito de personalidade. Se não a gente volta pra aquele momento inicial da
discussão de danos morais onde tudo era dano moral. Se todos os nossos
aborrecimentos forem considerados danos morais, acaba não tendo um diferencial
sobre quais situações específicas merecem a tutela.
Situação existencial: no roteiro 2, discussão sobre situação jurídica, que muitos usam
como sinônimo de direitos subjetivos; outros entendem que é uma situação híbrida
porque envolvem direitos, prerrogativas, mas também deveres, como os decorrentes
da situação social; e outros entendem como circunstâncias que justificam a proteção
jurídica, ainda que não se encaixem propriamente na categoria de um direito de
personalidade.
Se utilizar de uma categoria genérica essa situação é uma situação que, do
ponto de vista existencial, é relevante, e houve a violação dessa situação. Com esse
termo, entende-se que houve violação da cláusula geral de proteção à personalidade.
Além dos direitos de personalidade previamente identificados, a gente possa imaginar
outras situações que também possam receber proteção.
SIMULAÇÃO 14:
Autor: diferenciação entre sexo biológico (genitália e cromossomos); orientação
sexual (atração sexual a outros indivíduos); identidade de gênero (vivencias,
experiências e performances de gênero que o individuo vivencia no seu cotidiano) –
conceito explorado pela teoria queer: identidade de gênero a partir de relações de
poder; a depender da situação em que o individuo se encontra ele é capaz de encontrar
uma identidade de gênero diferente daquela que lhe foi designada no nascimento; não
são categorias estanques, herméticas, binárias, é um espectro; direito ao nome como
um instituto legal dos direitos de personalidade (código civil); legislação e
jurisprudência reconhece que o individuo, ao sofrer situação vexatória por causa do
seu nome, ele pode sim usar um nome social reconhecido; utilização tanto pelo
banheiro feminino, quanto masculino, pois liberdade, dignidade da pessoa humana
através da autonomia moral para os indivíduos viverem suas vidas como bem
entenderem, desde que não prejudiquem terceiros; dignidade da pessoa humana como
princípio intrínseco a todas as pessoas; todas as pessoas são um fim em si mesmo.
Réu: não se desconsidera o principio da dignidade, o que se questiona é a
subjetividade e arbitrariedade exacerbada no uso dos princípios; afronta ao direitos
das alunas que teriam desconforto ao dividir um momento íntimo; mulheres se
sentiriam desconfortáveis, ameaçadas; violaria os direitos dos demais alunos.
Nome: um dos direitos que mais tem destaque no CC (arts. 16 a 19 do CC, mas não
fala especificamente desse assunto.
Nome tem uma dimensão social também, não só interna; é o nome que te
identifica na esfera pública, é ele que permite que você seja chamado a responder
pelos seus atos;
Leis de registros públicos já previa casos de mudança de nome (lei 6.015) –
faz distinção entre mudança de prenome/nome próprio e sobrenome/nome de família.
Em relação aos nomes de família, há um flexibilidade maior: tirar
sobrenome de pai ausente, acrescentar sobrenome do padrasto... desde que
haja relação familiar (afetividade) pode.
Em relação ao prenome, há preocupação maior do legislador com
questões de identidade social que está por trás do nome: “todo aquele que
completa maioridade, tem um ano para mudar o prenome”. – jurisprudência
construiu, mesmo sem base legislativa clara (através de interpretação
constitucional): dizer que não faz sentido restringir a mudança de
prenome só nesse período de 1 ano; lei admite a incorporação de apelidos
notórios; problema dos incapazes (crianças que recebem nomes vexatórios –
mesmo incapazes possam e devam exercer direitos de personalidade, possam
vivenciar situações existenciais desde que compatíveis com seu grau de
capacidade). JUSTA CAUSA = não pode ser mero capricho do interessado,
tem que ter razão (grafia muito difícil, nomes que não identificam o sexo,
homem que tem nome de mulher e vice-versa; Raimunda)
Diante da dimensão social do nome, importância para identificação,
não pode ser mera autonomia, mas havendo justa causa, é possível.
Caso do Zen: nem havia passado ainda pelo processo de mudança de sexo.
Peculiaridade deste caso: envolve uma ruptura daquela dicotomia gênero masculino-
feminino, gênero aqui é indefinido. Em razão disso, a mudança de nome não tem nada
a ver com a mudança de sexo (durante muito tempo no direito brasileiro essas duas
coisas estavam ligadas).
SMULAÇÃO 15:
Autor: dano moral em causa próprio; tanto Jaqueline quanto seus pais sofreram danos
irreparáveis, que o namorado e o site foram responsáveis; art. 5˚, CF: inviolabilidade
da vida privada, honra e imagem das pessoas foi desrespeitada; art. 20, CC: imagens
quando violam a honra devem ser retiradas; viola dignidade da pessoa humana.
Defesa do namorado: não é negar o direito decorrente do sofrimento moral sofrido
pelos pais, mas delimitar a responsabilidade diante dessa agressão; ultima ratio, não
pode se chegar a uma causalidade ad infinitum; whatsapp foi apenas um meio
utilizado; o provedor não pode ser responsabilidade pelo conteúdo veiculado por seus
usuários, desde que consiga rastrear.
Defesa do namorado: o cliente também teve a intimidade exposta quando teve o vídeo
divulgado; só se o acesso de qualquer pessoa, em qualquer lugar, hora do conteúdo
fosse permitido é que seria divulgação, ele só enviou para pessoas específicas; houve
confiança entre o cliente e os amigos; nao havia consentimento ou aprovação do
cliente no fato de os amigos terem divulgado; a imagem do cliente também foi
exposta; ele não tinha a intenção de divulgar o vídeo a todos; os amigos é que deram
causa quando descumpriram o acordo firmado; se o Facebook tivesse acatado o
pedido de tirar o vídeo do ar, ela não teria se matado.
Quem é responsável nesse caso? O argumento do namorado é que ele compartilhou só
com dois amigos e esses amigos que compartilharam na rede.
Em situações como essa muitos entendem que todos que compartilham
material ilícito são responsabilidade. Só que muitas vezes isso é um colégio inteiro,
uma cidade inteira. Por isso a responsabilidade do provedor.
Problemas relacionados à responsabilização do provedor: eles não tem
condição de fazer esse controle.
Ninguém duvida que os pais da menina tiveram situação existencial violados
(parentes de pessoas que foram mortas podem pedir ação por danos morais, pois ali
eles foram violados em uma situação existencial). A grande questão é se teve nexo
causal entre o ilícito divulgação e o resultado morte.
No que diz respeito aos danos morais que a filha sofreu, foi transmitido aos
pais por sucessão. Se se entende que não há sucessão, na prática, os pais estariam
representando a filha morta, o direito de personalidade continua sendo da filha, os
pais só agem em nome dela.
Dano reflexo: Esse dano ocorre quando a ofensa é dirigida a uma pessoa, mas quem
sente os efeitos dessa ofensa, dessa lesão é outra.
Ex: ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua personalidade, pois os
direitos da personalidade surgem com a concepção e se extinguem com a morte, portanto, não são
transmitidos aos herdeiros, que só poderão entrar com ação de indenização em razão de sofrerem o
dano reflexo da ofensa.
Ressalte-se que, se o de cujus foi ofendido enquanto ainda era vivo, houve uma lesão aos seus
direitos da personalidade, e o direito a reparação por esse dano moral é transmitido dentro da herança
(CC, Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança).
Lembrar que dano moral não é dor, tristeza, angústia, vergonha, humilhação etc., essas são
suas consequências. Assim, dano moral é a lesão aos direitos da personalidade, por isso conforme a
doutrina e jurisprudência atual não há mais a necessidade de prová-lo, pois agora a prova é in re ipsa ,
ou seja, incita na própria coisa. Assim, para constituir o dano moral basta a violação de um direito,
independentemente do sentimento negativo consequente, o qual terá relevância apenas para a
quantificação do dano.
Em que medida os danos sofridos por um parente podem ser também
considerados danos e de alguma forma foram também sentidos pelo parente, ainda
que de forma reflexa? É indenizável?
Quando ocorre uma grande violação de direito de personalidade, após
a morte de uma pessoa, quais os parentes que podem invocar esse dano?
Normalmente, tende-se a pensar que são os parentes mais próximos (cônjuge e filhos
que entram com a ação de danos morais/materiais. Mas e os pais, irmãos, primos,
amigos próximos? Não há respostas prontas (ex.: fãs do Michael Jackson pedindo
indenização pelo dano que ele sofreu). Há uma necessidade de se delimitar quem de
fato sofre o dano.
Pode se admitir que há dano reflexo, mas também tem que haver a
preocupação do que é esse dano reflexo e quem pode ser considerado “sofredor”
desse dano reflexo.
Os legitimados à propositura de ação por danos morais, diante de determinadas
situações.
SIMULAÇÃO 13:
Discussão sobre biografia não autorizada (limites pra isso), mas também a questão da
sucessão: pelo direito brasileiro, o que vem prevalecendo é o código não deu
orientação definitiva código só diz que os parentes podem entrar com ação em
nome do morto, mas não se sabe se os parentes sucedem o morto naquele direito
(como acontece com a herança), ou se o direito continua sendo do morto e os
parentes estão apenas representando aquele morto (agindo em nome dele). .
No caso, o filho não queria só a indenização. Queria também resguardar os
direitos do pai de não ver sua biografia sendo publicada após a sua morte.
Quando o filho pede a indenização por danos morais, em tese ele estava
pedindo um direito próprio. Em relação a defesa da honra e imagem do pai, não tem
desdobramento patrimonial (chega a pedir uma forma extrema de tutela in natura, que
é a busca e apreensão dos livros). Ali, de acordo com alguns precedentes do STJ, ele
não estaria exercendo direito próprio, porque não há sucessão nesses casos. Morto
continua com seu direito de personalidade, filho está somente representando o pai.
Supremo já decidiu que não precisa de autorização para biografia.
Especialistas dizem que não é possível sujeitar previamente uma biografia à
opinião do biografado por uma série de circunstâncias. Não podemos engessar a
história, a vida privada de uma pessoa pode ter muitos desdobramentos na vida
pública.
Art. 20. “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou
a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais. (Vide ADIN 4815)
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendente”.
Se o próprio Supremo entende que não precisa de autorização do biografado,
então pode haver essa publicação. Até porque uma coisa é a vida do biografado, outra
coisa é a biografia. Entretanto, há um controle a posteriori. Se há fatos injuriosos,
cabe então as providências por parte do ofendido. Se se comprova que a biografia
excede os limites da liberdade de expressão, houve sim violação dos direitos de
personalidade e ate justificaria a busca e apreensão daqueles livros.
SIMULAÇÃO 16:
Autor: situação em que o contrato foi celebrado era diferente (eles estavam casados e
felizes, foi mera formalidade colocar o nome dela como responsável; não previram
que iam se separar ou que ele ia se tornar infértil); existe sim proteção a esses
embriões, ela não poderia só descartar até porque metade do material pertence ao
homem.
Réu: marido procurou a clínica pra conseguir os embriões depois que descobriu que
estava infértil; embriões são copropriedade.
Direito ao corpo, a questão do material genético é muito importante.
Peculiaridade desse caso: aqui já se fala em embriões, será que é propriamente
material genético? O raciocínio de que cada um detém metade é meio bizarro.
Conflito triangular: envolve o pai, a mãe e o embrião. O pai alega o direito à vida do
embrião. Embrião já é sujeito de direito? Obrigando a mãe a ter um filho que ela não
quer.
- Diferença entre multa e indenização. Uma é do campo penal e outra do campo cível?
Quais as funções da indenização? É reparar o dano? Ressarcir?
Multa: penal, administrativa, pode ser até civil. Multa é medida aflitiva, não
tem nenhuma característica de compensação, quer só punir a pessoa. Já no campo
ressarcitório, lida-se, de alguma maneira, com uma reparação.
- Compensar? Prevenir? Ressarcimento? Compensação no dano material eu entendo,
mas no dano moral não.
Quando se fala de direitos patrimoniais, a ideia é de que há como
ressarcir/compensar. Problema é que nos danos morais, direitos de personalidade são
insuscetíveis de qualquer tipo de compensação. Por isso que a indenização por danos
morais é super complexa, muitos entender que há um viés punitivo e preventivo.
- Dano moral é uma resposta do ordenamento para violação de direitos de
personalidade OU é uma violação da cláusula geral de personalidade essas duas
visões do que é dano moral são excludentes?
São duas vertentes que acabam sendo utilizadas com muita largueza. O que
importa é que hoje há uma postura refratária a que via dano moral como resposta à
mera tristeza. A regra geral é violação de direito de personalidade ou violação de uma
situação existencial. Rol em expansão desses direitos.
SIMULAÇÃO 17
Autor: mãe não sabia que a filha tinha feito a matrícula, achava que estava só
acompanhando; a escola sabia que a mãe não ficaria satisfeita ao saber; a escola
forçou, tentou colocar a menina como se ela fosse maior de idade, usou o argumento
de ela fazer estágio pra tentar convencer de que ela tinha condições de pagar o curso;
a responsabilidade contratual deve ser no sentido de considerar Tarsila uma menor
incapaz;
Réu: capacidade em razão do vínculo laboral à época da celebração do contrato;
omissão da mãe de questionar durante dois meses o vínculo da filha com a instituição;
instituição não pode ser responsabilizada pela omissão dos pais; adolescente ter
liberdade para escolher;
Relativamente incapaz (entre 16-18 anos) não pode se furtar se no ato ele se dizer
maior.
Questão da boa fé sempre observada nesses casos.
Duas formas de invalidação de um contrato: nulidade ou anulação
Absolutamente incapaz contrato é nulo e relativamente incapaz é anulável.
INÍCIO DA PERSONALIDADE
Art. 2˚. “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Personalidade só começa com o nascimento com vida, mas, ao mesmo tempo,
a lei resguarda os direitos do nascituro – em princípio, esse artigo encerra uma
contradição em si mesmo, contradição essa que vem desde o CC passado.
Se o nascituro tem direitos, mas não é pessoa, então o que ele é? Pode
ser que a lei esteja usando da palavra direitos de uma forma técnica: pode ser que o
nascituro não titulariza propriamente direitos, mas direitos potenciais, expectativas,
outras formas de situações jurídicas que não propriamente diretos subjetivos.
Discussões doutrinárias sobre o nascituro
Francisco Amaral: única forma de superar essa contradição é entendendo que
a personalidade começa da concepção e por isso nascituro é pessoa e
consequentemente pode ser sujeito de direitos e deveres na vida civil (essa não é a
opinião que prevalece no direito brasileiro).
Direito brasileiro: entende que a personalidade só começa com nascimento
com vida (por nascimento com vida entende-se entrada ar nos pulmões – teste para
ver se a criança nasce natimorta, i.e., nem adquire personalidade, ou se ela nasceu
com vida, adquiriu personalidade e veio a falecer logo depois).
Na prática, o problema não é tão grande, pois se reconhece ao nascituro a chamada
capacidade processual o que quer que o nascituro seja (seja pessoa, seja uma
situação intermediária de aquisição de personalidade), o que quer que o nascituro
titularize (seja direito, seja expectativa, seja outro tipo de situação jurídica que a gente
teria que criar para ajustar-se a essa situação específica do nascituro) o nascituro
pode ser autor e réu de ações.
Direito acaba dando uma solução semelhante à do morto: a lei não explicou se
quando a pessoa morre os direitos de personalidade dela são transferidos aos
herdeiros, ou se ela permanece com aqueles direitos e os herdeiros portanto só
representam (nesse segundo caso, entenderia-se que a personalidade resiste após a
morte e aqueles legitimados (pelos §s únicos dos arts. 12 e 20) agem em nome do
morto) lei diz que os parentes são legitimados a proteger aqueles desdobramentos
do morto; na prática, existe uma forma eficaz de tutela, ainda que, do ponto de vista
teórica se discute bastante (a que título aqueles parentes agem, se eles são sucessores
ou representantes; o que eles estão pleiteando, se são direitos próprios que eles
herdaram ou se são direitos do morto que eles estão representando); doutrinariamente
a discussão é grande, mas do ponto de vista pragmático se resolve.
O mesmo acontece com o nascituro: nascituro pode ser autor e réu de
ações, mesmo que não se concorde sobre qual é a natureza jurídica do nascituro, sobre
o que ele defende (direitos ou expectativas); o que quer que ele seja e o que quer que
ele tenha, ele está lá defendendo ações.
Difícil imaginar que algo ou alguém que não tenha personalidade tenha
capacidade processual, mas isso acontece com uma certa frequência:
Ex.: condomínios edilícios – condomínio não é pessoa jurídica, mas
mesmo assim tem a possibilidade de demandar e ser demandado (se o condomínio
não tivesse capacidade processual, todas as vezes em que ele precisasse defender
algo, todos os condôminos é que seriam as partes).
Capacidade processual do nascituro já é algo reconhecido e aceito no direito brasileiro
há muito tempo. Mas inicialmente essa capacidade estava relacionada a questões mais
patrimoniais, era muito comum nascituro ser autor/réu de ações sucessórias, por
exemplo (pai morre, a mãe tá grávida e quer assegurar que aquela sucessão vá
contemplar o seu filho que está por nascer; casos de investigação de paternidade – pai
morre e os pais não são casados, pois se há casamento há presunção de paternidade
dos filhos havidos na constância do casamento; nascituro entrando com a ação,
representado pela sua mãe, que quer o reconhecimento da paternidade, inclusive para
efeitos patrimoniais consequentes, como pensão e herança).
Na hipótese específica de nascer natimorto, ele não adquire personalidade.
Por meio da capacidade processual, nascituro acaba recebendo uma
tutela; na prática, proteção eficiente do nascituro, mesmo com as divergências
doutrinarias.
Hoje, já há entendimento do STJ sobre a capacidade do nascituro, de alguma forma,
de titularizar situações existenciais, situações essas que, se violadas, justificariam sim
uma ação de indenização, independentemente de ele ter nascido ou não. Isso é mais
uma comprovação de que dano moral não é uma resposta à dor e sofrimento, mas é
ideia de que já há alguns aspectos daquela personalidade que já podem ser
comprometidos, mesmo na vida intrauterina (honra, direito à saúde, direito de nascer,
direito de não nascer).
Ex.: caso Wanessa Camargo e Rafinha Bastos.
Estatuto do nascituro que tramita no Congresso pretende levar esses direitos
do nascituro às últimas consequências, i.e., criando um direito de nascer tão amplo
por parte do nascituro que afastaria até mesmo as hipóteses hoje já existentes de
aborto legal (direitos do nascituro não se pode dar sem a discussão sobre direitos da
mãe – delicadeza desse problema: por mais que o nascituro possa ser considerado um
sujeito de direito, tenha situações existenciais a tutelas, a mãe também precisa ser
levada em consideração).
Quando se fala em nascituro, há ainda outra dificuldade: estamos considerando uma
realidade que pra alguns vai desde a concepção até o nascimento e pra outros vai da
implantação do óvulo fecundado no útero até o nascimento. Por essa segunda visão,
exclui-se os embriões da qualidade de nascituro – direito à vida até seria mitigado
pois não estaríamos falando de pessoas, pois embrião enquanto não está no útero não
tem condições de se tornar vida, porém a partir do momento que ele é implantado no
útero já se tem o nascituro, e essa situação perdura até o nascimento.
É claro que não se pode analisar esse nove meses de gestação de forma linear.
Há a discussão sobre a partir de que momento se tem vida inteligente ou uma
consciência. Isso é fundamental para se saber até quando a mulher pode abortar.
Todo aquele que nasce com vida é pessoa – essa é a solução do direito brasileiro.
Direito romano: se associava a aquisição da personalidade a um tempo
mínimo de vida (14 dias, criança vingou ou não vingou); forma humana. Hoje se
sabe: nasceu com vida, entrou ar nos pulmões, é pessoa; e mesmo aquele que não
nasceu pode até não ser propriamente pessoa, pode até não titularizar propriamente
direitos (embora muitos entendam que sejam e que titularizem), mas serão protegidos
dentro das suas especificidades, pois têm capacidade processual.
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE
Morte, assim como a vida, dá margem a várias discussões, que envolvem argumentos
científicos, filosóficos, éticos, morais, religiosos, jurídicos. Mas, em relação à morte,
há menos controvérsia que a vida pois, do ponto de vista médico, já há um consenso
em torno da ideia de que a morte acontece quando o cérebro perde a sua atividade,
pois a partir desse momento essa situação é irreversível (morte cerebral).
Morte, quando constatada por uma evidência concreta (exame que comprove
fim da atividade cerebral do morto), não dá margem a tantas discussões.
Claro que o morto continua a ter alguns dos desdobramentos da
personalidade (§s únicos dos arts. 12 e 20): não é porque morreu que não vai ter
alguns direitos ou algumas situações que vão ser tuteladas, inclusive pelos seus
parentes, porém o fato é que não há mais personalidade (o que se está discutindo são
desdobramentos de personalidade de alguém que não mais tem essa personalidade no
seu título).
Arts. 6˚ e 7˚: casos onde não há o corpo morto, a partir do qual se constante o fim da
personalidade e então, querendo ou não, trabalha-se com presunção de morte.
Art. 6o. “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
(FATOR TEMPO).
Ausência = desaparecimento.
Art. 22. “Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia,
se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os
bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público,
declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador” – desapareceu, já pode haver um
curador (alguém que vai cuidar das relações patrimoniais daquela pessoa), porque
como não há um tempo maior, ainda há a expectativa que a pessoa retorne.
Art. 26. “Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele
deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão”
– sucessão provisória; já foi constatada a ausência, foi nomeado um curador e já se
passou um ano desde a nomeação desse curador ou três se o ausente deixou
representante; aqui já se começa a trabalhar com a ideia de que aquela pessoa morreu;
desapareceu, não voltou, então os herdeiros entrarão no patrimônio; sucessão
provisória, pois ela precisa ser reversível; o ordenamento ainda parte da premissa de
que aquela pessoa pode voltar, por isso que os herdeiros precisam oferecer garantias
de que, caso o morto volte, haja condições de devolução daquele patrimônio.
Art. 37. “Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão
definitiva e o levantamento das cauções (garantias) prestadas” – Sucessão definitiva;
passados dez anos, aí sim há a declaração da morte.
Art. 7o. “Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a
data provável do falecimento” (FATOR RISCO)
Diferença entre as hipóteses do art. 6˚ e do art. 7˚: no 6˚, há só o fator tempo, no 7˚
tem uma situação de risco; é isso que possibilita a flexibilização temporal no art. 7˚
(desastre de avião, por exemplo, muitas vezes não se acha nem o corpo, então é o juiz
que vai fixar essa morte, por presunção).
Mas, tanto nas hipóteses do art. 6˚ quanto na do art. 7˚, há a possibilidade de a
pessoa voltar. Se a pessoa voltar, tem que ressuscitar a pessoa civilmente. Difícil, pois
a partir do momento que tem a sucessão definitiva, herdeiros não precisam mais dar a
garantia de devolução, houve boa-fé.
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos (IMPORTANTE PRO DIREITO DAS SUCESSÕES):
Comoriência; Hipótese importante em casos em que pessoas da mesma família
morrem no mesmo acidente. Eles se presumem simultaneamente mortos; tem que
apurar, se houver exames médicos que consigam atestar quem morreu primeiro,
obviamente que será mantida essa precedência; mas nas hipóteses em que não tiver
como apurar, cria-se presunção de que eles morreram no mesmo momento, e isso vai
alterar toda a ordem sucessória entre essas pessoas.
CAPACIDADE
A personalidade é a aptidão para ser sujeito de direitos na vida civil. Todos aqueles
que nascem com vida têm personalidade.
A capacidade é um plus à personalidade. Ela é a capacidade de exercer
pessoalmente esses direitos. Eu não apenas titularizo esses direitos, como eu posso
exercê-los por mim mesmo, eu não preciso de ninguém para me representar ou ajudar.
Direito se preocupa com incapacidade essencialmente para proteger o incapaz
(finalidade).
Agente capaz é aquele que, para efeitos civis, está no mundo.
Foco da capacidade aqui é o direito civil: as nossas noções não necessariamente serão
compatíveis com as regulações penais, eleitorais, administrativas (como código de
trânsito). É possível e admissível que o ordenamento trabalhe com diferentes faixas
etárias para diferentes projeções.
No direito civil, só se torna capaz aquela pessoa que, em princípio, tem 18
anos, pode expressar a sua vontade e ter “discernimento”.
Discernimento entre aspas pois, em razão do estatuo das pessoas com
deficiência, esse tratamento foi modificado e hoje a lei criou algumas dificuldades que
precisam.
Capacidade é um plus à personalidade e diz respeito a um poder de agir. Quando
se faz 18 anos, todos podem fazer o que bem intenderem no plano civil, sem precisar
de pai para representar ou de algum tipo de ajuda.
Não confundir capacidade de direito com capacidade de fato.
Capacidade de direito = personalidade; capacidade de fato = dimensão
de plus, possibilidade de agir.
Capacidade pensada, em primeiro lugar, para proteger o incapaz e se proteger o
incapaz principalmente em alguns planos da vida civil que requerem uma
responsabilidade extra.
Daí porque o foco das incapacidades serem os negócios jurídicos – contratos.
Contratos são fonte de direito; as partes criam regras que irão reger as
suas vidas; o contrato faz com que as partem sejam, de alguma maneira, legisladores
de suas próprias vidas; as partes podem criar relações jurídicas, o que demonstra um
âmbito de autonomia privada muito grande, apesar de haverem limites.
Repercussões importantes:
Teoria das incapacidade não se aplica a ferro e à fogo nas situações
existenciais/aos direitos de personalidade. Direitos de personalidade exercidos
diretamente por menores, por incapazes.
Plano extracontratual, a responsabilidade por ato ilícito não necessariamente
um menor não terá responsabilidade pelos resultados dos seus atos ilícitos. Pais
respondem objetivamente pelos atos dos seus filhos menores, mas se os pais não
tiverem patrimônio e esse menor tiver, é o patrimônio do menor que irá responder
(claro que com algumas medidas protetivas, mas ele não é considerado inimputável,
no que diz respeito a esse ato ilícito).
Quando o legislador pensa em capacidade, ele organizou a partir de três critérios
fundamentais. Para se entender os impactos do Estatuto da pessoa com deficiência,
que é recente (final do ano passado, entrou em vigor no começo desse ano) é
importante entende como esse sistema foi arquitetado primeiramente pelo CC:
Inicialmente (CC/2002), haviam três critérios: idade + discernimento +
capacidade de manifestação da vontade.
O próprio legislador havia noção de que poderia haver gradação em
relação a esses requisitos e por isso pensou nos casos de INCAPACIDADE
ABSOLUTA e nos casos de INCAPACIDADE RELATIVA.
- Pela idade, menores de 16 anos ficam com capacidade absoluta e 16-18
anos ficam com capacidade relativa.
- Em relação ao discernimento, se a pessoa tem zero discernimento ela é
considerada absolutamente incapaz (isso já foi modificado pelo estatuto).
Se ela tem algum discernimento, ela é considerada relativamente incapaz
(já é um avanço pois o CC/1916 considerava absolutamente incapaz os
chamados loucos de todo gênero, que é uma expressão considerada
preconceituosa, inadequada e insuficiente).
- Em relação à capacidade de manifestação da vontade, o CC/1916 também
faziam uma referência aos surdos/mudos, o que também mostra um
preconceito. No CC atual, também partiu da premissa de que é
absolutamente incapaz se a capacidade de manifestação é zero (ex.: coma),
porém se ela tem capacidade de manifestação da vontade, mas que é
reduzida, é relativamente incapaz (ex.: viciados em drogas).
Em nenhuma dessas hipóteses, o incapaz pode agir sozinho, a questão é o grau de
ajuda que ele terá, conforme seu tipo de incapacidade. Nos casos de incapacidade
absoluta, há a ideia de que a autonomia da pessoa é tão comprometida que ele não
pode nem mesmo manifestar sua vontade, ele precisa de um representante que fale
por ele (pais, tutores, curadores). Já nos casos de capacidade relativa, a lei já
valoriza a manifestação do incapaz, ela apenas pede que essa manifestação venha
acompanhada da manifestação de vontade de um representante específico, o assistente
(pessoa age, mas precisa de alguém para auxiliar).
Normalmente, representante é expressão ampla que abrange o representante
stricto sensu (aquele que age em nome de absolutamente incapazes) e o assistente
(aquele que auxilia os relativamente incapazes).
A pessoa, até seus 16 anos, é representada; depois, é assistida até os 18 anos; depois
dos 18, ela não é mais representada e já tem capacidade, isso partindo da premissa de
que essa pessoa chegou aos 18 anos com discernimento e capacidade de manifestação
da vontade. Para aquelas pessoas que têm problemas, tanto no discernimento quanto
na manifestação, o critério etário não necessariamente lhes assegurará a capacidade.
Muitas vezes a pessoa está em coma, faz 18 anos, e imediatamente os pais têm
de entrar com uma ação de interdição para pedir a curatela daquela pessoa. É também
comum a pessoa completar 18 anos, se torna capaz, mas lá na frente sofre um
distúrbio, uma doença que compromete qualquer desses fatores e ela tem que ser
interditada posteriormente (ela se tornou capaz, agiu na vida civil para todos os
efeitos, mas sofreu um acidente, entrou em coma e, a partir daquele momento, ela
deixa de ser capaz e se torna incapaz) alguns dizem que uma pessoa que era capaz
perder essa capacidade é quase como uma sentença de morte civil (a pessoa não pode
mais agir sozinha na vida civil), então decidir quem fala por ela, em quais
circunstâncias, quais são os poderes é algo tão sério que só pode ser feito por decisão
judicial (sentença de interdição).
Esses estados de capacidade e incapacidade são estados permanente, mas não
necessariamente eternos.
Incapacidade: algo que tem certa consistência no tempo. (pessoa sob porre,
hipnose, sonambulismo faz um contrato – isso não é incapacidade, se questiona a
validade daquele contrato, alegando que não houve livre manifestação da vontade
naquele momento). A incapacidade sempre se prolonga no tempo – claro que ela pode
deixar de existir (pessoa acorda do coma e retoma sua capacidade).
Após os 18 anos, só o que importava era o discernimento e a capacidade de
manifestação da vontade. Senilidade (idade avançada) nunca foi fator de incapacidade
no direito brasileiro, mas sim de eventuais consequências que podem decorrer disso.
Sentença de interdição: ex.: alguém perde o discernimento em 2011, a família
demora um certo tempo para perceber e entrar com a ação e só há sentença de
interdição em 2013 (dois anos agindo civilmente, contratando, vendendo bens,
doando patrimônio) quais os efeitos da sentença de interdição?
casos de incapacidade absoluta – efeitos nulos sentença teria efeitos
declaratórios e portanto ex tunc; atos nulos.
casos de incapacidade relativa – efeitos anuláveis (mais suave, pode ser
convalidado) sentença teria efeitos constitutivos e portanto ex nunc.
Terceiro de boa fé (direito brasileiro protege): aquele não sabe e nem seria exigível
que ele soubesse. Age de boa fé aquele que não sabe do problema, quando não seria
exigível que ele soubesse.
ABSOLUTAMENTE RELATIVAMENTE
INCAPAZ (não age, INCAPAZ (age, mas ele
representante fala por ele); ex precisa ser acompanhado do
tunc. assistente); ex nunc
IDADE Menores de 16 anos 16 a 18 anos
DISCERNIMENTO Zero (pelo CC) Algum discernimento
CAPACIDADE DE Zero (pelo CC) Alguma restrição +
MANIFESTACAO DE Ex.: Coma Ébrios, viciados em
VONTADE tóxicos e pródigos.
Esse era o quadro até o estatuto da pessoa com deficiência: esse estatuto foi pensado
para aumentar as possibilidades dessas pessoas, na tentativa de evitar o problema que
era muito comum nas ações de interdição: embora as capacidades tivessem como foco
essencialmente os negócios jurídicos, normalmente o incapaz acaba tendo uma vida
muito restrita, já que seus representantes acabavam interferindo em vários aspectos da
sua vida existencial.
Procurou reiterar uma série de ideias que já podiam ser extraídas do CC –
reiterar que a incapacidade jamais se projeta sobre situações existências; pessoas
com deficiência jamais poderiam ser tolhidas de suas situações existenciais (situações
existências vistos de forma ampla; vida amorosa, casamento, etc.).
Estatuto da pessoa com deficiência veio essencialmente para assegurar que
essas pessoas com deficiência possam ser vistas de maneira mais protetiva, em favor
do deficiente e, dentro do possível, possibilite a ele ter a maior liberdade possível, não
apenas nas situações existenciais, mas também nas situações patrimoniais.
Na ânsia de se querer proteger o deficiente, talvez se tenha criado um sistema
que não o protege tanto assim.
Esse estatuto acaba com todas as hipóteses de incapacidade
absoluta que não sejam por IDADE. Hoje, só é absolutamente incapaz, no
direito brasileiro, o menor de 16 anos.
Hoje, qualquer restrição quanto à capacidade de manifestação de
vontade, seja parcial seja absoluta, é considerada tão somente causa de
incapacidade relativa (ainda sim, alguém que está em coma, por exemplo,
precisa que alguém o represente, pois ele não consegue falar por si mesmo, um
mero assistente não é suficiente).
Discernimento deixa de ser hipótese de incapacidade, seja total, seja
relativa. Hoje, uma pessoa que não tem discernimento, ou tem restrições de
discernimento não é considerada nem mesmo relativamente incapaz, ela é
considerada capaz (ausência ou limitação de discernimento deixou de ser
considerada hipótese para incapacidade, seja absoluta seja relativa ).
Teoria das incapacidade veio para proteger o incapaz. Veio
também para o negócio jurídico.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 (dezesseis) anos.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (MANTEVE)
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,
tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (MANTEVE)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
IV - os pródigos. (TIROU O DISCERNIMENTO)
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Hipótese do inciso III: aqueles que não podem exprimir sua vontade (zero
capacidade de manifestação da vontade), que antes eram considerados absolutamente
incapazes, foram transferidos para os relativamente incapazes. Hoje, quem tem
restrições para manifestar sua vontade ou que não pode expressar sua vontade são
igualados e considerados relativamente incapazes.
Discernimento deixa de ser incapacidade, seja absoluta seja relativa. Cortou-se
o critério do discernimento. Hoje, a pessoa que não tem discernimento ou tem
discernimento reduzido é capaz, ela pode agir na vida civil como bem entender.
Considerando que a incapacidade tem essa função protetiva, essa mudança que o
estatuto da pessoa com deficiência trouxe pode acabar não protegendo.
Lei, na ânsia de proteger essas pessoas, talvez tenha acabado por desproteger
essas pessoas. É claro que nas situações existenciais essas pessoas devem tem sua
autonomia assegurada, mas isso influenciou também nas relações negociais.
Lei prevê um procedimento chamado tomada de decisão apoiada: procedimento
pelo qual a pessoa com deficiência pode escolher 2 ou mais pessoas que a ajudarão a
tomar atitudes na vida civil.
A curatela para pessoas com restrição/ falta de discernimento, em principio,
não é obrigatória, e a pessoa não é considerada aprioristicamente incapaz. A pessoa,
querendo isso, pode optar por essa tomada de decisão apoiada e a própria lei diz que a
curatela (que era a forma tradicional de se lidar com situações como essa) é sempre
excepcional.
Pessoas absolutamente incapazes e pessoa relativamente incapazes vão ser
curateladas, o que depende é o grau.
Nao há mais a diferenciação entre incapacidade relativa e incapacidade
absoluta pelo critério de representante e de assistência, pois o único critério de
incapacidade absoluta é a idade (tutor). Não há mais a diferente em relação aos efeitos
(ex tunc pra absoluta e ex nunc pra relativa ), pois então a única forma de contrato
nulo seria o feito por menor de 16 anos, para todos os outros critérios os efeitos
seriam somente anuláveis (ex nunc).
Estatuto da pessoa com deficiente revoga diretamente alguns incisos dos arts.
3˚ e 4˚.
A sentença de interdição só se coloca para as pessoas maiores de 18 anos.
Pela idade, ele é naturalmente incapaz e vai ter que ser representado sempre.
Curatela é forma de representação para qualquer outra causa que nao seja a
idade (a idade é o tutor; tutor é forma de representação exclusiva por idade). Curador
é palavra ampla, designa tanto o representante no caso da incapacidade absoluta
quando o assistente da incapacidade relativa.
Cada curatela teria que ser feita sob medida; curatela teria que ser
mínima, por exemplo, caso restrição de capacidade de manifestação da vontade fosse
pequena.
Art. 4, incisos II, III e IV ainda podem ter curatela.
Curatela excepcional nos casos de falta de discernimento, por mais que a
pessoa não seja mais considerada incapaz (tomada de decisão apoiada)
Art. 4˚, inciso II: ébrios habituais e viciados em tóxicos (incapacidade relativa) – não
é simplesmente beber e ser viciado em tóxicos, é ter redução da capacidade em
virtude desses hábitos. O que causa a incapacidade são os efeitos permanentes
daqueles hábitos na vida da pessoa, não o simples fato de a pessoa beber.
Art. 4˚, inciso IV: pródigos – prodigalidade não é só gastar muito, é o gasto irracional,
sem contrapartida e que possa comprometer a sua subsistência.
Surge na época do direito romano, onde há uma ideia de clã e de coletividade
muito grande; é a sobrevivência de toda a família que está em jogo se o pater começa
a gastar todo seu patrimônio. Mas será que isso se verifica hoje? Há a ideia de que
não, pois hoje há a autonomia patrimonial da pessoa. Manteve-se pela proteção do
pródigo, não da família.
Mas, o direito protege a pessoa das suas próprias vontades. Se entende
que essa é uma capacidade tão leve que justificaria uma interdição proporcional, só
pra evitar que ele disponha do seu patrimônio.
CESSAÇÃO DA MINORIDADE
Art. 5o . “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; (EMANCIPAÇÃO)
Completados 16 anos, os pais podem ir ao cartório e emancipar os filhos;
irretratável (não pode se arrepender depois); não há controle de se isso está sendo
feito para o bem estar do menor, mas em tese, deveria ter; é um meio de facilitar a
vida da pessoa; ela é civilmente capaz com 16 anos, mas continua não sendo obrigada
a votar, não podendo dirigir, inimputável penalmente.
II - pelo casamento;
O casamento envolve tantas responsabilidades (possíveis maternidade,
paternidade, etc.) que não seria lógico que alguém casasse e continuasse sob
assistência do pai/mãe.
Art. 1.517. “O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-
se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não
atingida a maioridade civil”.
Art. 1.520. “Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda
não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena
criminal ou em caso de gravidez.”
Essa primeira hipótese não tem mais aplicação (antes, havia uma série
de crimes sexuais que previam como extinção de punibilidade o casamento do
agressor com a vítima). Mas a segunda hipótese continua, pois entende-se que é muito
complicado que a mulher (o homem também) seja mãe/pai sem ter capacidade; o que
faz cessar a capacidade não é a gravidez, é o casamento em virtude da gravidez.
Se o casamento leva à capacidade, porque não a união estável
também? Casamento, por ser ato formal e solene, eu tenho um carco certo da
aquisição da capacidade; no caso da união estável, dificilmente existe esse registro.
Mas ainda sim, hoje há quem sustente que esse inciso contemple a união estável.
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
Essas duas hipóteses, dos incisos III e IV, faziam mais sentido quando a
maioridade era atingida só aos 21, pois hoje é absolutamente excepcional alguém
exercer emprego público ou colar grau em ensino superior antes dos 18 anos.
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria.”
Como se fosse emancipação de fato; desde que a pessoa tenha 16 anos, tenha
um trabalho ou um empreendimento, entende-se que ela está emancipada. Mas é
problemática porque é difícil de avaliar, então muitas vezes os pais pedem a
emancipação pelo inciso I.
Direito subjetivo: Zona de autonomia privada (direitos são instrumentos pra que a
gente possa exercer nossa autonomia), mas também juízo de intersubjetividade, e
aspecto funcional, que vai ser mais ou menos forte a depender do direito.
Visão de Jhering: interesse juridicamente protegido
SIMULAÇÃO 18
Autor: ajuizou ação de danos morais contra três colegas por causa da bullying que a
menor sofreu; tentou suicídio e desenvolveu anorexia; estabelecimento de ensino
tinha o dever de garantir a integridade da menina, tanto física quanto psicológica;
responsabilidade objetiva por causa que foi causado por danos relacionados às
relações de consumo (art. 14 do código de defesa consumidor).
Réu: responsabilização sobre os pais dos praticantes do bullying; arts. 932 e 933 do
CC.
Violação de situação existencial da menor, que titulariza essa situação existencial. Em
tese, o bullying foi feito por três menores (os pais respondem objetivamente pelos
atos ilícitos dos filhos menores – pouco importa se os pais agiram com ou sem culpa).
Independente dos pais responderem objetivamente, esses menores, quando os pais não
têm patrimônio, vai poder responder pelo seu ilícito – Foco principal da teoria das
incapacidades é o negócio jurídico, não no âmbito de relações existenciais.
Desde que se comprove que há um nexo causal entre a omissão do colégio e o dano,
pode-se responsabilizá-lo objetivamente, não importando a culpa.
Campo da ilicitude – menores vão poder sim responder pelos seus atos ilícitos, não é
porque são incapazes que vão poder fazer o que quiserem, causar danos a terceiros e
não ter nenhum tipo de responsabilização.
No campo do ilícito, essas noções de incapacidade não se aplicarão da mesma
maneira como no campo dos negócios jurídico