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CURSO DE
Aluno:
EaD - Educação a Distância Portal Educação
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1. INTRODUÇÃO
2. ÉTICA E MORAL
3. ÉTICA E DIRETO
3.1 MORAL E DIREITO
3.2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ÉTICA E DO DIREITO
3.3 DEFININDO ÉTICA
MÓDULO II
4. ÉTICA E POLÍTICA
5. ÉTICA E DEMOCRACIA
5.1 DEFININDO DEMOCRACIA
5.2 PROBLEMATIZANDO ÉTICA, DEMOCRACIA E DESIGUALDADE SOCIAL
5.3 AS EXPECTATIVAS IRREALISTAS SOBRE A DEMOCRACIA
5.4 UMA PROPOSTA DE DEMOCRACIA MAIS ÉTICA
6 ÉTICA PROFISSIONAL
6.1 A ÉTICA PROFISSIONAL NO SETOR PÚBLICO
MÓDULO III
7. ÉTICA NA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA
7.1 A PRIMEIRA REPÚBLICA
7.2 O PRIMEIRO PERÍODO VARGAS
7.3 A REFORMA DE ESTADO
8. ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
8.1 DEFININDO O SETOR PÚBLICO
8.2 A LEI 8.112/1990
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8.3 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO
9. ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
9.1 A INTRUÇÃO NORMATIVA 04/2009
9.2 INSTRUÇÃO NORMATIVA 03/2008
MÓDULO IV
10. OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
11. DECRETO FEDERAL Nº 1171/94
12. DECRETO FEDERAL Nº 6029/07
12.1 O DECRETO DE 26 DE MAIO DE 1999 E A CEP
12.2 AS COMISSÕES DE ÉTICA
12.3 O CÓDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
13. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
Provavelmente você esteja pensando que essas perguntas não são difíceis
de responder. Mas há um conjunto de pressupostos teóricos e históricos que
precisam ser levados em conta para respondê-las sem cair no senso comum e no
subjetivismo. É isso que estudaremos nesse curso.
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No Módulo II vamos estudar os entrelaçamentos entre ética e política e ética
e democracia. Por meio da leitura desse módulo você vai entender a crise ética da
política brasileira e poderá compreender como a democracia pode se consolidar de
forma ética no País. Também nesse módulo vamos conhecer um pouco dos estudos
da ética aplicada ao mundo do trabalho e ao profissional.
Finalmente, no Módulo IV, este curso vai mostrar como a questão da ética
está alinhada com os princípios constitucionais da Administração Pública.
Apresentaremos cada um deles para compreendê-los de forma aplicada.
Fecharemos nossos estudos com dois decretos fundamentais para entender a ética
no serviço público: o Decreto Federal nº 1171/94 e o Decreto Federal nº 6029/07.
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2 ÉTICA E MORAL
A moral
Afirmar que a moral é histórica significa dizer que ela muda no tempo e que
é distinta em cada sociedade. A moral não é a mesma em uma tribo indígena pré-
colombiana e na sociedade brasileira capitalista do século XXI.
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Veja, portanto, que há dois momentos: o da criação da norma moral pela
sociedade e o momento em que o indivíduo incorpora subjetivamente essa norma.
E, quando o faz, a ressignifica, conforme for seu interesse.
Vaz (2004, p. 227) define história como: “[...] criação e recriação contínuas
no tempo do mundo humano da Cultura”. Assim, para entender a moral como
produto histórico, é também preciso entender a moral como produto da cultura.
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Assim, a forma como definidos o correto e o incorreto, bem como todos os
nossos valores, são construções culturais.
Vamos avaliar essa afirmação: “Aquele homem é imoral e cruel, pois não
deu dinheiro à criança que pedia esmolas na rua esta tarde.”
Isso ocorre porque a moral não tem caráter normativo ou jurídico e, portanto,
não há sanção estatal para comportamentos considerados imorais. A sanção é
exclusivamente subjetiva, da sociedade para com sujeito e do sujeito para com ele
mesmo.
Sobre isso, Faria (2001, p. 31) afirma: “O transgressor de norma moral sofre
a sanção do grupo ou dele próprio, por imposição natural, sem consequência
patrimonial ou de restrição da liberdade”.
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Mas, note que isso não diminui a importância da moral. Pelo contrário, a
moral exerce uma importância sem precedentes na nossa sociedade, promovendo,
inclusive, laços de solidariedade e cooperação.
De acordo com Durkheim (2008), o fato social tem três características. Veja
na figura a seguir.
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A moral é um fato social porque apresenta essas três características. Para
entender, vamos tomar como exemplo a ação do neto que cuida integralmente do
seu avô bastante idoso e acamado. Na nossa sociedade essa ação é considerada
de grande valor e é altamente moral.
Esse mesmo neto não escolheu que sua sociedade considerasse de alto
valor moral o cuidado com parentes mais velhos e doentes. Independentemente de
sua vontade, interesses e preferências, a sociedade vê dessa forma essa situação.
Esse é o caráter de exterioridade dos fatos sociais.
E o que poderia ocorrer se esse neto deixasse seu avô em um asilo, sem
jamais visitá-lo ou sequer telefonar? Ele seria considerado insensível e cruel pela
sociedade! Temos aí o caráter coercitivo do fato social: o julgamento axiológico da
sociedade para com o indivíduo.
Note que a ação de deixar o avô em um asilo não significa que o indivíduo
terá uma sanção legal. A sanção é puramente social.
Vamos fechar o estudo sobre a moral com uma definição bastante coerente
e clara desse conceito. Faria (2001, p. 31):
Fica claro, portanto, que ética e moral não são sinônimos. Eles não são
conceitos equivalentes. Mas o que diferencia ética e moral?
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Vamos começar entendendo o que a ética e a moral têm em comum. Ambas
são constituídas a partir de um conjunto de valores e normas de conduta definidas
culturalmente. Além disso, ambas são históricas. Mas a diferença acaba aí, pois a
moral possui um componente subjetivo e individual que a ética não tem.
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3 ÉTICA E DIREITO
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Lembre-se, contudo, que as normas de Direito emanam dos próprios
interesses da sociedade. Por isso, é comum haver certa compatibilidade entre as
normas de Direito e as normas morais. Veja, por exemplo, o Artigo 121 do Código
Penal: “Art. 121. Matar alguém:/Pena – reclusão, de seis a vinte anos.”
Note que essa norma de Direito Penal também é uma norma moral. Nossa
sociedade tem como valor fundamental a preservação da vida humana. Portanto, o
Direito se apropriou de uma regra moral, transformando-a em norma legal.
Veja agora o Artigo 1.513 do Código Civil: “Art. 1.513. É defeso a qualquer
pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela
família.”
Note que esse artigo do nosso Código Civil está protegendo a família contra
ações de terceiros que venham a prejudicá-la. Ora, esse artigo vem proteger uma
das instituições consideradas de mais alto valor moral pela nossa sociedade, que é
a família. Assim, o Direito está protegendo uma instituição que a moral também
protege.
Assim, podemos afirmar que Direito e moral não são sinônimos, mas não
podemos ignorar que a moral sem dúvidas inspira nossos legisladores na
elaboração de nossas leis.
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Não é assim com a ética. Não há, na Constituição, um artigo que define
como os códigos devem ser elaborados. Não há pessoas eleitas pelo voto universal,
em eleições previstas constitucionalmente, que criam regras de comportamento
ético. Isso porque a ética institucionaliza-se de forma diferencia do Direito positivado.
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FIGURA 2 - CONCEITUANDO MORAL, DIREITO E ÉTICA
Aprendemos, portanto, que a ética não é moral e que a ética não é Direito.
Então o que é ética? Talvez haja tantas definições de ética quanto o número de
confusões que existem sobre esse conceito. Aqui, vamos estudar algumas
definições, não pretendendo esgotá-las, mas sim apresentar um caminho conceitual.
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A primeira definição que estudaremos é a de Vaz (2004, p. 15-16): “[...] é o
ethos enquanto realidade histórico-cultural manifestada na práxis social e individual
ordenada a fins que são valores nele presentes”.
Há ainda uma concepção de ética que a entende como uma disciplina, que
propiciaria um olhar científico sobre a moral. Assim é o entendimento de Vásquez
(2003, p. 23), que postula:
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A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade. Ou seja, é uma ciência de uma forma específica de
comportamento humano [...]. A ética é a ciência da moral, isto é, de uma
esfera do comportamento humano. Não se deve confundir aqui a teoria com
o seu objeto: o mundo moral.
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Pinheiros et al. (2006) reconhecem ainda que, embora socialmente
construída, a ética acontece na subjetividade humana, como escolhas sobre quais
caminhos seguir, se os caminhos culturalmente justos, bons, solidários e inclusivos
ou caminhos culturalmente injustos, cruéis, indiferentes e exclusivistas.
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FIGURA 3 - CINCO CONCEITOS DE ÉTICA
• Vaz (2004)
• A ética é uma práxis social em torno de valores.
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• Comparato (2006)
2 • A ética organiza a vida em sociedade.
• Vásquez (2003)
• Ética como ciência da moral.
3
• Pinheiro (2006)
• Ética como escolha individual sobre a justiça social e
5 solidariedade.
FIM DO MÓDULO I
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