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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE 6ª Vara Criminal São Paulo

PROCESSO N.º(33.444.55.2014.000.01...)

Caio, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado


que esta subscreve conforme procuração em anexo (Doc. 01), vem à presença de Vossa
Excelência, tempestivamente, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal,
apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO formulada pelo Ministério Público pelos motivos de Fato e
de Direito adiante expostos

1. – DA PRELIMINAR

1.1 DA INÉPCIA DA INICIAL ACUSATÓRIA

É através da Denúncia que o Ministério Público inicia a ação penal e delimita a pretensão
punitiva, sendo certo que a lei subordine a validade formada. Denúncia ao cumprimento de
certos requisitos.

A Denúncia deve qualificar de forma suficiente o acusado enarrar de forma detalhada a


conduta imputada, por, uma acusação genérica, não só dificulta o trabalho da defesa, como
também prejudica a tarefa do Magistrado de aplicar a Lei Penal.

Para evitar esta prática, o artigo 41 do Código de Processo Penal, possui como requisitos
essenciais da Denúncia, a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, o que
não ocorreu no caso em tela, pois, nem data do suposto fato praticado se tem, transformando
esta acusação em Denúncia absolutamente Genérica.

Pelo Exposto, requer seja declarada Inepta a Denúncia, rejeitando-a, com fulcro no artigo 395,
inciso I, do Código de Processo Penal
2. – DOS FATOS

Em 15 de outubro de 2020 José pede R$5.000,00 (cinco mil reais) emprestados a Caio,
assinando, como garantia,uma nota promissória no aludido valor, com vencimento para o dia
15 de novembro de 2020.

No início de dezembro daquele ano, Caio se encontra com José e, na presença de Paulo,
lhecobra a dívida, tendo José prometido que quitaria o débito até as festas de ano novo. Em
janeiro, Caio se encontra novamente com José, cobrar o pagamento devido, mas este afirma
que infelizmente não tem qualquer valor para pagar Caio, porque teria perdido o emprego,
não tendo nenhuma fonte de renda.Contudo, Caio descobre que José teria aberto uma
barbearia e estava com boa clientela.

Enfurecido, Caio descobre o endereço da barbearia e interpela José. Desconfiado da verdade


do que José dizia, Caio fica à espreita, aguardando que José feche o estabelecimento. Assim,
após um dia de trabalho, no final da tarde do dia 25 de fevereiro de2021, José segue para sua
residência enquanto Caio, arrombando a porta do local, invade a barbearia. Lá encontra
R$4.000,00 (quatro mil reais) guardados em uma gaveta, pega o dinheiro, como quitação de
parte da dívida, deixando no lugar um bilhete no qual confessa ter levado a quantia que lhe
era devida e que ainda aguarda o pagamento do restante da dívida até o próximo mês

Caio foi denunciada pela suposta prática de furto como incurso nas sanções do art. 155, §4º,
inciso I, do Código Penal (furto qualificado pelo rompimento de obstáculo)

3. – DO DIREITO

O acolhimento da preliminar acima suciada, por si só, leva a extinção do feito, porém, existem
outras razões pelas quais deve ser extinto o presente processo criminal. Caio não poderá
sofrer sanções do art. 155, §4º, inciso I, do Código Penal. Mesmo que havendo a presença da
circunstância do rompimento de obstáculo e a gravação da câmera de vigilância da barbearia
em mãos, não se qualifica esse crime por não existir exame pericial realizado de forma indireta
e laudo elaborado por peritos oficiais. Como prova idônea, não havendo, portanto, Legalidade
a ser reconhecida.

3.1 - DA INEXISTÊNCIA DO FATO

Inicialmente cabe salientar que o Princípio da Inocência previsto no artigo 5, inciso LVII da
Constituição Federal não foi respeitado, pois, uma mera suspeita de que Caio embasar e
instruir a Denúncia do Ministério Público erroneamente no crime de Furto.

Como o tipo exige a subtração de bem de outrem, diz-se, com outras palavras, que deve
haver a subtração de bem que pertence ao patrimônio de alguém. Então, se o bem que esta na
posse de José não faz parte de seu patrimônio, não houve a configuração do tipo penal.
3.2 - DA EXCLUDETE DE TIPICIDADE

Mesmo que este Douto Juízo tenha o entendimento da prática do crime de furto, merece
prosperar o entendimento da aplicação do Princípio da Insignificância ou Bagatela que exclui a
Tipicidade do fato, já que torna inexistente atipicidade material.

De acordo com fato relatado o autor por ter firmado um compromisso com réu, por nota
promissória ,de forma escrita onde se comprova a utilização do produto, agil de má fé. Por
esse motivo julgo insuficiente para embasar e instruir a Denúncia do Ministério Público
erroneamente no crime de Furto.

Caio estando amparada pelo estado de necessidade do artigo 24 que também excluí a ilicitude
de acordo com o artigo 23, inciso I, ambos do Código Penal. Também merece destaque, o
entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência, que furto em estabelecimento comercial
não pode incidir a causa de aumento de repouso noturno, por conseguinte surge uma
nulidade, pois, com efeito, se não há causa de aumento de pena, a pena mínima volta a ser de
1 ano de reclusão, dando margem à possibilidade de oferecimento de suspensão condicional
da pena, o que não foi feito pelo Ministério Público, de acordo com o artigo 89 da Lei 9099/95.

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