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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

MÓDULO I

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 O CONSTITUCIONALISMO
1.3 A CONSTITUIÇÃO
1.3.1 Estrutura
1.3.2 Conceito
1.4 AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
1.4.1 A Constituição de 1824
1.4.2 A Constituição de 1891
1.4.3 A Constituição de 1934
1.4.4 A Constituição de 1937
1.4.5 A Constituição de 1946
1.4.6 A Constituição de 1967
1.4.7 A Constituição de 1969
1.4.8 A Constituição de 1988
1.5 PREÂMBULO CONSTITUCIONAL
1.6 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
1.6.1 Quanto ao Modo de Elaboração
1.6.2 Quanto ao Conteúdo
1.6.3 Quanto à Forma
1.6.4 Quanto à Estabilidade
1.6.5 Quanto à Origem
1.7 REGRAS CONSTITUCIONAIS
1.8 O PODER CONSTITUINTE
1.8.1 Conceito
1.8.2 Espécies

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1.8.3 Poder Constituinte Transnacional

1.9 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


1.9.1 Conceito de Eficácia
1.9.2 Classificação das Normas Constitucionais em Relação à sua Eficácia
1.9.3 O Controle de Constitucionalidade das Leis
1.9.4 Formas de Controle
1.9.5 A Inconstitucionalidade
1.9.6 Interpretação Constitucional

MÓDULO II
2 TEORIA GERAL DO DIREITO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2.1 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS
2.2 FORMAS DE ESTADO
2.2.1 Estado Unitário
2.2.2 Estado Federado
2.2.3 Confederação
2.3 AUTONOMIA DOS ESTADOS MEMBROS
2.4 AS FORMAS DE GOVERNO
2.4.1 Monarquia
2.4.2 República
2.5 OS SISTEMAS DE GOVERNO
2.5.1 O Presidencialismo
2.5.2 O Parlamentarismo
2.5.3 Diretorial
2.6 REGIMES POLÍTICOS
2.7 DIREITO CONSTITUCIONAL
2.8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRINCÍPIOS
2.8.1 Administração Pública
2.8.2 Princípios da Administração Pública

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2.8.3 Agentes, Cargos e Funções Públicas
2.8.4 Remuneração do Servidor e Acumulação de Cargos
2.8.5 Estabilidade e Afastamento do Servidor Público

MÓDULO III
3 OS TRÊS PODERES E SUAS ATRIBUIÇÕES
3.1 A SEPARAÇÃO DOS PODERES
3.2 PODER LEGISLATIVO
3.2.1 Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal
3.2.2 Comissões Parlamentares
3.2.3 Imunidades Parlamentares
3.3 PROCESSO LEGISLATIVO
3.4 HIERARQUIA DAS LEIS
3.4.1 Emendas à Constituição
3.4.2 Leis Complementares
3.4.3 Leis Ordinárias
3.4.4 Leis Delegadas
3.4.5 Medidas Provisórias
3.4.6 Decretos Legislativos e Resoluções
3.5 PODER EXECUTIVO
3.6 AS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
3.7 O PODER JUDICIÁRIO
3.8 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
3.8.1 Os Magistrados
3.8.2 Garantias e Vedações dos Magistrados
3.8.3 O Conselho Nacional de Justiça
3.8.4 Ministério Público
3.8.5 Defensoria Pública e Advocacia

MÓDULO IV

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4 A TRIBUTAÇÃO E O ORÇAMENTO
4.1 INTRODUÇÃO
4.2 PRINCÍPIOS GERAIS
4.2.1 Princípio da Reserva Legal Tributária ou da Legalidade
4.2.2 Princípio da Igualdade Tributária
4.2.3 Princípio da Irretroatividade da Lei Tributária
4.2.4 Princípio da Anterioridade Tributária
4.2.5 Princípio da Anterioridade Mitigada ou Nonagésimal
4.2.6 Princípio da Vedação ao Fisco
4.2.7 Princípio da Ilimitabilidade do Tráfego de Pessoas ou de Bens
4.2.8 Princípio da Capacidade Contributiva
4.2.9 Princípio da Uniformidade e Princípio da Razoabilidade
4.3 TRIBUTOS E SUA CLASSIFICAÇÃO
4.4 ESPÉCIES DE TRIBUTOS
4.4.1 Impostos
4.4.2 Impostos da União
4.4.3 Impostos dos Estados e do Distrito Federal
4.4.4 Impostos dos Municípios
4.4.5 Taxas
4.4.6 Contribuição de Melhoria
4.4.7 Empréstimo Compulsório
4.4.8 Outras Contribuições
4.5 LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
4.6 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
4.6.1 Conceito
4.6.2 Principais Imunidades Tributárias
4.7 O ORÇAMENTO
4.7.1 Leis Orçamentárias
4.7.2 Controle e Fiscalização Orçamentário
4.7.3 Princípios Orçamentários

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MÓDULO V
5 ATIVIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA, A DEFESA E AS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS DO ESTADO
5.1 NORMAS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
5.2 POLÍTICA URBANA
5.2.1 Objetivos da Política de Desenvolvimento Urbano
5.2.2 Plano Diretor
5.3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
5.4 A DEFESA DO ESTADO
5.4.1 Introdução
5.4.2 O Estado de Defesa
5.4.3 O Estado de Sítio
5.5 AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
5.5.1 Forças Armadas
5.5.2 Divisão das Forças Armadas
5.6 SEGURANÇA PÚBLICA
5.6.1 A Polícia
5.6.2 Poder Discricionário de Polícia
5.6.3 Polícia Federal, Civil e Militar
5.6.3.1 Polícia Federal
5.6.3.2 Polícia Estadual
5.6.3.3 Polícia Militar

MÓDULO VI
6 A ORDEM SOCIAL
6.1 BASE E OBJETIVO DA ORDEM SOCIAL
6.2 SEGURIDADE SOCIAL
6.2.1 Objetivos da Seguridade Social
6.2.2 Financiamento e Normas sobre o Orçamento da Seguridade Social

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6.3 ELEMENTOS BÁSICOS QUE CONSTITUEM A SEGURIDADE SOCIAL
6.3.1 Saúde
6.3.2 Previdência Social
6.3.3 Assistência Social
6.4 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO
6.4.1 Educação
6.4.2 Cultura
6.4.3 Plano Nacional de Cultura
6.4.4 Sistema Nacional de Cultura
6.4.5 Desportos
6.5 TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE
6.5.1 Tecnologia
6.5.2 Meio Ambiente
6.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL
6.7 FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, ÍNDIOS E IDOSOS
6.7.1 Família
6.7.2 A Criança e o Adolescente
6.7.3 Idosos
6.7.4 Índios
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

Direito Constitucional Geral ou Teoria Constitucional, como já diz o nome,


trata das teorias gerais constitucionais, àquelas que podem ser utilizadas como
instrumento de análise de qualquer ordenamento jurídico constitucional, que podem
ser aplicadas em relação a qualquer Constituição. Sendo assim, é a disciplina que
fornece os parâmetros para a interpretação das Constituições, que classifica as
normas constitucionais, que diz de quem é a titularidade do poder constituinte
originário. O Direito Constitucional pode ser entendido assim, como tronco e ponto
de partida do direito. É a dimensão nuclear do ordenamento jurídico.
Para iniciarmos o estudo do direito constitucional, é importante, portanto,
identificarmos algumas características básicas do desenvolvimento do
constitucionalismo e é preciso também ter uma noção básica da teoria da
Constituição, assim, se faz necessário entender, analisar a nossa Constituição,
como veremos a seguir.

1.2 O CONSTITUCIONALISMO

O termo constitucionalismo costuma gerar polêmica em função das diversas


acepções assumidas pelo vocábulo ao longo do tempo. Podemos identificar pelo
menos quatro sentidos para constitucionalismo. Primeiro, empregando-se a

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referência ao movimento político social com origens históricas bastante remotas que
pretende, em especial, limitar o poder arbitrário.

Em segundo, é identificado com a imposição de que haja cartas


constitucionais escritas. Em terceira acepção, indicar os propósitos mais atuais da
função e posição das constituições nas diversas sociedades. Em uma vertente mais
restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um
determinado Estado.
Para Gomes Canotilho (2009):

Não há um único constitucionalismo, mas vários, como o constitucionalismo


do modelo inglês, o de matiz norte-americana e o de referência francesa,
por exemplo. Prefere, contudo, falar em diversos movimentos
constitucionais.

Assim, o constitucionalismo antigo, o termo Constituição, derivado da ideia


de estabelecer ou ordenar, ou a ordenação ou regulamentação assim estabelecida,
surgiu com um significado menos amplo do que o atual. Assim, no Império Romano,
essa palavra latina significava os atos legislativos do Imperador.
Já a noção de constitucionalismo na Idade Média passou, de maneira mais
aparente, a interligar-se com a ideia de limitação do poder estatal e proteção do
indivíduo da atuação arbitrária das autoridades públicas. A luta constitucional do
século XVII não foi tão simples como apresentada pelos historiadores, pois as
disputas entre o despotismo e a liberdade não estavam claramente definidas.
No século XVIII, o constitucionalismo surgiu como um movimento motivado
pelos ideais iluministas, que propunha o estabelecimento de constituições em todos
os Estados com a finalidade de limitar o poder dos governantes. Tratava-se de uma
arma de guerra contra o absolutismo, baseada nas ideias liberais. Essas
constituições deveriam ser escritas e começariam a delinear a base da democracia.
O movimento político e jurídico, chamado constitucionalismo, que visa a
estabelecer em toda parte regimes constitucionais, quer dizer, governos moderados,
limitados em seus poderes, submetidos a constituições escritas. Segundo Alexandre
de Moraes (2003), as características básicas e essenciais do constitucionalismo
moderno poderiam ser enumeradas da seguinte forma:

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 O texto passa a ser escrito, ou seja, um conjunto de regras codificadas e
sistematizadas em um único documento, para fixar-se a organização fundamental. A
Constituição escrita, portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada
comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade.
 O poder constituinte originário que estabelece a Constituição de um
novo estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses
de uma comunidade. Tanto haverá poder constituinte no surgimento de uma
primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer constituição posterior.
 Supremacia da Constituição e vinculação de todos os poderes do
estado, inclusive do parlamento.
 A responsabilidade do soberano e/ou dos exercentes de funções
públicas perante a Constituição.
 Necessidade, para maior grau de respeitabilidade e efetividade de
correspondência entre a Constituição real e a formal.
 Força normativa do texto constitucional.
 Supremacia da vontade popular por meio do exercício do poder
constituinte originário.
 Surgimento da ideia de controle de constitucionalidade, inclusive em
relação às leis editadas pelo parlamento.
 Globalização da proteção dos direitos fundamentais.

Nas novas tendências do Constitucionalismo, o Direito Constitucional não


está mais centrado apenas no âmbito do Estado nacional, na medida em que a
soberania vem sendo esvaziada gradativamente. Salvo maior juízo, tudo indica que
continuará avançando o esvaziamento da soberania de Estados nacionais, o que
fará necessária uma restruturação e ampliação das capacidades de ação política em
um plano supranacional que, ainda está em fase incipiente.
A supranacionalização e internacionalização do direito com as liberdades
globalitárias, liberdade de pessoas, liberdade de mercadorias, liberdade de serviços,
liberdades capitais, esvaziam o estado e a sua Constituição (MERCOSUL, NAFTA,
ONU, Acordo Uruguai Round, Acordo de Schengen, etc).

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O surgimento gradativo de comunidades regionais permite conjeturar-se a
construção de um novo constitucionalismo. Isto é, na medida em que se fala na
reivenção do território, os estados já não estão apenas submetidos às suas leis e à
Constituição que editam, mas, inclusive, às normas produzidas no âmbito
comunitário. O principal exemplo, já em fase adiantada, é a União europeia. Além de
haver normas comunitárias que devam ser observadas pelos estados-membros,
encontra-se em fase de aprovação um projeto de tratado que estabelece uma
Constituição para a Europa.
O Brasil aceitou o modelo neoliberal e realizou várias e profundas
mudanças na CF, tais como: a reforma tributária, a reforma previdenciária, a reforma
econômica, com as quebras de monopólio (gás natural, petróleo, mídia e outros).
Essas mudanças, para o bem ou para o mal, revelam as novas tendências do
constitucionalismo.
Reformar é preciso, mas a Constituição é alterada a qualquer momento e,
na maioria das vezes, sem nenhuma razão que justifique. Como exemplo, temos a
PEC das domésticas, já transformada em Emenda, que veio efetivar a igualdade de
direitos trabalhistas para os empregados domésticos. Justifica! Mas o ambiente
familiar, não é uma empresa que vive de lucros, receitas, mas apenas despesas.
Desta forma, entendemos que outros direitos, tais como Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), multa rescisória e as alíquotas do INSS, acarretarão
verdadeira informalidade ou dispensabilidade de tal profissional. Ocorrerá não
porque as famílias discordam dos novos direitos garantidos, mas porque nem todas
elas terão como arcar com os encargos adicionais desse novo cenário. Antes de
elaborar uma lei, é preciso analisar a realidade da sociedade, pois a realidade das
contas domésticas é muito diferente daquela encontrada nas empresas, por isso,
pretendem alterar a lei para impedir a penhorabilidade dos bens de família em caso
de dívidas com os empregados.

1.3 A CONSTITUIÇÃO

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1.3.1 Estrutura

A estrutura de nossa Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, é composta


por 344 artigos. Tendo 250 destes em sua parte fixa e 94 dispositivos denominados
de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Estes dispositivos possuem
vida útil curta, pois uma vez desenvolvidos e cumpridos, perdem seu valor enquanto
ordem, restando apenas como parte histórica no texto da Constituição.
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias nada mais é do que uma
série de instruções que servem para organizar a passagem da ordem constitucional
anterior para a atual, ou seja, coordenar o momento de adaptação para a nova
Constituição.
A Constituição de 1988 possui também, um Preâmbulo, que seria a
explicação inicial de lei ou texto. Os 250 artigos referidos encontram-se divididos em
nove grandes Títulos, os quais por sua vez dividem-se em Capítulos, Seções e
Subseções, conforme o conteúdo. Cada um deles representa um assunto específico.
Os artigos contêm INCISOS, que são algarismos romanos e ALÍNEAS, letras
minúsculas do nosso alfabeto. É bom lembrar que o inciso de artigo faz parte do
caput, ou seja, da cabeça desse artigo, já o parágrafo (§) possui certa autonomia em
relação ao caput. Ainda na nossa Constituição, temos as Emendas Constitucionais,
que até o momento se encontram na n° 72/2013. Fonte: Disponível em:
www.stf.jus.br - Acesso em: 15 abril 2013.

1.3.2 Conceito

A Constituição costuma ser referida como Carta Magna, Lei Fundamental,


Lei das Leis, Lei Maior, etc. É um conjunto de normas jurídicas elaboradas de
maneira especial e solene. É o conjunto de normas organizadas de determinada
sociedade política. Sendo assim, a Constituição é norma de ordem superior que

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dispõe sobre a organização do Estado, sobre direitos e garantias individuais e sobre
outros assuntos considerados de especial relevância para uma determinada
sociedade, em determinada época.
Como norma de ordem superior, a Constituição orienta todos os ramos do
direito, invalidando as leis que com ela não estejam em harmonia. Sendo assim,
uma lei fundamental básica, suprema, lei maior de uma sociedade politicamente
organizada é a reunião de todos os valores supremos de um Estado, instituída para
regular a atuação governamental, as relações jurídicas existentes na sociedade,
bem como proteger os indivíduos de abusos do poder público.
O conceito de Constituição variará de acordo com o enfoque adotado.
Assim, podemos falar em conceito jurídico, político, sociológico, etc.
Celso de Mello (2010) por sua vez, entende a constituição como: “um
complexo de regras que dispõem sobre a organização do Estado, a origem e o
exercício do Poder, a discriminação das competências estatais e a proclamação das
liberdades públicas”.
Já Alexandre de Moraes (2009) afirma:

Deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que


contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos
poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar,
distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.

Do ponto de vista da sociologia, a Constituição seria a reunião dos fatores


reais de poder existentes na sociedade. O documento chamado de constituição seria
apenas uma constituição de papel. Essa tese foi defendida por Ferdinand Lassalle.
Segundo ele, se o povo começasse a entender que a pena de morte deveria ser
dada aos crimes hediondos, por exemplo, isso já estaria inserido na Constituição, já
que inserido no desejo da sociedade. Uma futura constituição “de papel” que
trouxesse essa nova previsão nada mais faria do que se adequar à verdadeira
constituição.
Pela concepção política, a Constituição poderia ser encarada como o
conjunto de opções políticas de um Estado e não um reflexo da sociedade. Nos
dizeres de Carl Schmitt, uma decisão política fundamental. Muitos atribuem a ele o
título de teórico do nazismo, pois suas ideias teriam possibilitado a criação de um
estado de segregação racial, já que separava o Estado de concepções morais.

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Hans Kelsen (1931) define a Constituição como “a norma hipotética
fundamental, ou seja, a lei máxima de um Estado, a qual deve ser respeitada por
todas as outras normas jurídicas”. Essa hierarquia é visualmente representada por
uma pirâmide, na qual a Constituição estaria no topo, enquanto as demais leis
estariam em sua base. Para que esse sistema funcionasse, era preciso a
estipulação de mecanismos que protegessem o ordenamento jurídico contra normas
que ferissem a Constituição.
Pode ser conceituada também como sistemas de normas jurídicas, escritas
ou costumeiras, que regulam a estrutura do Estado, a forma de seu governo, o modo
de aquisição e o exercício do poder, a organização de seus órgãos, os limites de sua
atuação, os direitos fundamentais do homem e suas respectivas garantias. Em
síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos
constitutivos do Estado. É o ato de constituir, estabelecer, de firmar, ou ainda, o
modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas,
organização, formação.

1.4 AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

1.4.1 A Constituição de 1824

Foi a primeira Constituição do Brasil, promulgada pouco depois da


declaração de independência, em 25 de março de 1824. Foi reformada pelo Ato
Adicional de 12 de agosto de 1834 e vigorou até a proclamação da República. A
Constituição de 1824 previa a existência do Poder Legislativo bicameral, em nível
nacional, denominado Assembleia Geral, dividida em Câmara dos Deputados e
Senado. Nas Províncias e nas cidades existiam, respectivamente, os Conselhos
Gerais de Províncias e Conselhos de Distritos. É interessante observar a existência
de Câmaras de Vereadores nas cidades e vilas, cujo papel, contudo, era mais o de
administrar o governo local do que propriamente exercer o Poder Legislativo.

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1.4.2 A Constituição de 1891

Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, foi chamada de Constituição


Republicana. Revista em 1926 vigorou até 24 de outubro de 1930. A primeira
Constituição republicana, de 1891, instituiu o Congresso Nacional, também dividido
em Câmara dos Deputados e Senado Federal e previu a existência das Assembleias
dos Estados. Eram amplas as prerrogativas do Poder Legislativo. A duração da
legislatura era de três anos, coincidente com o mandato dos deputados, eleitos em
número proporcional à população, com limite mínimo e máximo por Estado. Já os
senadores, três por unidade da Federação, tinham mandato de nove anos, devendo,
a cada legislatura, renovar-se em um terço. A autonomia municipal foi tratada em
apenas uma linha.

1.4.3 A Constituição de 1934

Promulgada em 16 de julho de 1934, foi resultante da Revolução


Constitucionalista. Em 1934, a segunda Constituição da República inovou no que diz
respeito ao Poder Legislativo. Em primeiro lugar, dispôs que este Poder seria
exercido pela Câmara dos Deputados, com a colaboração do Senado Federal. A
esta última Casa reservou a função de coordenação dos Poderes da República. Na
composição da Câmara, introduziu a presença de deputados representantes de
organizações profissionais, além daqueles eleitos em número proporcional à
população de cada Estado. Esta Carta Constitucional fez menção explícita às
Câmaras Municipais.

1.4.4 A Constituição de 1937

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No período chamado de Estado Novo, Getúlio Vargas fechou o Congresso
Nacional e promulgou uma nova constituição. Em 1937, correspondendo à
implantação de um regime politicamente autoritário, centrado no Poder Executivo, o
Poder Legislativo foi substancialmente atingido em sua configuração e suas
atribuições. A nova Constituição previu a existência de um Parlamento Nacional,
composto de uma Câmara de Deputados e de um Conselho Federal.
A eleição dos parlamentares seria indireta. Os deputados deveriam ser
eleitos pelos Vereadores, em número proporcional à população, e por dez cidadãos
eleitos, em cada Município, especificamente para esse fim.
Já o Conselho Federal seria composto por um representante de cada
Estado, eleito pela respectiva Assembleia Legislativa, que poderia ser vetado pelo
Governador; tal veto, por sua vez, poderia ser derrubado pela Assembleia e por dez
indicados pelo Presidente da República. A legislatura passou a ter a duração de
quatro anos. Criou-se o instituto do decreto-lei. Na realidade, o Poder Legislativo,
com tal configuração, jamais chegou a se reunir.

1.4.5 A Constituição de 1946

Após a queda de Getúlio Vargas, foi promulgada, em 18 de setembro de


1946, uma nova constituição. O retorno ao regime democrático representativo, em
1946, restabeleceu o Congresso Nacional com suas duas Casas, a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal. O Poder Legislativo voltou a exercer suas
atribuições com relação a todas as matérias. A legislatura permaneceu com duração
de quatro anos e o mandato de Senador, de oito anos.
Restabeleceram-se também as prerrogativas das Assembleias Legislativas
dos Estados e das Câmaras Municipais. Entre 1961 e 1963 deve ser destacada a
vigência do regime parlamentarista no País.

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1.4.6 A Constituição de 1967

Promulgada em um período de grande instabilidade política, após o golpe


militar de 1964. A partir de 1964, com a instalação dos governos militares, a edição
de sucessivos atos institucionais e atos complementares, dispondo inclusive sobre
matéria constitucional, como os mandatos parlamentares, inaugurou um período de
progressiva restrição ao exercício do Poder Legislativo, iniciado com a promulgação
da Constituição de 1967.

1.4.7 A Constituição de 1969

A Emenda Constitucional n° 1 deu nova redação a todo o texto


constitucional de 1967, sendo considerada uma nova constituição. As limitações
tornaram-se ainda mais fortes, com a edição do Ato Institucional nº 5, em 1968, e
com a promulgação da Emenda nº 1, de 1969, praticamente uma nova Constituição.
Retornou o instituto do decreto-lei, para assuntos de segurança nacional e finanças
públicas, e criou-se o instituto do decurso de prazo, isto é, findos determinados
prazos estabelecidos, as proposições encaminhadas pelo Poder Executivo e não
apreciadas pelo Congresso Nacional, seriam consideradas aprovadas.
Na apreciação da lei orçamentária anual, a Carta Magna vedava, na prática,
a iniciativa parlamentar de emendas que aumentassem a despesa global ou por
órgão, programa, projeto ou mesmo que lhes modificassem o montante, a natureza
ou o objetivo.

1.4.8 A Constituição de 1988

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A atual Constituição foi Promulgada em 5 de outubro de 1988, após a
reabertura democrática. Vinda como resultado de um longo processo de
redemocratização. É a Constituição cidadã, como disse Ulysses Guimarães, pela
ênfase à cidadania.
Com a Constituição de 1988, retornou-se a plena restauração das
prerrogativas do Poder Legislativo, a reinstalação da vigência, de direito e de fato,
do regime democrático representativo. O Poder Legislativo voltou a ser dotado de
um amplo elenco de atribuições sobre todas as matérias, tendo inclusive papel
determinante na elaboração e na aprovação nas leis de natureza orçamentária.
No caso dos Municípios, ora reconhecidos como Unidades da Federação,
afirmou-se a sua maior autonomia e, consequentemente, o significado e a relevância
da atuação das respectivas Câmaras de Vereadores.

1.5 PREÂMBULO CONSTITUCIONAL

O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como o documento de


intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo
texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento
constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado.
A Constituição Federal esclarece em seu preâmbulo que foi elaborada por
representantes do povo brasileiro que são eleitos para compor uma Assembleia
Nacional Constituinte, com a finalidade de instituir um Estado Democrático de
Direito, destinado a tornar efetivos, como valores supremos, mais importantes de
uma sociedade fraterna de irmãos, com a colaboração de todos na consecução de
objetivos comuns.
Pluralista, com livre formação de correntes políticas e ideológicas e sem
preconceitos. Ou seja, sua finalidade é traçar linhas políticas, filosóficas e
ideológicas. Alguns autores, como Hans Kelsen, acreditam que ele faria parte da
Constituição. Para outros, como Alexandre de Moraes, serviria simplesmente como

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elemento a auxiliar a interpretação da Constituição. Existem também aqueles, como
Canotilho, Ives Gandra, que acreditam que ele não tem aplicação prática.
A relevância jurídica do preâmbulo da Constituição consiste no fato de ele
ser visto como elemento de interpretação e integração dos artigos da Constituição.

1.6 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

As Constituições são classificadas de várias maneiras. Por exemplo, as


Constituições escritas são as que constam de um documento. As costumeiras
baseiam-se na tradição. As rígidas só podem ser alteradas mediante procedimentos
legislativos especiais mais severos. As flexíveis podem ser alteradas como qualquer
lei ordinária. Há as parcialmente rígidas, que têm dispositivos rígidos e também
flexíveis. Veremos a seguir:

1.6.1 Quanto ao Modo de Elaboração

 Dogmáticas: são elaboradas por um órgão constituinte e sistematizam


os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do direito, dominantes no
momento de sua elaboração.
 Históricas: são resultantes da lenta formação histórica, do lento evoluir
das tradições, dos fatos sociopolíticos e culturais, enfim, da história dos países.

1.6.2 Quanto ao Conteúdo

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 Material: o conjunto de regras materialmente constitucionais,
pertencentes ou não à constituição escrita. São aquelas cujas normas somente
regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos
fundamentais.
 Formal: é a constituição escrita estabelecida pelo poder constituinte e
somente modificável por processos e formalidades especiais. É o caso da
Constituição do Brasil.

1.6.3 Quanto à Forma

 Escrita: Uma constituição é escrita quando seus preceitos vêm


documentados em forma de um texto único. Quando codificada e sistematizada num
texto único, elaborado por um órgão constituinte, encerrando todas as normas tidas
como fundamentais.
 Não Escrita: aquela cujas normas não constam de um documento
único e solene, baseando-se nos costumes, na jurisprudência e em convenções.
Classifica-se como não escrita aquela cujas regras não estão previstas em um texto
único, mas sim em usos, costumes, leis, etc. Um exemplo de constituição não escrita
é a da Inglaterra.

1.6.4 Quanto à Estabilidade

As constituições podem ser de quatro tipos, quais sejam: as imutáveis, as


rígidas, as flexíveis e as semirrígidas.

a) Imutáveis

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São aquelas que em hipótese alguma podem ser alteradas, o que é
inconcebível diante das constantes mudanças que atingem nossa sociedade e que
trazem, quase sempre, mudanças também nas formas de atuação do Estado.

b) Rígida

Só pode ser modificada mediante processos especiais, diferentes e mais


difíceis que os da formação da lei comum (constituições escritas). As constituições
rígidas já trazem em si a possibilidade de alterações, mas que para tanto, preveem,
no dizer de Michel Temer, um processo especial e qualificado, de modo a dificultar a
constância de modificações em seu conteúdo.
Elas exigem um procedimento especial de alteração dos preceitos
constitucionais mais rigorosos que os das demais normas infraconstitucionais. Por
exemplo: CF 88 (uma emenda constitucional para ser aprovada precisa de maioria
de três quintos, enquanto uma lei ordinária é aprovada por maioria simples). Só
pode ser modificada mediante processos especiais.
Assim, não podem ser alteradas pelo processo comum de elaboração das
leis ordinárias, pois requerem debates mais amplos, prazos dilatados e quóruns
qualificados. São adotadas pela maioria dos países contemporâneos. Esta diferença
no processo de reforma visa a proteger a Constituição dos golpes de força das
maiorias partidárias, de tendências oportunistas de grupos políticos predominantes e
da exaltação dos ânimos em momentos de crise nacional.
Exemplos: a dos EUA e todas as brasileiras, exceto a Imperial.

c) Flexível

Pode ser modificada pelo processo legislativo ordinário (escritas, às vezes,


não escritas sempre). As constituições flexíveis (geralmente são as não escritas),
que são as que não demandam nenhum procedimento especial para serem

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alteradas, bastando a atividade comum do poder legislativo, ou seja, são alteráveis
como qualquer lei.
Assim, sofrem alterações da mesma maneira pela qual se elabora ou
modifica qualquer espécie normativa, isto é, não exigem nenhum requisito especial
de reforma. Certo é que só servem para nações democráticas evoluídas e de alto
nível cultural.
Exemplo: a Constituição da Inglaterra, onde o Parlamento tem função de
Poder Constituinte Originário permanente.

d) Semirrígida

Aquela cujas regras, em parte, são flexíveis e em parte são rígidas


(escritas). As semirrígidas, em parte são rígidas, isto é, exigem um procedimento
especial, mais elaborado, para que sejam modificadas, enquanto outras partes não
exigem um procedimento especial, bastando o procedimento comum, ordinário, de
elaboração de leis, para que se mude a Constituição.
Todas as Constituições podem sofrer alterações, o que varia é o grau de
dificuldade ou de facilidade para tanto. Assim, nas semirrígidas, parte do texto é
modificada assim como nas leis ordinárias, e parte requer para sua mutação os
procedimentos rigorosos e difíceis próprios das Constituições rígidas.
Exemplo: a Constituição Imperial brasileira (de 1824) que, pela regra do
artigo 178 criou uma terceira categoria de Constituições, integrando parte de
dispositivos rígidos, parte flexíveis, isto é, vindo a ser semirrígida.

1.6.5 Quanto à Origem

 Democrática ou popular: originada de um órgão constituinte composto


de representantes do povo.

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 Outorgada: elaborada e estabelecida sem a participação povo, ou seja,
são impostas pelos governantes. No Brasil, tivemos tanto constituições outorgadas,
em 1824, 1937 e 1967, quanto promulgadas, em 1891, 1934, 1946 e a atual de
1988.

1.7 REGRAS CONSTITUCIONAIS

As Regras Materialmente Constitucionais são aquelas referentes à matéria


da Constituição, são em suma as que por seu conteúdo referem-se diretamente à
forma do Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição e exercício do poder,
ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação. Já as Regras
Formalmente Constitucionais, são as regras que existem na Constituição escrita que
podem ter ou não conteúdo constitucional.

1.8 O PODER CONSTITUINTE

1.8.1 Conceito

Poder constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política


de um povo, social e juridicamente organizado. É o poder de criar ou alterar a
Constituição. O poder constituinte é considerado autônomo pelos adeptos do
jusnaturalismo, para sublinhar que, não limitado pelo direito positivo, o poder
constituinte deve sujeitar-se ao direito natural. Para os positivistas ele é soberano,
uma vez que não se condiciona a nenhuma regra anterior.

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O poder de editar uma nova constituição que substitui a anterior ou de editar
a primeira Constituição de um novo Estado é denominado poder constituinte
originário, uma vez que dá origem à organização fundamental do Estado. Já o poder
de reformar a Constituição, de modificá-la, de emendá-la, é denominado de poder
constituinte derivado. A principal manifestação do poder constituinte derivado é o
poder de emendar a Constituição, poder esse estabelecido no art. 60 da
Constituição brasileira.
Enfim, a ideia da existência de um poder constituinte, é o suporte lógico da
existência de uma Constituição superior ao restante do ordenamento jurídico e que,
em regra, não poderá ser modificada pelos poderes constituídos. Pois se trata da
denominada Constituição dogmática, que se apresenta como produto escrito e
sistematizado por um órgão constituinte, com base em princípios e ideias
fundamentais da teoria política e do direito dominante, diferentemente da
Constituição histórica, que é fruto da lenta e contínua síntese da história e tradições
de determinado povo, exemplo da Constituição Inglesa.

1.8.2 Espécies

O Poder constituinte pode ser originário ou derivado.


 Originário: é o poder de criar uma nova constituição. É um poder inicial,
pois não se baseia em nenhum outro poder e é autônomo (para os jusnaturalistas)
ou soberano (para os positivistas).

 Derivado: é o poder de alterar a constituição em vigor. É derivado


porque é instituído pelo poder constituinte originário e é também subordinado, pois
possui limites de atuação. O poder constituinte derivado divide-se em reformador e
decorrente.

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Reformador é o poder inerente à Constituição rígida que se destina a
modificá-la e atualizá-la, trata-se de um poder que, previsto na própria Constituição,
é encarregado de fazer alterações que ela necessita. É um poder de Direito, tem,
portanto, natureza jurídica, estando submetido às regras estabelecidas na
Constituição. E o decorrente é aquele que cria parâmetros para a elaboração das
constituições estaduais. Refere-se à auto-organização dos estados-membros.

1.8.3 Poder Constituinte Transnacional

Há um núcleo de poder capaz de produzir normas jurídicas que, não raro, se


sobrepõem às normas da Constituição do Estado-nação. Em razão do nascimento
de blocos regionais, cujo exemplo principal é a União Europeia, normas jurídicas são
produzidas no âmbito da comunidade regional, sobrepondo-se às normas das
Constituições dos estados-membros daquela comunidade. Em outras palavras, as
normas jurídicas produzidas por organismos que transcendem os limites territoriais
de um estado acabam se impondo sobre as normas constitucionais elaboradas pelo
constituinte nacional. Poder-se-ia, então, falar na existência de um poder constituinte
transnacional ou supranacional.

1.9 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

1.9.1 Conceito de Eficácia

Eficácia é aptidão potencial que a norma jurídica possui para produzir


efeitos. Todas as normas constitucionais são revestidas de eficácia jurídica. Eficácia
da norma trata-se do grau de cumprimento da norma dentro da prática social. Uma
norma é considerada eficaz quando é respeitada por seus destinatários ou quando a
sua violação é efetivamente punida pelo Estado. Podemos afirmar, ainda, que a lei é
eficaz quando adequada às realidades sociais e ajustada às necessidades do grupo.

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Se a norma não possui qualquer eficácia, então se fala em “letra morta“ ou “direito
no papel”.
Exemplo: Se todos os motoristas que ultrapassem o limite de velocidade nas
estradas brasileiras forem efetivamente punidos, então é possível afirmar que as
normas em questão são plenamente eficazes. O mesmo aconteceria se todos os
motoristas respeitassem o limite de velocidade nas estradas brasileiras. Não
ultrapassando o limite de velocidade, eficácia do preceito: 70%; eficácia da sanção:
30%. A eficácia que resulta do respeito espontâneo da norma é denominada eficácia
do preceito ou primária. A eficácia que resulta da intervenção repressiva do Estado
pode ser qualificada como eficácia da sanção ou secundária.

1.9.2 Classificação das Normas Constitucionais em Relação à sua Eficácia

José Afonso da Silva (1999) propôs uma classificação das normas


constitucionais em relação à sua eficácia distinguindo-as em três categorias:

São elas:
 Normas de Eficácia Plena: Aquelas que desde a promulgação possui
todos os elementos necessários para sua pronta e integral aplicação. Não há
necessidade de legislação infraconstitucional.

 Normas de Eficácia Limitada: Normas que não produzem efeitos


imediatos, dependendo de regulamentação infraconstitucional.

Divide-se em:

a) Normas de princípio organizativo: aquelas que fazem a previsão da


existência de uma instituição jurídica ou um órgão, dependendo de uma lei posterior
para constituir-se.

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b) Normas de princípios programáticos: aquelas que preveem um fim a ser
executado pelo Estado ou determinando que o Estado cumpra um programa, como
exemplo, temos os artigos 196 e 205, CF, o legislador não é obrigado a legislar, ante
a norma programática, mas, se o fizer, não poderá contrariá-la.

c) Normas de Eficácia Contida (ou Redutível): são as normas que, embora


tendo aplicabilidade direta e imediata, podem ser restringidas por norma
infraconstitucional. Enquanto o legislador não elaborar a lei de caráter restritivo, sua
eficácia será plena.

1.9.3 O Controle de Constitucionalidade das Leis

A ideia de controle de constitucionalidade está relacionada à supremacia da


Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também, à rigidez constitucional e
proteção dos direitos fundamentais.
A supremacia constitucional adquiriu tanta importância nos Estados
Democráticos de Direito que Cappelletti (2001) afirmou que “o nascimento e
expansão dos sistemas de justiça constitucional, após a Segunda Guerra Mundial,
foi um dos fenômenos de maior relevância na evolução de inúmeros países
europeus”.
Em defesa basicamente dos direitos fundamentais do homem e dos direitos
das minorias, após a Segunda Guerra Mundial houve necessidade do surgimento de
tribunais que velassem pela compatibilidade dos atos do poder público com as
normas constitucionais, pois a força dos tribunais tem sido, em todos os tempos, a
maior garantia que se pode oferecer às liberdades individuais.
O controle de constitucionalidade tem como ponto fundamental a defesa dos
valores constitucionais básicos e dos direitos fundamentais. Assim, o controle de
constitucionalidade das leis tem por finalidade verificar se as leis editadas no país
são materialmente compatíveis com as regras constitucionais.

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Porém, para que haja uma rigidez constitucional, diferenciando o poder
constituinte originário do derivado, é necessária a existência de um controle de
constitucionalidade, pois controlar a constitucionalidade significa impedir a
subsistência de inconstitucionalidades de forma a assegurar a supremacia da
Constituição. É a verificação da adequação de um ato jurídico, particularmente a lei,
à Constituição.

1.9.4 Formas de Controle

O controle pode ser judiciário ou político. O controle político, aquele onde a


verificação da constitucionalidade é confiada a órgão não pertencente ao Poder
Judiciário e sim ao poder Executivo e Legislativo. Já o controle judiciário é feito pelos
órgãos do Poder Judiciário. O controle pelo Poder Judiciário abrange dois métodos,
concentrado ou difuso.

 O controle concentrado é observado quando é atribuído a um único


órgão específico. No Brasil, o controle concentrado é realizado pelo Supremo
Tribunal Federal.

O STF é órgão integrante do Poder Judiciário, sendo a instância máxima


desse Poder. Em muitos países, o controle da constitucionalidade cabe a um órgão
autônomo e distinto do Poder Judiciário, chamado Corte ou Tribunal Constitucional.
Dessa forma, ao controlar a constitucionalidade, o STF realizará a verificação de
adequação ou compatibilidade de uma lei ou de um ato normativo com a
constituição, verificando seus requisitos formais e materiais.

 O controle difuso funciona quando a qualquer juiz é dado apreciar


alegação de inconstitucionalidade. É a chamada via de exceção ou defesa.

Então, o controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário será feito de


forma difusa ou de forma concentrada. Será de forma difusa quando qualquer juiz ou

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tribunal declara a inconstitucionalidade de alguma lei, portanto não se aplicando, o
que nela está disposto, para a situação específica discutida no processo.
No Brasil, salvo na Constituição do Império, sempre houve a adoção do
controle difuso de constitucionalidade repressivo jurídico ou judiciário, em que é o
próprio poder judiciário quem realiza o controle da lei ou do ato normativo, já
editado, perante a Constituição Federal, para retirá-los do ordenamento jurídico,
desde que contrários à Carta Magna.
Na atual Constituição foram adotados os dois sistemas de controle do
judiciário de constitucionalidade repressiva. O primeiro, denominado controle difuso,
por via de exceção, é aquele em que todos os juízes e tribunais poderão realizar o
controle de constitucionalidade. O segundo será exercido por via de ação direta,
denominando-se concentrado.

Existe, ainda, o controle preventivo ou repressivo:


 O controle preventivo opera antes que a lei se aperfeiçoe.
 O repressivo, depois de promulgada a lei.

Na Constituição atual há tanto o controle preventivo como o repressivo. O


primeiro é atribuído ao Presidente da República, que o exerce por intermédio do
veto, ou ao Legislativo, no processo legislativo. O controle repressivo é confiado ao
Judiciário.

1.9.5 A Inconstitucionalidade

Incosntitucionalidade é a desconformidade entre uma norma da Constituição


e outra infraconstitucional.
Gomes Canotilho (2005) sob a ótica do parâmetro constitucional, lembra o
conceito clássico, aliás, repetido por todos: “inconstitucional é toda lei que viola os
preceitos constitucionais”. José Afonso da Silva (2000), a respeito da
inconstitucionalidade, fala-nos sobre a “conformidade com os ditames
constitucionais”, a qual “não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo

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com a Constituição”, mas ainda com o não “omitir a aplicação de normas
constitucionais quando a Constituição assim o determina”.
Para Lúcio Bittencourt (2003), “a inconstitucionalidade é um estado – estado
de conflito entre uma lei e a Constituição”. Lei ou ato normativo inconstitucional, por
não se adequar ao preceito constitucional, ocorre quando a lei não observa os
requisitos constitucionais em relação à sua forma, havendo um vício no processo de
produção normativa, por exemplo, havendo uma lei de iniciativa de um deputado que
modifique os efetivos das Forças Armadas, esta lei será inconstitucional por vício de
iniciativa, que, no caso, é privativa do Presidente da República.
Também ocorre quando a lei trata de uma matéria incompatível com a
Constituição, por exemplo, lei penal que estabelece a pena de morte para quem
cometer determinado crime. É bom saber que a emenda constitucional também
pode ser objeto da ação direta de inconstitucionalidade, pois se trata de fruto de
elaboração do poder constituinte reformador. Se violar uma cláusula pétrea, este ato
normativo também poderá ser considerado inconstitucional.
Têm legitimidade para propor a ação direta de inconstitucionalidade:
Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos
Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do
Distrito Federal; Governador de Estado ou do Distrito Federal; Procurador-Geral da
República; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Partido Político
com representação no Congresso Nacional; Confederação Sindical ou Entidade de
Classe de Âmbito Nacional.
Já a competência para processar e julgar a ação direta de
inconstitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal Federal, previsto no art.
102, inciso I, alínea “a” da Constituição Federal. A Lei que trata do procedimento da
ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade é
a nº 9.868/99.
Após a inconstitucionalidade ser declarada pelo STF, deve a decisão ser
comunicada ao Senado Federal. Este deverá suspender a execução da lei declarada
inconstitucional (art. 52, X, da Constituição Federal).

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A Inconstitucionalidade pode ser por ação e por omissão. A
Inconstitucionalidade por ação é de fácil compreensão. O agente produz um ato
normativo que, de algum modo, contraria a Constituição. Já na Inconstitucionalidade
por omissão ocore quando a Constituição é contrariada pela inércia de quem tinha o
dever constitucional de agir. Assim, na ação de inconstitucionalidade por omissão,
introduzida pela CF de 1988, cujo seu objeto é suprir a omissão dos poderes
constituídos, que deixaram de elaborar a norma regulamentadora que possibilita o
exercício de um direito previsto na Constituição, veio a ser disciplinado pela Lei
12.063/2009. Têm legitimidade ativa para propor a ação de inconstitucionalidade por
omissão, as mesmas pessoas e órgãos que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade. Proposta a ação, não se admitirá desistência. Declarada a
inconstitucionalidade por omissão, será dada ciência ao poder competente para
adoção das medidas necessárias.
Essa ação assemelha-se ao mandado de injunção. Ambos os instrumentos se
aplicam no caso de uma regulamentação faltante, porém apresentam algumas
diferenças. Pode ela ser movida por certas pessoas.
O Mandado de Injunção, como veremos mais tarde, pode ser impetrado por
qualquer interessado. Existe também a ação direita de inconstitucionalidade para
fins interventivos, que foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3, que visa a
obter a declaração de inconstitucionalidade em virtude da ofensa a princípio
constitucional sensível, viabilizando a deflagração do processo de intervenção
federal.
Princípios chamados sensíveis não podem ser violados pelos Estados-
membros ou pelo Distrito Federal no exercício de suas competências legislativas,
tais como a forma republicana, sistema representativo, regime democrático, dentre
outros. Já a Ação Declaratória de Constitucionalidade tem como objetivo a obtenção
do Judiciário de declaração da constitucionalidade de determinada norma em
abstrato com fins de solucionar previamente futuros conflitos.
Com esta ação, o STF ratifica a presunção de validade que todas as leis
possuem. Foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3 e atualmente é prevista
pela Constituição Federal em seu art. 102, I, “a” e pela Lei 9.868 que estabelece o
procedimento.

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Têm legitimidade para propor a ação declaratória de constitucionalidade:
Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos
Deputados; Procurador Geral da República. A competência para processar e julgar a
ação declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal
Federal.
A declaração de constitucionalidade tem poder vinculante, sujeitando os
demais órgãos judiciários em causas idênticas, que não mais podem ser decididas
de forma diversa. Esse poder vinculante ou força vinculante foi inserido no direito
positivo por meio da Emenda Constitucional nº 45/2004, a qual introduziu o art. 103-
A à Constituição Federal de 1988.
A instituição da súmula vinculante, pela EC 45/04, surgiu a partir da
necessidade de reforço à ideia de uma única interpretação jurídica para o mesmo
texto constitucional ou legal, de maneira a garantir a segurança jurídica e o princípio
da igualdade, pois os órgãos do poder judiciário não devem aplicar as leis e os atos
normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades
arbitrárias, devendo utilizar-se de todos os mecanismos constitucionais no sentido
de conceder às normas jurídicas uma interpretação única e igualitária.
Assim, a súmula com o efeito vinculante é a modalidade que não possui
apenas o caráter de orientação, pois obriga os demais órgãos do Judiciário a
seguirem determinada interpretação emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Porém,
é importante lembrar que essa ideia já fora adotada no Império, quando em 1876 o
Supremo Tribunal de Justiça passou a ter a possibilidade de editar assentos com
força de lei, em relação à inteligência das leis civis, comerciais e criminais, quando
na execução delas ocorrem dúvidas manifestadas no julgamento divergentes do
mesmo tribunal, das relações e dos juízes, porém sem que tivesse sido utilizado até
a proclamação da República.

1.9.6 Interpretação Constitucional

Interpretar é o meio pelo qual o intérprete compreende o sentido do texto,


para que seja possível a solução do problema apresentado. Interpretar é descobrir o

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sentido e o alcance da norma jurídica. Consiste em explicar ou esclarecer dúvidas
ocasionadas por ambiguidades do texto, má redação ou imperfeições no emprego
da terminologia técnica.
O intérprete, para a realização de sua tarefa, deve analisar os diferentes
significados possíveis da norma e indagar-se qual deles é o mais exato. Portanto,
interpretar um texto legal significa, em última análise, decidir por uma entre muitas
possibilidades interpretativas que se apresenta como a mais pertinente, razoável e
justa.
A interpretação jurídica constitui a atividade prática de descobrimento do
conteúdo, do significado e do alcance de determinada norma, dentro do contexto
para decidir um caso concreto. A interpretação constitucional compõe um ponto
especial dentro da interpretação jurídica, em face da supremacia constitucional e do
singular papel jurídico e político do texto magno no ordenamento jurídico.
As finalidades a serem perseguidas pela interpretação constitucional são de
grande importância, porque visam à garantia da efetividade da Carta Magna e
aplicabilidade de seus preceitos. A primeira finalidade básica da interpretação
constitucional é garantir o máximo de efetividade do texto magno, consagrando sua
força normativa e garantindo a interpretação de todo o ordenamento jurídico em
conformidade com suas normas.
Existem alguns princípios que devem ser sempre lembrados quando
tivermos de interpretar a Constituição:

 Princípio da unidade: a interpretação deve evitar a existência de


contradições entre as normas.
 Princípio do efeito integrador: na resolução dos conflitos devem-se
priorizar os critérios que favoreçam a integração política e social do Brasil.
 Princípio da máxima efetividade ou da eficiência: deve-se buscar a
interpretação que conceda mais eficácia à norma constitucional.
 Princípio da conformidade funcional: os órgãos que interpretam a
Constituição não podem chegar a uma conclusão que subverta, altere ou
perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente
estabelecido pelo constituinte originário.

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 Princípio da harmonização: a interpretação deve evitar o sacrifício total de
um dos bens jurídicos em conflito.
 Princípio da força normativa da constituição: deve ser adotada a
interpretação, dentre várias possíveis, que garanta maior eficácia,
aplicabilidade e permanência das normas constitucionais.

Assim, a interpretação constitucional deve partir das linhas mestras que


sustentam a teoria geral da interpretação, por se tratar o texto constitucional de um
conjunto de normas jurídicas. Juridicamente, a Constituição deve ser interpretada,
entendida, como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas
referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de
governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos,
garantias e deveres dos cidadãos.
Além disso, é a Constituição individualiza os órgãos competentes para a
edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. Como vimos, há a
supremacia, outra qualidade de nossa constituição que determina que ela está
acima hierarquicamente de qualquer autoridade, ou qualquer outra lei que tente ferir
seus mandamentos. A Constituição está no topo da hierarquia de nossas normas,
qualquer coisa que contrarie os princípios estabelecidos, como a livre expressão, ou
ainda a igualdade entre cidadãos, é considerada inconstitucional e, portanto, nula de
pleno direito, ou seja, será desconsiderada pela sociedade.
Sendo assim, a Constituição é a carta de nascimento de uma nova
sociedade, em termos jurídicos, se a sociedade fosse um carro, a Constituição seria
uma espécie de manual do usuário. A esta lei fica reservada toda a organização de
uma sociedade, suas características fundamentais, os direitos que estão
reconhecidos e protegidos pelo estado além de outras definições de extrema
importância. A constituição é soberana.
Soberano é aquele que manda acima de todos; um rei absoluto é soberano.
Segundo consta, todo o poder de nossa sociedade vem do povo, o poder que as
autoridades exercem é do povo, dos juízes, dos delgados, da polícia, enfim,
qualquer um que venha a se declarar uma autoridade qualquer deverá exercer esta
em nome do povo, e apenas em nome dele.

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Na época da ditadura, o poder não vinha do povo, e sim das forças armadas,
que exerciam sua autoridade em desinteresse do povo, é por isso que hoje vivemos
sob uma Democracia, que significa regime ou poder guiado pelo povo. Muitas vezes,
questionamos o porquê da existência de uma constituição se, apesar de tudo,
continua a haver inúmeras injustiças, cometidas, inclusive, pelas entidades
governamentais. Será que, por isso, podemos dizer que a Constituição “não
funciona”? Acho que não.
O que precisamos é ajustá-la a nossa realidade social, pois há dispositivos
que não passaram da folha de papel, como exemplo, temos o art. 208, I, III, IV (é
dever do Estado assegurar a educação) e 227 § 1° ( é dever do estado promover
programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente), não são
aplicados efetivamente. Então, cabe a cada um de nós lutar para que ela seja
observada em todos os atos da vida civil.
Como diz Alexandre de Moraes (2005): “não basta somente conhecer a
Constituição, mais do que isso, impõe-se respeitá-la”.

FIM DO MÓDULO I

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