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2 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Princípio da legalidade tributária: 

O Princípio da legalidade tributária garante ao contribuinte a existência de uma


lei para criar e cobrar o tributo, uma vez que, nos Estados democráticos, não apenas
os indivíduos são subordinados à lei, mas também a própria Administração Pública,
conforme previsto no art. 150, I da CF/88:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

A legalidade não se limita a vedar ou proibir a tributação sem lei, mas sustentar
os direitos e os deveres individuais e coletivos como princípio fundamental do Estado
de Direito, garantindo a todo cidadão segurança jurídica, econômica e social.

Princípio da Isonomia. 

O princípio da isonomia traduz a máxima de que todos são iguais perante a lei
e preza pelo cumprimento igualitário das normas, desde que preenchidas as
condições necessárias. Sua realização está diretamente relacionada ao modo de
como está prevista na Constituição.
Esse princípio exerce papel fundamental no ordenamento jurídico, desse
modo, o preâmbulo da Constituição Federal de 1988 evoca a igualdade e coloca-a
como uma das finalidades constitucionais fundamentais. O art. 5º da Constituição
Federal, também evoca a igualdade fazendo parte dos direitos e deveres individuais e
coletivos, conforme redação “todos são iguais perante a lei”.
No capítulo do sistema tributário Nacional, o princípio da igualdade é consagrado na
parte dos " princípios gerais " (art.145, § 1º)  e no art. 150, II, CF/88 que é fundamento
constitucional do princípio da igualdade ou da isonomia tributária onde é tratada como
uma garantia dos contribuintes, conforme norma in verbis:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;

Princípios correlatos: 
1. Princípio da uniformidade tributária geográfica:

Previsto no artigo 151, I da Constituição Federal, o qual veda a instituição de


tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro. O presente  faz observância ao princípio da isonomia, ao exigir tratamento
uniforme para os entes federados. A parte final deste inciso permite que haja
tratamento diferenciado, admitida a concessão de incentivos fiscais para as regiões,
destinados  a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do País.

2. Princípio da uniformidade tributária das rendas da dívida pública:

Previsto no art. 151, II, CF/88, primeira parte, veda à União de tributar a renda
das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Desta forma 
prevê o tratamento isonômico das rendas das obrigações da dívida pública, fazendo
com que não haja este privilégio dos títulos da União em relação aos dos Estados,
Distrito Federal e dos Municípios.

3. Princípio da uniformidade tributária remuneratória de agentes públicos.

Previsto no art. 151, II, CF/88, segunda parte,  veda à União de  tributar a
remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores
aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes, dessa forma evita tratamento
tributário diferenciado entre servidores da União e servidores dos Estados, Distrito
Federal e Municípios. 

4. Princípio da Isonomia e Princípio da não-discriminação tributária em


razão da procedência. 

Previsto no art. 152 da CF/88, veda aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios ‘’estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza,em razão de sua procedência ou destino’’.

5. Princípio da vedação das isenções heterônomas.

Previsto no art. 151, III, CF/88, este dispositivo veda a União de “instituir
isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.” A presente vedação tem como base o atendimento do princípio do pacto
federativo. A isenção está diretamente ligada ao Poder de Tributar, deste modo aquele
que detém a competência tributária para instituir determinado tributo, também o tem
para isentar. Assim,o artigo 151, III veda que a União isente tributo que não seja de
sua competência tributária, ressalvadas as exceções constitucionais.

Princípio da Capacidade Contributiva. 

O princípio da capacidade contributiva, trata-se de um desdobramento do


Princípio da Igualdade, aplicado no domínio da ordem jurídica tributária, visando uma
sociedade mais igualitária e justiça fiscal e social, exige-se uma tributação mais
pesada de quem tem mais condição econômica e isenta ou reduz a incidência
tributária para os contribuintes com menor capacidade econômica e financeira.
Portanto a contribuição se dá em função do patrimônio de cada um. 
Seu fundamento constitucional encontra-se no art. 145, § 1º, da CF conforme
norma in verbis:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica (leia-se capacidade
contributiva) do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio,
os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

 Princípio da Irretroatividade. 

O princípio da irretroatividade tributária está contemplado no art. 150, III, “a” da


Constituição Federal, Esse princípio é também um princípio geral de Direito estabelece
vedação aos entes quanto a cobrança de tributos “em relação a fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado”
Desta forma, a lei não retroage, a menos que seja benigna ao contribuinte (CF,
art. 150, III, a).

Princípio da Anterioridade.

No que tange ao princípio da anterioridade determina a exigência de com o


propósito de evitar que o contribuinte seja surpreendido pela majoração da carga
tributária. 
Segundo lição do Prof. Roque Antônio Carrazza:
“… o princípio da anterioridade é corolário lógico do princípio da
segurança jurídica. Visa evitar surpresas para o contribuinte, com a
instituição ou majoração de tributos.. De fato o princípio da
anterioridade veicula a idéia de que deve ser suprimida a tributação
surpresa (que afronta a segurança jurídica dos contribuintes). Ele não
permite que, da noite para o dia, alguém seja colhido por uma nova
exigência fiscal. É ele, ainda, que exige que o contribuinte se depare
com regras tributárias claras, estáveis e seguras. E, mais do que isso:
que tenha o conhecimento antecipado dos tributos que lhe serão
exigidos ao longo do exercício financeiro,justamente para que possa
planejar sua vida econômica.”

O princípio da anterioridade apresenta a seguinte redação constitucional:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
(...)

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei


que os instituiu ou aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido


publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b;    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003).

(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos
nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c,
não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e
154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos
arts. 155, III, e 156, I.   
(...)
Considerando o preceito constitucional, compreende-se que os entes não
poderão cobrar tributos, no mesmo ano em que a lei que instituiu esse tributo for
publicada. Na alínea “c”, incorporada por força da Emenda Constitucional n 42/2003,
está a chamada “anterioridade nonagesimal’’, por tal regramento, a legislação
tributária que instituir, reduzir ou aumentar tributo, além de respeitar o exercício, terá
também que observar um prazo mínimo de 90 dias entre a sua publicação e o dia em
que efetivamente entra em vigor.
O princípio da anterioridade (art. 150, III, “b”) encontra também exceção nas
contribuições sociais previdenciárias, previstas no art. 195, I ao IV da CF/88, pois este
tributo, se aplica uma anterioridade especial, denominada anterioridade nonagesimal,
conforme disposto no parágrafo 6º, do artigo 195, da Constituição Federal:
(...)
Art. 195.(...)
(...)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".
A anterioridade nonagesimal das contribuições sociais previdenciárias dispõe,
que esta espécie de imposto deverá ser exigida 90 dias após a publicação da lei que a
instituiu ou a modificou.

Princípio da proibição do efeito de confisco.

Nas palavras do professor Schoueri, o princípio da proibição do efeito de


confisco alude a necessidade de um limite máximo para a pretensão tributária
estendendo-se a todos os tributos conforme se extrai do texto constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
(...)
De acordo com Schoueri, o princípio ora analisado ‘’denota a ideia de proibição
de exagero impondo que se indague não apenas se um contribuinte está sendo mais
gravado e o outro’’ mas como também, se o tributo não excedeu o necessário para
atingir sua finalidade. Dessa forma, o legislador busca proteger o contribuinte contra a
hipótese de um dos entes políticos virem a tomar totalmente o seu patrimônio ou a sua
renda, o exame de cada caso é que permitirá afirmar se há ou não confisco, uma vez
que tributos com características diferentes comportam parâmetros diferentes.

Princípio da Proibição de Limitações, mediante tributos, ao Tráfego de Pessoas


ou Bens.

O princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens está previsto no


inciso V do art. 150 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), qual seja:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias


asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...)
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou
bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público”.

O artigo 150 inciso V da CF/88 funciona 


À vista disso, a Constituição Federal abarca a liberdade de locomoção,
também denominado como direito de ir e vir, no caso descrito no art. 5º inciso XV: “é
livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens […]”.

Não cumulatividade

De acordo com o professor Schoueri a constituição ao tratar do IPI e ICMS,


determina que ambos os impostos não sejam cumulativos, ou seja, diz-se do imposto
que, na etapa subsequente dos processos produtivos e/ou de comercialização, não
incide sobre o mesmo imposto/tributo pago/recolhido na etapa anterior. 

Progressividade, proporcionalidade e regressividade 

Implica na fixação das alíquotas percentuais, podendo ocorrer de modo


progressivo, proporcional ou regressivo, conforme lição do professor Schoueri ‘’No
primeiro caso a alíquota percentual será Idêntica pouco importando o valor da base de
cálculo nos dois últimos casos alíquota percentual crescerá ou decrescerá,
respectivamente, conforme cresça base de cálculo’’.

Seletividade

Trata-se da oportunidade que se vale o legislador de atuar elevando ou


diminuindo a carga tributária, por meio de alíquota, se encontra vinculada a
essencialidade dos próprios produtos e serviços, como nos casos do IPI e ICMS, nos
seguintes dispositivos da constituição federal:

DOS IMPOSTOS DA UNIÃO 


 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
 IV - produtos industrializados; 
(...)   
§ 3º O imposto previsto no inciso 
IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; 
 
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL  
 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: 
(...) 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior; 
(...) 
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:    
 (...)
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das
mercadorias e dos serviços;
 
Deste modo o princípio da seletividade tem como função variar a alíquota de
acordo com a essencialidade do bem.

Referências Bibliográficas

CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 18 ªed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2002.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: Acesso


em: 20 de abril de 2021.

SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. São Paulo: Saraiva.- 9ª Ed. 2019
Alexandre Machado de Oliveira. Princípios do Direito Tributário. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/principios-do-direito-tributario/#:~:text=O
%20princ%C3%ADpio%20da%20uniformidade%20geogr%C3%A1fica,em%20detrimento
%20de%20outro%E2%80%A6%E2%80%9D. Acesso em: 20 de abril de 2021.

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