Universidade Federal de Pelotas

Curso de Relações Internacionais

História Comparada da América Latina
Professora Doutora Maria de Fátima Bento Ribeiro
Acadêmica Júlia Ferreira Bretanha

Fichamento de conteúdo
MOREIRA, Luiz Felipe Viel; QUINTEROS Marcela C.; SILVA, André Luiz Reis da.
As Relações Internacionais da América Latina​. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
Capítulo 07.

O começo da Guerra Fria na América Latina (1945-1961)

● Processo de reconstrução econômica, política e social; Nações beligerantes
perdem presença na América Latina;
● Estados Unidos ocupa lugar da Inglaterra;
● Criação da ONU como fracasso da Sociedade das Nações;
● Nova relação de forças mundiais envolvendo as potências Estados Unidos,
URSS e França;
● Temor internacional de uma ameaça real; Perigo de guerra; Globo partido em
dois hemisférios; De um lado o poderio militar soviético, do outro o poderio
econômico norte-americano;
● Doutrina de contenção soviética proposta por Truman em 1947 para a luta
anticomunista; Após, se lança o Plano Marshall como uma ajuda econômica
para a reconstrução da Europa e Japão;
● Criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), paralelo a
criação do bloco soviético na Europa Oriental;
● Em contexto: Alemanha dividida, China sob influência soviética e Guerra da
Coreia;
● Doutrina Monroe e o apoio norte americano a governos anticomunistas;
● Exportação de matérias primas e crescimento industrial na América Latina: o
plano desenvolvimentista teve êxito e consequências; Consolidou-se uma
classe capitalista empresarial; O Estado teve um papel vital na estimulação
do crescimento industrial; criou demanda local e favoreceu produtores
nacionais;
 ● Este modelo foi estimulado pela Cepal e atingiu parcialmente apenas três
países: México, Brasil e Argentina;
● Em contexto: aumento de produção industrial tal qual o quadro de
desigualdades, consolidação da classe operária e seu fortalecimento;
● Debilidade no processo de industrialização com limitações de ordem política
e econômica;
● Truman entendia a abertura econômica como sobrevivência do capitalismo,
resultando nos acordos de Bretton Woods (1944) que criavam FMI e BIRD,
para fortalecer o desenvolvimento capitalista;
● O desenvolvimento industrial latino americano necessitava de bens de capital
e insumos, o que o tornava dependente e vulnerável; Apenas o Estados
Unidos poderiam fornecer estes itens, mas a América latina só podia contar
com investimentos de capital privado norte americano;
● A URSS possuía vínculos com partidos de esquerda da América Latina, que
buscavam alternativas; O governo Truman pressionou pelo rompimento das
relações entre URSS e América Latina; Apenas México, Argentina e Uruguai
não o fizeram; Também buscou que os governos reprimissem partidos
comunistas;

As respostas latino americanas à Guerra Fria

● Redefinição das disputas políticas pelo poder devido às novas formulações
ideológicas; Readequação do discurso de conservadores e liberais;
● Adoção de estratégias e reformas sociais para acalmar conflitos sindicais e
frear o avanço da esquerda;
● Revolução guatemalteca em 1944 por jovens, originando um partido de
camponeses e operários; Sucedeu-se o aprofundamento de reformas sociais
e medidas para seu desenvolvimento econômico, fortalecendo o setor
privado e abrindo para o capital estrangeiro; A reforma agrária contrapôs uma
das maiores proprietárias de terras do país;
● O desenvolvimento da doutrina anticomunista na década de 1950, cuja
política de segurança não admitia governo suspeito de políticas socialistas,
iniciou sua atuação na campanha de desestabilização da Guatemala -
operação Sucess - que depôs o governo de Árbenz, dando entrada a sua
oposição que possuía relações com os Estados Unidos;
● Sucessão de regimes militares em El Salvador; Repressão a qualquer
opositor em Nicarágua sob a ditadura da família Somoza; Costa Rica, apesar
dos avanços nas reformas sociais, era tolerada pois tinha uma postura
anticomunista; Ditadura militar na Venezula a partir de 1948; Golpe de Estado
e extrêma violência na Colômbia em uma disputa de poder por
conservadores e liberais; No Equador, queda da revolução popular, passando
a alternar entre governos democráticos e ditaduras; A parcial democracia no
Peru com suaves acusações ao imperialismo norte americano foi
interrompida na tomada do poder pelos militares; Consolidação da
democracia no Chile e Uruguai; Construção do nacionalismo em período
democrático no Paraguai coopetado pela ditadura iniciada pelo Coronel
Rafael Franco;
● Sucessão de golpes militares na Bolívia, desigualdades sociais históricas e
diferenças étnicas, fatores sociais e econômicos deram origem a violentas
manifestações nacionalistas; Trabalho forçado no século XX herdado do
período colonial; Após a revolução popular em 1952, o novo governo
nacionalizou as minas de estanho, alcançou a reforma agrária e adotou o
sufrágio universal dentre outras medidas; Os resultados negativos resultaram
em processo conciliatório e acordos com o FMI;
● Respostas mais sólidas no pós guerra e maior desenvolvimento indústria:
Argentina, Brasil e México;
● 1920 e 1930: política de boa vizinhança estadunidense pregando a
necessidade de cooperação internacional para “isolar a América”, prática
contrastante com a política externa da Argentina;
● A Argentina de Perón alcançou reformas sociais e desenvolvimento industrial
de substituição das importações por indústrias de base; Manteve
equidistância dos dois polos da guerra fria; Proposta de independência
ideológica e política da Argentina - agir como um pêndulo no contexto
mundial; Anticomunismo mas resistência à hegemonia norte-americana;
● Golpe militar organizado pela Igreja Católica e conservadores contra a
Argentina de Perón;
● Perón foi associado com o fascismo por causa da aliança com Franco da
Espanha;
 ● Mudanças na América Latina no pós guerra como resposta ao avanço das
esquerdas; Apostas nos Estados Unidos para fugir do estigma do comunismo
e fascismo; Golpes de estado civis e militares na América Latina após 1945;
● O apoio dos Estados Unidos nas reformas sociais da América Latina
resultaram em um esquerdismo extremo resultando em uma revisão da sua
política;

As últimas conferências pan-americanas

● Aliança militar permanente na administração Truman;
● Redefinição do sistema pan-americano;
● Aprovado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) em 1947;
Criação da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1948 como
ferramenta de manutenção da hegemonia estadunidense;
● Tolerância a governos integrados por socialistas entre 1945 e 1946 acabada
pós guerra fria no início de perseguições a comunistas, dando espaço para
governos autoritários;
● Com o Tiar, substituíram a Doutrina Monroe pela política de “amizade e boa
vizinhança”, como resistência ao avanço do comunismo;
● A OEA baseava-se em não intervenção, igualdade jurídica entre os Estados,
relação pacífica das diferenças e defesa coletiva;
● Extensão do programa de Segurança Militar dos Estados Unidos à América
Latina;
● Pactos militares como instrumentos para mobilizar a América Latina contra a
URSS; Instrução para cada país prevenir o comunismo;
● Medidas anticomunistas impediram a entrada de refugiados da Europa
Oriental ou de outros lugares;
● Conflitos limítrofes entre os países da América Latina resolvidos pela OEA;
● Golpe de Estado pela derrocada da democracia no Peru em 1948;
● Vitória dos republicanos nos Estados Unidos em 1953 resulta na adoção do
laisser-faire e eliminação das ajudas internacionais; No entanto, a CEPAL
surge na América Latina produzindo suas análises, ajudando a criar um
pensamento social latino americano;

A Revolução Cubana
● 1934 a 1959: política dominada pelo ditador Fulgêncio Batista;
● Esgotamento a partir de 1958; Repressões e perseguições insustentáveis;
● Movimento castrista - após prisão e exílio, Fidel organizou desembarque em
Cuba para derrubar o governo; O fracasso fez com que se reorganizassem
em Sierra Maestra - da luta para a cidade, chamado movimento 26 de julho;
● Com a retirada do apoio estadunidense a Cuba, e o embargo das armas,
além do desprestígio do governo, Fulgêncio abandonou Cuba;
● Fidel Castro, que tinha o poder real, decretou o fuzilamento dos apoiadores
da ditadura, sendo desaprovado pelos Estados Unidos;
● Mesmo declarado anticomunista, o tom das reforma agrária soou perigoso
para os Estados Unidos;
● A presença de comunistas no governo, o aprofundamento da reforma agrária
e a confiscação de empresas urbanas e rurais trouxe problemas
internacionais; As relações entre outros países piorou e havia ameaças norte
americanas de intervenção na ilha;
● A partir de 1960 houve uma aproximação da ilha com a URSS, assinando
tratados comerciais onde venderia açúcar e compraria petróleo a baixo preço;
URSS ofereceu proteção a Cuba e enviou armas; Internamente,
consolidava-se nacionalizações e políticas sociais;
● A expropriação e estatização seguidas afetaram companhias
estadunidenses, resultando no planejamento da queda de Castro por parte
da CIA;
● Tentativa de aproximação com outros países da América Latina em posição
semelhante, por parte de Cuba;
● Para frear o governo cubano, os Estados Unidos reuniram estratégias de
pressão e persuasão, a nível político e econômico para a América Latina;
● Resolução da VII Reunião de Consulta como uma condenação ao governo de
Castro;
● A Revolução Cubana é fortalecida quando exilados cubanos tentam invadir a
Baía dos Porcos, acirrando o sentimento anti estadunidense; Após isso, Fidel
declara-se marxista leninista;
● Os chanceleres latinoamericanos deram como incompatível a aliança de
Cuba com URSS com o sistema interamericano, expulsando Cuba da OEA;
● Giro nas relações internacionais de Cuba, de dependente dos Estados
Unidos para dependente da URSS; Tornou-se uma plataforma de exportar
revolução, desafiando a hegemonia norte americana;