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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA E IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS:

imunidade dos partidos políticos (art.150, VI, c, CF/88).

Referência bibliográfica:

JLTRIBUTÁRIO. Imunidade Tributária aos Partidos Políticos. Disponível em


http://www.jltributario.com.br/_det.aspx?A_ID=40

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 19ª Ed. São Paulo. Malheiros,
2001.

MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário/ Alexandre Mazza – 4.ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2018.

PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 6ª Edição, Livraria do Advogado


Editora. Porto Alegre, 2014.

SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/ind.asp - Acesso em
08 de novembro de 2018.

https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7045/A-Medida-Provisoria-no-Direito-
Tributario-analise-a-luz-do-principio-da-legalidade - Acesso em 08 de novembro de 2018.

https://jus.com.br/artigos/39486/imunidades-tributarias-previstas-na-constituicao-com-
destaque-para-a-imunidade-reciproca-atribuida-aos-servicos-postais-correios - Acesso em 08
de novembro de 2018.

https://anafrodrigues.jusbrasil.com.br/artigos/398639912/imunidade-tributaria-dos-partidos-
politicos - Acesso em 09 de novembro de 2018.
https://wtsobrinho.jusbrasil.com.br/artigos/326753999/imunidade-tributaria-que-beneficia-
partidos-politicos - Acesso em 10 de novembro de 2018.
Princípios:

1. O que se entende por princípio da anterioridade tributária? Quais são suas espécies?
Todos os tributos deverão obedecer referido princípio?

Nos termos do art.150, III, b e c, da CF/88: o princípio da anterioridade é um tributo


criado ou aumentado, em um exercício somente poderá ser exigido no ano seguinte,
respeitando o intervalo mínimo de noventa dias.

No Brasil o exercício fiscal se inicia em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro.


Assim, o exercício fiscal coincide com o ano civil.

O princípio da anterioridade tributária também chamado de princípio da eficácia


diferida, esclarece sobre um intervalo mínimo entre a publicação da lei que cria ou majora o
tributo e a data de sua efetiva exigência.

A finalidade do princípio da anterioridade é dar um prazo de respiro a fim de que o


contribuinte possa preparar-se para pagar os novos valores ao Fisco. Tratando, portanto, de
um desdobramento do imperativo da segurança jurídica.

Dessa forma, o art.150, III, da Constituição Federal deixa claro que o intervalo da
anterioridade só se aplica para criação e aumento do tributo, mas não quando o tributo é
reduzido ou extinto.

As leis que reduzem ou extinguem tributos, embora muito raras no Brasil, tem
aplicação imediata, não se sujeitando a qualquer intervalo de anterioridade na medida em que
são mais benéficas ao contribuinte, inexistindo lógica na invocação de uma garantia (regra da
anterioridade) contra o interesse de seu titular (contribuinte).

1.1. Anterioridade X Anualidade:

O princípio da anterioridade não pode ser confundido com o antigo princípio da


anualidade.

O princípio da anualidade previsto na Constituição de 1946 e na Carta de 1967, exigia


que a cobrança do tributo em um ano deveria estar autorizada na legislação orçamentária do
ano anterior.

Segundo o art.141, §34, da Constituição de 1946:


“Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a leio estabeleça; nenhum será
cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvada, porém, a
tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra”.

No mesmo sentido, o art.153, §28, da Carta de 1967:

”Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nem cobrado,
em cada exercício, sem que a lei que o houver instituído ou aumentado esteja em vigor
antes do início do exercício financeiro, ressalvados a tarifa alfandegária e a de
transporte, o imposto sobre produtos industrializados e o imposto lançado por motivo
de guerra e demais casos previstos nesta Constituição”.

1.2. Conceito de anterioridade antes e depois da EC 42/2003

Na redação original da Constituição Federal de 1988 o princípio da anterioridade


enunciava duas regras distintas aplicadas a tributos separados:

1.2.1. Anterioridade anual

Prevista no art.150, III, b, da CF/88: valia para a maioria absoluta dos tributos,
transferindo a possibilidade de sua arrecadação para o exercício (ano) seguinte ao da
publicação da lei que os tivesse instituído ou majorado;

1.2.2. Anterioridade nonagesimal

Prevista no art.195, §6º, da CF/88: aplicação exclusiva às contribuições sociais, tal


regra criava um intervalo mínimo de noventa dias entre a data de publicação da lei e o
momento de exigência do tributo instituído ou majorado.

Dessa forma, as duas anterioridades operavam de forma separadas antes da Emenda


Constitucional nº42/2003.

A principal deficiência desse modelo ocorria no fato de que a anterioridade anual,


aplicada de forma isolada para praticamente todos os tributos, não tinha força para proteger o
contribuinte contra novas exações instituídas nos meses finais do ano. Isso porque, como a
anterioridade anual somente transferia a exigência para o exercício (ano) seguinte, em termos
práticos o novo tributo já poderia ser cobrado no próximo 1º de janeiro.
Assim, se a lei de criação fosse publicada, por exemplo, em 30 de dezembro de 2001,
o tributo poderia ser cobrado já a partir de 1º de janeiro de 2002, ou seja, somente dois dias
depois. Sendo uma garantia pouco eficiente.

Diante dessa fragilidade do princípio foi promulgada a Emenda Constitucional nº42,


de 19 de dezembro de 2003, que acrescentou a alínea c ao inciso III do art.150 da
Constituição Federal, modificando o conteúdo do princípio da anterioridade.

Após a EC 42/2003 o princípio da anterioridade passou a vigorar fundamentado no


art.150, III, b e c, nos seguintes termos:

Art.150 – Sem prejuízos de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III – cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os


instituiu ou aumentou:

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b.

Dessa forma, agora a regra geral para a maioria dos tributos passou a ser o funcionamento
combinado das duas anterioridades, anual e nonagesimal, aplicando-se regra da anterioridade
mais benéfica para o contribuinte.

1.3. Regra da anterioridade mais benéfica para o contribuinte

Com a ocorrência da promulgação da Emenda Constitucional n.42/2003, passou a vigorar


a “regra da anterioridade mais benéfica para o contribuinte”, segundo a qual quando
determinado tributo for instituído ou majorado deve ser aplicada a regra da anterioridade
(anual ou nonagesimal) que tornar mais distante a data da exigência.

Sendo assim, deve-se verificar se para o contribuinte é mais vantajoso o uso da


anterioridade anual ou da nonagesimal. Desse modo, constata-se que a Emenda 42/2003
garantiu um intervalo mínimo de 90 dias entre as datas de publicação da lei e da cobrança
efetiva de novo tributo.

Desse modo, após a Emenda 42/2003, para realizar a contagem da data a partir da qual o
tributo pode ser exigido basta aplicar separadamente as duas anterioridades sobre o dia em
que foi publicado a lei que instituiu ou majorou o tributo. A ideia de que deve se empurrar a
cobrança para mais longe indica a data correta da exigência.

1.4. Anterioridade e entrada em vigor da lei

O princípio da anterioridade estabelece um intervalo mínimo entre a publicação da lei


e a efetiva cobrança do tributo, não tendo qualquer relação com a entrada em vigor da lei
tributária, conforme está disposto no art.150, III, b e c, da Constituição.

Assim sendo, o texto constitucional afirma que a anterioridade se posiciona entre a


publicação da lei e a cobrança do tributo, não impedindo que a lei tributária entre em vigor na
data de sua publicação.

Portanto, mesmo que a lei, esteja instituindo ou majorando tributo, seja publicada e
entre em vigor na mesma data, não haverá afronta ao princípio da anterioridade, desde que
qualquer exigência somente seja realizada no exercício seguinte (anterioridade anual),
observando o intervalo mínimo de noventa dias (anterioridade nonagesimal).

1.5. Anterioridade e revogação de isenção.

A isenção é um benefício legal que libera temporariamente o contribuinte do


pagamento do tributo. E, como toda vantagem concedida pelo legislador, a isenção pode ser
também revogada com a simples revogação da lei que a concedeu.

Em nome do princípio da isonomia, alguns doutrinadores passaram a defender que


ocorrendo a revogação de isenção o contribuinte beneficiário somente deveria voltar a
recolher o tributo no exercício seguinte, para garantir uma simetria com a posição de quem é
surpreendido com a criação de tributo novo.

Tal orientação está expressa no art.104, III, do Código Tributário Nacional, prescreve:

Art.104 – Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em


que ocorra a sua publicação os dispositivos da lei, referentes a impostos sobre
o patrimônio ou a renda:

III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira


mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.

Embora o dispositivo acima transcrito seja claro ao sujeitar a revogação de isenção ao


princípio da anterioridade anual, a corrente majoritária não é essa. Atualmente, predomina o
entendimento de que a revogação de isenção não se sujeita à anterioridade, por dois motivos:
1) o art.104 do CTN não seria uma regra especifica de anterioridade, mas de vigência
porque fala em “entrada em vigor” e, como visto nos itens pretéritos, o princípio da
anterioridade não tem qualquer relação com o fenômeno da entrada em vigor de lei;
2) o art.104 do CTN não teria sido recepcionado pela Constituição de 1988, pois inexiste
no texto maior qualquer referência a tal aplicação do princípio da anterioridade.

O entendimento do Supremo Tribunal Federal era que na isenção, o tributo já existe. Por
isso, revogado o favor legal, força é concluir que um novo tributo não foi criado, senão que
houve apenas a restauração do direito de cobrar o tributo, o que não implica a obrigatoriedade
de ser observado o princípio da anterioridade (RE 204.026). Tal visão, foi recentemente
alterada pelo STF, que voltou a aplicar a anterioridade na revogação de benefícios fiscais (RE
564225 rel. Min.Marco Aurélio).

Quando se tratar de isenção onerosa e temporária, deve-se garantir o direito adquirido do


contribuinte que preencher os requisitos necessários para sua concessão.

1.6. Exceções à anterioridade

Por meio da Emenda 42/2003 a redação do §1º do art.150 da Constituição Federal de 1988
foi alterada defendendo, portanto, um conjunto de três grupos de exceções ao princípio da
anterioridade. São elas:

1) Tributos de cobrança imediata, ou seja, podem ser cobrados no dia seguinte:

Nesse grupo estão os tributos que não se sujeitam nem à anterioridade anual, nem à
nonagesimal. São eles: alteração nas alíquotas do Imposto de Importação, Imposto de
Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras, bem como criação e majoração do Imposto
Extraordinário de Guerra e do Empréstimo Compulsório nos casos de calamidade pública ou
guerra externa;

2) Tributos que respeitam somente a anterioridade nonagesimal (podem ser


cobrados no mesmo exercício):

Nesse grupo temos os tributos que, embora submetidos à anterioridade nonagesimal, não
cumprem a anual, razão pela qual podem ser exigidos noventa dias após a publicação do ato
normativo que os houver instituído ou majorado, ainda que a cobrança ocorra no mesmo ano.
São eles: instituição ou majoração do Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuições
Sociais (art.195 da CF) Cide/Combustíveis e ICMS/Combustíveis (art.155, §4º, IV, c, e §5º da
CF);
3) Tributos que respeitam somente a anterioridade anual (não se sujeitam ao
intervalo mínimo de noventa dias):

Por fim, no terceiro grupo estão os tributos que se submetem somente à anterioridade
anual, mas não à nonagesimal. Nesse caso, tais tributos podem ser cobrados sempre em
primeiro de janeiro do ano seguinte ao da publicação do ato normativo que os tiver instituído
ao majorado, independentemente do intervalo mínimo de noventa dias. São eles: Imposto de
Renda, bem como as alterações na base de cálculo do IPTU (mudança na planta genérica de
valores que implique aumento real no imposto) e na base de cálculo do IPVA (modificação na
tabela oficial de valores de veículos resultando em majoração efetiva no valor do carro).

1.7. Redução de desconto ou alteração no prazo legal para recolhimento do tributo

A anterioridade aplica-se especificamente sobre a norma que cria ou majora tributo.


Porém, havendo redução de desconto no pagamento ou alteração no prazo legal para
recolhimento do tributo, não incide o princípio da anterioridade.

Nesses casos, inexiste criação ou majoração do tributo, por isso a lei produz efeito
imediatamente, sem qualquer intervalo mínimo.

2. Em relação a edição de MP em matéria tributária, pergunta-se: é possível? Faça


uma análise sobre a edição de MP em matéria tributária X princípio da legalidade e
anterioridade tributária.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 62, trouxe ao ordenamento brasileiro novo
regramento à anterior possibilidade de edição de Decreto-lei, vigentes nas Constituições de
1967 e 1969, agora denominados de medida provisória, e com relevantes alterações.

Para tal, presentes os pressupostos de relevância e urgência, pode o chefe do Executivo,


tendo em vista a demora do trâmite de projeto de lei convencional e evitando prejuízo à
sociedade, editar as medidas provisórias, que possuem força de lei e devem de imediato ser
submetidas ao Congresso Nacional para eventual conversão em lei.

Segundo Sabbag a medida provisória “traduz em ato normativo de vida efêmera e de


utilização excepcional, no trato de certos assuntos, cujos pressupostos materiais atrelam-se a
elementos de relevância e urgência”. Resumidamente, é “ato político, normativo,
discricionário, excepcional, cautelar, precário e com força de lei”.1

Tendo em vista os constantes abusos praticados quando da edição de medidas provisórias,


foi promulgada em 11/09/2001 a Emenda Constitucional número 32, que promoveu uma série
de alterações no art. 62 da Constituição Federal.

Para Hugo de Brito, “o abuso nas edições e principalmente nas reedições de medidas
provisórias, terminou legitimando aquela pratica indevida. De todo modo tem um novo
regime jurídico constitucional para as medidas provisórias, que seguramente ainda não é o
ideal, mas tem alguns aspectos positivos”.2

A referida Emenda Constitucional, que alterou notavelmente o artigo 62 da Constituição


teve como objetivo solucionar uma série de problemas, em especial a falta de previsão
expressa acerca da possibilidade ou não da edição de medida provisória em matéria tributária,
o trato de matéria reservada à lei complementar e a questão do princípio da anterioridade
tributária, quando da edição de medida provisória que criava ou majorava imposto.

Nas palavras de Marco Aurélio Greco, defensor da natureza jurídica das medidas
provisórias como atos administrativos:

“A medida provisória é convertida em lei, logo, em si mesma não é lei, pois não
se converte o que já é. Quanto à natureza, não difere de um decreto, é ato
administrativo com força de lei, igualmente um ato oriundo do Poder Executivo. A
competência que ele se apoia não é legislativa em sentido técnico”. 3

Com a edição da Emenda Constitucional 32 veio a limitação à matéria passive de


abordagem via medida provisória, esses pressupostos de adoção das medidas provisórias são
relevância e urgência, de forma cumulativa. Assim, em regra, cabe ao Chefe do Poder
Executivo examinar os pressupostos da relevância e urgência. Porém, o Supremo Tribunal
Federal já consolidou orientação de que a aferição desses requisitos pode ser controlada
judicialmente, com isso, o Poder Judiciário poderá decidir pela ilegitimidade constitucional da
medida provisória.

1
(Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário- 8. Ed.- São Paulo: Saraiva, 2016).
2
( MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, 36ª Ed., revisada e atualizada, p. 84).
3
( GRECO, Marco Aurélio. Medidas Provisórias. São Paulo: Ed. RT, 1991. p. 15).
A medida provisória, devido ao seu uso constante, tornou-se importante fonte primária do
direito brasileiro. Desde a Emenda Constitucional n. 32/2001, permitiu-se a utilização da
medida provisória em matéria tributária, embora a doutrina majoritária sustente a
inconstitucionalidade da instituição e majoração de tributos através desse instituto.

Essa medida, criada para substituir o decreto-lei, surgiu para limitar os excessos e abusos
que existiam com a utilização do decreto. Trata-se de um ato normativo e provisório que,
dentre outras, limita-se à competência do Presidente da República, possuindo, por isso,
eficácia e valor de lei. Está prevista no artigo 59, V da Constituição Federal.

O uso desse ato normativo na seara tributária iniciou-se após a EC 32/2001, tornou-se
possível a adoção das Medidas Provisórias em matéria tributária, instituindo ou majorando
tributos, os quais passaram a vigorar no exercício financeiro seguinte desde que convertidas
em lei até o último dia do ano que foi editada. Tal fato pode ser observado no art. 62 da
Constituição Federal.

A doutrina majoritária sustenta a inconstitucionalidade da instituição e majoração de


tributos através de Medida Provisória, isso porque ela tem caráter precário de instituição e
majoração de imposto.

Para essa corrente majoritária, a utilização das medidas provisórias no campo do direito
tributário desrespeitaria o princípio da legalidade tributária e da segurança jurídica, isso
porque o próprio art. 62, caput, CF, afirma que a medida provisória possui “FORÇA DE
LEI”, assim a MP não é uma Lei propriamente dita, uma vez que está inicialmente sujeita à
conversão em lei. Além do mais, o art. 59 da Constituição Federal estabelece “lei” e “medida
provisória” como espécies normativas distintas.

Outro argumento que merece ser destacado também em oposição à utilização das MP’s
são seus pressupostos. Ora, relevância e urgência não se amoldam ao princípio da
anterioridade tributário, cujo objetivo é conceder aos contribuintes tempo para organização e
planejamento orçamentário posterior pagamento do tributo.
Imunidades:

3. O que se entende por imunidade tributária? Onde estão previstas? Em quais


artigos?

As imunidades têm natureza jurídica na medida em que são, ao mesmo tempo, limitações
constitucionais ao poder de tributar, restringindo o poder do Fisco de instituir tributos, e
também garantias fundamentais do contribuinte.

As limitações constitucionais ao poder de tributar estão declaradas no título da Seção II


do Sistema Tributário Nacional que, ao tratar das imunidades tributárias, é autodeclarado
como “Das Limitações do Poder de tributar”.

Já o status de garantias fundamentais dos contribuintes decorre do que está expresso no


art.150, caput, da Constituição Federal de 1988, conforme dispõe:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

Segundo Alexandre Mazza, (p.326): “Imunidades são normas constitucionais que limitam
a competência tributária afastando a incidência de tributos sobre determinados itens ou
pessoas”.4

As imunidades gerais estão presentes no art.150, VI, da Constituição Federal de 1988, são
elas: imunidade recíproca (art.150, VI, a); imunidade religiosa (art.150, VI, b); imunidade dos
partidos políticos (art.150, VI, c); imunidade de imprensa (art.150, VI, d); imunidade musical
(art.150, VI, e).

Há também as imunidades especificas previstas também na Constituição Federal, nos


seguintes artigos: IPI sobre produtos destinados ao exterior (art. 153, §3º, III, CF/88); ITR
sobre pequenas glebas rurais (art.153, §4º, II, CF/88); art.155, §2º, X, a, CF/88; art.155, §2º,
X, b, CF/88; ICMS sobre operações com ouro definido em lei como ativo financeiro (art.155,
§2º, X, c, CF/88) ; ICMS sobre serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art.155, §2º, X, d, CF/88) ; art.155,
§3º, CF/88; art.156, §2º, I, CF/88; art.184, §5º CF/88; art.195, §7º, CF/88; art. 5º, XXXIV,
CF/88; art.156, §3º, II, CF/88; art.155, §2º, XII, CF/88.

4
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário/ Alexandre Mazza – 4.ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2018.
4. Qual a classificação das imunidades tributárias?

A doutrina identifica diversos tipos de imunidades tributarias, classificando-as como:

1) Quanto à finalidade:

a) subjetivas

Imunidade subjetiva é quando o benefício constitucional for imediatamente dirigido à


proteção de pessoas.

O principal efeito dessa classificação é que sendo do tipo protetivo de pessoas as


imunidades subjetivas afastam a incidência de todos os impostos.

São imunidades subjetivas: imunidades religiosas (art.150, VI, b, da CF/88);


imunidades das entidades federativas (art.150, VI, a, da CF/88); imunidade dos partidos
políticos, entidades de classe e instituições assistenciais (art.150, VI, c, da CF/88).

b) objetivas

Imunidade objetiva é quando o benefício constitucional for imediatamente dirigido à


proteção de produtos, voltada a afastar a incidência de impostos sobre produtos.

A principal característica de uma imunidade objetiva é que ela não afasta todos os
impostos, mas somente aqueles diretamente incidentes sobre o item protegido.

Exemplo: imunidade de imprensa (art.150, VI, d, da CF/88).

2) Quanto à abrangência:

a) gerais

Imunidades gerais são aquelas que, tem como objetivo proteger determinada pessoa ou
certo produto, afastando a incidência de mais de um tributo.

Exemplo: a) das entidades federativas (art.150, VI, a, CF/88); b) religiosa ((art.150,


VI, b, CF/88); c) dos partidos políticos e outras entidades (art.150, VI, c, CF/88); d) de
imprensa (art.150, VI, d, CF/88); e) dos fonogramas e videofonogramas musicais produzidos
no Brasil (art.150, VI, e, CF/88)

b) específicas
Imunidades especificas são aquelas que estão previstas no texto constitucional, porém,
afasta a incidência de um só tributo.

Exemplos: IPI sobre produtos destinados ao exterior (art.153, §3º, III, CF/88); ITR
sobre pequenas glebas rurais (art.153, §4º, II, CF/88); ICMS sobre operações com ouro
definido em lei como ativo financeiro (art.155, §2º, X, c, da CF/88); ICMS sobre serviço de
comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e
gratuita (art.155, §2º, X, d, CF/88);

3) Quanto às espécies:

a) tributárias

As imunidades tributárias são aquelas cuja a abrangência ultrapassa o âmbito dos


impostos.

Exemplo: imunidade a contribuições sociais (art.195, §7º, da CF/88).

b) impositivas

As imunidades impositivas são aquelas que excluem a incidência somente de


impostos.

Exemplo: as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de


reforma agrária são imunes a todos os impostos (art.184, §5º, CF/88).

4) Quanto à aplicabilidade:

a) autoaplicáveis ou incondicionadas

As imunidades incondicionadas são aparelhadas para completa e imediata produção de


efeitos, inexigindo regulamentação infraconstitucional.

Exemplo: imunidade reciproca (art.150, VI, a, CF/88).

b) não autoaplicáveis ou condicionadas

As imunidades condicionadas exigem o preenchimento de requisitos previstos em


nível infraconstitucional.

Exemplo: imunidade das entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos


(art.150, VI, d, CF/88).
5) Quanto à natureza:

a) ontológicas

Imunidades ontológicas representam consequências necessárias de certo princípio


constitucional maior.

Exemplo: imunidade reciproca (art.150, VI, a, CF/88)

b) políticas

Imunidades políticas são aquelas decorrentes de valores constitucionais específicos,


mas não fundamentais para a ordem jurídica.

Exemplo: imunidade religiosa (art.150, VI, b, CF/88)

5. Diferencie imunidade e isenção.

As imunidades são as limitações constitucionais ao poder de tributar consistentes na


delimitação da competência tributária, afastando a incidência de tributos sobre determinados
itens ou pessoas. Assim, a imunidade opera no plano constitucional interagindo com as regras
que definem a competência para instituição de tributos antes que o fato gerador ocorra.

A isenção é um benefício legal concedido pelo legislador que, excluindo o crédito


tributário (art.175, CTN), libera o contribuinte de realizar o pagamento do tributo após a
ocorrência do fato gerador.

A imunidade opera no âmbito da própria delimitação de competência, enquanto, a


isenção opera no âmbito do exercício da competência.

A consequência da diferença essencial entre imunidade e isenção é que, como a


imunidade delimita uma competência constitucionalmente atribuída, é sempre prevista na
própria CF, pois não se pode criar exceções a uma regra numa norma de hierarquia inferior
àquela que estatui a própria regra. Já a isenção está sempre prevista em lei, pois atua no
âmbito do exercício legal de uma competência.

6. O que se entende por falsas isenções? Onde estão previstas?


A imunidade prevista pela CF terá interpretação ampliativa. Já na isenção virá com a
dispensa legal do pagamento do tributo, ou seja, lei e terá uma interpretação literal, onde
surge uma obrigação tributária, mas o crédito não é constituído pelo lançamento.

Há dispositivos constitucionais que veiculam falsas isenções hospedando verdadeiras


imunidades:

Art. 184, §5º, da CF – são isentos, conforme dispõe:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos,
a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de


transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Imunidades impositivas são aquelas que excluem a incidência somente de impostos.

Art. 195, §7º, da CF – são isentos, conforme dispõe:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades


beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em
lei.

Imunidades tributárias aquelas cuja abrangência ultrapassa o âmbito especifico dos impostos.
Como as entidades assistenciais que tem imunidade a contribuições sociais.

7. Sobre as imunidades previstas no artigo 150, CF: cite-as, explicando as cinco de


forma resumida.
1) IMUNIDADE RELIGIOSA OU DOS TEMPLOS

Espécie de imunidade subjetiva (ligada à entidade/pessoa jurídica religiosa) prevista no


art. 150, VI, “b”, da CF de 1988.
Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre templos de qualquer
culto. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação compreende somente patrimônio,
renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais das respectivas entidades.

De acordo com Alexandre de Moraes, trata-se, pois, de garantia instrumental à liberdade


de crença e culto religioso prevista no art. 5º, VI, do texto constitucional, cuja finalidade é
impedir a criação de obstáculos econômicos, por meio de impostos, à realização de cultos
religiosos. (2009, p. 883)

O templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício, onde se celebra a cerimônia
pública, mas também a dependência acaso contígua, o convento, os anexos por força de
compreensão, inclusive a casa ou residência oficial do pároco ou pastor, pertencente à
comunidade religiosa, desde que não empregados para fins econômicos.

Entretanto, de acordo com o §4º do art. 150 retro citado, vale ressaltar que a imunidade
abrange somente patrimônio, renda e serviços, relacionados às atividades essenciais das
entidades. Por via oblíqua, poderá, então, incidir impostos sobre bens pertencentes à Igreja,
desde que não sejam instrumentos da atividade desta. Prédios alugados, por exemplo, assim
como os respectivos rendimentos, podem ser tributados.

De acordo ainda com a doutrina e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


(STF), com aplicação análoga da Súmula 274, pode-se afirmar que a imunidade em epígrafe
abrange, inclusive, os imóveis alugados a terceiros e os rendimentos respectivos, desde que
sejam estes destinados à manutenção do culto e das atividades essenciais das entidades.

2) IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, DAS ENTIDADES SINDICAIS E


DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO OU DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEM
FINS LUCRATIVOS

Espécie de imunidade subjetiva (ligada à entidade/pessoa jurídica) prevista no art. 150,


VI, “c”, da CF de 1988.

Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre patrimônio,


renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores (e não patronal), das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação
compreende somente patrimônio, renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais
das respectivas entidades.
Na letra da Constituição, não pode haver impostos sobre o patrimônio, a renda ou os
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações. São também imunes as entidades
sindicais da classe dos trabalhadores (e não da classe patronal), bem como, as instituições de
educação ou de assistência social, sem fins lucrativos.

3) IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS E PERIÓDICOS

Espécie de imunidade objetiva (ligada a certos bens, independente da pessoa a quem


pertençam) prevista no art. 150, VI, “d”, da CF de 1988.

Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão, seja qual for a natureza, formato ou conteúdo,
haja vista que não há restrições na Carta Maior.

A consagração desta imunidade, tem como finalidade a garantia e efetivação da livre


manifestação do pensamento, da cultura e da produção cultural, científica e artística, sem
possibilidade de criação de empecilhos econômicos, via tributação, por parte do Estado,
capazes de inibir a produção material e intelectual de livros, jornais e periódicos. (STF, RE
206.169/SP, 1998)

3) IMUNIDADE DOS FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS (DA MÚSICA)

Espécie de imunidade objetiva e subjetiva (ligada tanto a certos bens quanto a


determinadas pessoas) prevista no art. 150, VI, “e”, da CF de 1988.

Tal imunidade foi acrescentada recentemente ao inciso VI do art. 150, por meio da
Emenda Constitucional (EC) n. 75 pulicada em 16 de outubro de 2013, ampliando o rol das
imunidades tributárias.

Nos termos do texto da EC, nenhum imposto incide sobre fonogramas (CDs) e
videofonogramas (DVDs) musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou litero-
musicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem
como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Há atualmente impedimento de criação de impostos sobre CDs e DVDs produzidos no


Brasil com obras musicais ou lítero-musicais de autores brasileiros. Estão imunes também aos
impostos, as obras em geral interpretadas por artistas brasileiros e as mídias ou arquivos
digitais que as contenham.
4) IMUNIDADE RECÍPROCA

Espécie de imunidade subjetiva (ligada a certas pessoas/entes da federação) prevista no


art. 150, VI, “a”, da CRFB de 1988.

Nos termos da previsão constitucional, os entes federados (União, Estados, Distrito


Federal e Município) não podem instituir impostos sobre renda, patrimônio ou serviços uns
dos outros, ou seja, reciprocamente. De acordo com o art. 150, §2º, tal vedação é extensiva às
Autarquias e às Fundações Públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se
refere, outrossim, ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.

O §3º do art. 150 estipula que essas vedações não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos
serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas
aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel.

À luz do texto constitucional, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,


incluindo suas autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados as
suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, estão impedidos de instituírem impostos
sobre patrimônio, renda, serviço ou ganhos resultantes de operações financeiras, uns dos
outros, haja vista que, como afirmado pelo STF:

A garantia constitucional da imunidade recíproca impede a incidência de tributos sobre o


patrimônio e a renda dos entes federados. Os valores investidos e a renda auferida pelo
membro da federação são imunes de impostos. A imunidade tributária recíproca é uma
decorrência pronta e imediata do postulado da isonomia dos entes constitucionais, sustentado
pela estrutura federativa do Estado brasileiro e pela autonomia dos Municípios. (STF, Ag.
172.80-7, 1996)

5) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS CORREIOS (EXCEÇÃO E EXTENSÃO DO


TEXTO CONSTITUCIONAL)

Em que pesa a exclusividade dos entes da federação, suas Autarquias e Fundações


Públicas com relação à imunidade tributária recíproca, a Suprema Corte reiteradamente
considera que tal privilégio se aplica também sobre todos os serviços postais prestados pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), o que, à luz da hermenêutica teleológica
da Constituição, não poderia ser diferente, como será explanado a seguir.

A Constituição em seu art. 21, X, estipula que compete à União manter o serviço
postal e o correio aéreo nacional e em seu art. 22 diz que compete privativamente à União
legislar sobre o serviço postal.

Por meio do Decreto 509 de 20 de março de 1969, foi criada a Empresa Pública Federal
Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT) para a prestação dos serviços postais (serviços
públicos previstos na CRFB, de prestação obrigatória e exclusiva). Já o art. 12 de tal diploma
conferiu imunidade tributária recíproca àquela empresa pública, para em cumprir seu
desiderato legal.

A Lei 6.538/1978 estipula que os serviços postais e o serviço de telegrama devem ser
explorados pela União, por meio de empresa Pública vinculada ao Ministério das
Comunicações (art. 2º), cujas atividades (art. 9º) devem ser exercidas em regime de
monopólio (exclusividade/privilégio).

Assim, os correios, embora possuam a natureza jurídica de Empresa Pública (com


personalidade jurídica “precípua” de direito privado) prestam serviço público garantido
constitucionalmente, razão pela qual devem ser e foram equiparados à Fazenda Pública, com
todos os seus privilégios, apesar de a regra, de acordo com a ordem jurídica vigente, é de que
os serviços públicos sejam prestados por Autarquias (pessoa jurídica de direito público).

8. Imunidade dos partidos políticos (art.150, VI, c, da CF): previsão legal, principais
características, requisitos, aplicação etc.

A imunidade prevista no art.150, VI, c, da CF, trata dos partidos políticos e suas
fundações, além das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos. O mesmo dispositivo esclarece que esta imunidade
somente alcança os impostos, assim mesmo tão somente aqueles relativos ao patrimônio, a
renda e os serviços dos sujeitos da imunidade. Finalmente, esclarece o dispositivo, que o gozo
da imunidade está condicionado ao atendimento de requisitos previstos em lei. Conforme,
dispõe:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas


fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei;

É uma espécie de imunidade subjetiva (ligada à entidade/pessoa jurídica) prevista no


art. 150, VI, “c”, da CF de 1988.

Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre patrimônio,


renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores (e não patronal), das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação
compreende somente patrimônio, renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais
das respectivas entidades.

Na letra da Constituição, não pode haver impostos sobre o patrimônio, a renda ou os


serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações. São também imunes as entidades
sindicais da classe dos trabalhadores (e não da classe patronal), bem como, as instituições de
educação ou de assistência social, sem fins lucrativos.

Segundo Alexandre de Moraes afirma que:

“Igualmente, a Constituição de 1988 prevê imunidade tributária aos Partidos


Políticos para que se evite a possibilidade de nefasta utilização do poder de
tributar do Estado com a finalidade de restrição e perseguições a
determinadas ideologias. Trata-se de previsão corolária aos arts. 1º, parágrafo
único, 14, §3º, V e 17 do texto constitucional, que consagram a regra da
democracia representativa, além de alcançar os direitos relacionados à
criação, organização e participação em partidos políticos como espécies do
gênero Direitos Fundamentais (capítulo V, do título II), afirmando ser livre a
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. (2009, p. 883)”5

De acordo com a lição de Hugo Machado, a imunidade das instituições de educação e


de assistência social, todavia, é condicionada. Só existe para aquelas instituições sem fins
lucrativos. Essas instituições, na verdade, podem e devem ter sobras financeiras, até para que
possam progredir, modernizando e ampliando suas instalações. O que não pode haver é

5
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
distribuição de lucros. Devem, assim, aplicar todas as suas disponibilidades na manutenção
dos seus objetivos institucionais, à luz da inteligência do art. 14 do Código Tributário
Nacional (CTN). (2011, p. 291-292)6

Assim como a imunidade religiosa, a imunidade em epígrafe, de acordo com a


doutrina e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) - Súmula 274 - abrange,
inclusive, os imóveis alugados a terceiros e os rendimentos respectivos, desde que sejam estes
destinados à manutenção das atividades essenciais daquelas entidades.

A imunidade aqui tratada tem por finalidade a proteção à democracia e ao pluralismo


partidário.

Mas para que tenha direito à imunidade o partido político deverá obter o registro no
Tribunal Superior Eleitoral. Além de buscar os objetivos constantes do artigo 17 da
Constituição Federal, quais sejam: resguardo da soberania nacional, do regime democrático,
do pluripartidarismo e dos direitos fundamentais da pessoa humana; terem caráter nacional;
não receberem recursos financeiros de entidades ou governos estrangeiros ou ficarem
subordinados a estes; prestarem contas à Justiça Eleitoral e terem subordinação estrita à
legalidade.

Nesta toada, os partidos clandestinos, estrangeiros com ideologias contrárias ao Estado


Democrático de Direito, como os neonazistas; os que perseguem as minorias; que pregam a
violência ou a intolerância sectária, obviamente não encontrarão amparo legal, no tocante a
referida norma imunizatória.

Sendo assim, haverá imunidade para as fundações dos partidos políticos, em relação a
impostos incidentes sobre o seu patrimônio, renda ou serviços.

A imunidade tributária é uma forma de exoneração fiscal, de natureza constitucional,


pela qual o Estado fica proibido de instituir impostos sobre determinadas atividades.

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, mas com munus público
em virtude da disposição do Art. 44, V do Código Civil. Pela própria importância de que se
revestem, os partidos políticos são imunes a impostos que incidam sobre seu patrimônio, seus
bens e serviços que desempenham, desde que observados os requisitos de lei, conforme
ressalta o artigo 150, inciso VI, c.

6
MACHADO, Hugo Brito. Curso de Direito Tributário. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
A imunidade tributária dos partidos políticos decorre da imprescindibilidade de sua
autonomia, para se possa impedir que qualquer forma de imposição fiscal venha a coibir sua
liberdade de manifestação que lhes é inerente. Imunes são os bens ou o patrimônio dos
partidos políticos. Os partidos políticos e suas fundações, para gozar da imunidade de
impostos sobre seu patrimônio, rendas e serviços (art. 150, VI, c), devem buscar os seguintes
objetivos específicos: resguardo da soberania nacional, do regime democrático, do
pluripartidarismo e dos direitos fundamentais da pessoa humana; terem caráter nacional; não
receberem recursos financeiros de entidades ou governos estrangeiros ou ficarem
subordinados a estes; prestarem contas à Justiça Eleitoral e terem subordinação estrita à
legalidade (art. 17, CF/88).

O partidarismo político é instituição antiga que representa o meio pelo qual é expressa
a democracia e o liberalismo. Com raízes nacionais a partir do Século XVIII, ganhou feição
constitucional em 1824. A imunidade desses, todavia, somente aparece na Constituição
Federal de 1946 e, é mantida até hoje. Na atual Constituição, encarta no Art. 150, VI, “c”, que
garante a imunidade dos partidos políticos em suas rendas, patrimônios ou serviços tem sua
constitucionalidade inicial de corporificação e não de existência, registrada no Art. 17 do
Código Supremo. Há no citado Artigo 17, moradia de alguns princípios essenciais a própria
finalidade dos partidos políticos e, entre eles o regime democrático, o pluralismo político e,
como não podia deixar de ser, os direitos fundamentais da pessoa humana do qual dentro está
a dignidade da pessoa humana.

O tratamento dado a esses partidos políticos transcende o comum e, os coloca em uma


classe especial, que como já dito, faz parte dos meta-princípios. Diante da importância dada, é
meridiano notar que a imunidade dispensada aos partidos políticos ganha um caráter quase
absoluto que chega perto de se confundir com a natureza do Estado Democrático garantido
com a inicial feitura da Constituição. Tanto é assim, que existem autores que afirmam que as
imunidades conferidas aos partidos políticos seriam cláusulas pétreas, tendo em vista que
fazem parte da própria soberania estatal.

Como visto, a imunidade dos partidos, assim reconhecidos, abrangem seu patrimônio,
rendas e, seus serviços. Esses serviços referentes aos partidos políticos em uma interpretação
mais ampla podem ser considerados como tudo aquilo em que presta para informação e
conscientização da população (serviço de informação a disposição ao exercício da
democracia).
O pluralismo político que leva um dos motes dos partidos políticos somente é
reconhecido, desde que haja a devida informação para que a população possa absorver as
ideias e selecionar qual é a melhor escolha para a direção e negócios políticos do país. Não só
em épocas eleitorais, mas principalmente nelas, é que é gerada grande quantidade de
propagandas eleitorais que é alastrada por todo o país. Aqui se começa a explorar um campo
até então pouco discutido na doutrina. Para que essas propagandas políticas possam ser
veiculadas e assimiladas é necessário a edição, feitura e encomenda da arte e produção da
propaganda, que pode ser televisiva ou através de adesivos, folhetos, baners, outdoors entre
outros. Não se está aqui tratando da veiculação da propaganda como acontece com o horário
eleitoral gratuito garantido pela Lei 9.504 de 30 de setembro de 1997, e sim a situação em que
o partido político encomenda a uma agência de propagandas ou quem lhe faça às vezes, a
elaboração e feitura dessa propaganda, mediante o pagamento pelo serviço respectivo.

8.1.2. Partidos Políticos e suas fundações

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado que não integram a
estrutura estatal, mas sua existência é indispensável para o funcionamento da república e da
democracia representativa.

Desse modo, a finalidade da norma é viabilizar, com a desoneração da atividade


partidária, o pleno desenvolvimento do sistema democrático. Para incentivar à atuação dos
partidos políticos, a Constituição Federal estendeu esse benefício para as fundações instituídas
pelos partidos.

Portanto, os partidos políticos e as fundações não pagam nenhum imposto. Entretanto,


as taxas, contribuições e empréstimos compulsórios são devidos integralmente.

Caso o partido político possuir um imóvel locado a terceiros, este bem permanece
imune ao IPTU, se o valor do aluguel for aplicado nas atividades essenciais da entidade. Este
mesmo entendimento é utilizado pelo Supremo Tribunal Federal para todas as pessoas
jurídicas beneficiarias pela imunidade do art.150, VI, c, da CF.

8.1.3. Entidades Sindicais


O segundo tipo de pessoa jurídica que o art.150, VI, c, da Constituição Federal atribui
imunidade a entidades sindicais de trabalhadores.

As entidades sindicais são os sindicatos, federações sindicais, confederações sindicais


e as centrais sindicais.

Por meio dessa imunidade os sindicatos, federações sindicais, confederações sindicais


e as centrais sindicais não pagam nenhum imposto. Todavia, taxas, contribuições e
empréstimos compulsórios são devidos integralmente.

Esta imunidade só é aplicável quando a entidade beneficiada ocupa a posição de


contribuinte de direito, mas não a de contribuinte de fato.

Por meio do art.14, do Código Tributário Nacional tem a definição de três requisitos
de preenchimento obrigatório para que as entidades façam jus à imunidade:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância


dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de


lucro ou participação no seu resultado;

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer


título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus


objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de


formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a


autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são


exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das
entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos
constitutivos.

Ocorrendo o descumprimento de algum desses requisitos, a autoridade competente pode


suspender a aplicação da imunidade (art.14, §1º, do CTN).

8.1.4. Instituições assistenciais sem fins lucrativos


Requisitos para a fruição da imunidade pelas instituições educacionais são os menos
previstos no art. 14 do CTN:

I- Não distribuem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas


rendas, a qualquer título;

II- Aplicarem integralmente, no pais, os seus recursos na manutenção


dos seus objetivos institucionais;

III- Manterem escrituração de suas receitas e dispensas em livros


revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão (regularidade
contábil)

Desatendidos os requisitos, a autoridade competente pode suspender a aplicação da


imunidade. (art, 14, § 1º, do CTN )

Nos termos do art. 12, § 1º da lei nº. 9.532/97: ’’ não estão abrangidos pela imunidade
os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de
renda variável ’’

Por fim, gozam igualmente de imunidade tributária as instituições assistenciais sem


fins lucrativos que atenderem os requisitos legais.

Mais uma vez, os requisitos legais que autorizam a concessão da imunidade estão
previstos no art. 14 do código tributário nacional, a saber:

I- Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas


rendas, a qualquer título;

II- Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção


dos seus objetivos institucionais;

III- Manterem escrituração de suas receitas e despensas em livros


revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão (regularidade
contábil)

Não sendo atendido algum requisito legal, a autoridade, competente pode suspender a
aplicação da imunidade (art. 14, § 1º, do CTN)

Importante destacar que as entidades assistenciais são beneficiadas por uma dupla
imunidade. Na medida em que, além de não pagarem nenhum imposto (art. 150, IV, c, da
CF), são também imunes a contribuições sociais. (art. 195, § 7º, da CF ).
Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em
aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável (art. 12, § 1º, da Lei n.9.532/97).
Porém, são imunes, segundo a jurisprudência do STF, as rendas obtidas pela instituição
assistencial decorrentes da cobrança de estacionamento de veículo em área interna da
entidade.

Decisão recente do STF vem estendendo a imunidade também para imóveis locados e
lotes não edificados pertencentes a entidade assistencial.

Quanto as entidades fechadas de previdência privada, somente terão direito a


imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF, se não houver contribuição dos beneficiados.

8.1.5. Requisitos previstos na lei n.9532/97

Embora o art. 146, II, da CF, exija lei complementar para regulamentar limitações
constitucionais ao poder de tributar, o art. 12, § 2º, da lei n. 9.532/97 estabeleceu diversos
requisitos para que entidades assistenciais e educacionais gozem da imunidade:

Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da
Constituição, considera-se imune a instituição de educação ou de assistência social
que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição
da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins
lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.189-49, de 2001) (Vide Medida
Provisória nº 2158-35, de 2001) (Vide ADI 1802)

§ 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão


obrigadas a atender aos seguintes requisitos:

a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto
no caso de associações, fundações ou organizações da sociedade civil, sem fins
lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente
na gestão executiva e desde que cumpridos os requisitos previstos nos arts. 3o e 16 da
Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, respeitados como limites máximos os valores
praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu
valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata,
com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)

b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus


objetivos sociais;
c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das
formalidades que assegurem a respectiva exatidão;

d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os
documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas,
bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar
sua situação patrimonial;

e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o


disposto em ato da Secretaria da Receita Federal;

f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a


contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as
obrigações acessórias daí decorrentes; (Vide ADIN Nº 1802)

g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às


condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de
encerramento de suas atividades, ou a órgão público;

h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o


funcionamento das entidades a que se refere este artigo.

8.1.6. A questão da remuneração dos dirigentes nas entidades imunes:

Assim como prevê os requisitos anteriores, o art. 12, § 2º, da lei n. 9.532/97 define
como primeiro requisito para as entidades beneficentes e educacionais gozem de imunidades a
‘’não remuneração, por qualquer forma, de seus dirigentes pelos serviços prestados’’.

Quanto a incidência do IPTU sobre imóveis locados pelas entidades imunes com base
no art.150, VI, c, o STF editou a Sumula Vinculante n. 52: ‘’ ainda quando alugado a terceiros
permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art
150, VI, c, da Constituição Federal, desde que os valores dos alugueis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas”
Análise sobre a jurisprudência acerca do tema:

APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO TRIBUTÁRIO. PARTIDO


POLÍTICO. IMUNIDADE. TERRENO BALDIO. IMPOSSIBILIDADE.
VERBA HONORÁRIA MAJORADA.

A manutenção de terreno baldio não se configura atividade essencial


do partido político, nem patrimônio do qual resulte renda a seu favor, não
fazendo jus á imunidade tributária pretendida. Inteligência do art.150, inciso
VI, alínea c, e §4º, da Constituição Federal de 1988. Precedentes do Supremo
Tribunal Federal. Cabe a majoração da verba honorária de molde a que
represente remuneração adequada ao trabalho profissional. Art.20, §§3º e 4º,
do CPC... (TJ-RS – AC:70050456896 RS, Relator: Luiz Felipe Silveira
Difini, Data de Julgamento: 26/09/2012, Primeira Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 08/10/2012)

O caso trazido pelo grupo, trata de uma apelação apresentada pelo Município de Porto
Alegre e pelo Partido Do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB contra uma sentença
que julgou improcedentes os embargos à execução apresentados pelo partido em desfavor do
município.

Na apelação interposta pelo Município, o mesmo sustenta que deve ser majorada a
verba honorária tendo em vista que a fixada na sentença representa valor pouco superior a 1%
do valor da ação. Afirma que devem ser respeitados os limites do Código de Processo Civil.
Tal questão não diz respeito ao presente trabalho.

Já a apelação interposta pelo partido político concerne ao Direito Tributário, mais


especificamente sobre o tema aqui trazido, qual seja, a imunidade tributária dos partidos
políticos.

A matéria objeto de controvérsia diz com o reconhecimento ao embargante da


imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea c, da Constituição Federal de 1988.

Como bem visto no decorrer do presente trabalho, é conferido imunidade aos partidos
políticos relativamente aos impostos, devendo abranger não somente os prédios, mas
igualmente o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as finalidades essenciais
das entidades nelas mencionadas.”
Na hipótese trazida, o recorrente pretende ver abrangida imunidade à imóvel que se
caracteriza como terreno baldio, o que não deve ser considerado na opinião dos relatores, que
alegam não encontrar amparo legal essa situação.

Como razões de sua apelação, o Embargante alega que sempre resguardou a finalidade
do terreno, qual seja a construção de sua sede. Salienta que, nos termos da sentença, se
alugasse o terreno para uma casa de tolerância ou um depósito de sucatas, seria detentor da
imunidade, o que de longe demonstra a incoerência com a finalidade maior. Aduz que as
obras não foram iniciadas por ausência de recursos financeiros. Assevera que a imunidade
prevista no art. 150 da Constituição Federal não cobre apenas o patrimônio, mas a
universalidade de bens da pessoa de direito público ou entidade. Sustenta que quaisquer
receitas são consideradas imunes, isto é, inclusive o lucro está imune.

O imóvel, motivo de controvérsia no caso, se encontra há tempo inutilizado e, por isso,


não pode ser considerado para fins de renda ou patrimônio relacionados com as finalidades
essenciais da entidade, ora apelante.

De tal modo, a apelação não teve provimento.

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