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IMUNIADADE TRIBUTÁRIA

A imunidade tributária é um mecanismo que visa proteger certos valores e direitos


fundamentais da sociedade, impedindo que o Estado possa cobrar impostos sobre
determinadas pessoas, bens ou atividades. Ela está prevista na Constituição Federal de
1988, que estabelece os casos em que ela se aplica. A imunidade tributária é uma
limitação constitucional ao poder de tributar, que exclui a possibilidade de criação do
tributo pela lei.

A imunidade tributária se aplica a diversas situações, conforme os seguintes


exemplos:

- A imunidade recíproca impede que a União, os estados, o Distrito Federal e os


municípios cobrem impostos uns dos outros sobre o patrimônio, a renda ou os serviços
vinculados à sua finalidade essencial. Essa imunidade visa preservar a autonomia dos
entes federativos e evitar a interferência de um sobre o outro. Por exemplo, um estado
não pode cobrar imposto sobre a propriedade de um prédio público federal, nem sobre a
renda obtida por um órgão municipal, nem sobre os serviços prestados por uma
autarquia estadual.
- A imunidade religiosa impede que sejam cobrados impostos sobre templos de
qualquer culto, bem como sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados às
suas finalidades essenciais. Essa imunidade visa garantir a liberdade religiosa e o
respeito à diversidade de crenças. Por exemplo, uma igreja não pode ser tributada sobre
o terreno onde está construído o seu templo, nem sobre as doações que recebe dos fiéis,
nem sobre as atividades religiosas que realiza.
- A imunidade educacional e assistencial impede que sejam cobrados impostos sobre
o patrimônio, a renda ou os serviços das entidades de educação e de assistência social
sem fins lucrativos, desde que atendidos os requisitos da lei. Essa imunidade visa
promover a educação e a assistência social como direitos fundamentais e incentivar as
iniciativas privadas nesses setores. Por exemplo, uma escola sem fins lucrativos não
pode ser tributada sobre o imóvel onde funciona, nem sobre as mensalidades que cobra
dos alunos, nem sobre os serviços educacionais que oferece.
- A imunidade cultural impede que sejam cobrados impostos sobre livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão. Essa imunidade visa fomentar a cultura
e a liberdade de expressão como direitos fundamentais e estimular a produção e a
circulação de obras culturais. Por exemplo, uma editora não pode ser tributada sobre os
livros que publica. Nem sobre o papel usado para imprimi-los, nem sobre os jornais ou
revistas que distribui.
- A imunidade partidária, sindical e de entidades representativas de classe impede
que sejam cobrados impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dessas
entidades, desde que atendidos os requisitos da lei. Essa imunidade visa fortalecer a
democracia e a participação política e social como direitos fundamentais e reconhecer o
papel dessas entidades na defesa dos interesses coletivos. Por exemplo, um partido
político não pode ser tributado sobre a sede onde funciona, nem sobre as contribuições
que recebe dos filiados, nem sobre as atividades partidárias que realiza.
- A imunidade musical impede que sejam cobrados impostos sobre fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros. Essa imunidade visa valorizar a música brasileira como expressão cultural e
incentivar a criação e a divulgação de obras musicais. Por exemplo, um produtor
musical não pode ser tributado sobre os CDs ou DVDs que produz. Nem sobre as
músicas ou letras que compõe ou interpreta.

A imunidade tributária é um instrumento de garantia dos direitos fundamentais e da


autonomia dos entes federativos. Ela visa preservar valores como a liberdade religiosa, a
liberdade de expressão, a educação, a assistência social, a cultura e a democracia. Por
isso, ela deve ser interpretada de forma ampla e conforme os princípios constitucionais.

A diferença entre imunidade e isenção tributária é a seguinte:

- A imunidade tributária é uma limitação constitucional ao poder de tributar. Ela


impede a incidência de tributos sobre determinados fatos, pessoas ou entidades. A
imunidade tributária está prevista na Constituição Federal de 1988, que estabelece os
casos em que ela se aplica. A imunidade tributária é concedida antes mesmo de o tributo
ser criado. A Constituição Federal, que está acima de todas as leis do país, pode
imunizar pessoas ou bens de sofrer tributação, isto é, ela proíbe a própria criação do
tributo. A imunidade tributária é mais forte e permanente do que a isenção, que pode ser
alterada ou retirada por lei.
- A isenção tributária é uma dispensa legal do pagamento de determinado tributo
devido. Ela não impede a incidência, mas apenas desobriga o contribuinte de pagar. A
isenção tributária é definida por lei, sendo editada por quem estabelece as hipóteses de
dispensa. A isenção tributária se coloca no plano da incidência do tributo, a ser
implementada pela lei (geralmente ordinária) por meio da qual se exercite a
competência tributária. A isenção tributária é verificada no fim daquele caminho
percorrido pelo tributo.
Desta maneira, para que desapareça uma imunidade, é preciso alterar a Constituição
Federal, enquanto para que extinguir uma isenção, basta revogar a lei. A imunidade e a
isenção são instrumentos diferentes que visam atender a diferentes finalidades e
interesses públicos.
PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

O Direito Tributário é um ramo do Direito que regula a arrecadação de tributos pelo


Estado. Os princípios do Direito Tributário são regras importantes que guiam os juízes e
advogados no campo do Direito. Entre eles estão:

Princípio da Legalidade: Este princípio estabelece que os tributos devem ser


instituídos e cobrados exclusivamente com base em uma lei. Isso significa que nenhum
tributo pode ser criado, aumentado ou extinto sem uma lei que o respalde. Além disso, a
lei deve ser clara e precisa, garantindo que os contribuintes saibam exatamente o que é
esperado deles em termos de pagamento de tributos.

Princípio da Igualdade (ou Isonomia): A igualdade no Direito Tributário envolve dois


aspectos:

o Igualdade horizontal: Os contribuintes em situações semelhantes


devem ser tratados de maneira idêntica. Por exemplo, pessoas com a
mesma renda devem pagar a mesma alíquota de imposto de renda.
o Igualdade vertical: Aqueles que têm mais capacidade econômica devem
contribuir de forma mais significativa, o que se traduz em
progressividade fiscal. Isso significa que as alíquotas de impostos podem
ser maiores para rendas mais altas.

Princípio da Capacidade Contributiva: Esse princípio determina que os tributos


devem ser proporcionais à capacidade econômica do contribuinte. Em outras palavras,
aqueles com maior renda ou riqueza devem pagar uma parcela maior de seus recursos
em impostos.

Princípio da Anterioridade: Esse princípio estabelece que a lei que cria ou aumenta
um tributo só pode ser aplicada no ano seguinte à sua edição. Isso proporciona
previsibilidade aos contribuintes, que sabem que não serão surpreendidos por mudanças
fiscais repentinas.

Princípio da Irretroatividade: Este princípio estabelece que os tributos não podem


retroagir para alcançar eventos passados. Em outras palavras, uma nova lei tributária
não pode ser aplicada a fatos geradores que ocorreram antes de sua promulgação.

Princípio da Uniformidade e Universalidade: Este princípio garante que os tributos


sejam uniformes em todo o território nacional, evitando discriminações entre regiões ou
grupos específicos. Além disso, todos que se enquadrem na hipótese de incidência do
tributo devem contribuir.

Princípio da Vedação ao Confisco: Este princípio impede que os tributos sejam


excessivamente onerosos a ponto de confiscar indevidamente a propriedade dos
contribuintes. Isso protege os direitos de propriedade e a justiça fiscal.
Princípio da Segurança Jurídica: Visando a estabilidade e previsibilidade no sistema
tributário, esse princípio implica que as regras tributárias devem ser claras, estáveis e
previsíveis, permitindo que os contribuintes conheçam seus direitos e deveres
tributários.

Princípio da Capacidade Contributiva: Esse princípio estabelece que os tributos


devem ser proporcionais à capacidade econômica do contribuinte. Em outras palavras,
quem possui maior poder aquisitivo deve contribuir com uma parcela maior de sua
renda.

Princípio da Razoabilidade: Este princípio impede que a carga tributária seja


excessivamente onerosa, garantindo que os tributos sejam justos e proporcionais,
evitando a tributação abusiva.

Princípio da Não Confusão entre Patrimônio Pessoal e Patrimônio da Pessoa


Jurídica: Este princípio garante a autonomia patrimonial entre pessoas físicas e
jurídicas, evitando a confusão dos patrimônios e o uso indevido de empresas para evitar
o pagamento de tributos.

Esses princípios são fundamentais para garantir um sistema fiscal justo e transparente,
pois asseguram que os tributos sejam aplicados de acordo com critérios legais e éticos,
protegendo os direitos dos contribuintes.

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