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A Era Vargas compreendeu o período em que Getúlio Vargas permaneceu no poder de 1930 a 1945.
Nesse período, o Brasil vivenciou um governo provisório, em que Getúlio foi eleito indiretamente
(Governo Constitucional) e após 1937, o Estado Novo.
As crises políticas, econômicas e sociais na Velha República, aliadas a Crise de 1929 e a queda do
preço do café no mercado internacional, contribuíram para a eclosão da Revolução de 30.
A Era Vargas de 1930 a 1937
O governo provisório de Getúlio buscou se firmar ante as incertezas do momento, frente as
oligarquias regionais vitoriosa em 1930, que almejavam reconstruir o Estado nos velhos moldes.
O Movimento Tenentista, em oposição às oligarquias regionais, apoiou Getúlio em seu propósito de
reforçar o governo central.
A centralização do poder político se fez sentir com a indicação de interventores, limitando a atuação
dos estados.
Centralização no campo econômico, concentrando a política do café nas mãos do governo, com a
compra e destruição física do excedente (Queima do café).
Transformação do perfil da economia com incentivo a uma indústria de base, nacionalização dos
meios de transportes, das comunicações e da exploração mineral.
A política trabalhista apresentou-se inovadora em relação ao período anterior, com a publicação de
leis de proteção às classes urbanas nascentes, facilitando o enquadramento dos sindicatos de
trabalhadores.
A educação entrou no compasso das mudanças centralizadoras com a criação do Ministério da
Educação e Saúde Pública.
Apoio da Igreja Católica na sustentação popular ao regime de Getúlio.
A Revolução Constitucionalista de 1932 contestou o governo provisório de Getúlio ao exigir a
normalização democrática.
A Constituição de 1934 abandonou o modelo norte-americano, tomando por base a Constituição de
Weimar de cunho social-democrático, voltada para os problemas do capital e do operário.
Surgimento de forças políticas ideologicamente opostas como a Ação Integralista Brasileira (AIB) e
a Aliança Nacional Libertadora (ANL), influenciando significativos setores da sociedade brasileira,
culminando na Intentona de 1935.
Conclusão Parcial
Centralização política com a acomodação das oligarquias regionais com os grupos
emergentes.
Início do deslocamento do eixo da economia do polo agroexportador para o urbano
industrial.
Reestruturação das relações entre os novos atores sociais; classe média urbana, operariado
nascente, imigrantes, militares conservadores e “tenentes” e segmentos da sociedade,
influenciados pelas ideias polarizadoras do início da década de 1930
A Era Vargas de 1938 a 1945.
A descoberta do Plano Cohen, em fins de 1937, agravou o panorama político om uma suposta
tomada do poder pelos comunistas, fazendo Vargas solicitar à âmara a decretação do Estado de
Sítio.
Com o acirramento das tensões políticas houve a outorga de uma nova onstituição a de 1937,de
caráter centralizadora, conhecida como a “Polaca” e também com influência da “Carta del Lavoro”.
Período conduzido por Getúlio em permanente Estado de Emergência com fechamento do
Congresso, extinção das bandeiras, hinos e escudos dos estados, valendo-se de seu perfil populista.
Política externa pragmática voltada para os interesses do país, demonstrando ambiguidades em
relação ao Eixo e os Aliados.
Censura da imprensa, pena de morte e o fechamento dos partidos políticos com a criação de órgãos
de controle político, administrativo e social, como o Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP), Polícia Especial (PE), e Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
A Intentona Integralista em 1938 recrudesceu a ações de Vargas em relação aos integrantes e
simpatizantes da Ação Integralista Brasileira (AIB).
Desenvolvimento de uma economia de caráter nacionalista e industrialista com a criação de
entidades estatais como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Companhia Nacional de Álcalis
(CNA), Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Fábrica Nacional de Motores (FNM).
Desenvolvimento do nacionalismo por intermédio de competições esportivas, festas populares,
jogos imponentes, paradas militares, angariando a atenção da juventude e do trabalhador.
A vida urbana imitou o “american way of life”, com a adoção da semana inglesa e intensa
participação das mulheres nas atividades cotidianas.
Afastamento de Getúlio em relação ao movimento tenentista, mas com apoio da Forças Armadas
aquinhoadas com programas de reaparelhamento e renovação das academias militares do Exército e
da Marinha e criação da Aeronáutica Militar em 1941.
Afundamento de navios brasileiros, arrefecendo a simpatia pelo EIXO e aproximando o Brasil dos
Estados Unidos da América (EUA), notadamente após Pearl Harbor.
Em 1942, a conjuntura internacional conduziu o Brasil a um posicionamento definido em relação ao
EIXO, tendo o país enviado à Europa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1944.
Como consequência da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, evidenciou-se as
contradições do governo de Getúlio, onde o país combatera a tirania sob um governo ditatorial do
Estado Novo, contribuindo para a saída de Vargas.
Com a delicada posição de Getúlio no poder surge o movimento queremista, “Queremos Getúlio”,
significando o adiamento das eleições, com o lançamento da candidatura Vargas.
Conclusão Parcial
Constatou-se uma radicalização política no governo Vargas durante o Estado Novo, com o
arrefecimento das simpatias em relação EIXO, afastamento de grupos de ideologias polarizadoras
da década de 1930 (ANL e AIB) e uma maior aproximação com os EUA, notadamente após o Brasil
participar da Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, tendo o país experimentado
transformações também em sua sociedade e economia por conta da urbanização e da
industrialização.
CONCLUSÃO
A Era Vargas (1930-1945) contribuiu para a transformação do Brasil.
O poder político foi centralizado, na figura de Getúlio Vargas, em detrimento dos poderes locais das
oligarquias regionais.
A economia brasileira vivenciou o início do deslocamento do perfil agroexportador para o
industrial.
A sociedade brasileira foi exposta às ideologias surgidas em meio à conjuntura das décadas de 1920
e 1930 compostas por novos atores sociais; classe média urbana, operariado nascente, militares e
imigrantes.
Governo Provisório (1930 – 1934): Reconhecimento internacional do novo regime. Foco na recuperação da
economia, 31 acordos comerciais. O Brasil lidera a criação da OIC (Organização Internacional para o Café). O
grande foco de Vargas era a transição para o capitalismo, já que a agroexportação era instável. Programa de
Substituição de Importações. Vargas tinha um problema político para avançar na industrialização, pois os
agroexportadores tinham medo de perder crédito e espaço no governo, então Vargas burocratiza o Estado, mas não
todos os órgãos que o constituem, e sim os que contribuíam para o avanço da industrialização: insulamento do
Itamaraty. Equidistância pragmática entre Estados Unidos e Alemanha: ideia de se manter fazendo um movimento
pendular constante entre as principais lideranças do sistema internacional, o que era uma forma de justificar dois
elementos do governo de Vargas: de um lado, a tendência autoritária e, de outro, o projeto do American Way of
Life. Ele queria extrair dos dois países benefícios para o Brasil.
Governo Constitucional (1934 – 1937): Vargas faz uma Constituição em 1934, inspirada na República de
Weimer. Nessa época, o comércio com a Alemanha tinha aumentado bastante e Vargas resolve assinar, em 1936,
um acordo comercial com os alemães. As relações econômicas eram diferentes com os EUA em comparação com
a Alemanha. Com os EUA, havia a ideia da liberalização comercial, ou seja, facilidade do comércio reduzindo
tarifas. Com a Alemanha, se fazia o modelo de “comércio compensado”, eliminando a necessidade de moeda na
compra e venda de mercadorias, constituindo uma troca de produtos como o escambo, o que gerou apreensão por
parte dos EUA. A Constituição tinha uma eleição prevista, mas Vargas não queria perder o poder e dá um golpe,
instituindo o Estado Novo
Estado Novo (1937 – 1945): A Constituição imitada nesse período foi a da Polônia e ficou
conhecida como “Polaca”. Em termos de política externa, se produz uma contradição, porque ao
mesmo tempo em que, aparentemente, Vargas se encaminhava para se aproximar mais de Hitler, ele,
na verdade, se aproxima ainda mais dos EUA, pois convida para ser chanceler Oswaldo Aranha, que
era embaixador dos EUA. Ocorre uma crise diplomática com a Alemanha em 1933, depois que
Vargas proíbe o partido AIB. Na vizinhança, o Brasil assume uma postura de mediação: Questão de
Letícia (que é um território da Colômbia e que o Peru queria pra si e o invadiu, só que essa região é
importante pra Colômbia pois ela entra em contato com rios que deságuam na foz do Amazonas,
então Colômbia vai entrar em guerra com o Peru para manter a área e o Vargas coloca o Brasil pra
mediar a situação e vai dar certo, os dois assinam um tratado e acordo de paz e a região permanece
com a Colômbia) e a Guerra do Chaco (a Bolívia queria a região que pertencia ao Paraguai pois
dava acesso ao Rio Paraguai, mas nos anos 1930 descobriram petróleo lá e a guerra envolveu
conflito de interesses entre 2 empresas de petróleo: a Shell (Europa) e a Standard Oil (EUA) e
dizem que as empresas incentivaram os governos pra entrar em guerra e disputar quem ficaria com
a região. E o Brasil vai se colocar de novo como mediador e também dá certo, consegue produzir
uma paz entre os dois e o Chaco fica com o Paraguai.
Segunda Guerra Mundial: foi o ápice do movimento de equidistância de Vargas. Esse momento
de guerra era propício para exigir mais recompensas em troca do alinhamento. Os EUA estavam
com receio da influência crescente da Alemanha na América do Sul. Então, Roosevelt adota a
Política da Boa Vizinhança e a retomada do projeto pan-americano, agora não apenas econômico,
mas também na área da segurança. Retoma as Conferências Pan-americanas, que mostram a
escalada de compromissos que serão construídos: Conferência de Buenos Aires em 1936 (os países
aceitam assinar uma resolução que diz que uma ameaça a uma nação seria ameaça a todas) e a
Conferência de Havana em 1940 (onde agressões a uma nação seriam agressões a todas).
Valorização da diplomacia cultural (tanto para aumentar a boa imagem dos EUA em países
periféricos, quanto para aumentar a visibilidade destes nos EUA): grandes símbolos são a Disney e
Carmem Miranda. Isso não era de graça, pois, vendo que a guerra iria se prolongar, os EUA
precisavam que o Brasil entrasse no esforço de guerra, porque a prioridade dos EUA era aproximar-
se do Brasil por causa da localização do Nordeste, principalmente em Natal, porque a ideia era ter
uma base aérea para facilitar o voo entre EUA e África em direção à Europa, estratégia que obteve
sucesso. Em 1939, o Reino Unido declarou bloqueio marítimo à Alemanha, dificultando o
comércio. Mesmo com a guerra declarada, Vargas tenta manter uma posição de equidistância entre
as duas potências, a fim de assegurar o apoio para reequipar o Brasil militar e economicamente. Os
EUA tinham muito receio em mandar, de fato, equipamentos industriais para o Brasil. Depois que
os EUA são atacados em Pearl Harbor, em dezembro de 1941, precisaram ceder aos apelos de
Vargas. Em janeiro de 1942, acontece a Conferência do Rio de Janeiro: como os EUA foram
atacados, todos os países da América Latina passariam a se engajar nos esforços de guerra. Os
países se comprometeriam a dar materiais estratégicos para os EUA com exclusividade e manteriam
a ordem interna, ou seja, perseguir os comunistas e fascistas, e, em troca, os EUA fariam os
investimentos. É nessa conferência em que Vargas rompe com a lógica da equidistância pragmática
e rompe relações com o Eixo. Hitler desaprova essa atitude e ataca navios brasileiros, o que legitima
ainda mais a postura de rompimento com o Eixo. Então, Vargas declara guerra ao Eixo em agosto
de 1942. Colaboração efetiva entre Brasil e EUA: repasse de armas e munições em troca de
instalação de bases, comissões militares conjuntas; acordos de venda e comércio (CSN e Vale do
Rio Doce, investimentos dos EUA). Na Conferência, os EUA queriam que todos os países da
América Latina rompessem relações com o Eixo, mas Argentina e Chile não concordaram com isso
e permaneceram neutros. Vargas manda a FEB para a Itália em 1944. Com o final da guerra, Vargas
reedita a estratégia de buscar um assento permanente, agora no Conselho de Segurança da ONU.
Roosevelt sugere que isso aconteça, mas a URSS e Reino Unido não aceitam. Nesse esforço, o
Brasil estabelece relações com a URSS em 1945. Acontece a contradição: o Brasil venceu a guerra
contra Estados autoritários, mas ele mesmo era um Estado autoritário. Assim, Vargas perde as
condições políticas para se manter, sofre pressões militares e renuncia. Mesmo com a estratégia de
equidistância, o que acabou vigorando no final foi a afirmação do americanismo como paradigma
da política externa.